SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  5
Télécharger pour lire hors ligne
O cerrado não é um bioma
                                                 Batalha, M.A.


        Biota Neotrop. 2011, 11(1): 21-24.

        On line version of this paper is available from:
        http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/en/abstract?inventory+bn00111012011

        A versão on-line completa deste artigo está disponível em:
        http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011

        Received/ Recebido em 23/09/2010 -
        Revised/ Versão reformulada recebida em 09/11/2010 - Accepted/ Publicado em 31/01/2011

                                                                                ISSN 1676-0603 (on-line)




        Biota Neotropica is an electronic, peer-reviewed journal edited by the Program BIOTA/FAPESP:
The Virtual Institute of Biodiversity. This journal’s aim is to disseminate the results of original research work,
       associated or not to the program, concerned with characterization, conservation and sustainable
                               use of biodiversity within the Neotropical region.

     Biota Neotropica é uma revista do Programa BIOTA/FAPESP - O Instituto Virtual da Biodiversidade,
      que publica resultados de pesquisa original, vinculada ou não ao programa, que abordem a temática
            caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade na região Neotropical.



               Biota Neotropica is an eletronic journal which is available free at the following site
                                       http://www.biotaneotropica.org.br

       A Biota Neotropica é uma revista eletrônica e está integral e ­ ratuitamente disponível no endereço
                                                                     g
                                     http://www.biotaneotropica.org.br
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1




                                                          O cerrado não é um bioma

                                                               Marco Antônio Batalha1,2
                                     1
                                       Departamento de Botânica, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar,
                                                    CP 676, CEP 13565-905, São Carlos, SP, Brasil
                                 2
                                   Autor para correspondência: Marco Antônio Batalha, e-mail: marcobat@uol.com.br

                  BATALHA, M.A. The Brazilian cerrado is not a biome. Biota Neotrop. 11(1): http://www.biotaneotropica.org.
                  br/v11n1/en/abstract?inventory+bn00111012011.

                  Abstract: It is important to define correctly a given concept, because there may be immediate and practical
                  implications. Two important concepts to be accurately defined are “cerrado” and “biome”. As used in Brazil, the
                  concept of biome has erroneously acquired a floristic meaning. As a matter of fact, the concept of biome is close
                  to that of vegetation form, but takes into account the association between the vegetation and the animals and
                  microorganisms. Thus, on the one hand, the concept of biome is physiognomic and functional, that is, it takes
                  into account the general aspect of the vegetation, growth patterns, and reproduction patterns; on the other hand,
                  it is not floristic, that is, the taxonomic affinities of the species that occur in different regions of the same biome
                  are irrelevant. To be coherent with international literature and use accurately the concept of biome, we should
                  consider the Brazilian cerrado as being composed of three biomes: tropical grassland (campo limpo), savanna
                  (campo sujo, campo cerrado, and cerrado sensu stricto), and seasonal forest (cerradão).
                  Keywords: physiognomy, savanna, terminology, vegetation form.


                  BATALHA, M.A. O cerrado não é um bioma. Biota Neotrop. 11(1): http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/
                  pt/abstract?inventory+bn00111012011.

                  Resumo: É importante definirmos corretamente um termo, porque pode haver implicações práticas e imediatas.
                  Dois conceitos importantes para serem definidos acuradamente são os de “cerrado” e de “bioma”. Da maneira como
                  vem sendo usado no Brasil, o conceito de bioma adquiriu erroneamente uma conotação florística. Na verdade, o
                  conceito de bioma é similar ao de formação vegetal, mas leva em conta a associação da vegetação com a fauna
                  e com os microrganismos. Assim, por um lado, o conceito de bioma é fisionômico e funcional, isto é, levam-se
                  em conta a aparência geral da vegetação e aspectos como os ritmos de crescimento e reprodução; por outro, o
                  conceito não é florístico, isto é, a afinidade taxonômica das espécies que aparecem em várias unidades de um
                  mesmo bioma é irrelevante. Para sermos coerentes com toda a literatura internacional e usarmos o conceito de
                  bioma acuradamente, devemos considerar o cerrado sensu lato como formado por três biomas: o campo tropical
                  (campo limpo), a savana (campo sujo, campo cerrado e cerrado sensu stricto) e a floresta estacional (cerradão).
                  Palavras-chave: fisionomia, savana, terminologia, formação vegetal.




http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011	http://www.biotaneotropica.org.br
22                                                                                                                             Biota Neotrop., vol. 11, no. 1

                                                                       Batalha, M.A.



     “A acurácia da língua é uma das fortalezas da verdade.” (Anna Jameson)     usuários do termo podem desenvolver definições independentes e até
                                                                                inconsistentes, fazendo, ao longo do tempo, com que o conceito traga
Introdução                                                                      consigo tantos significados que acaba se transformando em um “não-
                                                                                conceito” (Hurlbert 1971). Quando a linguagem é desvalorizada ou
     Nosso planeta apresenta um padrão complexo de climas,
                                                                                usada erroneamente, também o são aqueles que a usam (Orr 1999).
os quais, por sua vez, têm um papel importante na criação dos
                                                                                Uma vez que a linguagem é a única moeda onde quer que se persiga a
padrões complexos de vegetação e tipos de comunidades que nele
                                                                                verdade, não deve haver prioridade maior para a comunidade científica
encontramos. Os ecólogos dividem esses padrões de grande escala
                                                                                do que defender a clareza e a integridade de seus conceitos (Orr 1999).
em unidades denominadas biomas, as mais amplas comunidades
                                                                                O criticismo científico encoraja a operacionalização de conceitos,
bióticas reconhecidas em nível geográfico, definidos como
                                                                                identificando as capacidades, funções e limitações atuais de conceitos
subdivisões biológicas que refletem as características funcionais e
                                                                                existentes (Peters 1991). Sendo assim, dada a importância de definirmos
fisionômicas da vegetação (Oxford 2004). A distribuição dos biomas
                                                                                termos claramente e dada a importância dos conceitos de cerrado e de
na superfície terrestre relaciona-se principalmente com os climas
                                                                                bioma, pretendo discuti-los e sugerir um uso acurado deles.
e, dentre os seus elementos, mais diretamente com a temperatura e
a precipitação, seja a quantidade de chuva, seja a sua distribuição             O Conceito de Bioma
ao longo do ano (Walter 1986). Ao empregar uma abordagem
fisionômica da vegetação, Raunkiaer (1934) mostrou ser possível                     Uma excelente revisão do conceito de bioma foi feita por
definir e caracterizar unidades ecológicas, inicialmente referidas como         Coutinho (2006). Relembro algumas das definições apresentadas
formações vegetais, por serem baseadas exclusivamente em critérios              nesse trabalho de Coutinho (2006) para tornar minha argumentação
botânicos, em que a aparência da vegetação e as formas de vida                  clara. Clapham Jr. (1973, p. 14) disse que “[...]a distribuição dos
predominantes são uniformes. Essa forma das plantas foi reconhecida             biomas é controlada em última instância por fatores ambientais
como o modo mais eficaz de definir os biomas em relação a qualquer              abióticos – especialmente o clima – e um dado bioma pode ser
outro sistema de classificação taxonômico ou evolutivo. O conceito              formado em várias diferentes partes do mundo.” Dajoz (1973,
                                                                                p. 280) escreveu que “[...]o bioma é um agrupamento de fisionomia
de bioma é similar ao de formação vegetal, mas leva em conta a
                                                                                homogênea e independente da composição florística.” Crawley
associação da vegetação com a fauna e com os microrganismos (Box
                                                                                (1989, p. 27) disse que “[...]os grandes biomas do mundo mostram
& Fujiawara 2005). Assim, um bioma corresponde, grosso modo, a
                                                                                um grau de convergência notável, apesar das amplas diferenças na
uma formação vegetal, porém inclui não só as plantas, mas também os
                                                                                afinidade taxonômica das suas floras.” Cox & Moore (1993, p. 8)
demais organismos (Maarel 2005). Cada bioma tem uma fisionomia
                                                                                também enfatizaram que o conceito de bioma é biogeográfico e
característica, compreendendo altura e hábito de crescimento dos
                                                                                não taxonômico, e que “[...]embora as savanas tropicais do Brasil,
principais táxons, tamanho, forma e textura das folhas, proporção de
                                                                                Quênia, Índia e Tailândia compreendam espécies diferentes de
plantas sempreverdes e decíduas, diversidade de espécies e outros
                                                                                plantas e animais, elas têm muito em comum em termos de suas
fatores que impõem fisionomia e arquitetura características para
                                                                                arquiteturas, crescimentos e produtividades estacionais, formas de
amplas extensões da cobertura vegetal (Tallis 1991).
                                                                                vida de animais e plantas e as maneiras pelas quais têm sido usadas
Um Erro Enraizado                                                               pela população humana.” No próprio conceito de Walter (1986),
                                                                                adotado por Coutinho (2006), está claro que um mesmo tipo de bioma
     O cerrado é considerado um dos pontos quentes (hot spots) para             pode aparecer em áreas distintas geograficamente.
a conservação da biodiversidade no mundo (Myers et al. 2000).                       Além disso, em um dicionário de Biologia (Oxford 1996, p. 72),
Mas que cerrado? O cerrado enquanto domínio fitogeográfico? O                   encontramos a seguinte definição de bioma: “Uma comunidade ou
cerrado enquanto bioma? O cerrado enquanto tipo vegetacional?                   complexo de comunidades ecológicas que se estende por uma ampla
O cerrado enquanto fisionomia? Como podemos ver, é importante                   área geográfica caracterizada por um tipo dominante de vegetação.
definirmos corretamente um termo, porque pode haver implicações                 Os organismos de um bioma estão adaptados às condições climáticas
práticas e imediatas. Dois conceitos importantes para serem definidos           associadas à região. Não há fronteiras bem definidas entre biomas
acuradamente são os de “cerrado” e de “bioma”. Da maneira como vem              adjacentes, que se fundem gradualmente uns com os outros. Exemplos
sendo usado no Brasil, o conceito de bioma adquiriu erroneamente                de biomas são tundra, floresta pluvial tropical, taigá, chaparral,
uma conotação florística. Usado dessa maneira errônea por biólogos,             campos (temperados e tropicais) e deserto”. Em um dicionário de
não por acaso passou a ser usado equivocadamente por um público                 Ecologia (Oxford 2004, p. 56), encontramos uma definição semelhante:
mais amplo, como agências governamentais e organizações não-                    “Uma subdivisão biológica que reflete o caráter fisionômico e
governamentais. Hoje em dia, esse erro está enraizado. Coutinho                 ecológico da vegetação. Biomas são as maiores comunidades bióticas
(2006) chamou a atenção para esse problema e teve a oportunidade de             e geográficas que são convenientes de serem reconhecidas. Eles
resolvê-lo, mas sua argumentação em alguns pontos é contraditória.              correspondem, grosso modo, às regiões climáticas, ainda que outros
Embore apresente as premissas corretamente, Coutinho (2006) chama               controles ambientais sejam algumas vezes importantes. Eles são
o cerrado ora de um único bioma (por exemplo, “O bioma Cerrado                  equivalentes ao conceito de principais formações vegetais na Ecologia
merece aqui uma discussão um pouco mais longa.”, p. 19), ora de um             Vegetal, mas são definidos em termos de todos os organismos vivos e
complexo de biomas (por exemplo, “[...]pode-se dizer que o Cerrado              de suas interações com o meio (e não apenas com o tipo de vegetação
não é um bioma único, mas um complexo de biomas.”, p. 19). Como              dominante). Tipicamente, biomas distintos são reconhecidos para todas
argumentarei, esse segundo ponto de vista é o correto e, portanto,              as principais regiões climáticas no mundo, enfatizando as adaptações
o cerrado não é um único bioma – como vem sendo rotineiramente                  dos organismos aos seus ambientes, e.g., bioma das florestas tropicais
tratado –, mas um complexo de biomas.                                           pluviais, bioma dos desertos, bioma das tundras”.
     A ciência gera jargões, e essa terminologia especializada é                    Sendo assim, dos diversos conceitos de bioma apresentados,
necessária para expressarmos ideias novas e complexas de forma                  podemos ressaltar alguns pontos que são comuns e se sobressaem: 1) o
clara e sucinta (Peters 1991). Cada parte de uma teoria começa como             conceito de bioma é fisionômico, isto é, leva-se em conta a aparência
um conceito, e conceitos fracos são difíceis de serem erradicados               geral da vegetação, resultante do predomínio de certas formas de
(Peters 1991). Na ausência de uma definição clara, diferentes                   vida; 2) o conceito de bioma é funcional, isto é, levam-se em conta

http://www.biotaneotropica.org.br	http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011
Biota Neotrop., vol. 11, no. 1                                                                                                                     23

                                                             O cerrado não é um bioma



aspectos como os ritmos de crescimento e reprodução; 3) o conceito         1978), devemos considerá-lo um único tipo vegetacional, já que as
de bioma não é florístico, isto é, a afinidade taxonômica das espécies     afinidades taxonômicas são levadas em conta nesse caso.
que aparecem em várias unidades de um mesmo bioma é irrelevante;                Cabe ainda ressaltar que, dentro de um domínio fitogeográfico, isto
4) o conceito de bioma é delimitado pela vegetação, mas engloba            é, uma área do espaço geográfico, com dimensões subcontinentais, em
além dela, toda a demais biota; e 5) o conceito de bioma é aplicável       que predominam características morfoclimáticas semelhantes e um
à Terra como um todo e não a esta ou àquela região.                        certo tipo de vegetação, há vários tipos vegetacionais. Assim, dentro
                                                                           do domínio do Cerrado, além do cerrado como tipo vegetacional
O Conceito de Cerrado                                                      dominante, há outros tipos vegetacionais, como a floresta ripícola,
     Há dois principais sistemas usados para classificar a vegetação,      o campo rupícola, a floresta estacional semidecídua, a floresta
um baseado em descritores funcionais e fisionômicos e outro baseado        estacional decídua, o campo úmido, entre outros. Cada um desses
em relações florísticas (Joly et al. 1999). Das definições de bioma        tipos vegetacionais tem sua flora característica e daí a razão de
apresentadas acima, inferimos que só há sentido em se usar esse            distingui-los. No caso do cerrado em particular, dada a sua grande
conceito quando a classificação da vegetação é funcional-fisionômica.      variação fisionômica, encontramos não um, mas sim três biomas.
Nesse caso, por coerência, devem-se usar termos aplicáveis à               Isso tem implicações práticas e imediatas para a conservação. Por
vegetação mundial. Há termos usados na classificação da vegetação          exemplo, recentemente aprovou-se no estado de São Paulo (2009)
brasileira que são carregados floristicamente, isto é, quando nos          uma lei que visa a proteger o cerrado, mas que não contempla as
referimos, por exemplo, ao “cerrado”, “à “caatinga” ou ao “pampa”,         suas fisionomias abertas. Dessa forma, todo um bioma que compõe
estamos nos remetendo a certas espécies vegetais características.
                                                                           o cerrado, o bioma de campo tropical, não está contemplado pela lei.
     Coutinho (2006) afirma corretamente que, dentro dos domínios
                                                                                Assim, podemos usar a palavra “cerrado” em três sentidos:
fitogeográficos, encontramos vários biomas. Dessa forma, o “domínio
                                                                           1) Cerrado, com a inicial maiúscula, quando estivermos nos referindo
amazônico não é, portanto, um bioma único”, mas sim “um mosaico
                                                                           ao domínio fitogeográfico do Cerrado, incluindo não só o cerrado
de biomas” (Coutinho 2006, p. 18). O problema aparece quando
                                                                           sensu lato, mas também os outros tipos vegetacionais que ali se
o autor discute o cerrado. Em um primeiro momento, citando um
                                                                           encontram; 2) cerrado sensu lato ou simplesmente cerrado, quando
trabalho anterior (Coutinho 2006, p. 19), ele diz que o cerrado seria
“[...]um complexo de biomas, distribuídos em mosaico.” Concordo            estivermos nos referindo ao cerrado enquanto tipo vegetacional, isto
com essa visão. Justamente por sua variação fisionômica, indo              é, do campo limpo ao cerradão – aqui há um complexo de biomas,
do campo limpo (bioma dos campos tropicais), passando pelas                bioma dos campos tropicais, das savanas e das florestas estacionais;
fisionomias intermediárias (bioma das savanas) e chegando ao               e 3) cerrado sensu stricto, quando estivermos nos referindo a uma das
cerradão (bioma das florestas estacionais), o cerrado sensu lato não       fisionomias savânicas do cerrado sensu lato. É importante usarmos
pode ser considerado um único bioma, mas sim um complexo de                tais termos de forma precisa e acurada para que definamos aquilo
biomas, mais especificamente três.                                         que pretendemos estudar e para que conservemos esse complexo de
     Coutinho (2006, p. 19) até sugere essa posição escrevendo que         biomas, com toda a biodiversidade que compõe o cerrado.
“[...]caso se queira ser absolutamente fiel ao conceito de bioma
adotado pelos diversos autores mencionados adrede, pode-se dizer           Agradecimentos
que o cerrado não é um bioma único, mas um complexo de biomas.”                Agradeço ao Prof. Dr. Waldir Mantovani, pelas longas discussões
Entretanto, contrariamente à sua argumentação anterior, Coutinho           que tivemos sobre o assunto e por suas leituras e sugestões.
(2006) alega que todas as savanas do mundo tem essa complexidade
fisionômica e, ainda assim, são consideradas um único bioma pela           Referências Bibliográficas
grande maioria dos autores e que, portanto, ao se considerar o cerrado
                                                                           BOURLIÈRE, F. & HADLEY, M. 1983. Present-day savannas: an overview.
como um bioma de savana, não se foge ao conceito da maioria
                                                                              In Ecosystems of the world – tropical savannas (D.W. Goodall, ed.).
dos autores internacionais. Esse erro se enraizou, com o oxímoro              Elsevier, Amsterdam, p.1-17.
“bioma cerrado” se tornando onipresente, aparecendo quase como
                                                                           BOX, E.O. & FUJIAWARA, K. 2005. Vegetation types and their broad-scale
um substantivo composto, só faltando o hífen para tal.
                                                                              distribution. In Vegetation ecology (E. van der Maarel, ed.). Blackwell,
     Para sermos coerentes com toda a literatura internacional e
                                                                              Oxford, p.106-128.
usarmos o conceito de bioma acuradamente, devemos considerar o
cerrado sensu lato como formado por três biomas: o campo tropical,         CLAPHAM Jr., W.B. 1973. Natural ecosystems. McMillan, New York.
a savana e a floresta estacional. Campos tropicais são formações           COUTINHO, L.M. 1978. O conceito de cerrado. Rev. Bras. Bot. 1(1):17-23.
tropicais em que o estrato herbáceo é contínuo, com pequenos               COUTINHO, L.M. 2006. O conceito de bioma. Acta Bot. Bras. 20(1):1-11.
arbustos em baixas densidades (Woodward 2008). Se seguirmos a              COX, C.B. & MOORE, P.D. 2009. Biogeografia: uma abordagem ecológica
classificação fisionômica de Coutinho (1978), incluímos no bioma              e evolucionária. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro.
de campo tropical o campo limpo. Já as savanas são formações
                                                                           CRAWLEY, M.J. 1989. Plant ecology. Blackwell, Oxford.
tropicais em que o estrato herbáceo é quase contínuo, interrompido
apenas por arbustos e árvores em densidades variáveis, e em que            DAJOZ, R. 1973. Ecologia geral. Vozes, Rio de Janeiro.
os principais padrões de crescimento estão associados às estações          HURLBERT, S.H. 1971. The nonconcept of species diversity: a critique and
úmidas e secas alternantes (Bourlière & Hadley 1983). No bioma               alternative parameters. Ecology 52(4):577-586.
de savana, portanto, incluímos o campo sujo, o campo cerrado e o           JOLY, C.A., AIDAR, M.P.M., KLINK, C.A., McGRATH, D.G., MOREIRA,
cerrado sensu stricto. Florestas estacionais são formações em que             A.G., MOUTINHO, P., NEPSTAD, D.C., OLIVEIRA, A.A.; POTT, A.;
predominam árvores de maior porte, cujas copas formam um dossel               RODAL, M.J.N. & SAMPAIO, E.V.S.B. 1999. Evolution of the Brazilian
e cujos principais padrões de crescimento também estão associados             phytogeography classification systems: implications for biodiversity
às estações úmidas e secas alternantes (Woodward 2008). No bioma              conservation. Ci. e Cult. 51: 331-348.
de floresta estacional, incluímos, pois, o cerradão. Como há uma           MAAREL, E. van der. 2005. Vegetation ecology – an overview. In Vegetation
unidade florística entre as diversas fisionomias do cerrado (Coutinho        ecology (E. van der Maarel, ed.). Blackwell, Oxford, p.1-51.

http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011	http://www.biotaneotropica.org.br
24                                                                                                                          Biota Neotrop., vol. 11, no. 1

                                                                    Batalha, M.A.



MYERS, N., MITTERMEIER, R.A., MITTERMEIER, C.G., FONSECA,                    RAUNKIAER, C. 1934. The life forms of plants and statistical plant
  G.A.B. & KENT, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation                geography. New York, Arno.
  priorities. Nature 403(6772):853-858.                                      SÃO PAULO (Estado). 2009. Lei no. 13.550: dispõe sobre a utilização e
ORR, D.W. 1999. Verbicide. Conserv. Biol. 13(4):696-699.                        proteção da vegetação nativa do Cerrado no Estado e dá providências
                                                                                correlatas. São Paulo, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
OXFORD. 1996. A dictionary of Biology. Oxford University, Oxford.
                                                                             TALLIS, G.H. 1991. Plant community history: long-term changes in plant
OXFORD. 2004. A dictionary of Ecology. Oxford University, Oxford.               distribution and diversity. Chapman and Hall, London.
PETERS, R.H. 1991. A critique for Ecology. Cambridge University,             WALTER, H. 1986. Vegetação e zonas climáticas. EPU, São Paulo.
   Cambridge.                                                                WOODWARD, S.L. 2008. Introduction to biomes. Greenwood, Westport.


                                                                                                                            Recebido em 23/09/2010
                                                                                                          Versão reformulada recebida em 09/11/2010
                                                                                                                           Publicado em 31/01/2011




http://www.biotaneotropica.org.br	http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011

Contenu connexe

Tendances

Exercicios de Revisão - Biosfera e Ecossistemas - 1º ano
Exercicios de Revisão - Biosfera e Ecossistemas - 1º anoExercicios de Revisão - Biosfera e Ecossistemas - 1º ano
Exercicios de Revisão - Biosfera e Ecossistemas - 1º ano
Rosana Gouveia
 
Semi ecologia geral
Semi ecologia geralSemi ecologia geral
Semi ecologia geral
aulasdotubao
 
A organização da biodiversidade
A organização da biodiversidadeA organização da biodiversidade
A organização da biodiversidade
Gabriela de Lima
 

Tendances (20)

Capítulo 01
Capítulo 01Capítulo 01
Capítulo 01
 
Ecologia 1
Ecologia 1Ecologia 1
Ecologia 1
 
Ecologia
EcologiaEcologia
Ecologia
 
Ecologia geral
Ecologia geralEcologia geral
Ecologia geral
 
conceitos em ecologia
conceitos em ecologiaconceitos em ecologia
conceitos em ecologia
 
Exercicios de Revisão - Biosfera e Ecossistemas - 1º ano
Exercicios de Revisão - Biosfera e Ecossistemas - 1º anoExercicios de Revisão - Biosfera e Ecossistemas - 1º ano
Exercicios de Revisão - Biosfera e Ecossistemas - 1º ano
 
Semi ecologia geral
Semi ecologia geralSemi ecologia geral
Semi ecologia geral
 
Ecologia
EcologiaEcologia
Ecologia
 
Representacoes sociais de_um_espaco_flor
Representacoes sociais de_um_espaco_florRepresentacoes sociais de_um_espaco_flor
Representacoes sociais de_um_espaco_flor
 
Ecologia – Conceitos BáSicos
Ecologia – Conceitos BáSicosEcologia – Conceitos BáSicos
Ecologia – Conceitos BáSicos
 
Aula 11 cadeia alimentar
Aula 11   cadeia alimentarAula 11   cadeia alimentar
Aula 11 cadeia alimentar
 
Ecossistemas agropecuarios
Ecossistemas agropecuariosEcossistemas agropecuarios
Ecossistemas agropecuarios
 
Percepção Ambiental TAIM (marcelo)
Percepção Ambiental TAIM   (marcelo)Percepção Ambiental TAIM   (marcelo)
Percepção Ambiental TAIM (marcelo)
 
Ecologia
EcologiaEcologia
Ecologia
 
Ecologia
Ecologia Ecologia
Ecologia
 
A organização da biodiversidade
A organização da biodiversidadeA organização da biodiversidade
A organização da biodiversidade
 
Futuyma evolução ciência e sociedade
Futuyma   evolução ciência e sociedadeFutuyma   evolução ciência e sociedade
Futuyma evolução ciência e sociedade
 
Ecologia geral
Ecologia geralEcologia geral
Ecologia geral
 
Ecologia
EcologiaEcologia
Ecologia
 
Biodiversidade aquática
Biodiversidade aquáticaBiodiversidade aquática
Biodiversidade aquática
 

En vedette

Introduction to spatial tech mac feb 2012
Introduction to spatial tech mac feb 2012Introduction to spatial tech mac feb 2012
Introduction to spatial tech mac feb 2012
daniellecart
 
January 11 campus notes 01112013
January 11 campus notes 01112013January 11 campus notes 01112013
January 11 campus notes 01112013
Abigail Bacon
 
конкурс з історії
конкурс з історіїконкурс з історії
конкурс з історії
Dima Tanasienko
 
Joserojas Web 2.0
Joserojas Web 2.0Joserojas Web 2.0
Joserojas Web 2.0
Jose Rojas
 
021013 adecco email (hindi)
021013   adecco email (hindi)021013   adecco email (hindi)
021013 adecco email (hindi)
VogelDenise
 
Journey from Zanskar
Journey from ZanskarJourney from Zanskar
Journey from Zanskar
allicoe11
 
Hd 1080p helmet sport mini dvr camera monitor,wide 120°
Hd 1080p helmet sport mini dvr camera monitor,wide 120°Hd 1080p helmet sport mini dvr camera monitor,wide 120°
Hd 1080p helmet sport mini dvr camera monitor,wide 120°
liqiong
 
Can TV Go Social Without Being Ruined?
Can TV Go Social Without Being Ruined?Can TV Go Social Without Being Ruined?
Can TV Go Social Without Being Ruined?
The Next Web
 
โครงงานคอม
โครงงานคอมโครงงานคอม
โครงงานคอม
Aratchaporn Julla
 
Frenan Alcaldías Sistema Contable
Frenan Alcaldías Sistema ContableFrenan Alcaldías Sistema Contable
Frenan Alcaldías Sistema Contable
Gastón Luken
 

En vedette (20)

Devastação do Cerrado
Devastação do CerradoDevastação do Cerrado
Devastação do Cerrado
 
Livro Vivo
Livro VivoLivro Vivo
Livro Vivo
 
Introduction to spatial tech mac feb 2012
Introduction to spatial tech mac feb 2012Introduction to spatial tech mac feb 2012
Introduction to spatial tech mac feb 2012
 
Heywire 2009
Heywire 2009Heywire 2009
Heywire 2009
 
January 11 campus notes 01112013
January 11 campus notes 01112013January 11 campus notes 01112013
January 11 campus notes 01112013
 
Divided Families History Gallery
Divided Families History GalleryDivided Families History Gallery
Divided Families History Gallery
 
Induccion del Bufete Popular (2012)
Induccion del Bufete Popular (2012)Induccion del Bufete Popular (2012)
Induccion del Bufete Popular (2012)
 
ImobSync - Seja um executivo - Maio 2014
ImobSync - Seja um executivo - Maio 2014ImobSync - Seja um executivo - Maio 2014
ImobSync - Seja um executivo - Maio 2014
 
Laura and sophie
Laura and sophieLaura and sophie
Laura and sophie
 
конкурс з історії
конкурс з історіїконкурс з історії
конкурс з історії
 
Ppt Icd 05 A
Ppt Icd 05 APpt Icd 05 A
Ppt Icd 05 A
 
Joserojas Web 2.0
Joserojas Web 2.0Joserojas Web 2.0
Joserojas Web 2.0
 
021013 adecco email (hindi)
021013   adecco email (hindi)021013   adecco email (hindi)
021013 adecco email (hindi)
 
Journey from Zanskar
Journey from ZanskarJourney from Zanskar
Journey from Zanskar
 
Hd 1080p helmet sport mini dvr camera monitor,wide 120°
Hd 1080p helmet sport mini dvr camera monitor,wide 120°Hd 1080p helmet sport mini dvr camera monitor,wide 120°
Hd 1080p helmet sport mini dvr camera monitor,wide 120°
 
6 muraro esercitazione
6 muraro esercitazione6 muraro esercitazione
6 muraro esercitazione
 
Can TV Go Social Without Being Ruined?
Can TV Go Social Without Being Ruined?Can TV Go Social Without Being Ruined?
Can TV Go Social Without Being Ruined?
 
2012 01-05 leccionprimarios
2012 01-05 leccionprimarios2012 01-05 leccionprimarios
2012 01-05 leccionprimarios
 
โครงงานคอม
โครงงานคอมโครงงานคอม
โครงงานคอม
 
Frenan Alcaldías Sistema Contable
Frenan Alcaldías Sistema ContableFrenan Alcaldías Sistema Contable
Frenan Alcaldías Sistema Contable
 

Similaire à Artigo o cerrado não é um bioma

4 fundamentos de-sistematica_e_biogeografia
4 fundamentos de-sistematica_e_biogeografia4 fundamentos de-sistematica_e_biogeografia
4 fundamentos de-sistematica_e_biogeografia
Rogerio Merces
 
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal BrasileiroAs Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
APIME
 
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiroAs abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
João Vitor Soares Ramos
 
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiroAs abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
João Vitor Soares Ramos
 
Apostila de ecologia 1
Apostila de ecologia 1Apostila de ecologia 1
Apostila de ecologia 1
Juh Rodrigues
 
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasilMudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil
João Vitor Soares Ramos
 
AULA - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL - Diversidade Biológica.pptx
AULA - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL - Diversidade Biológica.pptxAULA - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL - Diversidade Biológica.pptx
AULA - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL - Diversidade Biológica.pptx
Zoraide6
 
Apostila de ecologia
Apostila de ecologiaApostila de ecologia
Apostila de ecologia
Paulo Lobo
 
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre as borboletas no brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre as borboletas no brasilMudanças do código florestal e seu impacto sobre as borboletas no brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre as borboletas no brasil
João Vitor Soares Ramos
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteisImpactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
João Vitor Soares Ramos
 

Similaire à Artigo o cerrado não é um bioma (20)

Biodiversidade mgomes2014
Biodiversidade mgomes2014Biodiversidade mgomes2014
Biodiversidade mgomes2014
 
4 fundamentos de-sistematica_e_biogeografia
4 fundamentos de-sistematica_e_biogeografia4 fundamentos de-sistematica_e_biogeografia
4 fundamentos de-sistematica_e_biogeografia
 
Nt4
Nt4Nt4
Nt4
 
Nt6
Nt6Nt6
Nt6
 
Ens med
Ens medEns med
Ens med
 
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal BrasileiroAs Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
As Abelhas, os serviços ecossistêmicos e o Código Florestal Brasileiro
 
Sistematica apostila
Sistematica apostilaSistematica apostila
Sistematica apostila
 
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiroAs abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
 
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiroAs abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
As abelhas, os serviços ecossistêmicos e código florestal brasileiro
 
Apostila de ecologia 1
Apostila de ecologia 1Apostila de ecologia 1
Apostila de ecologia 1
 
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasilMudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre a ictiofauna no brasil
 
AULA - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL - Diversidade Biológica.pptx
AULA - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL - Diversidade Biológica.pptxAULA - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL - Diversidade Biológica.pptx
AULA - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL - Diversidade Biológica.pptx
 
Apostila de ecologia
Apostila de ecologiaApostila de ecologia
Apostila de ecologia
 
Ecologia
EcologiaEcologia
Ecologia
 
84107 biomas brasileiro e muito (2).pptx
84107 biomas brasileiro e muito  (2).pptx84107 biomas brasileiro e muito  (2).pptx
84107 biomas brasileiro e muito (2).pptx
 
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre as borboletas no brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre as borboletas no brasilMudanças do código florestal e seu impacto sobre as borboletas no brasil
Mudanças do código florestal e seu impacto sobre as borboletas no brasil
 
Slides-resumo_Ciências_biológicas_1.pdf
Slides-resumo_Ciências_biológicas_1.pdfSlides-resumo_Ciências_biológicas_1.pdf
Slides-resumo_Ciências_biológicas_1.pdf
 
Educ amb-ciclos-biogeoquimicos
Educ amb-ciclos-biogeoquimicosEduc amb-ciclos-biogeoquimicos
Educ amb-ciclos-biogeoquimicos
 
Resumos de textos de Ecologia
Resumos de textos de EcologiaResumos de textos de Ecologia
Resumos de textos de Ecologia
 
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteisImpactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
Impactos potenciais das alterações do código florestal sobre répteis
 

Artigo o cerrado não é um bioma

  • 1. O cerrado não é um bioma Batalha, M.A. Biota Neotrop. 2011, 11(1): 21-24. On line version of this paper is available from: http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/en/abstract?inventory+bn00111012011 A versão on-line completa deste artigo está disponível em: http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011 Received/ Recebido em 23/09/2010 - Revised/ Versão reformulada recebida em 09/11/2010 - Accepted/ Publicado em 31/01/2011 ISSN 1676-0603 (on-line) Biota Neotropica is an electronic, peer-reviewed journal edited by the Program BIOTA/FAPESP: The Virtual Institute of Biodiversity. This journal’s aim is to disseminate the results of original research work, associated or not to the program, concerned with characterization, conservation and sustainable use of biodiversity within the Neotropical region. Biota Neotropica é uma revista do Programa BIOTA/FAPESP - O Instituto Virtual da Biodiversidade, que publica resultados de pesquisa original, vinculada ou não ao programa, que abordem a temática caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade na região Neotropical. Biota Neotropica is an eletronic journal which is available free at the following site http://www.biotaneotropica.org.br A Biota Neotropica é uma revista eletrônica e está integral e ­ ratuitamente disponível no endereço g http://www.biotaneotropica.org.br
  • 2. Biota Neotrop., vol. 11, no. 1 O cerrado não é um bioma Marco Antônio Batalha1,2 1 Departamento de Botânica, Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, CP 676, CEP 13565-905, São Carlos, SP, Brasil 2 Autor para correspondência: Marco Antônio Batalha, e-mail: marcobat@uol.com.br BATALHA, M.A. The Brazilian cerrado is not a biome. Biota Neotrop. 11(1): http://www.biotaneotropica.org. br/v11n1/en/abstract?inventory+bn00111012011. Abstract: It is important to define correctly a given concept, because there may be immediate and practical implications. Two important concepts to be accurately defined are “cerrado” and “biome”. As used in Brazil, the concept of biome has erroneously acquired a floristic meaning. As a matter of fact, the concept of biome is close to that of vegetation form, but takes into account the association between the vegetation and the animals and microorganisms. Thus, on the one hand, the concept of biome is physiognomic and functional, that is, it takes into account the general aspect of the vegetation, growth patterns, and reproduction patterns; on the other hand, it is not floristic, that is, the taxonomic affinities of the species that occur in different regions of the same biome are irrelevant. To be coherent with international literature and use accurately the concept of biome, we should consider the Brazilian cerrado as being composed of three biomes: tropical grassland (campo limpo), savanna (campo sujo, campo cerrado, and cerrado sensu stricto), and seasonal forest (cerradão). Keywords: physiognomy, savanna, terminology, vegetation form. BATALHA, M.A. O cerrado não é um bioma. Biota Neotrop. 11(1): http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/ pt/abstract?inventory+bn00111012011. Resumo: É importante definirmos corretamente um termo, porque pode haver implicações práticas e imediatas. Dois conceitos importantes para serem definidos acuradamente são os de “cerrado” e de “bioma”. Da maneira como vem sendo usado no Brasil, o conceito de bioma adquiriu erroneamente uma conotação florística. Na verdade, o conceito de bioma é similar ao de formação vegetal, mas leva em conta a associação da vegetação com a fauna e com os microrganismos. Assim, por um lado, o conceito de bioma é fisionômico e funcional, isto é, levam-se em conta a aparência geral da vegetação e aspectos como os ritmos de crescimento e reprodução; por outro, o conceito não é florístico, isto é, a afinidade taxonômica das espécies que aparecem em várias unidades de um mesmo bioma é irrelevante. Para sermos coerentes com toda a literatura internacional e usarmos o conceito de bioma acuradamente, devemos considerar o cerrado sensu lato como formado por três biomas: o campo tropical (campo limpo), a savana (campo sujo, campo cerrado e cerrado sensu stricto) e a floresta estacional (cerradão). Palavras-chave: fisionomia, savana, terminologia, formação vegetal. http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011 http://www.biotaneotropica.org.br
  • 3. 22 Biota Neotrop., vol. 11, no. 1 Batalha, M.A. “A acurácia da língua é uma das fortalezas da verdade.” (Anna Jameson) usuários do termo podem desenvolver definições independentes e até inconsistentes, fazendo, ao longo do tempo, com que o conceito traga Introdução consigo tantos significados que acaba se transformando em um “não- conceito” (Hurlbert 1971). Quando a linguagem é desvalorizada ou Nosso planeta apresenta um padrão complexo de climas, usada erroneamente, também o são aqueles que a usam (Orr 1999). os quais, por sua vez, têm um papel importante na criação dos Uma vez que a linguagem é a única moeda onde quer que se persiga a padrões complexos de vegetação e tipos de comunidades que nele verdade, não deve haver prioridade maior para a comunidade científica encontramos. Os ecólogos dividem esses padrões de grande escala do que defender a clareza e a integridade de seus conceitos (Orr 1999). em unidades denominadas biomas, as mais amplas comunidades O criticismo científico encoraja a operacionalização de conceitos, bióticas reconhecidas em nível geográfico, definidos como identificando as capacidades, funções e limitações atuais de conceitos subdivisões biológicas que refletem as características funcionais e existentes (Peters 1991). Sendo assim, dada a importância de definirmos fisionômicas da vegetação (Oxford 2004). A distribuição dos biomas termos claramente e dada a importância dos conceitos de cerrado e de na superfície terrestre relaciona-se principalmente com os climas bioma, pretendo discuti-los e sugerir um uso acurado deles. e, dentre os seus elementos, mais diretamente com a temperatura e a precipitação, seja a quantidade de chuva, seja a sua distribuição O Conceito de Bioma ao longo do ano (Walter 1986). Ao empregar uma abordagem fisionômica da vegetação, Raunkiaer (1934) mostrou ser possível Uma excelente revisão do conceito de bioma foi feita por definir e caracterizar unidades ecológicas, inicialmente referidas como Coutinho (2006). Relembro algumas das definições apresentadas formações vegetais, por serem baseadas exclusivamente em critérios nesse trabalho de Coutinho (2006) para tornar minha argumentação botânicos, em que a aparência da vegetação e as formas de vida clara. Clapham Jr. (1973, p. 14) disse que “[...]a distribuição dos predominantes são uniformes. Essa forma das plantas foi reconhecida biomas é controlada em última instância por fatores ambientais como o modo mais eficaz de definir os biomas em relação a qualquer abióticos – especialmente o clima – e um dado bioma pode ser outro sistema de classificação taxonômico ou evolutivo. O conceito formado em várias diferentes partes do mundo.” Dajoz (1973, p. 280) escreveu que “[...]o bioma é um agrupamento de fisionomia de bioma é similar ao de formação vegetal, mas leva em conta a homogênea e independente da composição florística.” Crawley associação da vegetação com a fauna e com os microrganismos (Box (1989, p. 27) disse que “[...]os grandes biomas do mundo mostram & Fujiawara 2005). Assim, um bioma corresponde, grosso modo, a um grau de convergência notável, apesar das amplas diferenças na uma formação vegetal, porém inclui não só as plantas, mas também os afinidade taxonômica das suas floras.” Cox & Moore (1993, p. 8) demais organismos (Maarel 2005). Cada bioma tem uma fisionomia também enfatizaram que o conceito de bioma é biogeográfico e característica, compreendendo altura e hábito de crescimento dos não taxonômico, e que “[...]embora as savanas tropicais do Brasil, principais táxons, tamanho, forma e textura das folhas, proporção de Quênia, Índia e Tailândia compreendam espécies diferentes de plantas sempreverdes e decíduas, diversidade de espécies e outros plantas e animais, elas têm muito em comum em termos de suas fatores que impõem fisionomia e arquitetura características para arquiteturas, crescimentos e produtividades estacionais, formas de amplas extensões da cobertura vegetal (Tallis 1991). vida de animais e plantas e as maneiras pelas quais têm sido usadas Um Erro Enraizado pela população humana.” No próprio conceito de Walter (1986), adotado por Coutinho (2006), está claro que um mesmo tipo de bioma O cerrado é considerado um dos pontos quentes (hot spots) para pode aparecer em áreas distintas geograficamente. a conservação da biodiversidade no mundo (Myers et al. 2000). Além disso, em um dicionário de Biologia (Oxford 1996, p. 72), Mas que cerrado? O cerrado enquanto domínio fitogeográfico? O encontramos a seguinte definição de bioma: “Uma comunidade ou cerrado enquanto bioma? O cerrado enquanto tipo vegetacional? complexo de comunidades ecológicas que se estende por uma ampla O cerrado enquanto fisionomia? Como podemos ver, é importante área geográfica caracterizada por um tipo dominante de vegetação. definirmos corretamente um termo, porque pode haver implicações Os organismos de um bioma estão adaptados às condições climáticas práticas e imediatas. Dois conceitos importantes para serem definidos associadas à região. Não há fronteiras bem definidas entre biomas acuradamente são os de “cerrado” e de “bioma”. Da maneira como vem adjacentes, que se fundem gradualmente uns com os outros. Exemplos sendo usado no Brasil, o conceito de bioma adquiriu erroneamente de biomas são tundra, floresta pluvial tropical, taigá, chaparral, uma conotação florística. Usado dessa maneira errônea por biólogos, campos (temperados e tropicais) e deserto”. Em um dicionário de não por acaso passou a ser usado equivocadamente por um público Ecologia (Oxford 2004, p. 56), encontramos uma definição semelhante: mais amplo, como agências governamentais e organizações não- “Uma subdivisão biológica que reflete o caráter fisionômico e governamentais. Hoje em dia, esse erro está enraizado. Coutinho ecológico da vegetação. Biomas são as maiores comunidades bióticas (2006) chamou a atenção para esse problema e teve a oportunidade de e geográficas que são convenientes de serem reconhecidas. Eles resolvê-lo, mas sua argumentação em alguns pontos é contraditória. correspondem, grosso modo, às regiões climáticas, ainda que outros Embore apresente as premissas corretamente, Coutinho (2006) chama controles ambientais sejam algumas vezes importantes. Eles são o cerrado ora de um único bioma (por exemplo, “O bioma Cerrado equivalentes ao conceito de principais formações vegetais na Ecologia merece aqui uma discussão um pouco mais longa.”, p. 19), ora de um Vegetal, mas são definidos em termos de todos os organismos vivos e complexo de biomas (por exemplo, “[...]pode-se dizer que o Cerrado de suas interações com o meio (e não apenas com o tipo de vegetação não é um bioma único, mas um complexo de biomas.”, p. 19). Como dominante). Tipicamente, biomas distintos são reconhecidos para todas argumentarei, esse segundo ponto de vista é o correto e, portanto, as principais regiões climáticas no mundo, enfatizando as adaptações o cerrado não é um único bioma – como vem sendo rotineiramente dos organismos aos seus ambientes, e.g., bioma das florestas tropicais tratado –, mas um complexo de biomas. pluviais, bioma dos desertos, bioma das tundras”. A ciência gera jargões, e essa terminologia especializada é Sendo assim, dos diversos conceitos de bioma apresentados, necessária para expressarmos ideias novas e complexas de forma podemos ressaltar alguns pontos que são comuns e se sobressaem: 1) o clara e sucinta (Peters 1991). Cada parte de uma teoria começa como conceito de bioma é fisionômico, isto é, leva-se em conta a aparência um conceito, e conceitos fracos são difíceis de serem erradicados geral da vegetação, resultante do predomínio de certas formas de (Peters 1991). Na ausência de uma definição clara, diferentes vida; 2) o conceito de bioma é funcional, isto é, levam-se em conta http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011
  • 4. Biota Neotrop., vol. 11, no. 1 23 O cerrado não é um bioma aspectos como os ritmos de crescimento e reprodução; 3) o conceito 1978), devemos considerá-lo um único tipo vegetacional, já que as de bioma não é florístico, isto é, a afinidade taxonômica das espécies afinidades taxonômicas são levadas em conta nesse caso. que aparecem em várias unidades de um mesmo bioma é irrelevante; Cabe ainda ressaltar que, dentro de um domínio fitogeográfico, isto 4) o conceito de bioma é delimitado pela vegetação, mas engloba é, uma área do espaço geográfico, com dimensões subcontinentais, em além dela, toda a demais biota; e 5) o conceito de bioma é aplicável que predominam características morfoclimáticas semelhantes e um à Terra como um todo e não a esta ou àquela região. certo tipo de vegetação, há vários tipos vegetacionais. Assim, dentro do domínio do Cerrado, além do cerrado como tipo vegetacional O Conceito de Cerrado dominante, há outros tipos vegetacionais, como a floresta ripícola, Há dois principais sistemas usados para classificar a vegetação, o campo rupícola, a floresta estacional semidecídua, a floresta um baseado em descritores funcionais e fisionômicos e outro baseado estacional decídua, o campo úmido, entre outros. Cada um desses em relações florísticas (Joly et al. 1999). Das definições de bioma tipos vegetacionais tem sua flora característica e daí a razão de apresentadas acima, inferimos que só há sentido em se usar esse distingui-los. No caso do cerrado em particular, dada a sua grande conceito quando a classificação da vegetação é funcional-fisionômica. variação fisionômica, encontramos não um, mas sim três biomas. Nesse caso, por coerência, devem-se usar termos aplicáveis à Isso tem implicações práticas e imediatas para a conservação. Por vegetação mundial. Há termos usados na classificação da vegetação exemplo, recentemente aprovou-se no estado de São Paulo (2009) brasileira que são carregados floristicamente, isto é, quando nos uma lei que visa a proteger o cerrado, mas que não contempla as referimos, por exemplo, ao “cerrado”, “à “caatinga” ou ao “pampa”, suas fisionomias abertas. Dessa forma, todo um bioma que compõe estamos nos remetendo a certas espécies vegetais características. o cerrado, o bioma de campo tropical, não está contemplado pela lei. Coutinho (2006) afirma corretamente que, dentro dos domínios Assim, podemos usar a palavra “cerrado” em três sentidos: fitogeográficos, encontramos vários biomas. Dessa forma, o “domínio 1) Cerrado, com a inicial maiúscula, quando estivermos nos referindo amazônico não é, portanto, um bioma único”, mas sim “um mosaico ao domínio fitogeográfico do Cerrado, incluindo não só o cerrado de biomas” (Coutinho 2006, p. 18). O problema aparece quando sensu lato, mas também os outros tipos vegetacionais que ali se o autor discute o cerrado. Em um primeiro momento, citando um encontram; 2) cerrado sensu lato ou simplesmente cerrado, quando trabalho anterior (Coutinho 2006, p. 19), ele diz que o cerrado seria “[...]um complexo de biomas, distribuídos em mosaico.” Concordo estivermos nos referindo ao cerrado enquanto tipo vegetacional, isto com essa visão. Justamente por sua variação fisionômica, indo é, do campo limpo ao cerradão – aqui há um complexo de biomas, do campo limpo (bioma dos campos tropicais), passando pelas bioma dos campos tropicais, das savanas e das florestas estacionais; fisionomias intermediárias (bioma das savanas) e chegando ao e 3) cerrado sensu stricto, quando estivermos nos referindo a uma das cerradão (bioma das florestas estacionais), o cerrado sensu lato não fisionomias savânicas do cerrado sensu lato. É importante usarmos pode ser considerado um único bioma, mas sim um complexo de tais termos de forma precisa e acurada para que definamos aquilo biomas, mais especificamente três. que pretendemos estudar e para que conservemos esse complexo de Coutinho (2006, p. 19) até sugere essa posição escrevendo que biomas, com toda a biodiversidade que compõe o cerrado. “[...]caso se queira ser absolutamente fiel ao conceito de bioma adotado pelos diversos autores mencionados adrede, pode-se dizer Agradecimentos que o cerrado não é um bioma único, mas um complexo de biomas.” Agradeço ao Prof. Dr. Waldir Mantovani, pelas longas discussões Entretanto, contrariamente à sua argumentação anterior, Coutinho que tivemos sobre o assunto e por suas leituras e sugestões. (2006) alega que todas as savanas do mundo tem essa complexidade fisionômica e, ainda assim, são consideradas um único bioma pela Referências Bibliográficas grande maioria dos autores e que, portanto, ao se considerar o cerrado BOURLIÈRE, F. & HADLEY, M. 1983. Present-day savannas: an overview. como um bioma de savana, não se foge ao conceito da maioria In Ecosystems of the world – tropical savannas (D.W. Goodall, ed.). dos autores internacionais. Esse erro se enraizou, com o oxímoro Elsevier, Amsterdam, p.1-17. “bioma cerrado” se tornando onipresente, aparecendo quase como BOX, E.O. & FUJIAWARA, K. 2005. Vegetation types and their broad-scale um substantivo composto, só faltando o hífen para tal. distribution. In Vegetation ecology (E. van der Maarel, ed.). Blackwell, Para sermos coerentes com toda a literatura internacional e Oxford, p.106-128. usarmos o conceito de bioma acuradamente, devemos considerar o cerrado sensu lato como formado por três biomas: o campo tropical, CLAPHAM Jr., W.B. 1973. Natural ecosystems. McMillan, New York. a savana e a floresta estacional. Campos tropicais são formações COUTINHO, L.M. 1978. O conceito de cerrado. Rev. Bras. Bot. 1(1):17-23. tropicais em que o estrato herbáceo é contínuo, com pequenos COUTINHO, L.M. 2006. O conceito de bioma. Acta Bot. Bras. 20(1):1-11. arbustos em baixas densidades (Woodward 2008). Se seguirmos a COX, C.B. & MOORE, P.D. 2009. Biogeografia: uma abordagem ecológica classificação fisionômica de Coutinho (1978), incluímos no bioma e evolucionária. Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro. de campo tropical o campo limpo. Já as savanas são formações CRAWLEY, M.J. 1989. Plant ecology. Blackwell, Oxford. tropicais em que o estrato herbáceo é quase contínuo, interrompido apenas por arbustos e árvores em densidades variáveis, e em que DAJOZ, R. 1973. Ecologia geral. Vozes, Rio de Janeiro. os principais padrões de crescimento estão associados às estações HURLBERT, S.H. 1971. The nonconcept of species diversity: a critique and úmidas e secas alternantes (Bourlière & Hadley 1983). No bioma alternative parameters. Ecology 52(4):577-586. de savana, portanto, incluímos o campo sujo, o campo cerrado e o JOLY, C.A., AIDAR, M.P.M., KLINK, C.A., McGRATH, D.G., MOREIRA, cerrado sensu stricto. Florestas estacionais são formações em que A.G., MOUTINHO, P., NEPSTAD, D.C., OLIVEIRA, A.A.; POTT, A.; predominam árvores de maior porte, cujas copas formam um dossel RODAL, M.J.N. & SAMPAIO, E.V.S.B. 1999. Evolution of the Brazilian e cujos principais padrões de crescimento também estão associados phytogeography classification systems: implications for biodiversity às estações úmidas e secas alternantes (Woodward 2008). No bioma conservation. Ci. e Cult. 51: 331-348. de floresta estacional, incluímos, pois, o cerradão. Como há uma MAAREL, E. van der. 2005. Vegetation ecology – an overview. In Vegetation unidade florística entre as diversas fisionomias do cerrado (Coutinho ecology (E. van der Maarel, ed.). Blackwell, Oxford, p.1-51. http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011 http://www.biotaneotropica.org.br
  • 5. 24 Biota Neotrop., vol. 11, no. 1 Batalha, M.A. MYERS, N., MITTERMEIER, R.A., MITTERMEIER, C.G., FONSECA, RAUNKIAER, C. 1934. The life forms of plants and statistical plant G.A.B. & KENT, J. 2000. Biodiversity hotspots for conservation geography. New York, Arno. priorities. Nature 403(6772):853-858. SÃO PAULO (Estado). 2009. Lei no. 13.550: dispõe sobre a utilização e ORR, D.W. 1999. Verbicide. Conserv. Biol. 13(4):696-699. proteção da vegetação nativa do Cerrado no Estado e dá providências correlatas. São Paulo, Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. OXFORD. 1996. A dictionary of Biology. Oxford University, Oxford. TALLIS, G.H. 1991. Plant community history: long-term changes in plant OXFORD. 2004. A dictionary of Ecology. Oxford University, Oxford. distribution and diversity. Chapman and Hall, London. PETERS, R.H. 1991. A critique for Ecology. Cambridge University, WALTER, H. 1986. Vegetação e zonas climáticas. EPU, São Paulo. Cambridge. WOODWARD, S.L. 2008. Introduction to biomes. Greenwood, Westport. Recebido em 23/09/2010 Versão reformulada recebida em 09/11/2010 Publicado em 31/01/2011 http://www.biotaneotropica.org.br http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/pt/abstract?inventory+bn00111012011