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ANEMIA FALCIFORME 
Henrique Mascioli Fiorillo 
R2 Puericultura e Pediatria – HCRP – USP
GENERALIDADES 
 Descrita pela primeira vez em 1910 por Herrick 
 Primeira doença monogênica humana caracterizada a 
nível molecular 
 Uma das doenças genéticas mais frequentes 
 Distribuição universal (maior predomínio na região da 
África Equatorial – até 3% da pop) 
 No Brasil, estima-se que acometa até 0,3% da população 
negra 
 Doença hereditária monogênica mais comum no Brasil
 Porcentagem de mortalidade entre crianças menores de 5 
anos: cerca de 25 a 30% 
 Maioria das mortes é secundária a: 
 Infecções fatais 
 Seqüestro esplênico 
 Crises aplásticas 
 Diagnóstico precoce + medidas profiláticas + fatores 
preditores + tratamento efetivo 
 Sobrevida mediana atual: em torno de 42 anos para 
homens e de 48 anos para mulheres
ETIOLOGIA 
 Condição hereditária de caráter recessivo 
 Mutação no gene da β-globina (HBB) que leva à 
substituição de ácido glutâmico por valina na posição 6 da 
cadeia da hemoglobina, dando origem à hemoglobina S
CONSEQUENCIAS 
 Tendência da hemoglobina anormal (HbS) se polimerizar 
no estado desoxigenado. Em condições de hipóxia: 
polimerização da hemoglobina S = forma semelhante à de 
uma foice 
 Perda da deformabilidade = obstrução vascular e 
isquemia 
 Lesão da membrana = hemólise crônica extravascular e 
intravascular 
 Anormalidades da superfície celular = aderência 
aumentada ao endotélio vascular e lesão endotelial
DIAGNÓSTICO 
 Eletroforese de hemoglobina 
 Focalização isoelétrica 
 Cromatografia líquida de alta performance (HPLC)
CLÍNICA 
2 Fenótipos 
 Hemólise, disfunção endotelial e vasculopatia proliferativa 
 Hipertensão pulmonar, priapismo, úlcera de perna e AVC 
 Viscosidade-vaso-oclusão e falcização 
 Crise vaso-oclusiva, síndrome torácica aguda e osteonecrose
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
 Extremamente variável 
 Casos de extrema gravidade, com morte precoce na 
infância 
 Casos com poucas complicações e perspectiva de vida 
próxima ao normal
 Coexistência com β-talassemia 
 Concentração de hemoglobina fetal (HbF) 
 o mais potente modificador da doença 
 modulador genético mais amplamente estudado 
 Age diminuindo a polimerização da desoxiHbS 
 Aumento na taxa de HbF pode diminuir o número de crises 
dolorosas 
↑Ht 
↓HbF 
Crise 
dolorosa
Crise 
Infecções 
Acidose Hipóxia 
Desidratação
 Principais sinais e sintomas 
 Dor 
 Anemia hemolítica 
 Comprometimento progressivo de múltiplos órgãos
 Crise dolorosa 
 Uma das manifestações mais características 
 Obstrução da microcirculação (afoiçamento) 
 Febre pode ser uma manifestação secundária (isquemia 
tecidual e liberação de pirógenos endógenos) 
 Severidade da dor é bastante variada (desde episódios 
moderados e transitórios (5 a 10 min), até aqueles que duram 
horas ou dias) 
 Topografia mais freqüente: membros inferiores e superiores
 Síndrome torácica aguda 
 Dor em região torácica + Febre + Dispneia + Hipoxemia 
 Maior índice de mortalidade na doença falciforme 
 Analgésicos de acordo com intensidade (dipirona – morfina) 
 Hidratação: casos leves = oral; moderados e graves = venosa 
 Origem mista (vaso-oclusão e infecção) 
 Dor crônica 
 Não há causa única 
 Analgésicos contínuos
 Anemia 
 Hemolítica (menor sobrevida das hemácias) 
 Aumento da bilirrubina indireta, hiperplasia eritróide da medula 
óssea e elevação dos reticulócitos 
 Fatores contribuintes: carência de folato, insuficiência renal, 
crises aplásticas e esplenomegalia 
 Moderada, crônica, sintomas moderados
INFECÇÕES 
 Complicações mais frequentes 
 Persistente agressão esplênica 
Sequestro de eritrócitos falcizados 
nos cordões esplênicos e sinusóides 
Congestão na polpa vermelha 
Formação de trombose e infartos 
Atrofia e fibrose do órgão
 Conseqüência da asplenia: maior susceptibilidade a 
infecções por organismos encapsulados (Haemophilus 
influenzae tipo b (Hib) e Pneumococo) 
 Menores de 5 anos: 30 a 100 vezes maior de infecções 
por Pneumococos que em crianças saudáveis 
 Crianças maiores e adultos: 25 vezes maior de infecções 
por salmonelas 
 Qualquer idade: bactérias atípicas
 OMA 
 Pneumonia e infecção secundária de áreas enfartadas no 
parênquima pulmonar na síndrome torácica aguda 
 Osteomielites (necrose da medula óssea) – salmonela 57% 
 Artrites sépticas 
 Crise aplástica (Parvovírus B19) 
 Meningite – alta mortalidade, preciptante AVCi 
 Gastroenterite 
 ITU 
 Sepse (Pneumococo, Hib, Salmonella sp, Escherichia coli)
TRATAMENTO 
 Terapêutica estimuladora da síntese de HbF (Hidroxiureia) 
 Estimula a expressão dos genes γ 
 Aumento do volume corpuscular médio 
 Melhora da hidratação celular 
 Reticulocitopenia 
 Redução na expressão de moléculas de adesão na membrana 
eritrocitária 
 Aumento na produção de óxido nítrico 
 Aumento da eritropoetina e do fator de necrose tumoral alfa
 Principais indicações: 
 Três ou mais admissões hospitalares por crises vaso-oclusivas 
nos últimos 12 meses 
 Um ou mais episódios de síndrome torácica aguda nos últimos 
24 meses 
 Disfunções orgânicas graves 
 Efeito colateral 
 Mielossupressão
PROFILAXIAS 
 Diagnóstico neonatal seguido de orientação e programa 
de educação familiar através de regular acompanhamento 
ambulatorial; 
 Profilaxia medicamentosa com penicilina; 
 Vacinação contra pneumococos e Hib nas idades 
apropriadas; 
 Identificação precoce e manejo apropriado dos episódios 
febris, considerando-os como potenciais eventos sépticos.
 Diagnóstico precoce 
 Acompanhamento da criança antes do surgimento da 
sintomatologia e suas complicações 
 Iniciar a profilaxia antibiótica desde os 3 meses de vida, 
conjuntamente à vacinação contra germes encapsulados 
 Reduz de maneira significativa as mortes, principalmente por 
problemas infecciosos (de 30 para1%), além de proporcionar a 
chance de melhor qualidade de vida
 Profilaxia medicamentosa 
 84% de redução de sepse pelo pneumococo 
 Início aos 4 meses de idade ou tão logo se faça o diagnóstico 
 Manutenção até os 4 – 5 anos 
 Penicilina oral na dose de 125 mg em crianças menores de 2 
anos e 250 mg em maiores de 2 anos, diariamente de 12 em 12 
horas; ou 
 Penicilina benzatina a cada 21 dias, na dose de 300.000UI em 
crianças com peso inferior a 10 kg, 600.000 UI naquelas com 
peso entre 10 e 27 kg, e 1.200.000 UI naquelas acima de 27 kg
 Alérgicos a penicilina: 
 Eritromicina 125 mg duas vezes ao dia dos 4 meses aos 3 
anos, e 250 mg dos 3 aos 4 anos
 Imunizações 
 Vacina anti-pneumocócica 
 Bom grau de proteção, mas não completo 
 Abranda o curso clínico da doença invasiva, mas não altera sua taxa de 
mortalidade 
 Vacina 7-valente é liberada dos 2 meses aos 2 anos (quatro doses). 
 Vacina 23-valente aos 2 anos, com dose de reforço aos 5 anos 
 Vacina anti-Hib 
 Eficácia elevada (de 95 a 100%) 
 Esquema vacinal: aos 2, 4, 6 e 15 meses
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  • 1. ANEMIA FALCIFORME Henrique Mascioli Fiorillo R2 Puericultura e Pediatria – HCRP – USP
  • 2. GENERALIDADES  Descrita pela primeira vez em 1910 por Herrick  Primeira doença monogênica humana caracterizada a nível molecular  Uma das doenças genéticas mais frequentes  Distribuição universal (maior predomínio na região da África Equatorial – até 3% da pop)  No Brasil, estima-se que acometa até 0,3% da população negra  Doença hereditária monogênica mais comum no Brasil
  • 3.  Porcentagem de mortalidade entre crianças menores de 5 anos: cerca de 25 a 30%  Maioria das mortes é secundária a:  Infecções fatais  Seqüestro esplênico  Crises aplásticas  Diagnóstico precoce + medidas profiláticas + fatores preditores + tratamento efetivo  Sobrevida mediana atual: em torno de 42 anos para homens e de 48 anos para mulheres
  • 4. ETIOLOGIA  Condição hereditária de caráter recessivo  Mutação no gene da β-globina (HBB) que leva à substituição de ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia da hemoglobina, dando origem à hemoglobina S
  • 5. CONSEQUENCIAS  Tendência da hemoglobina anormal (HbS) se polimerizar no estado desoxigenado. Em condições de hipóxia: polimerização da hemoglobina S = forma semelhante à de uma foice  Perda da deformabilidade = obstrução vascular e isquemia  Lesão da membrana = hemólise crônica extravascular e intravascular  Anormalidades da superfície celular = aderência aumentada ao endotélio vascular e lesão endotelial
  • 6.
  • 7.
  • 8. DIAGNÓSTICO  Eletroforese de hemoglobina  Focalização isoelétrica  Cromatografia líquida de alta performance (HPLC)
  • 9. CLÍNICA 2 Fenótipos  Hemólise, disfunção endotelial e vasculopatia proliferativa  Hipertensão pulmonar, priapismo, úlcera de perna e AVC  Viscosidade-vaso-oclusão e falcização  Crise vaso-oclusiva, síndrome torácica aguda e osteonecrose
  • 10.
  • 11. APRESENTAÇÃO CLÍNICA  Extremamente variável  Casos de extrema gravidade, com morte precoce na infância  Casos com poucas complicações e perspectiva de vida próxima ao normal
  • 12.  Coexistência com β-talassemia  Concentração de hemoglobina fetal (HbF)  o mais potente modificador da doença  modulador genético mais amplamente estudado  Age diminuindo a polimerização da desoxiHbS  Aumento na taxa de HbF pode diminuir o número de crises dolorosas ↑Ht ↓HbF Crise dolorosa
  • 13. Crise Infecções Acidose Hipóxia Desidratação
  • 14.  Principais sinais e sintomas  Dor  Anemia hemolítica  Comprometimento progressivo de múltiplos órgãos
  • 15.  Crise dolorosa  Uma das manifestações mais características  Obstrução da microcirculação (afoiçamento)  Febre pode ser uma manifestação secundária (isquemia tecidual e liberação de pirógenos endógenos)  Severidade da dor é bastante variada (desde episódios moderados e transitórios (5 a 10 min), até aqueles que duram horas ou dias)  Topografia mais freqüente: membros inferiores e superiores
  • 16.  Síndrome torácica aguda  Dor em região torácica + Febre + Dispneia + Hipoxemia  Maior índice de mortalidade na doença falciforme  Analgésicos de acordo com intensidade (dipirona – morfina)  Hidratação: casos leves = oral; moderados e graves = venosa  Origem mista (vaso-oclusão e infecção)  Dor crônica  Não há causa única  Analgésicos contínuos
  • 17.  Anemia  Hemolítica (menor sobrevida das hemácias)  Aumento da bilirrubina indireta, hiperplasia eritróide da medula óssea e elevação dos reticulócitos  Fatores contribuintes: carência de folato, insuficiência renal, crises aplásticas e esplenomegalia  Moderada, crônica, sintomas moderados
  • 18. INFECÇÕES  Complicações mais frequentes  Persistente agressão esplênica Sequestro de eritrócitos falcizados nos cordões esplênicos e sinusóides Congestão na polpa vermelha Formação de trombose e infartos Atrofia e fibrose do órgão
  • 19.  Conseqüência da asplenia: maior susceptibilidade a infecções por organismos encapsulados (Haemophilus influenzae tipo b (Hib) e Pneumococo)  Menores de 5 anos: 30 a 100 vezes maior de infecções por Pneumococos que em crianças saudáveis  Crianças maiores e adultos: 25 vezes maior de infecções por salmonelas  Qualquer idade: bactérias atípicas
  • 20.  OMA  Pneumonia e infecção secundária de áreas enfartadas no parênquima pulmonar na síndrome torácica aguda  Osteomielites (necrose da medula óssea) – salmonela 57%  Artrites sépticas  Crise aplástica (Parvovírus B19)  Meningite – alta mortalidade, preciptante AVCi  Gastroenterite  ITU  Sepse (Pneumococo, Hib, Salmonella sp, Escherichia coli)
  • 21. TRATAMENTO  Terapêutica estimuladora da síntese de HbF (Hidroxiureia)  Estimula a expressão dos genes γ  Aumento do volume corpuscular médio  Melhora da hidratação celular  Reticulocitopenia  Redução na expressão de moléculas de adesão na membrana eritrocitária  Aumento na produção de óxido nítrico  Aumento da eritropoetina e do fator de necrose tumoral alfa
  • 22.  Principais indicações:  Três ou mais admissões hospitalares por crises vaso-oclusivas nos últimos 12 meses  Um ou mais episódios de síndrome torácica aguda nos últimos 24 meses  Disfunções orgânicas graves  Efeito colateral  Mielossupressão
  • 23. PROFILAXIAS  Diagnóstico neonatal seguido de orientação e programa de educação familiar através de regular acompanhamento ambulatorial;  Profilaxia medicamentosa com penicilina;  Vacinação contra pneumococos e Hib nas idades apropriadas;  Identificação precoce e manejo apropriado dos episódios febris, considerando-os como potenciais eventos sépticos.
  • 24.  Diagnóstico precoce  Acompanhamento da criança antes do surgimento da sintomatologia e suas complicações  Iniciar a profilaxia antibiótica desde os 3 meses de vida, conjuntamente à vacinação contra germes encapsulados  Reduz de maneira significativa as mortes, principalmente por problemas infecciosos (de 30 para1%), além de proporcionar a chance de melhor qualidade de vida
  • 25.  Profilaxia medicamentosa  84% de redução de sepse pelo pneumococo  Início aos 4 meses de idade ou tão logo se faça o diagnóstico  Manutenção até os 4 – 5 anos  Penicilina oral na dose de 125 mg em crianças menores de 2 anos e 250 mg em maiores de 2 anos, diariamente de 12 em 12 horas; ou  Penicilina benzatina a cada 21 dias, na dose de 300.000UI em crianças com peso inferior a 10 kg, 600.000 UI naquelas com peso entre 10 e 27 kg, e 1.200.000 UI naquelas acima de 27 kg
  • 26.  Alérgicos a penicilina:  Eritromicina 125 mg duas vezes ao dia dos 4 meses aos 3 anos, e 250 mg dos 3 aos 4 anos
  • 27.  Imunizações  Vacina anti-pneumocócica  Bom grau de proteção, mas não completo  Abranda o curso clínico da doença invasiva, mas não altera sua taxa de mortalidade  Vacina 7-valente é liberada dos 2 meses aos 2 anos (quatro doses).  Vacina 23-valente aos 2 anos, com dose de reforço aos 5 anos  Vacina anti-Hib  Eficácia elevada (de 95 a 100%)  Esquema vacinal: aos 2, 4, 6 e 15 meses