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Fisiologia da Paisagem

• A fisiologia da paisagem corresponde ao terceiro nível de
  abordagem do relevo na sistematização da pesquisa
  geomorfológica adotado por Ab'Sáber (1969).


• Tem por objetivo “entender os processos morfoclimáticos e
pedogênicos atuais”.


• Refere-se, portanto, ao estudo da situação do relevo atual,
  fruto das relações morfodinâmicas resultantes da
  consonância entre os fatores intrínsecos, ou seja, inerentes
  ao próprio relevo, e os fatores extrínsecos, dando ênfase ao
  uso e ocupação do modelado enquanto interface das forças
  antagônicas.
• Toda superfície tenha foi apropriada de alguma forma pelo
  homem.

• O nível apropriação necessariamente incorpora as
  transformações produzidas e conseqüentes intervenções nos
  mecanismos morfodinâmicos, como a alteração na
  intensidade do fluxo por terra, refletindo diretamente no
  comportamento do relevo.

• Embora a fisiologia da paisagem centre atenção no momento
  histórico atual, não deixa de levar em consideração os
  resultados dos mecanismos associados ao tempo geológico,
  responsável pela evolução do relevo, expresso na
  compartimentação topográfica e nos depósitos correlativos à
  estrutura superficial.
• O estudo do estágio atual dos processos erosivos deve
  levar em consideração a evolução históricogeomorfológica
  do relevo.


• Para entender o significado das abordagens precedentes é
  necessário admitir que a conformação atual do relevo, ou
  da vertente enquanto categoria deste, resulta das relações
  processuais ao longo do tempo, considerando uma
  determinada situação topomorfológica e suas
  características estruturais.


• Para entender a conformação atual é necessário levar em
  consideração a situação atual e o passado geológico do
  ambiente.
• O estudo da fisiologia da paisagem reveste-se de grande
  importância na análise do relevo por incorporar
  conhecimentos envolvendo fatos de interesses diversos e
  atuais.


• A apropriação do relevo pelo homem, como recurso ou
  suporte, é responsável por alterações substanciais do seu
  estado natural, como a implementação de cultivos que
  ocasionam desmatamento, modificando radicalmente as
  relações processuais:


• do predomínio da infiltração para o domínio do fluxo por
  terra;
• o desenvolvimento da morfogênese em detrimento da
  pedogênese;


• as atividades erosivas em relação ao comportamento
  biostásico relativo ao estágio precedente;
Para se compreender melhor as relações morfodinâmicas
utiliza-se do conceito “bio-resistásico” proposto por Erhart
(1956), que consiste em estágios morfopedogênicos
diferenciados, associados a condições climáticas distintas.


Na biostasia, a vertente encontra-se revestida de cobertura
vegetal (propriedade geoecológica), em meio ácido, como nas
regiões intertropicais, onde a infiltração promove alteração dos
silicatos de alumina (feldspatos), originando a caolinita, que,
juntamente com o quartzo existente na maioria das rochas,
integra a estrutura física dos solos.
• Na biostasia a atividade geomorfogenética é fraca ou nula,
  existindo um equilíbrio climáxico entre potencial ecológico e
  exploração biológica.


• O domínio da pedogênese sobre a morfogênese gera um
  balanço morfogenético negativo.
• A resistasia é identificada pela retirada dos elementos que na
  biostasia integravam a fase residual (elementos minerais +
  hidróxidos de ferro e alumina), o que determina a turbidez das
  águas de superfície (cursos d'água), que têm como principal
  indicador o ferro.


• Essa fase passa a ser individualizada a partir do momento em
  que a cobertura vegetal desaparece, o que pode resultar de
  alterações climáticas, na escala de tempo geológico, ou por
  derivações processadas pelo homem, na escala de tempo
  histórica.
• Na resistasia, a morfogênese domina a dinâmica da
  paisagem, com repercussão no potencial geoecológico
  (desequilíbrio climáxico).


• Como resultado tem-se um balanço morfogenético positivo,
  com a retirada do material intemperizado, reduzindo
  gradativamente a camada pedogenizada, com conseqüente
  assoreamento de vales.
VERTENTES

“ É toda superfície terrestre inclinada, muito extensa ou
distintamente limitada, subordinada às leis gerais da
gravidade” Dylik (1968).



• A vertente se caracteriza como a mais básica de todas as
  formas de relevo, razão pela qual assume importância
  fundamental para os geógrafos físicos.
A importância pode ser justificada sob dois ângulos de
abordagem:

• por permitir o entendimento do processo evolutivo do relevo
  em diferentes circunstâncias, o que leva à possibilidade de
  reconstituição do modelado como um todo.



• por sintetizar as diferentes formas do relevo tratadas pela
  geomorfologia, encontrando-se diretamente alterada pelo
  homem e suas atividades.
• Uma vertente contém subsídios importantes para a
  compreensão dos mecanismos morfogenéticos
  responsáveis pela elaboração do relevo na escala de tempo
  geológico (propriedades geoecológicas), permitindo
  entender as mudanças processuais recentes (processos
  morfodinâmicos), na escala de tempo histórico, se
  individualizando como palco de transformações
  sóciorreprodutoras.
• O conceito de vertente é essencialmente dinâmico, uma
  vez que permite delimitar um espaço de relações
  processuais de natureza geomorfológica, incorporando os
  mais diferentes tipos de variáveis.


• Cruz (1982) observa que “o estudo geomorfológico da
  evolução atual das vertentes é extremamente importante
  quanto ao entendimento espaço- temporal dos
  mecanismos morfodinâmicos atuais e passados.
• O estudo da vertente, enquanto categoria do relevo, assume
  importância acadêmico-institucional a partir da década de 50
  do século passado, com o trabalho de Tricart (1957), quando
  afirma ser a vertente “o elemento dominante do relevo na
  maior parte das regiões, apresentando-se portanto, como
  forma de relevo mais importante para o homem.



• Tanto a agricultura quanto os demais trabalhos de
  construções estão interessados na evolução das vertentes
  que acabam comandando, por exemplo, a perenidade –
  direta e indireta – dos cursos d'água, pela ação
  geomorfológica”.
Fonte: http://sed.com.sapo.pt/movimentos_vertentes.jpg
http://files.professoralexeinowatzki.webnode.com.br/200000150-8b82e8d77d/declividade.jpg
http://files.professoralexeinowatzki.webnode.com.br/200000187-e5c1fe6bac/vertente_erosao.JPG
http://3.bp.blogspot.com/_fs4X2Qr4o3s/SbfitDRJAAI/AAAAAAAAAnY/miRfuDIkPLI/s400/vertentes%25203.jpg
http://3.bp.blogspot.com/_dd9f9r5drko/S- g2N4upmOI/AAAAAAAAAs4/sk4AxiV_LKQ/s1600/VertenteSulSerraSaoJose-
SoniaRigueira.jpg
• Os processos em uma vertente se individualizam pelos
  fatores exógenos e endógenos.


• Os exógenos são comandados pelo clima, os endógenos
  pela estrutura geológica e tectônica.


• Como agentes de intemperização destacam-se a
  temperatura e a precipitação, que em função do
  comportamento da interface , como a vegetação,
  proporcionam maior escoamento (fluxo de subsuperfície,
  movimento de massa e fluxo por terra) ou infiltração, com
  conseqüentes efeitos no comportamento da vertente.
• A ação processual também depende dos fatores endógenos,
  que reagem em função da composição química, do grau de
  permeabilidade, e conseqüente intemperização, com
  produção do regolito.


• Tricart (1957) demonstra que o balanço morfogenético de
  uma vertente é comandado principalmente pelo valor do
  declive, pela natureza da rocha e pelo clima:


a) valor do declive : de forma geral quanto maior o declive da
   vertente, maior a intensificação da componente paralela,
   reduzindo a ação da componente perpendicular.
      Assim, com o escoamento mais intenso, tem-se o
      acréscimo do transporte de detritos, adelgaçando o solo
      ou o material intemperizado.
b) natureza da rocha : as rochas coerentes exigem
primeiramente uma intervenção da componente
perpendicular antes da ação da componente paralela, ou
seja, antes que os detritos sejam carregados é necessário
que sejam formados.

• Portanto, a natureza da rocha, além de responder pelo
  comportamento da formação superficial, intervém no perfil
  da vertente, no seu declive médio e na velocidade de seu
  recuo ou evolução.

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  • 1. Fisiologia da Paisagem • A fisiologia da paisagem corresponde ao terceiro nível de abordagem do relevo na sistematização da pesquisa geomorfológica adotado por Ab'Sáber (1969). • Tem por objetivo “entender os processos morfoclimáticos e pedogênicos atuais”. • Refere-se, portanto, ao estudo da situação do relevo atual, fruto das relações morfodinâmicas resultantes da consonância entre os fatores intrínsecos, ou seja, inerentes ao próprio relevo, e os fatores extrínsecos, dando ênfase ao uso e ocupação do modelado enquanto interface das forças antagônicas.
  • 2. • Toda superfície tenha foi apropriada de alguma forma pelo homem. • O nível apropriação necessariamente incorpora as transformações produzidas e conseqüentes intervenções nos mecanismos morfodinâmicos, como a alteração na intensidade do fluxo por terra, refletindo diretamente no comportamento do relevo. • Embora a fisiologia da paisagem centre atenção no momento histórico atual, não deixa de levar em consideração os resultados dos mecanismos associados ao tempo geológico, responsável pela evolução do relevo, expresso na compartimentação topográfica e nos depósitos correlativos à estrutura superficial.
  • 3. • O estudo do estágio atual dos processos erosivos deve levar em consideração a evolução históricogeomorfológica do relevo. • Para entender o significado das abordagens precedentes é necessário admitir que a conformação atual do relevo, ou da vertente enquanto categoria deste, resulta das relações processuais ao longo do tempo, considerando uma determinada situação topomorfológica e suas características estruturais. • Para entender a conformação atual é necessário levar em consideração a situação atual e o passado geológico do ambiente.
  • 4. • O estudo da fisiologia da paisagem reveste-se de grande importância na análise do relevo por incorporar conhecimentos envolvendo fatos de interesses diversos e atuais. • A apropriação do relevo pelo homem, como recurso ou suporte, é responsável por alterações substanciais do seu estado natural, como a implementação de cultivos que ocasionam desmatamento, modificando radicalmente as relações processuais: • do predomínio da infiltração para o domínio do fluxo por terra;
  • 5. • o desenvolvimento da morfogênese em detrimento da pedogênese; • as atividades erosivas em relação ao comportamento biostásico relativo ao estágio precedente;
  • 6. Para se compreender melhor as relações morfodinâmicas utiliza-se do conceito “bio-resistásico” proposto por Erhart (1956), que consiste em estágios morfopedogênicos diferenciados, associados a condições climáticas distintas. Na biostasia, a vertente encontra-se revestida de cobertura vegetal (propriedade geoecológica), em meio ácido, como nas regiões intertropicais, onde a infiltração promove alteração dos silicatos de alumina (feldspatos), originando a caolinita, que, juntamente com o quartzo existente na maioria das rochas, integra a estrutura física dos solos.
  • 7. • Na biostasia a atividade geomorfogenética é fraca ou nula, existindo um equilíbrio climáxico entre potencial ecológico e exploração biológica. • O domínio da pedogênese sobre a morfogênese gera um balanço morfogenético negativo.
  • 8.
  • 9. • A resistasia é identificada pela retirada dos elementos que na biostasia integravam a fase residual (elementos minerais + hidróxidos de ferro e alumina), o que determina a turbidez das águas de superfície (cursos d'água), que têm como principal indicador o ferro. • Essa fase passa a ser individualizada a partir do momento em que a cobertura vegetal desaparece, o que pode resultar de alterações climáticas, na escala de tempo geológico, ou por derivações processadas pelo homem, na escala de tempo histórica.
  • 10. • Na resistasia, a morfogênese domina a dinâmica da paisagem, com repercussão no potencial geoecológico (desequilíbrio climáxico). • Como resultado tem-se um balanço morfogenético positivo, com a retirada do material intemperizado, reduzindo gradativamente a camada pedogenizada, com conseqüente assoreamento de vales.
  • 11.
  • 12.
  • 13. VERTENTES “ É toda superfície terrestre inclinada, muito extensa ou distintamente limitada, subordinada às leis gerais da gravidade” Dylik (1968). • A vertente se caracteriza como a mais básica de todas as formas de relevo, razão pela qual assume importância fundamental para os geógrafos físicos.
  • 14. A importância pode ser justificada sob dois ângulos de abordagem: • por permitir o entendimento do processo evolutivo do relevo em diferentes circunstâncias, o que leva à possibilidade de reconstituição do modelado como um todo. • por sintetizar as diferentes formas do relevo tratadas pela geomorfologia, encontrando-se diretamente alterada pelo homem e suas atividades.
  • 15. • Uma vertente contém subsídios importantes para a compreensão dos mecanismos morfogenéticos responsáveis pela elaboração do relevo na escala de tempo geológico (propriedades geoecológicas), permitindo entender as mudanças processuais recentes (processos morfodinâmicos), na escala de tempo histórico, se individualizando como palco de transformações sóciorreprodutoras.
  • 16. • O conceito de vertente é essencialmente dinâmico, uma vez que permite delimitar um espaço de relações processuais de natureza geomorfológica, incorporando os mais diferentes tipos de variáveis. • Cruz (1982) observa que “o estudo geomorfológico da evolução atual das vertentes é extremamente importante quanto ao entendimento espaço- temporal dos mecanismos morfodinâmicos atuais e passados.
  • 17. • O estudo da vertente, enquanto categoria do relevo, assume importância acadêmico-institucional a partir da década de 50 do século passado, com o trabalho de Tricart (1957), quando afirma ser a vertente “o elemento dominante do relevo na maior parte das regiões, apresentando-se portanto, como forma de relevo mais importante para o homem. • Tanto a agricultura quanto os demais trabalhos de construções estão interessados na evolução das vertentes que acabam comandando, por exemplo, a perenidade – direta e indireta – dos cursos d'água, pela ação geomorfológica”.
  • 18.
  • 19.
  • 25. • Os processos em uma vertente se individualizam pelos fatores exógenos e endógenos. • Os exógenos são comandados pelo clima, os endógenos pela estrutura geológica e tectônica. • Como agentes de intemperização destacam-se a temperatura e a precipitação, que em função do comportamento da interface , como a vegetação, proporcionam maior escoamento (fluxo de subsuperfície, movimento de massa e fluxo por terra) ou infiltração, com conseqüentes efeitos no comportamento da vertente.
  • 26. • A ação processual também depende dos fatores endógenos, que reagem em função da composição química, do grau de permeabilidade, e conseqüente intemperização, com produção do regolito. • Tricart (1957) demonstra que o balanço morfogenético de uma vertente é comandado principalmente pelo valor do declive, pela natureza da rocha e pelo clima: a) valor do declive : de forma geral quanto maior o declive da vertente, maior a intensificação da componente paralela, reduzindo a ação da componente perpendicular. Assim, com o escoamento mais intenso, tem-se o acréscimo do transporte de detritos, adelgaçando o solo ou o material intemperizado.
  • 27. b) natureza da rocha : as rochas coerentes exigem primeiramente uma intervenção da componente perpendicular antes da ação da componente paralela, ou seja, antes que os detritos sejam carregados é necessário que sejam formados. • Portanto, a natureza da rocha, além de responder pelo comportamento da formação superficial, intervém no perfil da vertente, no seu declive médio e na velocidade de seu recuo ou evolução.