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Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais
Não Madeireiros na Região de Integração Rio Caeté, Estado
                        do Pará


                  RELATÓRIO TÉCNICO
                          2011




                       BELÉM – PARÁ

                           2011
Governo do Estado do Pará
                    Simão Robison Oliveira Jatene
                            Governador
                       Helenilson Cunha Pontes
    Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges




 Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará

                    Maria Adelina Guglioti Braglia
                             Presidente
              Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais
                         Jonas Bastos da Veiga
                                Diretor
Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural
                      Cassiano Figueiredo Ribeiro
                                 Diretor
      Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação
                          Sérgio Castro Gomes
                                  Diretor
         Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças
                        Helaine Cordeiro Félix
                               Diretora
Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não
Madeireiros na Região de Integração Baixo Amazonas,
                   Estado do Pará


                RELATÓRIO TÉCNICO

                        2011




                     BELÉM – PARÁ

                         2011
Expediente
Diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais
Jonas Bastos da Veiga

Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação
Marli Maria de Mattos
Elaboração Técnica:                                        Coleta de dados:
Marli Maria de Mattos                                      Ellen Claudine Cardoso Castro
Ellen Claudine Cardoso Castro                              Daniela Monteiro da Cruz
Divino Herculys Peres da Silva Lima                        Nelma Santos Amorim dos Santos
José de Alencar Costa                                      Maricélia Gonçalves Barbosa
Ana Cristina Parente Brito                                 José de Alencar Costa
Adriana Pinheiro dos Santos                                Rafael da Silva Moraes
Isaac Luiz Magalhães Lopes                                 Tânia de Sousa Leite
Gilzibene Marques da Silva                                 Antônio Marcos Silva Pereira
Rodrigo dos Santos Lima                                    Adriana Pinheiro dos Santos
Raquel Lopes de Araújo                                     Ana Cristina Parente Brito
Joyse Tatiane Souza dos Santos                             Rodrigo dos Santos Lima

Apoio Técnico:
Francisco Assis Costa, UFPA/NAEA


Parceria:


Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
José Alberto da Silva Colares, Diretor Geral

Revisão:
Jonas Bastos da Veiga, Cassiano Figueiredo Ribeiro e Marcílio Chiacchio.

Normalização:
Adriana Taís G. dos Santos e Anna Márcia Malcher Muniz
             _______________________________________________________________________
                INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL
            DO PARÁ
                  Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de
            Integração Rio Caeté, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: IDESP, 2011.
                  160p.
                   1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais
            alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo.
                                                                               CDD: 381.098115
             ________________________________________________________________________
APRESENTAÇÃO

         A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande
importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração
sustentável, pois na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies.
Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores familiares utilizam
produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais, utensílios entre outros)
para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas informações sobre o
mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa forma um fator crítico
para a gestão das florestas.

          O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o
mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico. Não
há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que são
comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como
várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da
Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não
madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas
envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies
extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para
atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional.

         Em razão da relevância do tema exposto, o Instituto de Desenvolvimento
Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em parceria com o Instituto de
Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as cadeias
de comercialização dos PFNM do Estado do Pará, como forma de contribuir com informações
para a formulação de políticas públicas. Assim foi firmado o Termo de Cooperação Técnica e
Financeira TCTF No.02/2010, tendo sua vigência iniciada em março de 2010, e tem como
objetivo identificar e analisar as cadeias de comercialização dos PFNM em cinco Regiões de
Integração (RI) do estado do Pará (Rio Caeté, Baixo Amazonas, Guamá, Xingu e Marajó).
        Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia
dos PFNM no Estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando
entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os não
detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo com a conservação e gestão florestal.
        O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de
comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Rio Caeté.
RESUMO

         Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades
econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que evitem o
desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre
regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo,
utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base
Agroextrativista, de 34 produtos identificados, em 15 municípios da Região de Integração do
Rio Caeté e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos setores de
beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final. Constatou-se que os
produtos estudados (10 alimentícios, 13 medicinal, fármacos e cosméticos, 8 artesanatos e
utensílios, 2 derivados da madeira e 1 derivado animal) têm significativa importância na
dinâmica da economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados
nacionais e internacionais. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 16 milhões),
porém com 27% da renda bruta gerada e circulada fora do Pará, diferente do bacuri que teve
R$ 1,3 milhão e 95% gerada e circulada somente no Rio Caeté. Outros produtos de destaque
foram o buriti, mel, malva e o carvão. A contabilidade social ascendente na região tem origem
em milhares de famílias envolvidas no setor da produção extrativa local (e extralocal), que
receberam pela venda de todos os produtos o montante de R$ 4,5 milhões (VBPα), que gerou
R$ 12 milhões (VBP) na compra destes produtos (predomínio in natura) e com a agregação
de valor de mais de R$ 10 milhões (VAB), chegando a uma renda bruta total (RBT) gerada e
circulada em R$ 22 milhões, com seus efeitos para frente e para trás nas cadeias de
comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e potencialidades identificadas
nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos governamentais e a sociedade direta e
indiretamente relacionada às cadeias dos produtos do agroextrativismo.




Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros,
3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.
SIGLAS


CEASA         Central de Abastecimento do Pará
Conab         Companhia Nacional de Abastecimento
DAP           Diâmetro à Altura do Peito
EMATER        Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
Embrapa       Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
GPS           Sistema de Posicionamento Global
IBGE          Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEFLOR       Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará
IDESP         Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará
IPEA          Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MDS           Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MIP           Matriz Insumo Produto
NAEA / UFPA   Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará
PAM           Pesquisa Agrícola Municipal
PEVS          Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura
PFNM          Produtos Florestais Não Madeireiros
PIB           Produto Interno Bruto
              Plano Nacional de        Promoção      das   Cadeias   de   Produtos   da
PNPPS
              Sociobiodiversidade
PPM           Produção da Pecuária Municipal
RBT           Renda Bruta Total
RI            Região de Integração
SEBRAE        Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEIR          Secretaria de Estado de Integração Regional
SENAR         Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
STR           Sindicato dos Trabalhadores Rurais
UFPA          Universidade Federal do Pará
VAB           Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto
VBP           Valor Bruto da Produção
VBPα          Valor Bruto da Produção do setor α
VTE           Valor Transacionado Efetivo
LISTA DE FIGURAS



FIGURA 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ...... 36
FIGURA 2- Localização da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ........................ 37
FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 40
FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 41
FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/Kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os
          setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração
          Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................... 43
FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do bacuri na Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 51
FIGURA 7- Estrutura (%) da quantidade amostral do bacuri comercializado na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 53
FIGURA 8- Preço médio do bacuri (R$/unidade de fruto in natura) praticado nas transações
          entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região
          de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................ 54
FIGURA 9- Localização dos agentes mercantis da andiroba na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 61
FIGURA 10- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializada na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 63
FIGURA 11- Preço médio da andiroba (R$/Kg da semente) praticado nas transações entre
          diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................. 63
FIGURA 12- Localização dos agentes mercantis da bacaba na Região de Integração Rio
         Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 65
FIGURA 13- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 66
FIGURA 14- Preço médio da bacaba (R$/Kg de fruto) praticado nas transações entre os
         setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração
         Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................... 67
FIGURA 15- Localização dos agentes mercantis do mel na Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 68
FIGURA 16- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na Região Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 70
FIGURA 17- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os diversos setores da
          cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará...................................................................................................... 71
FIGURA 18- Localização dos agentes mercantis do carvão na Região de Integração Rio
         Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 79
FIGURA 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 80
FIGURA 20- Preço médio do carvão (R$/saca de 15 Kg) praticado nas transações entre
         setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração
         Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................... 81
FIGURA 21- Localização dos agentes mercantis da copaíba na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 85
FIGURA 22- Estrutura (%) da quantidade amostral da copaíba comercializada na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 86
FIGURA 23- Preço médio da copaíba (R$/l de óleo) praticado nas transações entre os setores
          da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará. ......................................................................................... 87
FIGURA 24- Localização dos agentes mercantis do cupuaçu da Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 88
FIGURA 25- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 90
FIGURA 26- Preço médio do cupuaçu (R$/unidade de fruto) praticado nas transações entre os
          setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração
          Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................... 91
FIGURA 27- Localização dos agentes mercantis do muruci da Região de Integração Rio
         Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 92
FIGURA 28- Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci comercializado na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 94
FIGURA 29- Preço médio do muruci (R$/l do fruto in natura) praticado nas transações entre
          os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................. 95
FIGURA 30- Localização dos agentes mercantis da pupunha na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 96
FIGURA 31- Estrutura (%) da quantidade amostral da pupunha comercializada na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 97
FIGURA 32- Preço médio da pupunha (R$/cacho) praticado nas transações entre os setores da
          cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará...................................................................................................... 98
FIGURA 33- Localização dos agentes mercantis do murumuru na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 99
FIGURA 34- Estrutura (%) da quantidade amostral do murumuru comercializado na Região
          de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................... 100
FIGURA 35- Preço médio do murumuru (R$/Kg semente) praticado nas transações entre os
          setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração
          Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................. 101
FIGURA 36- Localização dos agentes mercantis do taperebá na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 102
FIGURA 37- Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá comercializado na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará no ano de 2010. ..................................... 103
FIGURA 38- Preço médio do taperebá (R$/Kg fruto in natura) praticado nas transações entre
          os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 104
FIGURA 39- Localização dos agentes mercantis do buriti na Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................................ 105
FIGURA 40- Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti comercializado na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 106
FIGURA 41- Preço médio do buriti (R$/Kg fruto in natura) praticado nas transações entre os
          setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração
          Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................. 107
FIGURA 42- Localização dos agentes mercantis do breu-branco na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 113
FIGURA 43- Estrutura (%) da quantidade amostral do breu-branco comercializado na Região
          de Integração Rio Caeté, estado do Pará no ano de 2010. ................................ 114
FIGURA 44- Preço médio do breu-branco (R$/Kg) praticado nas transações entre os setores
          da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará. ....................................................................................... 115
FIGURA 45- Localização dos agentes mercantis do leite de amapá na Região de Integração
          Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................................... 116
FIGURA 46- Estrutura (%) da quantidade amostral do leite de amapá comercializado na
         Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará no ano de 2010. .................... 117
FIGURA 47- Preço médio do leite de amapá (R$/l) praticado nas transações entre os setores
          da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará. ....................................................................................... 118
FIGURA 48- Localização dos agentes mercantis das plantas medicinais na Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 119
FIGURA 49- Estrutura (%) da quantidade amostral das plantas medicinais comercializadas na
          Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ................... 120
FIGURA 50- Preço médio das plantas medicinais (R$/Kg in natura) praticado nas transações
          entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 121
FIGURA 51- Localização dos agentes mercantis do artesanato na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 122
FIGURA 52- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato comercializado na Região
          de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................... 123
FIGURA 53- Preço médio do artesanato (R$/unidade da semente) praticado nas transações
          entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 124
FIGURA 54- Localização dos agentes mercantis dos utensílios na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 125
FIGURA 55- Estrutura (%) da quantidade amostral dos utensílios comercializados na Região
          de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................... 126
FIGURA 56- Preço médio dos utensílios (R$/unidade de produto) praticado nas transações
          entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 127
FIGURA 57- Localização dos agentes mercantis do tucumã na Região de Integração Rio
         Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 128
FIGURA 58- Estrutura (%) da quantidade amostral do tucumã comercializado na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 129
FIGURA 59- Preço médio do tucumã (R$/Kg do fruto in natura) praticado nas transações
          entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 130
FIGURA 60- Localização dos agentes mercantis da borracha na Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 131
FIGURA 61- Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha comercializada na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 132
FIGURA 62- Preço médio da borracha (R$/Kg) praticado nas transações entre os setores da
          cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará.................................................................................................... 133
FIGURA 63- Localização dos agentes mercantis da malva na Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................................ 134
FIGURA 64- Estrutura (%) da quantidade amostral da malva comercializada na Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará no ano de 2010. ..................................... 135
FIGURA 65- Preço médio da malva (R$/Kg da fibra) praticado nas transações entre os setores
          da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio
          Caeté, estado do Pará. ....................................................................................... 136
FIGURA 66- Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 137
FIGURA 67- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na
          Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ................... 138
FIGURA 68- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/Kg da semente) praticado nas transações
          entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de
          Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 139
LISTA DE GRÁFICOS



GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 44
GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 46
GRÁFICO 3– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,
         considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da
         Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 48
GRÁFICO 4- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do bacuri da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 55
GRÁFICO 5- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do bacuri da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 57
GRÁFICO 6– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do bacuri,
         considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da
         Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 59
GRÁFICO 7- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 72
GRÁFICO 8- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 75
GRÁFICO 9– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel,
         considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da
         Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 77
GRÁFICO 10- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do carvão da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 82
GRÁFICO 11- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do carvão da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 83
GRÁFICO 12– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do carvão,
         considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da
         Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 84
GRÁFICO 13 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do buriti da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................. 108
GRÁFICO 14 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do buriti da Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................. 110
GRÁFICO 15- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do buriti,
         considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da
         Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 112
LISTA DE TABELAS



TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio
         Caeté, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a
         amostragem realizada em campo, no período de 2009 a 2010. ........................... 38
TABELA 2- Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais
          não madeireiros identificados nos quinze municípios da Região de Integração
          Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................................... 140
TABELA 3- Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos
         produtos florestais não madeireiros identificados nos quinze municípios da
         Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 142
TABELA 4- Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos
         produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio
         Caeté, estado do Pará, organizados em categorias (Alimentícios,
         Artesanatos/Utensílios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e
         Fármacos/Cosméticos), estimado para 2008. .................................................... 143
TABELA 5- Renda Bruta Total – RBT (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos
          florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio Caeté,
          estado do Pará, organizadas em três categorias relativas às escalas de valor do
          RBT (acima de R$ 600mil, de R$ 100mil a R$ 600mil e abaixo de R$ 100mil),
          estimada para 2008. ........................................................................................... 145
TABELA 6- Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na
          Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, compostos pelo Valor Bruto da
          Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa Extralocal
          (VBPα), a margem bruta de comercialização (mark-up), o Valor Bruto da
          Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT),
          em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimados para 2008. ................ 149
SUMÁRIO



1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 25

2 OBJETIVOS .............................................................................................................................. 26

2.1 GERAL ................................................................................................................................... 26

2.2 ESPECÍFICOS ....................................................................................................................... 26

3 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 27

4 RESULTADOS ......................................................................................................................... 36

4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAETÉ .......................................................................... 36

4.1.1 Caracterização ..................................................................................................................... 36

4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO ...................................................... 37

4.2.1 Açaí ...................................................................................................................................... 38

4.2.2 Bacuri .................................................................................................................................. 50

4.2.3 Andiroba .............................................................................................................................. 60

4.2.4 Bacaba ................................................................................................................................. 64

4.2.5 Mel ....................................................................................................................................... 67

4.2.6 Carvão .................................................................................................................................. 78

4.2.7 Copaíba ................................................................................................................................ 84

4.2.8 Cupuaçu ............................................................................................................................... 87

4.2.9 Muruci ................................................................................................................................. 92

4.2.10 Pupunha ............................................................................................................................. 96

4.2.11 Murumuru .......................................................................................................................... 98

4.2.12 Taperebá ............................................................................................................................ 101

4.2.13 Buriti .................................................................................................................................. 104

4.2.14 Breu-Branco ...................................................................................................................... 113

4.2.15 Leite de Amapá .................................................................................................................. 115
4.2.16 Plantas Medicinais ............................................................................................................. 119

4.2.17 Artesanato .......................................................................................................................... 121

4.2.18 Utensílios ........................................................................................................................... 124

4.2.19 Tucumã .............................................................................................................................. 127

4.2.20 Borracha ............................................................................................................................ 130

4.2.21 Malva ................................................................................................................................. 133

4.2.22 Castanha-do-Brasil ............................................................................................................ 136

4.3 ANÁLISES AGRUPADAS ................................................................................................... 140

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 150

6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 152

APÊNDICES ................................................................................................................................ 155
25


1 INTRODUÇÃO

          Segundo o Ministério da Agricultura (2008), os Produtos Florestais Não Madeireiros
(PFNM) são aqueles derivados da floresta, exceto a madeira, cuja definição engloba as fibras,
frutos, raízes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados, mel, plantas medicinais, lenha e
carvão, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que estes produtos também podem ser
obtidos de plantas semidomesticadas em plantios ou sistemas agroflorestais, assim como
peixes ornamentais e produtos da fauna silvestre. Estes últimos autores ainda destacam que
este é um conceito em construção.

         Nas últimas décadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupação
relacionada a fatores como superaquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais,
que por sua vez, atraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais
impactos. Dentro deste contexto, a extração e comercialização dos PFNM no Brasil têm
apresentado grande importância social, econômica e ambiental, em virtude de atuar
prioritariamente em pequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade das
florestas nativas (FIEDLER et al., 2008) e gerar renda.

        Em relação ao comércio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional desses
produtos é relativamente conhecido, entretanto, o mesmo não ocorre sobre a cadeia de
produção e comercialização no mercado doméstico. No estado do Pará, assim como nos
outros estados inseridos na Amazônia Legal, é restrita a literatura e dados existentes sobre o
mercado “invisível” de muitas espécies de valor local ou regional e sua importância para as
populações rurais e urbanas envolvidas ao longo da sua cadeia de produção (MONTEIRO,
2003). Dessa forma, os gestores e as demais audiências estão desinformados sobre o fluxo
desse comércio, que permanece oculto (SILVA, 2010).

        Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca
informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produção, industrialização e
comercialização desses produtos. Essa escassez de informações se constitui como um
empecilho à conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para esses
produtos, sendo, portanto, necessárias para o crescimento e desenvolvimento das atividades
envolvendo estes produtos (FIEDLER et al., 2008).

          Com isso, esta pesquisa teve como objetivo principal identificar e analisar as cadeias
de comercialização dos PFNM na Região de Integração (RI) Rio Caeté, Estado do Pará,
identificando os fatores críticos e potencialidades, como forma de contribuição para subsidiar
políticas públicas.
26


2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

     Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não
     madeireiros da Região de Integração Rio Caeté, Estado do Pará, buscando evidenciar
     fatores críticos e potencialidades.

2.2 ESPECÍFICOS

     Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos
     florestais não madeireiros da Região de Integração Rio Caeté, e

     Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção
     agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com
     a margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e
     circulada na comercialização dos produtos identificados.
27


3 METODOLOGIA

         No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos
florestais não madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 15 municípios pertencentes a RI
Rio Caeté, estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que venderam
para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes Alfa CSα
(COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base agroextrativista,
para uma região, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief (1983).

         As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se a metodologia de cálculo ascendente de
matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável e, que se baseia nos parâmetros e
indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-se
pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na real problemática local, haja vista
que as estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local.
Ou seja, este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de
uma delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados
por ações e programas de desenvolvimento ali implementados.

         Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de
cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e
acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as
condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades
transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os
quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc).

         Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões
entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da
reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a análise de insumo-
produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de
base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale
do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia
ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias na geração de uma
matriz de insumo-produto mais aderente a complexidade da economia local, evidenciando a
influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade
de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de crescimento para os demais setores da
economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda,
28


agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e no entorno mais próximo, para a
economia do resto do Pará, quanto para o resto do Brasil.

            Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do festival
de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα conjuntamente
orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo identificou limitações
de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com a produção e
realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por parte dos
poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura identificado
representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de exportação, com
um efeito multiplicar elevado.

            A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento1 de Sololá, na
Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura
camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja,
calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores,
especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos
sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através
do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do
Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o
departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio
"Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010).

            O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais
não madeireiros têm na economia do Estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas
Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível
local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações
existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM,
analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na
produção, trabalho e renda setorial de toda a economia.

            Na mesma linha, Gomes              (2007) identificou e caracterizou cadeias de
comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de frutíferas,
derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos



1
    Unidade federativa equivalente a estado.
29


municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, Estado do Pará. A autora utilizou
o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao
contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas
nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a
circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a
importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da
renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias.

         No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, a
metodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba além da
produção agroextrativista, as atividades na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos
setores com foco nos produtos florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de calculo
de renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o
Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base
Agroextrativista (VABα) e o Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRBα). De
acordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente
regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor.

         O modelo também produziu as matrizes das interrelações intersetoriais que as
fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os
do Censo Agropecuário de 2006, quanto as séries históricas de 1990 a 2008 da Produção
Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da
Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária
executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos
geográficos, quanto por atributos estruturais do setor.

         A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função
de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência
das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos,
sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais
como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes
comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor
da   produção    agroextrativista,   principais   gargalos   evidenciados   nas   cadeias   de
comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e
aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.
30


            As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das
cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir.

            Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos quinze
municípios visitados da Região de Integração Rio Caeté, junto a informantes-chaves (como os
técnicos dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do
Pará - Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de
agricultura, das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros),
no que se referiu a produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros
existentes no município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes
mercantis envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados.

            A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário
(Apêndice A). Nesta etapa, buscam-se os principais agentes (vendedores/compradores) de
cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais em seguida,
direcionam os elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia,
compondo uma amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar a
produção local de um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor
final, no outro extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou
relações existentes entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade até os de
completa informalidade, e foi capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto
identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são
conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador
identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte
da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997).
Deste modo, para o levantamento dos quinze municípios foram aplicados cento e cinquenta
questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a
comercialização dos PFNM.

            Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada
estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das
bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de
dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo
Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos (referentes aos


2
    Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.
31


produtos) e lançamentos (referentes as transações comerciais realizadas pelos agentes, por
produtos).

         A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as
unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado
fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ
referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação
mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e
consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional).

       Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade
da distribuição das quantidades e de atribuição dos preços a partir das relações entre os
agentes e, uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes
Insumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores
da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a
demanda final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada
matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo de apresentar os
mesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da
cadeia. A inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores
representados por pequenas caixas retangulares (produção local, varejo, indústria de
beneficiamento, de transformação, atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribuídos na
economia local, estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por
retângulos maiores em três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para
a representação dos canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local até os
consumidores finais.

         Quanto aos fluxos da comercialização por produto estudado, estes foram organizados
para três dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos quinze municípios pesquisados
na RI Rio Caeté e extralocal, relacionado aos municípios que não fazem parte da RI Rio
Caeté; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c) nacional, que foram
comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou compreender os fluxos
existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao longo da cadeia em função
dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de preço e quantidade, a relação
dessas gera os respectivos preços médios praticados ou implícitos por produto e por setor (em
Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao longo da cadeia, da produção até o
consumo final.
32


        A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da
Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais
recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto,
foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM,
PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da
agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA).

       Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto
em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais,
acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na
primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das
quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem a restrição s, tendo no
caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os
números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição
geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008).

       Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos:




        Onde:

         : atributo geográfico (local: municípios da RI Rio Caeté; estadual: demais
        municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países),

          : produto,

          : ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008),

             : quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa
        oficial,

                   : quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário
        de 2006,

             : preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da
        pesquisa, e

                   : preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006.
33


         Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados
pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do
conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos
preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da
multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido
para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto,
os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados
conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias dos alimentícios, dos
oleaginosos e gerais do IBGE.

         Sendo assim, para os frutos bacaba, bacuri, buriti, muruci, pupunha, taperebá e
tucumã foram utilizados os indexadores da categoria de alimentícios. Na categoria de
indexador das fibras vegetais foram cinco produtos todos tendo a fibra do guarumã e do buriti
como insumo principal: abano, cesto, peneira, paneiro e tipiti. E na categoria de indexador
geral (que utiliza o conjunto de todos os produtos identificados pelo IBGE) foram dezesseis
produtos: andiroba óleo, copaíba óleo, murumuru óleo, castanha-do-brasil, resina de breu-
branco, açaí semente, paxiúba semente, olho-de-boto, cascas de barbatimão, ipê-roxo, jatobá,
sucuuba, unha-de-gato e verônica, cipó-titica, leites de amapá e cumaru amêndoa.

         Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas
estatísticas oficiais, foram: açaí fruto, borracha, carvão, cupuaçu, malva e o mel.

         Finalmente, foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o início do estudo,
multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a
probabilidade da distribuição das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações
entre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto
pesquisado, contendo o Valor Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica
da oferta, o VBP sob a ótica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado
Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta
Total (RBT) e, a margem bruta de comercialização (mark-up), que é a relação entre a
diferença do valor estimado do VAB com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBPα, para que
sejam feitas as análises econômicas (estimadas para 2008) e os impactos que cada produto
não madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que
no cálculo do VAB como na estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos
produtivos e/ou de comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias,
34


também não foi possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na
preparação de certos produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros.

         A definição em estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este estudo (Rio
Caeté) e para as demais regiões estudadas (Guamá, Tocantins, Xingu, Marajó e o Baixo
Amazonas), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O método
permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos indexadores
por produto, após divulgação de estatísticas oficiais.

         Para cada um dos 34 produtos não madeireiros identificados em campo (Tabela 1),
28 deles constam no Apêndice B. Tais produtos foram classificados em dez alimentícios
[açaí, bacaba, bacuri, buriti, castanha-do-brasil, cupuaçu, muruci, pupunha, taperebá e
tucumã], treze medicinais, fármacos e cosméticos [açoita-cavalo, amapá (leite), andiroba,
barbatimão, breu-branco, copaíba, cumaru, ipê-roxo, jatobá, murumuru, sucuúba, unha-de-
gato e verônica] e seis artesanatos e utensílios [açaí (semente), guarumã, malva, olho-de-boto,
paxiúba e borracha].

         Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de
quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os
setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Além disso, as análises econômicas
detalhadas estão apresentadas com VBP pela ótica da oferta, com VAB e a margem bruta de
comercialização por setor, assim como a RBT gerada pela ótica da demanda.

         Para outros produtos que apresentaram similitude como: uma pequena amostragem
de dados, semelhança do fluxo de comercialização entre os agentes e, principalmente,
utilidades similares, as análises foram agrupadas em: utensílios, leites e plantas medicinais.

         A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos
seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004).

            Produção extralocal: Produção primária agroextrativista oriunda de outras regiões
            de integração que não fazem parte da região estudada;

            Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região;

            Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que
            compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais;

            Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção,
            localizadas na região;
35


           Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção,
           localizadas na região;

           Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas),
           localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo
           e/ou vendem para o varejo;

           Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes,
           marreteiros, vendedores ambulantes);

           Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará,
           localizadas além da RI Marajó;

           Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará;

           Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará;

           Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem
           para o consumidor estadual;

           Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil;

           Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil;

           Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional;

           Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor
           nacional.

        As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro
identificado, quer seja individual ou em grupo.

        As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em
detalhes no item 4.3.
36


4 RESULTADOS

4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAETÉ

4.1.1 CARACTERIZAÇÃO

        A Região de Integração Rio Caeté tem em sua composição um total de quinze
municípios (Figura 1), com uma população de 469.484 habitantes (IBGE, 2010), o que
corresponde a 6,2% da população do Estado do Pará. Há um leve predomínio da população
urbana sobre a rural, com um índice de 54% em relação à população total da região. Sua área
total corresponde a 1,3% em relação ao Estado, com densidade demográfica de 28 hab/km²,
sendo que apenas três municípios (Bragança, Capanema e Viseu) possuem população maior
que 50 mil habitantes (53 a 101 mil).

        FIGURA 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará.




        Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
        Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.


        Com relação ao indicador de Desenvolvimento Humano, a Região de Integração Rio
Caeté apresentou um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal- IDHM de 0,64, em
2000, menor que o estadual de 0,72 (PARÁ, 2010).

        Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região Rio Caeté somou R$
1.329.746,00 mil, com uma variação de 14% maior em relação ao PIB do ano anterior, porém
se manteve na 10ª colocação no ranking entre as 12 regiões de integração e participando
apenas com 2,7% do PIB estadual. Já com relação ao PIB per capita, na ordem de R$
37


3.082,00, configurou-se como o segundo pior ficando a frente apenas da região do Marajó. As
participações dos setores econômicos, considerando somente o Valor Agregado,
corresponderam a 15,3% Agropecuário, 12,3% Indústria e 72,4% Serviços. Dentro da
composição do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista
corresponde a 12,7 % (IDESP, 2009).

        Entre os municípios da Região Rio Caeté, Santarém Novo se configurou como o de
menor participação na economia da região, representando 1,1% do PIB, caracterizado pela
baixa concentração demográfica e forte dependência em relação ao setor de serviços.

4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO

        Nos 15 municípios pertencentes à Região de Integração Rio Caeté (Figura 2) foram
identificados 34 produtos florestais não madeireiros, durante a pesquisa de campo realizada
em 2009 e 2010, com quantidade e valor pago à produção local (Tabela 1).
        FIGURA 2- Localização da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará.




        Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
        Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
38


TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio Caeté, com
quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de 2009
a 2010.

      Produtos Florestais Não Madeireiros          Quantidade            Valor (R$)         Valor/Total (%)
    Açaí fruto (kg)                                      17.100.454       16.309.034,00                   90,20
    Mel (l)                                                  97.338          844.409,83                     4,67
    Buriti (kg)                                             155.234          265.092,76                     1,47
    Bacuri (un.)                                            670.750          183.222,50                     1,01
    Malva (kg)                                              110.000          137.500,00                     0,76
    Carvão (saca)                                            11.793           84.314,90                     0,47
    Utensílios (un.) (1)                                     29.570           59.978,84                     0,33
    Cupuaçu (un.)                                            43.140           59.257,50                     0,33
    Bacaba (kg)                                              28.784           40.576,48                     0,22
    Muruci (l)                                               14.462           24.240,01                     0,13
    Borracha (kg)                                            12.540           21.932,40                     0,12
    Andiroba (l)                                              7.308           19.177,20                     0,11
    Pupunha (cacho)                                           2.550            9.810,00                     0,05
    Breu-branco (kg)                                          2.235            6.732,50                     0,04
    Copaíba (l)                                                 160            4.870,00                     0,03
    Plantas medicinais (kg) (2)                               1.828            3.591,00                     0,02
    Taperebá (kg)                                             1.780            2.390,00                   0,013
    Murumuru (kg)                                               778            1.681,00                   0,009
    Tucumã (kg)                                               2.955              975,15                   0,005
    Leite amapá (l)                                              96              576,00                  0,0032
    Artesanato regional (un.) (3)                            21.300              366,90                  0,0020
    Castanha-do-brasil (kg)                                     164              328,58                  0,0018
    Total                                                                18.080.057,55                  100,00
1
     Abano,
    (1)    tipiti, peneira, paneiro de tala de guarumã e cesto de palha de buriti.
2     Abano, tipiti, peneira,paneiro de tala de guarumã e cesto de palha de buriti .
   Casca de barbatimão, de ipê-roxo, de sucuúba, de jatobá, de verônica e de unha-de-gato e semente de cumaru.
3 (2)
   Caroço dede barbatimão, ipê-roxo,jatobá,sucuúba, unha-de-gato, verônica e semente de cumaru.
      Cascas açaí, olho de boto e semente de paxiuba.
Fonte: Instituto de Desenvolvimento e paxiúba. Social e Ambiental do Pará, 2011.
  (3)
      Sementes de açaí , olho-de-boto Econômico,
Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.


              A     comercialização   de   dezenas      destes    produtos      acontece     em     diferentes
estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens
registradas nos municípios visitados (Apêndice C).

              As análises das principais cadeias de comercialização da Região Rio Caeté estão
descritas e ilustradas a seguir.

4.2.1 AÇAÍ

              a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
                 açaí.
              Apresentando-se como um dos produtos econômicos mais emergentes, entre os trinta
e quatro, o açaí e sua estrutura de cadeia de comercialização são ilustrados de acordo com a
39


amostragem, composta por 68 agentes que comercializaram o produto nos municípios
visitados da RI Rio Caeté, sendo que 60% trabalham somente com o açaí, 34% destes
comercializam outros produtos como mel, carvão, açaí caroço, sementes (olho de boto e
semente de paxiúba), cupuaçu, bacuri, bacaba, buriti, tucumã, cajuaçu, murumuru, borracha
(látex), carvão, breu-branco e utensílios de fibra de guarumã (paneiro, peneira, e tipiti) e os
6% não informaram.

         Dos agentes entrevistados, 63% são batedores, 13% atravessadores, 10% produtores,
4% varejistas, 5% feirantes, um artesão e 5% não informaram. Do total de agentes
entrevistados, 76% atuam (em média) na comercialização deste fruto há 15 anos (variação de
1 a 58 anos). Cerca de 3% informaram possuir propriedade rural, com áreas de 0,20 a 30 ha.
Com referência a capacidade de armazenagem, foi identificado que 54% dos agentes possuem
armazéns com dimensões que variam de 2,30m² a 64,00m².

         A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na comercialização do açaí:

         EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da Região de Integração Rio
Caeté)

         Produção extralocal: Engloba a produção primária de açaizais da Região Tocantins
(principalmente dos municípios de Igarapé Miri e Abaetetuba), da Região Guamá e do Estado
do Maranhão;

         LOCAL (Municípios da Região de Integração Rio Caeté)

         Produção local: Trata-se da produção primária de açaizais manejados e extrativistas,
identificada em quinze municípios da Região Rio Caeté;

         Varejo rural: Incluem todos os pequenos comerciantes, denominados atravessadores,
do interior dos quinze municípios que compram o açaí in natura dos produtores;

         Indústria de beneficiamento: São pequenos comerciantes, que possuem máquinas
despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí”, e que vendem diretamente a polpa do açaí
para os consumidores locais;

         Atacado: São os comerciantes (atacadistas ou associações) que comercializam o fruto
in natura em grandes quantidades;

         ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da Região de Integração Rio
Caeté)
40


        Indústria de beneficiamento: Existem dois tipos de estrutura de empresa
beneficiadora, a composta por pequenos comerciantes que possuem máquinas despolpadeiras,
chamados de “batedores de açaí”, que vendem diretamente a polpa para os consumidores
estaduais e, a segunda, composta por um número reduzido de agroindústrias que produzem
polpa de açaí pasteurizada e/ou congelada destinada para o mercado nacional;

        Atacado: Englobam os comerciantes (grandes atravessadores ou representantes de
empresas) que comercializam grandes quantidades de açaí in natura;

        NACIONAL (Fora do Estado do Pará)

        Varejo urbano: São os comércios varejistas situados fora do Estado, que vendem para
o consumidor nacional.

        b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí.

        Na amostragem em campo o setor produtivo é responsável por abastecer com
aproximadamente 17.100 toneladas de fruto in natura para o comércio. Na Figura 3 estão
espacializados os agentes mercantis entrevistados nos municípios da região estudada.

        FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na Região de Integração Rio Caeté,
        estado do Pará, no ano de 2010.




        Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
        Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
41


         A Figura 4 permite visualizar as proporções da quantidade de açaí que transitam
pelos diferentes setores identificados pela pesquisa, a partir da produção local e extralocal, até
atingir a demanda final, ou seja, os consumidores finais nos diferentes âmbitos (local, estadual
e nacional).

         FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na Região de
         Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010.




         Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
         Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.


         Do total da quantidade do fruto in natura comercializado na região, 78,8% foram
oriundos da própria região e 21,2% foram da região do Tocantins, Guamá e do Estado do
Maranhão. O principal nível de canal de comercialização do açaí identificado, com as maiores
quantidades comercializadas, refere-se à compra do varejo rural de 68,6% do total da
produção local e 7,8% da produção extralocal identificada, que vendem 53,7% para o setor da
indústria de beneficiamento estadual (43,3% para a agroindústria localizada município de
Castanhal-PA e 10,4% para batedores do fruto em Belém), 10% para o mercado nacional (de
modo específico para o varejo urbano nacional, composto por atravessadores dos municípios
do Estado do Maranhão que fazem fronteira com o Estado do Pará), 8,6% para os batedores
de açaí local (indústria de beneficiamento local) e 4,1% diretamente para o consumidor local.

         O setor atacadista local, caracterizado pelos grandes atravessadores ou representantes
de agroindústrias, por sua vez, compram 6,5% do açaí in natura ofertado pelo setor da
produção local e 8,82% da produção extralocal, que revendem (o fruto in natura) para a
42


indústria de beneficiamento local (8,82%) e estadual, especificamente para a agroindústria
(6,5%).

          No que se refere ao mercado consumidor, o consumo nacional correspondeu a 58,5%
da produção, dos quais 48,5% correspondem à comercialização do fruto em forma de polpa
congelada e/ou pasteurizada realizada pela agroindústria (de Castanhal), classificada como
indústria de beneficiamento estadual, localizada no município de Castanhal por questões de
competitividade, pois além de apresentar uma boa via de acesso e/ou escoamento (BR- 010 ou
Belém-Brasília) a este mercado consumidor, os preços (dos produtos in natura) praticados
neste município (pólo da RI Guamá) são menores quando comparados com os preços
praticados na capital paraense, isto é, Belém, onde existem cerca de quatro mil pontos de
venda do açaí (SEBRAE/PA, 2009).

          Dos agentes entrevistados 53% possuem meios de transporte para a comercialização
do fruto, tais como: bicicletas, caminhões, carros e motos. No que diz respeito às máquinas e
equipamentos utilizados no processo produtivo, 79% possuem alguns tipos, como batedeiras,
despolpadeiras, basquetas, filtros e freezers.

          c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do açaí, em 2010.

          A produção local vende a R$ 1,04/kg para o varejo rural, a R$ 1,24/kg para a
indústria de beneficiamento local (batedores de açaí), a R$ 0,54/kg e R$ 0,71/kg para o
atacadista local e estadual, respectivamente (Figura 5). Enquanto que os preços de venda
praticados pelos produtores extras locais são estabelecidos conforme a oferta do fruto,
destacando: R$ 0,73/kg para o varejo rural, R$ 0,71/kg para as indústrias de beneficiamento
local e R$ 0,76/kg para o atacadista local.

          O setor dos varejistas rurais (atravessadores) vende em média a R$ 1,51/kg para a
indústria de beneficiamento local, R$ 1,39/kg para a estadual e R$ 1,17/kg para os
consumidores locais (Figura 5). Por outro lado, os batedores de açaí locais (indústria de
beneficiamento) vendem em média a R$ 2,08/kg para o consumidor local, sendo importante
destacar que os maiores batedores de açaí do município de Bragança vão buscar o açaí in
natura na Região do Tocantins, principalmente na entressafra do fruto na região.
43


         FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/Kg de fruto in natura) praticado nas transações entre
         os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio
         Caeté, estado do Pará.




         Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
         Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.


         De acordo com 15% dos agentes entrevistados declararam ter problemas com
armazenagem do produto tanto in natura quanto beneficiado, como ausência de freezer,
espaço físico insuficiente, falta de higiene e má conservação do produto. Outros 5% têm
problemas com manutenção das máquinas e dos equipamentos. Do total de agentes, 37%
afirmam comercializar o produto somente no período de safra. O valor médio pago para os
trabalhadores é de R$ 10,00 a diária, R$ 70,00 por semana e R$ 415,00 o salário mensal.

         As demandas dos agentes mercantis para melhoria na capacidade de produção foram
em relação à ampliação do espaço físico, do local adequado para armazenagem da produção,
aquisição de maquinários e manejo dos açaizais para uma maior oferta do produto em
períodos de entressafra.

         d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí.

         Os valores recebidos por todos os agentes que realizaram as vendam (oferta) do açaí
a partir da RI Rio Caeté, foi contabilizado em R$ 16,7 milhões, cujo mercado local recebeu
R$ 8,2 milhões, que corresponde a 49% do VBP total. Já o mercado estadual recebeu R$ 4
milhões (24% do VBP) e o mercado nacional R$ 4,5 milhões (27%) (Gráfico 1).
44


        GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da Região de
        Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008.




        Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
        Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.


        Analisando o total ofertado pelo mercado local, o setor da produção contabilizou
aproximadamente R$ 2,9 milhões. No entanto, na composição deste valor foi identificado que
uma parte se refere aos agentes agroextrativistas localizados em outra região de integração ou,
até mesmo, em outro Estado da federação (denominados como agentes extralocais), mas que
ofertaram este fruto na sua forma in natura no comércio de alguns municípios da região Rio
Caeté, a fim de atender o abastecimento do consumo local. Sendo assim, o valor bruto da
produção local (VBPα), isto é, o setor agroextrativista da RI Rio Caeté, recebeu um pouco
mais de R$ 2,4 milhões pela oferta do fruto in natura, enquanto que, os agentes extralocais
receberam em torno de R$ 480 mil no mercado ou feiras dos municípios da região do Caeté,
sendo os mais importantes dos municípios de Bragança, Capanema, Cachoeira do Piriá e
Viseu. Deste valor pago ao extralocal, mais de 92% teve como destino os agentes
agroextrativistas da RI Tocantins, mais especificamente dos municípios de Abaetetuba (com
uma representatividade de 69%) e Igarapé Miri (23%). Já 7% foram recebidos pelos agentes
do município de São Domingos do Capim da RI Guamá. E por fim, 1% do valor extralocal
corresponde ao destinado aos agroextrativistas localizados nas pequenas comunidades às
margens do rio Gurupi (rio que delimita a fronteira do estado do Pará com Maranhão) no
território do estado do Maranhão. Por tudo isso, considera-se o valor bruto da produção à
soma do valor recebido pelos agentes agroextrativistas locais (RI Rio Caeté) com extralocal
45


(outras regiões), que pela oferta do fruto in natura receberam mais de R$ 2,9 milhões
(Gráfico 1).

        Deste total de R$ 2,9 milhões contabilizados pela oferta do setor da produção (VBP
local e extralocal), cerca de 81% desse valor (em torno R$ 2,4 milhões) foram oriundos das
vendas ao setor de varejo rural local, 11% ao setor atacadista local e, apenas 8% foram
vendidos diretamente para às indústrias beneficiadoras e 1% teve como destino o setor
atacadista estadual. Portanto, os agroextrativistas (local e/ou extralocal) não tiveram como
canal de comercialização as vendas diretamente para os consumidores finais, tendo como
causas a falta de uma melhor organização (produtiva, administrativa e, de comercialização)
em forma de cooperativa ou sindicato, a falta de infra-estrutura nas feiras e mercados (pois
muitos se encontravam deteriorados), e a distância entre o local de coleta e o mercado
consumidor.

        O setor do varejo rural, composto por agentes mercantis considerados os mais
importante na comercialização tanto com os agroextrativistas quanto com o setor de
beneficiamento fora da região, pois foi o elo responsável pela compra do fruto in natura junto
às comunidades que extraem o fruto para posterior venda às empresas beneficiadoras do fruto
(tanto local como estadual), assim como também para o varejo urbano nacional e o
consumidor local, cujo valor total de suas vendas foi equivalente a mais de R$3,1 milhões
(Gráfico 1). Ainda analisando o mercado local, o setor da indústria de beneficiamento
(categoria dos batedores locais) adquiriu mais de R$ 1,6 milhão com as vendas do vinho para
os consumidores locais, já o setor atacadista recebeu um pouco mais de R$ 450 mil com as
vendas para as indústrias de beneficiamento local e estadual (sendo 76% oriundos da indústria
local e 24% da estadual.

        Com relação às receitas obtidas com as vendas realizadas a nível estadual, orçada em
R$ 4 milhões, mais de 99% deste valor foi de responsabilidade da indústria de
beneficiamento, composto por duas categorias que atenderam mercados consumidores
distintos, pois enquanto os batedores atendem o consumo final estadual as agroindústrias
forneceram a polpa pasteurizada e/ou congelada deste fruto ao setor de varejo urbano nacional
a fim de atender o mercado consumidor nacional. Ficando apenas um valor irrisório, de um
pouco mais de R$ 537,00, a par do setor atacadista obtidos com a venda para a indústria de
beneficiamento estadual. No sistema nacional foram gerados em torno de R$ 4,5 milhões
oriundos das vendas do açaí para os consumidores finais, com participação exclusiva do
varejo urbano, que corresponde às grandes redes de supermercado (Gráfico 1).
46


        Por tudo isso, dos R$ 8,2 milhões gerados na comercialização do açaí a nível local,
somente R$ 1,7 milhão foram oriundos das vendas ao demandante final local. Isso significa
dizer que as vendas para fora, do fruto ainda na sua forma in natura, teve uma importância
maior para os agentes mercantis dos setores locais, demonstrando, de certa maneira, a
importância econômica que a comercialização deste fruto tem para a região do Rio Caeté. O
mesmo aconteceu no mercado estadual, pois dos R$ 4 milhões obtidos, apenas R$ 748 mil
foram oriundos das vendas ao consumidor, sendo o restante exportado via agroindústrias
(Castanhal) para o mercado nacional.

        e) VAB - gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada
           setor (%).
        O VAB ao longo da cadeia de comercialização do açaí, desde o setor alfa (produção
local e extralocal) da região do Rio Caeté até os consumidores finais, contabilizou um valor
superior a R$ 7 milhões e, constituiu uma margem de agregação de valor ao produto, ou
mark-up total, na comercialização na ordem de 141% (Gráfico 2). Esta margem foi calculada
a partir do valor total adicionado na comercialização do açaí – VAB (R$ 7 milhões), menos o
Valor Bruto da Produção - VBPα (R$ 2,9 milhões), dividido pelo Valor Bruto da Produção -
VBPα (R$ 2,9 milhões). Esta margem demonstra, em termos percentuais, o quanto foi
adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização do açaí a partir do setor alfa (α),
com base nos valores de compra e venda não se levando em conta os custos adicionados na
comercialização, pois não foram captados.

        GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da Região de
        Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008.




        Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
        Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
47


        No que se refere à agregação de valor por mercado, o local agregou 64% (R$ 4,5
milhões) do valor adicionado total, conforme Gráfico 2, cujo setor varejo rural, composto por
pequenos atravessadores, contribuiu com mais de R$ 805 mil, que constituiu um mark-up de
34%, pois este setor negociou diretamente a compra do fruto in natura com o setor da
produção, propiciado pelo fato de ter meios de transporte e conhecimento dos locais de
produção, assim como também possui vantagem em negociar com os setores que realizam o
beneficiamento do fruto localizado tanto no mercado local quanto estadual, e, deste modo,
conseguiu adquirir um preço médio maior. Este mark-up do setor é o Valor Transacionado
Efetivo (VTE), que corresponde ao Valor Adicionado do setor (R$ 805 mil), dividido pelo
Valor Bruto da Produção (VBP) pela ótica da demanda (em torno de R$ 2,4 milhões), ou seja,
compra de insumos realizada pelo setor. O mark-up, representado em termos relativos (%),
inclui todos os custos de beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não são
captados pela pesquisa.

        Em seguida, vem a indústria de beneficiamento, constituída por pequenos e médios
batedores, a qual adicionou em torno de R$ 663 mil com ações de beneficiamento ao fruto
(Gráfico 2), fato determinante para o seu mark-up de 68%, o dobro do setor de varejo rural. E
por fim, o setor atacadista, constituído por associações de produtores e/ou extratores, com
valor adicionado de R$ 135 mil e mark-up de 43%, oriundo da negociação direta com os
batedores de açaí da região em estudo e com as agroindústrias do município de Castanhal
(mercado estadual). Vale a pena ressaltar, que o setor da produção local transaciona o valor
efetivo somente no que se refere às vendas do produto (açaí) in natura na ordem de R$ 2,9
milhões, resultante da soma do valor da produção local e extralocal, e, por isso, não foi
calculado o seu mark-up.

        O mercado estadual por sua vez, obteve uma agregação de valor superior a R$ 1,6
milhão (Gráfico 2), que representa 23% do VAB total (dos R$ 7 milhões), com a participação
quase que exclusiva, tanto em termos percentuais (99%), quanto em valores econômicos, da
indústria de beneficiamento estadual (agroindústrias localizadas no município de Castanhal e
batedores de açaí de Belém). Este setor está fortemente relacionado ao grau de negociação
que mantém com os setores do mercado local, de modo mais preponderante com o varejo
rural e o atacadista, dos quais adquire o produto in natura e vende tanto para o consumidor
final estadual quanto para o mercado nacional, para este último um produto beneficiado
(pasteurizado e/ou congelado), a preços bem mais atrativos em relação ao mercado estadual.
Com relação à margem de comercialização verificada no setor da indústria de beneficiamento
48


estadual, ou seja, o mark-up, foi calculado em 67%. Ainda no mercado estadual o setor
atacadista (composto por atravessadores) só adicionou R$ 180,90 com um mark-up de 51%.
No mercado nacional, cuja agregação de valor foi na ordem de R$ 895 mil, ficou a cargo do
setor do varejo urbano com um mark-up de 25%.

        Por tudo isso, no que tange ao total adicionado ou do Valor Transacionado Efetivo
(VTE), observou-se que entre os setores da demanda intermediária, as indústrias de
beneficiamento (agroindústrias e batedores de açaí) localizadas fora da RI Rio Caeté, ou mais
especificamente localizados em Castanhal e Belém (mercado estadual), conseguiram
adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto na região do Rio Caeté como ao
que se encontram a nível nacional.

        f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do açaí.

        A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto forma-se a partir
da soma de compra de insumo (pela ótica da demanda) com o Valor Adicionado. Deste modo,
a renda gerada na comercialização do açaí a partir da região do Rio Caeté foi contabilizada na
ordem de R$ 16,7 milhões (Gráfico 3). Dos quais o sistema local foi responsável por gerar
49% desta renda, o estadual gerou 24% e o nacional 27%.

        GRÁFICO 3– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí,
        considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de
        Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008.




        Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
        Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
49


        Na região do Caeté, identificado como mercado local, cuja renda bruta somou R$ 8,2
milhões, o setor de varejo rural, o qual representa um elevado numero de atravessadores, foi
quem gerou uma maior renda bruta no valor próximo de R$ 3,2 milhões (Gráfico 3), pois
comprou o açaí in natura no valor de R$ 2,4 milhões e adicionou um montante próximo de
R$ 805 mil sem qualquer tipo de beneficiamento ou incremento tecnológico ao fruto, só com
o acréscimo dos seus custos de transporte e armazenamento e sua margem de lucro. Já a
indústria de beneficiamento (representativo de um elevado número de batedores de açaí)
arrecadou um montante de R$ 1,6 milhão com a venda do vinho para os consumidores finais
locais, resultante da soma de compra de insumo, açaí in natura, no valor de quase R$ 980 mil
e agregação no valor de R$ 663 mil com o seu beneficiamento. O atacado por sua vez, gerou
uma renda bruta no valor de R$ 450 mil, resultado da soma da compra de insumo no valor em
torno de R$ 315 mil e adicionou um pouco mais do que R$ 135 mil. Já a renda bruta do setor
de produção (α), no valor de 2,9 milhões, é resultante da venda para os setores econômicos
que compõem o sistema local e estadual apenas.

        Com relação à renda bruta na esfera estadual, contabilizado em R$ 4 milhões
(Gráfico 3), houve a participação de apenas dois setores; a indústria de beneficiamento foi
quem teve uma participação predominante para a formação deste montante, obtido pela
venda do produto para o mercado nacional (representando mais de 81% das vendas), sob
responsabilidade das agroindústrias, e para o consumidor final estadual, sob tutela dos
batedores de açaí. A renda bruta deste setor foi resultante da compra de insumo (açaí in
natura) no valor aproximado de R$ 2,4 milhões e pelo valor agregado no beneficiamento
primário e comercialização do produto em polpa e vinho no valor de R$ 1,6 milhão. O outro
setor, o atacadista, participou com apenas um pouco mais de R$ 537,00 na formação da renda
bruta na esfera estadual, o qual comprou o produto in natura com negociação direta com os
extrativistas locais no valor de R$ 356,00 e adicionou somente R$ 180,90 com o repasse para
as agroindústrias de Castanhal (indústria de beneficiamento estadual).

        Na esfera nacional somente o setor de varejo urbano gerou renda bruta, orçada um
pouco mais de R$ 4,5 milhões, e sendo assim, este valor também corresponde à renda bruta
nacional. Entre as atividades que compõem este setor estão: as redes de supermercados que
compraram o açaí já beneficiado (em polpa) do setor de indústria de beneficiamento estadual;
e os atravessadores que compraram de outros atravessadores a nível local para revenderem
aos pequenos batedores de outros estados do Brasil, em especial o nordeste. A soma dessas
50


compras resultou em um valor em torno de R$ 3,6 milhões, e o setor adicionou R$ 895 mil
(Gráfico 3).

4.2.2 BACURI

         a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do
            bacuri.
         Tradicionalmente usado na alimentação, o fruto é bastante difundido na região, com
a produção de sucos, cremes, sorvetes e o consumo in natura. O bacurizeiro se reproduz por
semente (forma sexuada) e por brotação de raiz (forma assexuada). A produção atual tem
origem basicamente na coleta dos frutos oriundos da regeneração atual. De acordo com
diversos estudos da Embrapa Amazônia Oriental sobre a espécie (CARVALHO et al., 2002;
FERREIRA, 2008; HOMMA et al., 2010), para atender a crescente demanda de mercado,
deve-se investir em técnicas de manejo da regeneração natural e de estabelecimento de
pomares provenientes de mudas que assegurem a variabilidade genética. Para o manejo das
brotações espontâneas, os bacurizeiros mais vigorosos devem ser selecionados, os demais são
eliminados mantendo cerca de 10 metros entre eles, devendo roçar nos primeiros anos,
obtendo a primeira produção de frutos no prazo de cinco a sete anos, com densidade de 100 a
120 plantas/ha. Para a produção de mudas as sementes que produzem mais polpa são
escolhidas, e a planta produzirá os primeiros frutos após 10 anos, já no caso das mudas
enxertadas, o tempo se reduz para quatro a cinco anos. Sugere-se também o plantio de mudas
trazidas de outras regiões.

         A cultura de extração e comércio desse fruto é difundida em diversas comunidades
dos municípios pertencentes à RI Rio Caeté e, com base na amostragem encontrada em
campo, foi possível espacializar esses agentes, como pode ser observado na Figura 6.
51


         FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do bacuri na Região de Integração Rio
         Caeté, estado do Pará, no ano de 2010.




         Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011.
         Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.


         Foram identificados trinta e dois agentes que comercializam o produto, sendo que
18% comercializam somente o bacuri e 78% trabalham também com o cupuaçu. Os agentes
dividem-se em produtores (4), atravessadores (9), comerciantes (7), feirantes (8), varejistas
(2), atravessador/extrativista (1) e atravessador/produtor (1). Os agentes mais antigos estão no
ramo há 40 anos e os mais novos há um ano, com média de quatorze anos.

         EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Rio Caeté)

         Produção extralocal: Oriunda da produção primária e extrativista encontrada nos
municípios de Capitão Poço (RI Rio Capim) e Castanhal (RI Guamá);

         LOCAL (Municípios da RI Rio Caeté)

         Produção local: Procedente da produção primária e extrativista encontrada nos
quinze municípios da região;

         Varejo rural: São pequenos comerciantes do interior dos quinze municípios da região
que compram o bacuri in natura dos produtores locais e dos extras locais, também conhecidos
como atravessadores;
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Relatorio riocaete

  • 1.
  • 2.
  • 3. Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros na Região de Integração Rio Caeté, Estado do Pará RELATÓRIO TÉCNICO 2011 BELÉM – PARÁ 2011
  • 4. Governo do Estado do Pará Simão Robison Oliveira Jatene Governador Helenilson Cunha Pontes Vice-Governador / Secretário Especial de Estado de Gestão - Seges Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará Maria Adelina Guglioti Braglia Presidente Diretoria de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da Veiga Diretor Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural Cassiano Figueiredo Ribeiro Diretor Diretoria de Estatística, Tecnologia e Gestão da Informação Sérgio Castro Gomes Diretor Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças Helaine Cordeiro Félix Diretora
  • 5. Cadeias de Comercialização de Produtos Florestais Não Madeireiros na Região de Integração Baixo Amazonas, Estado do Pará RELATÓRIO TÉCNICO 2011 BELÉM – PARÁ 2011
  • 6. Expediente Diretor de Pesquisa e Estudos Ambientais Jonas Bastos da Veiga Coordenadora do Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação Marli Maria de Mattos Elaboração Técnica: Coleta de dados: Marli Maria de Mattos Ellen Claudine Cardoso Castro Ellen Claudine Cardoso Castro Daniela Monteiro da Cruz Divino Herculys Peres da Silva Lima Nelma Santos Amorim dos Santos José de Alencar Costa Maricélia Gonçalves Barbosa Ana Cristina Parente Brito José de Alencar Costa Adriana Pinheiro dos Santos Rafael da Silva Moraes Isaac Luiz Magalhães Lopes Tânia de Sousa Leite Gilzibene Marques da Silva Antônio Marcos Silva Pereira Rodrigo dos Santos Lima Adriana Pinheiro dos Santos Raquel Lopes de Araújo Ana Cristina Parente Brito Joyse Tatiane Souza dos Santos Rodrigo dos Santos Lima Apoio Técnico: Francisco Assis Costa, UFPA/NAEA Parceria: Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará José Alberto da Silva Colares, Diretor Geral Revisão: Jonas Bastos da Veiga, Cassiano Figueiredo Ribeiro e Marcílio Chiacchio. Normalização: Adriana Taís G. dos Santos e Anna Márcia Malcher Muniz _______________________________________________________________________ INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL DO PARÁ Cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros na Região de Integração Rio Caeté, Estado do Pará: relatório técnico 2011./ Belém: IDESP, 2011. 160p. 1.Cadeias de comercialização.2.Produtos florestais não madeireiros.3.Contas sociais alfa.4.Economia regional.I.Região de Integração.II.Pará (Estado).III.Titulo. CDD: 381.098115 ________________________________________________________________________
  • 7. APRESENTAÇÃO A extração dos produtos florestais não madeireiros (PFNM) no Brasil é de grande importância social, econômica e ambiental. Apresenta-se como uma forma de exploração sustentável, pois na maioria das vezes, não implica na remoção dos indivíduos das espécies. Há tempos, populações tradicionais, extrativistas, ribeirinhas e agricultores familiares utilizam produtos não madeireiros (frutos, fibras, resinas, plantas medicinais, utensílios entre outros) para subsistência e renda. Apesar da relevância do tema, há poucas informações sobre o mercado das espécies florestais não madeireiras, constituindo dessa forma um fator crítico para a gestão das florestas. O mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, todavia, o mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico. Não há, nos sistemas de dados oficiais, uma lista completa de produtos florestais que são comercializados, principalmente no que diz respeito às espécies locais e regionais, como várias espécies medicinais e frutíferas. No estado do Pará, bem como em todos os estados da Amazônia Legal, há uma carência de dados sobre o mercado de muitos produtos não madeireiros de valor local ou regional e sua relevância para as populações rurais e urbanas envolvidas nas cadeias de produção. As estatísticas oficiais não detectam as espécies extrativistas que possuem mercado local, bem como as recentes demandas por produtos para atender as indústrias cosméticas no mercado nacional e internacional. Em razão da relevância do tema exposto, o Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor), desenvolveu o estudo sobre as cadeias de comercialização dos PFNM do Estado do Pará, como forma de contribuir com informações para a formulação de políticas públicas. Assim foi firmado o Termo de Cooperação Técnica e Financeira TCTF No.02/2010, tendo sua vigência iniciada em março de 2010, e tem como objetivo identificar e analisar as cadeias de comercialização dos PFNM em cinco Regiões de Integração (RI) do estado do Pará (Rio Caeté, Baixo Amazonas, Guamá, Xingu e Marajó). Os resultados destas pesquisas podem contribuir para o entendimento da economia dos PFNM no Estado do Pará, destacando as potencialidades econômicas e identificando entraves (produção e comercialização) desses diversos produtos, evidenciando os não detectados nas estatísticas oficiais, contribuindo com a conservação e gestão florestal. O presente relatório contempla os resultados das análises das cadeias de comercialização dos PFNM da Região de Integração (RI) Rio Caeté.
  • 8.
  • 9. RESUMO Na busca do desenvolvimento sustentável, o estado do Pará necessita de atividades econômicas produtivas que dinamizem e gerem renda às populações locais, que evitem o desmatamento, que agreguem valor aos produtos e que reduzam as desigualdades entre regiões. O método das Contas Sociais Ascendentes Alfa (CSα) aplicado neste estudo, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto, permitiu identificar o valor da produção de Base Agroextrativista, de 34 produtos identificados, em 15 municípios da Região de Integração do Rio Caeté e, acompanhar os fluxos ao longo das cadeias estudadas, passando pelos setores de beneficiamento, transformação, comércio e serviços até seu destino final. Constatou-se que os produtos estudados (10 alimentícios, 13 medicinal, fármacos e cosméticos, 8 artesanatos e utensílios, 2 derivados da madeira e 1 derivado animal) têm significativa importância na dinâmica da economia local, assim como para outras regiões do Pará, além dos mercados nacionais e internacionais. O principal produto de destaque na RI foi o açaí (R$ 16 milhões), porém com 27% da renda bruta gerada e circulada fora do Pará, diferente do bacuri que teve R$ 1,3 milhão e 95% gerada e circulada somente no Rio Caeté. Outros produtos de destaque foram o buriti, mel, malva e o carvão. A contabilidade social ascendente na região tem origem em milhares de famílias envolvidas no setor da produção extrativa local (e extralocal), que receberam pela venda de todos os produtos o montante de R$ 4,5 milhões (VBPα), que gerou R$ 12 milhões (VBP) na compra destes produtos (predomínio in natura) e com a agregação de valor de mais de R$ 10 milhões (VAB), chegando a uma renda bruta total (RBT) gerada e circulada em R$ 22 milhões, com seus efeitos para frente e para trás nas cadeias de comercialização. O estudo também demonstrou as fragilidades e potencialidades identificadas nas cadeias, envolvendo a iniciativa privada, os órgãos governamentais e a sociedade direta e indiretamente relacionada às cadeias dos produtos do agroextrativismo. Palavras-chave: 1.Cadeias de comercialização, 2.Produtos florestais não madeireiros, 3.Contas sociais alfa, 4.Economia regional.
  • 10.
  • 11. SIGLAS CEASA Central de Abastecimento do Pará Conab Companhia Nacional de Abastecimento DAP Diâmetro à Altura do Peito EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária GPS Sistema de Posicionamento Global IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEFLOR Instituto de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará IDESP Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome MIP Matriz Insumo Produto NAEA / UFPA Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará PAM Pesquisa Agrícola Municipal PEVS Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura PFNM Produtos Florestais Não Madeireiros PIB Produto Interno Bruto Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da PNPPS Sociobiodiversidade PPM Produção da Pecuária Municipal RBT Renda Bruta Total RI Região de Integração SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEIR Secretaria de Estado de Integração Regional SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais UFPA Universidade Federal do Pará VAB Valor Agregado Bruto ou Valor Adicionado Bruto VBP Valor Bruto da Produção VBPα Valor Bruto da Produção do setor α VTE Valor Transacionado Efetivo
  • 12.
  • 13. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ...... 36 FIGURA 2- Localização da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ........................ 37 FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 40 FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 41 FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/Kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................... 43 FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do bacuri na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 51 FIGURA 7- Estrutura (%) da quantidade amostral do bacuri comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 53 FIGURA 8- Preço médio do bacuri (R$/unidade de fruto in natura) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................ 54 FIGURA 9- Localização dos agentes mercantis da andiroba na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 61 FIGURA 10- Estrutura (%) da quantidade amostral da andiroba comercializada na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 63 FIGURA 11- Preço médio da andiroba (R$/Kg da semente) praticado nas transações entre diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................. 63 FIGURA 12- Localização dos agentes mercantis da bacaba na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 65 FIGURA 13- Estrutura (%) da quantidade amostral da bacaba comercializada na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 66 FIGURA 14- Preço médio da bacaba (R$/Kg de fruto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................... 67 FIGURA 15- Localização dos agentes mercantis do mel na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .......................................................................... 68 FIGURA 16- Estrutura (%) da quantidade amostral do mel comercializado na Região Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 70
  • 14. FIGURA 17- Preço médio do mel (R$/l) praticado nas transações entre os diversos setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará...................................................................................................... 71 FIGURA 18- Localização dos agentes mercantis do carvão na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 79 FIGURA 19- Estrutura (%) da quantidade amostral do carvão comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 80 FIGURA 20- Preço médio do carvão (R$/saca de 15 Kg) praticado nas transações entre setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................... 81 FIGURA 21- Localização dos agentes mercantis da copaíba na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 85 FIGURA 22- Estrutura (%) da quantidade amostral da copaíba comercializada na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 86 FIGURA 23- Preço médio da copaíba (R$/l de óleo) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ......................................................................................... 87 FIGURA 24- Localização dos agentes mercantis do cupuaçu da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 88 FIGURA 25- Estrutura (%) da quantidade amostral do cupuaçu comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 90 FIGURA 26- Preço médio do cupuaçu (R$/unidade de fruto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................... 91 FIGURA 27- Localização dos agentes mercantis do muruci da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 92 FIGURA 28- Estrutura (%) da quantidade amostral do muruci comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 94 FIGURA 29- Preço médio do muruci (R$/l do fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................. 95 FIGURA 30- Localização dos agentes mercantis da pupunha na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 96 FIGURA 31- Estrutura (%) da quantidade amostral da pupunha comercializada na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................... 97 FIGURA 32- Preço médio da pupunha (R$/cacho) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará...................................................................................................... 98
  • 15. FIGURA 33- Localização dos agentes mercantis do murumuru na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................... 99 FIGURA 34- Estrutura (%) da quantidade amostral do murumuru comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................... 100 FIGURA 35- Preço médio do murumuru (R$/Kg semente) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................. 101 FIGURA 36- Localização dos agentes mercantis do taperebá na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 102 FIGURA 37- Estrutura (%) da quantidade amostral do taperebá comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará no ano de 2010. ..................................... 103 FIGURA 38- Preço médio do taperebá (R$/Kg fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 104 FIGURA 39- Localização dos agentes mercantis do buriti na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................................ 105 FIGURA 40- Estrutura (%) da quantidade amostral do buriti comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 106 FIGURA 41- Preço médio do buriti (R$/Kg fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ................................................................................. 107 FIGURA 42- Localização dos agentes mercantis do breu-branco na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 113 FIGURA 43- Estrutura (%) da quantidade amostral do breu-branco comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará no ano de 2010. ................................ 114 FIGURA 44- Preço médio do breu-branco (R$/Kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ....................................................................................... 115 FIGURA 45- Localização dos agentes mercantis do leite de amapá na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ...................................................... 116 FIGURA 46- Estrutura (%) da quantidade amostral do leite de amapá comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará no ano de 2010. .................... 117 FIGURA 47- Preço médio do leite de amapá (R$/l) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ....................................................................................... 118 FIGURA 48- Localização dos agentes mercantis das plantas medicinais na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 119
  • 16. FIGURA 49- Estrutura (%) da quantidade amostral das plantas medicinais comercializadas na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ................... 120 FIGURA 50- Preço médio das plantas medicinais (R$/Kg in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 121 FIGURA 51- Localização dos agentes mercantis do artesanato na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 122 FIGURA 52- Estrutura (%) da quantidade amostral do artesanato comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................... 123 FIGURA 53- Preço médio do artesanato (R$/unidade da semente) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 124 FIGURA 54- Localização dos agentes mercantis dos utensílios na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 125 FIGURA 55- Estrutura (%) da quantidade amostral dos utensílios comercializados na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................... 126 FIGURA 56- Preço médio dos utensílios (R$/unidade de produto) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 127 FIGURA 57- Localização dos agentes mercantis do tucumã na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 128 FIGURA 58- Estrutura (%) da quantidade amostral do tucumã comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 129 FIGURA 59- Preço médio do tucumã (R$/Kg do fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 130 FIGURA 60- Localização dos agentes mercantis da borracha na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ............................................................. 131 FIGURA 61- Estrutura (%) da quantidade amostral da borracha comercializada na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 132 FIGURA 62- Preço médio da borracha (R$/Kg) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará.................................................................................................... 133 FIGURA 63- Localização dos agentes mercantis da malva na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ........................................................................ 134 FIGURA 64- Estrutura (%) da quantidade amostral da malva comercializada na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará no ano de 2010. ..................................... 135
  • 17. FIGURA 65- Preço médio da malva (R$/Kg da fibra) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ....................................................................................... 136 FIGURA 66- Localização dos agentes mercantis da castanha-do-brasil da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. .................................... 137 FIGURA 67- Estrutura (%) da quantidade amostral da castanha-do-brasil comercializada na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. ................... 138 FIGURA 68- Preço médio da castanha-do-brasil (R$/Kg da semente) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. ............................................................... 139
  • 18.
  • 19. LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 44 GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 46 GRÁFICO 3– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 48 GRÁFICO 4- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do bacuri da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 55 GRÁFICO 5- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do bacuri da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 57 GRÁFICO 6– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do bacuri, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 59 GRÁFICO 7- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do mel da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 72 GRÁFICO 8- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do mel da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 75 GRÁFICO 9– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do mel, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 77 GRÁFICO 10- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do carvão da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 82 GRÁFICO 11- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do carvão da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................... 83 GRÁFICO 12– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do carvão, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. .............. 84 GRÁFICO 13 - VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do buriti da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................. 108 GRÁFICO 14 - VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do buriti da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................. 110 GRÁFICO 15- Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do buriti, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 112
  • 20.
  • 21. LISTA DE TABELAS TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio Caeté, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de 2009 a 2010. ........................... 38 TABELA 2- Demanda Final (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros identificados nos quinze municípios da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............................................... 140 TABELA 3- Valor Adicionado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros identificados nos quinze municípios da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. ............ 142 TABELA 4- Valor Agregado Bruto - VAB (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, organizados em categorias (Alimentícios, Artesanatos/Utensílios, Derivado Animal, Derivado da Madeira e Fármacos/Cosméticos), estimado para 2008. .................................................... 143 TABELA 5- Renda Bruta Total – RBT (local, estadual e nacional), em R$ e %, dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, organizadas em três categorias relativas às escalas de valor do RBT (acima de R$ 600mil, de R$ 100mil a R$ 600mil e abaixo de R$ 100mil), estimada para 2008. ........................................................................................... 145 TABELA 6- Indicadores econômicos dos produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, compostos pelo Valor Bruto da Produção Alfa Local (VBPα), o Valor Bruto da Produção Alfa Extralocal (VBPα), a margem bruta de comercialização (mark-up), o Valor Bruto da Produção (VBP), o Valor Agregado Bruto (VAB) e a Renda Bruta Total (RBT), em R$, nas esferas local, estadual e nacional, estimados para 2008. ................ 149
  • 22.
  • 23. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 25 2 OBJETIVOS .............................................................................................................................. 26 2.1 GERAL ................................................................................................................................... 26 2.2 ESPECÍFICOS ....................................................................................................................... 26 3 METODOLOGIA ...................................................................................................................... 27 4 RESULTADOS ......................................................................................................................... 36 4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAETÉ .......................................................................... 36 4.1.1 Caracterização ..................................................................................................................... 36 4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO ...................................................... 37 4.2.1 Açaí ...................................................................................................................................... 38 4.2.2 Bacuri .................................................................................................................................. 50 4.2.3 Andiroba .............................................................................................................................. 60 4.2.4 Bacaba ................................................................................................................................. 64 4.2.5 Mel ....................................................................................................................................... 67 4.2.6 Carvão .................................................................................................................................. 78 4.2.7 Copaíba ................................................................................................................................ 84 4.2.8 Cupuaçu ............................................................................................................................... 87 4.2.9 Muruci ................................................................................................................................. 92 4.2.10 Pupunha ............................................................................................................................. 96 4.2.11 Murumuru .......................................................................................................................... 98 4.2.12 Taperebá ............................................................................................................................ 101 4.2.13 Buriti .................................................................................................................................. 104 4.2.14 Breu-Branco ...................................................................................................................... 113 4.2.15 Leite de Amapá .................................................................................................................. 115
  • 24. 4.2.16 Plantas Medicinais ............................................................................................................. 119 4.2.17 Artesanato .......................................................................................................................... 121 4.2.18 Utensílios ........................................................................................................................... 124 4.2.19 Tucumã .............................................................................................................................. 127 4.2.20 Borracha ............................................................................................................................ 130 4.2.21 Malva ................................................................................................................................. 133 4.2.22 Castanha-do-Brasil ............................................................................................................ 136 4.3 ANÁLISES AGRUPADAS ................................................................................................... 140 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 150 6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 152 APÊNDICES ................................................................................................................................ 155
  • 25. 25 1 INTRODUÇÃO Segundo o Ministério da Agricultura (2008), os Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM) são aqueles derivados da floresta, exceto a madeira, cuja definição engloba as fibras, frutos, raízes, cascas, folhas, taninos, cogumelos, exudados, mel, plantas medicinais, lenha e carvão, entre outros. Silva et al. (2010) ressaltam que estes produtos também podem ser obtidos de plantas semidomesticadas em plantios ou sistemas agroflorestais, assim como peixes ornamentais e produtos da fauna silvestre. Estes últimos autores ainda destacam que este é um conceito em construção. Nas últimas décadas, assiste-se em todo o mundo, o crescimento da preocupação relacionada a fatores como superaquecimento global e o desmatamento das florestas tropicais, que por sua vez, atraem o interesse de diversos atores sociais, que anseiam em equacionar tais impactos. Dentro deste contexto, a extração e comercialização dos PFNM no Brasil têm apresentado grande importância social, econômica e ambiental, em virtude de atuar prioritariamente em pequenas propriedades, preservar parte importante da biodiversidade das florestas nativas (FIEDLER et al., 2008) e gerar renda. Em relação ao comércio dos PFNM, nota-se que o mercado internacional desses produtos é relativamente conhecido, entretanto, o mesmo não ocorre sobre a cadeia de produção e comercialização no mercado doméstico. No estado do Pará, assim como nos outros estados inseridos na Amazônia Legal, é restrita a literatura e dados existentes sobre o mercado “invisível” de muitas espécies de valor local ou regional e sua importância para as populações rurais e urbanas envolvidas ao longo da sua cadeia de produção (MONTEIRO, 2003). Dessa forma, os gestores e as demais audiências estão desinformados sobre o fluxo desse comércio, que permanece oculto (SILVA, 2010). Apesar da magnitude socioeconômica dos PFNM, verifica-se que há pouca informação sistematizada sobre quantidade, valor, processos de produção, industrialização e comercialização desses produtos. Essa escassez de informações se constitui como um empecilho à conservação e ao desenvolvimento de estratégias mercadológicas para esses produtos, sendo, portanto, necessárias para o crescimento e desenvolvimento das atividades envolvendo estes produtos (FIEDLER et al., 2008). Com isso, esta pesquisa teve como objetivo principal identificar e analisar as cadeias de comercialização dos PFNM na Região de Integração (RI) Rio Caeté, Estado do Pará, identificando os fatores críticos e potencialidades, como forma de contribuição para subsidiar políticas públicas.
  • 26. 26 2 OBJETIVOS 2.1 GERAL Identificar e analisar as cadeias de comercialização de produtos florestais não madeireiros da Região de Integração Rio Caeté, Estado do Pará, buscando evidenciar fatores críticos e potencialidades. 2.2 ESPECÍFICOS Identificar e descrever as estruturas das cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros da Região de Integração Rio Caeté, e Quantificar o Valor Bruto da Produção (VBP), explicitando a produção agroextrativista do setor alfa (VBPα), o Valor Agregado Bruto (VAB) juntamente com a margem bruta de comercialização (mark-up) e a Renda Bruta Total (RBT) gerada e circulada na comercialização dos produtos identificados.
  • 27. 27 3 METODOLOGIA No intuito de descrever e analisar as cadeias de comercialização dos produtos florestais não madeireiros (PFNM), a partir do conjunto dos 15 municípios pertencentes a RI Rio Caeté, estado do Pará, desde os agentes que compraram do produtor até os que venderam para o consumidor, este estudo baseou-se na metodologia das Contas Ascendentes Alfa CSα (COSTA, 2002, 2006 e 2008a), que permite construir Contas Sociais de base agroextrativista, para uma região, utilizando o modelo Matriz Insumo-Produto de Leontief (1983). As “Contas Sociais Alfa” (CSα) referem-se a metodologia de cálculo ascendente de matrizes de insumo-produto de equilíbrio computável e, que se baseia nos parâmetros e indicadores de cada produto que compõem os setores originários e fundamentais, justifica-se pelo fato de permitir uma análise pontual ou com foco na real problemática local, haja vista que as estatísticas de produção são obtidas mais irredutível possível de uma economia local. Ou seja, este método além de fazer uma “fotografia” da realidade macroeconômica e social de uma delimitação geográfica, fornece respostas a questões que envolvem os impactos gerados por ações e programas de desenvolvimento ali implementados. Conforme explica Costa (2008b), o método consiste em identificar a produção de cada agente que pode ser agregado nos “setores alfa”, de certa delimitação geográfica e acompanhar os fluxos até sua destinação final. Nesse trajeto define parametricamente as condições de passagem pelas diversas interseções entre os setores derivados (quantidades transacionadas em cada ponto e o mark-up correspondente), tratados como “setores beta”, os quais são ajustados a três níveis diferentes: o local (βa), o estadual (βb) e o nacional (βc). Esta metodologia foi aplicada na região sudeste do Pará, caracterizada por tensões entre grandes projetos pecuários e minerais, e a expansão camponesa, com assentamentos da reforma agrária. O trabalho desenvolvido por Costa (2008b), contempla a análise de insumo- produto com metodologia ascendente que explicita a diversidade estrutural dos setores de base primária e os impactos econômicos da programação de investimento da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) de 2004 até 2010. Os resultados do estudo indicam que a metodologia ascendente CSα permitiu fazer as diferenciações estruturais necessárias na geração de uma matriz de insumo-produto mais aderente a complexidade da economia local, evidenciando a influência expressiva na economia do setor mineral do Sudeste Paraense, com complexidade de tal ordem que sua expansão cria possibilidades de crescimento para os demais setores da economia local. Por outro lado, demonstrou vazamentos de vulto (em termos de renda,
  • 28. 28 agregação de valor, entre outros) – tanto da economia local e no entorno mais próximo, para a economia do resto do Pará, quanto para o resto do Brasil. Em outro estudo Costa e Costa (2008) descreveram a economia da cultura do festival de bois de Parintins, estado do Amazonas, utilizando a metodologia das CSα conjuntamente orientada pelo conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL). O estudo identificou limitações de infraestrutura, apontou impactos para a economia do município com a produção e realização do evento, com isso o município recebeu tratamento diferenciado por parte dos poderes públicos, que se converteram em investimentos reais e o APL da cultura identificado representou 10% da economia local e se apresentou como uma nova base de exportação, com um efeito multiplicar elevado. A aplicação da metodologia CSα por Dürr (2008) no Departamento1 de Sololá, na Guatemala, permitiu descrever as cadeias produtivas dos principais produtos da agricultura camponesa, construiu a Contabilidade Social de base agrária do Departamento, ou seja, calculou o Produto Interno Bruto mostrando a contribuição de diferentes setores, especialmente no setor rural e da economia regional e, por último, identificou os impactos sobre a agricultura e o desenvolvimento econômico das zonas rurais locais, estimado através do uso de Matrizes de Insumo-Produto como ferramenta para o planejamento estratégico do Departamento de Sololá. Devido as repercussões deste estudo, o autor replicou para o departamento de El Quiché (DÜRR et al., 2009), para o território chamado de Bacia do rio "Polochic. "(LOZA et al., 2009) e para o departamento de Petén (DÜRR et al., 2010). O trabalho de Carvalho (2010) apresenta as contribuições que os produtos florestais não madeireiros têm na economia do Estado do Amapá, fazendo o uso do método de Contas Sociais Alfa em razão da inexistência de informações sistematizadas ou agregadas em nível local. Contudo, consegue estabelecer as análises estruturais a partir das interrelações existentes entre os agentes mercantis que participam do arranjo produtivo dos PFNM, analisando os efeitos dos multiplicadores setoriais, os impactos do crescimento econômico na produção, trabalho e renda setorial de toda a economia. Na mesma linha, Gomes (2007) identificou e caracterizou cadeias de comercialização de produtos existentes nas florestas secundárias nas categorias de frutíferas, derivados da madeira (lenha, carvão e estaca), mel e diversas plantas medicinais nos 1 Unidade federativa equivalente a estado.
  • 29. 29 municípios de Bragança, Capitão Poço e Garrafão do Norte, Estado do Pará. A autora utilizou o método de Contas Sociais Alfa para captar as especificidades econômicas e sociais que ao contrário dos cálculos das contas regionais do IBGE, que consideram as regiões homogêneas nas estimações conjunturais impossibilita captar as especificidades locais. O estudo detectou a circulação aproximada de quatro milhões de reais, para o ano de 2005, identificando a importância da vegetação secundária como reserva de valor e como agente dinamizador da renda rural e dos setores econômicos associados como atacadistas, varejistas e agroindústrias. No caso deste estudo desenvolvido pelo Idesp em parceria com o Ideflor, a metodologia foi adequada para a contabilidade social ascendente que engloba além da produção agroextrativista, as atividades na indústria e nos serviços que atuam diretamente nos setores com foco nos produtos florestais não madeireiros. Trata-se de um modelo de calculo de renda e do produto social do agroextrativismo que permitiu mensurar variáveis como o Valor Bruto da Produção de Base Agroextrativista (VBPα), o Valor Agregado Bruto de Base Agroextrativista (VABα) e o Produto Regional Bruto de Base Agroextrativista (PRBα). De acordo com Considera et al. (1997) o Produto Regional Bruto (PRB) seria o equivalente regional ao Produto Interno Bruto (PIB) deste setor. O modelo também produziu as matrizes das interrelações intersetoriais que as fundamentam, por uma metodologia que maximiza a utilização dos dados do IBGE, tanto os do Censo Agropecuário de 2006, quanto as séries históricas de 1990 a 2008 da Produção Agrícola Municipal (PAM), da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) e da Produção da Pecuária Municipal (PPM) e, correlacionando-os aos dados da pesquisa primária executada pelo Idesp, permitiu agregações as mais variadas, orientadas tanto por atributos geográficos, quanto por atributos estruturais do setor. A metodologia adotada permite descrever trajetórias de agregação, tanto em função de um espaço geográfico limitado (município, região, território, etc.), quanto em decorrência das estruturas da produção: formas de produção, tipos de atividades, níveis tecnológicos, sistemas de produção, entre outros. A metodologia apresenta uma série de vantagens, tais como: rapidez na coleta de dados primários em campo, identificação dos maiores volumes comercializados junto aos agentes mercantis chaves, quantificação dos valores pagos ao setor da produção agroextrativista, principais gargalos evidenciados nas cadeias de comercialização, a economia antes invisível passa a ser explícita para diversos produtos e aponta indicativos para subsidiar políticas publicas.
  • 30. 30 As etapas adotadas desde a identificação do agente mercantil, até as análises das cadeias de comercialização, consistiram em uma série de ações descritas a seguir. Articulação prévia, feita em Belém e/ou na chegada a cada um dos quinze municípios visitados da Região de Integração Rio Caeté, junto a informantes-chaves (como os técnicos dos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará - Emater/Pará, dos sindicatos de trabalhadores rurais, das secretarias municipais de agricultura, das cooperativas, das associações, das feiras, dos mercados locais, entre outros), no que se referiu a produção e/ou comercialização dos produtos florestais não madeireiros existentes no município, para o período de doze meses e, fazer a identificação dos agentes mercantis envolvidos nestas atividades, para serem entrevistados. A coleta de dados ocorreu junto aos agentes mercantis com aplicação de questionário (Apêndice A). Nesta etapa, buscam-se os principais agentes (vendedores/compradores) de cada produto, que geralmente representam importantes elos da cadeia, os quais em seguida, direcionam os elos para trás (comprou de quem) e para frente (vendeu para quem) na cadeia, compondo uma amostragem não probabilística autogerada (CABRAL, 2000), até chegar a produção local de um lado, bem como ao último que vendeu o produto para o consumidor final, no outro extremo da cadeia (DÜRR; COSTA, 2008). Esta metodologia identificou relações existentes entre agentes mercantis, que atuam tanto na formalidade até os de completa informalidade, e foi capaz de apontar o fluxo de comercialização para cada produto identificado. Neste tipo de amostragem o tamanho e a localização da população não são conhecidos a priori pelo pesquisador, então, esta é composta na medida em que o pesquisador identifica um agente mercantil, e solicita ao mesmo que indique os que também fazem parte da população em estudo, e assim, sucessivamente, a amostra é construída (MATTAR, 1997). Deste modo, para o levantamento dos quinze municípios foram aplicados cento e cinquenta questionários junto aos agentes mercantis envolvidos direta ou indiretamente com a comercialização dos PFNM. Durante a aplicação dos questionários, foi possível georreferenciar cada estabelecimento, utilizando o sistema de posicionamento global (GPS), compondo uma das bases de dados com as coordenadas geográficas. Além disso, foi possível compor uma base de dados qualitativos disponíveis na plataforma Windows, Microsoft Office 2007 no aplicativo Access, e outra base de dados quantitativos no sistema NETZ2, com circuitos (referentes aos 2 Software desenvolvido por Francisco de Assis Costa – NAEA/UFPA.
  • 31. 31 produtos) e lançamentos (referentes as transações comerciais realizadas pelos agentes, por produtos). A padronização dos dados coletados em cada entrevista foi necessária para que as unidades de quantidade (medida usada em kg, litro, saca entre outros) e de preço praticado fossem uniformizadas conforme cada produto. As informações inseridas no sistema NETZ referem-se aos dados primários de preço e quantidade para cada produto, em cada relação mercantil de compra e venda, classificando por setor (produção, varejo, atacado, indústria e consumidor) e por recorte espacial (local, estadual e nacional). Depois deste processo, foram elaboradas as matrizes que descrevem a probabilidade da distribuição das quantidades e de atribuição dos preços a partir das relações entre os agentes e, uma vez determinadas suas posições estruturais, entre os setores. As Matrizes Insumo-Produto (MIP) descrevem nas colunas as compras e nas linhas as vendas dos setores da produção primária e intermediaria (indústria, atacado e varejo), entre si, e as vendas para a demanda final local, estadual ou nacional. No entanto, como forma de melhor visualizar cada matriz, a equipe do Idesp envolvida no estudo desenvolveu um modelo de apresentar os mesmos dados, com os fluxos de compra e venda e os setores responsáveis por cada elo da cadeia. A inovação trata-se da disposição visual dos diversos agentes mercantis ou setores representados por pequenas caixas retangulares (produção local, varejo, indústria de beneficiamento, de transformação, atacado, consumidor, etc.) e espacialmente distribuídos na economia local, estadual ou fora do estado (nacional e internacional), representados por retângulos maiores em três cores distintas. Foram adotadas setas em diferentes formatos para a representação dos canais ou fluxos de comercialização, que iniciam na produção local até os consumidores finais. Quanto aos fluxos da comercialização por produto estudado, estes foram organizados para três dimensões geográficas: a) local, que corresponde aos quinze municípios pesquisados na RI Rio Caeté e extralocal, relacionado aos municípios que não fazem parte da RI Rio Caeté; b) estadual, para os demais municípios do estado do Pará e; c) nacional, que foram comercializados para outros estados e/ou países. O estudo possibilitou compreender os fluxos existentes nas relações entre agentes/setores e seu papel relativo ao longo da cadeia em função dos volumes transacionados. Ainda com base nas matrizes de preço e quantidade, a relação dessas gera os respectivos preços médios praticados ou implícitos por produto e por setor (em Reais por unidade do produto), agregado ou não, ao longo da cadeia, da produção até o consumo final.
  • 32. 32 A metodologia permite a atualização dos dados para os anos seguintes da Contabilidade Social da Produção de Base Agroextrativista (CSα) obtida com os dados mais recentes divulgados pelo IBGE, neste caso com o Censo Agropecuário de 2006. Para tanto, foram construídos indexadores de quantidade e preço baseados nas séries municipais da PAM, PEVS e PPM, no mesmo recorte regional, assim como as séries de preços dos produtos da agricultura do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA). Existem duas especificidades na construção dos indexadores: aquela em que o produto em questão é levantado sistematicamente e faz parte do acervo de estatísticas conjunturais, acima explicitado, e aquela em que o produto estudado não é levantado sistematicamente. Na primeira situação os indexadores de quantidade (IQ) são os números índices do total das quantidades do produto v, para o conjunto dos municípios que atendem a restrição s, tendo no caso do agroextrativismo, 2006 como ano base. E para os indexadores de preço (IP) os números índices do preço médio do produto v, para os municípios que atendem a restrição geográfica s, tendo 2006 também como ano base (COSTA, 2002, 2006 e 2008). Os indexadores de quantidade e de preço são assim construídos: Onde: : atributo geográfico (local: municípios da RI Rio Caeté; estadual: demais municípios do estado do Pará e nacional: outros estados e/ou países), : produto, : ano da pesquisa oficial (2006, 2007 e 2008), : quantidade do produto conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa oficial, : quantidade do produto conforme atributo geográfico no Censo Agropecuário de 2006, : preço médio (ou implícito) conforme seu atributo geográfico no ano da pesquisa, e : preço médio (ou implícito) conforme atributo geográfico no Censo de 2006.
  • 33. 33 Em relação aos produtos não levantados sistematicamente, estes foram indexados pela evolução do conjunto da produção numa certa delimitação geográfica. A evolução do conjunto da produção é observada pelos números índices da evolução do produto real e dos preços implícitos para a restrição geográfica s. O produto real é a soma dos resultados da multiplicação das quantidades de cada produto no ano a, pelo preço em um ano escolhido para fornecer o vetor de preços, neste caso, média dos anos de 2006, 2007 e 2008. Portanto, os indexadores dos PFNM que não estão presentes nas estatísticas oficiais foram elaborados conforme agrupamentos, tendo como referências as categorias dos alimentícios, dos oleaginosos e gerais do IBGE. Sendo assim, para os frutos bacaba, bacuri, buriti, muruci, pupunha, taperebá e tucumã foram utilizados os indexadores da categoria de alimentícios. Na categoria de indexador das fibras vegetais foram cinco produtos todos tendo a fibra do guarumã e do buriti como insumo principal: abano, cesto, peneira, paneiro e tipiti. E na categoria de indexador geral (que utiliza o conjunto de todos os produtos identificados pelo IBGE) foram dezesseis produtos: andiroba óleo, copaíba óleo, murumuru óleo, castanha-do-brasil, resina de breu- branco, açaí semente, paxiúba semente, olho-de-boto, cascas de barbatimão, ipê-roxo, jatobá, sucuuba, unha-de-gato e verônica, cipó-titica, leites de amapá e cumaru amêndoa. Os únicos produtos que tiveram seus próprios indexadores, criados com base nas estatísticas oficiais, foram: açaí fruto, borracha, carvão, cupuaçu, malva e o mel. Finalmente, foi estimada a CSα para o ano de 2008, por ser o início do estudo, multiplicando os indexadores obtidos com a matriz de estrutura, que descrevem a probabilidade da distribuição das quantidades e, com a matriz de preços a partir das relações entre os agentes. O resultado gera uma Matriz de Insumo Produto (MIP) para cada produto pesquisado, contendo o Valor Bruto da Produção de base agroextrativista (VBPα) sob a ótica da oferta, o VBP sob a ótica da demanda (ou seja, compra de insumo), o Valor Transacionado Efetivo (VTE) que equivale ao Valor Adicionado ou Agregado Bruto (VAB), a Renda Bruta Total (RBT) e, a margem bruta de comercialização (mark-up), que é a relação entre a diferença do valor estimado do VAB com o VBPα (sob a ótica da oferta) pelo VBPα, para que sejam feitas as análises econômicas (estimadas para 2008) e os impactos que cada produto não madeireiro exerceu na economia local, estadual e fora do estado. Frisa-se, no entanto, que no cálculo do VAB como na estimação do mark-up, não se levou em consideração os custos produtivos e/ou de comercialização, pois não foram foco da pesquisa. Em algumas cadeias,
  • 34. 34 também não foi possível descrever a proporção dos PFNM utilizados como insumo na preparação de certos produtos finais, como doces, cosméticos, medicinais, entre outros. A definição em estimar a CSα para o ano de 2008 foi adotada para este estudo (Rio Caeté) e para as demais regiões estudadas (Guamá, Tocantins, Xingu, Marajó e o Baixo Amazonas), permitindo assim comparações entre as economias de cada região. O método permite também fazer atualizações desta economia conforme novos cálculos dos indexadores por produto, após divulgação de estatísticas oficiais. Para cada um dos 34 produtos não madeireiros identificados em campo (Tabela 1), 28 deles constam no Apêndice B. Tais produtos foram classificados em dez alimentícios [açaí, bacaba, bacuri, buriti, castanha-do-brasil, cupuaçu, muruci, pupunha, taperebá e tucumã], treze medicinais, fármacos e cosméticos [açoita-cavalo, amapá (leite), andiroba, barbatimão, breu-branco, copaíba, cumaru, ipê-roxo, jatobá, murumuru, sucuúba, unha-de- gato e verônica] e seis artesanatos e utensílios [açaí (semente), guarumã, malva, olho-de-boto, paxiúba e borracha]. Cada produto identificado foi analisado individualmente, por estruturas de fluxo de quantidade e preço médio praticado ao longo das cadeias de comercialização e, descritos os setores mercantis das esferas local, estadual e nacional. Além disso, as análises econômicas detalhadas estão apresentadas com VBP pela ótica da oferta, com VAB e a margem bruta de comercialização por setor, assim como a RBT gerada pela ótica da demanda. Para outros produtos que apresentaram similitude como: uma pequena amostragem de dados, semelhança do fluxo de comercialização entre os agentes e, principalmente, utilidades similares, as análises foram agrupadas em: utensílios, leites e plantas medicinais. A classificação dos agentes nas cadeias de comercialização foram adaptadas aos seguintes conceitos, conforme Costa (2002) e Dürr (2004). Produção extralocal: Produção primária agroextrativista oriunda de outras regiões de integração que não fazem parte da região estudada; Produção local: Produção primária agroextrativista do município ou da região; Varejo rural local: Pequenos comerciantes do interior dos municípios que compram dos produtores, comumente denominados atravessadores rurais; Indústria de beneficiamento local: Unidades de beneficiamento da produção, localizadas na região;
  • 35. 35 Indústria de transformação local: Unidades de transformação da produção, localizadas na região; Atacado local: Grandes compradores (atacadistas, representantes de empresas), localizados nos centros urbanos da região, que normalmente compram do varejo e/ou vendem para o varejo; Varejo urbano local: Pequenos comerciantes nas cidades (varejistas, feirantes, marreteiros, vendedores ambulantes); Indústria de beneficiamento estadual: Unidades de beneficiamento no Pará, localizadas além da RI Marajó; Indústria de transformação estadual: Unidades de transformação no Pará; Atacado estadual: Empresas compradoras da produção no Pará; Varejo urbano estadual: Comércios (supermercados, etc.) no Pará, que vendem para o consumidor estadual; Indústria de beneficiamento nacional: Unidades de beneficiamento no Brasil; Indústria de transformação nacional: Unidades de transformação no Brasil; Atacado nacional: Empresas compradoras do nível nacional; Varejo urbano nacional: Comércios nacionais que vendem para o consumidor nacional. As categorias de agentes mercantis estão descritas por produto não madeireiro identificado, quer seja individual ou em grupo. As análises econômicas de todos os produtos identificados estão descritas em detalhes no item 4.3.
  • 36. 36 4 RESULTADOS 4.1 REGIÃO DE INTEGRAÇÃO RIO CAETÉ 4.1.1 CARACTERIZAÇÃO A Região de Integração Rio Caeté tem em sua composição um total de quinze municípios (Figura 1), com uma população de 469.484 habitantes (IBGE, 2010), o que corresponde a 6,2% da população do Estado do Pará. Há um leve predomínio da população urbana sobre a rural, com um índice de 54% em relação à população total da região. Sua área total corresponde a 1,3% em relação ao Estado, com densidade demográfica de 28 hab/km², sendo que apenas três municípios (Bragança, Capanema e Viseu) possuem população maior que 50 mil habitantes (53 a 101 mil). FIGURA 1- Municípios pertencentes à Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Com relação ao indicador de Desenvolvimento Humano, a Região de Integração Rio Caeté apresentou um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal- IDHM de 0,64, em 2000, menor que o estadual de 0,72 (PARÁ, 2010). Em 2007 o Produto Interno Bruto – PIB da Região Rio Caeté somou R$ 1.329.746,00 mil, com uma variação de 14% maior em relação ao PIB do ano anterior, porém se manteve na 10ª colocação no ranking entre as 12 regiões de integração e participando apenas com 2,7% do PIB estadual. Já com relação ao PIB per capita, na ordem de R$
  • 37. 37 3.082,00, configurou-se como o segundo pior ficando a frente apenas da região do Marajó. As participações dos setores econômicos, considerando somente o Valor Agregado, corresponderam a 15,3% Agropecuário, 12,3% Indústria e 72,4% Serviços. Dentro da composição do setor agropecuário a participação dos produtos de origem extrativista corresponde a 12,7 % (IDESP, 2009). Entre os municípios da Região Rio Caeté, Santarém Novo se configurou como o de menor participação na economia da região, representando 1,1% do PIB, caracterizado pela baixa concentração demográfica e forte dependência em relação ao setor de serviços. 4.2 ANÁLISE DAS CADEIAS DE COMERCIALIZAÇÃO Nos 15 municípios pertencentes à Região de Integração Rio Caeté (Figura 2) foram identificados 34 produtos florestais não madeireiros, durante a pesquisa de campo realizada em 2009 e 2010, com quantidade e valor pago à produção local (Tabela 1). FIGURA 2- Localização da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
  • 38. 38 TABELA 1- Produtos florestais não madeireiros identificados na Região de Integração Rio Caeté, com quantidade e valor pago à produção local, de acordo com a amostragem realizada em campo, no período de 2009 a 2010. Produtos Florestais Não Madeireiros Quantidade Valor (R$) Valor/Total (%) Açaí fruto (kg) 17.100.454 16.309.034,00 90,20 Mel (l) 97.338 844.409,83 4,67 Buriti (kg) 155.234 265.092,76 1,47 Bacuri (un.) 670.750 183.222,50 1,01 Malva (kg) 110.000 137.500,00 0,76 Carvão (saca) 11.793 84.314,90 0,47 Utensílios (un.) (1) 29.570 59.978,84 0,33 Cupuaçu (un.) 43.140 59.257,50 0,33 Bacaba (kg) 28.784 40.576,48 0,22 Muruci (l) 14.462 24.240,01 0,13 Borracha (kg) 12.540 21.932,40 0,12 Andiroba (l) 7.308 19.177,20 0,11 Pupunha (cacho) 2.550 9.810,00 0,05 Breu-branco (kg) 2.235 6.732,50 0,04 Copaíba (l) 160 4.870,00 0,03 Plantas medicinais (kg) (2) 1.828 3.591,00 0,02 Taperebá (kg) 1.780 2.390,00 0,013 Murumuru (kg) 778 1.681,00 0,009 Tucumã (kg) 2.955 975,15 0,005 Leite amapá (l) 96 576,00 0,0032 Artesanato regional (un.) (3) 21.300 366,90 0,0020 Castanha-do-brasil (kg) 164 328,58 0,0018 Total 18.080.057,55 100,00 1 Abano, (1) tipiti, peneira, paneiro de tala de guarumã e cesto de palha de buriti. 2 Abano, tipiti, peneira,paneiro de tala de guarumã e cesto de palha de buriti . Casca de barbatimão, de ipê-roxo, de sucuúba, de jatobá, de verônica e de unha-de-gato e semente de cumaru. 3 (2) Caroço dede barbatimão, ipê-roxo,jatobá,sucuúba, unha-de-gato, verônica e semente de cumaru. Cascas açaí, olho de boto e semente de paxiuba. Fonte: Instituto de Desenvolvimento e paxiúba. Social e Ambiental do Pará, 2011. (3) Sementes de açaí , olho-de-boto Econômico, Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. A comercialização de dezenas destes produtos acontece em diferentes estabelecimentos e feiras, explicitando a diversidade e a realidade regional, conforme imagens registradas nos municípios visitados (Apêndice C). As análises das principais cadeias de comercialização da Região Rio Caeté estão descritas e ilustradas a seguir. 4.2.1 AÇAÍ a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do açaí. Apresentando-se como um dos produtos econômicos mais emergentes, entre os trinta e quatro, o açaí e sua estrutura de cadeia de comercialização são ilustrados de acordo com a
  • 39. 39 amostragem, composta por 68 agentes que comercializaram o produto nos municípios visitados da RI Rio Caeté, sendo que 60% trabalham somente com o açaí, 34% destes comercializam outros produtos como mel, carvão, açaí caroço, sementes (olho de boto e semente de paxiúba), cupuaçu, bacuri, bacaba, buriti, tucumã, cajuaçu, murumuru, borracha (látex), carvão, breu-branco e utensílios de fibra de guarumã (paneiro, peneira, e tipiti) e os 6% não informaram. Dos agentes entrevistados, 63% são batedores, 13% atravessadores, 10% produtores, 4% varejistas, 5% feirantes, um artesão e 5% não informaram. Do total de agentes entrevistados, 76% atuam (em média) na comercialização deste fruto há 15 anos (variação de 1 a 58 anos). Cerca de 3% informaram possuir propriedade rural, com áreas de 0,20 a 30 ha. Com referência a capacidade de armazenagem, foi identificado que 54% dos agentes possuem armazéns com dimensões que variam de 2,30m² a 64,00m². A seguir a descrição dos agentes mercantis envolvidos na comercialização do açaí: EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da Região de Integração Rio Caeté) Produção extralocal: Engloba a produção primária de açaizais da Região Tocantins (principalmente dos municípios de Igarapé Miri e Abaetetuba), da Região Guamá e do Estado do Maranhão; LOCAL (Municípios da Região de Integração Rio Caeté) Produção local: Trata-se da produção primária de açaizais manejados e extrativistas, identificada em quinze municípios da Região Rio Caeté; Varejo rural: Incluem todos os pequenos comerciantes, denominados atravessadores, do interior dos quinze municípios que compram o açaí in natura dos produtores; Indústria de beneficiamento: São pequenos comerciantes, que possuem máquinas despolpadeiras, chamadas de “batedores de açaí”, e que vendem diretamente a polpa do açaí para os consumidores locais; Atacado: São os comerciantes (atacadistas ou associações) que comercializam o fruto in natura em grandes quantidades; ESTADUAL (Municípios paraenses que estão fora da Região de Integração Rio Caeté)
  • 40. 40 Indústria de beneficiamento: Existem dois tipos de estrutura de empresa beneficiadora, a composta por pequenos comerciantes que possuem máquinas despolpadeiras, chamados de “batedores de açaí”, que vendem diretamente a polpa para os consumidores estaduais e, a segunda, composta por um número reduzido de agroindústrias que produzem polpa de açaí pasteurizada e/ou congelada destinada para o mercado nacional; Atacado: Englobam os comerciantes (grandes atravessadores ou representantes de empresas) que comercializam grandes quantidades de açaí in natura; NACIONAL (Fora do Estado do Pará) Varejo urbano: São os comércios varejistas situados fora do Estado, que vendem para o consumidor nacional. b) Estrutura da quantidade comercializada (%) do açaí. Na amostragem em campo o setor produtivo é responsável por abastecer com aproximadamente 17.100 toneladas de fruto in natura para o comércio. Na Figura 3 estão espacializados os agentes mercantis entrevistados nos municípios da região estudada. FIGURA 3- Localização dos agentes mercantis do açaí na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
  • 41. 41 A Figura 4 permite visualizar as proporções da quantidade de açaí que transitam pelos diferentes setores identificados pela pesquisa, a partir da produção local e extralocal, até atingir a demanda final, ou seja, os consumidores finais nos diferentes âmbitos (local, estadual e nacional). FIGURA 4- Estrutura (%) da quantidade amostral do açaí comercializado na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Do total da quantidade do fruto in natura comercializado na região, 78,8% foram oriundos da própria região e 21,2% foram da região do Tocantins, Guamá e do Estado do Maranhão. O principal nível de canal de comercialização do açaí identificado, com as maiores quantidades comercializadas, refere-se à compra do varejo rural de 68,6% do total da produção local e 7,8% da produção extralocal identificada, que vendem 53,7% para o setor da indústria de beneficiamento estadual (43,3% para a agroindústria localizada município de Castanhal-PA e 10,4% para batedores do fruto em Belém), 10% para o mercado nacional (de modo específico para o varejo urbano nacional, composto por atravessadores dos municípios do Estado do Maranhão que fazem fronteira com o Estado do Pará), 8,6% para os batedores de açaí local (indústria de beneficiamento local) e 4,1% diretamente para o consumidor local. O setor atacadista local, caracterizado pelos grandes atravessadores ou representantes de agroindústrias, por sua vez, compram 6,5% do açaí in natura ofertado pelo setor da produção local e 8,82% da produção extralocal, que revendem (o fruto in natura) para a
  • 42. 42 indústria de beneficiamento local (8,82%) e estadual, especificamente para a agroindústria (6,5%). No que se refere ao mercado consumidor, o consumo nacional correspondeu a 58,5% da produção, dos quais 48,5% correspondem à comercialização do fruto em forma de polpa congelada e/ou pasteurizada realizada pela agroindústria (de Castanhal), classificada como indústria de beneficiamento estadual, localizada no município de Castanhal por questões de competitividade, pois além de apresentar uma boa via de acesso e/ou escoamento (BR- 010 ou Belém-Brasília) a este mercado consumidor, os preços (dos produtos in natura) praticados neste município (pólo da RI Guamá) são menores quando comparados com os preços praticados na capital paraense, isto é, Belém, onde existem cerca de quatro mil pontos de venda do açaí (SEBRAE/PA, 2009). Dos agentes entrevistados 53% possuem meios de transporte para a comercialização do fruto, tais como: bicicletas, caminhões, carros e motos. No que diz respeito às máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo, 79% possuem alguns tipos, como batedeiras, despolpadeiras, basquetas, filtros e freezers. c) Preço médio praticado nas transações entre os setores da cadeia do açaí, em 2010. A produção local vende a R$ 1,04/kg para o varejo rural, a R$ 1,24/kg para a indústria de beneficiamento local (batedores de açaí), a R$ 0,54/kg e R$ 0,71/kg para o atacadista local e estadual, respectivamente (Figura 5). Enquanto que os preços de venda praticados pelos produtores extras locais são estabelecidos conforme a oferta do fruto, destacando: R$ 0,73/kg para o varejo rural, R$ 0,71/kg para as indústrias de beneficiamento local e R$ 0,76/kg para o atacadista local. O setor dos varejistas rurais (atravessadores) vende em média a R$ 1,51/kg para a indústria de beneficiamento local, R$ 1,39/kg para a estadual e R$ 1,17/kg para os consumidores locais (Figura 5). Por outro lado, os batedores de açaí locais (indústria de beneficiamento) vendem em média a R$ 2,08/kg para o consumidor local, sendo importante destacar que os maiores batedores de açaí do município de Bragança vão buscar o açaí in natura na Região do Tocantins, principalmente na entressafra do fruto na região.
  • 43. 43 FIGURA 5- Preço médio do açaí (R$/Kg de fruto in natura) praticado nas transações entre os setores da cadeia de comercialização, no ano de 2010, da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. De acordo com 15% dos agentes entrevistados declararam ter problemas com armazenagem do produto tanto in natura quanto beneficiado, como ausência de freezer, espaço físico insuficiente, falta de higiene e má conservação do produto. Outros 5% têm problemas com manutenção das máquinas e dos equipamentos. Do total de agentes, 37% afirmam comercializar o produto somente no período de safra. O valor médio pago para os trabalhadores é de R$ 10,00 a diária, R$ 70,00 por semana e R$ 415,00 o salário mensal. As demandas dos agentes mercantis para melhoria na capacidade de produção foram em relação à ampliação do espaço físico, do local adequado para armazenagem da produção, aquisição de maquinários e manejo dos açaizais para uma maior oferta do produto em períodos de entressafra. d) Valor Bruto da Produção, pela ótica da oferta, na comercialização do açaí. Os valores recebidos por todos os agentes que realizaram as vendam (oferta) do açaí a partir da RI Rio Caeté, foi contabilizado em R$ 16,7 milhões, cujo mercado local recebeu R$ 8,2 milhões, que corresponde a 49% do VBP total. Já o mercado estadual recebeu R$ 4 milhões (24% do VBP) e o mercado nacional R$ 4,5 milhões (27%) (Gráfico 1).
  • 44. 44 GRÁFICO 1- VBPα, em R$, pela ótica da oferta na comercialização do açaí da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Analisando o total ofertado pelo mercado local, o setor da produção contabilizou aproximadamente R$ 2,9 milhões. No entanto, na composição deste valor foi identificado que uma parte se refere aos agentes agroextrativistas localizados em outra região de integração ou, até mesmo, em outro Estado da federação (denominados como agentes extralocais), mas que ofertaram este fruto na sua forma in natura no comércio de alguns municípios da região Rio Caeté, a fim de atender o abastecimento do consumo local. Sendo assim, o valor bruto da produção local (VBPα), isto é, o setor agroextrativista da RI Rio Caeté, recebeu um pouco mais de R$ 2,4 milhões pela oferta do fruto in natura, enquanto que, os agentes extralocais receberam em torno de R$ 480 mil no mercado ou feiras dos municípios da região do Caeté, sendo os mais importantes dos municípios de Bragança, Capanema, Cachoeira do Piriá e Viseu. Deste valor pago ao extralocal, mais de 92% teve como destino os agentes agroextrativistas da RI Tocantins, mais especificamente dos municípios de Abaetetuba (com uma representatividade de 69%) e Igarapé Miri (23%). Já 7% foram recebidos pelos agentes do município de São Domingos do Capim da RI Guamá. E por fim, 1% do valor extralocal corresponde ao destinado aos agroextrativistas localizados nas pequenas comunidades às margens do rio Gurupi (rio que delimita a fronteira do estado do Pará com Maranhão) no território do estado do Maranhão. Por tudo isso, considera-se o valor bruto da produção à soma do valor recebido pelos agentes agroextrativistas locais (RI Rio Caeté) com extralocal
  • 45. 45 (outras regiões), que pela oferta do fruto in natura receberam mais de R$ 2,9 milhões (Gráfico 1). Deste total de R$ 2,9 milhões contabilizados pela oferta do setor da produção (VBP local e extralocal), cerca de 81% desse valor (em torno R$ 2,4 milhões) foram oriundos das vendas ao setor de varejo rural local, 11% ao setor atacadista local e, apenas 8% foram vendidos diretamente para às indústrias beneficiadoras e 1% teve como destino o setor atacadista estadual. Portanto, os agroextrativistas (local e/ou extralocal) não tiveram como canal de comercialização as vendas diretamente para os consumidores finais, tendo como causas a falta de uma melhor organização (produtiva, administrativa e, de comercialização) em forma de cooperativa ou sindicato, a falta de infra-estrutura nas feiras e mercados (pois muitos se encontravam deteriorados), e a distância entre o local de coleta e o mercado consumidor. O setor do varejo rural, composto por agentes mercantis considerados os mais importante na comercialização tanto com os agroextrativistas quanto com o setor de beneficiamento fora da região, pois foi o elo responsável pela compra do fruto in natura junto às comunidades que extraem o fruto para posterior venda às empresas beneficiadoras do fruto (tanto local como estadual), assim como também para o varejo urbano nacional e o consumidor local, cujo valor total de suas vendas foi equivalente a mais de R$3,1 milhões (Gráfico 1). Ainda analisando o mercado local, o setor da indústria de beneficiamento (categoria dos batedores locais) adquiriu mais de R$ 1,6 milhão com as vendas do vinho para os consumidores locais, já o setor atacadista recebeu um pouco mais de R$ 450 mil com as vendas para as indústrias de beneficiamento local e estadual (sendo 76% oriundos da indústria local e 24% da estadual. Com relação às receitas obtidas com as vendas realizadas a nível estadual, orçada em R$ 4 milhões, mais de 99% deste valor foi de responsabilidade da indústria de beneficiamento, composto por duas categorias que atenderam mercados consumidores distintos, pois enquanto os batedores atendem o consumo final estadual as agroindústrias forneceram a polpa pasteurizada e/ou congelada deste fruto ao setor de varejo urbano nacional a fim de atender o mercado consumidor nacional. Ficando apenas um valor irrisório, de um pouco mais de R$ 537,00, a par do setor atacadista obtidos com a venda para a indústria de beneficiamento estadual. No sistema nacional foram gerados em torno de R$ 4,5 milhões oriundos das vendas do açaí para os consumidores finais, com participação exclusiva do varejo urbano, que corresponde às grandes redes de supermercado (Gráfico 1).
  • 46. 46 Por tudo isso, dos R$ 8,2 milhões gerados na comercialização do açaí a nível local, somente R$ 1,7 milhão foram oriundos das vendas ao demandante final local. Isso significa dizer que as vendas para fora, do fruto ainda na sua forma in natura, teve uma importância maior para os agentes mercantis dos setores locais, demonstrando, de certa maneira, a importância econômica que a comercialização deste fruto tem para a região do Rio Caeté. O mesmo aconteceu no mercado estadual, pois dos R$ 4 milhões obtidos, apenas R$ 748 mil foram oriundos das vendas ao consumidor, sendo o restante exportado via agroindústrias (Castanhal) para o mercado nacional. e) VAB - gerado na comercialização do açaí e a margem de comercialização de cada setor (%). O VAB ao longo da cadeia de comercialização do açaí, desde o setor alfa (produção local e extralocal) da região do Rio Caeté até os consumidores finais, contabilizou um valor superior a R$ 7 milhões e, constituiu uma margem de agregação de valor ao produto, ou mark-up total, na comercialização na ordem de 141% (Gráfico 2). Esta margem foi calculada a partir do valor total adicionado na comercialização do açaí – VAB (R$ 7 milhões), menos o Valor Bruto da Produção - VBPα (R$ 2,9 milhões), dividido pelo Valor Bruto da Produção - VBPα (R$ 2,9 milhões). Esta margem demonstra, em termos percentuais, o quanto foi adicionado ao longo de toda a cadeia de comercialização do açaí a partir do setor alfa (α), com base nos valores de compra e venda não se levando em conta os custos adicionados na comercialização, pois não foram captados. GRÁFICO 2- VAB (R$) e o mark-up (%), na comercialização do açaí da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
  • 47. 47 No que se refere à agregação de valor por mercado, o local agregou 64% (R$ 4,5 milhões) do valor adicionado total, conforme Gráfico 2, cujo setor varejo rural, composto por pequenos atravessadores, contribuiu com mais de R$ 805 mil, que constituiu um mark-up de 34%, pois este setor negociou diretamente a compra do fruto in natura com o setor da produção, propiciado pelo fato de ter meios de transporte e conhecimento dos locais de produção, assim como também possui vantagem em negociar com os setores que realizam o beneficiamento do fruto localizado tanto no mercado local quanto estadual, e, deste modo, conseguiu adquirir um preço médio maior. Este mark-up do setor é o Valor Transacionado Efetivo (VTE), que corresponde ao Valor Adicionado do setor (R$ 805 mil), dividido pelo Valor Bruto da Produção (VBP) pela ótica da demanda (em torno de R$ 2,4 milhões), ou seja, compra de insumos realizada pelo setor. O mark-up, representado em termos relativos (%), inclui todos os custos de beneficiamento e comercialização do produto analisado, que não são captados pela pesquisa. Em seguida, vem a indústria de beneficiamento, constituída por pequenos e médios batedores, a qual adicionou em torno de R$ 663 mil com ações de beneficiamento ao fruto (Gráfico 2), fato determinante para o seu mark-up de 68%, o dobro do setor de varejo rural. E por fim, o setor atacadista, constituído por associações de produtores e/ou extratores, com valor adicionado de R$ 135 mil e mark-up de 43%, oriundo da negociação direta com os batedores de açaí da região em estudo e com as agroindústrias do município de Castanhal (mercado estadual). Vale a pena ressaltar, que o setor da produção local transaciona o valor efetivo somente no que se refere às vendas do produto (açaí) in natura na ordem de R$ 2,9 milhões, resultante da soma do valor da produção local e extralocal, e, por isso, não foi calculado o seu mark-up. O mercado estadual por sua vez, obteve uma agregação de valor superior a R$ 1,6 milhão (Gráfico 2), que representa 23% do VAB total (dos R$ 7 milhões), com a participação quase que exclusiva, tanto em termos percentuais (99%), quanto em valores econômicos, da indústria de beneficiamento estadual (agroindústrias localizadas no município de Castanhal e batedores de açaí de Belém). Este setor está fortemente relacionado ao grau de negociação que mantém com os setores do mercado local, de modo mais preponderante com o varejo rural e o atacadista, dos quais adquire o produto in natura e vende tanto para o consumidor final estadual quanto para o mercado nacional, para este último um produto beneficiado (pasteurizado e/ou congelado), a preços bem mais atrativos em relação ao mercado estadual. Com relação à margem de comercialização verificada no setor da indústria de beneficiamento
  • 48. 48 estadual, ou seja, o mark-up, foi calculado em 67%. Ainda no mercado estadual o setor atacadista (composto por atravessadores) só adicionou R$ 180,90 com um mark-up de 51%. No mercado nacional, cuja agregação de valor foi na ordem de R$ 895 mil, ficou a cargo do setor do varejo urbano com um mark-up de 25%. Por tudo isso, no que tange ao total adicionado ou do Valor Transacionado Efetivo (VTE), observou-se que entre os setores da demanda intermediária, as indústrias de beneficiamento (agroindústrias e batedores de açaí) localizadas fora da RI Rio Caeté, ou mais especificamente localizados em Castanhal e Belém (mercado estadual), conseguiram adicionar valor superior aos outros setores localizados tanto na região do Rio Caeté como ao que se encontram a nível nacional. f) RBT - gerada pela ótica da demanda, na comercialização do açaí. A Renda Bruta Total (RBT) gerada na comercialização do produto forma-se a partir da soma de compra de insumo (pela ótica da demanda) com o Valor Adicionado. Deste modo, a renda gerada na comercialização do açaí a partir da região do Rio Caeté foi contabilizada na ordem de R$ 16,7 milhões (Gráfico 3). Dos quais o sistema local foi responsável por gerar 49% desta renda, o estadual gerou 24% e o nacional 27%. GRÁFICO 3– Valor da RBT, em R$, gerada e circulada na comercialização do açaí, considerando sua composição pela ótica da demanda (VBP + VAB), a partir da Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, estimado para 2008. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação.
  • 49. 49 Na região do Caeté, identificado como mercado local, cuja renda bruta somou R$ 8,2 milhões, o setor de varejo rural, o qual representa um elevado numero de atravessadores, foi quem gerou uma maior renda bruta no valor próximo de R$ 3,2 milhões (Gráfico 3), pois comprou o açaí in natura no valor de R$ 2,4 milhões e adicionou um montante próximo de R$ 805 mil sem qualquer tipo de beneficiamento ou incremento tecnológico ao fruto, só com o acréscimo dos seus custos de transporte e armazenamento e sua margem de lucro. Já a indústria de beneficiamento (representativo de um elevado número de batedores de açaí) arrecadou um montante de R$ 1,6 milhão com a venda do vinho para os consumidores finais locais, resultante da soma de compra de insumo, açaí in natura, no valor de quase R$ 980 mil e agregação no valor de R$ 663 mil com o seu beneficiamento. O atacado por sua vez, gerou uma renda bruta no valor de R$ 450 mil, resultado da soma da compra de insumo no valor em torno de R$ 315 mil e adicionou um pouco mais do que R$ 135 mil. Já a renda bruta do setor de produção (α), no valor de 2,9 milhões, é resultante da venda para os setores econômicos que compõem o sistema local e estadual apenas. Com relação à renda bruta na esfera estadual, contabilizado em R$ 4 milhões (Gráfico 3), houve a participação de apenas dois setores; a indústria de beneficiamento foi quem teve uma participação predominante para a formação deste montante, obtido pela venda do produto para o mercado nacional (representando mais de 81% das vendas), sob responsabilidade das agroindústrias, e para o consumidor final estadual, sob tutela dos batedores de açaí. A renda bruta deste setor foi resultante da compra de insumo (açaí in natura) no valor aproximado de R$ 2,4 milhões e pelo valor agregado no beneficiamento primário e comercialização do produto em polpa e vinho no valor de R$ 1,6 milhão. O outro setor, o atacadista, participou com apenas um pouco mais de R$ 537,00 na formação da renda bruta na esfera estadual, o qual comprou o produto in natura com negociação direta com os extrativistas locais no valor de R$ 356,00 e adicionou somente R$ 180,90 com o repasse para as agroindústrias de Castanhal (indústria de beneficiamento estadual). Na esfera nacional somente o setor de varejo urbano gerou renda bruta, orçada um pouco mais de R$ 4,5 milhões, e sendo assim, este valor também corresponde à renda bruta nacional. Entre as atividades que compõem este setor estão: as redes de supermercados que compraram o açaí já beneficiado (em polpa) do setor de indústria de beneficiamento estadual; e os atravessadores que compraram de outros atravessadores a nível local para revenderem aos pequenos batedores de outros estados do Brasil, em especial o nordeste. A soma dessas
  • 50. 50 compras resultou em um valor em torno de R$ 3,6 milhões, e o setor adicionou R$ 895 mil (Gráfico 3). 4.2.2 BACURI a) Caracterização dos agentes mercantis envolvidos na cadeia de comercialização do bacuri. Tradicionalmente usado na alimentação, o fruto é bastante difundido na região, com a produção de sucos, cremes, sorvetes e o consumo in natura. O bacurizeiro se reproduz por semente (forma sexuada) e por brotação de raiz (forma assexuada). A produção atual tem origem basicamente na coleta dos frutos oriundos da regeneração atual. De acordo com diversos estudos da Embrapa Amazônia Oriental sobre a espécie (CARVALHO et al., 2002; FERREIRA, 2008; HOMMA et al., 2010), para atender a crescente demanda de mercado, deve-se investir em técnicas de manejo da regeneração natural e de estabelecimento de pomares provenientes de mudas que assegurem a variabilidade genética. Para o manejo das brotações espontâneas, os bacurizeiros mais vigorosos devem ser selecionados, os demais são eliminados mantendo cerca de 10 metros entre eles, devendo roçar nos primeiros anos, obtendo a primeira produção de frutos no prazo de cinco a sete anos, com densidade de 100 a 120 plantas/ha. Para a produção de mudas as sementes que produzem mais polpa são escolhidas, e a planta produzirá os primeiros frutos após 10 anos, já no caso das mudas enxertadas, o tempo se reduz para quatro a cinco anos. Sugere-se também o plantio de mudas trazidas de outras regiões. A cultura de extração e comércio desse fruto é difundida em diversas comunidades dos municípios pertencentes à RI Rio Caeté e, com base na amostragem encontrada em campo, foi possível espacializar esses agentes, como pode ser observado na Figura 6.
  • 51. 51 FIGURA 6- Localização dos agentes mercantis do bacuri na Região de Integração Rio Caeté, estado do Pará, no ano de 2010. Fonte: Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará, 2011. Elaboração: Núcleo de Pesquisa Científica, Tecnológica e Inovação. Foram identificados trinta e dois agentes que comercializam o produto, sendo que 18% comercializam somente o bacuri e 78% trabalham também com o cupuaçu. Os agentes dividem-se em produtores (4), atravessadores (9), comerciantes (7), feirantes (8), varejistas (2), atravessador/extrativista (1) e atravessador/produtor (1). Os agentes mais antigos estão no ramo há 40 anos e os mais novos há um ano, com média de quatorze anos. EXTRALOCAL (Municípios que não fazem parte da RI Rio Caeté) Produção extralocal: Oriunda da produção primária e extrativista encontrada nos municípios de Capitão Poço (RI Rio Capim) e Castanhal (RI Guamá); LOCAL (Municípios da RI Rio Caeté) Produção local: Procedente da produção primária e extrativista encontrada nos quinze municípios da região; Varejo rural: São pequenos comerciantes do interior dos quinze municípios da região que compram o bacuri in natura dos produtores locais e dos extras locais, também conhecidos como atravessadores;