O documento discute o Romantismo no Brasil, especificamente a primeira geração. A primeira geração buscou a independência cultural e a construção de uma identidade nacional brasileira. Eles valorizaram o índio e a natureza como símbolos nacionais e evadiram-se para o passado pré-colonial do Brasil. Escritores como José de Alencar e Gonçalves Dias foram importantes representantes desta primeira geração.
2. INTRODUÇÃO
Entende-se por Romantismo um amplo movimento
cultural surgido na Alemanha do século XVIII. Em 1774,
Goethe publica Os Sofrimentos do Jovem Werther, que
conta a história de um jovem que se apaixona pela
noiva de seu melhor amigo. Como não pode realizar
esse amor, a vida torna-se insustentável, levando o
personagem ao suicídio. A obra teve grande
repercussão na Europa e foi acusada de influenciar
outros jovens a buscarem o mesmo fim trágico de
Werther. Com isso, Goethe apresenta a ideia central do
Romantismo: a de que a força mais poderosa da vida é
o sentimento, e não a razão. Por isso, o movimento
romântico pode ser entendido como uma reação contra
a onda de racionalismo provocada pelo Iluminismo do
século anterior.
3. CARACTERÍSTICAS GERAIS
A tela representa a tendência ao
individualismo, um dos valores
cultivados pelo romantismo.
Com a obra Os Sofrimentos do
jovem Werther, Goethe apresenta
os grandes temas do movimento
romântico na Europa:
- Liberdade de criação
- Sentimentalismo
- Supervalorização do amor
- Idealização da mulher
- Mal-do-século
- Evasão no tempo e no espaço
Vejamos como essas
características se manifestam no
Romantismo brasileiro
4. ROMANTISMO NO BRASIL
Em 1808, a família real portuguesa, fugindo do avanço das tropas
napoleônicas, resolve instalar-se no Brasil, abrindo caminho para a
emancipação política da colônia, o que acontece em 1822, quando é
declarada oficialmente a Independência do Brasil. O problema é que,
mesmo com o rompimento dos laços políticos com a metrópole, os
intelectuais brasileiros ainda reproduziam os modelos do pensamento
europeu. Logo, surge a necessidade entre nossos pensadores de criar uma
arte e uma forma de pensar que rompesse com os padrões do Velho
Mundo. Os escritores românticos brasileiros buscaram, então, mais do que
a independência política – buscaram a independência cultural.
No Brasil, o movimento romântico costuma em três momentos:
- Primeira geração – fase nacionalista
- Segunda geração – fase ultrarromântica (mal-do-século)
- Terceira geração – fase social (condoreira)
Agora, você vai ver de que forma cada geração romântica brasileira
aprofunda um traço daquele Romantismo surgido na Europa.
5. INDIANISMO E NACIONALISMO
No Romantismo, o indivíduo sente-se em desajuste com a
sociedade, por isso a necessidade de fugir da realidade. Um dos
mecanismos usados para fugir da realidade é voltar-se para
o passado.
No Romantismo europeu, a volta ao passado histórico leva à Idade
Média, onde estão as origens das nações europeias. Mas, como o
Brasil não teve Idade Média, voltar ao passado significa redescobrir
o país antes da chegada dos europeus, quando era habitado por
nações indígenas.
Como exemplo, leia este trecho de Iracema, de José de Alencar:
“Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem
os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante
dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é
guerreiro e não algum mau espírito da floresta.”
Nesse romance, de 1865, o escritor apresenta uma visão poética da
formação do povo brasileiro. De acordo com sua “lenda”, ele tem
origem na união do índio, representado por Iracema, a “virgem dos
lábios de mel”, e o branco europeu, representado pelo guerreiro
Martim Repare que o negro ficou de fora do projeto nacionalista-
literário da primeira geração.
6. Em lugar do cavaleiro medieval, a figura do índio é idealizada
porque seria um antepassado nacional legitimamente brasileiro, e
não europeu. Logo, um dos temas centrais da primeira geração é
o indianismo. Outro tema é a exaltação da pátria(nacionalismo
ufanista), pois nossos primeiros românticos entenderam que sua
missão era fundar uma identidade brasileira.
No plano individual, voltar ao passado significa valorizar a infância,
como sugerem estes versos de Casimiro de Abreu:
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais
7. Valorização da natureza
Outro mecanismo usado para fugir da realidade é voltar-se para
paisagens novas, que podem ser exóticas, como o Oriente, ou
primitivas, como a selva. Por isso, uma das características da
nossa primeira geração romântica é a valorização da
natureza pátria.Assim como o índio, foi escolhida como um
dos símbolos da nacionalidade brasileira, como ocorre nos
versos de Gonçalves Dias, do poema Canção do Exílio (1843), um
dos mais citados em nossa cultura.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá
O eu lírico, afastado de seu país, conduz seu pensamento para a
natureza, visto como lugar de refúgio para os angustiados.
8. ESCRITORES
Na poesia da primeira geração, predomina a busca
pela nacionalidade brasileira. Mas observamos outras
tendências na prosa, como o romance regionalista, o
romance histórico e o romance urbano, aquele que
tem como cenário a cidade grande.
Poesia
- Gonçalves Dias (1823 - 1864)
- Casimiro de Abreu (1839 - 1860)
Prosa
- José de Alencar (1829 - 1877)
- Joaquim Manuel de Macedo (1820 - 1882)
- Manuel Antônio de Almeida (1831 - 1861)
10. INTRODUÇÃO
O Romantismo tem origem na Alemanha do século XVIII, quando
Goethe publica Os Sofrimentos do Jovem Werther, obra que
anuncia os temas centrais do movimento romântico na Europa,
como o sentimentalismo, a idealização da mulher e do amor e a
evasão da realidade.
Porém, aquele que se torna o mais marcante da primeira geração
romântica brasileira é a evasão da realidade, mecanismo que
permitiu aos nossos escritores descobrir o passado histórico do
país e sua paisagem natural. Como foi explicado em Romantismo –
Primeira Geração (link), o surgimento do movimento romântico em
terras brasileiras coincide com o momento em que o país torna-se
independente de Portugal, levando artistas e intelectuais do período
à construção de uma identidade autenticamente nacional. O índio
valoroso e a natureza abundante surgem como símbolos de
brasilidade.
Veremos de que forma a segunda geração dará continuidade ao
projeto romântico brasileiro.
11. MAL-DO-SÉCULO
(ULTRARROMANTISMO)
Entre as características gerais do Romantismo, aquela que
mais se faz presente na segunda geração do movimento
no Brasil é a evasão da realidade. Só que essa evasão
não acontece no tempo ou no espaço, como na primeira
geração. Agora, a fuga da realidade ganha contornos
trágicos. Os heróis românticos encontram na morte uma
solução para seus problemas existenciais, podendo
chegar, inclusive, ao suicídio. Isso acontece porque, de
acordo com o pensamento romântico, o indivíduo vive em
constante conflito com a sociedade, tornando-se uma
espécie de “desajustado”. Essa sensação de constante
desajuste tem como consequência alguns comportamentos
tipicamente românticos:
12. pessimismo
- dor existencial
- sofrimento
- isolamento
Essas atitudes caracterizam
aquilo que ficou conhecido
como “mal-do-século”. Assim
sendo, por levar o
subjetivismo romântico às
últimas conseqüências, a
segunda fase do Romantismo
no Brasil também é conhecida
como geração ultra-
romântica. A tela abaixo
representa a atração que os
artistas românticos têm pela
morte também na
13. ÁLVARES DE AZEVEDO - LIRISMO DA
DESCRENÇA
O principal representante do ultra-romantismo no
Brasil é o poeta paulistano, com passagem pelo
Rio de Janeiro, Álvares de Azevedo. Assim como
os outros poetas de sua geração, coloca em
segundo plano o nacionalismo da primeira
geração e passa a explorar a subjetividade, o
mundo interior, o que se passa nas profundezas
do indivíduo, revelando uma visão trágica da
existência. Suas obras mais famosas são o livro
de poemas Lira dos vinte anos, a peça Macário e
os contos de Noite na taverna.
14. Soneto
(...)
Morro, morro por ti! na minha aurora
A dor do coração, a dor mais forte,
A dor de um desengano me devora...
Sem que última esperança me conforte,
Eu - que outrora vivia! - eu sinto agora
Morte no coração, nos olhos morte!
Observe que, nesses versos, a frustração amorosa provocada por uma
mulher sempre idealizada e inacessível, leva o eu lírico a desejar a morte.
Na poesia da segunda fase, parece que o eu lírico sente prazer em sofrer.
Outros autores
- Junqueira Freire: aos 18 anos decidiu-se pela vida religiosa, ingressando
no Mosteiro de São Bento. Sua obra tem como tema central a morte como
libertação da matéria.
- Fagundes Varela: poeta marcado pela perda prematura de seu filho e
pelo alcoolismo, sua obra explora temas nacionalistas e ultra-românticos,
mas também sociais, como a questão no negro, inaugurando uma
tendência que será aprofundada na próxima fase do Romantismo no Brasil.
16. Características
O Romantismo representou uma reação ao
Iluminismo e ao Neoclassicismo. Na Alemanha,
mesmo admirando as conquistas iluministas e a
Revolução Francesa, os intelectuais defenderam o
predomínio do indivíduo sobre a coletividade e
da paixão sobre o racionalismo. Na Inglaterra, a
influência Industrial determinaram o nascimento
de uma literatura popular, apoiada no idealismo. Já
na França, marcada pelo liberalismo conservador
que opunha ao espírito revolucionário, a
produção literária no início do século XIX
combinou as idéias liberais às neoclássicas,
assumindo um tom mais moralizador do que
crítico.
17. Origem
O Romantismo surgiu na Europa em uma época em que o ambiente
intelectual era de grande rebeldia. Na política, caíam os sistemas de
governo despóticos e surgia o liberalismo político (não confundir
com o liberalismo econômico do Século XX). No campo social
imperava o inconformismo. No campo artístico, o repúdio às regras.
A Revolução Francesa é o clímax desse século de oposição.
Alguns autores neoclássicos já nutriam um sentimento mais tarde
dito romântico antes de seu nascimento de fato, sendo assim
chamados pré-românticos. Nesta classificação encaixam-se
Francisco Goya e Bocage.
O Romantismo surge inicialmente naquela que futuramente seria a
Alemanha e na Inglaterra. Na Alemanha, o Romantismo, teria,
inclusive, fundamental importância na unificação germânica com o
movimento Sturm und Drang.
O Romantismo viria a se manifestar de formas bastante variadas
nas diferentes artes e marcaria, sobretudo, a literatura e a música
(embora ele só venha a se manifestar realmente aqui mais tarde do
que em outras artes). À medida que a escola foi sendo explorada,
foram surgindo críticos à sua demasiada idealização da realidade.
Destes críticos surgiu o movimento que daria forma ao Realismo.