O documento descreve a história do planejamento urbano no Brasil nos séculos XIX e XX. Foi dividido em três períodos: de 1895 a 1930, com foco em melhorias locais nas cidades; de 1930 a 1950, com planos abrangendo toda a área urbana; e de 1950 a 1964, com planos regionais devido à rápida urbanização e migração campo-cidade. O texto também discute os desafios do planejamento urbano brasileiro diante da crise urbana gerada pelo crescimento desordenado.
1. URBANISMO NO BRASIL
“...as formações urbanas brasileiras devem ser objeto de interesse
científico; que não constituem um conjunto de dados aleatórios mas
são parte de uma estrutura dinâmica - a rede urbana - que deve ser
compreendida, quando se almeja o conhecimento daquelas.”
Nestor Goular dos Reis Filho
2. HISTÓRICO DO PLANEJAMENTO URBANO
BRASILEIRO SÉCULOS XIX E XX
Assim como a Europa e os Estados Unidos haviam
passado por grandes transformações territoriais e sociais
no Século XIX, o Brasil passa por essa situação no final
do Século XIX e mais intensamente no Século XX. Essas
transformações decorrem especialmente da mudança de
uma sociedade de economia baseada na produção
agrária para uma sociedade que entra em um processo
de industrialização.
INDUSTRIALIZAÇÃO
DES. TECNOLÓGICO NECESSIDADE DE CONC.
DA MÃO DE OBRA
AUMENTO DA POPULAÇÃO
URBANIZAÇÃO
FIM DA ESCRAVIDÃO
3. URBANISMO NO BRASIL
O pensamento urbanístico no Brasil (1895-1965)*
possuiu três
períodos:
1.De 1895 a 1930 2. De 1930 a 1950 3. Até 1964
Foi observado que a temática central dos Planos, foi o
desenvolvimento de técnicas para resolver as seguintes
questões da cidade:
-saneamento;
- circulação;
- legislação urbanística;
- organização dos espaços públicos – praças, avenidas,
edifícios públicos.
Essas conclusões foram identificadas a partir da pesquisa de
dados nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Niterói e Vitória
4. URBANISMO NO BRASIL
Houve destaque para duas linhas de urbanismo – do final Do século 19
aos anos 60
Uma iniciou nos PLANOS DE MELHORAMENTOS e em seguida, se
ampliou para o conjunto da área urbana, para a aglomeração e
recebeu a denominação (década 70) de planos de desenvolvimento
integrado.
A outra é aquela que tem origem no MOVIMENTO MODERNISTA e se
difunde com os Congressos do CIAM. No Brasil a Construção de
Brasília será a ressonância principal deste movimento.
•Artigo: A Formação do Pensamento Urbanístico no Brasil, 1895-1965 de Maria Cristina da Silva Leme
5. O PRIMEIRO PERÍODO 1895 A 1930:
No primeiro período os melhoramentos propostos eram
localizados em partes da cidade já existente.
A primeira geração de profissionais que atuava nesse
período era formada em cursos de engenharia, nas antigas
Escolas Militares da Bahia, Pernambuco e no Rio de Janeiro
ou na Escola Central do Rio de Janeiro. Alguns formados no
exterior. Ocupavam cargos públicos nas estruturas
administrativas que estavam em formação nas prefeituras
das principais cidades e no governo de Estado.
Av. Paulista, início do séc. XX
Foto de Guilherme Gaensly
6. O PRIMEIRO PERÍODO 1895 A 1930:
Participavam da criação e do
primeiro corpo docente das
Escolas Politécnicas de
Engenharia em São Paulo, na
Bahia e no Rio.
Principais campo de trabalho:
ferrovias e obras de infra-
estrutura das cidades:
saneamento, abertura e
regularização do sistema
viário. Projetos urbanísticos
para áreas centrais.
7. O SEGUNDO PERÍODO 1930 A 1950:
O período é marcado pela elaboração de planos que tem
por objetivo o conjunto da área urbana na época.
Com a visão de totalidade, são planos que propõem a
articulação entre os bairros, o centro e a extensão das
cidades através de sistemas de vias e de transportes.
8. O SEGUNDO PERÍODO 1930 A 1950:
Nesse período são formuladas
as primeiras propostas de
zoneamento.
Ressalta-se os planos de
Saturnino de Brito que já
possuíam a visão de totalidade.
Plano urbanista francês (Escola
Clássica): Donat Alfred Agache
no Rio de Janeiro (final anos 20).
Passagem de Le Corbusier pelo
Rio. Croqui de Le Corbusier para o
Rio de Janeiro
9. O SEGUNDO PERÍODO 1930 A 1950:
O destaque principal dos planos elaborados foram com
relação ao sistema viário.
A questão da imagem da cidade também era um ponto
relevante, o que é bastante visível na proposição de
gabaritos fixos como elementos de composição de
perspectivas e da criação de pontos focais com elementos
de interesse paisagístico (ver relação com Haussmann –
París – Escola Francesa)
10. O SEGUNDO PERÍODO 1930 A 1950:
Porto alegre – Plano de
Avenidas.
Rio de Janeiro – Plano de
Urbanização – Agache
A experiência das duas
cidades acrescentam à
estrutura viária, antiga e
precária, a melhora na
circulação de pessoas e
mercadorias preparando as
cidades para a nova fase de
industrialização (se dará
após os anos 50).
Plano Agache Rio de
Janeiro
11. 11
As reformas urbanas realizadas em diversas cidades brasileiras (final do séc. XIX
e início do séc. XX) lançaram as bases de um urbanismo moderno.
Foram realizadas obras de saneamento básico para eliminação das epidemias, ao
mesmo tempo que se promovia o embelezamento paisagístico e eram
implantadas as bases legais para um mercado imobiliário capitalista.
A população expulsa desse processo era deslocada para os morros e franjas da
cidade.
Manaus, Belém, Porto Alegre, Curitiba, Santos, Recife, São Paulo e
especialmente o Rio de Janeiro são cidades que passaram por mudanças que
conjugaram saneamento ambiental, embelezamento e segregação territorial.
Bairro IAPI, 1963 foto de Léo
Guerreiro e Pedro Flores
Viaduto da Avenida Borges de
Medeiros , década de 40
12. 12
O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL:
A economia manteve seu epicentro no setor agrário exportador até 1930, quando
ocorre a revolução burguesa, onde o Estado passa a investir em infra-estrutura
para o desenvolvimento industrial.
A burguesia industrial assume a hegemonia política.
Em 1950 o processo de industrialização entra em nova etapa. O país passa a
produzir bens duráveis e até mesmo bens de produção.
Ocorreram mudanças significativas no modo de vida dos consumidores, com os
inúmeros eletrodomésticos, bens eletrônicos e automóveis. E ainda na habitação
e nas cidades.
Ford T
13. O TERCEIRO PERÍODO 1950 A 1964:
Nesse período são realizados os Planos Regionais, dando
conta da realidade que se configura nesta época:
1. Migração campo- cidade
2. Processo crescente de urbanização;
3. Aumento da área urbana e consequente conurbação.
14. O TERCEIRO PERÍODO 1950 A 1964:
Houve a inserção de outros
profissionais de outras
disciplinas nas transformações
no campo dos estudos
urbanos.
Há uma nova geração de
urbanistas, formados pelas
escolas de engenharias e que
ocupam de forma permanente
os quadros das prefeituras.
Trabalham em equipes
multidisciplinares produzindo
planos diretores.
15. O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL *:
O Brasil, como os demais países da América Latina apresentou intenso
processo de urbanização especialmente na segunda metade do século
XX.
Em 1940 a população urbana era de 26,3% do total (18,8 milhões de
hab.)
Em 2000 ela era de 81,2% (138 milhões de hab).
Se houve esse aumento populacional no meio urbano, também houve a
necessidade de moradia, transporte, saúde, energia, água... E a
resposta do rumo tomado por esse crescimento não foi satisfatório,
diante do cenário observado nas cidades desde então.
*Ermínia Maricato – Brasil, cidades
16. O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL:
Foi com o BNH – Banco Nacional de Habitação integrado ao
SFH – Sistema Financeiro de Habitação criados pelo regime
militar a partir de 1964, que as cidades brasileiras passaram
a ocupar o centro de uma política destinada a mudar seu
padrão de produção.
17. O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL:
O mercado habitacional recebeu
investimentos , que ocasionaram na
mudança no perfil das grandes
cidades, com a verticalização
promovida pelos edifícios de
apartamentos. Há também o
incremento do “urban sprawl” gerado
pela criação de conjuntos
habitacionais periféricos financiados
pelo SFH que expande as rede de
infra-estrutura em áreas não
ocupadas.
A partir da década de 40 o
apartamento foi a principal forma de
moradia da classe média.
O acesso à moradia concentrou-se
nas classes médias e altas.
18. NOVIDADES NO PADRÃO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL
NOS ANOS 80:
-Crescimento moderado das cidades de grande porte e
acentuado nas cidades de médio porte( população entre 100
mil e 500 mil hab) – 4,8% contra 1,3%.
- Essas cidades representam 20% da população do país, por
isso não representam tantas mudanças no cenário da
concentração humana urbana.
19. NOVIDADES NO PADRÃO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL
NOS ANOS 80:
Melhora na saúde brasileira –
relacionada a melhoria na rede
pública de água, campanhas de
vacinação e atendimento às
gestantes – taxa de mortalidade
infantil e esperança de vida.
20. NOVIDADES NO PADRÃO DE URBANIZAÇÃO NO BRASIL
NOS ANOS 80:
-O processo de urbanização se apresenta como uma máquina de produzir favelas
e agredir o meio ambiente.
...” a regra se tornou exceção e a exceção a
regra”.
Arantes e Schwarz
A cidade legal caminha para ser, cada vez
mais, espaço da minoria.
Maricato
Favelas Rio de Janeiro
21. PLANEJAMENTO PARA A CRISE URBANA NO BRASIL
-Há uma dificuldade de construir uma proposta urbanística nos governos
municipais.
Que fazer com a cidade ilegal e violenta?
E com as áreas ambientalmente frágeis, ocupada pelas moradias
pobres?
Como enfrentar o mercado imobiliário altamente especulativo?
Como combinar a ocupação do solo urbano e o sistema viário com as
unidades de gestão baseadas em bacias e sub bacias hidrográficas?
Como fazer, objetivamente, o controle do uso do solo?
Como ampliar a oferta de moradias sociais?
Que fazer com o comércio informal?
Quais os padrões mínimos de conforto domiciliar, circulação viária e de
pedestres, as áreas públicas, a coleta do lixo, o saneamento e sua
manutenção?
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