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PUBLICACIÓN EN BRASIL

TRADUÇÃO: MARCIANO VASQUES

ENTREVISTA:

Aproximação,

Abordando o pensamento poético de Ingrid Odgers



Por Rocío L´Amar

(especialmente para PALAVRA FIANDEIRA)



Disse alguém que "o poeta é o fundador do ser", e isto, certamente, nos induz a pensar, que o
poeta É, o poeta é o que arquiva em si, o que salvaguarda, e "a poesia é fundação do ser pela
palavra", então, de acordo com este postulado, a poesia é seu vestígio/ distintivo/coroação, sua
perfeição, que é também o fim/morte do poeta, entendendo-se que o que prevalece é a obra em
tempo real e não o poeta.



Tendo em conta esse pressuposto ideológico, social e cultural, atrevo-me a dizer que Ingrid
Odgers é poeta, é criadora, é artista. Poeta, porque age com fervor nos pantagruélicos
quixotismos. Criadora, porque por meio da palavra – como veículo imprescindível – vai mais
alta do que qualquer tipo de enquadramento ou classificação. Artista, porque organiza e articula
o coração da subjetividade das artes – como mundologia – , razão pela qual sua poesia é uma
constante reivindicação feminista em seu contexto lúdico.



A caracteriza uma infatigável devoção ao ofício/profissão poeta/escritora. E não oculta a
relevância, e influência que teve a paixão de outros poetas/escritores em sua obra, quero dizer,
reage diante dos mais imperceptíveis estímulos externos.



Consegue da estética da sedução a filosofia da liberdade/simplicidade em seus poemas. Propícios
para aproximar-se de uma leitura profunda. E no corpus do romance, permite que se observe as
configurações formais do gênero.




                                               1
Com a irrupção da Internet, tendência dominante hoje em dia como modelo de difusão, a poesia
está mais próxima dos leitores. Tem seguidores, que nas formas tradicionais de edição (formato
papel) não é tão massiva. Assim mesmo, os desacertos das políticas dominantes – como no Chile
– que castigam o livro com altos impostos, contribuem, junto a outros fatores, a que se paralisem
publicações e NÃO chegue o livro a TODOS os setores da população, e à progressiva
proliferação de blogs literários.



Podemos então falar da existência de novos poetas e uma nova poesia?



A este panorama convidamos a Ingrid Odgers a responder algumas interrogações.




A PALAVRA FIANDEIRA DE INGRID ODGERS



                                       Ingrid Odgers




1. O/a poeta, formador constante do espanto e sem medo diante dos mistérios recorrentes nas
representações estéticas com ideal de permanência, estará dispost(@) a afrontar os novos e
fortíssimos impactos da indústria cultural? Quero dizer, em meio dessa virtualização, este show
midiático, esta imediatez do instante digital, criar obras de qualidade, substanciosas, com
inteligência, consagrando poéticas renovadoras?




– Sim, sem dúvida, o/a poet@, tem a ousadia para desafiar a indústria cultural e a valentia para
criar e recriar estéticas, não para ajustar-se à indústria, porém, devido a que como criador está
sempre aliado a um imenso sentido de liberdade plena. E é baseado neste livre arbítrio que se
consolidam as bases de poéticas inovadoras e inteligentes. O/a poet@, o autêntico, não busca,
então, a adaptação ao mercado, mas sim romper com os cânones tradicionais que transmitem
uma academia ultrapassada e os lugares cansadoramente comuns, nos quais prolifera a infestação
da oferta virtual atual, talvez por essa razão a indústria cultural e os/as artistas dificilmente

                                               2
caminhem juntos, as editoras e os escritores estão divorciados, ou melhor, os escritores estão
"abandonando um mal matrimônio".




2. Há milhares de portais com milhares de poemas em Internet. Seria isso uma garantia de
liberdade de expressão para o pensamento criativo ou apenas é uma possibilidade de exploração
que se aproveita para o espetáculo e o aplauso em uma sociedade light?




– A rede de Internet está para todos. Certamente, é uma grande expressão de liberdade e também
de libertinagem e como tal dá lugar ao light, ao vulgar, o intelectual e o banal. E considerando o
anterior,sim, evidentemente, é a ferramenta da vez, do show, e aplauso de uma sociedade cada
vez mais light.. Cada um/a sabe o que o leva a interagir e/ou adentrar-se nesta teia gigantesca e é,
portanto responsável...Agora é o leitor ou internauta quem deve lapidar seus gostos se procura
boa literatura e arte.




       Ingrid Odgers



3. Sabemos que a poesia assume suas mutações...Não está em sua linguagem o vocábulo
claudicar, retratar-se...É temperada com diversos estilos, simetria, ambientes. Pensa você que há
rigor poético ou é uma poesia elaborada para as inclinações do internauta?




– Creio que existe um raro, quero dizer, escasso rigor poético e um escasso conhecimento da
linguagem literária. Na realidade, poucos internautas têm conhecimento do que seja a POESIA,
manejo da linguagem, estética, etc...E, como no mercado normal (livrarias,feiras do livro,
exposições, etc), consomem o que a indústria (e a academia) deseja entregar em ambos espaços.
Existe nula capacidade de crítica na sociedade devido à pouca cultura literária ou má qualidade
da educação existente.



                                                 3
4. Certo é que a globalização impõe ao poeta outros rumos , outras direções. Também a
melosidade do êxito e a fama...o inabordável/abordável. E como é difícil fazer da poesia um
produto massivo, busca à deriva o bem estar nos olhos e ouvidos de uma realidade fática.
Aproveitamento ou necessidade?




– Ainda que muitos desejamos que não seja assim, a poesia é e será de elite. Não é atrativa como
o baile, a música popular ou o cinema. A poesia é para um público especial, de uma sensibilidade
maior e de certa cultura, e, portanto, escasso.



Com efeito, muitos poetas caem no meloso, para aproveitamento daqueles que desejam viver da
"paraliteratura", que não concebe o princípio da beleza em si mesma, senão, através de uma
utilidade. Abarca também o terreno do ensino e instituições, onde o paraliterário é um feito
fundamental diante da crise dos estudos literários, que se converterá em crise dos estudos
culturais, algo a que não se pode impor prazo pela literatura. Portanto, lhes é conveniente a
globalização, grande mercado e mais benefícios.




5. Existe, para Ingrid Odgers, algum poema de um autor(a) prodígios(@) que tenha querido
escrever? Por quê?




– Claro que sim, me agrada, porque com ele me identifico, o poema de Enrique Lihn:




"Porque escrevi"




                                               4
..."Em sua origem o rio é uma veia de água



– Ali, por um momento, sequer, nessa altura –



logo, ao final, um mar que ninguém vê



dos que estão nas braçadas da vida.



Porque escrevi fui um ódio inconfessável,



porém o mar forma parte de minha escritura mesma:



linha



da ruptura



em que um verso se espuma



eu pude renovar a poesia."...



Ingrid Odgers



Biografia:

                                                5
Ingrid Ordegs Toloza. Concepción, Chile,1955. Escritora, poeta, narradora, crítica e gestora
cultural. Tem, atualmente, 16 livros publicados, dois romances e um ensaio. é prêmio "Conselho
do livro" 2002 e 2009. Criadora de diversos espaços virtuais, entre eles "Revista La Silla", Letras
iberoamericanas, Antologias de poetas chilenos. É editora de Revista de Literatura Periferia,
Região de BioBio, Chile. Atua como assessora cultural e diretora de oficinas literárias.




PUBLICAÇÕES:




Ángel dormido (1998)



Bajopiel (1998)



Arcoiris de vida (1999)



Copa de invierno (2000)



El retorno del ángel (2001)



La extraña barca del olvido (2003)



Náufragos en la ciudad (2003)



La llave de la otra historia (2005)
                                                6
A puertas cerradas (Ensayo, 2005)



Más silenciosa que mi sombra (Novela, 2006)



En las frías rodillas del mundo (2006)



Memoria de un juego (2007)



La fusión de los signos (2007)



Estudio marginal- Comentario y crítica (Ensayo, 2008)




PRÊMIOS E DISTINÇÕES:




Postulada ao prêmio de arte e cultura, artes literárias Basldonero Lillo 2008, região do BioBio.



Prêmio Novela Fundo de apoio à iniciativas culturais 2008. Município de Conceição.



Sua obra integra a História da Literatura Hispanoamericana de Polônia 2008.



Os livros: Memória de um jogo, Nas frias voltas do mundo, A fusão dos signos, e o romance
"Mais Silenciosa que minha sombra", que foram traduzidos ao Polonês.


                                                7
Suas obras poéticas foram parcialmente traduzidas ao Inglês, Português, Francês ou Italiano.



Sua obra integra a Antologia de Literatura Hispanoamericana de Canadá.



Prêmio "Conselho Nacional do Livro e a Leitura", 2002.



Terceiro Concurso Nacional de Narrativa e Poesia Magoeditores - Santiago 2005.



Selecionada para representar o Chile em Encontro Mundial de Escritores em Chiclayo, Perú, ano
2002.




Designada Membro do Comitê Consultivo Nacional de Cultura em reconhecimento a seu vasto
currículo e destacada trajetória no âmbito da Literatura.



Sua obra figura no estúdio Presença Feminina na Literatura Nacional - Lina Vera Lampereein -
Edição 2007, corrigida e atualizada entre as destacadas escritoras Ana Maria Vieira e Paz
Molina.



Sua obra figura na Cartografia Cultural do Chile (Mineduc 1999-2002)



No Catálogo lírico chileno (2002)



Em revistas literárias regionais, nacionais e internacionais (1999 e 2009) e em sites
internacionais.

                                               8
Foi convidada ao encontro Mundial de Poetas em Oaxaca, México, por seu trabalho acadêmico
"Chile, Mulher, Literatura e Discriminação".




POESIA:




Pontos Cardeais




As palavras concluem o silêncio

Não parecem esgotar-se

Cavalgam o cérebro

Se é que não estou mergulhando nas lembranças

No que tocam meus olhos alertas

Zelosos

     Desbotados




Árvore e folha

Pandeiro e flauta




Tudo sucumbe ao Tom e ao Ritmo


                                            9
flutuo despida

pelos pontos cardeais

Sedenta

Sou um segredo

  um estremecimento

            um lamento

No simples gesto de acender a luz

e te olhar ao espelho na escuridão

Neste labirinto perco a visão

Crivando os lugares comuns




Deixam os pés no lodo

Caçador caçado



Sem armadilha

            Sem rede



Caçador caçado



            Caçado



Caçador



***************

                                     10
Animais




E teu corpo cai em meu peito

e a palavra nos flancos

e nos fundimos num poema

e somos animais

fazemos

e desfazemos

e somos animais

que fazemos

e desfazemos



Em ti

Lentamente descobriste

Que a noite gira em tuas costelas

E se abre

E se estende

Até cair muito dentro

Até cair muito fundo

No trevo de teu sexo

E se estende

No eterno assovio do silêncio.




                                    11
**************

Letras

Estes montinhos de pedras empilhadas

balbuciantes

rigorosamente calvas

desejam tomar bruscamente

algo de certeza

Tentam incinerar escuridão e cativeiro

Ocultas mordem o ventre

Assalta a sanidade tenebrosa

Caem sobre um papel de cinzas e chá envelhecido

Tudo é possível

Creio em absoluto

(É o risco que se corre)

Este monstro

Busca auxílio

Busca magia

Resplandecimento extinguido em neon e caos

Se arma em absoluta incerteza

símbolo de um frenesi que estende os braços

e abraça

Até comer os miolos com sua gula.

****

Original em Espanhol.

                                              12

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A poesia de Ingrid Odgers na era digital

  • 1. PUBLICACIÓN EN BRASIL TRADUÇÃO: MARCIANO VASQUES ENTREVISTA: Aproximação, Abordando o pensamento poético de Ingrid Odgers Por Rocío L´Amar (especialmente para PALAVRA FIANDEIRA) Disse alguém que "o poeta é o fundador do ser", e isto, certamente, nos induz a pensar, que o poeta É, o poeta é o que arquiva em si, o que salvaguarda, e "a poesia é fundação do ser pela palavra", então, de acordo com este postulado, a poesia é seu vestígio/ distintivo/coroação, sua perfeição, que é também o fim/morte do poeta, entendendo-se que o que prevalece é a obra em tempo real e não o poeta. Tendo em conta esse pressuposto ideológico, social e cultural, atrevo-me a dizer que Ingrid Odgers é poeta, é criadora, é artista. Poeta, porque age com fervor nos pantagruélicos quixotismos. Criadora, porque por meio da palavra – como veículo imprescindível – vai mais alta do que qualquer tipo de enquadramento ou classificação. Artista, porque organiza e articula o coração da subjetividade das artes – como mundologia – , razão pela qual sua poesia é uma constante reivindicação feminista em seu contexto lúdico. A caracteriza uma infatigável devoção ao ofício/profissão poeta/escritora. E não oculta a relevância, e influência que teve a paixão de outros poetas/escritores em sua obra, quero dizer, reage diante dos mais imperceptíveis estímulos externos. Consegue da estética da sedução a filosofia da liberdade/simplicidade em seus poemas. Propícios para aproximar-se de uma leitura profunda. E no corpus do romance, permite que se observe as configurações formais do gênero. 1
  • 2. Com a irrupção da Internet, tendência dominante hoje em dia como modelo de difusão, a poesia está mais próxima dos leitores. Tem seguidores, que nas formas tradicionais de edição (formato papel) não é tão massiva. Assim mesmo, os desacertos das políticas dominantes – como no Chile – que castigam o livro com altos impostos, contribuem, junto a outros fatores, a que se paralisem publicações e NÃO chegue o livro a TODOS os setores da população, e à progressiva proliferação de blogs literários. Podemos então falar da existência de novos poetas e uma nova poesia? A este panorama convidamos a Ingrid Odgers a responder algumas interrogações. A PALAVRA FIANDEIRA DE INGRID ODGERS Ingrid Odgers 1. O/a poeta, formador constante do espanto e sem medo diante dos mistérios recorrentes nas representações estéticas com ideal de permanência, estará dispost(@) a afrontar os novos e fortíssimos impactos da indústria cultural? Quero dizer, em meio dessa virtualização, este show midiático, esta imediatez do instante digital, criar obras de qualidade, substanciosas, com inteligência, consagrando poéticas renovadoras? – Sim, sem dúvida, o/a poet@, tem a ousadia para desafiar a indústria cultural e a valentia para criar e recriar estéticas, não para ajustar-se à indústria, porém, devido a que como criador está sempre aliado a um imenso sentido de liberdade plena. E é baseado neste livre arbítrio que se consolidam as bases de poéticas inovadoras e inteligentes. O/a poet@, o autêntico, não busca, então, a adaptação ao mercado, mas sim romper com os cânones tradicionais que transmitem uma academia ultrapassada e os lugares cansadoramente comuns, nos quais prolifera a infestação da oferta virtual atual, talvez por essa razão a indústria cultural e os/as artistas dificilmente 2
  • 3. caminhem juntos, as editoras e os escritores estão divorciados, ou melhor, os escritores estão "abandonando um mal matrimônio". 2. Há milhares de portais com milhares de poemas em Internet. Seria isso uma garantia de liberdade de expressão para o pensamento criativo ou apenas é uma possibilidade de exploração que se aproveita para o espetáculo e o aplauso em uma sociedade light? – A rede de Internet está para todos. Certamente, é uma grande expressão de liberdade e também de libertinagem e como tal dá lugar ao light, ao vulgar, o intelectual e o banal. E considerando o anterior,sim, evidentemente, é a ferramenta da vez, do show, e aplauso de uma sociedade cada vez mais light.. Cada um/a sabe o que o leva a interagir e/ou adentrar-se nesta teia gigantesca e é, portanto responsável...Agora é o leitor ou internauta quem deve lapidar seus gostos se procura boa literatura e arte. Ingrid Odgers 3. Sabemos que a poesia assume suas mutações...Não está em sua linguagem o vocábulo claudicar, retratar-se...É temperada com diversos estilos, simetria, ambientes. Pensa você que há rigor poético ou é uma poesia elaborada para as inclinações do internauta? – Creio que existe um raro, quero dizer, escasso rigor poético e um escasso conhecimento da linguagem literária. Na realidade, poucos internautas têm conhecimento do que seja a POESIA, manejo da linguagem, estética, etc...E, como no mercado normal (livrarias,feiras do livro, exposições, etc), consomem o que a indústria (e a academia) deseja entregar em ambos espaços. Existe nula capacidade de crítica na sociedade devido à pouca cultura literária ou má qualidade da educação existente. 3
  • 4. 4. Certo é que a globalização impõe ao poeta outros rumos , outras direções. Também a melosidade do êxito e a fama...o inabordável/abordável. E como é difícil fazer da poesia um produto massivo, busca à deriva o bem estar nos olhos e ouvidos de uma realidade fática. Aproveitamento ou necessidade? – Ainda que muitos desejamos que não seja assim, a poesia é e será de elite. Não é atrativa como o baile, a música popular ou o cinema. A poesia é para um público especial, de uma sensibilidade maior e de certa cultura, e, portanto, escasso. Com efeito, muitos poetas caem no meloso, para aproveitamento daqueles que desejam viver da "paraliteratura", que não concebe o princípio da beleza em si mesma, senão, através de uma utilidade. Abarca também o terreno do ensino e instituições, onde o paraliterário é um feito fundamental diante da crise dos estudos literários, que se converterá em crise dos estudos culturais, algo a que não se pode impor prazo pela literatura. Portanto, lhes é conveniente a globalização, grande mercado e mais benefícios. 5. Existe, para Ingrid Odgers, algum poema de um autor(a) prodígios(@) que tenha querido escrever? Por quê? – Claro que sim, me agrada, porque com ele me identifico, o poema de Enrique Lihn: "Porque escrevi" 4
  • 5. ..."Em sua origem o rio é uma veia de água – Ali, por um momento, sequer, nessa altura – logo, ao final, um mar que ninguém vê dos que estão nas braçadas da vida. Porque escrevi fui um ódio inconfessável, porém o mar forma parte de minha escritura mesma: linha da ruptura em que um verso se espuma eu pude renovar a poesia."... Ingrid Odgers Biografia: 5
  • 6. Ingrid Ordegs Toloza. Concepción, Chile,1955. Escritora, poeta, narradora, crítica e gestora cultural. Tem, atualmente, 16 livros publicados, dois romances e um ensaio. é prêmio "Conselho do livro" 2002 e 2009. Criadora de diversos espaços virtuais, entre eles "Revista La Silla", Letras iberoamericanas, Antologias de poetas chilenos. É editora de Revista de Literatura Periferia, Região de BioBio, Chile. Atua como assessora cultural e diretora de oficinas literárias. PUBLICAÇÕES: Ángel dormido (1998) Bajopiel (1998) Arcoiris de vida (1999) Copa de invierno (2000) El retorno del ángel (2001) La extraña barca del olvido (2003) Náufragos en la ciudad (2003) La llave de la otra historia (2005) 6
  • 7. A puertas cerradas (Ensayo, 2005) Más silenciosa que mi sombra (Novela, 2006) En las frías rodillas del mundo (2006) Memoria de un juego (2007) La fusión de los signos (2007) Estudio marginal- Comentario y crítica (Ensayo, 2008) PRÊMIOS E DISTINÇÕES: Postulada ao prêmio de arte e cultura, artes literárias Basldonero Lillo 2008, região do BioBio. Prêmio Novela Fundo de apoio à iniciativas culturais 2008. Município de Conceição. Sua obra integra a História da Literatura Hispanoamericana de Polônia 2008. Os livros: Memória de um jogo, Nas frias voltas do mundo, A fusão dos signos, e o romance "Mais Silenciosa que minha sombra", que foram traduzidos ao Polonês. 7
  • 8. Suas obras poéticas foram parcialmente traduzidas ao Inglês, Português, Francês ou Italiano. Sua obra integra a Antologia de Literatura Hispanoamericana de Canadá. Prêmio "Conselho Nacional do Livro e a Leitura", 2002. Terceiro Concurso Nacional de Narrativa e Poesia Magoeditores - Santiago 2005. Selecionada para representar o Chile em Encontro Mundial de Escritores em Chiclayo, Perú, ano 2002. Designada Membro do Comitê Consultivo Nacional de Cultura em reconhecimento a seu vasto currículo e destacada trajetória no âmbito da Literatura. Sua obra figura no estúdio Presença Feminina na Literatura Nacional - Lina Vera Lampereein - Edição 2007, corrigida e atualizada entre as destacadas escritoras Ana Maria Vieira e Paz Molina. Sua obra figura na Cartografia Cultural do Chile (Mineduc 1999-2002) No Catálogo lírico chileno (2002) Em revistas literárias regionais, nacionais e internacionais (1999 e 2009) e em sites internacionais. 8
  • 9. Foi convidada ao encontro Mundial de Poetas em Oaxaca, México, por seu trabalho acadêmico "Chile, Mulher, Literatura e Discriminação". POESIA: Pontos Cardeais As palavras concluem o silêncio Não parecem esgotar-se Cavalgam o cérebro Se é que não estou mergulhando nas lembranças No que tocam meus olhos alertas Zelosos Desbotados Árvore e folha Pandeiro e flauta Tudo sucumbe ao Tom e ao Ritmo 9
  • 10. flutuo despida pelos pontos cardeais Sedenta Sou um segredo um estremecimento um lamento No simples gesto de acender a luz e te olhar ao espelho na escuridão Neste labirinto perco a visão Crivando os lugares comuns Deixam os pés no lodo Caçador caçado Sem armadilha Sem rede Caçador caçado Caçado Caçador *************** 10
  • 11. Animais E teu corpo cai em meu peito e a palavra nos flancos e nos fundimos num poema e somos animais fazemos e desfazemos e somos animais que fazemos e desfazemos Em ti Lentamente descobriste Que a noite gira em tuas costelas E se abre E se estende Até cair muito dentro Até cair muito fundo No trevo de teu sexo E se estende No eterno assovio do silêncio. 11
  • 12. ************** Letras Estes montinhos de pedras empilhadas balbuciantes rigorosamente calvas desejam tomar bruscamente algo de certeza Tentam incinerar escuridão e cativeiro Ocultas mordem o ventre Assalta a sanidade tenebrosa Caem sobre um papel de cinzas e chá envelhecido Tudo é possível Creio em absoluto (É o risco que se corre) Este monstro Busca auxílio Busca magia Resplandecimento extinguido em neon e caos Se arma em absoluta incerteza símbolo de um frenesi que estende os braços e abraça Até comer os miolos com sua gula. **** Original em Espanhol. 12