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MANUAL DE ATENDIMENTO
PRÉ-HOSPITALAR DO
CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ
CURITIBA - 2006
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Copyright (c) 2006 - CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ.
É dada permissão para copiar, distribuir e/ou modificar este documento sob os
termos da Licença de Documentação Livre GNU, Versão 1.1 ou qualquer versão posterior
públicada pela Free Software Foundation; sem Seções Invariantes, com os Textos da
Capa da Frente sendo MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO CORPO DE
BOMBEIROS DO PARANÁ, e sem Textos da Quarta-Capa. Uma cópia da licença em está
inclusa na seção intitulada ¨Licença de Documentação Livre GNU¨ (pag. 373).
ii
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
APRESENTAÇÃO
Com o objetivo maior da contínua capacitação visando ampliar os conhecimentos
técnicos dos Bombeiros Militares que atuam como socorristas no atendimento pré-
hospitalar ao trauma no Estado do Paraná. Esperamos que estes conhecimentos sejam
de extrema valia para o resgate e salvamentos de vidas.
Este manual é resultado da revisão do Manual de Atendimento Pré-Hospitalar do
SIATE/PR de autoria da Dr. Vera Lúcia de Oliveira e Silva e colaboradores, editado em
1995 pela Imprensa Oficial do Estado do Paraná, este baseado na tradução do conjunto
de apostilas produzido pela “Division of Vocational Educations, State Department of
Education, Columbus, Ohio, USA”.
Esta revisão foi iniciada no Centro de Ensino e Instrução e concluída como
resultado dos trabalhos do curso do Curso de Socorrista 2006 – Categoria Oficiais – do
Corpo de Bombeiros do Paraná.
Além da revisão foram acrescentados e excluídos conteúdos o que caracteriza ela
como sendo uma obra coletiva de compilação e adaptação, segundo o prescrito nos
incisos XI e XIII, e § 2º do art. 7.º da Lei Autoral (9.610/98).
O manual é de livre uso, sendo permitido copiar, distribuir e/ou modificar, sob os
termos da Licença de Documentação Livre GNU, devendo permanecer em constante
evolução, para isso contamos com a colaboração de todos que enviem sugestões de
alteração e/ou correção para o socorristas_parana@yahoo.com.br, lembrando sempre de
citar eventuais fontes bibliográficas originárias destas alterações.
“Por Uma Vida Todo Sacrifício é Dever”
Curitiba, 04 de Agosto de 2006.
iii
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CRÉDITOS
Autor Nomeado:
Porcides; Almir Júnior
Colaboradores:
Aguiar; Eduardo José Slomp Almeida; Geferson Correa de
Alves; Nilson Figueiredo Júnior Araujo; Rogério Lima de
Araújo; Wagner Lúcio de Barbosa; Adriano
Barros; Edmilson Baumel; Luiz Fernando Silva
Becker; Claudicir Bezerra; Marcos Rogério
Borba; Dorico Gabriel Bortolini; Osni José
Costa; Laor Daverson ; Kleber
Donati; Vladimir Ferreira; Alexandre Dupas
Gross; Gerson Kapp; Norton Alexandre
Konflanz; Douglas Martins Machado; Fernando Ferreira
Manassés; Edson Menegatti; Dimas Clodomiro
Mocelin; Gabriel Junior Moreira; Paulo Cezar
Mota; Cristiano Carrijo G. Mota; Sandro Marcos
Oliveira; Charles Elias de Rodrigues; Altemistocley Diogo
Sales; Arlisson Sanches Santos; Hamilton dos
Schreiber; Rogério Cortês Schwambach; Ricardo
Silva; Paulo Roberto da Silva; Romero Nunes da
Sokolowski; Rivelto Soster; Heitor
Spak; José Adriano P. Teixeira; Hudson Leôncio
iv
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Sumário
Capítulo 1 - Ética e Humanização.............................................................................1
Capítulo 2 - Anatomia e Fisiologia............................................................................5
Capítulo 3 - Direção Defensiva...............................................................................47
Capítulo 4 - Cinemática do Trauma........................................................................60
Capítulo 5 - Equipamentos Usados no Atendimento Pré-Hospitalar......................74
Capítulo 6 - Sinais Vitais.........................................................................................82
Capítulo 7 - Atendimento Inicial..............................................................................92
Capítulo 8 - Vias Aéreas........................................................................................105
Capítulo 9 - Ressuscitação Cardiopulmonar.........................................................119
Capítulo 10 - Hemorragia e Choque.....................................................................142
Capítulo 11 - Ferimentos, Curativos e Bandagens................................................154
Capítulo 12 - Fraturas e Luxações........................................................................167
Capítulo 13 - Trauma Cranioencefálico (TCE) e Raquimedular (TRM)................177
Capítulo 14 - Imobilização e Remoção.................................................................189
Capítulo 15 - Trauma de Tórax.............................................................................216
Capítulo 16 - Trauma de Abdome.........................................................................230
Capítulo 17 - Trauma de Face...............................................................................237
Capítulo 18 - Emergências Pediátricas.................................................................248
Capítulo 19 - Emergências Obstétricas e Trauma na Gestante............................253
Capítulo 20 - Afogamento.....................................................................................266
Capítulo 21 - Queimaduras e Emergências por Frio Ambiental............................280
Capítulo 22 - Eletricidade e Radiação Ionizante...................................................291
Capítulo 23 - Intoxicações Exógenas....................................................................297
Capítulo 24 - Emergências Psiquiátricas..............................................................307
Capítulo 25 - Emergências Clínicas......................................................................311
Capítulo 26 - Rotinas Operacionais......................................................................323
Capítulo 27 - Preparo de Medicamentos e Biossegurança...................................338
Capítulo 28 - Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas...............................354
Capítulo 29 - Produtos Perigosos.........................................................................364
Capítulo 30 - Emergências Geriátricas.................................................................369
Referências Bibliográficas....................................................................................380
Apendice I - Licença de Documentação Livre GNU.............................................383
v
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 1
A ÉTICA E HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
1. Ética
Toda pessoa é dotada de uma consciência moral que a faz distinguir entre o certo e
o errado, entre o bem e o mal, capacitando-a a avaliar suas ações no contexto a que é so-
licitado, ou seja, é capaz de nortear suas atitudes pela ética, a qual pode-se dizer é um
conjunto de valores, que se tornam deveres em determinadas culturas ou grupos, sendo
expressos em ações.
A ética é, normalmente, uma norma de cunho moral que obriga a conduta de uma
determinada pessoa, sob pena de sanção específica, mas pode também regulamentar o
comportamento de um grupo particular de pessoas, como, por exemplo, bombeiros, polici-
ais, médicos, enfermeiros, etc. A partir deste momento, estamos nos referindo à ética pro-
fissional, mais conhecida como deontologia, que caracteriza-se como conjunto de normas
ou princípios que têm por fim orientar as relações profissionais entre pares, destes com os
cidadãos, com sua guarnição de serviço, com as instituições a que servem, entre outros.
Como a sua margem de aplicação é limitada ao círculo profissional, faz com que estas
normas sejam mais específicas e objetivas, gerando o advento dos Códigos de Ética ela-
borados por associações de classe, como, por exemplo, o Código de Ética Médica Brasi-
leiro.
No caso do Corpo de Bombeiros do Paraná, o Decreto Estadual nº 5.075/98 (Regu-
lamento de Ética Profissional dos Militares Estaduais do Paraná), prescreve em seu artigo
5º, que a “... deontologia militar é constituída pelo elenco de valores e deveres éticos, tra-
duzidos em normas de conduta, que se impõem para que o exercício da profissão militar
atinja plenamente os ideais de realização do bem comum, através da preservação da or-
dem pública.” Assim como a atividade do médico e do enfermeiro possuem codificações
próprias, o bombeiro militar também tem sua conduta pesada em Código próprio, que o
obriga a prestar seu serviço de atendimento pré-hospitalar calcado em valores e deveres
militares, não menos importantes, que o dos códigos dos profissionais de saúde.
Ao longo do Curso de Socorristas, são ensinadas normas técnicas que indicam
fórmulas do fazer, que são apenas meios de capacitação, levando o homem a atingir re-
sultados. Todavia a técnica não deve perder sua correlação natural com as normas éticas,
que atenuam o sofrimento da vítima e humanizam o atendimento.
O socorrista deve saber equilibrar os dois pratos da balança que formam seu cará-
ter profissional: o lado técnico e o lado emocional. Caso haja uma prevalência de qual-
quer um dos lados, o atendimento pode ser comprometido tanto pelo lado humano, quan-
- 1 -
Ética e Humanização
to pelo lado científico. O bombeiro militar que tenha completo domínio do atendimento
pré-hospitalar, mas que não tenha o discernimento necessário para atuar com atenção es-
pecial nos casos que assim requeiram, não possui o caráter ético-profissional para ser so-
corrista. O mesmo se aplica àquele que possua um equilíbrio emocional e não saiba as
técnicas pré-hospitalares.
Para um atendimento pré-hospitalar satisfatório o socorrista deve possuir, além do
equilíbrio emocional e da competência técnico-científica, uma competência ética, funda-
mental para a humanização do serviço.
A competência ética no atendimento pré-hospitalar é formada por quatro vertentes
de relacionamento, sendo elas:
● Socorrista e outros militares;
● Socorrista e profissionais de saúde;
● Socorrista e vítima;
● Socorrista e parentes/conhecidos/outros envolvidos.
As relações dos socorristas com outros militares e profissionais de saúde não tra-
zem muitos problemas, pois a formação militar facilita o relacionamento. Resta-nos anali-
sar e fundamentar os princípios para um relacionamento ético entre bombeiros e vítimas,
e bombeiros e parentes/conhecidos/outros envolvidos no trauma. Estes dois tipos de rela-
cionamentos estão baseados em três princípios fundamentais:
● Respeito à pessoa;
● Solidariedade;
● Sentimento do dever cumprido.
Tendo por base estas três premissas, o socorrista saberá pautar suas atitudes e
considerar as alterações emocionais decorrentes do trauma. Não se deixará influenciar
pela conduta social da vítima incorrendo num julgamento errôneo (fará um atendimento
imparcial), atentará para os cuidados com a exposição da vítima, terá atenção especial
com crianças, e terá a seriedade como base para uma postura profissional que se espera.
Um atendimento perfeito ocorre quando, mesmo com o sucesso do emprego de to-
das as técnicas dominadas pelo socorrista, atende-se a dignidade da pessoa humana em
todo seu alcance, angariando o respeito e a admiração da vítima e outras pessoas envol-
vidas, pelo elevado grau de profissionalismo existente na corporação.
2. Humanização: Um Abrandamento do Caráter Técnico da Medicina
A Portaria GM/MS n.º 1.863, de 29 de setembro de 2003, trata da “Política Nacional
de Atenção às Urgências” trazendo novos elementos conceituais, como o princípio da hu-
manização.
Parece estranho falar de humanização num campo em que deveria ser implícito o
“amor ao próximo”, como é o caso da medicina. Todavia, com o advento da vida moderna,
- 2 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
a explosão demográfica e os parcos e poucos recursos e investimentos na área da saúde,
fazem com que o profissional, muitas vezes, tenha uma sensação de impotência frente ao
sofrimento de milhares de pessoas, e, com isso faz crescer no seu íntimo, mesmo que de
modo imperceptível, mecanismos de defesa em que cria uma verdadeira “casca”, não
vendo na vítima uma pessoa, mas um objeto que necessita de seus cuidados profissio-
nais, visto que não tem a solução para todas as mazelas criadas por falta de políticas pú-
blicas de saúde.
Necessário foi ao Ministério da Saúde humanizar o serviço, através de um progra-
ma próprio, visando atenuar os efeitos desumanizantes, que retira da pessoa humana seu
mais importante valor: a dignidade.
No caso do atendimento pré-hospitalar, o conhecimento cientifico deveria ser, por si
só, motivo de sucesso para um resultado positivo quando no socorro à vítima. O que se
tem observado recentemente é que este fator, somado à estressante rotina dos numero-
sos atendimentos diários nos grandes centros, bem como a fragilidade do ser humano,
tanto do paciente como do socorrista (ambos envolvidos com sentimentos de respeito,
simpatia, empatia, angústia, raiva, medo, compaixão), o que tem gerado problemas no
atendimento à vítima. Deixamos de ver nele muitas vezes o ser humano que está necessi-
tado, hora pelo enfoque direto no trauma, hora pela banalização do acidente.
Necessário, então, é falar em humanização no atendimento pré-hospitalar. Então: o
que é humanização ? Podemos entende-la como valor, na medida em que resgata o res-
peito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais
e psíquicas presentes em todo relacionamento humano.
Humanizar o atendimento não é apenas chamar a vítima pelo nome, nem ter um
sorriso nos lábios constantemente, mas também compreender seus medos, angústias e
incertezas, dando-lhe apoio e atenção permanente.
O profissional humanizado deve apresentar algumas características que tornam o
atendimento a um traumatizado mais digno:
● Focalizar não somente o objeto traumático, mas também os aspectos
globais que envolvem o paciente, não se limitando apenas às questões
físicas, mas também aos aspectos emocionais;
● Manter sempre contato com a vitima, buscando uma empatia por parte da
mesma;
● Prestar atenção nas queixas do paciente, tentando sempre que possível
aliviar a dor do paciente;
● Manter a vitima, sempre que possível, informada quanto aos procedimentos
a serem adotados;
● Respeitar o modo e a qualidade de vida do traumatizado;
● Respeitar a privacidade e dignidade do paciente, evitando expor o mesmo
sem necessidade.
- 3 -
Ética e Humanização
Os profissionais da área da saúde e não oriundos da área da saúde, como os bom-
beiros militares, por sua formação, dedicam-se ao atendimento humanitário. E, assim
sendo devem ter sempre uma conduta humanista, no entender de Pablo González Blas-
co1
:
"humanista é o homem que define atitudes concretas
diante da vida, fruto da sua reflexão e como conseqüência
de uma filosofia que norteia sua existência. Se este
homem humanista é médico, essas atitudes que envolvem
a sua própria vida atingirão as outras vidas, aquelas que
ele tem que cuidar, e portanto implicarão uma postura
concreta diante da vida humana, da vida doente, do
sofrimento e da dor, da vida que se acaba".
Humanizar também é, além do atendimento fraterno e humano, procurar aperfeiço-
ar os conhecimentos continuadamente; é valorizar, no sentido antropológico e emocional,
todos os elementos implicados no evento assistencial. Na realidade, a humanização do
atendimento, seja em saúde ou não, deve valorizar o amor ao próximo, prestigiando a me-
lhoria nos relacionamentos entre pessoas em geral.
1
Diretor Científico da SOBRAMFA- Sociedade Brasileira de Medicina de Família. Coordenador do
Programa Eletivo em Medicina de Família do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde- EPM,
UNIFESP. Membro Internacional da Society of Teachers of Family Medicine (STFM).
- 4 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
CAPÍTULO 3
DIREÇÃO DEFENSIVA
1. Introdução
Como motorista de uma ambulância, além de dominar todas as habilidades indis-
pensáveis à prática da direção segura de veículos em geral, você deverá estar familiariza-
do com conceitos próprios da condução de uma vítima e da equipe que lhe oferece aten-
dimento, pois na qualidade de motorista você é responsável pela sua própria vida e das
outras pessoas presentes no trânsito. Além disso, você é responsável pela segurança da
sua equipe de socorristas e pelo bem estar da vítima conduzida no interior da ambulância.
2. Direção e Segurança
A maioria dos acidentes de trânsito, decorrem em sua maioria de erros humanos,
pelos seguintes motivos:
● Desrespeito as Leis, Normas e regulamentos de trânsito;
● Abuso dos limites operacionais de segurança do veículo;
● Pressa excessiva em querer chegar no local da ocorrência, e posteriormente
ao hospital;
● Descortesia no trânsito: ser cortês alivia o stress do trânsito, demonstra alto
nível de educação e elevação social.
● Irresponsabilidade agindo com negligência, imprudência ou imperícia;
● Condição física do condutor, como cansaço, sonolento e sob efeito de dro-
gas em geral (álcool, medicamentos, etc.)
3. Elementos de Direção Defensiva
Direção defensiva é dirigir de modo a evitar acidentes, apesar das ações incorretas
(erradas) dos outros e das condições adversas (contrárias), que encontramos nas vias de
trânsito.
Existem alguns elementos fundamentais para a boa prática da direção defensiva,
com a observação dos mesmos o risco é diminuído, são eles.
- 47 -
Direção Defensiva
3.1. Conhecimento
É o ato de estar sempre consciente das noções exigidas para a habilitação, os con-
teúdos do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e as informações sobre os riscos e a me-
lhor forma de evitá-los. Embora a experiência seja uma fonte importantíssima de conheci-
mento, demonstra-se que, o programa de treinamento aumenta em muito a capacidade
defensiva do motorista.
3.2. Atenção
Enquanto dirige, o motorista tem que estar alerta o tempo todo, zelando pela sua
própria segurança, dos passageiros e da vítima que está transportando, bem como pelos
demais presentes no trânsito. Estar alerta significa estar com a atenção concentrada todo
o tempo no ato de dirigir, sem distrações, vendo tudo o que se passa adiante, atrás (espe-
lhos retrovisores) e nas laterais do veículo. O pensamento deve ocupar-se exclusivamen-
te do ato de dirigir e não de outros assuntos. Atento, o motorista pode reconhecer situa-
ções de perigo potencial, reagir em tempo e agir de modo a prevenir acidentes.
3.3. Previsão
É a capacidade de antecipar ou antever situações e eventos, são muitas vezes fra-
ções de segundos, porém, tendo em mente uma atitude de previsibilidade, será suficiente,
para tentar uma reação positiva, evitando um acontecimento. Se o motorista, vistoria o
veículo antes de assumir o serviço, programa o itinerário, reduz a velocidade próximo a
áreas de risco como cruzamentos, escolas, hospitais, etc., se o motorista, ao ver uma cri-
ança brincando na calçada, antevê a possibilidade de que ela possa atravessar a rua re-
pentinamente e diminuí a velocidade, terá melhores condições de frenagem ou desvio do
veículo caso o inesperado aconteça.
3.4. Decisão
É a possibilidade da ação de decidir, diante de uma situação de risco. É saber es-
colher dentre as opções possíveis a de maior segurança naquele momento específico.
3.5. Habilidade
É o requisito desenvolvido através do aprendizado e do treinamento. Conduzir um
veículo de socorro, é um ato de muita responsabilidade, muitas vezes a emergência, a
adrenalina, o stress, tendem a dominar a situação, porém o bom motorista, se mantém
paciente e calmo, não deixando-se dominar por sensações que tendem a alterar seu esta-
do psicológico e as funções mecânicas do corpo físico. Necessitando o motorista, desen-
volver a habilidade de realizar manobras entre veículos, ultrapassagens, cruzamentos, ca-
naletas de expresso, entre outros. Mas, com condições, é fundamental demonstrar as
suas ações para os outros motoristas, o que pretende fazer, qual a atitude que pretende
tomar, lembre-se as outras pessoas não são obrigadas a adivinhar seu pensamento.
- 48 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
4. Direção em Condições Adversas
Algumas condições climáticas e naturais afetam as condições de trânsito. Sendo
fatores ou combinações de fatores que contribuem para aumentar as situações de risco
no trânsito, podendo comprometer a segurança. Sob estas condições, o motorista da am-
bulância, deverá adotar atitudes preventivas que garantam, como já foi visto, a segurança
da equipe, da vítima e dos demais usuários das vias públicas.
4.1. Chuva
Reduz a possibilidade de ver e ser visto de todos os condutores, pelo acúmulo de
água nos para-brisas e pelo embaçamento dos vidros no carro fechado, causado pela res-
piração de seus ocupantes. Além disso, deposita uma lâmina de água sobre a pista, o que
modifica a aderência dos pneus, dificultando a frenagem e favorecendo derrapagens, pro-
porcionando a ocorrência de hidro ou aquaplanagem.
4.1.1. Atitudes defensivas do motorista:
● Conserve e revise constantemente os limpadores de pára-brisas e seu siste-
ma de acionamento e fusíveis;
● Ao dirigir redobre os cuidados e a atenção;
● Reduza a velocidade para aumentar a aderência dos pneus ao solo, evitan-
do derrapagens e favorecendo as ações dos freios;
● Aumente a distância com o veículo à frente, e evite ficar ao lado de outros
veículos;
● Se possível, deixe dois centímetros das janelas abertas, para evitar o emba-
çamento e acione os dispositivos desembaçadores disponíveis;
● Acenda os faróis baixos;
● Não freie bruscamente, acione o freio suave e gradativamente;
● Em caso de chuva torrencial ou chuva de granizo, que impeçam a direção
com segurança e a perda de visibilidade, estacione em local seguro, acione
as luzes de alerta, e aguarde que o tempo melhore.
4.2. Aquaplanagem
É quando o veículo flutua na água, perdendo a aderência do pneu com o solo, o
motorista perde totalmente o controle do veículo, podendo ocorrer em qualquer tipo de pi-
so.
4.2.1. Atitudes defensivas do motorista:
● Observar com atenção presença de poças de água sobre a pista, mesmo
não havendo chuva;
● Reduzir a velocidade antes de entrar na área empoçada;
- 49 -
Direção Defensiva
● Quando o veículo estiver na poça, não utilize os freios, segure firmemente o
volante, procurando mantê-lo reto com a pista, até conseguir novamente a
aderência do veículo;
● Sempre verifique a profundidade dos sulcos dos pneus da ambulância;
4.3. Vento
Produzido por condições climáticas ou pela passagem de outros veículos, pode
deslocar o seu veículo, reduzindo e ocasionando a perda de estabilidade e o descontrole
do veículo.
4.3.1. Atitudes defensivas do motorista:
● Acostume-se a olhar a vegetação ao redor da pista, é um bom indicativo da
velocidade dos ventos e sua direção;
● Ao perceber um grande veículo em sentido contrário ou ultrapassando-o, re-
duza a velocidade;
● Tome o controle firme do volante, afaste-se um pouco para a direita;
● Cuidado especial com pontes e viadutos.
4.4. Neblina ou Cerração
4.4.1. Atitudes defensivas do motorista:
● Ligue os faróis baixos (a luz alta causa o fenômeno da reflexão, causando
ainda menos visibilidade), ou a luz de neblina se tiver;
● Redobre a atenção e o cuidado, diminuindo a velocidade;
● Evite realizar ultrapassagens;
● Caso não haja condições mínimas de segurança e visibilidade, estacione, e
aguarde melhores condições de dirigibilidade;
● Caso seja absolutamente necessário dirigir, procure seguir um veículo maior
como caminhão ou ônibus, com certa distância segura;
● Atenção com frenagens bruscas ou até mesmo paradas repentinas dos veí-
culos à frente.
4.5. Iluminação
A intensidade da luz modifica a possibilidade de ver e ser visto. A luz em excesso
ofusca a visão e a penumbra oculta as pessoas e outros veículos.
4.5.1. Atitudes defensivas do motorista:
● Em condições de iluminação inadequada reduza a velocidade;
● Havendo excesso de luz, abaixe o papa sol, em certos casos use óculos es-
curos (crepúsculo matutino ou vespertino);
● Desvie o olhar da fonte luminosa e busque referências, como o meio fio ou o
traçado lateral da via;
- 50 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● À noite, use faróis baixos ao cruzar veículos e desvie o olhar do foco dos fa-
róis que cruzam com você;
● Em condições de penumbra deixe as luzes do veículo acessas, facilitando
ser visto.
4.6. Condições Adversas da Via
O motorista da ambulância deve estar, atento as inúmeras alterações das condi-
ções das vias, que são muito variáveis nos atendimentos das ocorrências, como:
● Largura insuficiente;
● Ponte estreita;
● Trechos escorregadios;
● Má conservação da pista;
● Falta de acostamento;
● Curvas mal dimensionadas;
● Força centrífuga;
● Falta de placas de sinalização;
● Vegetação muito alta e muito próxima da pista;
● Drenagem insuficiente.
5. Orientações Para Evitar o Desgaste Físico ao Dirigir
● Dirija com os braços e pernas ligeiramente flexionados e relaxados, evitando
tensões;
● Apóie o corpo junto ao banco o mais próximo de um ângulo de 90º;
● Procure manter a cabeça junto ao encosto, sem forçar a musculatura do
pescoço;
● A posição das mãos sobre o volante, deve estar na posição do relógio, às 09
horas e 15 minutos;
● Procure manter os calcanhares apoiados sobre o assoalho, evite manter os
pés sobre os pedais quando não estiver usando-os;
● Nunca dirigir ao fazer uso de bebidas alcoólica ou drogas;
● Nunca dirigir fumando ou ao telefone celular;
● Nunca dirigir se estiver utilizando remédios que modifiquem o comportamen-
to psicofísico, de acordo com o seu médico;
● Evite dirigir após ter participado de discussões com seus familiares ou no
trabalho;
● Evite dirigir sob forte tensão, ou acometido de forte emoção;
- 51 -
Direção Defensiva
● Evite dirigir quando estiver com sono, os ficar muito tempo sem dormir, dor-
mir pouco ou dormir mal;
● Evite dirigir logo após realizar refeições muito pesadas, que induzem ao
sono;
● Certificar-se que não há nenhum objeto que possa ser deslocado quando
em movimento;
● Dirigir com roupas confortáveis, e adequadas a temperatura ambiente, para
não sentir muito frio e nem muito calor;
● Sempre faça check-up completo para constatar problemas, como histórico
de problemas cardio-vasculares, pressão arterial fora dos padrões normais,
com suspeita de epilepsia, ou qualquer outro que possa colocar em risco as
seguras condições de direção. Ao constatar, solicite imediatamente afasta-
mento das funções de motorista, desde que comprovadamente orientado por
médico responsável;
● Esteja sempre em dia com os exames oftalmológicos, para uso de óculos ou
lentes corretivas;
● Enquanto dirige converse apenas o indispensável com a equipe de serviço;
● Quando a ambulância em movimento, o rádio deverá ser acionado por outro
integrante da equipe;
6. Inspeção Veicular
Todo veículo, inclusive a ambulância, dispõe de equipamentos e sistemas impor-
tantes para evitar situações de perigo que possam levar a acidentes, como pneus, siste-
ma de freios, iluminação, suspensão, direção, etc.
Todos os componentes e equipamentos do veículo, se desgastam com o uso; o
desgaste de um componente pode prejudicar o funcionamento de outros e comprometer a
segurança. Isso deve ser evitado, observando-se a vida útil e a durabilidade definida pe-
los fabricantes dos componentes, dentro de condições específicas de uso.
É de responsabilidade do motorista, em toda passagem de serviço, ao assumir a
ambulância, realizar a manutenção preventiva e verificar o funcionamento de itens obriga-
tórios. A observação é simples seja pela inspeção do painel ou inspeção visual/manual.
Realizar uma ficha de vistoria da ambulância, para facilitar o acompanhamento das
manutenções e as condições gerais da ambulância, onde deverá conter: Identificação da
ambulância, kilometragem, data, nome do motorista e deixar um espaço para anotar ob-
servações apontadas pelo motoristas que está saindo de serviço.
Deverá ainda verificar obrigatoriamente:
● Indicador do nível de combustível;
- 52 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Observar os reservatórios do nível de óleo do motor, do sistema de freio, di-
reção hidraúlica e sistema de transmissão (câmbio);
● Certifique-se que não há vazamentos presentes, ou sinais de consumo ex-
cessivo;
● Aferir as condições dos filtros de ar e óleo; marcar na ficha de apontamentos
a quilometragem para a troca destes itens;
● Nível do reservatório da água do radiador e do reservatório do limpador do
pára-brisa;
● Palhetas do limpador do pára-brisa, se estiverem danificadas ou ressecadas,
solicite a substituição;
● Funcionamentos das luzes dos faróis, luzes baixa, média e alta;
● Funcionamento dos piscas, da luzes traseira, luz de ré e de freio;
● Verificar sirene,luzes de emergência;
● Pneus : verifique as condições gerais, desgastes, profundidade dos sulcos,
existência de deformidades;
● Calibragem: deve ser feita para as ambulâncias, pelo menos uma vez a
cada três dias, siga as recomendações do fabricante para as libras de pres-
são necessárias (não esqueça do estepe);
● Verifique, os cintos de segurança, freio de mão, espelhos retrovisores, extin-
tor de incêndio;
● Verificar as mangueiras (combustível, óleo e água), procurando por vaza-
mentos, ressecamentos e encaixes, os quais podem romper as mesmas;
● Verificar visualmente as correias, atenção para a kilometragem recomenda-
da para troca pelo fabricante.
Importante, é anotar todas as alterações encontradas, repassar imediatamente ao
responsável para que providencie a imediata substituição, avise sempre durante a passa-
gem de serviço, mostrando a ficha de apontamentos para o motorista que estará assumin-
do a ambulância; quando houver qualquer alteração das peças acima, bem como a troca
ou complemento do óleo da e água, também deverá ser anotado para controle. Perceben-
do qualquer tipo de situação anormal com a ambulância, barulhos que não são normais,
falhas de acionamento elétrico ou do motor, sons estranhos, etc., comunicar imediatamen-
te, para evitar que o problema se agrave. Não se esqueça a vítima pode ser você. Assim
você estará fazendo a sua parte, cuidando do bem público, aumentando a vida útil do veí-
culo.
7. Velocidade e Tempo de Reação
Do ponto de vista da segurança devemos estar sempre muito atentos na condução
de um veículo, pois a qualquer momento pode ser necessário tomar uma ação rápida
para evitar se envolver em um acidente de trânsito. Quando um motorista precisar frear
- 53 -
Direção Defensiva
bruscamente, o seu automóvel deve ter uma distância mínima do veículo que segue à
frente para garantir a sua segurança e a dos outros. Mesmo que as condições do motoris-
ta, do automóvel, dos freios, dos pneus e do asfalto sejam as melhores possíveis, existe
um determinado tempo para que o motorista possa reagir a uma situação de risco. Esse
tempo é denominado TEMPO DE REAÇÃO que varia de pessoa para pessoa (+ ou – de
0,75 a 1,5 segundo) e é decorrente de um estímulo e uma reação efetiva do condutor
(resposta). Já a DISTÂNCIA DE REAÇÃO é o espaço percorrido pelo veículo no instante
em que o motorista percebeu uma situação de risco potencial a sua frente, até o momento
em que ele acionou o sistema de freios do seu veículo. Do momento em que o motorista
acionou o pedal de freios até o ponto em que o veículo parou – nesse segmento, que va-
ria segundo o estado dos freios, dos pneus, das condições da via pública (seca, rugosa,
lisa, molhada, aclive, declive) – essa distância percorrida pelo veículo é chamada de DIS-
TÂNCIA DE FRENAGEM. Para sabermos qual é o espaço necessário para parar o veícu-
lo, deve-se somar a distância de reação à distância de frenagem. Quando estamos logo
atrás de outro veículo é indispensável que exista uma distância de segurança que nos
permita imobilizar o automóvel sem colidir com o veículo da frente, em caso de uma frea-
da ou manobra brusca. Essa distância varia de acordo com a velocidade desenvolvida e a
permitida para o local. A tabela 3.1 nos proporcionará uma idéia dos tempos de reação,
distância de reação e de velocidade, necessários para um veículo parar em diferentes ve-
locidades:
Tabela 3.1
Tabela comparativa entre velocidade e distância de parada para automóveis
Velocidade
Km/h
Distância de
reação 3/4s.(m)
Distância de
frenagem (m)
Distância de
parada (m)
40 8,33 7 15,33
50 10,41 13 23,41
60 12,50 18 30,5
70 14,58 25 39,58
80 16,67 33 49,67
90 18,75 41 59,71
100 20,83 51 71,83
110 22,91 62 84,91
120 25,00 74 99
130 27,08 87 114,08
140 29,16 100 129,16
150 31,24 115 146,24
160 33,32 131 164,32
170 35,41 149 184,41
180 37,48 167 204,48
- 54 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Existem vários tipos de colisão que podem acontecer com o seu veículo, e os com-
portamentos perigosos dos condutores nas vias também são bem variados, mas o fator
mais comum nos acidentes é não ter conseguido desviar ou parar a tempo o seu veículo,
evitando a colisão.
8. Como Parar
Você, condutor defensivo, deve conhecer os tipos de paradas do veículo, tempo e
distância necessários para cada uma delas.
● Distância de seguimento – É aquela que você deve manter entre o seu
veículo e o que vai à frente, de forma que você possa parar, mesmo numa
emergência, sem colidir com a traseira do outro. O ideal é manter a distância
de aproximadamente dois segundos em relação a um ponto fixo.
● Distância de reação – É aquela que seu veículo percorre, desde o momen-
to que você vê a situação de perigo, até o momento em que pisa no freio.
Ou seja, desde o momento em que o condutor tira o pé do acelerador até
colocá-lo no freio. Varia de pessoa para pessoa, mas no geral está entre
0,75 e 1,5 segundos.
● Distância de frenagem – É aquela que o veículo percorre depois de você
pisar no freio até o momento total da parada. Você sabe que o seu veículo
não pára imediatamente, não é mesmo?
● Distância de parada – É aquela que o seu veículo percorre desde o mo-
mento em que você vê o perigo e decide parar até a parada total do seu veí-
culo, ficando a uma distância segura do outro veículo, pedestre ou qualquer
objeto na via. Ou seja, é a soma da distância da reação com a distância da
frenagem.
9. Distância Segura
Para você saber se está a uma distância segura dos outros veículos, vai depender
das condições climáticas (sol ou chuva), da velocidade, das condições da via, dos pneus
e do freio do carro, da visibilidade e da sua capacidade de reagir rapidamente.
- 55 -
Fig 3.1 – Esquema de distancias para parar
Direção Defensiva
Existem tabelas e fórmulas para
você calcular esta distância, principalmen-
te nas rodovias, mas como elas variam
muito, e dependem além do tipo e peso
do veículo, de outros fatores que também
variam muito, o melhor é manter-se o
mais longe possível (dentro de um juízo
de bom senso), para garantir a sua segurança.
Porém, para manter uma distância segura entre os veículos nas rodovias, sem a
utilização de cálculos, fórmulas ou tabelas, vamos lhe ensinar a usar "o ponto de refe-
rência fixo":
● Observe a estrada à sua frente e escolha um ponto fixo de referência (à
margem) como uma árvore, placa, poste, casa, etc.
● Quando o veículo que está à sua frente passar por este ponto, comece a
contar pausadamente: mil e um, mil e dois. (mais ou menos dois segundos).
● Se o seu veículo passar pelo ponto de referência antes de contar (mil e um e
mil e dois), deve aumentar a distância, diminuindo a velocidade, para ficar
em segurança.
● Se o seu veículo passar pelo ponto de referência após você ter falado as
seis palavras, significa que a sua distância, é segura.
● Este procedimento ajuda você a manter-se longe o suficiente dos outros veí-
culos em trânsito, possibilitando fazer manobras de emergência ou paradas
bruscas necessárias, sem o perigo de uma colisão.
10. Dirigindo uma Ambulância
10.1. Responsabilidade do Motorista de uma Ambulância
No atendimento pré-hospitalar a vítimas de emergências, o papel do motorista da
equipe reveste-se especial importância, sem ele a unidade de atendimento não se deslo-
ca e dele depende a segurança do conjunto socorrista-vítima, adotado em sua cidade:
Para desempenhar bem o seu papel o motorista da unidade de emergência deve:
● Ser habilitado, atualmente o CTB, exige a categoria “D”, para ser motorista
de ambulância;
● Ter feito pelo menos um curso de direção defensiva;
● Conhecer a cidade e dominar seu sistema viário, conhecendo as principais
referências para se situar em qualquer bairro;
● Saber situar com rapidez o destino para o qual é despachado e saber obter
informações adicionais da central de operações, via rádio, para melhor loca-
lizar o destino exato;
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Fig 3.1 – Esquema de distancia segura
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Decidir-se pelo caminho mais rápido e seguro e dirigir-se diretamente para o
local;
● Dirigir com a rapidez possível, dando prioridade total á segurança da ambu-
lância e sua equipe, dos demais veículos e seus ocupantes e dos pedestres;
● Estacionar a ambulância cuidadosamente e em segurança;
● Participar do atendimento da vítima (o ideal é que o motorista também seja
socorrista);
● Conhecer as lesões apresentadas pela vítima e o tipo de atendimento que
deverá receber em rota, dirigindo de modo compatível com a segurança;
● Cuidados com freadas bruscas, lombadas, deformações na pista, evitando
agravar as lesões;
● Usar o caminho menos acidentado e mais direto para o hospital destinado a
receber vítima;
● Usar de modo apropriado a sinalização da ambulância;
● Administrar seu tempo de folga garantindo repouso pessoal adequado a um
desempenho seguro.
10.2. Sinalização da Ambulância
A sinalização da ambulância tem por finalidade assinalar aos demais motoristas e
pedestres a presença de um veículo deslocando-se em regime de urgência, seja para
chegar a um local onde um atendimento foi requisitado, seja por estar transportando uma
pessoa em estado crítico, necessitando chegar a um hospital ao menor tempo possível,
com segurança máxima. Somente nestes casos está indicado e justificado o uso da sinali-
zação especial do veículo.
A sinalização tem limitações no seu alcance, não garante que todos irão percebe-
la, nem tampouco garante que aqueles que perceberam vão colaborar e lhe dar passa-
gem. Ou seja, embora usando toda a sinalização disponível, ainda assim o condutor da
ambulância deve tomar todos os cuidados prescritos pela prática da direção defensiva.
A luz vermelha é mais eficaz como sinalização dirigida para os veículos que transi-
tam em sentido oposto. A sirene é mais efetiva para alertar os motoristas dos veículos à
frente da ambulância, devendo ser ligada com antecedência, para ser ouvida de longe
(acionar a sirene logo atrás do veículo da frente pode assustar o motorista, fazendo-o fre-
ar bruscamente, com risco de colisão). O comportamento desejado (e nem sempre produ-
zido) é de que o condutor do veículo à frente libere a passagem, retirando seu veículo o
mais o para a direita possível e parando até que o veículo de emergência ultrapasse.
Quando mais de um veículo de emergência está em deslocamento, a distância mínima
entre eles deve ser de 150 metros. Veículos de emergência não devem se ultrapassar.
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Direção Defensiva
10.3. Transportando uma Vítima
Poucas emergências exigem o deslocamento urgente para o hospital. Entre elas
destaca-se a hemorragia incontrolável e os casos de nível 3. Mesmo neste caso, entretan-
to, a segurança continua tendo prioridade sobre a urgência, uma vez que um acidente en-
volvendo a ambulância produzirá considerável atraso na chegada da vítima ao seu desti-
no.
Nas emergências em que o diagnóstico pré-hospitalar da vítima não seja muito gra-
ve (nível 1 e 2), portanto, em que a urgência seja relativa, o deslocamento suave impede
que as lesões apresentadas pela vítima sofram agravos secundários, decorrentes de sola-
vancos, deslizamentos e deslocamentos, sendo de todo desejável. Isto é particularmente
verdadeiro se a vítima apresenta fraturas, especialmente aquelas com lesão associada de
vasos sangüíneos e nervos.
Nos pacientes com problemas cardiológicos, o tranporte deve ser o menos turbu-
lento possível. São pacientes que experimentam uma aguda sensação de morte iminente,
que pode ser acentuada pela remoção tumultuada. Em princípio está contra indicado o
uso da sinalização da ambulância, especialmente a sirene. Se o paciente encontra-se em
parada cardio-respiratória, é claro que há urgência em se chegar ao hospital. Entretanto,
a equipe não pode manter uma RCP adequada se a ambulância estiver se deslocando
em alta velocidade, o que impede manobras efetivas.
Pacientes psiquiátricos também se sentem melhor e mais cooperativos se transpor-
tados sem a sinalização sonora.
Nas emergências obstétricas, o transporte também deve ser calmo e cuidadoso. Se
o parto se desencadeia, o melhor a fazer é estacionar a ambulância em segurança e aju-
dar na realização do mesmo e no cuidado do recém-nato, após o que pode-se prosseguir
até o hospital.
10.4. Seqüência de Procedimentos ao Estacionar a Ambulância
● Aproximar-se do local da emergência com cautela;
● Avaliar a área de estacionamento a ser utilizada;
● Observar as condições de risco do local para pessoas e coisas;
● Decidir sobre o local de estacionamento com base no emprego da ambulân-
cia, facilitando o embarque da vítima;
● Avisar o COBOM de sua chegada e das condições encontradas;
● Estacionar de forma que se permita , se possível, a fluidez do trânsito, dei-
xando espaço para outras viaturas;
● Posicionar as viaturas de forma a proteger as guarnições;
● Calçar a viatura e estabilizá-la quando for o caso;
● Sinalizar a viatura e o local escolhido;
- 58 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Isolar a área;
● Informar o COBOM sobre as áreas de estacionamento, e qualquer informa-
ção que auxilie as outras viaturas que poderão ser deslocadas ao sinistro.
- 59 -
Cinemática do Trauma
CAPÍTULO 4
CINEMÁTICA DO TRAUMA
1. Introdução
Trauma é uma lesão caracterizada por uma alteração estrutural ou fisiológica resul-
tante da ação de um agente externo que resulta na exposição a uma energia (mecânica,
térmica, elétrica), esta energia pode ter origens bio-físico-químicas.
As mortes ocasionadas por traumas ocupam entre a segunda ou terceira posição
geral na morbidade dos países, (perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e
neoplasias). Porém entre os indivíduos das faixas etárias inferiores a 40 anos é a principal
causa de morte.
Cada vítima de trauma aparenta ter suas próprias apresentações de lesões, mas
na verdade muitos pacientes possuem métodos similares de traumatismos. O conheci-
mento destes mecanismos de lesões permitirão ao médico e socorrista um rápido diag-
nóstico ou pelo menos a suspeita das lesões através de métodos usuais.
No atendimento inicial do traumatizado devemos apreciar criteriosamente os meca-
nismos que produziram os ferimentos. Entendendo os mecanismos de trauma e manten-
do um alto grau de suspeita, o socorrista ganha em aptidão para diagnosticar os ferimen-
tos ocultos e um precioso tempo na instituição do tratamento. Todo ferimento potencial-
mente presente deve ser investigado, tendo em vista o mecanismo de trauma em ques-
tão.
“Saber onde procurar lesões e tão importante quanto saber o que fazer após encon-
tra-las”
Embora existam vários mecanismos de trauma os mais comuns relacionam-se com
o movimento, respondendo pela maioria das mortes por trauma.
Cinemática do Trauma é portanto o processo de análise e avaliação da cena do
acidente, com o escopo de se estabelecer um diagnóstico o mais precoce possível das le-
sões resultantes da energia, força e movimentos envolvidos. Através da cinemática do
trauma o socorrista pode informar ao médico intervencionista e/ou regulador dados de
suma importância para o tratamento mais adequado a ser dispensado na fase hospitalar,
e também guiar seu próprio atendimento pré-hospitalar. Esta ciência é baseada em princí-
pios fundamentais da física:
- Primeira Lei de Newton -"Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou
de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por
forças impressas a ele." - Princípio da Inércia. (Mesmo que um carro colida e pare, as
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Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
pessoas no seu interior continuam em movimento até colidirem com o painel, direção, pa-
rarias etc.)
Mas, por que este repentino início ou parada de movimento resulta em trauma ou
lesões? Esta questão é respondida por um segundo princípio da Física:
“A energia pode ser transformada de uma forma em outra em um sistema isolado,
mas não pode ser criada ou destruída; a energia total do sistema sempre permanece
constante”. Considerando-se o movimento de um carro como uma forma de energia
(energia cinética), quando o carro colide, esta forma de energia é transformada em outras
(mecânica, térmica, elétrica, química).
Considerando que E = m. V² , sendo E = energia cinética (movimento)
2 m = massa (peso)
V = velocidade
Conclui-se que quanto maior a velocidade, maior a troca de energia resultando as-
sim em maiores danos aos organismos envolvidos.
Para que um objeto em movimento perca velocidade é necessário que sua energia
de movimento seja transmitida a outro objeto. Esta transferência de energia ocorre quan-
do, por exemplo um objeto em movimento colide contra o corpo humano ou quando o cor-
po humano em movimento é lançado contra um objeto parado, os tecidos do corpo huma-
no são deslocados violentamente para longe do local do impacto pela transmissão de
energia, criando uma cavidade, este fenômeno chama-se cavitação. A avaliação da ex-
tensão da lesão tecidual é mais difícil quando não existe penetração cutânea do que
quando há uma lesão aberta. Por exemplo, um soco desferido no abdome pode deformar
profundamente a parede abdominal sem deixar marcas visíveis externamente, mas com
lesão de órgãos abdominais internos. Por isso é obrigatório pesquisar a história do evento
traumático. Uma cavidade com deformação visível após um impacto é definida como per-
manente. Já uma cavidade (ou deformidade) não visualizada quando o socorrista ou mé-
dico examina a vítima é definida como temporária, na qual o tecido retorna para a sua po-
sição normal. A diferença entre as duas está relacionada a elasticidade dos tecidos.
- 61 -
Fig 4.1 – Fenômeno da cavitação gerando cavidade temporária e definitiva nos ferimentos por projétil de
arma de fogo
Cinemática do Trauma
Analisando o mecanismo de trauma é possível ao socorrista estimar o tamanho da
cavidade no momento do impacto, assim como as demais lesões decorrentes do mesmo.
2. Fases da Cinemática do Trauma
Na avaliação da cinemática do evento que possa causar traumatismos em um indiví-
duo podemos dividir sua evolução em 3 fases: Pré-colisão, Colisão e Pós-colisão.
(Consideremos a colisão não apenas como acidente automobilístico mas também colisão
de qualquer objeto, corpo ou forma de energia contra o corpo humano).
2.1. Pré-colisão: A história do incidente traumatizante começa com a pré-colisão
com dados como ingestão de álcool ou drogas, doenças preexistentes, condições
climáticas e ainda tamanho, peso, idade e sexo da vítima e/ou agressor.
2.2. Colisão: A segunda e talvez a mais importante fase na anamnese do trauma
é a “fase da colisão propriamente dita”, fase esta que começa quando um objeto colide
com outro e ocorre uma transmissão de energia entre eles. Os objetos podem estar
em movimento ou um deles estacionado, e qualquer um dos objetos ou ambos, podem
ser um corpo humano. Esta fase começa pelo início das trocas e transformações
energéticas entre os corpos e termina quando a ação energética se extingue ou deixa
de atuar sobre o organismo da vítima.
São considerações importantes para o atendimento:
● A direção na qual a variação de energia ocorreu.
● Quantidade de energia transmitida.
● Forma com que estas forças afetaram o paciente. (Exemplo: altura da
queda, calibre da arma, tamanho da lâmina).
2.3. Pós-colisão: As informações conseguidas nas fases anteriores são usadas
para melhor abordagem da vítima na fase pós-colisão, fase esta que inicia tão logo a
energia se extingua ou deixe de atuar sobre o organismo da vítima.
3. Trauma Contuso x Trauma
Penetrante
Está diretamente relacionado ao ta-
manho da superfície de contato do objeto
contra o corpo no momento do impacto.
Se toda a energia do objeto está
concentrada numa pequena área de con-
tato com a superfície do corpo, se espera
que a pele se rompa e o objeto penetre
no corpo (trauma penetrante). Por outro
- 62 -
Fig 4.2 – Trauma contuso - Apenas cavidade temporária
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
lado, um objeto grande, a energia vai se espalhar por uma grande área da superfície cor-
poral e a pele pode não ser rompida (trauma contuso). Da mesma forma podemos con-
cluir que o trauma contuso cria uma cavidade temporária, já no trauma penetrante a cavi-
dade pode ser temporária ou definitiva. Por exemplo: um projétil de arma de fogo, rompe
e penetra na pele cavidade definitiva — e no seu trajeto pelo corpo pode provocar deslo-
camento de tecidos no sentido frontal e lateral — cavidade temporária.
De acordo com o exposto, podemos deduzir que o efeito do conjunto de forças que
resulta em lesões corporais está diretamente relacionado ao conhecimento da anatomia
do corpo humano e das diversas formas de energia.
Considerando-se portanto, a relevância do movimento nos
mecanismos de trauma, é obrigatória a análise clínica da vítima
focada nos aspectos relacionados a cinemática dos corpos en-
volvidos na cena do acidente.
O conhecimento da ocorrência de permuta de energia e
de suas variáveis pela equipe de resgate, tem grande importân-
cia prática. Isto pode ser evidenciado quando se compara duas
equipes que atendem um motorista que se chocou violentamen-
te contra o volante. A que conhece cinemática do trauma, mes-
mo não reconhecendo lesões externas, saberá que ocorreu
uma cavitação temporária e uma grande desaceleração suspei-
tando de lesões de órgãos intratorácicos. Com isso, a conduta
será mais agressiva, minimizando a morbi-mortalidade dos pa-
cientes. Já a que não tem estes conhecimentos, não suspeitará
de lesões de órgãos intratorácicos, retardando o diagnóstico e
conduta das mesmas, influenciando diretamente na sobrevida
dos pacientes.
4. Mecanismos de Lesão
4.1. Acidente Automobilístico – Colisão Frontal
4.1.1. Cabeça e Pescoço: Quando a cabeça
colide contra o para-brisa geralmente ocorrem
ferimentos corto-contusos em crânio e face, com
possíveis lesões nos olhos, o crânio pode ser ainda
comprimido e fraturado ocorrendo a penetração de
fragmentos ósseos no cérebro. A coluna cervical sofre
uma violenta compressão podendo ser angulada além
de seus limites anatômicos, podendo sofrer luxações
e/ou rupturas de vértebras com consequentes lesões
aos tecidos moles do pescoço e medula espinhal.
- 63 -
Fig 4.4 – Colisão frontal em crânio
Fig 4.3 – Trauma penetrante
cavidade temporária e
definitiva
Cinemática do Trauma
4.1.2. Tórax e Abdômen: Durante uma colisão, o movimento do corpo é
suspenso, mas os órgãos da cavidade torácica e abdominal tendem a continuar o
movimento para frente, estando sujeitos a se romperem no ponto onde estão ligados à
parede torácica e abdominal, como no pedículo vascular de órgãos (aorta ascendente,
rins, baço, intestino delgado e grosso). Outra situação em conseqüência da
desaceleração é a laceração do fígado, geralmente pela compressão do abdômen
contra o volante. Com o aumento de pressão no abdômen, pode haver ruptura do
diafragma.
4.1.3. Joelho:
Quando o ocupante do
veículo continua o
movimento para a
frente e para baixo
depois que o carro
para, o impacto do
joelho contra o painel
do veículo resulta em
sua fratura ou luxação,
com lesão de vasos
- 64 -
Fig 4.7 – Lesões produzidas pelo impacto de tórax em colisão frontal
Fig 4.8 – Ações em abdome e membros inferiores
Fig 4.5 – Ações em crânio e pescoço Fig 4.6 – Colisão frontal em tórax
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
que, se não detectada, pode levar até à amputação da perna.
A energia do impacto do joelho contra o painel, se transmitida, causa fratura de
fêmur e/ou fratura e luxação de quadril. Esse tipo de fratura costuma provocar forte
hemorragia, pondo em risco a vida da vítima.
4.2. Acidente Automobilístico – Colisão Traseira
Se o veículo parado ou que se desloca lentamente sofre colisão na parte
traseira, a energia do impacto provoca aceleração rápida e o lança à frente, as-
sim como tudo o que está em contato com ela. Se não houver apoio para a cabe-
ça, pode acontecer a hiperextensão do pescoço e o risco de lesão na medula es-
pinhal. Geralmente, após a aceleração rápida, o veículo é obrigado a parar subi-
tamente e seus ocupan-
tes lançados para a
frente, como no meca-
nismo de colisão frontal.
Como o veículo sofre
dois tipos de impacto
(frontal e traseiro), o so-
corrista ficará atento a
essa possibilidade e, na
cena do acidente, bus-
cará as lesões relacio-
nadas aos dois tipos de
situação.
4.3. Acidente Automobilístico – Colisão Lateral
O veículo sofre colisão na sua
lateral, causando deslocamento no
sentido do impacto. Toda a lataria do
veículo é lançada sobre o lado do
ocupante, que sofrerá lesões por duas
maneiras:
Pelo movimento do carro - lesão
bem-discreta se o passageiro estiver
com o cinto de segurança.
Pela projeção da porta para o
interior, comprimindo o passageiro.
Recebendo o impacto no tórax, haveria fratura de costelas pelo lado da colisão,
além de contusão pulmonar, tórax instável, ruptura de fígado ou baço. A compressão
- 65 -
Fig 4.9 – Colisão traseira - risco de trauma cervical
Fig 4.10 – Colisão lateral
Cinemática do Trauma
do ombro contra a clavícula causaria fratura desse osso.
A força lateral aplicada pela porta do veículo sobre a cabeça do fêmur,
forçando-o medialmente, resultaria em sua fratura e em fratura da pelve.
A coluna cervical está sujeita a flexão lateral e rotação pelo impacto lateral, e a
combinação desses dois movimentos é responsável por lesões graves de coluna
cervical.
O socorrista também deve estar atento à possibilidade de colisão dos
ocupantes do veículo entre si, principalmente entre cabeças e ombros.
4.4. Acidente Automobilístico – Capotamento
Num capotamento, o carro sofre
uma série de impactos em diferentes
ângulos, assim como os ocupantes do
veículo e seus órgãos internos. Assim,
todos os tipos de ferimentos
mencionados anteriormente podem ser
esperados, além da probabilidade de
trauma de coluna vertebral. Se as
vítimas forem ejetadas do veículo (por
estarem sem cinto de segurança), a
situação geralmente é grave.
4.5. Cinto de Segurança
A maior parte das vítimas com as lesões descritas anteriormente não estava
utilizando o cinto de segurança. Vinte e sete por cento (27%) das mortes que ocorrem
nos acidentes de trânsito se devem ao fato de as vítimas serem ejetadas do veículo.
Estas têm seis vezes mais chances de morrer. Entre as vítimas que não vão a óbito,
grande parte sofre trauma de coluna e fica com seqüelas graves.
As estatísticas comprovam que o cinto
de segurança realmente salva vidas,
considerando-se mais adequado aquele que
cruza tórax e abdômen e atravessa a pelve
(cinto de 3 pontos).
Nos acidentes automobilísticos cujas
vítimas utilizam o cinto de segurança, as
lesões geralmente são poucas e de menor
gravidade.
Quando o cinto utilizado apóia
somente a pelve, a energia do impacto é absorvida pelos tecidos moles da cavidade
abdominal, em retroperitônio, predispondo a lesões de órgãos abdominais internos.
- 66 -
Fig 4.11 – Uso do cinto de 3 pontos
Fig 4.10 – Capotamento
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
Ainda assim, seguramente, as lesões são menos graves do que as de quem não usa
qualquer cinto de segurança.
Para crianças até 10 anos de idade é obrigatória a permanência no banco
traseiro do veículo, e ainda existem cuidados especiais conforme a tabela abaixo:
Tabela 4.1
Tabela de fixação de segurança em veículos para bebês e crianças
Peso & Idade Posição Equipamento
Até 13 Kg ou 1 ano
de idade
Voltada para a traseira do veículo,
com leve inclinação das costas
Bebê conforto
De 13 a 18 Kg ou
até 4 anos de idade.
Voltada para frente na posição
vertical
Cadeirinha de segurança
De 18 a 36 Kg ou
até 10 anos de idade
se altura inferior a
1,45 m
No banco traseiro com cinto de 3
pontos
Assento de elevação
Obs: – Para garantir a segurança a cadeirinha deve estar corretamente instalada.
– O cinto de segurança do carro deve passar pelos locais indicados no equipamento, e não deve
mover mais que 2 cm para os lados após a fixação.
– Leia atentamente as instruções do equipamento e o manual do veículo.
– Só compre cadeirinha que tenha o selo de certificação do INMETRO
Fonte: DETRAN-PR
4.6. "Airbag"
Bastante útil na colisão frontal, o air bag absorve a energia lentamente,
aumentando a distância de parada do corpo na desaceleração rápida, o que amortece
o impacto do corpo contra o interior do veículo.
- 67 -
Fig 4.12 – Bebê conforto
Fig 4.14 – Assento de elevação
Fig 4.13 – Cadeirinha de segurança
Cinemática do Trauma
Não registra grande benefício na colisão lateral, na colisão traseira, no
capotamento e tampouco numa segunda colisão, visto que ele desinsufla rapidamente
após o impacto.
O air bag deve associar-se ao uso do cinto de segurança.
4.7. Acidente Automobilístico – Acidente de Motocicleta
Os acidentes de motocicleta são responsáveis por grande número de mortes
todos os anos. O mecanismo de trauma é o mesmo da colisão de veículo e segue as
leis da Física.
O uso do capacete previne lesões de face e crânio.
Numa colisão frontal contra um objeto, a moto inclina-se para a frente e o
motociclista é jogado contra o guidom, esperando-se trauma de cabeça, tórax e
abdômen. Caso pés e pernas permaneçam fixos no pedal e a coxa colida contra o
guidom, pode ocorrer fratura bilateral de fêmur.
Na colisão lateral do motociclista, geralmente há compressão de membros
inferiores provocando fraturas de tíbia e fíbula.
Fig 4.17 – Acidentes com motocicletas.
Nos casos de colisão com ejeção do motociclista, o ponto de impacto determina
- 68 -
Fig 4.15 – Ação do Airbag Fig 4.16 – Cinto de três pontos e Airbag
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
a lesão, irradiando-se a energia para o resto do corpo. Como nos automobilísticos,
geralmente as lesões são muito graves nesse tipo de acidente.
4.8. Acidente Automobilístico – Atropelamento
Na abordagem de vítima de atropelamento, é importante conhecer sua idade,
pois existem mecanismos distintos de trauma entre adultos e crianças. Quando o
adulto percebe estar prestes a ser atropelado, ele se vira de costas para o veículo, na
tentativa de se proteger; logo, as lesões se localizam nas regiões posterior e lateral do
corpo. Por outro lado, as crianças encaram o veículo atropelador de frente.
Existem três fases no atropelamento:
● Impacto inicial nas pernas, às vezes atingindo coxa e quadril;
● Tronco lançado contra o capô do veículo;
● Vítima caída no asfalto – geralmente o primeiro impacto na cabeça, com
possibilidade de trauma de coluna cervical.
Concluímos que se espera grande número de lesões em vítima de
atropelamento, conforme análise de cada fase: fraturas de tíbia e fíbula, de pelve e
terço superior de fêmur, trauma de tórax, abdômen e coluna vertebral, traumatismo
craniano.
Na avaliação da cena do acidente, o socorrista deve determinar se, após o
atropelamento a vítima não foi atropelada uma
segunda vez por veículo que trafegava próximo.
Na criança, pelo fato de ser menor em
altura, o fêmur ou pelve pode sofrer o primeiro
impacto e fraturar já na primeira fase. Seguem
trauma de tórax, cabeça e face. Lesões
intratorácicas em crianças inicialmente seriam
assintomáticas, devendo o socorrista estar atento
a essa possibilidade.
Fig 4.18 – Atropelamento.
4.9. Quedas
A queda se caracteriza por uma desaceleração vertical rápida.
No atendimento às vítimas de queda, o socorrista deve conhecer:
● altura da queda;
● tipo de superfície com que a vítima colidiu. Exemplos: gramado, concreto
etc.;
● parte do corpo que sofreu o primeiro impacto.
Como a velocidade na queda aumenta com a altura, grandes alturas
- 69 -
Cinemática do Trauma
predispõem a lesões mais graves.
Como referência, considera-se grave a queda de altura três vezes maior que
a altura da vítima.
Chamamos de "síndrome de Don Juan" a queda de altura com aterrissagem
pelos pés. Conforme a altura, acontece fratura bilateral de calcâneos. Após os pés, as
pernas são as próximas partes a absorver a energia - fratura de tornozelos, ossos
longos e quadril. No terceiro momento, verificar fratura com compressão de coluna
torácica e lombar.
Se a vítima apóia as mãos na queda, espera-se fratura de punho.
Assim, cabe-nos determinar a parte do corpo que sofreu o primeiro impacto e,
conseqüentemente, deduzir as lesões relacionadas.
4.10. LESÕES POR EXPLOSÃO
Essas lesões, antes relacionadas somente aos períodos de guerra, estão
tornando-se cada vez mais comuns no mundo civilizado, visto acontecerem em
refinarias, lojas de fogos de artifício, estaleiros, indústrias, minas e também em
domicílios, pela explosão de botijões de gás.
A explosão tem três fases:
● Causada pela onda de pressão proveniente da explosão, atinge
particularmente órgãos ocos ou contendo ar, como pulmões e aparelho
gastrointestinal. Podem ocorrer sangramento pulmonar, pneumotórax,
perfuração de órgãos do aparelho digestivo. A onda de pressão rompe a
parede de pequenos vasos sangüíneos e também lesa o sistema nervoso
central. A vítima morre sem que se observem lesões externas. O socorrista,
sempre atento a essas possibilidades, pesquisa sinais de queimadura nas
áreas descobertas do corpo.
● Em vítima atingida por estilhaços e outros materiais provenientes da
explosão, é possível encontrar lace rações, fraturas, queimaduras e
perfurações.
● Se a vítima é lançada contra um objeto, haverá lesões no ponto do impacto
e a força da explosão se transfere a órgãos do corpo. Elas são aparentes e
muito similares àquelas das vítimas ejetadas de veículos ou que sofrem
queda de grandes alturas.
5. Traumas Penetrantes
5.1. Ferimentos Por Arma Branca
A gravidade dos ferimentos por arma branca depende das regiões anatômicas
atingidas, da extensão da lâmina e do ângulo de penetração, lembrando que o
ferimento no abdômen superior pode atingir o tórax, e ferimentos abaixo do quarto
espaço intercostal, podem penetrar o abdômen.
- 70 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
É fundamental, no atendimento pré-
hospitalar de ferimentos por arma branca, cuja
lâmina ainda se encontre alojada no corpo, não
remover o objeto e, sim, imobiliário junto ao
corpo e transportar rapidamente a vítima ao
hospital.
A lâmina pode estar promovendo
compressão das extremidades vasculares, o
que contém hemorragias, só devendo ser
removida em ambiente hospitalar.
Fig 4.19 – Lesão por arma branca.
5.2. Ferimentos Por Arma de Fogo
No atendimento a vítimas de acidentes por arma de fogo, o sococorrista tenta
informar-se sobre o tipo da arma, seu calibre e a distância de onde foi disparada.
Calibre - diâmetro interno do tambor, que corresponde ao calibre da munição
usada por aquela arma em particular.
Munição - usualmente projéteis
construídos em liga de chumbo sólido que
apresentam ou não uma jaqueta parcial de
aço ou cobre; formato arredondado, chato,
cônico ou pontiagudo; extremidade anterior
do projétil macio ou côncavo para favorecer
expansão e fragmentação.
Fig 4.20 – Revolver calibre .38.
Armas de alta e de baixa velocidade - as que aceleram os projéteis a
velocidades mais baixas são menos letais, incluindo-se aqui todas as armas de
mão e alguns rifles. Ferimentos com essas armas são menos destrutivos que os
produzidos por projéteis que alcançam altas velocidades, embora também
causem ferimentos letais, dependendo da área de impacto.
Fig 4.21 – Rifles altamente letais que disparam projéteis em alta velocidade.
- 71 -
Cinemática do Trauma
Fatores que contribuem para o dano tecidual.
Tamanho do projétil - quanto maior o projétil, maior a resistência oferecida
pelos tecidos e maior a lesão produzida por sua penetração.
Deformidade do projétil - projéteis de "extremidade anterior macia"
achatam-se na ocasião do impacto, resultando no comprometimento de superfície
maior.
Projétil com jaqueta - a jaqueta se expande e amplia a superfície do
projétil.
Giro - o giro do projétil amplia seu poder de destruição.
Desvio - o projétil pode oscilar vertical e horizontalmente ao redor do seu
eixo, ampliando a área de destruição.
Distância do tiro - quanto mais próximo o disparo, maior a lesão
produzida.
Densidade dos tecidos atingidos - o dano produzido é proporcional à
densidade do tecido.
Órgãos altamente densos, como ossos, músculos e fígado, sofrem mais
danos do que os menos densos, lembrando que, ao percorrer o corpo, a trajetória
da bala nem sempre será retilínea, sofrendo desvios e atingindo órgãos
insuspeitados, considerando os orifícios de entrada e saída.
Ferida de entrada;
Geralmente óbvia, pode não ser
identificada se a vítima não for
completamente despida e
examinada.
Ferida de saída; Nem sempre
existe (se o projétil não abandonar o
corpo) e pode ser múltipla para um
único projétil, devido à sua
fragmentação ou à de ossos.
Geralmente a ferida de saída é mais
- 72 -
Fig 4.22 – FAF em tórax com orifício de entrada
anterior e orifício de saída posterior.
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
larga que a de entrada e apresenta bordos lacerados.
Feridas internas; Projéteis em baixa velocidade danificam principalmente
os tecidos com os quais entram em contato. A alta velocidade produz prejuízos a
distância, lesando tanto os tecidos com que o projétil faz contato, como
transferindo energia cinética aos tecidos em redor. Nesse caso, a lesão é
produzida por ondas de choque e pela formação de uma cavidade temporária ao
redor da bala, com diâmetro trinta a quarenta vezes maior que o dela própria,
criando imensa pressão nos tecidos.
Com relação ao atendimento de paciente com ferimento por arma de fogo,
transportá-Io rapidamente ao hospital, principalmente se o ferimento atingir
cabeça, tórax e abdômen. Mesmo pessoas atingidas enquanto usavam coletes à
prova de bala podem apresentar contusões orgânicas graves, sendo mais sérias a
miocardíaca e a pulmonar.
- 73 -
Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar
CAPÍTULO 5
EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
1. Introdução
No atendimento a uma situação de emergência é essencial que a viatura destinada
a atender estes tipos de ocorrência, esteja equipada com todo o equipamento e material
indispensável a oferecer assistência pré-hospitalar a vítima traumatizada. Além disso, a
guarnição escalada na viatura deve estar perfeitamente treinada, com conhecimento pro-
fundo quanto à identificação rápida dos equipamentos e materiais, bem como, das técni-
cas de utilização dos mesmos, tornando assim o atendimento ágil e eficiente.
2. Classificação dos Equipamentos e Materiais
Para fins didáticos, estaremos classificando os equipamentos e materiais da se-
guinte forma:
● Equipamentos de comunicação móvel e portátil;
● Equipamentos para segurança no local do acidente;
● Equipamentos de reanimação e administração de oxigênio;
● Equipamentos de imobilização e fixação de curativos;
● Materiais utilizados em curativos;
● Materiais de uso obstétrico;
● Equipamentos para verificação de sinais vitais;
● Macas e acessórios;
● Equipamentos de uso exclusivo do médico.
3. Definição dos Equipamentos e Materiais
3.1. Equipamentos de Comunicação Móvel e Portátil:
● Equipamentos de comunicação móvel, - rádi-
os VHF/FM: são os mais utilizados no Corpo de
Bombeiros, são capazes de identificar chamadas
possuindo no mínimo 16 canais à 64 canais. Pos-
suem scan com prioridade dupla e grande visor
alfanumérico de 14 caracteres.
- 74 -
Fig 5.1 – Rádio móvel
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Equipamentos de comunicação portátil - rádios
VHF/FM: O rádio Portátil possui várias opções e carac-
terísticas que destacam seu desempenho sendo utiliza-
dos no Corpo de Bombeiros modelos que possuem
desde 16 canais à 64 canais, sem visor ou com visor al-
fanumérico de 8 caracteres, várias faixas de freqüência
PL/DPL, VOX integrada e múltiplas opções de baterias.
3.2. Equipamentos para Segurança no Local do Acidente
● Equipamento de proteção individual – este conjunto de equipamentos
destinam-se a proteção do socorrista e da víti-
ma, objetivando evitar a transmissão de doen-
ças, seja pelo contato com a pele ou através da
contaminação das mucosas; materiais de uso
obrigatório no atendimento no interior das viatu-
ras do Corpo de Bombeiros: luvas descartáveis,
máscara de proteção facial, óculos de proteção,
aventais e capacetes (em locais de risco iminen-
te de acidentes)
● Equipamento de segurança no local – este con-
junto de equipamentos destinam-se a garantir a se-
gurança das guarnições no local do acidente, bem
como, das vítimas envolvidas e da população em
geral; destacam-se entre esses materiais os cones
de sinalização, lanternas, fitas para isolamento e ex-
tintores de incêndios.
3.3. Equipamentos de Reanimação e Administração de Oxigênio
● Cânula orofaríngea ou Cânula de Guedel –
equipamento destinado a garantir a permeabili-
dade das vias áreas em vítimas inconscientes
devido a queda da língua contra as estruturas do
palato, promovendo a passagem de ar através
da orofaringe. Possui vários tamanhos
- 75 -
Fig 5.2 – Rádio portátil
Fig 5.3 – EPI
Fig 5.4 – Equip. Segurança
Fig 5.5 – Cânula orofaríngea
Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar
● Reanimador ventilatório manual ou Ambu
– equipamento destinado a estabelecer venti-
lação artificial manual. Composto de bolsa,
valva ou válvula e máscara, garantindo assim
eficiente insuflação de ar e maior concentra-
ção de oxigênio para a vítima. Equipamento
disponível nos tamanhos adulto e infantil.
● Equipamento de administração de oxigênio por-
tátil – unidade portátil destinada a dar suporte de
oxigênio a vítima acidentada no local da ocorrência
inicial, com capacidade de 300 litros e fluxômetro a
fim de dosar a administração de pelo menos 12 litros
de oxigênio por minuto. Toda a ambulância possui
uma segunda unidade fixa com capacidade de arma-
zenamento maior, possibilitando a continuação da
administração de oxigênio durante o deslocamento
até o pronto socorro.
● Equipamento para aspiração – destinado a as-
piração de secreções da cavidade oral, as quais
obstruem a passagem de oxigênio sendo indis-
pensável uma unidade portátil e uma unidade fixa
na ambulância.
3.4. Equipamentos de Imobilização e Fixação de Curativos
● Tala articulada de madeira e tala de papelão – são equipamentos indis-
pensáveis na imobilização de fraturas e luxações.
● Bandagens triangulares e ataduras de crepom – destinam-se à fixação
de talas e curativos.
- 76 -
Fig 5.6 – Ambu
Fig 5.7 – Oxigênio portátil
Fig 5.8 – Aspirador
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Cintos de fixação – cintos flexíveis e resistentes que destinam-se a prender
a vítima junto a tábua de imobilização.
● Tração de fêmur – equipamento destinado à
imobilização de membros inferiores, com fratu-
ras fechadas. Confeccionado em alumínio ou
aço inox, possuindo regulagem de comprimen-
to com fixação através de tirantes e sistema de
catraca.
● Colete de imobilização dorsal (ked)- equipamento destinado a retirada de
vítimas do interior de veículos que estiverem sentadas, objetivando a imobili-
zação da coluna cervical, torácica e lombar superior. Sua fixação dá-se atra-
vés de tirantes flexíveis fixos e móveis.
● Colar cervical – equipamento destinado a
imobilização da coluna cervical quanto à
movimentos axiais, confeccionado em poli-
etileno, dobrável e de vários tamanhos e
modelos.
- 77 -
Fig 5.10 – Tração de fêmur
Fig 5.11 – Colete de imobilização dorsal (ked)
Fig 5.12 – Colar cervical
Fig 5.9 – Talas e bandagens e cintos de fixação
Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar
● Tabua de imobilização – equipamento destinado à imobilização da vítima
deitada, de vários modelos e tamanhos, possuindo aberturas para fixação de
cintos e imobilizadores de cabeça.
● Imobilizadores de cabeça – equipamento destinado à imobilização total da
cabeça da vítima acidentada. Confeccionado em espuma revestida de um
material impermeável e lavável.
3.5. Materiais Utilizados em Curativos
● Gaze, ataduras de crepom, bandagem,
fita adesiva – material indispensável na
limpeza superficial de ferimentos e con-
tenção de hemorragias em vítimas.
3.6. Materiais de Uso Obstétrico
● Material de assistência ao parto – mate-
rial esterilizado, normalmente colocado
em pacotes hermeticamente fechados,
contendo campos duplos e simples,
clamps para laqueadura umbilical, lençóis
e tesoura.
- 78 -
Fig 5.13 – Tabua de imobilização com cintos e imobilizador lateral de cabe-
ça
Fig 5.14 – Curativos
Fig 5.15 – Kit obstétrico
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
3.7. Equipamentos para Verificação de Sinais Vitais
● Esfigmomanômetro – equipamento destinado à aferição da pressão arteri-
al.
● Estetoscópio - aparelho destinado a ausculta cardíaca e pulmonar.
● Oxímetro de pulso portátil - aparelho eletrôni-
co destinado a medição da saturação periférica
de oxigênio.
● Desfibriladores automáticos externos (DEA) –
equipamento destinado a verificação de arritmias ventriculares (taquicardia e
fibrilação), que se confirmadas através da obediência aos comandos emana-
dos, resultará na aplicação de cho-
ques buscando a reversão do quadro
apresentado.
OBS: a Classificação do DEA, neste
grupo deve-se ao mesmo atuar tam-
bém como monitor cardíaco, identifi-
cando o padrão de atividade elétrica
do coração, é um material de uso de
pessoal treinado, mas não necessari-
amente de profissional de saúde, o
que o diferencia do cardioversor.
- 79 -
Fig 5.16 – Esfigmomanômetro e estetoscópio
Fig 5.17 – Oxímetro de pulso
Fig 5.18 – DEA
Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar
3.8. Macas e Acessórios
● Maca – equipamento destinado ao
transporte de vítima, sendo confecci-
onado em alumínio, com mecanismo
de travamento, possibilitando que a
maca aumente ou diminua a altura.
Cobertor e manta aluminizada – material
destinado ao conforto térmico da vítima.
3.9. Equipamentos de Uso Exclusivo do Médico
Pode estar disponível no próprio veículo de emergência ou em uma maleta médica
que é transportado pelo médico quando se dirige à cena. Inclui:
● Laringoscópio - material de uso exclusivo do mé-
dico, destinado a visualização da laringe a fim de
realizar o procedimento de colocação de cânulas
de entubação endotraqueal.
● Cânulas de entubação endotraqueal –
equipamento que garante a ventilação
manual ou mecânica, garantindo a per-
meabilidade das vias aéreas devido ao
um balonete que sela a traquéia.
- 80 -
Fig 5.19 – Maca retrátil
Fig 5.20 – Cobertor e manta térmica
Fig 5.21 – Laringoscópio
Fig 5.22 – Cânulas de entubação
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
● Monitor cardíaco – equipamento desti-
nado ao monitoramento das atividades
cardíacas da vítima, objetivando o acom-
panhamento da melhora ou não do qua-
dro clínico do paciente.
● Medicamentos – são ‘drogas’ utilizadas
no atendimento que aplicadas pelo mé-
dico buscam estabilizar o quadro geral
do paciente até a chegada ao pronto so-
corro
● Cardioversor – equipamento desti-
nado ao monitoramento das ativida-
des cardíacas, conjugado com a ve-
rificação de arritmias ventriculares
(taquicardia e fibrilação), que se con-
firmadas resultarão na aplicação de
choque, a fim de restabelecer os ba-
timentos cardíacos do paciente. Este
equipamento só é operado pelo mé-
dico de serviço.
- 81 -
Fig 5.23 – Monitor cardíaco
Fig 5.23 – Medicamentos
Fig 5.24 – Cardioversor
Sinais Vitais
CAPÍTULO 6
SINAIS VITAIS
Os sinais vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar o diagnóstico
inicial e o acompanhamento da evolução do quadro clínico da vítima. São eles:
● Pulso;
● Respiração;
● Pressão arterial;
● Temperatura.
Sua verificação é essencial na avaliação da vítima, devendo ser realizada simulta-
neamente à história e ao exame físico. São mais significativos quando obtidos em série,
possibilitando o acompanhamento de suas variações, e seus valores devem ser analisa-
dos conforme a situação clínica.
Na obtenção dos sinais vitais devemos considerar as seguintes condições:
● Condições ambientais, tais como temperatura e umidade no local, que po-
dem causar variações nos valores;
● Condições pessoais, como exercício físico recente, tensão emocional e ali-
mentação, que também podem causar variações nos valores;
● Condições do equipamento, que devem ser apropriados e calibrados regu-
larmente. O socorrista deve estar atento, pois o uso de equipamentos inapropria-
dos ou descalibrados podem resultar em valores falsos.
1. Pulso
Pulso é a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial cada
vez que o ventrículo esquerdo se contrai. Em locais onde as artérias de grosso calibre se
encontram próximas à superfície cutânea, pode ser sentido à palpação. Cada onda de
pulso sentida é um reflexo do débito cardíaco, pois a freqüência de pulso equivale à
freqüência cardíaca. Débito cardíaco é o volume de sangue bombeado por cada um dos
lados do coração em um minuto.
A determinação do pulso é parte integrante de uma avaliação cardiovascular. Além
da freqüência cardíaca (número de batimentos cardíacos por minuto), os pulsos também
devem ser avaliados em relação ao ritmo (regularidade dos intervalos - regular ou irregu-
lar) e ao volume (intensidade com que o sangue bate nas paredes arteriais - forte e cheio
- 82 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
ou fraco e fino). O pulso fraco e fino, também chamado filiforme, geralmente está associa-
do à diminuição do volume sangüíneo (hipo-
volemia).
Sob circunstâncias normais, existe um
relacionamento compensatório entre a
freqüência cardíaca e o volume sistólico. Esta
compensação é vista claramente no choque
hipovolêmico, no qual um volume sistólico di-
minuído é equilibrado por uma freqüência car-
díaca aumentada e o débito cardíaco tende a
permanecer constante.
Podem ser considerados normais os
seguintes índices de freqüência cardíaca:
● Adultos – 60 a 100 bpm;
● Crianças – 80 a 120 bpm;
● Bebês – 100 a 160 bpm.
1.1. Taquicardia
Taquicardia é o aumento da freqüência
cardíaca (acima de 100 bpm nos adultos). Em
vítimas de trauma pode ocorrer por hipóxia ou
hipovolemia. Pode estar associada também a
derrame pericárdico ou a outras causas, como por exemplo, febre, medo, sepse e exercí-
cios físicos. A taquicardia sem uma causa óbvia pode indicar um evento cardíaco primá-
rio. Embora a ansiedade e a dor possam causar taquicardia, em vítimas de trauma, até
prova em contrário, devemos julgar que ela seja decorrente de hipóxia ou choque hipovo-
lêmico ou cardiogênico.
1.2. Bradicardia
Bradicardia é a diminuição da freqüência cardíaca (abaixo de 60 bpm nos adultos).
Nas vítimas de trauma pode estar associada a
choque neurogênico. Pode estar associada
também a doenças primárias do coração ou
doenças da tireóide.
1.3. Locais para Obtenção do Pulso
Os melhores locais para se palpar o
pulso são onde artérias de grosso calibre se
encontram próximas à superfície cutânea e
- 83 -
Fig. 6.1 - Palpação do pulso radial.
Fig. 6.2 - Palpação do pulso carotídeo.
Fig. 6.3 - Ventilação.
Sinais Vitais
possam ser comprimidas contra uma superfí-
cie firme (normalmente um osso). As artérias
radiais, ao nível dos punhos, são mais comu-
mente usadas na checagem do pulso em víti-
mas conscientes. As artérias carótidas, ao ní-
vel do pescoço, são normalmente usadas
para palpação do pulso em vítimas inconsci-
entes. Pode-se também sentir o pulso palpan-
do as seguintes artérias: femoral na raiz da
coxa, braquial no braço, axilar na axila e pedi-
oso no dorso do pé. Também podermos medir
o pulso pela ausculta cardíaca, no ápice ou
ponta do coração, no lado esquerdo do tórax,
levemente abaixo do mamilo (pulso apical).
1.4. Procedimentos para Palpação do Pulso
1) Relaxe a vítima. Para palpar o pulso radial, mantenha o braço da vítima des-
cansando confortavelmente, preferencialmente cruzando a parte inferior do tórax.
Para o pulso carotídeo, palpe a cartilagem tireóide no pescoço (pomo de Adão) e
deslize os dedos lateralmente até sentir o pulso.
2) Use dois ou três dedos para encontrar e sentir o pulso. Use somente a ponta
dos dedos e nunca o polegar (usando o polegar o examinador poderá sentir seu
próprio pulso digital).
3) Evite muita pressão. Pressionando forte poderá interromper o pulso da víti-
ma.
4) Sinta e conte o pulso durante 30 ou 60 segundos (se contar por 30 segun-
dos, multiplique por dois). Use relógio que marque os segundos.
5) Anote a freqüência, o ritmo e o volume do pulso, bem como a hora da medi-
ção. Exemplo: Pulso - 72, regular, cheio, 10h50min.
Em vítima com doença cardíaca, o ideal é medir o pulso durante um minuto. Sentir
o pulso de uma criança muito pequena é difícil: o pescoço de comprimento curto e, algu-
mas vezes, rico em gordura, torna difícil localizar o pulso carotídeo, sendo recomendável
que seja pesquisado o pulso braquial. Com o crescimento torna-se possível a palpação
dos vasos periféricos. Ao atender uma criança pesquise os diversos locais de pulso até
encontrar aquele mais acessível.
2. Respiração
Respiração é o processo através do qual ocorre troca gasosa entre a atmosfera e
as células do organismo. É composta pela ventilação e pela hematose. Na ventilação
- 84 -
Fig. 6.4 - Hematose.
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
ocorre a entrada de ar rico em oxigênio para os pulmões (inspiração) e a eliminação de ar
rico em dióxido de carbono para o meio ambiente (expiração). A hematose consiste na li-
beração de dióxido de carbono e captação de oxigênio feita pelas hemácias durante a
perfusão pulmonar. Perfusão pulmonar é a passagem do sangue pelos capilares pulmo-
nares, que por sua vez estão em íntimo conta-
to com os alvéolos pulmonares.
A avaliação da respiração inclui:
freqüência respiratória (movimentos respirató-
rios por minuto – mrpm), caráter (superficial e
profunda) e ritmo (regular e irregular). Deve
ser avaliada sem que a vítima perceba, prefe-
rencialmente enquanto se palpa o pulso radi-
al, para evitar que a vítima tente consciente-
mente controlar a respiração. Avalie a
freqüência respiratória tendo em vista os si-
nais e sintomas de comprometimento respira-
tório: cianose, inquietação, dispnéia, sons res-
piratórios anormais.
A freqüência respiratória pode variar
com a idade:
● Adultos – 12 a 20 movimentos
respiratórios por minuto (mrpm);
● Crianças – 20 a 30 mrpm;
● Bebês – 30 a 60 mrpm.
Outros fatores podem alterar a respira-
ção como exercícios físicos, hábito de fumar,
uso de medicamentos e fatores emocionais.
Em um adulto em repouso a profundidade da respiração ou o volume de ar inalado
é aproximadamente 500 ml por inspiração. Uma freqüência respiratória rápida não signifi-
ca, necessariamente, que a vítima está movimentando maior quantidade de ar. Por exem-
plo: um adulto em condições normais, com 16 mrpm, mobilizaria 08 litros de ar por minu-
to, enquanto uma vítima de trauma apresentando várias fraturas de costela, com 40
mrpm, mobilizando 100 ml de ar em cada movimento respiratório, mobilizaria 04 litros de
ar por minuto.
Podem ser encontradas as seguintes alterações nos padrões respiratórios:
● Apnéia – Cessação intermitente (10 a 60 segundos) ou persistente (parada
respiratória) das respirações;
● Bradipnéia – Respiração lenta e regular;
- 85 -
Fig. 6.5 - Vítima consciente. Socorrista simula
estar palpando o pulso radial enquanto conta os
movimentos respiratórios, para evitar que o víti-
ma controle a respiração.
Fig. 6.6 - Análise da respiração – Ver, ouvir e
sentir.
Sinais Vitais
● Taquipnéia – Respiração rápida e regular;
● Dispnéia – Respiração difícil que exige esforço aumentado e uso de múscu-
los acessórios.
2.1. Procedimentos para Analise da Respiração
1) Se possível, estando a vítima consciente, coloque o braço da mesma cru-
zando a parte inferior do tórax. Segure o pulso da mesma enquanto estiver obser-
vando a respiração, como se estivesse palpando o pulso radial.
2) Aproxime sua face do rosto da vítima, olhando para o seu tórax. Com o tato
da pele do seu rosto e com a sua audição você vai perceber o movimento da cor-
rente de ar mobilizada pela respiração e com a visão você irá observar os movi-
mentos de subida e descida do tórax e/ou do abdome.
3) Conte com os movimentos respiratórios durante um minuto (use relógio com
marcação de segundos). Ao mesmo tempo observe o caráter e o ritmo da respira-
ção.
4) Anote a freqüência respiratória, o caráter, o ritmo e a hora. Exemplo: Respi-
ração normal, 16 mrpm, 10h50min.
Em crianças muito pequenas o movimento torácico é menos evidente que nos adul-
tos e, usualmente, ocorre próximo ao abdome. A mão colocada levemente sobre a parte
inferior do tórax e superior do abdome pode facilitar a contagem da atividade respiratória.
Por causa do pequeno volume e da reduzida força do fluxo de ar, em crianças também é
quase impossível ouvir a respiração normal ou sentir a movimentação do ar através da
boca e do nariz.
3. Pressão Arterial
A pressão arterial (PA) é a pressão exercida pelo sangue no interior das artérias.
Depende da força desenvolvida pela sístole
ventricular, do volume sangüíneo e da resis-
tência oferecida pelas paredes das artérias.
O sangue sempre está sob pressão no
interior das artérias. Durante a contração do
ventrículo esquerdo (sístole) a pressão está
no seu valor máximo, sendo chamada pressão
sistólica ou máxima. Durante o relaxamento
do ventrículo esquerdo (diástole) a pressão
está no seu valor mínimo ou basal, sendo cha-
mada pressão diastólica ou mínima.
- 86 -
Fig. 6.7 - Esfigmomanômetro e o estetoscópio –
equipamentos utilizados para medir a pressão ar-
terial.
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
A pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mmHg). O primeiro núme-
ro, de maior valor, corresponde à pressão sistólica, enquanto o segundo, de menor valor,
corresponde à pressão diastólica. Não há um valor preciso de pressão normal, mas, em
termos gerais, diz-se que o valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal para um
adulto jovem, entretanto, medidas até 140 mmHg para a pressão sistólica e 90 mmHg
para a diastólica também podem ser aceitas como normais.
Valores médios de pressão arterial considerados ideais de acordo com a idade:
● 04 anos – 85/60 mmHg;
● 06 anos – 95/62 mmHg;
● 10 anos – 100/65 mmHg;
● 12 anos – 108/67 mmHg;
● 16 anos – 118/75 mmHg;
● Adultos – 120/80 mmHg;
● Idosos – 140 a 160/90 a 100 mmHg.
A posição em que a vítima se encontra
(em pé, sentado ou deitado), atividade física
recente e manguito inapropriado também po-
dem alterar os níveis da pressão.
Vítimas particularmente sob o risco de
alteração dos níveis tencionais são aqueles
com doença cardíaca, doença renal, diabetes,
hipovolemia ou com lesão craniana ou coluna
espinhal.
O local mais comum de verificação da
pressão arterial é no braço, usando como
ponto de ausculta a artéria braquial. Os equipamentos usados são o esfigmomanômetro e
o estetoscópio.
Uma pressão sangüínea normal não deve ser considerada como uma clara indica-
ção de estabilidade. Os pacientes saudáveis e jovens são particularmente propensos a
compensar o déficit de volume.
3.1. Procedimentos para Medir a Pressão Arterial
Em casos de longa duração do atendimento pré-hospitalar (resgates em locais de
difícil acesso e remoção), medir a PA a cada 5 minutos, anotando cada horário de tomada
e respectivos valores.
- 87 -
Fig. 6.8 - Método auscultatório para medir a
pressão arterial.
Sinais Vitais
Deve-se explicar para a pessoa o que
será realizado. É comum entre profissionais
de saúde ocultar da vítima o valor medido.
Isto costuma resultar em grande ansiedade
para a vítima e, algumas vezes, em descon-
forto afetivo para ambos. O mais correto é, se
a vítima perguntar o valor da pressão, infor-
má-lo de forma neutra e imparcial.
A pressão sangüínea é difícil de ser ob-
tida em crianças. O manguito deve ter largura
de dois terços em relação ao comprimento da
porção da extremidade onde será medida a
PA (manguitos maiores dão leituras falsamen-
te baixas e manguitos menores dão leituras
falsamente elevadas). Os dois métodos a se-
guir descritos (palpatório e auscultatório) são
usados para obter a PA em crianças. O este-
toscópio deve ter um diafragma pequeno o su-
ficiente para cobrir apenas a área sobre o
ponto do pulso (estetoscópios pediátricos são
úteis).
3.1.1. Método Auscultatório
1) Posicione a vítima com o braço
apoiado a nível do coração. Use, sem-
pre que possível, o braço não traumati-
zado.
2) Localize o manômetro de modo
a visualizar claramente os valores da
medida.
3) Selecione o tamanho da braça-
deira para adultos ou crianças. A largu-
ra do manguito deve corresponder a 40% da circunferência braquial e seu compri-
mento a 80%.
4) Localize a artéria braquial ao longo da face interna superior do braço palpan-
do-a.
5) Envolva a braçadeira, suave e confortavelmente, em torno do braço, centra-
lizando o manguito sobre a artéria braquial. Mantenha a margem inferior da braça-
deira 2,5cm acima da dobra do cotovelo. Encontre o centro do manguito dobrando-
o ao meio.
- 88 -
Fig. 6.9 - Procedimento para medir a pressão ar-
terial – método auscultatório.
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
6) Determine o nível máximo de in-
suflação palpando o pulso radial até
seu desaparecimento, registrando o va-
lor (pressão sistólica palpada) e au-
mentando mais 30 mmHg.
7) Desinsufle rapidamente o man-
guito e espere de 15 a 30 segundos
antes de insuflá-lo novamente.
8) Posicione o estetoscópio sobre a
artéria braquial palpada abaixo do
manguito na fossa antecubital. Deve
ser aplicado com leve pressão assegurando o contato com a pele em todos os
pontos.
9) Feche a válvula da pera e insufle o manguito rapidamente até 30 mmHg aci-
ma da pressão sistólica palpada registrada.
10) Desinsufle o manguito de modo que a pressão caia de 2 a 3 mmHg por se-
gundo.
11) Identifique a pressão sistólica (máxima) observando no manômetro o ponto
correspondente ao primeiro batimento regular audível.
12) Identifique a pressão diastólica (mínima) observando no manômetro o pon-
to correspondente ao último batimento regular audível.
13) Desinsufle totalmente o aparelho com atenção voltada ao completo desapa-
recimento dos batimentos.
14) Retire o aparelho do braço e guarda-lo cuidadosamente afim de evitar da-
nos.
15) Anote a PA e a hora. Exemplo PA. 126X84, 10h55min.
3.1.2. Método Palpatório
Este método de medir a PA aplica-se somente é pressão sistólica e não é muito
preciso. Em um veículo em movimento, toda via, ele poderá ser o único método viável,
permitindo observar a tendência geral da pressão sistólica que, a rigor, é a que realmente
importa no atendimento pré-hospitalar do traumatizado.
1) Coloque as pontas dos dedos no pulso radial. Sinta o pulso.
2) Infle o manguito até ultrapassar um valor em que cesse o pulso.
3) Vagarosamente esvazie o manguito, olhando o mostrador ou a coluna de
mercúrio.
- 89 -
Fig. 6.10 - Método palpatório para medir a pres-
são arterial.
Sinais Vitais
4) Quando perceber o retomo do pulso, leia a pressão sistólica aproximada.
5) Anote a PA, hora e método usado. Exemplo: PA 120 (palpação), 10h55min.
3.2. Causas de Resultados Incorretos na Medida da Pressão Arterial
3.2.1. Causas Relacionadas ao Equipamento
● Aparelhos descalibrados ou inadequadamente calibrados ou testados.
● Defeitos do esfigmomanômetro: orifício de ar obstruído, manguito incomple-
tamente vazio, tubulação defeituosa, sistema de inflação ou válvula de escape,
mercúrio insuficiente no reservatório ou indicador zero errado.
● Estetoscópio danificado.
● Tamanho da braçadeira em desacordo com o do braço. Circunferência do
membro em relação à variação da largura da braçadeira maior ou menor que 2,5
produz leituras de pressão indireta falsamente altas ou baixas respectivamente.
3.2.2. Causas Relacionadas ao Examinador
● Braço da vítima sem apoio dão pressões falsamente altas.
● O examinador posiciona o instrumento ao nível acima ou abaixo do coração
ou comprime o estetoscópio demasiadamente firme sobre o vaso.
● Mãos do examinador e equipamento frios provocam aumento da pressão
sangüínea.
● Interação entre examinado e examinador pode afetar a leitura da pressão ar-
terial.
4. Temperatura
Existem vários fatores que influenciam no controle da temperatura corporal, sendo
influenciada por meios físicos e químicos e o controle feito através de estimulação do sis-
tema nervoso. A temperatura reflete o balanceamento entre o calor produzido e o calor
perdido pelo corpo.
A temperatura do corpo é registrada em graus célsius (centígrados). O termômetro
clínico de vidro, mais usado, tem duas partes: o bulbo e o pedúnculo. O bulbo contém
mercúrio; um metal liquido, o qual se expande sob a ação do calor e sobre pelo interior do
pedúnculo, indicando a temperatura em graus e décimos de graus.
Normalmente os termômetros clínicos são calibrados em graus e décimos de
graus, na faixa de temperatura de 35ºC a 42ºC. Não é necessária uma faixa de tempera-
- 90 -
Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR
tura mais ampla, pois raramente o ser humano sobrevive com temperatura corporal fora
desta faixa.
O índice normal de temperatura é de 37ºC, admitindo-se variações de até 0,6ºC
para mais ou para menos. As crianças têm temperaturas mais altas que os adultos, por-
que seu metabolismo é mais rápido. Tem-se observado que a temperatura do corpo é
mais baixa nas primeiras horas da manhã, e mais alta no final da tarde ou no início da noi-
te.
A temperatura corporal pode se elevar em situações de infecção, trauma, medo,
ansiedade, etc. Exposição ao frio e choque são causas freqüentes de temperatura abaixo
do normal.
4.1. Procedimentos e Locais para Verificação da Temperatura
O termômetro deve estar seco (se necessário enxugue com algodão ou gaze) e
marcando temperatura inferior a 35ºC (se necessário sacudi-lo cuidadosamente até que a
coluna de mercúrio desça).
A temperatura corporal pode ser medida nos seguintes locais:
● Boca – Temperatura Oral: Colocar o termômetro de vidro sob a língua da ví-
tima, na bolsa sublingual posterior. Fazer com que a vítima mantenha o termômetro
no local por 3 a 8 minutos com lábios fechados. O método oferece temperatura
central e é indicado para aqueles que respiram pela boca com suspeita de infecção
grave.
● Canal anal – Temperatura Retal: Para o adulto, inserir 03 centímetros do
termômetro lubrificado no ânus. Não forçar o termômetro. Mantê-lo no local por 2 a
4 minutos. É contra-indicado após cirurgia do reto ou ferimento no reto e em paci-
entes com hemorróidas.
● Axila – Temperatura axilar: Mais utilizado, tendo em vista a facilidade. Colo-
car o termômetro no centro da axila, mantendo o braço da vítima de encontro ao
corpo, e mantê-lo ali por 3 a 8 minutos. O método é conveniente, mas é contra-indi-
cado para crianças pequenas; em pacientes com estado mental alterado, trauma
facial ou distúrbio convulsivo; após fumar ou beber liquidos quentes ou frios; duran-
te administração de oxigênio por cânula ou máscara; e na presença de sofrimento
respiratório.
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  • 1.
  • 2. MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ CURITIBA - 2006
  • 3. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR Copyright (c) 2006 - CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ. É dada permissão para copiar, distribuir e/ou modificar este documento sob os termos da Licença de Documentação Livre GNU, Versão 1.1 ou qualquer versão posterior públicada pela Free Software Foundation; sem Seções Invariantes, com os Textos da Capa da Frente sendo MANUAL DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR DO CORPO DE BOMBEIROS DO PARANÁ, e sem Textos da Quarta-Capa. Uma cópia da licença em está inclusa na seção intitulada ¨Licença de Documentação Livre GNU¨ (pag. 373). ii
  • 4. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR APRESENTAÇÃO Com o objetivo maior da contínua capacitação visando ampliar os conhecimentos técnicos dos Bombeiros Militares que atuam como socorristas no atendimento pré- hospitalar ao trauma no Estado do Paraná. Esperamos que estes conhecimentos sejam de extrema valia para o resgate e salvamentos de vidas. Este manual é resultado da revisão do Manual de Atendimento Pré-Hospitalar do SIATE/PR de autoria da Dr. Vera Lúcia de Oliveira e Silva e colaboradores, editado em 1995 pela Imprensa Oficial do Estado do Paraná, este baseado na tradução do conjunto de apostilas produzido pela “Division of Vocational Educations, State Department of Education, Columbus, Ohio, USA”. Esta revisão foi iniciada no Centro de Ensino e Instrução e concluída como resultado dos trabalhos do curso do Curso de Socorrista 2006 – Categoria Oficiais – do Corpo de Bombeiros do Paraná. Além da revisão foram acrescentados e excluídos conteúdos o que caracteriza ela como sendo uma obra coletiva de compilação e adaptação, segundo o prescrito nos incisos XI e XIII, e § 2º do art. 7.º da Lei Autoral (9.610/98). O manual é de livre uso, sendo permitido copiar, distribuir e/ou modificar, sob os termos da Licença de Documentação Livre GNU, devendo permanecer em constante evolução, para isso contamos com a colaboração de todos que enviem sugestões de alteração e/ou correção para o socorristas_parana@yahoo.com.br, lembrando sempre de citar eventuais fontes bibliográficas originárias destas alterações. “Por Uma Vida Todo Sacrifício é Dever” Curitiba, 04 de Agosto de 2006. iii
  • 5. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR CRÉDITOS Autor Nomeado: Porcides; Almir Júnior Colaboradores: Aguiar; Eduardo José Slomp Almeida; Geferson Correa de Alves; Nilson Figueiredo Júnior Araujo; Rogério Lima de Araújo; Wagner Lúcio de Barbosa; Adriano Barros; Edmilson Baumel; Luiz Fernando Silva Becker; Claudicir Bezerra; Marcos Rogério Borba; Dorico Gabriel Bortolini; Osni José Costa; Laor Daverson ; Kleber Donati; Vladimir Ferreira; Alexandre Dupas Gross; Gerson Kapp; Norton Alexandre Konflanz; Douglas Martins Machado; Fernando Ferreira Manassés; Edson Menegatti; Dimas Clodomiro Mocelin; Gabriel Junior Moreira; Paulo Cezar Mota; Cristiano Carrijo G. Mota; Sandro Marcos Oliveira; Charles Elias de Rodrigues; Altemistocley Diogo Sales; Arlisson Sanches Santos; Hamilton dos Schreiber; Rogério Cortês Schwambach; Ricardo Silva; Paulo Roberto da Silva; Romero Nunes da Sokolowski; Rivelto Soster; Heitor Spak; José Adriano P. Teixeira; Hudson Leôncio iv
  • 6. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR Sumário Capítulo 1 - Ética e Humanização.............................................................................1 Capítulo 2 - Anatomia e Fisiologia............................................................................5 Capítulo 3 - Direção Defensiva...............................................................................47 Capítulo 4 - Cinemática do Trauma........................................................................60 Capítulo 5 - Equipamentos Usados no Atendimento Pré-Hospitalar......................74 Capítulo 6 - Sinais Vitais.........................................................................................82 Capítulo 7 - Atendimento Inicial..............................................................................92 Capítulo 8 - Vias Aéreas........................................................................................105 Capítulo 9 - Ressuscitação Cardiopulmonar.........................................................119 Capítulo 10 - Hemorragia e Choque.....................................................................142 Capítulo 11 - Ferimentos, Curativos e Bandagens................................................154 Capítulo 12 - Fraturas e Luxações........................................................................167 Capítulo 13 - Trauma Cranioencefálico (TCE) e Raquimedular (TRM)................177 Capítulo 14 - Imobilização e Remoção.................................................................189 Capítulo 15 - Trauma de Tórax.............................................................................216 Capítulo 16 - Trauma de Abdome.........................................................................230 Capítulo 17 - Trauma de Face...............................................................................237 Capítulo 18 - Emergências Pediátricas.................................................................248 Capítulo 19 - Emergências Obstétricas e Trauma na Gestante............................253 Capítulo 20 - Afogamento.....................................................................................266 Capítulo 21 - Queimaduras e Emergências por Frio Ambiental............................280 Capítulo 22 - Eletricidade e Radiação Ionizante...................................................291 Capítulo 23 - Intoxicações Exógenas....................................................................297 Capítulo 24 - Emergências Psiquiátricas..............................................................307 Capítulo 25 - Emergências Clínicas......................................................................311 Capítulo 26 - Rotinas Operacionais......................................................................323 Capítulo 27 - Preparo de Medicamentos e Biossegurança...................................338 Capítulo 28 - Catástrofes e Atendimento a Múltiplas Vítimas...............................354 Capítulo 29 - Produtos Perigosos.........................................................................364 Capítulo 30 - Emergências Geriátricas.................................................................369 Referências Bibliográficas....................................................................................380 Apendice I - Licença de Documentação Livre GNU.............................................383 v
  • 7. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR CAPÍTULO 1 A ÉTICA E HUMANIZAÇÃO NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 1. Ética Toda pessoa é dotada de uma consciência moral que a faz distinguir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal, capacitando-a a avaliar suas ações no contexto a que é so- licitado, ou seja, é capaz de nortear suas atitudes pela ética, a qual pode-se dizer é um conjunto de valores, que se tornam deveres em determinadas culturas ou grupos, sendo expressos em ações. A ética é, normalmente, uma norma de cunho moral que obriga a conduta de uma determinada pessoa, sob pena de sanção específica, mas pode também regulamentar o comportamento de um grupo particular de pessoas, como, por exemplo, bombeiros, polici- ais, médicos, enfermeiros, etc. A partir deste momento, estamos nos referindo à ética pro- fissional, mais conhecida como deontologia, que caracteriza-se como conjunto de normas ou princípios que têm por fim orientar as relações profissionais entre pares, destes com os cidadãos, com sua guarnição de serviço, com as instituições a que servem, entre outros. Como a sua margem de aplicação é limitada ao círculo profissional, faz com que estas normas sejam mais específicas e objetivas, gerando o advento dos Códigos de Ética ela- borados por associações de classe, como, por exemplo, o Código de Ética Médica Brasi- leiro. No caso do Corpo de Bombeiros do Paraná, o Decreto Estadual nº 5.075/98 (Regu- lamento de Ética Profissional dos Militares Estaduais do Paraná), prescreve em seu artigo 5º, que a “... deontologia militar é constituída pelo elenco de valores e deveres éticos, tra- duzidos em normas de conduta, que se impõem para que o exercício da profissão militar atinja plenamente os ideais de realização do bem comum, através da preservação da or- dem pública.” Assim como a atividade do médico e do enfermeiro possuem codificações próprias, o bombeiro militar também tem sua conduta pesada em Código próprio, que o obriga a prestar seu serviço de atendimento pré-hospitalar calcado em valores e deveres militares, não menos importantes, que o dos códigos dos profissionais de saúde. Ao longo do Curso de Socorristas, são ensinadas normas técnicas que indicam fórmulas do fazer, que são apenas meios de capacitação, levando o homem a atingir re- sultados. Todavia a técnica não deve perder sua correlação natural com as normas éticas, que atenuam o sofrimento da vítima e humanizam o atendimento. O socorrista deve saber equilibrar os dois pratos da balança que formam seu cará- ter profissional: o lado técnico e o lado emocional. Caso haja uma prevalência de qual- quer um dos lados, o atendimento pode ser comprometido tanto pelo lado humano, quan- - 1 -
  • 8. Ética e Humanização to pelo lado científico. O bombeiro militar que tenha completo domínio do atendimento pré-hospitalar, mas que não tenha o discernimento necessário para atuar com atenção es- pecial nos casos que assim requeiram, não possui o caráter ético-profissional para ser so- corrista. O mesmo se aplica àquele que possua um equilíbrio emocional e não saiba as técnicas pré-hospitalares. Para um atendimento pré-hospitalar satisfatório o socorrista deve possuir, além do equilíbrio emocional e da competência técnico-científica, uma competência ética, funda- mental para a humanização do serviço. A competência ética no atendimento pré-hospitalar é formada por quatro vertentes de relacionamento, sendo elas: ● Socorrista e outros militares; ● Socorrista e profissionais de saúde; ● Socorrista e vítima; ● Socorrista e parentes/conhecidos/outros envolvidos. As relações dos socorristas com outros militares e profissionais de saúde não tra- zem muitos problemas, pois a formação militar facilita o relacionamento. Resta-nos anali- sar e fundamentar os princípios para um relacionamento ético entre bombeiros e vítimas, e bombeiros e parentes/conhecidos/outros envolvidos no trauma. Estes dois tipos de rela- cionamentos estão baseados em três princípios fundamentais: ● Respeito à pessoa; ● Solidariedade; ● Sentimento do dever cumprido. Tendo por base estas três premissas, o socorrista saberá pautar suas atitudes e considerar as alterações emocionais decorrentes do trauma. Não se deixará influenciar pela conduta social da vítima incorrendo num julgamento errôneo (fará um atendimento imparcial), atentará para os cuidados com a exposição da vítima, terá atenção especial com crianças, e terá a seriedade como base para uma postura profissional que se espera. Um atendimento perfeito ocorre quando, mesmo com o sucesso do emprego de to- das as técnicas dominadas pelo socorrista, atende-se a dignidade da pessoa humana em todo seu alcance, angariando o respeito e a admiração da vítima e outras pessoas envol- vidas, pelo elevado grau de profissionalismo existente na corporação. 2. Humanização: Um Abrandamento do Caráter Técnico da Medicina A Portaria GM/MS n.º 1.863, de 29 de setembro de 2003, trata da “Política Nacional de Atenção às Urgências” trazendo novos elementos conceituais, como o princípio da hu- manização. Parece estranho falar de humanização num campo em que deveria ser implícito o “amor ao próximo”, como é o caso da medicina. Todavia, com o advento da vida moderna, - 2 -
  • 9. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR a explosão demográfica e os parcos e poucos recursos e investimentos na área da saúde, fazem com que o profissional, muitas vezes, tenha uma sensação de impotência frente ao sofrimento de milhares de pessoas, e, com isso faz crescer no seu íntimo, mesmo que de modo imperceptível, mecanismos de defesa em que cria uma verdadeira “casca”, não vendo na vítima uma pessoa, mas um objeto que necessita de seus cuidados profissio- nais, visto que não tem a solução para todas as mazelas criadas por falta de políticas pú- blicas de saúde. Necessário foi ao Ministério da Saúde humanizar o serviço, através de um progra- ma próprio, visando atenuar os efeitos desumanizantes, que retira da pessoa humana seu mais importante valor: a dignidade. No caso do atendimento pré-hospitalar, o conhecimento cientifico deveria ser, por si só, motivo de sucesso para um resultado positivo quando no socorro à vítima. O que se tem observado recentemente é que este fator, somado à estressante rotina dos numero- sos atendimentos diários nos grandes centros, bem como a fragilidade do ser humano, tanto do paciente como do socorrista (ambos envolvidos com sentimentos de respeito, simpatia, empatia, angústia, raiva, medo, compaixão), o que tem gerado problemas no atendimento à vítima. Deixamos de ver nele muitas vezes o ser humano que está necessi- tado, hora pelo enfoque direto no trauma, hora pela banalização do acidente. Necessário, então, é falar em humanização no atendimento pré-hospitalar. Então: o que é humanização ? Podemos entende-la como valor, na medida em que resgata o res- peito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes em todo relacionamento humano. Humanizar o atendimento não é apenas chamar a vítima pelo nome, nem ter um sorriso nos lábios constantemente, mas também compreender seus medos, angústias e incertezas, dando-lhe apoio e atenção permanente. O profissional humanizado deve apresentar algumas características que tornam o atendimento a um traumatizado mais digno: ● Focalizar não somente o objeto traumático, mas também os aspectos globais que envolvem o paciente, não se limitando apenas às questões físicas, mas também aos aspectos emocionais; ● Manter sempre contato com a vitima, buscando uma empatia por parte da mesma; ● Prestar atenção nas queixas do paciente, tentando sempre que possível aliviar a dor do paciente; ● Manter a vitima, sempre que possível, informada quanto aos procedimentos a serem adotados; ● Respeitar o modo e a qualidade de vida do traumatizado; ● Respeitar a privacidade e dignidade do paciente, evitando expor o mesmo sem necessidade. - 3 -
  • 10. Ética e Humanização Os profissionais da área da saúde e não oriundos da área da saúde, como os bom- beiros militares, por sua formação, dedicam-se ao atendimento humanitário. E, assim sendo devem ter sempre uma conduta humanista, no entender de Pablo González Blas- co1 : "humanista é o homem que define atitudes concretas diante da vida, fruto da sua reflexão e como conseqüência de uma filosofia que norteia sua existência. Se este homem humanista é médico, essas atitudes que envolvem a sua própria vida atingirão as outras vidas, aquelas que ele tem que cuidar, e portanto implicarão uma postura concreta diante da vida humana, da vida doente, do sofrimento e da dor, da vida que se acaba". Humanizar também é, além do atendimento fraterno e humano, procurar aperfeiço- ar os conhecimentos continuadamente; é valorizar, no sentido antropológico e emocional, todos os elementos implicados no evento assistencial. Na realidade, a humanização do atendimento, seja em saúde ou não, deve valorizar o amor ao próximo, prestigiando a me- lhoria nos relacionamentos entre pessoas em geral. 1 Diretor Científico da SOBRAMFA- Sociedade Brasileira de Medicina de Família. Coordenador do Programa Eletivo em Medicina de Família do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde- EPM, UNIFESP. Membro Internacional da Society of Teachers of Family Medicine (STFM). - 4 -
  • 11. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR CAPÍTULO 3 DIREÇÃO DEFENSIVA 1. Introdução Como motorista de uma ambulância, além de dominar todas as habilidades indis- pensáveis à prática da direção segura de veículos em geral, você deverá estar familiariza- do com conceitos próprios da condução de uma vítima e da equipe que lhe oferece aten- dimento, pois na qualidade de motorista você é responsável pela sua própria vida e das outras pessoas presentes no trânsito. Além disso, você é responsável pela segurança da sua equipe de socorristas e pelo bem estar da vítima conduzida no interior da ambulância. 2. Direção e Segurança A maioria dos acidentes de trânsito, decorrem em sua maioria de erros humanos, pelos seguintes motivos: ● Desrespeito as Leis, Normas e regulamentos de trânsito; ● Abuso dos limites operacionais de segurança do veículo; ● Pressa excessiva em querer chegar no local da ocorrência, e posteriormente ao hospital; ● Descortesia no trânsito: ser cortês alivia o stress do trânsito, demonstra alto nível de educação e elevação social. ● Irresponsabilidade agindo com negligência, imprudência ou imperícia; ● Condição física do condutor, como cansaço, sonolento e sob efeito de dro- gas em geral (álcool, medicamentos, etc.) 3. Elementos de Direção Defensiva Direção defensiva é dirigir de modo a evitar acidentes, apesar das ações incorretas (erradas) dos outros e das condições adversas (contrárias), que encontramos nas vias de trânsito. Existem alguns elementos fundamentais para a boa prática da direção defensiva, com a observação dos mesmos o risco é diminuído, são eles. - 47 -
  • 12. Direção Defensiva 3.1. Conhecimento É o ato de estar sempre consciente das noções exigidas para a habilitação, os con- teúdos do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e as informações sobre os riscos e a me- lhor forma de evitá-los. Embora a experiência seja uma fonte importantíssima de conheci- mento, demonstra-se que, o programa de treinamento aumenta em muito a capacidade defensiva do motorista. 3.2. Atenção Enquanto dirige, o motorista tem que estar alerta o tempo todo, zelando pela sua própria segurança, dos passageiros e da vítima que está transportando, bem como pelos demais presentes no trânsito. Estar alerta significa estar com a atenção concentrada todo o tempo no ato de dirigir, sem distrações, vendo tudo o que se passa adiante, atrás (espe- lhos retrovisores) e nas laterais do veículo. O pensamento deve ocupar-se exclusivamen- te do ato de dirigir e não de outros assuntos. Atento, o motorista pode reconhecer situa- ções de perigo potencial, reagir em tempo e agir de modo a prevenir acidentes. 3.3. Previsão É a capacidade de antecipar ou antever situações e eventos, são muitas vezes fra- ções de segundos, porém, tendo em mente uma atitude de previsibilidade, será suficiente, para tentar uma reação positiva, evitando um acontecimento. Se o motorista, vistoria o veículo antes de assumir o serviço, programa o itinerário, reduz a velocidade próximo a áreas de risco como cruzamentos, escolas, hospitais, etc., se o motorista, ao ver uma cri- ança brincando na calçada, antevê a possibilidade de que ela possa atravessar a rua re- pentinamente e diminuí a velocidade, terá melhores condições de frenagem ou desvio do veículo caso o inesperado aconteça. 3.4. Decisão É a possibilidade da ação de decidir, diante de uma situação de risco. É saber es- colher dentre as opções possíveis a de maior segurança naquele momento específico. 3.5. Habilidade É o requisito desenvolvido através do aprendizado e do treinamento. Conduzir um veículo de socorro, é um ato de muita responsabilidade, muitas vezes a emergência, a adrenalina, o stress, tendem a dominar a situação, porém o bom motorista, se mantém paciente e calmo, não deixando-se dominar por sensações que tendem a alterar seu esta- do psicológico e as funções mecânicas do corpo físico. Necessitando o motorista, desen- volver a habilidade de realizar manobras entre veículos, ultrapassagens, cruzamentos, ca- naletas de expresso, entre outros. Mas, com condições, é fundamental demonstrar as suas ações para os outros motoristas, o que pretende fazer, qual a atitude que pretende tomar, lembre-se as outras pessoas não são obrigadas a adivinhar seu pensamento. - 48 -
  • 13. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR 4. Direção em Condições Adversas Algumas condições climáticas e naturais afetam as condições de trânsito. Sendo fatores ou combinações de fatores que contribuem para aumentar as situações de risco no trânsito, podendo comprometer a segurança. Sob estas condições, o motorista da am- bulância, deverá adotar atitudes preventivas que garantam, como já foi visto, a segurança da equipe, da vítima e dos demais usuários das vias públicas. 4.1. Chuva Reduz a possibilidade de ver e ser visto de todos os condutores, pelo acúmulo de água nos para-brisas e pelo embaçamento dos vidros no carro fechado, causado pela res- piração de seus ocupantes. Além disso, deposita uma lâmina de água sobre a pista, o que modifica a aderência dos pneus, dificultando a frenagem e favorecendo derrapagens, pro- porcionando a ocorrência de hidro ou aquaplanagem. 4.1.1. Atitudes defensivas do motorista: ● Conserve e revise constantemente os limpadores de pára-brisas e seu siste- ma de acionamento e fusíveis; ● Ao dirigir redobre os cuidados e a atenção; ● Reduza a velocidade para aumentar a aderência dos pneus ao solo, evitan- do derrapagens e favorecendo as ações dos freios; ● Aumente a distância com o veículo à frente, e evite ficar ao lado de outros veículos; ● Se possível, deixe dois centímetros das janelas abertas, para evitar o emba- çamento e acione os dispositivos desembaçadores disponíveis; ● Acenda os faróis baixos; ● Não freie bruscamente, acione o freio suave e gradativamente; ● Em caso de chuva torrencial ou chuva de granizo, que impeçam a direção com segurança e a perda de visibilidade, estacione em local seguro, acione as luzes de alerta, e aguarde que o tempo melhore. 4.2. Aquaplanagem É quando o veículo flutua na água, perdendo a aderência do pneu com o solo, o motorista perde totalmente o controle do veículo, podendo ocorrer em qualquer tipo de pi- so. 4.2.1. Atitudes defensivas do motorista: ● Observar com atenção presença de poças de água sobre a pista, mesmo não havendo chuva; ● Reduzir a velocidade antes de entrar na área empoçada; - 49 -
  • 14. Direção Defensiva ● Quando o veículo estiver na poça, não utilize os freios, segure firmemente o volante, procurando mantê-lo reto com a pista, até conseguir novamente a aderência do veículo; ● Sempre verifique a profundidade dos sulcos dos pneus da ambulância; 4.3. Vento Produzido por condições climáticas ou pela passagem de outros veículos, pode deslocar o seu veículo, reduzindo e ocasionando a perda de estabilidade e o descontrole do veículo. 4.3.1. Atitudes defensivas do motorista: ● Acostume-se a olhar a vegetação ao redor da pista, é um bom indicativo da velocidade dos ventos e sua direção; ● Ao perceber um grande veículo em sentido contrário ou ultrapassando-o, re- duza a velocidade; ● Tome o controle firme do volante, afaste-se um pouco para a direita; ● Cuidado especial com pontes e viadutos. 4.4. Neblina ou Cerração 4.4.1. Atitudes defensivas do motorista: ● Ligue os faróis baixos (a luz alta causa o fenômeno da reflexão, causando ainda menos visibilidade), ou a luz de neblina se tiver; ● Redobre a atenção e o cuidado, diminuindo a velocidade; ● Evite realizar ultrapassagens; ● Caso não haja condições mínimas de segurança e visibilidade, estacione, e aguarde melhores condições de dirigibilidade; ● Caso seja absolutamente necessário dirigir, procure seguir um veículo maior como caminhão ou ônibus, com certa distância segura; ● Atenção com frenagens bruscas ou até mesmo paradas repentinas dos veí- culos à frente. 4.5. Iluminação A intensidade da luz modifica a possibilidade de ver e ser visto. A luz em excesso ofusca a visão e a penumbra oculta as pessoas e outros veículos. 4.5.1. Atitudes defensivas do motorista: ● Em condições de iluminação inadequada reduza a velocidade; ● Havendo excesso de luz, abaixe o papa sol, em certos casos use óculos es- curos (crepúsculo matutino ou vespertino); ● Desvie o olhar da fonte luminosa e busque referências, como o meio fio ou o traçado lateral da via; - 50 -
  • 15. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ● À noite, use faróis baixos ao cruzar veículos e desvie o olhar do foco dos fa- róis que cruzam com você; ● Em condições de penumbra deixe as luzes do veículo acessas, facilitando ser visto. 4.6. Condições Adversas da Via O motorista da ambulância deve estar, atento as inúmeras alterações das condi- ções das vias, que são muito variáveis nos atendimentos das ocorrências, como: ● Largura insuficiente; ● Ponte estreita; ● Trechos escorregadios; ● Má conservação da pista; ● Falta de acostamento; ● Curvas mal dimensionadas; ● Força centrífuga; ● Falta de placas de sinalização; ● Vegetação muito alta e muito próxima da pista; ● Drenagem insuficiente. 5. Orientações Para Evitar o Desgaste Físico ao Dirigir ● Dirija com os braços e pernas ligeiramente flexionados e relaxados, evitando tensões; ● Apóie o corpo junto ao banco o mais próximo de um ângulo de 90º; ● Procure manter a cabeça junto ao encosto, sem forçar a musculatura do pescoço; ● A posição das mãos sobre o volante, deve estar na posição do relógio, às 09 horas e 15 minutos; ● Procure manter os calcanhares apoiados sobre o assoalho, evite manter os pés sobre os pedais quando não estiver usando-os; ● Nunca dirigir ao fazer uso de bebidas alcoólica ou drogas; ● Nunca dirigir fumando ou ao telefone celular; ● Nunca dirigir se estiver utilizando remédios que modifiquem o comportamen- to psicofísico, de acordo com o seu médico; ● Evite dirigir após ter participado de discussões com seus familiares ou no trabalho; ● Evite dirigir sob forte tensão, ou acometido de forte emoção; - 51 -
  • 16. Direção Defensiva ● Evite dirigir quando estiver com sono, os ficar muito tempo sem dormir, dor- mir pouco ou dormir mal; ● Evite dirigir logo após realizar refeições muito pesadas, que induzem ao sono; ● Certificar-se que não há nenhum objeto que possa ser deslocado quando em movimento; ● Dirigir com roupas confortáveis, e adequadas a temperatura ambiente, para não sentir muito frio e nem muito calor; ● Sempre faça check-up completo para constatar problemas, como histórico de problemas cardio-vasculares, pressão arterial fora dos padrões normais, com suspeita de epilepsia, ou qualquer outro que possa colocar em risco as seguras condições de direção. Ao constatar, solicite imediatamente afasta- mento das funções de motorista, desde que comprovadamente orientado por médico responsável; ● Esteja sempre em dia com os exames oftalmológicos, para uso de óculos ou lentes corretivas; ● Enquanto dirige converse apenas o indispensável com a equipe de serviço; ● Quando a ambulância em movimento, o rádio deverá ser acionado por outro integrante da equipe; 6. Inspeção Veicular Todo veículo, inclusive a ambulância, dispõe de equipamentos e sistemas impor- tantes para evitar situações de perigo que possam levar a acidentes, como pneus, siste- ma de freios, iluminação, suspensão, direção, etc. Todos os componentes e equipamentos do veículo, se desgastam com o uso; o desgaste de um componente pode prejudicar o funcionamento de outros e comprometer a segurança. Isso deve ser evitado, observando-se a vida útil e a durabilidade definida pe- los fabricantes dos componentes, dentro de condições específicas de uso. É de responsabilidade do motorista, em toda passagem de serviço, ao assumir a ambulância, realizar a manutenção preventiva e verificar o funcionamento de itens obriga- tórios. A observação é simples seja pela inspeção do painel ou inspeção visual/manual. Realizar uma ficha de vistoria da ambulância, para facilitar o acompanhamento das manutenções e as condições gerais da ambulância, onde deverá conter: Identificação da ambulância, kilometragem, data, nome do motorista e deixar um espaço para anotar ob- servações apontadas pelo motoristas que está saindo de serviço. Deverá ainda verificar obrigatoriamente: ● Indicador do nível de combustível; - 52 -
  • 17. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ● Observar os reservatórios do nível de óleo do motor, do sistema de freio, di- reção hidraúlica e sistema de transmissão (câmbio); ● Certifique-se que não há vazamentos presentes, ou sinais de consumo ex- cessivo; ● Aferir as condições dos filtros de ar e óleo; marcar na ficha de apontamentos a quilometragem para a troca destes itens; ● Nível do reservatório da água do radiador e do reservatório do limpador do pára-brisa; ● Palhetas do limpador do pára-brisa, se estiverem danificadas ou ressecadas, solicite a substituição; ● Funcionamentos das luzes dos faróis, luzes baixa, média e alta; ● Funcionamento dos piscas, da luzes traseira, luz de ré e de freio; ● Verificar sirene,luzes de emergência; ● Pneus : verifique as condições gerais, desgastes, profundidade dos sulcos, existência de deformidades; ● Calibragem: deve ser feita para as ambulâncias, pelo menos uma vez a cada três dias, siga as recomendações do fabricante para as libras de pres- são necessárias (não esqueça do estepe); ● Verifique, os cintos de segurança, freio de mão, espelhos retrovisores, extin- tor de incêndio; ● Verificar as mangueiras (combustível, óleo e água), procurando por vaza- mentos, ressecamentos e encaixes, os quais podem romper as mesmas; ● Verificar visualmente as correias, atenção para a kilometragem recomenda- da para troca pelo fabricante. Importante, é anotar todas as alterações encontradas, repassar imediatamente ao responsável para que providencie a imediata substituição, avise sempre durante a passa- gem de serviço, mostrando a ficha de apontamentos para o motorista que estará assumin- do a ambulância; quando houver qualquer alteração das peças acima, bem como a troca ou complemento do óleo da e água, também deverá ser anotado para controle. Perceben- do qualquer tipo de situação anormal com a ambulância, barulhos que não são normais, falhas de acionamento elétrico ou do motor, sons estranhos, etc., comunicar imediatamen- te, para evitar que o problema se agrave. Não se esqueça a vítima pode ser você. Assim você estará fazendo a sua parte, cuidando do bem público, aumentando a vida útil do veí- culo. 7. Velocidade e Tempo de Reação Do ponto de vista da segurança devemos estar sempre muito atentos na condução de um veículo, pois a qualquer momento pode ser necessário tomar uma ação rápida para evitar se envolver em um acidente de trânsito. Quando um motorista precisar frear - 53 -
  • 18. Direção Defensiva bruscamente, o seu automóvel deve ter uma distância mínima do veículo que segue à frente para garantir a sua segurança e a dos outros. Mesmo que as condições do motoris- ta, do automóvel, dos freios, dos pneus e do asfalto sejam as melhores possíveis, existe um determinado tempo para que o motorista possa reagir a uma situação de risco. Esse tempo é denominado TEMPO DE REAÇÃO que varia de pessoa para pessoa (+ ou – de 0,75 a 1,5 segundo) e é decorrente de um estímulo e uma reação efetiva do condutor (resposta). Já a DISTÂNCIA DE REAÇÃO é o espaço percorrido pelo veículo no instante em que o motorista percebeu uma situação de risco potencial a sua frente, até o momento em que ele acionou o sistema de freios do seu veículo. Do momento em que o motorista acionou o pedal de freios até o ponto em que o veículo parou – nesse segmento, que va- ria segundo o estado dos freios, dos pneus, das condições da via pública (seca, rugosa, lisa, molhada, aclive, declive) – essa distância percorrida pelo veículo é chamada de DIS- TÂNCIA DE FRENAGEM. Para sabermos qual é o espaço necessário para parar o veícu- lo, deve-se somar a distância de reação à distância de frenagem. Quando estamos logo atrás de outro veículo é indispensável que exista uma distância de segurança que nos permita imobilizar o automóvel sem colidir com o veículo da frente, em caso de uma frea- da ou manobra brusca. Essa distância varia de acordo com a velocidade desenvolvida e a permitida para o local. A tabela 3.1 nos proporcionará uma idéia dos tempos de reação, distância de reação e de velocidade, necessários para um veículo parar em diferentes ve- locidades: Tabela 3.1 Tabela comparativa entre velocidade e distância de parada para automóveis Velocidade Km/h Distância de reação 3/4s.(m) Distância de frenagem (m) Distância de parada (m) 40 8,33 7 15,33 50 10,41 13 23,41 60 12,50 18 30,5 70 14,58 25 39,58 80 16,67 33 49,67 90 18,75 41 59,71 100 20,83 51 71,83 110 22,91 62 84,91 120 25,00 74 99 130 27,08 87 114,08 140 29,16 100 129,16 150 31,24 115 146,24 160 33,32 131 164,32 170 35,41 149 184,41 180 37,48 167 204,48 - 54 -
  • 19. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR Existem vários tipos de colisão que podem acontecer com o seu veículo, e os com- portamentos perigosos dos condutores nas vias também são bem variados, mas o fator mais comum nos acidentes é não ter conseguido desviar ou parar a tempo o seu veículo, evitando a colisão. 8. Como Parar Você, condutor defensivo, deve conhecer os tipos de paradas do veículo, tempo e distância necessários para cada uma delas. ● Distância de seguimento – É aquela que você deve manter entre o seu veículo e o que vai à frente, de forma que você possa parar, mesmo numa emergência, sem colidir com a traseira do outro. O ideal é manter a distância de aproximadamente dois segundos em relação a um ponto fixo. ● Distância de reação – É aquela que seu veículo percorre, desde o momen- to que você vê a situação de perigo, até o momento em que pisa no freio. Ou seja, desde o momento em que o condutor tira o pé do acelerador até colocá-lo no freio. Varia de pessoa para pessoa, mas no geral está entre 0,75 e 1,5 segundos. ● Distância de frenagem – É aquela que o veículo percorre depois de você pisar no freio até o momento total da parada. Você sabe que o seu veículo não pára imediatamente, não é mesmo? ● Distância de parada – É aquela que o seu veículo percorre desde o mo- mento em que você vê o perigo e decide parar até a parada total do seu veí- culo, ficando a uma distância segura do outro veículo, pedestre ou qualquer objeto na via. Ou seja, é a soma da distância da reação com a distância da frenagem. 9. Distância Segura Para você saber se está a uma distância segura dos outros veículos, vai depender das condições climáticas (sol ou chuva), da velocidade, das condições da via, dos pneus e do freio do carro, da visibilidade e da sua capacidade de reagir rapidamente. - 55 - Fig 3.1 – Esquema de distancias para parar
  • 20. Direção Defensiva Existem tabelas e fórmulas para você calcular esta distância, principalmen- te nas rodovias, mas como elas variam muito, e dependem além do tipo e peso do veículo, de outros fatores que também variam muito, o melhor é manter-se o mais longe possível (dentro de um juízo de bom senso), para garantir a sua segurança. Porém, para manter uma distância segura entre os veículos nas rodovias, sem a utilização de cálculos, fórmulas ou tabelas, vamos lhe ensinar a usar "o ponto de refe- rência fixo": ● Observe a estrada à sua frente e escolha um ponto fixo de referência (à margem) como uma árvore, placa, poste, casa, etc. ● Quando o veículo que está à sua frente passar por este ponto, comece a contar pausadamente: mil e um, mil e dois. (mais ou menos dois segundos). ● Se o seu veículo passar pelo ponto de referência antes de contar (mil e um e mil e dois), deve aumentar a distância, diminuindo a velocidade, para ficar em segurança. ● Se o seu veículo passar pelo ponto de referência após você ter falado as seis palavras, significa que a sua distância, é segura. ● Este procedimento ajuda você a manter-se longe o suficiente dos outros veí- culos em trânsito, possibilitando fazer manobras de emergência ou paradas bruscas necessárias, sem o perigo de uma colisão. 10. Dirigindo uma Ambulância 10.1. Responsabilidade do Motorista de uma Ambulância No atendimento pré-hospitalar a vítimas de emergências, o papel do motorista da equipe reveste-se especial importância, sem ele a unidade de atendimento não se deslo- ca e dele depende a segurança do conjunto socorrista-vítima, adotado em sua cidade: Para desempenhar bem o seu papel o motorista da unidade de emergência deve: ● Ser habilitado, atualmente o CTB, exige a categoria “D”, para ser motorista de ambulância; ● Ter feito pelo menos um curso de direção defensiva; ● Conhecer a cidade e dominar seu sistema viário, conhecendo as principais referências para se situar em qualquer bairro; ● Saber situar com rapidez o destino para o qual é despachado e saber obter informações adicionais da central de operações, via rádio, para melhor loca- lizar o destino exato; - 56 - Fig 3.1 – Esquema de distancia segura
  • 21. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ● Decidir-se pelo caminho mais rápido e seguro e dirigir-se diretamente para o local; ● Dirigir com a rapidez possível, dando prioridade total á segurança da ambu- lância e sua equipe, dos demais veículos e seus ocupantes e dos pedestres; ● Estacionar a ambulância cuidadosamente e em segurança; ● Participar do atendimento da vítima (o ideal é que o motorista também seja socorrista); ● Conhecer as lesões apresentadas pela vítima e o tipo de atendimento que deverá receber em rota, dirigindo de modo compatível com a segurança; ● Cuidados com freadas bruscas, lombadas, deformações na pista, evitando agravar as lesões; ● Usar o caminho menos acidentado e mais direto para o hospital destinado a receber vítima; ● Usar de modo apropriado a sinalização da ambulância; ● Administrar seu tempo de folga garantindo repouso pessoal adequado a um desempenho seguro. 10.2. Sinalização da Ambulância A sinalização da ambulância tem por finalidade assinalar aos demais motoristas e pedestres a presença de um veículo deslocando-se em regime de urgência, seja para chegar a um local onde um atendimento foi requisitado, seja por estar transportando uma pessoa em estado crítico, necessitando chegar a um hospital ao menor tempo possível, com segurança máxima. Somente nestes casos está indicado e justificado o uso da sinali- zação especial do veículo. A sinalização tem limitações no seu alcance, não garante que todos irão percebe- la, nem tampouco garante que aqueles que perceberam vão colaborar e lhe dar passa- gem. Ou seja, embora usando toda a sinalização disponível, ainda assim o condutor da ambulância deve tomar todos os cuidados prescritos pela prática da direção defensiva. A luz vermelha é mais eficaz como sinalização dirigida para os veículos que transi- tam em sentido oposto. A sirene é mais efetiva para alertar os motoristas dos veículos à frente da ambulância, devendo ser ligada com antecedência, para ser ouvida de longe (acionar a sirene logo atrás do veículo da frente pode assustar o motorista, fazendo-o fre- ar bruscamente, com risco de colisão). O comportamento desejado (e nem sempre produ- zido) é de que o condutor do veículo à frente libere a passagem, retirando seu veículo o mais o para a direita possível e parando até que o veículo de emergência ultrapasse. Quando mais de um veículo de emergência está em deslocamento, a distância mínima entre eles deve ser de 150 metros. Veículos de emergência não devem se ultrapassar. - 57 -
  • 22. Direção Defensiva 10.3. Transportando uma Vítima Poucas emergências exigem o deslocamento urgente para o hospital. Entre elas destaca-se a hemorragia incontrolável e os casos de nível 3. Mesmo neste caso, entretan- to, a segurança continua tendo prioridade sobre a urgência, uma vez que um acidente en- volvendo a ambulância produzirá considerável atraso na chegada da vítima ao seu desti- no. Nas emergências em que o diagnóstico pré-hospitalar da vítima não seja muito gra- ve (nível 1 e 2), portanto, em que a urgência seja relativa, o deslocamento suave impede que as lesões apresentadas pela vítima sofram agravos secundários, decorrentes de sola- vancos, deslizamentos e deslocamentos, sendo de todo desejável. Isto é particularmente verdadeiro se a vítima apresenta fraturas, especialmente aquelas com lesão associada de vasos sangüíneos e nervos. Nos pacientes com problemas cardiológicos, o tranporte deve ser o menos turbu- lento possível. São pacientes que experimentam uma aguda sensação de morte iminente, que pode ser acentuada pela remoção tumultuada. Em princípio está contra indicado o uso da sinalização da ambulância, especialmente a sirene. Se o paciente encontra-se em parada cardio-respiratória, é claro que há urgência em se chegar ao hospital. Entretanto, a equipe não pode manter uma RCP adequada se a ambulância estiver se deslocando em alta velocidade, o que impede manobras efetivas. Pacientes psiquiátricos também se sentem melhor e mais cooperativos se transpor- tados sem a sinalização sonora. Nas emergências obstétricas, o transporte também deve ser calmo e cuidadoso. Se o parto se desencadeia, o melhor a fazer é estacionar a ambulância em segurança e aju- dar na realização do mesmo e no cuidado do recém-nato, após o que pode-se prosseguir até o hospital. 10.4. Seqüência de Procedimentos ao Estacionar a Ambulância ● Aproximar-se do local da emergência com cautela; ● Avaliar a área de estacionamento a ser utilizada; ● Observar as condições de risco do local para pessoas e coisas; ● Decidir sobre o local de estacionamento com base no emprego da ambulân- cia, facilitando o embarque da vítima; ● Avisar o COBOM de sua chegada e das condições encontradas; ● Estacionar de forma que se permita , se possível, a fluidez do trânsito, dei- xando espaço para outras viaturas; ● Posicionar as viaturas de forma a proteger as guarnições; ● Calçar a viatura e estabilizá-la quando for o caso; ● Sinalizar a viatura e o local escolhido; - 58 -
  • 23. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ● Isolar a área; ● Informar o COBOM sobre as áreas de estacionamento, e qualquer informa- ção que auxilie as outras viaturas que poderão ser deslocadas ao sinistro. - 59 -
  • 24. Cinemática do Trauma CAPÍTULO 4 CINEMÁTICA DO TRAUMA 1. Introdução Trauma é uma lesão caracterizada por uma alteração estrutural ou fisiológica resul- tante da ação de um agente externo que resulta na exposição a uma energia (mecânica, térmica, elétrica), esta energia pode ter origens bio-físico-químicas. As mortes ocasionadas por traumas ocupam entre a segunda ou terceira posição geral na morbidade dos países, (perdendo apenas para as doenças cardiovasculares e neoplasias). Porém entre os indivíduos das faixas etárias inferiores a 40 anos é a principal causa de morte. Cada vítima de trauma aparenta ter suas próprias apresentações de lesões, mas na verdade muitos pacientes possuem métodos similares de traumatismos. O conheci- mento destes mecanismos de lesões permitirão ao médico e socorrista um rápido diag- nóstico ou pelo menos a suspeita das lesões através de métodos usuais. No atendimento inicial do traumatizado devemos apreciar criteriosamente os meca- nismos que produziram os ferimentos. Entendendo os mecanismos de trauma e manten- do um alto grau de suspeita, o socorrista ganha em aptidão para diagnosticar os ferimen- tos ocultos e um precioso tempo na instituição do tratamento. Todo ferimento potencial- mente presente deve ser investigado, tendo em vista o mecanismo de trauma em ques- tão. “Saber onde procurar lesões e tão importante quanto saber o que fazer após encon- tra-las” Embora existam vários mecanismos de trauma os mais comuns relacionam-se com o movimento, respondendo pela maioria das mortes por trauma. Cinemática do Trauma é portanto o processo de análise e avaliação da cena do acidente, com o escopo de se estabelecer um diagnóstico o mais precoce possível das le- sões resultantes da energia, força e movimentos envolvidos. Através da cinemática do trauma o socorrista pode informar ao médico intervencionista e/ou regulador dados de suma importância para o tratamento mais adequado a ser dispensado na fase hospitalar, e também guiar seu próprio atendimento pré-hospitalar. Esta ciência é baseada em princí- pios fundamentais da física: - Primeira Lei de Newton -"Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas a ele." - Princípio da Inércia. (Mesmo que um carro colida e pare, as - 60 -
  • 25. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR pessoas no seu interior continuam em movimento até colidirem com o painel, direção, pa- rarias etc.) Mas, por que este repentino início ou parada de movimento resulta em trauma ou lesões? Esta questão é respondida por um segundo princípio da Física: “A energia pode ser transformada de uma forma em outra em um sistema isolado, mas não pode ser criada ou destruída; a energia total do sistema sempre permanece constante”. Considerando-se o movimento de um carro como uma forma de energia (energia cinética), quando o carro colide, esta forma de energia é transformada em outras (mecânica, térmica, elétrica, química). Considerando que E = m. V² , sendo E = energia cinética (movimento) 2 m = massa (peso) V = velocidade Conclui-se que quanto maior a velocidade, maior a troca de energia resultando as- sim em maiores danos aos organismos envolvidos. Para que um objeto em movimento perca velocidade é necessário que sua energia de movimento seja transmitida a outro objeto. Esta transferência de energia ocorre quan- do, por exemplo um objeto em movimento colide contra o corpo humano ou quando o cor- po humano em movimento é lançado contra um objeto parado, os tecidos do corpo huma- no são deslocados violentamente para longe do local do impacto pela transmissão de energia, criando uma cavidade, este fenômeno chama-se cavitação. A avaliação da ex- tensão da lesão tecidual é mais difícil quando não existe penetração cutânea do que quando há uma lesão aberta. Por exemplo, um soco desferido no abdome pode deformar profundamente a parede abdominal sem deixar marcas visíveis externamente, mas com lesão de órgãos abdominais internos. Por isso é obrigatório pesquisar a história do evento traumático. Uma cavidade com deformação visível após um impacto é definida como per- manente. Já uma cavidade (ou deformidade) não visualizada quando o socorrista ou mé- dico examina a vítima é definida como temporária, na qual o tecido retorna para a sua po- sição normal. A diferença entre as duas está relacionada a elasticidade dos tecidos. - 61 - Fig 4.1 – Fenômeno da cavitação gerando cavidade temporária e definitiva nos ferimentos por projétil de arma de fogo
  • 26. Cinemática do Trauma Analisando o mecanismo de trauma é possível ao socorrista estimar o tamanho da cavidade no momento do impacto, assim como as demais lesões decorrentes do mesmo. 2. Fases da Cinemática do Trauma Na avaliação da cinemática do evento que possa causar traumatismos em um indiví- duo podemos dividir sua evolução em 3 fases: Pré-colisão, Colisão e Pós-colisão. (Consideremos a colisão não apenas como acidente automobilístico mas também colisão de qualquer objeto, corpo ou forma de energia contra o corpo humano). 2.1. Pré-colisão: A história do incidente traumatizante começa com a pré-colisão com dados como ingestão de álcool ou drogas, doenças preexistentes, condições climáticas e ainda tamanho, peso, idade e sexo da vítima e/ou agressor. 2.2. Colisão: A segunda e talvez a mais importante fase na anamnese do trauma é a “fase da colisão propriamente dita”, fase esta que começa quando um objeto colide com outro e ocorre uma transmissão de energia entre eles. Os objetos podem estar em movimento ou um deles estacionado, e qualquer um dos objetos ou ambos, podem ser um corpo humano. Esta fase começa pelo início das trocas e transformações energéticas entre os corpos e termina quando a ação energética se extingue ou deixa de atuar sobre o organismo da vítima. São considerações importantes para o atendimento: ● A direção na qual a variação de energia ocorreu. ● Quantidade de energia transmitida. ● Forma com que estas forças afetaram o paciente. (Exemplo: altura da queda, calibre da arma, tamanho da lâmina). 2.3. Pós-colisão: As informações conseguidas nas fases anteriores são usadas para melhor abordagem da vítima na fase pós-colisão, fase esta que inicia tão logo a energia se extingua ou deixe de atuar sobre o organismo da vítima. 3. Trauma Contuso x Trauma Penetrante Está diretamente relacionado ao ta- manho da superfície de contato do objeto contra o corpo no momento do impacto. Se toda a energia do objeto está concentrada numa pequena área de con- tato com a superfície do corpo, se espera que a pele se rompa e o objeto penetre no corpo (trauma penetrante). Por outro - 62 - Fig 4.2 – Trauma contuso - Apenas cavidade temporária
  • 27. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR lado, um objeto grande, a energia vai se espalhar por uma grande área da superfície cor- poral e a pele pode não ser rompida (trauma contuso). Da mesma forma podemos con- cluir que o trauma contuso cria uma cavidade temporária, já no trauma penetrante a cavi- dade pode ser temporária ou definitiva. Por exemplo: um projétil de arma de fogo, rompe e penetra na pele cavidade definitiva — e no seu trajeto pelo corpo pode provocar deslo- camento de tecidos no sentido frontal e lateral — cavidade temporária. De acordo com o exposto, podemos deduzir que o efeito do conjunto de forças que resulta em lesões corporais está diretamente relacionado ao conhecimento da anatomia do corpo humano e das diversas formas de energia. Considerando-se portanto, a relevância do movimento nos mecanismos de trauma, é obrigatória a análise clínica da vítima focada nos aspectos relacionados a cinemática dos corpos en- volvidos na cena do acidente. O conhecimento da ocorrência de permuta de energia e de suas variáveis pela equipe de resgate, tem grande importân- cia prática. Isto pode ser evidenciado quando se compara duas equipes que atendem um motorista que se chocou violentamen- te contra o volante. A que conhece cinemática do trauma, mes- mo não reconhecendo lesões externas, saberá que ocorreu uma cavitação temporária e uma grande desaceleração suspei- tando de lesões de órgãos intratorácicos. Com isso, a conduta será mais agressiva, minimizando a morbi-mortalidade dos pa- cientes. Já a que não tem estes conhecimentos, não suspeitará de lesões de órgãos intratorácicos, retardando o diagnóstico e conduta das mesmas, influenciando diretamente na sobrevida dos pacientes. 4. Mecanismos de Lesão 4.1. Acidente Automobilístico – Colisão Frontal 4.1.1. Cabeça e Pescoço: Quando a cabeça colide contra o para-brisa geralmente ocorrem ferimentos corto-contusos em crânio e face, com possíveis lesões nos olhos, o crânio pode ser ainda comprimido e fraturado ocorrendo a penetração de fragmentos ósseos no cérebro. A coluna cervical sofre uma violenta compressão podendo ser angulada além de seus limites anatômicos, podendo sofrer luxações e/ou rupturas de vértebras com consequentes lesões aos tecidos moles do pescoço e medula espinhal. - 63 - Fig 4.4 – Colisão frontal em crânio Fig 4.3 – Trauma penetrante cavidade temporária e definitiva
  • 28. Cinemática do Trauma 4.1.2. Tórax e Abdômen: Durante uma colisão, o movimento do corpo é suspenso, mas os órgãos da cavidade torácica e abdominal tendem a continuar o movimento para frente, estando sujeitos a se romperem no ponto onde estão ligados à parede torácica e abdominal, como no pedículo vascular de órgãos (aorta ascendente, rins, baço, intestino delgado e grosso). Outra situação em conseqüência da desaceleração é a laceração do fígado, geralmente pela compressão do abdômen contra o volante. Com o aumento de pressão no abdômen, pode haver ruptura do diafragma. 4.1.3. Joelho: Quando o ocupante do veículo continua o movimento para a frente e para baixo depois que o carro para, o impacto do joelho contra o painel do veículo resulta em sua fratura ou luxação, com lesão de vasos - 64 - Fig 4.7 – Lesões produzidas pelo impacto de tórax em colisão frontal Fig 4.8 – Ações em abdome e membros inferiores Fig 4.5 – Ações em crânio e pescoço Fig 4.6 – Colisão frontal em tórax
  • 29. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR que, se não detectada, pode levar até à amputação da perna. A energia do impacto do joelho contra o painel, se transmitida, causa fratura de fêmur e/ou fratura e luxação de quadril. Esse tipo de fratura costuma provocar forte hemorragia, pondo em risco a vida da vítima. 4.2. Acidente Automobilístico – Colisão Traseira Se o veículo parado ou que se desloca lentamente sofre colisão na parte traseira, a energia do impacto provoca aceleração rápida e o lança à frente, as- sim como tudo o que está em contato com ela. Se não houver apoio para a cabe- ça, pode acontecer a hiperextensão do pescoço e o risco de lesão na medula es- pinhal. Geralmente, após a aceleração rápida, o veículo é obrigado a parar subi- tamente e seus ocupan- tes lançados para a frente, como no meca- nismo de colisão frontal. Como o veículo sofre dois tipos de impacto (frontal e traseiro), o so- corrista ficará atento a essa possibilidade e, na cena do acidente, bus- cará as lesões relacio- nadas aos dois tipos de situação. 4.3. Acidente Automobilístico – Colisão Lateral O veículo sofre colisão na sua lateral, causando deslocamento no sentido do impacto. Toda a lataria do veículo é lançada sobre o lado do ocupante, que sofrerá lesões por duas maneiras: Pelo movimento do carro - lesão bem-discreta se o passageiro estiver com o cinto de segurança. Pela projeção da porta para o interior, comprimindo o passageiro. Recebendo o impacto no tórax, haveria fratura de costelas pelo lado da colisão, além de contusão pulmonar, tórax instável, ruptura de fígado ou baço. A compressão - 65 - Fig 4.9 – Colisão traseira - risco de trauma cervical Fig 4.10 – Colisão lateral
  • 30. Cinemática do Trauma do ombro contra a clavícula causaria fratura desse osso. A força lateral aplicada pela porta do veículo sobre a cabeça do fêmur, forçando-o medialmente, resultaria em sua fratura e em fratura da pelve. A coluna cervical está sujeita a flexão lateral e rotação pelo impacto lateral, e a combinação desses dois movimentos é responsável por lesões graves de coluna cervical. O socorrista também deve estar atento à possibilidade de colisão dos ocupantes do veículo entre si, principalmente entre cabeças e ombros. 4.4. Acidente Automobilístico – Capotamento Num capotamento, o carro sofre uma série de impactos em diferentes ângulos, assim como os ocupantes do veículo e seus órgãos internos. Assim, todos os tipos de ferimentos mencionados anteriormente podem ser esperados, além da probabilidade de trauma de coluna vertebral. Se as vítimas forem ejetadas do veículo (por estarem sem cinto de segurança), a situação geralmente é grave. 4.5. Cinto de Segurança A maior parte das vítimas com as lesões descritas anteriormente não estava utilizando o cinto de segurança. Vinte e sete por cento (27%) das mortes que ocorrem nos acidentes de trânsito se devem ao fato de as vítimas serem ejetadas do veículo. Estas têm seis vezes mais chances de morrer. Entre as vítimas que não vão a óbito, grande parte sofre trauma de coluna e fica com seqüelas graves. As estatísticas comprovam que o cinto de segurança realmente salva vidas, considerando-se mais adequado aquele que cruza tórax e abdômen e atravessa a pelve (cinto de 3 pontos). Nos acidentes automobilísticos cujas vítimas utilizam o cinto de segurança, as lesões geralmente são poucas e de menor gravidade. Quando o cinto utilizado apóia somente a pelve, a energia do impacto é absorvida pelos tecidos moles da cavidade abdominal, em retroperitônio, predispondo a lesões de órgãos abdominais internos. - 66 - Fig 4.11 – Uso do cinto de 3 pontos Fig 4.10 – Capotamento
  • 31. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR Ainda assim, seguramente, as lesões são menos graves do que as de quem não usa qualquer cinto de segurança. Para crianças até 10 anos de idade é obrigatória a permanência no banco traseiro do veículo, e ainda existem cuidados especiais conforme a tabela abaixo: Tabela 4.1 Tabela de fixação de segurança em veículos para bebês e crianças Peso & Idade Posição Equipamento Até 13 Kg ou 1 ano de idade Voltada para a traseira do veículo, com leve inclinação das costas Bebê conforto De 13 a 18 Kg ou até 4 anos de idade. Voltada para frente na posição vertical Cadeirinha de segurança De 18 a 36 Kg ou até 10 anos de idade se altura inferior a 1,45 m No banco traseiro com cinto de 3 pontos Assento de elevação Obs: – Para garantir a segurança a cadeirinha deve estar corretamente instalada. – O cinto de segurança do carro deve passar pelos locais indicados no equipamento, e não deve mover mais que 2 cm para os lados após a fixação. – Leia atentamente as instruções do equipamento e o manual do veículo. – Só compre cadeirinha que tenha o selo de certificação do INMETRO Fonte: DETRAN-PR 4.6. "Airbag" Bastante útil na colisão frontal, o air bag absorve a energia lentamente, aumentando a distância de parada do corpo na desaceleração rápida, o que amortece o impacto do corpo contra o interior do veículo. - 67 - Fig 4.12 – Bebê conforto Fig 4.14 – Assento de elevação Fig 4.13 – Cadeirinha de segurança
  • 32. Cinemática do Trauma Não registra grande benefício na colisão lateral, na colisão traseira, no capotamento e tampouco numa segunda colisão, visto que ele desinsufla rapidamente após o impacto. O air bag deve associar-se ao uso do cinto de segurança. 4.7. Acidente Automobilístico – Acidente de Motocicleta Os acidentes de motocicleta são responsáveis por grande número de mortes todos os anos. O mecanismo de trauma é o mesmo da colisão de veículo e segue as leis da Física. O uso do capacete previne lesões de face e crânio. Numa colisão frontal contra um objeto, a moto inclina-se para a frente e o motociclista é jogado contra o guidom, esperando-se trauma de cabeça, tórax e abdômen. Caso pés e pernas permaneçam fixos no pedal e a coxa colida contra o guidom, pode ocorrer fratura bilateral de fêmur. Na colisão lateral do motociclista, geralmente há compressão de membros inferiores provocando fraturas de tíbia e fíbula. Fig 4.17 – Acidentes com motocicletas. Nos casos de colisão com ejeção do motociclista, o ponto de impacto determina - 68 - Fig 4.15 – Ação do Airbag Fig 4.16 – Cinto de três pontos e Airbag
  • 33. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR a lesão, irradiando-se a energia para o resto do corpo. Como nos automobilísticos, geralmente as lesões são muito graves nesse tipo de acidente. 4.8. Acidente Automobilístico – Atropelamento Na abordagem de vítima de atropelamento, é importante conhecer sua idade, pois existem mecanismos distintos de trauma entre adultos e crianças. Quando o adulto percebe estar prestes a ser atropelado, ele se vira de costas para o veículo, na tentativa de se proteger; logo, as lesões se localizam nas regiões posterior e lateral do corpo. Por outro lado, as crianças encaram o veículo atropelador de frente. Existem três fases no atropelamento: ● Impacto inicial nas pernas, às vezes atingindo coxa e quadril; ● Tronco lançado contra o capô do veículo; ● Vítima caída no asfalto – geralmente o primeiro impacto na cabeça, com possibilidade de trauma de coluna cervical. Concluímos que se espera grande número de lesões em vítima de atropelamento, conforme análise de cada fase: fraturas de tíbia e fíbula, de pelve e terço superior de fêmur, trauma de tórax, abdômen e coluna vertebral, traumatismo craniano. Na avaliação da cena do acidente, o socorrista deve determinar se, após o atropelamento a vítima não foi atropelada uma segunda vez por veículo que trafegava próximo. Na criança, pelo fato de ser menor em altura, o fêmur ou pelve pode sofrer o primeiro impacto e fraturar já na primeira fase. Seguem trauma de tórax, cabeça e face. Lesões intratorácicas em crianças inicialmente seriam assintomáticas, devendo o socorrista estar atento a essa possibilidade. Fig 4.18 – Atropelamento. 4.9. Quedas A queda se caracteriza por uma desaceleração vertical rápida. No atendimento às vítimas de queda, o socorrista deve conhecer: ● altura da queda; ● tipo de superfície com que a vítima colidiu. Exemplos: gramado, concreto etc.; ● parte do corpo que sofreu o primeiro impacto. Como a velocidade na queda aumenta com a altura, grandes alturas - 69 -
  • 34. Cinemática do Trauma predispõem a lesões mais graves. Como referência, considera-se grave a queda de altura três vezes maior que a altura da vítima. Chamamos de "síndrome de Don Juan" a queda de altura com aterrissagem pelos pés. Conforme a altura, acontece fratura bilateral de calcâneos. Após os pés, as pernas são as próximas partes a absorver a energia - fratura de tornozelos, ossos longos e quadril. No terceiro momento, verificar fratura com compressão de coluna torácica e lombar. Se a vítima apóia as mãos na queda, espera-se fratura de punho. Assim, cabe-nos determinar a parte do corpo que sofreu o primeiro impacto e, conseqüentemente, deduzir as lesões relacionadas. 4.10. LESÕES POR EXPLOSÃO Essas lesões, antes relacionadas somente aos períodos de guerra, estão tornando-se cada vez mais comuns no mundo civilizado, visto acontecerem em refinarias, lojas de fogos de artifício, estaleiros, indústrias, minas e também em domicílios, pela explosão de botijões de gás. A explosão tem três fases: ● Causada pela onda de pressão proveniente da explosão, atinge particularmente órgãos ocos ou contendo ar, como pulmões e aparelho gastrointestinal. Podem ocorrer sangramento pulmonar, pneumotórax, perfuração de órgãos do aparelho digestivo. A onda de pressão rompe a parede de pequenos vasos sangüíneos e também lesa o sistema nervoso central. A vítima morre sem que se observem lesões externas. O socorrista, sempre atento a essas possibilidades, pesquisa sinais de queimadura nas áreas descobertas do corpo. ● Em vítima atingida por estilhaços e outros materiais provenientes da explosão, é possível encontrar lace rações, fraturas, queimaduras e perfurações. ● Se a vítima é lançada contra um objeto, haverá lesões no ponto do impacto e a força da explosão se transfere a órgãos do corpo. Elas são aparentes e muito similares àquelas das vítimas ejetadas de veículos ou que sofrem queda de grandes alturas. 5. Traumas Penetrantes 5.1. Ferimentos Por Arma Branca A gravidade dos ferimentos por arma branca depende das regiões anatômicas atingidas, da extensão da lâmina e do ângulo de penetração, lembrando que o ferimento no abdômen superior pode atingir o tórax, e ferimentos abaixo do quarto espaço intercostal, podem penetrar o abdômen. - 70 -
  • 35. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR É fundamental, no atendimento pré- hospitalar de ferimentos por arma branca, cuja lâmina ainda se encontre alojada no corpo, não remover o objeto e, sim, imobiliário junto ao corpo e transportar rapidamente a vítima ao hospital. A lâmina pode estar promovendo compressão das extremidades vasculares, o que contém hemorragias, só devendo ser removida em ambiente hospitalar. Fig 4.19 – Lesão por arma branca. 5.2. Ferimentos Por Arma de Fogo No atendimento a vítimas de acidentes por arma de fogo, o sococorrista tenta informar-se sobre o tipo da arma, seu calibre e a distância de onde foi disparada. Calibre - diâmetro interno do tambor, que corresponde ao calibre da munição usada por aquela arma em particular. Munição - usualmente projéteis construídos em liga de chumbo sólido que apresentam ou não uma jaqueta parcial de aço ou cobre; formato arredondado, chato, cônico ou pontiagudo; extremidade anterior do projétil macio ou côncavo para favorecer expansão e fragmentação. Fig 4.20 – Revolver calibre .38. Armas de alta e de baixa velocidade - as que aceleram os projéteis a velocidades mais baixas são menos letais, incluindo-se aqui todas as armas de mão e alguns rifles. Ferimentos com essas armas são menos destrutivos que os produzidos por projéteis que alcançam altas velocidades, embora também causem ferimentos letais, dependendo da área de impacto. Fig 4.21 – Rifles altamente letais que disparam projéteis em alta velocidade. - 71 -
  • 36. Cinemática do Trauma Fatores que contribuem para o dano tecidual. Tamanho do projétil - quanto maior o projétil, maior a resistência oferecida pelos tecidos e maior a lesão produzida por sua penetração. Deformidade do projétil - projéteis de "extremidade anterior macia" achatam-se na ocasião do impacto, resultando no comprometimento de superfície maior. Projétil com jaqueta - a jaqueta se expande e amplia a superfície do projétil. Giro - o giro do projétil amplia seu poder de destruição. Desvio - o projétil pode oscilar vertical e horizontalmente ao redor do seu eixo, ampliando a área de destruição. Distância do tiro - quanto mais próximo o disparo, maior a lesão produzida. Densidade dos tecidos atingidos - o dano produzido é proporcional à densidade do tecido. Órgãos altamente densos, como ossos, músculos e fígado, sofrem mais danos do que os menos densos, lembrando que, ao percorrer o corpo, a trajetória da bala nem sempre será retilínea, sofrendo desvios e atingindo órgãos insuspeitados, considerando os orifícios de entrada e saída. Ferida de entrada; Geralmente óbvia, pode não ser identificada se a vítima não for completamente despida e examinada. Ferida de saída; Nem sempre existe (se o projétil não abandonar o corpo) e pode ser múltipla para um único projétil, devido à sua fragmentação ou à de ossos. Geralmente a ferida de saída é mais - 72 - Fig 4.22 – FAF em tórax com orifício de entrada anterior e orifício de saída posterior.
  • 37. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR larga que a de entrada e apresenta bordos lacerados. Feridas internas; Projéteis em baixa velocidade danificam principalmente os tecidos com os quais entram em contato. A alta velocidade produz prejuízos a distância, lesando tanto os tecidos com que o projétil faz contato, como transferindo energia cinética aos tecidos em redor. Nesse caso, a lesão é produzida por ondas de choque e pela formação de uma cavidade temporária ao redor da bala, com diâmetro trinta a quarenta vezes maior que o dela própria, criando imensa pressão nos tecidos. Com relação ao atendimento de paciente com ferimento por arma de fogo, transportá-Io rapidamente ao hospital, principalmente se o ferimento atingir cabeça, tórax e abdômen. Mesmo pessoas atingidas enquanto usavam coletes à prova de bala podem apresentar contusões orgânicas graves, sendo mais sérias a miocardíaca e a pulmonar. - 73 -
  • 38. Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar CAPÍTULO 5 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 1. Introdução No atendimento a uma situação de emergência é essencial que a viatura destinada a atender estes tipos de ocorrência, esteja equipada com todo o equipamento e material indispensável a oferecer assistência pré-hospitalar a vítima traumatizada. Além disso, a guarnição escalada na viatura deve estar perfeitamente treinada, com conhecimento pro- fundo quanto à identificação rápida dos equipamentos e materiais, bem como, das técni- cas de utilização dos mesmos, tornando assim o atendimento ágil e eficiente. 2. Classificação dos Equipamentos e Materiais Para fins didáticos, estaremos classificando os equipamentos e materiais da se- guinte forma: ● Equipamentos de comunicação móvel e portátil; ● Equipamentos para segurança no local do acidente; ● Equipamentos de reanimação e administração de oxigênio; ● Equipamentos de imobilização e fixação de curativos; ● Materiais utilizados em curativos; ● Materiais de uso obstétrico; ● Equipamentos para verificação de sinais vitais; ● Macas e acessórios; ● Equipamentos de uso exclusivo do médico. 3. Definição dos Equipamentos e Materiais 3.1. Equipamentos de Comunicação Móvel e Portátil: ● Equipamentos de comunicação móvel, - rádi- os VHF/FM: são os mais utilizados no Corpo de Bombeiros, são capazes de identificar chamadas possuindo no mínimo 16 canais à 64 canais. Pos- suem scan com prioridade dupla e grande visor alfanumérico de 14 caracteres. - 74 - Fig 5.1 – Rádio móvel
  • 39. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ● Equipamentos de comunicação portátil - rádios VHF/FM: O rádio Portátil possui várias opções e carac- terísticas que destacam seu desempenho sendo utiliza- dos no Corpo de Bombeiros modelos que possuem desde 16 canais à 64 canais, sem visor ou com visor al- fanumérico de 8 caracteres, várias faixas de freqüência PL/DPL, VOX integrada e múltiplas opções de baterias. 3.2. Equipamentos para Segurança no Local do Acidente ● Equipamento de proteção individual – este conjunto de equipamentos destinam-se a proteção do socorrista e da víti- ma, objetivando evitar a transmissão de doen- ças, seja pelo contato com a pele ou através da contaminação das mucosas; materiais de uso obrigatório no atendimento no interior das viatu- ras do Corpo de Bombeiros: luvas descartáveis, máscara de proteção facial, óculos de proteção, aventais e capacetes (em locais de risco iminen- te de acidentes) ● Equipamento de segurança no local – este con- junto de equipamentos destinam-se a garantir a se- gurança das guarnições no local do acidente, bem como, das vítimas envolvidas e da população em geral; destacam-se entre esses materiais os cones de sinalização, lanternas, fitas para isolamento e ex- tintores de incêndios. 3.3. Equipamentos de Reanimação e Administração de Oxigênio ● Cânula orofaríngea ou Cânula de Guedel – equipamento destinado a garantir a permeabili- dade das vias áreas em vítimas inconscientes devido a queda da língua contra as estruturas do palato, promovendo a passagem de ar através da orofaringe. Possui vários tamanhos - 75 - Fig 5.2 – Rádio portátil Fig 5.3 – EPI Fig 5.4 – Equip. Segurança Fig 5.5 – Cânula orofaríngea
  • 40. Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar ● Reanimador ventilatório manual ou Ambu – equipamento destinado a estabelecer venti- lação artificial manual. Composto de bolsa, valva ou válvula e máscara, garantindo assim eficiente insuflação de ar e maior concentra- ção de oxigênio para a vítima. Equipamento disponível nos tamanhos adulto e infantil. ● Equipamento de administração de oxigênio por- tátil – unidade portátil destinada a dar suporte de oxigênio a vítima acidentada no local da ocorrência inicial, com capacidade de 300 litros e fluxômetro a fim de dosar a administração de pelo menos 12 litros de oxigênio por minuto. Toda a ambulância possui uma segunda unidade fixa com capacidade de arma- zenamento maior, possibilitando a continuação da administração de oxigênio durante o deslocamento até o pronto socorro. ● Equipamento para aspiração – destinado a as- piração de secreções da cavidade oral, as quais obstruem a passagem de oxigênio sendo indis- pensável uma unidade portátil e uma unidade fixa na ambulância. 3.4. Equipamentos de Imobilização e Fixação de Curativos ● Tala articulada de madeira e tala de papelão – são equipamentos indis- pensáveis na imobilização de fraturas e luxações. ● Bandagens triangulares e ataduras de crepom – destinam-se à fixação de talas e curativos. - 76 - Fig 5.6 – Ambu Fig 5.7 – Oxigênio portátil Fig 5.8 – Aspirador
  • 41. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ● Cintos de fixação – cintos flexíveis e resistentes que destinam-se a prender a vítima junto a tábua de imobilização. ● Tração de fêmur – equipamento destinado à imobilização de membros inferiores, com fratu- ras fechadas. Confeccionado em alumínio ou aço inox, possuindo regulagem de comprimen- to com fixação através de tirantes e sistema de catraca. ● Colete de imobilização dorsal (ked)- equipamento destinado a retirada de vítimas do interior de veículos que estiverem sentadas, objetivando a imobili- zação da coluna cervical, torácica e lombar superior. Sua fixação dá-se atra- vés de tirantes flexíveis fixos e móveis. ● Colar cervical – equipamento destinado a imobilização da coluna cervical quanto à movimentos axiais, confeccionado em poli- etileno, dobrável e de vários tamanhos e modelos. - 77 - Fig 5.10 – Tração de fêmur Fig 5.11 – Colete de imobilização dorsal (ked) Fig 5.12 – Colar cervical Fig 5.9 – Talas e bandagens e cintos de fixação
  • 42. Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar ● Tabua de imobilização – equipamento destinado à imobilização da vítima deitada, de vários modelos e tamanhos, possuindo aberturas para fixação de cintos e imobilizadores de cabeça. ● Imobilizadores de cabeça – equipamento destinado à imobilização total da cabeça da vítima acidentada. Confeccionado em espuma revestida de um material impermeável e lavável. 3.5. Materiais Utilizados em Curativos ● Gaze, ataduras de crepom, bandagem, fita adesiva – material indispensável na limpeza superficial de ferimentos e con- tenção de hemorragias em vítimas. 3.6. Materiais de Uso Obstétrico ● Material de assistência ao parto – mate- rial esterilizado, normalmente colocado em pacotes hermeticamente fechados, contendo campos duplos e simples, clamps para laqueadura umbilical, lençóis e tesoura. - 78 - Fig 5.13 – Tabua de imobilização com cintos e imobilizador lateral de cabe- ça Fig 5.14 – Curativos Fig 5.15 – Kit obstétrico
  • 43. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR 3.7. Equipamentos para Verificação de Sinais Vitais ● Esfigmomanômetro – equipamento destinado à aferição da pressão arteri- al. ● Estetoscópio - aparelho destinado a ausculta cardíaca e pulmonar. ● Oxímetro de pulso portátil - aparelho eletrôni- co destinado a medição da saturação periférica de oxigênio. ● Desfibriladores automáticos externos (DEA) – equipamento destinado a verificação de arritmias ventriculares (taquicardia e fibrilação), que se confirmadas através da obediência aos comandos emana- dos, resultará na aplicação de cho- ques buscando a reversão do quadro apresentado. OBS: a Classificação do DEA, neste grupo deve-se ao mesmo atuar tam- bém como monitor cardíaco, identifi- cando o padrão de atividade elétrica do coração, é um material de uso de pessoal treinado, mas não necessari- amente de profissional de saúde, o que o diferencia do cardioversor. - 79 - Fig 5.16 – Esfigmomanômetro e estetoscópio Fig 5.17 – Oxímetro de pulso Fig 5.18 – DEA
  • 44. Equipamentos Utilizados no Atendimento Pré-Hospitalar 3.8. Macas e Acessórios ● Maca – equipamento destinado ao transporte de vítima, sendo confecci- onado em alumínio, com mecanismo de travamento, possibilitando que a maca aumente ou diminua a altura. Cobertor e manta aluminizada – material destinado ao conforto térmico da vítima. 3.9. Equipamentos de Uso Exclusivo do Médico Pode estar disponível no próprio veículo de emergência ou em uma maleta médica que é transportado pelo médico quando se dirige à cena. Inclui: ● Laringoscópio - material de uso exclusivo do mé- dico, destinado a visualização da laringe a fim de realizar o procedimento de colocação de cânulas de entubação endotraqueal. ● Cânulas de entubação endotraqueal – equipamento que garante a ventilação manual ou mecânica, garantindo a per- meabilidade das vias aéreas devido ao um balonete que sela a traquéia. - 80 - Fig 5.19 – Maca retrátil Fig 5.20 – Cobertor e manta térmica Fig 5.21 – Laringoscópio Fig 5.22 – Cânulas de entubação
  • 45. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ● Monitor cardíaco – equipamento desti- nado ao monitoramento das atividades cardíacas da vítima, objetivando o acom- panhamento da melhora ou não do qua- dro clínico do paciente. ● Medicamentos – são ‘drogas’ utilizadas no atendimento que aplicadas pelo mé- dico buscam estabilizar o quadro geral do paciente até a chegada ao pronto so- corro ● Cardioversor – equipamento desti- nado ao monitoramento das ativida- des cardíacas, conjugado com a ve- rificação de arritmias ventriculares (taquicardia e fibrilação), que se con- firmadas resultarão na aplicação de choque, a fim de restabelecer os ba- timentos cardíacos do paciente. Este equipamento só é operado pelo mé- dico de serviço. - 81 - Fig 5.23 – Monitor cardíaco Fig 5.23 – Medicamentos Fig 5.24 – Cardioversor
  • 46. Sinais Vitais CAPÍTULO 6 SINAIS VITAIS Os sinais vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar o diagnóstico inicial e o acompanhamento da evolução do quadro clínico da vítima. São eles: ● Pulso; ● Respiração; ● Pressão arterial; ● Temperatura. Sua verificação é essencial na avaliação da vítima, devendo ser realizada simulta- neamente à história e ao exame físico. São mais significativos quando obtidos em série, possibilitando o acompanhamento de suas variações, e seus valores devem ser analisa- dos conforme a situação clínica. Na obtenção dos sinais vitais devemos considerar as seguintes condições: ● Condições ambientais, tais como temperatura e umidade no local, que po- dem causar variações nos valores; ● Condições pessoais, como exercício físico recente, tensão emocional e ali- mentação, que também podem causar variações nos valores; ● Condições do equipamento, que devem ser apropriados e calibrados regu- larmente. O socorrista deve estar atento, pois o uso de equipamentos inapropria- dos ou descalibrados podem resultar em valores falsos. 1. Pulso Pulso é a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial cada vez que o ventrículo esquerdo se contrai. Em locais onde as artérias de grosso calibre se encontram próximas à superfície cutânea, pode ser sentido à palpação. Cada onda de pulso sentida é um reflexo do débito cardíaco, pois a freqüência de pulso equivale à freqüência cardíaca. Débito cardíaco é o volume de sangue bombeado por cada um dos lados do coração em um minuto. A determinação do pulso é parte integrante de uma avaliação cardiovascular. Além da freqüência cardíaca (número de batimentos cardíacos por minuto), os pulsos também devem ser avaliados em relação ao ritmo (regularidade dos intervalos - regular ou irregu- lar) e ao volume (intensidade com que o sangue bate nas paredes arteriais - forte e cheio - 82 -
  • 47. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ou fraco e fino). O pulso fraco e fino, também chamado filiforme, geralmente está associa- do à diminuição do volume sangüíneo (hipo- volemia). Sob circunstâncias normais, existe um relacionamento compensatório entre a freqüência cardíaca e o volume sistólico. Esta compensação é vista claramente no choque hipovolêmico, no qual um volume sistólico di- minuído é equilibrado por uma freqüência car- díaca aumentada e o débito cardíaco tende a permanecer constante. Podem ser considerados normais os seguintes índices de freqüência cardíaca: ● Adultos – 60 a 100 bpm; ● Crianças – 80 a 120 bpm; ● Bebês – 100 a 160 bpm. 1.1. Taquicardia Taquicardia é o aumento da freqüência cardíaca (acima de 100 bpm nos adultos). Em vítimas de trauma pode ocorrer por hipóxia ou hipovolemia. Pode estar associada também a derrame pericárdico ou a outras causas, como por exemplo, febre, medo, sepse e exercí- cios físicos. A taquicardia sem uma causa óbvia pode indicar um evento cardíaco primá- rio. Embora a ansiedade e a dor possam causar taquicardia, em vítimas de trauma, até prova em contrário, devemos julgar que ela seja decorrente de hipóxia ou choque hipovo- lêmico ou cardiogênico. 1.2. Bradicardia Bradicardia é a diminuição da freqüência cardíaca (abaixo de 60 bpm nos adultos). Nas vítimas de trauma pode estar associada a choque neurogênico. Pode estar associada também a doenças primárias do coração ou doenças da tireóide. 1.3. Locais para Obtenção do Pulso Os melhores locais para se palpar o pulso são onde artérias de grosso calibre se encontram próximas à superfície cutânea e - 83 - Fig. 6.1 - Palpação do pulso radial. Fig. 6.2 - Palpação do pulso carotídeo. Fig. 6.3 - Ventilação.
  • 48. Sinais Vitais possam ser comprimidas contra uma superfí- cie firme (normalmente um osso). As artérias radiais, ao nível dos punhos, são mais comu- mente usadas na checagem do pulso em víti- mas conscientes. As artérias carótidas, ao ní- vel do pescoço, são normalmente usadas para palpação do pulso em vítimas inconsci- entes. Pode-se também sentir o pulso palpan- do as seguintes artérias: femoral na raiz da coxa, braquial no braço, axilar na axila e pedi- oso no dorso do pé. Também podermos medir o pulso pela ausculta cardíaca, no ápice ou ponta do coração, no lado esquerdo do tórax, levemente abaixo do mamilo (pulso apical). 1.4. Procedimentos para Palpação do Pulso 1) Relaxe a vítima. Para palpar o pulso radial, mantenha o braço da vítima des- cansando confortavelmente, preferencialmente cruzando a parte inferior do tórax. Para o pulso carotídeo, palpe a cartilagem tireóide no pescoço (pomo de Adão) e deslize os dedos lateralmente até sentir o pulso. 2) Use dois ou três dedos para encontrar e sentir o pulso. Use somente a ponta dos dedos e nunca o polegar (usando o polegar o examinador poderá sentir seu próprio pulso digital). 3) Evite muita pressão. Pressionando forte poderá interromper o pulso da víti- ma. 4) Sinta e conte o pulso durante 30 ou 60 segundos (se contar por 30 segun- dos, multiplique por dois). Use relógio que marque os segundos. 5) Anote a freqüência, o ritmo e o volume do pulso, bem como a hora da medi- ção. Exemplo: Pulso - 72, regular, cheio, 10h50min. Em vítima com doença cardíaca, o ideal é medir o pulso durante um minuto. Sentir o pulso de uma criança muito pequena é difícil: o pescoço de comprimento curto e, algu- mas vezes, rico em gordura, torna difícil localizar o pulso carotídeo, sendo recomendável que seja pesquisado o pulso braquial. Com o crescimento torna-se possível a palpação dos vasos periféricos. Ao atender uma criança pesquise os diversos locais de pulso até encontrar aquele mais acessível. 2. Respiração Respiração é o processo através do qual ocorre troca gasosa entre a atmosfera e as células do organismo. É composta pela ventilação e pela hematose. Na ventilação - 84 - Fig. 6.4 - Hematose.
  • 49. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR ocorre a entrada de ar rico em oxigênio para os pulmões (inspiração) e a eliminação de ar rico em dióxido de carbono para o meio ambiente (expiração). A hematose consiste na li- beração de dióxido de carbono e captação de oxigênio feita pelas hemácias durante a perfusão pulmonar. Perfusão pulmonar é a passagem do sangue pelos capilares pulmo- nares, que por sua vez estão em íntimo conta- to com os alvéolos pulmonares. A avaliação da respiração inclui: freqüência respiratória (movimentos respirató- rios por minuto – mrpm), caráter (superficial e profunda) e ritmo (regular e irregular). Deve ser avaliada sem que a vítima perceba, prefe- rencialmente enquanto se palpa o pulso radi- al, para evitar que a vítima tente consciente- mente controlar a respiração. Avalie a freqüência respiratória tendo em vista os si- nais e sintomas de comprometimento respira- tório: cianose, inquietação, dispnéia, sons res- piratórios anormais. A freqüência respiratória pode variar com a idade: ● Adultos – 12 a 20 movimentos respiratórios por minuto (mrpm); ● Crianças – 20 a 30 mrpm; ● Bebês – 30 a 60 mrpm. Outros fatores podem alterar a respira- ção como exercícios físicos, hábito de fumar, uso de medicamentos e fatores emocionais. Em um adulto em repouso a profundidade da respiração ou o volume de ar inalado é aproximadamente 500 ml por inspiração. Uma freqüência respiratória rápida não signifi- ca, necessariamente, que a vítima está movimentando maior quantidade de ar. Por exem- plo: um adulto em condições normais, com 16 mrpm, mobilizaria 08 litros de ar por minu- to, enquanto uma vítima de trauma apresentando várias fraturas de costela, com 40 mrpm, mobilizando 100 ml de ar em cada movimento respiratório, mobilizaria 04 litros de ar por minuto. Podem ser encontradas as seguintes alterações nos padrões respiratórios: ● Apnéia – Cessação intermitente (10 a 60 segundos) ou persistente (parada respiratória) das respirações; ● Bradipnéia – Respiração lenta e regular; - 85 - Fig. 6.5 - Vítima consciente. Socorrista simula estar palpando o pulso radial enquanto conta os movimentos respiratórios, para evitar que o víti- ma controle a respiração. Fig. 6.6 - Análise da respiração – Ver, ouvir e sentir.
  • 50. Sinais Vitais ● Taquipnéia – Respiração rápida e regular; ● Dispnéia – Respiração difícil que exige esforço aumentado e uso de múscu- los acessórios. 2.1. Procedimentos para Analise da Respiração 1) Se possível, estando a vítima consciente, coloque o braço da mesma cru- zando a parte inferior do tórax. Segure o pulso da mesma enquanto estiver obser- vando a respiração, como se estivesse palpando o pulso radial. 2) Aproxime sua face do rosto da vítima, olhando para o seu tórax. Com o tato da pele do seu rosto e com a sua audição você vai perceber o movimento da cor- rente de ar mobilizada pela respiração e com a visão você irá observar os movi- mentos de subida e descida do tórax e/ou do abdome. 3) Conte com os movimentos respiratórios durante um minuto (use relógio com marcação de segundos). Ao mesmo tempo observe o caráter e o ritmo da respira- ção. 4) Anote a freqüência respiratória, o caráter, o ritmo e a hora. Exemplo: Respi- ração normal, 16 mrpm, 10h50min. Em crianças muito pequenas o movimento torácico é menos evidente que nos adul- tos e, usualmente, ocorre próximo ao abdome. A mão colocada levemente sobre a parte inferior do tórax e superior do abdome pode facilitar a contagem da atividade respiratória. Por causa do pequeno volume e da reduzida força do fluxo de ar, em crianças também é quase impossível ouvir a respiração normal ou sentir a movimentação do ar através da boca e do nariz. 3. Pressão Arterial A pressão arterial (PA) é a pressão exercida pelo sangue no interior das artérias. Depende da força desenvolvida pela sístole ventricular, do volume sangüíneo e da resis- tência oferecida pelas paredes das artérias. O sangue sempre está sob pressão no interior das artérias. Durante a contração do ventrículo esquerdo (sístole) a pressão está no seu valor máximo, sendo chamada pressão sistólica ou máxima. Durante o relaxamento do ventrículo esquerdo (diástole) a pressão está no seu valor mínimo ou basal, sendo cha- mada pressão diastólica ou mínima. - 86 - Fig. 6.7 - Esfigmomanômetro e o estetoscópio – equipamentos utilizados para medir a pressão ar- terial.
  • 51. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR A pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mmHg). O primeiro núme- ro, de maior valor, corresponde à pressão sistólica, enquanto o segundo, de menor valor, corresponde à pressão diastólica. Não há um valor preciso de pressão normal, mas, em termos gerais, diz-se que o valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal para um adulto jovem, entretanto, medidas até 140 mmHg para a pressão sistólica e 90 mmHg para a diastólica também podem ser aceitas como normais. Valores médios de pressão arterial considerados ideais de acordo com a idade: ● 04 anos – 85/60 mmHg; ● 06 anos – 95/62 mmHg; ● 10 anos – 100/65 mmHg; ● 12 anos – 108/67 mmHg; ● 16 anos – 118/75 mmHg; ● Adultos – 120/80 mmHg; ● Idosos – 140 a 160/90 a 100 mmHg. A posição em que a vítima se encontra (em pé, sentado ou deitado), atividade física recente e manguito inapropriado também po- dem alterar os níveis da pressão. Vítimas particularmente sob o risco de alteração dos níveis tencionais são aqueles com doença cardíaca, doença renal, diabetes, hipovolemia ou com lesão craniana ou coluna espinhal. O local mais comum de verificação da pressão arterial é no braço, usando como ponto de ausculta a artéria braquial. Os equipamentos usados são o esfigmomanômetro e o estetoscópio. Uma pressão sangüínea normal não deve ser considerada como uma clara indica- ção de estabilidade. Os pacientes saudáveis e jovens são particularmente propensos a compensar o déficit de volume. 3.1. Procedimentos para Medir a Pressão Arterial Em casos de longa duração do atendimento pré-hospitalar (resgates em locais de difícil acesso e remoção), medir a PA a cada 5 minutos, anotando cada horário de tomada e respectivos valores. - 87 - Fig. 6.8 - Método auscultatório para medir a pressão arterial.
  • 52. Sinais Vitais Deve-se explicar para a pessoa o que será realizado. É comum entre profissionais de saúde ocultar da vítima o valor medido. Isto costuma resultar em grande ansiedade para a vítima e, algumas vezes, em descon- forto afetivo para ambos. O mais correto é, se a vítima perguntar o valor da pressão, infor- má-lo de forma neutra e imparcial. A pressão sangüínea é difícil de ser ob- tida em crianças. O manguito deve ter largura de dois terços em relação ao comprimento da porção da extremidade onde será medida a PA (manguitos maiores dão leituras falsamen- te baixas e manguitos menores dão leituras falsamente elevadas). Os dois métodos a se- guir descritos (palpatório e auscultatório) são usados para obter a PA em crianças. O este- toscópio deve ter um diafragma pequeno o su- ficiente para cobrir apenas a área sobre o ponto do pulso (estetoscópios pediátricos são úteis). 3.1.1. Método Auscultatório 1) Posicione a vítima com o braço apoiado a nível do coração. Use, sem- pre que possível, o braço não traumati- zado. 2) Localize o manômetro de modo a visualizar claramente os valores da medida. 3) Selecione o tamanho da braça- deira para adultos ou crianças. A largu- ra do manguito deve corresponder a 40% da circunferência braquial e seu compri- mento a 80%. 4) Localize a artéria braquial ao longo da face interna superior do braço palpan- do-a. 5) Envolva a braçadeira, suave e confortavelmente, em torno do braço, centra- lizando o manguito sobre a artéria braquial. Mantenha a margem inferior da braça- deira 2,5cm acima da dobra do cotovelo. Encontre o centro do manguito dobrando- o ao meio. - 88 - Fig. 6.9 - Procedimento para medir a pressão ar- terial – método auscultatório.
  • 53. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR 6) Determine o nível máximo de in- suflação palpando o pulso radial até seu desaparecimento, registrando o va- lor (pressão sistólica palpada) e au- mentando mais 30 mmHg. 7) Desinsufle rapidamente o man- guito e espere de 15 a 30 segundos antes de insuflá-lo novamente. 8) Posicione o estetoscópio sobre a artéria braquial palpada abaixo do manguito na fossa antecubital. Deve ser aplicado com leve pressão assegurando o contato com a pele em todos os pontos. 9) Feche a válvula da pera e insufle o manguito rapidamente até 30 mmHg aci- ma da pressão sistólica palpada registrada. 10) Desinsufle o manguito de modo que a pressão caia de 2 a 3 mmHg por se- gundo. 11) Identifique a pressão sistólica (máxima) observando no manômetro o ponto correspondente ao primeiro batimento regular audível. 12) Identifique a pressão diastólica (mínima) observando no manômetro o pon- to correspondente ao último batimento regular audível. 13) Desinsufle totalmente o aparelho com atenção voltada ao completo desapa- recimento dos batimentos. 14) Retire o aparelho do braço e guarda-lo cuidadosamente afim de evitar da- nos. 15) Anote a PA e a hora. Exemplo PA. 126X84, 10h55min. 3.1.2. Método Palpatório Este método de medir a PA aplica-se somente é pressão sistólica e não é muito preciso. Em um veículo em movimento, toda via, ele poderá ser o único método viável, permitindo observar a tendência geral da pressão sistólica que, a rigor, é a que realmente importa no atendimento pré-hospitalar do traumatizado. 1) Coloque as pontas dos dedos no pulso radial. Sinta o pulso. 2) Infle o manguito até ultrapassar um valor em que cesse o pulso. 3) Vagarosamente esvazie o manguito, olhando o mostrador ou a coluna de mercúrio. - 89 - Fig. 6.10 - Método palpatório para medir a pres- são arterial.
  • 54. Sinais Vitais 4) Quando perceber o retomo do pulso, leia a pressão sistólica aproximada. 5) Anote a PA, hora e método usado. Exemplo: PA 120 (palpação), 10h55min. 3.2. Causas de Resultados Incorretos na Medida da Pressão Arterial 3.2.1. Causas Relacionadas ao Equipamento ● Aparelhos descalibrados ou inadequadamente calibrados ou testados. ● Defeitos do esfigmomanômetro: orifício de ar obstruído, manguito incomple- tamente vazio, tubulação defeituosa, sistema de inflação ou válvula de escape, mercúrio insuficiente no reservatório ou indicador zero errado. ● Estetoscópio danificado. ● Tamanho da braçadeira em desacordo com o do braço. Circunferência do membro em relação à variação da largura da braçadeira maior ou menor que 2,5 produz leituras de pressão indireta falsamente altas ou baixas respectivamente. 3.2.2. Causas Relacionadas ao Examinador ● Braço da vítima sem apoio dão pressões falsamente altas. ● O examinador posiciona o instrumento ao nível acima ou abaixo do coração ou comprime o estetoscópio demasiadamente firme sobre o vaso. ● Mãos do examinador e equipamento frios provocam aumento da pressão sangüínea. ● Interação entre examinado e examinador pode afetar a leitura da pressão ar- terial. 4. Temperatura Existem vários fatores que influenciam no controle da temperatura corporal, sendo influenciada por meios físicos e químicos e o controle feito através de estimulação do sis- tema nervoso. A temperatura reflete o balanceamento entre o calor produzido e o calor perdido pelo corpo. A temperatura do corpo é registrada em graus célsius (centígrados). O termômetro clínico de vidro, mais usado, tem duas partes: o bulbo e o pedúnculo. O bulbo contém mercúrio; um metal liquido, o qual se expande sob a ação do calor e sobre pelo interior do pedúnculo, indicando a temperatura em graus e décimos de graus. Normalmente os termômetros clínicos são calibrados em graus e décimos de graus, na faixa de temperatura de 35ºC a 42ºC. Não é necessária uma faixa de tempera- - 90 -
  • 55. Manual do Atendimento Pré-Hospitalar – SIATE /CBPR tura mais ampla, pois raramente o ser humano sobrevive com temperatura corporal fora desta faixa. O índice normal de temperatura é de 37ºC, admitindo-se variações de até 0,6ºC para mais ou para menos. As crianças têm temperaturas mais altas que os adultos, por- que seu metabolismo é mais rápido. Tem-se observado que a temperatura do corpo é mais baixa nas primeiras horas da manhã, e mais alta no final da tarde ou no início da noi- te. A temperatura corporal pode se elevar em situações de infecção, trauma, medo, ansiedade, etc. Exposição ao frio e choque são causas freqüentes de temperatura abaixo do normal. 4.1. Procedimentos e Locais para Verificação da Temperatura O termômetro deve estar seco (se necessário enxugue com algodão ou gaze) e marcando temperatura inferior a 35ºC (se necessário sacudi-lo cuidadosamente até que a coluna de mercúrio desça). A temperatura corporal pode ser medida nos seguintes locais: ● Boca – Temperatura Oral: Colocar o termômetro de vidro sob a língua da ví- tima, na bolsa sublingual posterior. Fazer com que a vítima mantenha o termômetro no local por 3 a 8 minutos com lábios fechados. O método oferece temperatura central e é indicado para aqueles que respiram pela boca com suspeita de infecção grave. ● Canal anal – Temperatura Retal: Para o adulto, inserir 03 centímetros do termômetro lubrificado no ânus. Não forçar o termômetro. Mantê-lo no local por 2 a 4 minutos. É contra-indicado após cirurgia do reto ou ferimento no reto e em paci- entes com hemorróidas. ● Axila – Temperatura axilar: Mais utilizado, tendo em vista a facilidade. Colo- car o termômetro no centro da axila, mantendo o braço da vítima de encontro ao corpo, e mantê-lo ali por 3 a 8 minutos. O método é conveniente, mas é contra-indi- cado para crianças pequenas; em pacientes com estado mental alterado, trauma facial ou distúrbio convulsivo; após fumar ou beber liquidos quentes ou frios; duran- te administração de oxigênio por cânula ou máscara; e na presença de sofrimento respiratório. - 91 -