O documento discute a memória empresarial como ferramenta de relacionamento com o público interno. A memória pode ser comunicada de diversas formas, como livros, vídeos e exposições, para despertar o orgulho e pertencimento dos funcionários. Um plano de comunicação interna alinhado aos objetivos da empresa é essencial para comunicar a história de forma estratégica.
Lembrar, para pertencer: Memória empresarial como ferramenta de relacionamento com o público interno
1. Lembrar, para pertencer:
Memória empresarial como ferramenta de
relacionamento com o público interno
Isabela Pimentel
Jornalista e Historiadora, especializada em
Comunicação Organizacional integrada, pela ESPM/RJ.
isabeladpimentel@gmail.com
2. Comunicação interna
Planejare comunicar as informações
de uma empresa para um de seus
públicos mais atentos, os
colaboradores, vai além de escrever
matérias diárias para o site
corporativo e enviar uma newsletter
com os aniversariantes do mês.
3. Quem é o novo público interno?
O público interno, cada vez mais
participante e exigente, quer saber
mais do que a empresa diz sobre si
mesma: deseja ser parte de uma
instituição que possua missão, visão
e valores definidos.
4. Vale a pena lembrar?
Contar a história dos fundadores, retomar
os feitos do passado, dar voz aos que
ergueram as paredes das fábricas e
movimento aos braços que trabalharam
para que a corporação chegasse onde hoje
está não é uma tarefa fácil, mas tem sido
a ferramenta utilizada por grandes
empresas que encaram o presente como
resultado de uma longa jornada percorrida
e que consideram a memória um
instrumento primordial para motivar e
encorajar os colaboradores que ajudarão a
escrever seu futuro.
5. Desafios da lembrança
Como a memória ajuda na
construção da identidade do público
interno? A publicação de livros
especiais sobre memória empresarial
atinge seus objetivos nas grandes
corporações? Como mensurar a
satisfação do público interno ao
saber mais da história de sua
empresa?
6. Memória social: conceito
A memória social, ferramenta utilizada por
grandes empresas para recuperar sua
história, vem ganhando cada vez mais
espaço, especialmente com a técnica de
história oral. O conceito, desenvolvido por
Maurice Halwachs, considera a memória
fruto do conhecimento coletivo,
culturalmente expresso por determinado
grupo em um contexto social.
7. Memória empresarial
Ao contar uma história sobre si ou a
organização em que atua, o indivíduo
recorre a aspectos vivos de sua
lembrança, inserida na memória social de
uma comunidade, ou seja, seu
depoimento representa uma pista para o
testemunho da construção da memória no
presente. Mesmo que possa lembrar
individualmente, cada ser tem sua
memória enraizada em quadros sociais.
8. Voltar ao passado para contar a história de
uma organização não é uma tarefa fácil e
tem sido um desafio constante para as
empresas que resolveram investir nesta
atividade. O resgate e a conservação da
dimensão histórica da memória
empresarial, ou seja, do conjunto de
sensações, lembranças e experiências que
as pessoas guardam de sua relação direta
com uma empresa, é hoje um dos maiores
patrimônios das organizações.
9. Responsabilidade social
Ao utilizar a memória para estimular o
sentimento de pertencimento e orgulho dos
colaboradores que fazem parte da companhia, as
empresas resgatam valores e transmitem sua
missão, visão e valores, trazendo efeitos positivos
ao cotidiano da organização.
Tomar a história nas próprias mãos é prova da
responsabilidade que a empresa tem com seu
passado. Daí a importância de um trabalho
integrado entre profissionais de comunicação,
historiadores e gestores.
10. Breve histórico
Nos anos 60 e 70, a história das
empresas ainda era objeto de estudo
acadêmico, com produção de teses e
publicações. Com a chegada dos
anos 80, a política das empresas era
focada no estímulo ao resgate da
memória e os principais produtos
eram livros institucionais e acervos
históricos.
11. Foi na década de 90 que o conceito de
memória empresarial ganhou força, como
suporte ao reforço da cultura e identidade
das organizações, com a elaboração de
produtos de comunicação, marketing e
endomarketing. Somente nos anos 2000
que os produtos comunicacionais passam
a ser vistos como ferramentas de gestão
que agregam valor ao negócio.
12. Como comunicar o passado da
empresa?
Há diversas formas de comunicar a
memória no âmbito da comunicação
empresarial, transformando o conteúdo
histórico em um produto comunicacional.
Pode-se dizer que a memória institucional
é uma ferramenta a serviço da
comunicação organizacional, ao permitir
que a empresa se dirija aos seus públicos
de interesse e construa novos
relacionamentos.
13. Oportunidade
Aliadaa estratégia corporativa, a
memória empresarial revela-se uma
poderosa ferramenta de
comunicação interna, que tem como
principal função “comunicar” ao
colaborador a história da organização
da qual ele é parte fundamental,
despertando o desejo de
pertencimento e orgulho em cada um
dos funcionários.
14. Case: Votorantim
Quando completou 90 anos, em
2008, a Votorantim iniciou uma série
de iniciativas, como o lançamento do
livro “Uma História de Trabalho e
Superação”, de autoria..do jornalista
Jorge Caldeira. Foi também criado o
Espaço Votorantim, sobre a história
do grupo e a industrialização do país
15. Case: Petrobras
Desde o ano de 2002, a Petrobras vem
desenvolvendo um conjunto de ações para
recuperar marcos históricos da companhia,
através da organização e coleta de dados,
depoimentos, criação de um museu virtual,
dentre outras. As atividades de pesquisa são
baseadas na captação de depoimentos e guarda
de fotos e documentos.
O projeto Memória Petrobras surgiu em 2004,
como continuidade do Projeto Memória dos
Trabalhadores, de 2002, em parceria com o
Sindicato dos Petroleiros. Apenas no primeiro
ano, foram 260 depoimentos, nas 7 unidades da
empresa.
16. Memória e comunicação interna
O desenvolvimento de um trabalho de memória da empresa
precisa estar alinhado aos objetivos de comunicação
estratégica, para evitar a chamada dissonância cognitiva,
ou seja, separação entre o que se diz e a realidade
propriamente dita.
Para apresentar a memória empresarial ao público interno,
há diversos mecanismos a serem adotados. Um deles é
iniciar o desenvolvimento de um plano de comunicação
interna que vise conscientizar os colaboradores sobre a
importância da preservação da memória, com a realização
de quizz com perguntas históricas, criação de uma data
temática para relembrar e celebrar a história da empresa,
dentre outros.
17. Ações planejadas
É fundamental, porém, que as ações
de comunicação para comunicar a
memória não sejam esporádicas e
realizadas sem prévio planejamento.
Como produtos da articulação
memória-história pode-se ter:
18. Ferramentas de comunicação
interna para memória empresarial
Livro Histórico institucional, elaborado por especialistas, fruto de
pesquisa histórica;
Folder para novos empregados, contando mais sobre a história da
empresa;
Área no site institucional que contenha a história da empresa;
Kits para estudantes, pesquisadores e imprensa, que contenha
informações relevantes sobre a história e trajetória da
corporação;
Produção de documentário histórico baseado no conceito de
Storytelling, proposto pela JourneyCom, agência de publicidade
em São Paulo, através do qual as histórias individuais ganham
destaque, com o objetivo de gerar envolvimento;
Vídeos com depoimentos de funcionários (interno);
Exposição temática;
Criação de um Centro de Memória virtual;
19. Elaboração do plano de
comunicação interna
Para que seja desenvolvido um projeto de
memória empresarial aliado a um plano de
comunicação interna, articulado às estratégias da
comunicação corporativa, é preciso, antes de
tudo, definir qual o objetivo da campanha, seja
ele agregar o corpo de funcionários, valorizar seu
papel na empresa, gerar identificação com a
marca, resgatar a história da instituição, valorizar
o trabalho de seus profissionais, destacar a
missão, visão e valores da empresa, dentre
outros. Em seguida, é preciso definir o público-
alvo da campanha, que pode compreender os
stakeholders primários ou secundários.
20. Metodologia
Na elaboração do projeto de memória
corporativa, devem ser levadas em consideração
as técnicas de entrevista e história oral. Todo
este trabalho deve ser baseado em um
cronograma previamente estabelecido. O
processo de sistematização da memória
corporativa alia, além do trabalho jornalístico de
entrevista e apuração, o trabalho de organização
e interpretação histórica.
Após definição do objetivo, público e equipe
envolvida, é preciso estabelecer o cronograma e
definir as principais ações do plano de
comunicação interna.
21. Além da tradição
A memória empresarial, quando utilizada
de forma planejada e alinhada aos
objetivos da comunicação corporativa,
pode ser mais uma das ferramentas para
fortalecer o relacionamento com o público
interno. Além dos tradicionais jornais de
veiculação interna, revista semestral,
intranet, publicações que contem a
história da empresa chamam atenção do
público, especialmente pelas informações
que, muitas vezes, não são de
conhecimento dos colaboradores
22. Diferencial competitivo
Ao abrir suas portas, contar sua história,
reviver os feitos do passado e homenagear
os colaboradores que construíram sua
trajetória, a empresa se diferencia em
relação às demais concorrentes de seu
setor: a transparência e o acesso às
informações de caráter histórico são cada
vez mais tomados como ativos para
fortalecer a reputação da empresa.
23. Conclusões
Ao articular o trabalho de construção da memória
empresarial ao planejamento da comunicação interna, a
empresa estará, não apenas divulgando informações sobre
sua história, mas também, estreitando seu relacionamento
com seu público interno, fortalecendo seu posicionamento
no mercado em que atua e aumentando sua credibilidade.
Nos dias atuais, em que os mercados são extremamente
competitivos, diferenciar-se da concorrência e adquirir mais
credibilidade é fundamental. Ferramenta de comunicação
corporativa, a memória empresarial fortalece a marca e
estreita o relacionamento da empresa com seus
stakeholders.