2. A educação em geral, é um exercício de criatividade. É muito mais que transmitir ao educando teorias e conceitos feitos para que ele as memorize e repita quando solicitado em testes e avaliações. A educação deve fornecer ao aprendiz os instrumentos comunicativos necessários para sua sobrevivência e transcendência, que só farão sentido se referidos à cultura do educando. Pedagogos do futuro
3. Questões relevantes para o campo da etnomatemática Um dos aspectos mais relevantes da etnomatemática é a compreensão sobre o respeito devido a cada grupo social e o resgate da cultura esquecida. Ao preparar uma aula o professor nunca deve perder de vista os temas transversais ( saúde, ética, pluralidade cultural, meio ambiente...) Procurar entender as possibilidades de incorporar ao currículo escolar a diversidade cultural, trazendo para a escola a memória cultural dos mais vaiados grupos humanos, seus mitos, códigos e símbolos, procurando resgatar esses aspectos que historicamente têm ficado de fora da educação formal.
4. Até que ponto no discurso dos professores e no ensino da matemática aparecem a realidade como prática pedagógica? 1º experiência Em uma escola da zona rural, no interior do estado do Rio, os professores do 2º ano haviam obtido pouco resultado no desempenho dos alunos na disciplina de matemática, até que foi realizada uma festa junina, onde os professores do mesmo ano querendo fazer bonito, resolveram colocar a venda em uma das barracas, um delicioso strogonoff de frango. No decorrer da festa começaram a perceber que o povo da região não estava interessado em experimentar o prato, onde o interesse maior ficara nas barraquinhas típicas como cuscuz, bolo de fubá, pé de moleque, aipim com carne seca... Desta forma começaram a aparecer algumas dúvidas que despertaram o interesse dos professores em estudar a relação ensino versus realidade local. A partir deste momento ficou claro que precisaríamos aproveitar a experiência e adotar como prática nos estudos da matemática ao elaborar um problema matemático por exemplo, onde as fontes de pesquisas e argumentos, e o uso de conteúdos didáticos deveriam ser interessantes e vir sempre respeitando a diversidade do local e sua cultura regional. Tal experiência foi muito significativa na abordagem a realidade da região tanto para os envolvidos quanto para os outros professores do entorno a repensarem suas práticas pedagógicas adotadas naquela escola.
5. 2º experiência A etnomatemática é a matemática usada por um grupo cultural definido na solução de problemas e atividades do dia-a-dia. É o caminho que grupos particulares específicos encontraram para classificar, ordenar, contar e medir. Ainda se discute muito esse termo. Para antropólogos é parte da etnologia de um grupo, para os educadores é um método educacional da matemática. Observei uma aula de matemática na escola onde faço estágio, onde o professor explicava que só praticando se consegue aprender matemática. Uma das observações feitas foi a solução que a escola encontrou para um grupo de alunos do 5º ano que estavam com o desempenho bem inferior ao esperado. A escola criou um grupo para frequentar aulas de reforço com o nome de " fórmula da vitória". Eles ficam um ano revendo conteúdos que foram perdidos ou mal assimilados e são acompanhados por um estudante de matemática (estagiário), que passa ao grupo o conteúdo da série correspondente e tenta prepará-los melhor para avançarem para a série seguinte. O professor analisou a realidade de cada aluno, e preparou a aula da forma mais adequada para se aproximar do seu meio. Muitos têm a mãe analfabeta e sem o menor preparo para apoiá-los na vida escolar. Com essa experiência podemos chegar à conclusão que a etnomatemática muito tem haver com a antropologia cultural. Ambas estudam e analisam o meio em que se desenvolve determinado assunto buscando meios mais eficazes para cada tipo de grupo.
6. 3º experiência A Etnomatemática lança mão dos diversos meios de que as culturas se utilizam para encontrar explicações para a sua realidade e vencer as dificuldades que surgem no seu dia a dia. Como eu não trabalho na área da educação e não tenho ainda vivências em salas de aula, relato a experiência matemática que minha filha fez em seu etno (ambiente natural, social e cultural). O professor de matemática passou um trabalho para ser realizado em grupos, cada grupo pesquisaria os melhores preços de mantimentos em mercados, com o objetivo de comparar e discutir qual seria a melhor opção para uma família de baixa renda fazer sua compra mensal. Os alunos com dificuldade em pesquisar nos mercados, poderiam levar encartes de promoções para o grupo analisar. O grupo se reuniu com as pesquisas e encartes e fizeram o levantamento de preços dos mercados, o que precisaria uma família durante um mês e qual seria uma lista básica de mantimentos. Bem, depois de muitas opiniões sem pé nem cabeça (segundo a minha filha) eles chegaram à conclusão do melhor mercado e a melhor lista básica. Pontos Positivos: - Os alunos começaram a perceber valores bem diferentes de um mercado e outro, então é melhor andar um pouco mais e procurar o mais barato. – Aprenderam a discutir o que é necessário ou não para uma família se alimentar, não colocaram balas, biscoitos recheados, sorvetes, etc., a lista ficava muito cara. – E o mais importante, interagiram com a matemática no seu dia a dia, percebendo os produtos de uma forma diferente daquela que só percebem com um sentido: o paladar.
7. 4ºexperiência A minha experiência foi com a minha turma de segundo ano em uma aula sobre: Medidas de Comprimento. Após a acolhida que é feita no pátio da escola diariamente, não entrei para a sala de aula e propus aos meus alunos uma brincadeira, Pé com pé, mão com mão. Na sala espalhei alguns instrumentos de medidas sobre a minha mesa: três réguas de tamanhos diferentes, trena, metro articulado e uma fita métrica. Coloquei na mesa de cada criança um barbante de 1 metro e prendi uma fita métrica na parede. Antes de iniciar a aula deixei que as crianças observassem e tocassem os objetos. Logo, eles concluíram que os objetos serviam para medir. O barbante no início virou brinquedo, forca, etc. Medi cada criança, comparamos as alturas e começamos medir material escolar, livros, carteiras e porta. No quadro eles encontraram dificuldade para medir a largura e formaram novamente duplas. Enquanto eu anotava as descobertas das crianças, percebi que dois meninos já tinham largado os seus barbantes e tentavam medir o comprimento da sala com passos. Perguntei o que eles estavam fazendo e um deles explicou que na vila em que mora, ele e seus colegas contam os passos para marcar os dois lados do “campo” para jogar, outros para não ficarem para trás disseram que usavam os pés, mãos (palmos). Aproveitei a idéia e começamos juntos a medir também com passos, palmos, pés e por último eles resolveram se separar em dois grupos, se posicionou de frente um para o outro, deram as mãos, esticaram os braços e concluíram que juntos poderiam medir a sala. Um grupo ficou mais longo e foi dessa diferença que reiniciei a minha aula, já toda modificada, graças às sugestões de algumas crianças ficou muito mais enriquecida, prazerosa e atraente. Embora as partes do corpo sejam chamadas de unidade de medidas e sirvam para fazer comparações quando medimos, pode gerar confusão, porque as crianças têm pés e mãos de tamanhos diferentes. As crianças aprendem sobre medidas, medindo. Além do objetivo de medir propriamente dito, quando participam ativamente de situações que exigem comparações, as crianças são solicitadas a contar de forma organizada, a analisar o objeto que está sendo medido com relação as suas propriedades de tamanho e forma, para finalmente realizar algum registro de suas decisões.
8. 5ª experiência (Turma de 2ºano de colégio público): Realizei um experimento com o conteúdo de agrupamento na sala de aula e acredito que sirva como exemplo das possibilidades da etnomatemática. Entreguei para cada criança várias anel de refrigerante em lata e alguns barbantes. Pedi para que dividissem por barbante de forma que em cada barbante ficassem o máximo de 10 anéis até acabar os anéis.
9. Então perguntei o que haviam observado. Muitos alunos responderam que ficaram com vários barbantes com dez anéis. Mas um aluno disse: _ Professora, fiquei com 50 anéis que juntei de 10 em 10, mas como sobraram 8 eu coloquei 2 em cada cordinha.(ele tinha um total de 8 barbantes)
10. Então não sobraram 2 ? Perguntei. -Não! Eu dei para meu amigo que faltavam 2 para fazer 10. _ Então não ficaram faltando 2 para você? _ Sim. Mas onde eu moro agente divide em pequenos pedaços para todo mundo ficar bem. Para ele a divisão só tem sentido se é para todo mundo ficar bem.
11. Conclusões: Por meio das observações encontradas nas experiências, percebemos que os desafios encontrados no âmbito educacional ainda existem, especialmente quando o objetivo é o de trabalhar o ensino levando se em conta o contexto regional. O professor de Matemática deve conhecer mais o aluno em suas especificidades, deve conhecer e levar em conta o processo de aprender e ensinar conhecimentos anteriores aos seus alunos, bem como suas preferências, situação familiar e econômica. No âmbito da etnomatemática, o ensino deve ser visto como um aspecto atrelado ao desenvolvimento da história de seus alunos, que interfere no desenvolvimento mental e transforma a sua articulação com o mundo e com os outros.
12. Ensino da Matemática Professor: Heitor Achilles alunas Alessandra Cordeiro Pitanga Ana Thereza Castro da Silva Janaina da Costa Melo Mônica Amand Torres Kaltenecker Marcilene Lopes Leal Sameiro