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Sessão de Raciocínio Clínico




        Fevereiro de 2013
Anamnese
●   Identificação: JCSS, sexo feminino, 31 anos, natural
    de Açu, procedente de Salvador, 2º grau completo,
    técnica de enfermagem, casada, evangélica.



●   QP: Icterícia há um mês
●   HMA: Paciente previamente hígida, refere que há
    aproximadamente dois meses notou a urina mais
    concentrada e com coloração escurecida, sem outras
    alterações, associada a discreta dor em abdome
    superior.Foi suspeitada ITU, tratada com
    ciprofloxacino por sete dias. sem melhora. Há um
    mês evoluiu dispneia aos esforços moderados, piora
    da dor abdominal, mais intensa em hipocôndrio direito
    que piorava com a ingestão de alimentos gordurosos,
    e dejeções com fezes discretamente mais claras.
    Nega prurido ou febre .
●   Interrogatório Sistemático:
    ●   Geral: nega astenia, fraqueza, febre ou perda ponderal;
    ●   Cabeça/pescoço: nega alterações visuais ou auditivas. Nega
        surgimento de linfonodos ou massas em região cervical
        anterior;refere episódio de gengivorragia.
    ●   Pele: relata icterícia, sem manchas ou outras alterações;
    ●   Respiratório: nega tosse, dor ventilatório-dependente;
    ●   Cardiovascular: nega dor precordial, palpitações, síncope;
    ●   AGI: nega alteração em ritmo intestinal, melena, enterorragia,
        disfagia, pirose ou regurgitação;
    ●   AGU: vide HMA;
    ●   AOM: nega mialgia, artralgia, redução de força muscular ou
        amplitude de movimento;
    ●   SN: refere cefaleia frontal, pulsátil, associada a náusea e
        fotofobia, relacionada a período menstrual. Nega perda de
        consciência, memória, alterações na fala ou compreensão,
        perda de equilíbrio ou movimentos finos
●   Antecedentes Médicos: Nega HAS, DM e outras patologias.
    Nega cirurgias prévias, acidentes traumáticos e
    hemotransfusão. Nega alergia medicamentosa. Relata fazer
    uso de anticoncepcional oral regularmente (suspendeu após
    início dos sintomas). G0P0A0.
●   Hábitos de Vida: Nega etilismo e tabagismo. Relata
    sedentarismo, alimentação em horários irregulares e em pouca
    quantidade.
●   Antecedentes Familiares: mãe falecida de câncer de colo de
    útero. Nega HAS, DM e outras patologias na família.
Exame Físico
●   Geral: BEG, fácies atípica, idade aparente compatível com a
    relatada, ictérica (4+/4+), acianótica, afebril, hidratada, eupnéica
    em ar ambiente, lúcida, orientada no tempo e espaço;
●   Dados Vitais: FC 96bpm, rítmico, cheio; FR 18irpm; TA:
    110x70mmHg
●   Cabeça e pescoço: ndn
●   Pele e fâneros: pele hidratada, turgor e elasticidade compatíveis
    com a idade, sem teleangiectasias ou lesões aparentes.
    Distribuição de pêlos de acordo com o sexo e a idade. Ausência
    de alterações ungueais.
●   Tórax: conformação normal, sem abaulamentos
●   AR: expansibilidade preservada, sem uso de musculatura
    acessória, FTV inalterado. Som claro pulmonar à percussão.
    Murmúrio vesicular diminuído em base esquerda, sem RA
●   ACV: precórdio calmo, IC não visível e não palpável, sem
    impulsão paraesternal, Bulhas rítmicas em dois tempos,
    normofonéticas, sem sopros
●   Abdome: semigloboso, distendido, não reativo, doloroso à
    palpação profunda em hipocôndrio direito, fígado palpável a
    8cm RCD e a 5 cm AX, liso e de bordas rombas. Ausência de
    circulação colateral, RHA +, timpanismo à percussão, traube
    ocupado. Murphy, Blumberg e Giordano negativos.
●   Extremidades: bem perfundidas, edema de MMII (1+/4+) com
    cacifo.
●   Neurológico: vigil, contactante, ativa no leito. Glasgow 15.
    força muscular grau 5. Sem déficits focais aparentes. Pares
    cranianos sem alterações, sensibilidade preservada,
    coordenação motora, equilíbrio e marcha sem alterações
Resumo
Paciente previamente hígida, com história de colúria e
dor abdominal há dois meses, seguida do surgimento de
icterícia importante, dispneia a moderados esforços e
piora da dor abdominal (que era mais intensa em HCD)
há um mês, associada edema de MMII. Havia registros
laboratoriais de lesão hepática (representado
principalmente por TP baixo). Admitida no HSA para
realização de biópsia hepática. Ao exame encontrava-se
em BEG, ictérica (4+/4+), MV diminuído em base
esquerda; abdome semigloboso, distendido, fígado
palpável a 8cm do RCD e a 5cm do apêndice xifóide,
borda romba, liso, sem nodulações, espaço de traube
ocupado; discreto edema de MMII (+/4+).
Suspeitas Diagnósticas
Exames Externos
           27/10       5/11        6/11        8/11       12/11      19/11      22/11
  Hb/      15,9/       14,2/       14,9/       15,2/      12,4/      13,6/      12,8/
  Ht       48,9        43,2        44,3        46,6        38         40         39
Leuco     12300        12700       16940       11700      8900       11500     11600
S/Bt/L    77/0,2/     62/2/29       73/0/     67/0/20    72/1/16    63/1/26
           10,7                     11,6
 Plaq     276000      283000      308000      290000     215000     275000     252000
 LDH       1054          -           -           -          -          -          -
 BT        10,08        20,2       20,36        22,5       17,1       17,6      12,6
BD/BI     4,76/ 5,3   19,9/0,3   9,74/10,62   21,1/1,4   12,6/4,5   10,7/6,9    4,1/
TGO/       886/        554/        668/        461/       229/       216/       229/
TGP        1361         -          569         521        262        170        262
GGT/        265/       187/        147/        221/         -          -          -
 FA          -         185         277         169

TP/RNI        -        26,9/       32,1/      43,2%       37%        40%        37%
                       2,02        2,35
PT/Alb/       -       6,2/2,7/       -        6,3/2,9/      -          -          -
 Glo                    3,5                     3,4

Ur/Cr         -       10/0,7      13/0,64     15/0,6     10/0,7      8/0,7      1/1,1
 Na/K         -       140/3,8    139/4,36     142/4,4       -       137/4,3    137/3,9
 Ca/P         -          -        10,6/3,5       -          -                     -
Exames Externos
●   USG Abdominal (07/11): hepatopatia parenquimatosa, fibrose periportal,
    esplenomegalia.
●   07/11: Anti-HBs NR, Anti-HBc total NR, Anti-HBc IgM NR, Anti HAV IgM NR,
    IgG R.
●   09/11: Sumário de urina: bilirrubina (+++); urobilinogênio (+); nitrito,
    proteína, glicose, corpos cetônicos e hemoglobina ausentes. Numerosas
    bactérias, células epiteliais e leucócitos incontáveis.
●   20/11:
    ●   Anti-HCV: NR;
    ●   Alfa-fetoproteína: 114;
    ●   FAN: negativo;
    ●   Anti-musculo liso: reagente 1:20;
    ●   anticorpo anti KLM1: negativo;
    ●   anticorpo anti-mitocôndria: negativo
Exames Admissionais
●   28/11:
    ●   Hb 12,7; Ht 36,2%; Leuco 9000 (Bt 4/S 70/Eo 3/L
        20/Mon 2); Plaq 187000; TP 29,4% RNI 2,44; VHS
        12
    ●   Raio X – seio costo-frênico esquerdo raso. Sem
        outras anormalidades
    ●   ECG sem alterações
●   Na chegada foi mantida corticoterapia que
    havia sido iniciada há um dia e solicitados
    novos exames laboratoriais e USG abdominal.
Evolução
●   USG abdominal (06/12): Alteração parenquimatosa hepática
    crônica associada a imagens nodulares (aspecto macronodular
    da DCPF? Nódulos sólidos hepáticos?). Aumento das
    dimensões pancreáticas. Ascite moderada.
●   TC de Abdome: ascite moderada e nódulos hepáticos
Evolução
●   RNM abdome superior + Colangiorressonância (23/12):
    volumosa formação expansiva hepática (10,5x9,0x6,5 nos
    maiores eixos ocupando a maior parte do órgão, envolvendo os
    ramos direitos e esquerdos da veia porta, sem contudo haver
    evidência de dilatação das vias biliares) de provável natureza
    neoplásica. A possibilidade de colangiocarcinoma deve ser
    considerada no diagnóstico diferencial. Esplenomegalia,
    moderada ascite, adenomegalias no andar superior do abdome
    (linfonodos crescidos em tamanho no hilo hepático, o maior
    deles com cerca de 2,0cm no menor eixo).
Icterícia
         e
Colangiocarcinoma
Introdução
●   Concentração normal de bilirrubina < 1mg/dL
    ●   Menos de 5% na forma conjugada
●   Icterícia: bilirrubina sérica > 2mg/dL
●   Pode ser o 1º ou único sinal de doença do fígado
●   Principal fonte de bilirrubina: hemoglobina – 80 a 85% da
    produção
●   Fígado: captação, conjugação e excreção
●   Hiperbilirrubinemia indireta: Superprodução, captação reduzida,
    defeito na conjugação
●   Hiperbilirrubinemia direta: obstrução biliar, colestase intra-
    hepática, dano hepatocelular
História e Exame Físico
●   Pesquisar por:
    ●   Medicações
    ●   Uso de drogas ou ervas medicinais
    ●   Uso de álcool
    ●   Fatores de risco para hepatite
    ●   História de cirurgias abdominais, incluindo colecistectomia
    ●   Doenças herdadas: doenças de fígado e doenças
        hemolíticas
    ●   HIV
    ●   História de viagem
    ●   Exposição a substâncias tóxicas
História e Exame Físico
●   Febre + calafrios ou dor em QSD: colangite aguda
●   Anorexia + mal-estar + mialgia: hepatite viral
●   Colúria: hiperbiirrubinemia conjugada
●   Dor abddominal:
    ●   Tipo cólica
    ●   Em HCD
    ●   Pancreática
●   Vesícula biliar palpável: obstrução extra-hepática
Exames Complementares
●   Exames iniciais: bilirrubina total e direta; fosfatase alcalina;
    aminotransferases; TP; albumina
●   Enzimas hepáticas normais: hemólise, doenças do metabolismo
    da bilirrubina (indireta: Gilbert e Crigler-Najjar; direta: Rotor,
    Dubin-Johnson)
●   Elevação da relação FA/aminotransferases: obstrução biliar ou
    colestase intra-hepática.
●   TP aumentado: que corrige com Vit K: absorção intestinal de
    proteínas lipossolúveis prejudicada – icterícia obstrutiva
●   Aumento de FA: doenças granulomatosas do fígado –
    tuberculose, sarcoidose
●   Elevação de transaminases: doença hepatocelular
●   Hepatite alcoólica: elevação desproporcional de AST em relação a
    ALT
Exames Complementares
●   Ultrassonografia:
    ●   Exame inicial
    ●   Sensibilidade 55-91% (obstrução biliar) – aumenta com a concentração
        de bilirrubina e duração da icterícia
    ●   Especificidade 63-96%
    ●   Identifica sinais de hepatopatia crônica e lesões expansivas
    ●   Operador dependente
●   US Endoscópico:
    ●   Visualização completa do ducto comum.
    ●   Mesma acurácia da CPRE.
    ●   Alta acurácia para detectar tumores pancreáticos pequenos (< 3cm)
Exames Complementares
●   TC helicoidal:
    ●   Melhor acurácia que a TC convencional.
    ●   Melhor análise do fígado, abdome e pelve
    ●   Permite medidas precisas do calibre da árvore biliar (sensibilidade de 63
        a 96% e especificidade de 93 a 100%)
    ●   Detecta lesões expansivas menores que 5 mm
    ●   Não é tão preciso quanto a USG na detecção de coledocolitíase porque
        apenas os cálculos calcificados são visualizados
●   CPRE:
    ●   Visualização direta da árvore biliar e ductos pancreáticos (sensibilidade
        de 89 a 98% e especificidade de 89 a 100%)
    ●   Superior a TC e USG em detectar obstrução extra-hepática.
    ●   Terapêutica.
    ●   Complicações: colangite, pancreatite
Exames Complementares
●   CPRM:
    ●   Contraindicação ou insucesso na CPRE e CPT
    ●   Intervenções terapêuticas não parecem ser necessárias e como primeiro
        exame em pacientes com anastomose biliodigestiva prévia ou Billroth II.
    ●   É diagnóstica em 90-100% dos casos, revela o nível da obstrução em 80-
        100% dos casos.
    ●   Sensibilidade e especificidade: 90-100% em detectar coledocolitíase e
        estenose de ductos. Tão precisa quanto a CPRE
●   Colangiografia transhepática percutânea (CPT):
    ●   sensibilidade perto de 100% para obstrução biliar.
    ●   Preferível na obstrução proximal ao ducto hepático comum e presença de
        variações anatômicas que dificultem a CPRE
    ●   recomendada quando procedimentos são necessários (dilatação, stent)
●   Biópsia hepática: confirmar a causa e a gravidade da doença
    hepática
Diagnóstico Diferencial
HIPERBILIRRUBINEMIA NÃO CONJUGADA
●   Superprodução de bilirrubina: quebra excessiva do derivado
    heme da hemoglobina
    ●   Hemólise intra e extra vascular
    ●   Extravasação de sangue nos tecidos
    ●   Diseritropoese
●   Defeito na captação da bilirrubina
    ●   Sd de Gilbert
    ●   ICC
    ●   Alguns pacientes cirróticos
    ●   Drogas: rifamicina, probenecid, ácido flavaspádico, agentes
        colecistográficos
●   Defeito na conjugação da bilirrubina: Crigle-Najjer, icterícia
    neonatal
Diagnóstico Diferencial
HIPERBILIRRUBINEMIA CONJUGADA
●   Obstrução biliar:
    ●   Elevação de transaminases e fosfatase alcalina
    ●   Retenção de bilirrubina conjugada dentro dos hepatócitos
    ●   Colelitíase; tumores intrínsecos e extrínsecos; colangite esclerosante
        primária; parasitas; linfoma; colangiopatia por AIDS; pancreatite aguda ou
        crônica
●   Causas intra-hepáticas
    ●   Elevação de transaminases e fosfatase alcalina + ductos biliares patentes
    ●   Hepatites virais; hepatite alcoólica; NASH; cirrose biliar primária; drogas e
        toxinas; sepse e estado de má perfusão; malignidades; inflitração hepática;
        doenças hereditárias (Sd Dubin-Johnson, Sd Rotor); NPT; pós-operatório;
        pós Tx; anemia falciforme; gravidez
●   Dano hepatocelular:
Diagnóstico Diferencial
HIPERBILIRRUBINEMIA CONJUGADA
●   Dano hepatocelular:
    ●   Nem sempre podem ser separadas das sd colestáticas – variabilidade na
        apresentação da doença
    ●   Liberação intracelular de proteínas e pequenas moléculas para o plasma
    ●   Elevação na concentração de proteínas hepatocelulares



                            Tratamento
●   Tratar doença de base
Tópicos Importantes
●   A Icterícia é um achado frequente na prática médica, que deve
    sempre ser valorizado e investigado.
●   Apresenta diversas etiologias possíveis, muitas delas graves e
    de conduta urgente.
●   O tratamento consiste no tratamento da patologia
    desencadeante e na retirada de drogas tóxicas.
Colangiocarcinoma
Introdução
●   Câncer dos ductos biliares: intra-hepáticos, perihilar, extra-
    hepáticos
●   Altamente letais: mostram-se avançados a apresentação
●   3% das neoplasias do trato digestivo
●   Segunda neoplasia primária do fígado mais frequente
●   Mais comum acima dos 60 anos de idade
●   Homens: 60% dos casos
●   Incidência: 1 a 2 casos por 100.000 EUA
Achados Clínicos
●   Sintomáticos: tumor obstrui sistema de drenagem biliar
●   Icterícia (90%), hepatomegalia (25 a 40%), massa em
    quadrante superior direito (10%)
●   Prurido: 66%
●   Dor abdominal: 30 a 50% - principalmente em QSD
●   Perda de peso: 30 a 50%
●   Febre: em mais de 20%
●   Colúria
Achados Clínicos
●   Estudos laboratoriais: aumento
    ●   Bilirrubina total e fração direta
    ●   Fosfatase alcalina
    ●   5'-nucleotidase
    ●   Gama GT
●   Transaminases: inicialmente normais
●   Colangiocarcinoma de ductos intra-hepáticos
    ●   Menos icterícia
    ●   Normalmente: dor em QSD, perda de peso, e elevação de
        FA
    ●   Bilirrubinas normais ou discretamente aumentadas
Achados Clínicos
●   Localização
    ●   50-60%: junção dos ductos hepáticos direito e esquerdo (tumor de
        Klatskin)
    ●   10-20%: intra-hepáticos
    ●   20-30%: extra-hepáticos distais
●   Mais de 90%: adenocarcinomas – moderadamente ou pouco
    diferenciados
●   Crescimento lento, alta taxa de invasão local, produção de
    mucina e tendência a invadir bainhas perineurais
●   Carcinoma de células escamosas: maioria dos casos de
    recidiva
Achados Clínicos
●   Adenocarcinomas – três tipos:
    ●   Esclerosante:
         –   Intensa reação desmoplástica
         –   Fibrose extensiva → diagnostico por biópsia mais difícil
         –   Invade ducto biliar mais precocemente → baixas taxas de ressecabilidade e
             cura
         –   Maioria: 79-80% dos tumores distais
    ●   Nodular:
         –   Lesão anular constricta do ducto biliar
         –   Altamente invasivos
         –   Ao diagnóstico: doença avançada
    ●   Papilar:
         –   Mais raro
         –   Massa volumosa no lumen do ducto biliar comum → obstrução biliar
             precoce
         –   Altas taxas de ressecabilidade e cura
Aspecto Macroscópico
Fatores de Risco
●   Colangite esclerosante       ●   Infestações parasitárias
    primária                     ●   Hepatite C
●   Coledocolitíase crônica      ●   Síndrome metabólica
●   Doença de Caroli             ●   HIV
●   Cisto de colédoco            ●   Doença crônica do fígado
●   Papilomatose biliar          ●   Exposição ao contraste
●   Adenoma de ductos biliares       torotraste
                                 ●   obesidade
Marcadores Tumorais
●   Não há específicos
●   Presença de certos marcadores: valor diagnóstico
●   CEA:
    ●   > 5,2ng/dL sérico – sensibilidade e especificidade de 68 e 82%
    ●   Níveis biliares: 5x em relação a pacientes com CEA sérico elevado em
        condições benignas
●   CA 19-9:
    ●   detectar colangiocarcinoma em pacientes com colangite esclerosante
        primária
    ●   Especificidade limitada
    ●   Alguns tumores produzem baixos níveis
●   CEA combinado com CA 19-9: aumenta a sensibilidade e
    especificidade em pacientes com colangite esclerosante primária
Estadiamento
●   Classificação de Bismuth-
    Corlette
    ●   Tipo I: tumor abaixo da confluência
        com livre fluxo entre os canais
        esquerdo e direito;
    ●   Tipo II: tumor obstruindo a
        confluência, não havendo
        acometimento superior dos ramos
        principais;
    ●   Tipo IIIa: tumor obstruindo a
        confluência e o ramo principal
        direita;
    ●   Tipo IIIb: tumor obstruindo a
        confluência e o ramo principal
        esquerdo;
    ●   Tipo IV: acometimento de ambos os
        ramos principais e os secundários
Estadiamento
●   TNM:
    ●   baseada principalmente na
        extensão do envolvimento
        ductal pelo tumor
Tratamento
●   Cirurgia é a única terapêutica que aumenta a sobrevida em 5
    anos.
●   Múltiplos pacientes se apresentam já em condições que
    inviabilizam terapêutica cirúrgica.
●   Pacientes não operados têm sobrevida de 6 a 18 meses.
●   30 a 40% dos pacientes operados têm sobrevida de 5 anos.

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Icterícia e Colangiocarcinoma

  • 1. Sessão de Raciocínio Clínico Fevereiro de 2013
  • 2. Anamnese ● Identificação: JCSS, sexo feminino, 31 anos, natural de Açu, procedente de Salvador, 2º grau completo, técnica de enfermagem, casada, evangélica. ● QP: Icterícia há um mês
  • 3. HMA: Paciente previamente hígida, refere que há aproximadamente dois meses notou a urina mais concentrada e com coloração escurecida, sem outras alterações, associada a discreta dor em abdome superior.Foi suspeitada ITU, tratada com ciprofloxacino por sete dias. sem melhora. Há um mês evoluiu dispneia aos esforços moderados, piora da dor abdominal, mais intensa em hipocôndrio direito que piorava com a ingestão de alimentos gordurosos, e dejeções com fezes discretamente mais claras. Nega prurido ou febre .
  • 4. Interrogatório Sistemático: ● Geral: nega astenia, fraqueza, febre ou perda ponderal; ● Cabeça/pescoço: nega alterações visuais ou auditivas. Nega surgimento de linfonodos ou massas em região cervical anterior;refere episódio de gengivorragia. ● Pele: relata icterícia, sem manchas ou outras alterações; ● Respiratório: nega tosse, dor ventilatório-dependente; ● Cardiovascular: nega dor precordial, palpitações, síncope; ● AGI: nega alteração em ritmo intestinal, melena, enterorragia, disfagia, pirose ou regurgitação; ● AGU: vide HMA; ● AOM: nega mialgia, artralgia, redução de força muscular ou amplitude de movimento; ● SN: refere cefaleia frontal, pulsátil, associada a náusea e fotofobia, relacionada a período menstrual. Nega perda de consciência, memória, alterações na fala ou compreensão, perda de equilíbrio ou movimentos finos
  • 5. Antecedentes Médicos: Nega HAS, DM e outras patologias. Nega cirurgias prévias, acidentes traumáticos e hemotransfusão. Nega alergia medicamentosa. Relata fazer uso de anticoncepcional oral regularmente (suspendeu após início dos sintomas). G0P0A0. ● Hábitos de Vida: Nega etilismo e tabagismo. Relata sedentarismo, alimentação em horários irregulares e em pouca quantidade. ● Antecedentes Familiares: mãe falecida de câncer de colo de útero. Nega HAS, DM e outras patologias na família.
  • 6. Exame Físico ● Geral: BEG, fácies atípica, idade aparente compatível com a relatada, ictérica (4+/4+), acianótica, afebril, hidratada, eupnéica em ar ambiente, lúcida, orientada no tempo e espaço; ● Dados Vitais: FC 96bpm, rítmico, cheio; FR 18irpm; TA: 110x70mmHg ● Cabeça e pescoço: ndn ● Pele e fâneros: pele hidratada, turgor e elasticidade compatíveis com a idade, sem teleangiectasias ou lesões aparentes. Distribuição de pêlos de acordo com o sexo e a idade. Ausência de alterações ungueais.
  • 7. Tórax: conformação normal, sem abaulamentos ● AR: expansibilidade preservada, sem uso de musculatura acessória, FTV inalterado. Som claro pulmonar à percussão. Murmúrio vesicular diminuído em base esquerda, sem RA ● ACV: precórdio calmo, IC não visível e não palpável, sem impulsão paraesternal, Bulhas rítmicas em dois tempos, normofonéticas, sem sopros ● Abdome: semigloboso, distendido, não reativo, doloroso à palpação profunda em hipocôndrio direito, fígado palpável a 8cm RCD e a 5 cm AX, liso e de bordas rombas. Ausência de circulação colateral, RHA +, timpanismo à percussão, traube ocupado. Murphy, Blumberg e Giordano negativos. ● Extremidades: bem perfundidas, edema de MMII (1+/4+) com cacifo. ● Neurológico: vigil, contactante, ativa no leito. Glasgow 15. força muscular grau 5. Sem déficits focais aparentes. Pares cranianos sem alterações, sensibilidade preservada, coordenação motora, equilíbrio e marcha sem alterações
  • 8. Resumo Paciente previamente hígida, com história de colúria e dor abdominal há dois meses, seguida do surgimento de icterícia importante, dispneia a moderados esforços e piora da dor abdominal (que era mais intensa em HCD) há um mês, associada edema de MMII. Havia registros laboratoriais de lesão hepática (representado principalmente por TP baixo). Admitida no HSA para realização de biópsia hepática. Ao exame encontrava-se em BEG, ictérica (4+/4+), MV diminuído em base esquerda; abdome semigloboso, distendido, fígado palpável a 8cm do RCD e a 5cm do apêndice xifóide, borda romba, liso, sem nodulações, espaço de traube ocupado; discreto edema de MMII (+/4+).
  • 10. Exames Externos 27/10 5/11 6/11 8/11 12/11 19/11 22/11 Hb/ 15,9/ 14,2/ 14,9/ 15,2/ 12,4/ 13,6/ 12,8/ Ht 48,9 43,2 44,3 46,6 38 40 39 Leuco 12300 12700 16940 11700 8900 11500 11600 S/Bt/L 77/0,2/ 62/2/29 73/0/ 67/0/20 72/1/16 63/1/26 10,7 11,6 Plaq 276000 283000 308000 290000 215000 275000 252000 LDH 1054 - - - - - - BT 10,08 20,2 20,36 22,5 17,1 17,6 12,6 BD/BI 4,76/ 5,3 19,9/0,3 9,74/10,62 21,1/1,4 12,6/4,5 10,7/6,9 4,1/ TGO/ 886/ 554/ 668/ 461/ 229/ 216/ 229/ TGP 1361 - 569 521 262 170 262 GGT/ 265/ 187/ 147/ 221/ - - - FA - 185 277 169 TP/RNI - 26,9/ 32,1/ 43,2% 37% 40% 37% 2,02 2,35 PT/Alb/ - 6,2/2,7/ - 6,3/2,9/ - - - Glo 3,5 3,4 Ur/Cr - 10/0,7 13/0,64 15/0,6 10/0,7 8/0,7 1/1,1 Na/K - 140/3,8 139/4,36 142/4,4 - 137/4,3 137/3,9 Ca/P - - 10,6/3,5 - - -
  • 11. Exames Externos ● USG Abdominal (07/11): hepatopatia parenquimatosa, fibrose periportal, esplenomegalia. ● 07/11: Anti-HBs NR, Anti-HBc total NR, Anti-HBc IgM NR, Anti HAV IgM NR, IgG R. ● 09/11: Sumário de urina: bilirrubina (+++); urobilinogênio (+); nitrito, proteína, glicose, corpos cetônicos e hemoglobina ausentes. Numerosas bactérias, células epiteliais e leucócitos incontáveis. ● 20/11: ● Anti-HCV: NR; ● Alfa-fetoproteína: 114; ● FAN: negativo; ● Anti-musculo liso: reagente 1:20; ● anticorpo anti KLM1: negativo; ● anticorpo anti-mitocôndria: negativo
  • 12. Exames Admissionais ● 28/11: ● Hb 12,7; Ht 36,2%; Leuco 9000 (Bt 4/S 70/Eo 3/L 20/Mon 2); Plaq 187000; TP 29,4% RNI 2,44; VHS 12 ● Raio X – seio costo-frênico esquerdo raso. Sem outras anormalidades ● ECG sem alterações ● Na chegada foi mantida corticoterapia que havia sido iniciada há um dia e solicitados novos exames laboratoriais e USG abdominal.
  • 13. Evolução ● USG abdominal (06/12): Alteração parenquimatosa hepática crônica associada a imagens nodulares (aspecto macronodular da DCPF? Nódulos sólidos hepáticos?). Aumento das dimensões pancreáticas. Ascite moderada. ● TC de Abdome: ascite moderada e nódulos hepáticos
  • 14. Evolução ● RNM abdome superior + Colangiorressonância (23/12): volumosa formação expansiva hepática (10,5x9,0x6,5 nos maiores eixos ocupando a maior parte do órgão, envolvendo os ramos direitos e esquerdos da veia porta, sem contudo haver evidência de dilatação das vias biliares) de provável natureza neoplásica. A possibilidade de colangiocarcinoma deve ser considerada no diagnóstico diferencial. Esplenomegalia, moderada ascite, adenomegalias no andar superior do abdome (linfonodos crescidos em tamanho no hilo hepático, o maior deles com cerca de 2,0cm no menor eixo).
  • 15. Icterícia e Colangiocarcinoma
  • 16. Introdução ● Concentração normal de bilirrubina < 1mg/dL ● Menos de 5% na forma conjugada ● Icterícia: bilirrubina sérica > 2mg/dL ● Pode ser o 1º ou único sinal de doença do fígado ● Principal fonte de bilirrubina: hemoglobina – 80 a 85% da produção ● Fígado: captação, conjugação e excreção ● Hiperbilirrubinemia indireta: Superprodução, captação reduzida, defeito na conjugação ● Hiperbilirrubinemia direta: obstrução biliar, colestase intra- hepática, dano hepatocelular
  • 17. História e Exame Físico ● Pesquisar por: ● Medicações ● Uso de drogas ou ervas medicinais ● Uso de álcool ● Fatores de risco para hepatite ● História de cirurgias abdominais, incluindo colecistectomia ● Doenças herdadas: doenças de fígado e doenças hemolíticas ● HIV ● História de viagem ● Exposição a substâncias tóxicas
  • 18. História e Exame Físico ● Febre + calafrios ou dor em QSD: colangite aguda ● Anorexia + mal-estar + mialgia: hepatite viral ● Colúria: hiperbiirrubinemia conjugada ● Dor abddominal: ● Tipo cólica ● Em HCD ● Pancreática ● Vesícula biliar palpável: obstrução extra-hepática
  • 19. Exames Complementares ● Exames iniciais: bilirrubina total e direta; fosfatase alcalina; aminotransferases; TP; albumina ● Enzimas hepáticas normais: hemólise, doenças do metabolismo da bilirrubina (indireta: Gilbert e Crigler-Najjar; direta: Rotor, Dubin-Johnson) ● Elevação da relação FA/aminotransferases: obstrução biliar ou colestase intra-hepática. ● TP aumentado: que corrige com Vit K: absorção intestinal de proteínas lipossolúveis prejudicada – icterícia obstrutiva ● Aumento de FA: doenças granulomatosas do fígado – tuberculose, sarcoidose ● Elevação de transaminases: doença hepatocelular ● Hepatite alcoólica: elevação desproporcional de AST em relação a ALT
  • 20. Exames Complementares ● Ultrassonografia: ● Exame inicial ● Sensibilidade 55-91% (obstrução biliar) – aumenta com a concentração de bilirrubina e duração da icterícia ● Especificidade 63-96% ● Identifica sinais de hepatopatia crônica e lesões expansivas ● Operador dependente ● US Endoscópico: ● Visualização completa do ducto comum. ● Mesma acurácia da CPRE. ● Alta acurácia para detectar tumores pancreáticos pequenos (< 3cm)
  • 21. Exames Complementares ● TC helicoidal: ● Melhor acurácia que a TC convencional. ● Melhor análise do fígado, abdome e pelve ● Permite medidas precisas do calibre da árvore biliar (sensibilidade de 63 a 96% e especificidade de 93 a 100%) ● Detecta lesões expansivas menores que 5 mm ● Não é tão preciso quanto a USG na detecção de coledocolitíase porque apenas os cálculos calcificados são visualizados ● CPRE: ● Visualização direta da árvore biliar e ductos pancreáticos (sensibilidade de 89 a 98% e especificidade de 89 a 100%) ● Superior a TC e USG em detectar obstrução extra-hepática. ● Terapêutica. ● Complicações: colangite, pancreatite
  • 22. Exames Complementares ● CPRM: ● Contraindicação ou insucesso na CPRE e CPT ● Intervenções terapêuticas não parecem ser necessárias e como primeiro exame em pacientes com anastomose biliodigestiva prévia ou Billroth II. ● É diagnóstica em 90-100% dos casos, revela o nível da obstrução em 80- 100% dos casos. ● Sensibilidade e especificidade: 90-100% em detectar coledocolitíase e estenose de ductos. Tão precisa quanto a CPRE ● Colangiografia transhepática percutânea (CPT): ● sensibilidade perto de 100% para obstrução biliar. ● Preferível na obstrução proximal ao ducto hepático comum e presença de variações anatômicas que dificultem a CPRE ● recomendada quando procedimentos são necessários (dilatação, stent) ● Biópsia hepática: confirmar a causa e a gravidade da doença hepática
  • 23. Diagnóstico Diferencial HIPERBILIRRUBINEMIA NÃO CONJUGADA ● Superprodução de bilirrubina: quebra excessiva do derivado heme da hemoglobina ● Hemólise intra e extra vascular ● Extravasação de sangue nos tecidos ● Diseritropoese ● Defeito na captação da bilirrubina ● Sd de Gilbert ● ICC ● Alguns pacientes cirróticos ● Drogas: rifamicina, probenecid, ácido flavaspádico, agentes colecistográficos ● Defeito na conjugação da bilirrubina: Crigle-Najjer, icterícia neonatal
  • 24. Diagnóstico Diferencial HIPERBILIRRUBINEMIA CONJUGADA ● Obstrução biliar: ● Elevação de transaminases e fosfatase alcalina ● Retenção de bilirrubina conjugada dentro dos hepatócitos ● Colelitíase; tumores intrínsecos e extrínsecos; colangite esclerosante primária; parasitas; linfoma; colangiopatia por AIDS; pancreatite aguda ou crônica ● Causas intra-hepáticas ● Elevação de transaminases e fosfatase alcalina + ductos biliares patentes ● Hepatites virais; hepatite alcoólica; NASH; cirrose biliar primária; drogas e toxinas; sepse e estado de má perfusão; malignidades; inflitração hepática; doenças hereditárias (Sd Dubin-Johnson, Sd Rotor); NPT; pós-operatório; pós Tx; anemia falciforme; gravidez ● Dano hepatocelular:
  • 25. Diagnóstico Diferencial HIPERBILIRRUBINEMIA CONJUGADA ● Dano hepatocelular: ● Nem sempre podem ser separadas das sd colestáticas – variabilidade na apresentação da doença ● Liberação intracelular de proteínas e pequenas moléculas para o plasma ● Elevação na concentração de proteínas hepatocelulares Tratamento ● Tratar doença de base
  • 26. Tópicos Importantes ● A Icterícia é um achado frequente na prática médica, que deve sempre ser valorizado e investigado. ● Apresenta diversas etiologias possíveis, muitas delas graves e de conduta urgente. ● O tratamento consiste no tratamento da patologia desencadeante e na retirada de drogas tóxicas.
  • 28. Introdução ● Câncer dos ductos biliares: intra-hepáticos, perihilar, extra- hepáticos ● Altamente letais: mostram-se avançados a apresentação ● 3% das neoplasias do trato digestivo ● Segunda neoplasia primária do fígado mais frequente ● Mais comum acima dos 60 anos de idade ● Homens: 60% dos casos ● Incidência: 1 a 2 casos por 100.000 EUA
  • 29. Achados Clínicos ● Sintomáticos: tumor obstrui sistema de drenagem biliar ● Icterícia (90%), hepatomegalia (25 a 40%), massa em quadrante superior direito (10%) ● Prurido: 66% ● Dor abdominal: 30 a 50% - principalmente em QSD ● Perda de peso: 30 a 50% ● Febre: em mais de 20% ● Colúria
  • 30. Achados Clínicos ● Estudos laboratoriais: aumento ● Bilirrubina total e fração direta ● Fosfatase alcalina ● 5'-nucleotidase ● Gama GT ● Transaminases: inicialmente normais ● Colangiocarcinoma de ductos intra-hepáticos ● Menos icterícia ● Normalmente: dor em QSD, perda de peso, e elevação de FA ● Bilirrubinas normais ou discretamente aumentadas
  • 31. Achados Clínicos ● Localização ● 50-60%: junção dos ductos hepáticos direito e esquerdo (tumor de Klatskin) ● 10-20%: intra-hepáticos ● 20-30%: extra-hepáticos distais ● Mais de 90%: adenocarcinomas – moderadamente ou pouco diferenciados ● Crescimento lento, alta taxa de invasão local, produção de mucina e tendência a invadir bainhas perineurais ● Carcinoma de células escamosas: maioria dos casos de recidiva
  • 32. Achados Clínicos ● Adenocarcinomas – três tipos: ● Esclerosante: – Intensa reação desmoplástica – Fibrose extensiva → diagnostico por biópsia mais difícil – Invade ducto biliar mais precocemente → baixas taxas de ressecabilidade e cura – Maioria: 79-80% dos tumores distais ● Nodular: – Lesão anular constricta do ducto biliar – Altamente invasivos – Ao diagnóstico: doença avançada ● Papilar: – Mais raro – Massa volumosa no lumen do ducto biliar comum → obstrução biliar precoce – Altas taxas de ressecabilidade e cura
  • 34. Fatores de Risco ● Colangite esclerosante ● Infestações parasitárias primária ● Hepatite C ● Coledocolitíase crônica ● Síndrome metabólica ● Doença de Caroli ● HIV ● Cisto de colédoco ● Doença crônica do fígado ● Papilomatose biliar ● Exposição ao contraste ● Adenoma de ductos biliares torotraste ● obesidade
  • 35. Marcadores Tumorais ● Não há específicos ● Presença de certos marcadores: valor diagnóstico ● CEA: ● > 5,2ng/dL sérico – sensibilidade e especificidade de 68 e 82% ● Níveis biliares: 5x em relação a pacientes com CEA sérico elevado em condições benignas ● CA 19-9: ● detectar colangiocarcinoma em pacientes com colangite esclerosante primária ● Especificidade limitada ● Alguns tumores produzem baixos níveis ● CEA combinado com CA 19-9: aumenta a sensibilidade e especificidade em pacientes com colangite esclerosante primária
  • 36. Estadiamento ● Classificação de Bismuth- Corlette ● Tipo I: tumor abaixo da confluência com livre fluxo entre os canais esquerdo e direito; ● Tipo II: tumor obstruindo a confluência, não havendo acometimento superior dos ramos principais; ● Tipo IIIa: tumor obstruindo a confluência e o ramo principal direita; ● Tipo IIIb: tumor obstruindo a confluência e o ramo principal esquerdo; ● Tipo IV: acometimento de ambos os ramos principais e os secundários
  • 37. Estadiamento ● TNM: ● baseada principalmente na extensão do envolvimento ductal pelo tumor
  • 38. Tratamento ● Cirurgia é a única terapêutica que aumenta a sobrevida em 5 anos. ● Múltiplos pacientes se apresentam já em condições que inviabilizam terapêutica cirúrgica. ● Pacientes não operados têm sobrevida de 6 a 18 meses. ● 30 a 40% dos pacientes operados têm sobrevida de 5 anos.