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00março de 2010
RUMO CERTO
Goiânia é uma cidade nova, mas com passado histórico de 500 anos
Terra de Pioneiros
Texto e Fotos HEITOR E SILVIA REALI
Nesta página, fachada do
Palácio Esmeralda e pequi,
fruta típica da região. Na
página ao lado, vista da
Estação Ferroviária
ara entender a essência dessa metró-
pole prestes a completar 77 anos,precisamos voltar 500,pois ela filtra a bra-
silidade.Os primeiros a chegar nessa parada foram os bandeirantes,no final
do século 17 e início do 18, atraídos pelo desconhecido. Nos séculos seguin-
tes,ainda imantados pelo Planalto Central,vieram os mineradores e os colo-
nos, para trabalhar com agricultura e pecuária. Estes últimos chegaram
com o objetivo de cultivar uma terra – o Cerrado – considerada inóspita para
o cultivo. Deu no que deu: a terra hoje tida como ouro verde transformou a
região em polo de agronegócio.Todos tinham em comum o pioneirismo e o
desafio de conquistar o Oeste. E foram os descendentes dos primeiros colo-
nizadores que fundaram a capital do estado de Goiás.
Apesar de nova, Goiânia não é moderna. Seu traçado urbanístico, idea-
lizado pelo arquiteto Atílio Corrêa Lima, privilegiou os parques, com a fina-
lidade de amenizar o calor. Eles estão por toda parte. Os principais são o
Vaca Brava, que de bônus ainda reserva uma bela vista panorâmica da cida-
de; o Areião, famoso pela quantidade de pássaros e plantas do cerrado que
ali são cultivadas; o dos Buritis, o mais antigo patrimônio paisagístico da
cidade e onde está o Museu de Arte de Goiânia; e o Jardim Botânico.
Assim como Brasília, Goiânia é uma cidade planejada. Mas ao contrá-
rio da capital do país, que tem no estilo modernista a base de suas constru-
ções, a arquitetura da cidade é uma colagem de estilos, embora seja consi-
derada pelos arquitetos brasileiros a capital brasileira do art déco e a segun-
da nesse estilo no mundo. Esta expressão arquitetônica, surgida na Europa
no início do século 20, fincou pé na cidade na década de 1940, deixando um
interessante legado. E o melhor:bem preservado. O acervo é tão representa-
tivo que um roteiro para conhecer as principais edificações é indispensável.
Entre elas: o Palácio das Esmeraldas, o Coreto da Praça Cívica, o Teatro
Goiânia, o Grande Hotel e a Estação Ferroviária.
Pequenos prazeres
Longe dos holofotes de outras cidades turísticas, o que interessa em
Goiânia é um mergulho nas coisas simples,nos prazeres do cotidiano.Como
na gastronomia. A cozinha goiana guarda semelhanças com a culinária
mineira,com a qual compartilha pratos substanciosos dos tropeiros,e apos-
ta no sabor das frutas exóticas do cerrado – como o pequi (que entra no pre-
paro do arroz), a cagaita (parente da pitanga) e o cajuzinho.
RUMO CERTO
00 março de 2010 00março de 2010 00
Em sentido horário, a rica culinária de Goiânia: cagaita,
fruta típica do cerrado; sorvete de pequi; baru, fruto do
qual é consumida a castanha; e empadão goiano
De cima para baixo,
exemplares da arquitetura
art decó da cidade: Grande
Hotel, Teatro de Goiânia e
Coreto da Praça Cívica
P
00março de 2010
RUMO CERTO
00 março de 2010
Serviço:
Passeios: Parque Vaca Brava: Setor Bueno, Av. T-11, 128. Tel. 62
3281-4197 • Parque Areião: Setores Pedro Ludovico e Marista
(entre a Al. Coronel Eugênio Jardim, a Av. Americano do Brasil, a
Rua 90, Av. Areião e a Av. 5ª Radial) • Bosque dos Buritis: Setor
Oeste (Al. Dos Buritis, Av. Assis Chateaubriand com a Rua 1) • Jar-
dim Botânico: Setor Pedro Ludovico, Av. Botafogo. Tel. 62 824-
1757 • Mercado Central: Rua 3, 322, Centro. Tel. 62 3524-1324 •
Memorial do Cerrado (UCG – Campus 2): Av. Bela Vista, km 2, Jar-
dim Olímpico. Tel. 62 227-1723 • Palácio das Esmeraldas: Praça
Cívica. Teatro Goiânia: Av. Anhanguera, 67, Setor Central. Tel. 62
3201-4685 • Grande Hotel: Rua Senador Jaime, 7, Setor Centro-
Oeste. Tel. 62 3233-9211. Onde ficar: Bristol Evidence Apart Ho-
tel: Av. Edmundo Pinheiro de Abreu, 31, Setor Pedro Ludovico. Tel.
62 3238-7337 • Hotel Oitis: Rua Terezinha, 260, Setor Alto da Gló-
ria. Tel. 62 3238-2100. Onde comer: O restaurante Cateretê serve
pratos regionais e tem o melhor corte de carne da cidade: Rua 10,
704, Setor Bueno. Tel. 62 3285-3261. O Chão Nativo oferece comi-
da goiana feita no fogão a lenha: Av. T-11, 299, Setor Bueno. Tel.
62 3241-2266. Na Sorveteria Pinquí (Al. Ricardo Paranhos, 205,
lotes 16 e 17, Setor Marista. Tel. 62 3541-6008), os carros-chefes
são os sabores de jabuticaba e pequi, e a Frutos do Cerrado (Rua
07, 780, Praça Tamandaré, Setor Oeste. Tel. 62 3215-1330), famo-
sa pelos picolés de frutas típicas. Quem leva: A TRIP Linhas
Aéreas oferece voos para Goiânia a partir de Alta Floresta (MT),
Belo Horizonte (Aeroporto de Confins e da Pampulha – MG), Ca-
mpo Grande (MS), Cuiabá (MT), Dourados (MS), Foz do Iguaçu
(PR), Governador Valadares (MG), Humaitá (AM), Ipatinga (MG),
Ji-Paraná (RO), Juiz de Fora (MG), Lábrea (AM), Manaus (AM),
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Velho (RO), Ribeirão Preto (SP), Rio Branco (AC), Rio Verde (GO), Rio
de Janeiro (Aeroporto Santos Dumont – RJ), Salvador (BA), São
João Del-Rei (MG), São José do Rio Preto (SP), São José dos Campos
(SP), Sinop (MT), Uberlândia (MG), Vilhena (RO), Vitória (ES),
Vitória da Conquista (BA). Mais informações: voetrip.com.br
As receitas também apresentam ingredientes típicos a guariroba (um
tipo de palmito que dá sabor ao empadão goiano), a jurubeba e o baru
(fruto do qual é consumido a castanha, que tem um gosto entre o da
amêndoa e o do amendoim). Essas iguarias são utilizadas em pratos criati-
vas e modernas, que celebram a riqueza da culinária regional.
Para saboreá-la em pequenas doses, vale conhecer o mercado central.
Uma vez lá, deixe-se guiar pelos aromas. Quer uma boa dica? Ali existe uma
ala reservada aos empadões e pastéis,com diferentes recheios de produtos do
cerrado. O sorvete é outro caso sério nesta cidade – por vários motivos, a co-
meçar pela variedade. São mais de cem frutas com nomes sonoros e sugesti-
vos, tais como mangaba, araticum, corriola, murici e jatobá.
Some-se a esses ingredientes a agitada vida noturna, e pronto: eis a re-
ceita ideal para se encantar com a cidade e seu povo.Avalizando as palavras do
poeta paulista Cassiano Ricardo (1895-1974),que dizia que o brasileiro já nasce
cantando, Goiânia é considerada a capital brasileira da música sertaneja e da
moda de viola.Não há noite sem que se ouça um destes ritmos.Tudo fica ain-
da mais perfeito se o céu estiver estrelado e a lua, cheia.
Um olhar sobre o cerrado
Outro ponto que não pode passar em branco é o Memorial do Cer-
rado, pertencente à Universidade Católica de Goiás. O acervo da instituição
destina-se a popularizar a ciência, permitindo a compreensão desse bioma
e sua fantástica biodiversidade. A primeira sala conta a história da Terra e
de sua evolução desde o Período Pré-Cambriano. Exposições de rochas, mi-
nérios, fósseis, fauna e flora completam a coleção. Para se ter uma idéia da
riqueza do cerrado, hoje são conhecidas cerca de 200 espécies de mamífe-
ros,outras 200 de répteis,250 de anfíbios,quase 850 de aves e 1.300 de pei-
xes nativos desse bioma. A lista de plantas catalogadas é a maior de todas
as savanas do mundo, com cerca de 12 mil espécies descritas. Do lado de
fora do museu, há uma vila cenográfica que retrata a época colonial, além
da representação de uma aldeia xavante.
Do passado direto para o futuro. Esta é a sensação de seguir para Rio
Verde, cidade distante três horas de carro de Goiânia, ou menos de 30
minutos de voo pela TRIP Linhas Aéreas. Ali, ladeando os extensos campos
verdes com plantações de soja, sorgo e cana, até onde a vista alcança, é
possível compreender ainda mais o significado da palavra pioneirismo, tão
arraigado no goianiense.
De cima para baixo: Parque
Vaca Brava, parte do acervo
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e plantação em Rio Verde.
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  • 1. 00março de 2010 RUMO CERTO Goiânia é uma cidade nova, mas com passado histórico de 500 anos Terra de Pioneiros Texto e Fotos HEITOR E SILVIA REALI Nesta página, fachada do Palácio Esmeralda e pequi, fruta típica da região. Na página ao lado, vista da Estação Ferroviária
  • 2. ara entender a essência dessa metró- pole prestes a completar 77 anos,precisamos voltar 500,pois ela filtra a bra- silidade.Os primeiros a chegar nessa parada foram os bandeirantes,no final do século 17 e início do 18, atraídos pelo desconhecido. Nos séculos seguin- tes,ainda imantados pelo Planalto Central,vieram os mineradores e os colo- nos, para trabalhar com agricultura e pecuária. Estes últimos chegaram com o objetivo de cultivar uma terra – o Cerrado – considerada inóspita para o cultivo. Deu no que deu: a terra hoje tida como ouro verde transformou a região em polo de agronegócio.Todos tinham em comum o pioneirismo e o desafio de conquistar o Oeste. E foram os descendentes dos primeiros colo- nizadores que fundaram a capital do estado de Goiás. Apesar de nova, Goiânia não é moderna. Seu traçado urbanístico, idea- lizado pelo arquiteto Atílio Corrêa Lima, privilegiou os parques, com a fina- lidade de amenizar o calor. Eles estão por toda parte. Os principais são o Vaca Brava, que de bônus ainda reserva uma bela vista panorâmica da cida- de; o Areião, famoso pela quantidade de pássaros e plantas do cerrado que ali são cultivadas; o dos Buritis, o mais antigo patrimônio paisagístico da cidade e onde está o Museu de Arte de Goiânia; e o Jardim Botânico. Assim como Brasília, Goiânia é uma cidade planejada. Mas ao contrá- rio da capital do país, que tem no estilo modernista a base de suas constru- ções, a arquitetura da cidade é uma colagem de estilos, embora seja consi- derada pelos arquitetos brasileiros a capital brasileira do art déco e a segun- da nesse estilo no mundo. Esta expressão arquitetônica, surgida na Europa no início do século 20, fincou pé na cidade na década de 1940, deixando um interessante legado. E o melhor:bem preservado. O acervo é tão representa- tivo que um roteiro para conhecer as principais edificações é indispensável. Entre elas: o Palácio das Esmeraldas, o Coreto da Praça Cívica, o Teatro Goiânia, o Grande Hotel e a Estação Ferroviária. Pequenos prazeres Longe dos holofotes de outras cidades turísticas, o que interessa em Goiânia é um mergulho nas coisas simples,nos prazeres do cotidiano.Como na gastronomia. A cozinha goiana guarda semelhanças com a culinária mineira,com a qual compartilha pratos substanciosos dos tropeiros,e apos- ta no sabor das frutas exóticas do cerrado – como o pequi (que entra no pre- paro do arroz), a cagaita (parente da pitanga) e o cajuzinho. RUMO CERTO 00 março de 2010 00março de 2010 00 Em sentido horário, a rica culinária de Goiânia: cagaita, fruta típica do cerrado; sorvete de pequi; baru, fruto do qual é consumida a castanha; e empadão goiano De cima para baixo, exemplares da arquitetura art decó da cidade: Grande Hotel, Teatro de Goiânia e Coreto da Praça Cívica P
  • 3. 00março de 2010 RUMO CERTO 00 março de 2010 Serviço: Passeios: Parque Vaca Brava: Setor Bueno, Av. T-11, 128. Tel. 62 3281-4197 • Parque Areião: Setores Pedro Ludovico e Marista (entre a Al. Coronel Eugênio Jardim, a Av. Americano do Brasil, a Rua 90, Av. Areião e a Av. 5ª Radial) • Bosque dos Buritis: Setor Oeste (Al. Dos Buritis, Av. Assis Chateaubriand com a Rua 1) • Jar- dim Botânico: Setor Pedro Ludovico, Av. Botafogo. Tel. 62 824- 1757 • Mercado Central: Rua 3, 322, Centro. Tel. 62 3524-1324 • Memorial do Cerrado (UCG – Campus 2): Av. Bela Vista, km 2, Jar- dim Olímpico. Tel. 62 227-1723 • Palácio das Esmeraldas: Praça Cívica. Teatro Goiânia: Av. Anhanguera, 67, Setor Central. Tel. 62 3201-4685 • Grande Hotel: Rua Senador Jaime, 7, Setor Centro- Oeste. Tel. 62 3233-9211. Onde ficar: Bristol Evidence Apart Ho- tel: Av. Edmundo Pinheiro de Abreu, 31, Setor Pedro Ludovico. Tel. 62 3238-7337 • Hotel Oitis: Rua Terezinha, 260, Setor Alto da Gló- ria. Tel. 62 3238-2100. Onde comer: O restaurante Cateretê serve pratos regionais e tem o melhor corte de carne da cidade: Rua 10, 704, Setor Bueno. Tel. 62 3285-3261. O Chão Nativo oferece comi- da goiana feita no fogão a lenha: Av. T-11, 299, Setor Bueno. Tel. 62 3241-2266. Na Sorveteria Pinquí (Al. Ricardo Paranhos, 205, lotes 16 e 17, Setor Marista. Tel. 62 3541-6008), os carros-chefes são os sabores de jabuticaba e pequi, e a Frutos do Cerrado (Rua 07, 780, Praça Tamandaré, Setor Oeste. Tel. 62 3215-1330), famo- sa pelos picolés de frutas típicas. Quem leva: A TRIP Linhas Aéreas oferece voos para Goiânia a partir de Alta Floresta (MT), Belo Horizonte (Aeroporto de Confins e da Pampulha – MG), Ca- mpo Grande (MS), Cuiabá (MT), Dourados (MS), Foz do Iguaçu (PR), Governador Valadares (MG), Humaitá (AM), Ipatinga (MG), Ji-Paraná (RO), Juiz de Fora (MG), Lábrea (AM), Manaus (AM), Montes Claros (MG), Porto Alegre (RS), Porto Seguro (BA), Porto Velho (RO), Ribeirão Preto (SP), Rio Branco (AC), Rio Verde (GO), Rio de Janeiro (Aeroporto Santos Dumont – RJ), Salvador (BA), São João Del-Rei (MG), São José do Rio Preto (SP), São José dos Campos (SP), Sinop (MT), Uberlândia (MG), Vilhena (RO), Vitória (ES), Vitória da Conquista (BA). Mais informações: voetrip.com.br As receitas também apresentam ingredientes típicos a guariroba (um tipo de palmito que dá sabor ao empadão goiano), a jurubeba e o baru (fruto do qual é consumido a castanha, que tem um gosto entre o da amêndoa e o do amendoim). Essas iguarias são utilizadas em pratos criati- vas e modernas, que celebram a riqueza da culinária regional. Para saboreá-la em pequenas doses, vale conhecer o mercado central. Uma vez lá, deixe-se guiar pelos aromas. Quer uma boa dica? Ali existe uma ala reservada aos empadões e pastéis,com diferentes recheios de produtos do cerrado. O sorvete é outro caso sério nesta cidade – por vários motivos, a co- meçar pela variedade. São mais de cem frutas com nomes sonoros e sugesti- vos, tais como mangaba, araticum, corriola, murici e jatobá. Some-se a esses ingredientes a agitada vida noturna, e pronto: eis a re- ceita ideal para se encantar com a cidade e seu povo.Avalizando as palavras do poeta paulista Cassiano Ricardo (1895-1974),que dizia que o brasileiro já nasce cantando, Goiânia é considerada a capital brasileira da música sertaneja e da moda de viola.Não há noite sem que se ouça um destes ritmos.Tudo fica ain- da mais perfeito se o céu estiver estrelado e a lua, cheia. Um olhar sobre o cerrado Outro ponto que não pode passar em branco é o Memorial do Cer- rado, pertencente à Universidade Católica de Goiás. O acervo da instituição destina-se a popularizar a ciência, permitindo a compreensão desse bioma e sua fantástica biodiversidade. A primeira sala conta a história da Terra e de sua evolução desde o Período Pré-Cambriano. Exposições de rochas, mi- nérios, fósseis, fauna e flora completam a coleção. Para se ter uma idéia da riqueza do cerrado, hoje são conhecidas cerca de 200 espécies de mamífe- ros,outras 200 de répteis,250 de anfíbios,quase 850 de aves e 1.300 de pei- xes nativos desse bioma. A lista de plantas catalogadas é a maior de todas as savanas do mundo, com cerca de 12 mil espécies descritas. Do lado de fora do museu, há uma vila cenográfica que retrata a época colonial, além da representação de uma aldeia xavante. Do passado direto para o futuro. Esta é a sensação de seguir para Rio Verde, cidade distante três horas de carro de Goiânia, ou menos de 30 minutos de voo pela TRIP Linhas Aéreas. Ali, ladeando os extensos campos verdes com plantações de soja, sorgo e cana, até onde a vista alcança, é possível compreender ainda mais o significado da palavra pioneirismo, tão arraigado no goianiense. De cima para baixo: Parque Vaca Brava, parte do acervo do Memorial do Cerrado e plantação em Rio Verde. Na página ao lado, detalhe de obra de arte exposta no jardim do Memorial do Cerrado