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Semântica Olavo Garantizado
A definição do objeto de estudos “Definir o objeto de estudos da Semântica não é uma tarefa simples. (...) Não há consenso entre os semanticistas sobre o que se entende por ‘significado’” (PIRES DE OLIVEIRA, p. 17). “Falamos (...) sobre o significado de um livro, o significado da vida, o significado do verde do semáforo, o significado da fumaça” (PIRES DE OLIVEIRA, p. 17). Segundo Putman (1975), o que atrapalha a semantica é ela depender de um conceito pré-teórico de significado.
Problemas para definir o objeto É o significado uma relação causal entre as palavras e as coisas? Será o significado uma entidade mental? Ele pertence ao indivíduo ou à comunidade, ao domínio público? 	Conseqüência: há várias semânticas. Cada uma elege a sua noção particular de significado, responde diferente à questão da relação linguagem e mundo.
Alguns tipos de semânticas Semântica estrutural (visão saussuriana): via o significado como uma unidade de diferença. Dessa forma, o signo “mesa” se define por não ser “cadeira”, “sofá”. Semântica Formal: o significado é um termo complexo que se compõe de duas partes, o sentido e a referencia. A relação linguagem com o mundo é fundamental. Semântica da Enunciação: o significado é o resultado do jugo argumentativo criado na linguagem e por ela. Diferente do estruturalismo, “mesa”, na Semântica da Enunciação, significa as diversas possibilidades de encadeamento argumentativo das quais a palavra pode participar.
Semântica formal Descreve o problema do significado a partir do postulado de que as sentenças se estruturam logicamente. 	Um dos  primeiros pensadores a se debruçar acerca de tal modelo fora Aristóteles, que defendia que havia relações de significado que se davam independentemente do conteúdo das expressões.
Todo homem é mortal. Joao é homem. Logo, João é mortal. 	A relação  que se estabelece entre os termos independe do que “mortal” e “homem” significam.
A importância de Frege Legou-nos duas importantes contribuições: A distinção entre sentido e referencia; Conceito de quantificador. Recortes metodológicos de Frege: a) Excluiu da Semântica o estudo das representações individuais que uma dada palavra pode provocar.
“ Estrela da manha” Para Frege, a frase acima não deveria ser analisada pela Semântica, pois ao ouvir o nome próprio “estrela da manha”, formo uma ideia, uma representação, que é só minha, uma vez que ela depende de minha experiência subjetiva no mundo. O estudo desse aspecto individual, Frege atribui para a Psicologia. Caberia a Semântica, então, o estudo dos aspectos objetivos do significado, isto é, aqueles que estão abertos à inspeção pública. A objetividade é garantida, segundo ele, pela uniformidade de assentimento entre os membros de uma comunidade.
O 	sentido de um nome próprio como “Estrela da manha” é o que nos permite alcançar, falar sobre, um certo objeto no mundo da razão pública, o planeta Venus, a sua referencia. Dessa maneira, o sentido é o que nos permite chegar a uma referencia no mundo.
A estrela da manha é a estrela da manha. ,[object Object]
Grau de informatividade tende a zero.A estrela da manha é a estrela da tarde. ,[object Object]
Uma mesma referencia pode ser rexuperada por vários sentidos.
Exemplo:
2+5= 7     e      100-93= 7.,[object Object]
Os nomes próprios para Frege São Paulo é a capital de São paulo. São Paulo é a capital de Santa Catarina. “São Paulo” e “a capital de Santa Catarina” são nomes próprios, pois expressam um pensamento completo e possuem uma referencia. “de São paulo” não é nome próprio.
Os quantificadores Um tipo de argumento que serve para quantificar uma expressao. Exemplos: 1) Todos os homens são mortais. “o predicado ‘ser mortal’ se aplica a todos os elementos aos quais se aplica o predicado ‘ser homem’. Dois quantificadores, logo: o universal (todos) e o existencial (uma). 2) Todos os meninos amam uma professora.
Descrição definida O presidente do Brasil é sociólogo. 	O nome próprio afirma que há somente uma pessoa e esta é presidente do Brasil. Isso se dá pela presença do artigo definido. Temos, pois, um tipo especial de operador, aquele que afirma existe um e apenas um elemento tal que este tem determinada propriedade.
Semântica da Enunciação Ducrot faz severas críticas a visão de linguagem proposta pela Semântica Formal por, segundo tal teórico, esta corrente dos estudos semânticos se respaldar em um modelo informacional em que o conceito de verdade é externo à linguagem. A semântica da Enunciação se vincula a uma perspectiva de que a linguagem se constitui no mundo, por isso não é possível sair fora dela. A referencia é vista como uma ilusão criada pela linguagem, pois estamos inseridos na linguagem, por isso que usamos os dêiticos. A referencia é interna ao próprio jogo discursivo.
A concepção de linguagem Para Ducrot, a linguagem é um jogo de argumentos enredado em si mesmo; não falamos sobre o mundo, falamos para construir o mundo e a partir dele tentar convencer nosso interlocutor da nossa verdade, verdade criada pelas e nas nossas interlocuções. A linguagem, dessa maneira, é uma dialogia, na verdade, uma “argumentalogia”; não falamos para trocar informações sobre o mundo, mas para convencer o outro a entrar no nosso jogo discursivo, para convencê-lo de nossa verdade.
Polifonia O presidente do Brasil é sociólogo. E1: Há um e apenas uma pessoa. E2: Esta pessoa é presidente do Brasil. E3: Esta pessoa é sociólogo.
Pressuposição Maria parou de fumar. E1: Maria fumava. E2: Maria não fuma mais.
As negações O que explica a existência de um determinado enunciado é a presença de uma série de enunciadores e diferentes tipos de negações. O presidente do Brasil é sociólogo. E1: Há um presidente do Brasil. E2: Ele é sociólogo. E3: E1 é falsa. E1: Há um presidente do Brasil. E2: Ele é sociólogo. E3: E2 é falsa.
A semântica da enunciação também se consagrou por ter possibilitado a descrição de fenômenos que supostamente resistem a um tratamento formal. Os fenômenos que envolvem gradação, os fenômenos escalares, são possivelmente mais prototípico. João comeu pouco. João comeu um pouco.
Um pouco                                      pouco Comer                                               comer Não comer                                       não comer
Semântica cognitiva Tem como um de seus marcos inaugurais a publicaçao, em 1980, de Metaphorsweliveby, de Lakoff e Jonhson. O significado é que é central na investigação sobre a linguagem, chocando-se, portanto, com a abordagem gerativa, que defende a centralidade da Sintaxe. O significado não tem nada a ver com a relação de pareamento entre linguagem e o mundo. Tal modelo se opõe ao modelo denominado Semântica Objetiva, que prega que o significado se baseia na referencia e na verdade (correspondência com o mundo).
A proposta afasta-se da Semântica da Enunciação, pois não defende que o significado é construída na própria linguagem. O significado, segundo a Semântica Cognitiva, é natural e experiencial e se sustenta na constatação de que ele se constrói a partir de nossas interações físicas, corpóreas, com o meio ambiente em que vivemos. O significado linguístico não é arbitrário, pois deriva de esquemas sensório-motores. São as nossas ações no mundo que nos permitem apreender diretamente esquemas imagéticos espaciais e são esses esquemas que dão significado às nossas expressões lingüísticas.
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Significados e abordagens semânticas

  • 2. A definição do objeto de estudos “Definir o objeto de estudos da Semântica não é uma tarefa simples. (...) Não há consenso entre os semanticistas sobre o que se entende por ‘significado’” (PIRES DE OLIVEIRA, p. 17). “Falamos (...) sobre o significado de um livro, o significado da vida, o significado do verde do semáforo, o significado da fumaça” (PIRES DE OLIVEIRA, p. 17). Segundo Putman (1975), o que atrapalha a semantica é ela depender de um conceito pré-teórico de significado.
  • 3. Problemas para definir o objeto É o significado uma relação causal entre as palavras e as coisas? Será o significado uma entidade mental? Ele pertence ao indivíduo ou à comunidade, ao domínio público? Conseqüência: há várias semânticas. Cada uma elege a sua noção particular de significado, responde diferente à questão da relação linguagem e mundo.
  • 4. Alguns tipos de semânticas Semântica estrutural (visão saussuriana): via o significado como uma unidade de diferença. Dessa forma, o signo “mesa” se define por não ser “cadeira”, “sofá”. Semântica Formal: o significado é um termo complexo que se compõe de duas partes, o sentido e a referencia. A relação linguagem com o mundo é fundamental. Semântica da Enunciação: o significado é o resultado do jugo argumentativo criado na linguagem e por ela. Diferente do estruturalismo, “mesa”, na Semântica da Enunciação, significa as diversas possibilidades de encadeamento argumentativo das quais a palavra pode participar.
  • 5. Semântica formal Descreve o problema do significado a partir do postulado de que as sentenças se estruturam logicamente. Um dos primeiros pensadores a se debruçar acerca de tal modelo fora Aristóteles, que defendia que havia relações de significado que se davam independentemente do conteúdo das expressões.
  • 6. Todo homem é mortal. Joao é homem. Logo, João é mortal. A relação que se estabelece entre os termos independe do que “mortal” e “homem” significam.
  • 7. A importância de Frege Legou-nos duas importantes contribuições: A distinção entre sentido e referencia; Conceito de quantificador. Recortes metodológicos de Frege: a) Excluiu da Semântica o estudo das representações individuais que uma dada palavra pode provocar.
  • 8. “ Estrela da manha” Para Frege, a frase acima não deveria ser analisada pela Semântica, pois ao ouvir o nome próprio “estrela da manha”, formo uma ideia, uma representação, que é só minha, uma vez que ela depende de minha experiência subjetiva no mundo. O estudo desse aspecto individual, Frege atribui para a Psicologia. Caberia a Semântica, então, o estudo dos aspectos objetivos do significado, isto é, aqueles que estão abertos à inspeção pública. A objetividade é garantida, segundo ele, pela uniformidade de assentimento entre os membros de uma comunidade.
  • 9. O sentido de um nome próprio como “Estrela da manha” é o que nos permite alcançar, falar sobre, um certo objeto no mundo da razão pública, o planeta Venus, a sua referencia. Dessa maneira, o sentido é o que nos permite chegar a uma referencia no mundo.
  • 10.
  • 11.
  • 12. Uma mesma referencia pode ser rexuperada por vários sentidos.
  • 14.
  • 15. Os nomes próprios para Frege São Paulo é a capital de São paulo. São Paulo é a capital de Santa Catarina. “São Paulo” e “a capital de Santa Catarina” são nomes próprios, pois expressam um pensamento completo e possuem uma referencia. “de São paulo” não é nome próprio.
  • 16. Os quantificadores Um tipo de argumento que serve para quantificar uma expressao. Exemplos: 1) Todos os homens são mortais. “o predicado ‘ser mortal’ se aplica a todos os elementos aos quais se aplica o predicado ‘ser homem’. Dois quantificadores, logo: o universal (todos) e o existencial (uma). 2) Todos os meninos amam uma professora.
  • 17. Descrição definida O presidente do Brasil é sociólogo. O nome próprio afirma que há somente uma pessoa e esta é presidente do Brasil. Isso se dá pela presença do artigo definido. Temos, pois, um tipo especial de operador, aquele que afirma existe um e apenas um elemento tal que este tem determinada propriedade.
  • 18. Semântica da Enunciação Ducrot faz severas críticas a visão de linguagem proposta pela Semântica Formal por, segundo tal teórico, esta corrente dos estudos semânticos se respaldar em um modelo informacional em que o conceito de verdade é externo à linguagem. A semântica da Enunciação se vincula a uma perspectiva de que a linguagem se constitui no mundo, por isso não é possível sair fora dela. A referencia é vista como uma ilusão criada pela linguagem, pois estamos inseridos na linguagem, por isso que usamos os dêiticos. A referencia é interna ao próprio jogo discursivo.
  • 19. A concepção de linguagem Para Ducrot, a linguagem é um jogo de argumentos enredado em si mesmo; não falamos sobre o mundo, falamos para construir o mundo e a partir dele tentar convencer nosso interlocutor da nossa verdade, verdade criada pelas e nas nossas interlocuções. A linguagem, dessa maneira, é uma dialogia, na verdade, uma “argumentalogia”; não falamos para trocar informações sobre o mundo, mas para convencer o outro a entrar no nosso jogo discursivo, para convencê-lo de nossa verdade.
  • 20. Polifonia O presidente do Brasil é sociólogo. E1: Há um e apenas uma pessoa. E2: Esta pessoa é presidente do Brasil. E3: Esta pessoa é sociólogo.
  • 21. Pressuposição Maria parou de fumar. E1: Maria fumava. E2: Maria não fuma mais.
  • 22. As negações O que explica a existência de um determinado enunciado é a presença de uma série de enunciadores e diferentes tipos de negações. O presidente do Brasil é sociólogo. E1: Há um presidente do Brasil. E2: Ele é sociólogo. E3: E1 é falsa. E1: Há um presidente do Brasil. E2: Ele é sociólogo. E3: E2 é falsa.
  • 23. A semântica da enunciação também se consagrou por ter possibilitado a descrição de fenômenos que supostamente resistem a um tratamento formal. Os fenômenos que envolvem gradação, os fenômenos escalares, são possivelmente mais prototípico. João comeu pouco. João comeu um pouco.
  • 24. Um pouco pouco Comer comer Não comer não comer
  • 25. Semântica cognitiva Tem como um de seus marcos inaugurais a publicaçao, em 1980, de Metaphorsweliveby, de Lakoff e Jonhson. O significado é que é central na investigação sobre a linguagem, chocando-se, portanto, com a abordagem gerativa, que defende a centralidade da Sintaxe. O significado não tem nada a ver com a relação de pareamento entre linguagem e o mundo. Tal modelo se opõe ao modelo denominado Semântica Objetiva, que prega que o significado se baseia na referencia e na verdade (correspondência com o mundo).
  • 26. A proposta afasta-se da Semântica da Enunciação, pois não defende que o significado é construída na própria linguagem. O significado, segundo a Semântica Cognitiva, é natural e experiencial e se sustenta na constatação de que ele se constrói a partir de nossas interações físicas, corpóreas, com o meio ambiente em que vivemos. O significado linguístico não é arbitrário, pois deriva de esquemas sensório-motores. São as nossas ações no mundo que nos permitem apreender diretamente esquemas imagéticos espaciais e são esses esquemas que dão significado às nossas expressões lingüísticas.
  • 27. Esquemas imagéticos-cinestésicos Fui do quarto para a sala Vim de São Paulo. A Domínio fonte B Domínio Alvo
  • 28. Todos os nossos conceitos resultam diretamente de esquemas imagético-cinestésicos? A resposta para esta pergunta é Não. Há, pois, domínios de experiência cuja conceitualizaçao depende de mecanismos de abstração. Os principais são a metáfora e a metonímia.
  • 29. Metáfora Define-se por ser o mapa (um conjunto de correspondências matemáticas) entre um domínio de experiências e outro domínio. Exemplos: De ontem para hoje, o josé ficou doente. O conceito de TEMPO se estrutura via o esquema espacial do CAMINHO. O Tempo é conceituado a partir de correspondencias com o esquema espacial. Há, pois, um sistema de mapeamentos envolvendo o tempo. De ONTEM para HOJE.
  • 30. Para a Semântica Cognitiva, a metáfora é um processo cognitivo que permite mapearmos esquemas, aprendidos diretamente pelo nosso corpo, em domínios mais abstratos, cuja experimentação é indireta.