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Anais do II Workshop da
Rede Brasileira de
Ciência Cidadã
Anais do II Workshop da Rede
Brasileira de Ciência Cidadã.
Anais...São Paulo(SP) online, RBCC,
2022
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
AN532 Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã. Anais...São
Paulo(SP) online, RBCC, 2022
Disponível em <www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022>
ISBN: 978-65-5941-785-8
1. Sociedades, organizações e museologia 2. Educação
online, RBCC CDD - 370
Ficha catalográfica elaborada por Even3 – Sistema de Gestão de Eventos
CORPO EDITORAL
COMISSÃO CIENTÍFICA
ANGELO LOULA
ANTONIO MAURO SARAIVA
BIANCA DARSKI-SILVA
BLANDINA VIANA
BRUNO ALBERTINI
CAREN SOUZA
CARLA DEBELAK
CARMEN REGINA MENDES DE ARAÚJO CORREIA
DUARCIDES FERREIRA MARIOSA
EDUARDO ALEXANDRINO
ERASMUS ZU ERMGASSEN
ERIKA HINGST-ZAHER
FABIANA OLIVEIRA DA SILVA
JUDIT SZABO
JULIANA FRANÇA
LILIANE LODI
LUSSANDRA MARTINS GIANASI
MARCELO DE CICCO
NATALIA GHILARDI-LOPES
NÍJIMA NOVELLO RUMENOS
ORANDI MINA FALSARELLA
RACHEL TRAJBER
RODRIGO ARANTES REIS
SARITA ALBAGLI
SHEINA KOFFLER
TIAGO EMMANUEL NUNES BRAGA
COMISSÃO ORGANIZADORA
ANGELO LOULA
ANTONIO MAURO SARAIVA
BLANDINA FELIPE VIANA
CAREN QUEIROZ SOUZA
EDUARDO ALEXANDRINO
JULIANA FRANÇA
NATALIA PIRANI GHILARDI-LOPES
SHEINA KOFFLER
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - A CIÊNCIA DA CIÊNCIA CIDADÃ
AVALIAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE
FORMAÇÃO EM MELIPONICULTURA E CIÊNCIA CIDADÃ
Celso Barbiéri Júnior (celso.barbieri@usp.br)
Natália Pirani Ghilardi-Lopes (natalia.lopes@ufabc.edu.br)
Sheina Koffler (sheina.koffler@usp.br)
Bruno Albertini (balbertini@usp.br)
Dr. Tiago Mauricio Francoy (tfrancoy@usp.br)
Jailson Leocadio (jailsonleocadio@usp.br)
Antonio Mauro Saraiva (saraiva@usp.br)
Tipo de estudo: Produção científica
INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Ciência Cidadã (CC) é definida como o envolvimento ativo do público geral
em atividades científicas para produzir novos conhecimentos científicos. A
avaliação é um passo importante para melhorar os projetos de CC, tanto em
termos de qualidade de dados quanto em termos de experiências e
aprendizado dos cientistas cidadãos. Diversos estudos têm avaliado diferentes
resultados e impactos de projetos de CC nos participantes, (Bonney et al,
2016), mas mesmo assim, a maioria dos projetos não adota a avaliação como
etapa obrigatória (When et al, 2021). A avaliação da dimensão da motivação
dos voluntários se destaca como aspecto essencial para embasar estratégias
de recrutamento e engajamento, bem como a própria condução dos projetos
(Tweddle et al. 2012).
O presente trabalho avaliou as motivações prévias e finais dos cientistas
cidadãos participantes do quarto oferecimento do Curso de Extensão em
Meliponicultura e Ciência Cidadã (CEMCC), parceria entre a Universidade de
São Paulo e a Universidade Federal do ABC. O conteúdo do curso inclui
aspectos sobre biologia de abelhas, criação de abelhas sem ferrão
(Meliponicultura) e CC através da aplicação de um protocolo.
METODOLOGIA
Para avaliar as motivações dos cientistas cidadãos dentro das dimensões
propostas por Phillips et al (2018), foram elaborados dois questionários, um
aplicado no início do curso e outro após sua conclusão. Ambos os
questionários foram testados e melhorados durante os três primeiros
oferecimentos do CEMCC, e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
(CAEE 53398721.9.0000.5390). Os questionários foram postados na
plataforma Cursos Extensão da USP e aplicados utilizando a ferramenta
Google Forms após o aceite do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Como atividade prática do curso, os participantes executaram o Protocolo de
Monitoramento de Atividade de Voo em Abelhas sem Ferrão, no qual são
solicitados a filmar um ninho de abelhas sem ferrão com um dispositivo móvel e
realizar a contagem do número de abelhas que saem, que entram e retornam
com pólen para as colônias. A aplicação é realizada após assistirem uma aula
com orientações gerais e terem acesso a um guia de boas práticas para a
execução do protocolo e contagem de abelhas. os vídeos e as contagens
foram submetidos na plataforma digital BeeKeep.
Para avaliar a dimensão de Motivação dos participantes em participar do
protocolo foram elaboradas as perguntas “Se você aceitasse participar de um
projeto científico sobre abelhas, o que te motivaria a fazer parte do projeto?”,
no questionário inicial, e “o que te motiva a continuar monitorando os ninhos?
no questionário final. Para ambas as perguntas foram oferecidas as mesmas
opções - Aprender mais sobre as abelhas; Contribuir para a pesquisa científica
sobre as abelhas; Conhecer pessoas que lidam com abelhas no dia-a-dia;
Conhecer pesquisadores que trabalham com abelhas; Ajudar na conservação
das espécies de abelhas; Contribuir com o desenvolvimento de políticas
públicas; Realizar algo relevante para a sociedade; Realizar uma atividade
divertida; Aprender a monitorar ninhos de abelhas; Responder perguntas que
eu tenho sobre as abelhas e seus ninhos; Aumentar a produtividade da minha
criação; e Aumentar a minha renda. Os participantes poderiam assinalar mais
de uma alternativa. Adicionalmente, foi perguntado no questionário final se os
participantes gostariam de participar de novos projetos de CC e continuar com
o monitoramento após o encerramento do curso.
Foram calculadas as porcentagens relativas de participantes que selecionaram
cada alternativa, sendo “ni” o número de participantes que escolheu
determinada alternativa no questionário prévio e “nf” o número de participantes
que escolheu a mesma alternativa no questionário posterior. As porcentagens
relativas são o aumento ou redução calculada entre ni e nf.
RESULTADOS
Dos 918 participantes que responderam tanto ao questionário inicial quanto ao
questionário final, 864 autorizaram a utilização das respostas em trabalhos e
publicações científicas.
O número de participantes que assinalaram cada uma das alternativas nos
questionários inicial e final são, respectivamente: Aprender mais sobre as
abelhas (ni = 651, nf= 516); Contribuir para a pesquisa científica sobre as
abelhas (ni =443, nf = 396); Conhecer pessoas que lidam com abelhas no dia-
a-dia (ni=76, nf=60); Conhecer pesquisadores que trabalham com abelhas (ni
=108, nf =78); Ajudar na conservação das espécies de abelhas (ni= 700,
nf=561); Contribuir com o desenvolvimento de políticas públicas (ni=148;
nf=109); Realizar algo relevante para a sociedade (ni=192, nf=133); Realizar
uma atividade divertida (ni=22,nf=27); Aprender a monitorar ninhos de abelhas
(ni=85, nf=0); Responder perguntas que eu tenho sobre as abelhas e seus
ninhos (ni=43; nf=63), Aumentar a produtividade da minha criação (ni= 48, nf=
54); Aumentar a minha renda (ni=30, nf=24).
Apenas três alternativas apresentaram maior número de respostas no
questionário final do que no inicial: i. Responder às perguntas que eu tenho
sobre as abelhas e seus ninhos (crescimento de 46,51%); ii. Realizar uma
atividade divertida (crescimento de 22,73%); e iii. Aumentar a produtividade da
minha criação (crescimento de 12,50%). As demais alternativas apresentaram
decrescimento, havendo redução de 100%, para “Aprender a monitorar ninhos
de abelhas”. Os valores obtidos para as demais alternativas foram: Realizar
algo relevante para a sociedade (-30,73%); Conhecer pesquisadores que
trabalham com abelhas (-27,78%); Contribuir com o desenvolvimento de
políticas públicas (-26,35%); Conhecer pessoas que lidam com abelhas no dia-
a-dia (-21,05%); Aprender mais sobre as abelhas (-20,74%); Aumentar a minha
renda (-20%); Ajudar na conservação das espécies de abelhas (-19,86%);
Contribuir para a pesquisa científica sobre as abelhas (-10,61%).
DISCUSSÃO
Embora os participantes de um mesmo projeto de CC compartilhem certos
interesses e motivações, é importante não tratá-los como um grupo
homogêneo. Ao mesmo tempo que um cientista cidadão pode engajar-se em
um projeto por diversas motivações, essas motivações são dinâmicas e podem
mudar ao longo do tempo (Geoghegan et al 2016). Uma vez que o questionário
foi respondido após a conclusão do curso e execução do protocolo, era
esperado que ocorressem mudanças nas motivações dos participantes.
As questões que obtiveram crescimento indicam que os objetivos do projeto
foram alcançados, pelo menos parcialmente, uma vez que muitos cientistas
cidadãos pretendem continuar monitorando a atividade de voo dos ninhos de
abelhas sem ferrão para responder a perguntas que têm sobre as abelhas,
indicando uma aproximação dos mesmos com o pensamento e processo de
construção da ciência. O crescimento na opção “realizar uma atividade
divertida” está amplamente em acordo com a literatura ( Phillips et al, 2018),
uma vez que muitos cientistas cidadãos se engajam em projetos como forma
de lazer. Já o aumento na opção “Aumentar a produtividade da minha criação”
pode ser devido ao conteúdo do CEMCC, em que a atividade de voo foi
apresentada como bom indicativo de força de uma colônia.
Para as opções que tiveram redução, podemos fazer algumas especulações. A
opção “Aprender a monitorar ninhos de abelhas” ter atingido a redução de
100% pode ser um sinal de que os participantes se sentem seguros e
aprenderam a realizar o protocolo. Outras alternativas podem ter sofrido
diminuição devido a motivos semelhantes, já que os participantes tiveram
contato com pesquisadores que trabalham com o tema e com outras pessoas
que trabalham com abelhas no dia-a-dia, acesso a conhecimentos sobre
abelhas e meliponicultura, e de fato, contribuíram com a pesquisa científica
sobre abelhas. Já em relação às alternativas “Contribuir com o
desenvolvimento de políticas públicas", "Aumentar a minha renda " e "Ajudar
na conservação das espécies de abelhas” é possível que os participantes
tenham alterado sua percepção de importância em relação às outras
alternativas.
Os resultados trazem uma visão geral sobre as motivações dos cientistas
cidadãos embora seja necessária a análise de outras dimensões de
aprendizagem para inferir com maior precisão o conjunto de razões que
influenciam a mudança das motivações. Faz-se ainda necessário o
acompanhamento dos cientistas cidadãos para avaliar o seu engajamento e
motivações no longo prazo.
AGRADECIMENTOS
A equipe agradece aos cientistas cidadãos participantes do Curso de Extensão
em Meliponicultura e Ciência Cidadã da Universidade de São Paulo, a
Comissão de Cultura e Extensão da EACH-USP, em especial às secretárias da
Comissão, ao Meliponicultura.org e as agências de fomento (FAPESP
2018/14994-1, 2019/26760-8; CAPES e CNPq).
REFERÊNCIAS
BONNEY, Rick et al. Can citizen science enhance public understanding of
science?. Public understanding of science, v. 25, n. 1, p. 2-16, 2016.
GEOGHEGAN, Hilary et al. Understanding motivations for citizen science. Final
report on behalf of UKEOF, University of Reading, Stockholm Environment
Institute (University of York) and University of the West of England, 2016.
PHILLIPS, Tina et al. A framework for articulating and measuring individual
learning outcomes from participation in citizen science. Citizen Science: Theory
and Practice, v. 3, n. 2, 2018.
TWEDDLE, John C. et al. Guide to citizen science: developing, implementing
and evaluating citizen science to study biodiversity and the environment in the
UK. NERC/Centre for Ecology & Hydrology, 2012.
WEHN, Uta et al. Impact assessment of citizen science: state of the art and
guiding principles for a consolidated approach. Sustainability Science, v. 16, n.
5, p. 1683-1699, 2021.
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - A CIÊNCIA DA CIÊNCIA CIDADÃ
ESTADO DA ARTE DE PESQUISAS DE CIÊNCIA CIDADÃ COM ABELHAS
COMO FOCO
Arcanjo Miguel Jama António (arcanjojama@gmail.com)
Roberto Greco (greco@unicamp.br)
Tipo de estudo: Produção científica
RESUMO
Nesta produção científica, apresentamos parte dos resultados de uma pesquisa
de mestrado que analisou as características e tendências das pesquisas de
Ciência Cidadã (CC) com abelhas como foco, distribuídas em dissertações e
teses, artigos científicos e livros, publicados nos anos de 1994 a 2019
(inclusive). Identificamos 45 documentos, dos quais 26 foram examinados na
íntegra. Aqui, se destaca apenas os resultados dos artigos científicos 22
(84,62%), norteados pelos descritores: i-autor principal; ii-coautor; iii-
distribuição temporal; iv-palavras-chave; iv-tipo de projeto envolvido segundo
Shirk. Verificamos um crescimento de publicações na ordem dos (22,43%). A
tipologia de projeto mais utilizada foram os contributivos, contrário dos
contratuais que tiveram menor incidência. As áreas mais incidentes foram as
de Biodiversidade e Ciências Agrárias, e a de menor foi a Educação Física. O
prognóstico é para maior crescimento nas áreas das Ciências Ambientais.
INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Em qualquer projeto, seja da área de Biologia ou Educação Ambiental, se exige
conhecimento técnico rigoroso de um especialista formado na área, e se
espera que a compreensão dos conhecimentos vinculados a esses projetos
seja total, de maneira que permita análises e avaliações robustas de outros
especialistas técnicos. No entanto, qualquer grande projeto de
desenvolvimento também envolve a consulta de um público muito mais amplo
de interessados, "o público sem vínculos institucionais ou acadêmicos”, muitos
dos quais carecem de base científica profissional (STEWART; LEWIS, 2017).
Envolver esse público, especialmente em questões ligadas à preservação das
abelhas, requer estratégias de comunicação diferentes, principalmente porque
o conhecimento base por trás é diferente do de cientistas profissionais que
foram treinados rigorosamente. Este pormenor fez com que por muito tempo
não existisse de forma ampla pesquisas que direcionassem seus esforços a
esse público, um fato que, segundo Stewart e Lewis, (2017), vem sendo
alterado, principalmente nas últimas três décadas.
Se reconhece que a Ciência cidadã (CC) tem ocupado um papel de destaque
nesta transformação, uma vez que facilita o diálogo de aproximação entre
Cientistas Cidadãos (Cientista não profissional com participação ativa em
coletas de dados, processos decisórios em temas de ciência e tecnologia,
como a elaboração de políticas públicas ou a mobilização para a resolução de
problemas que afetam determinada comunidade ou grupo social) e Cientistas
Profissionais (Profissional graduado com vínculo institucional, que possui um
certificado que lhe permite exercer a profissão de investigador) (DICKINSON et
al ., 2012; BONNEY et al., 2014). Este diálogo, alinhado ao desenvolvimento
tecnológico, faz com que, nos dias de hoje, comece a surgir um elevado
número de pesquisas que incentivam a participação do Cientista Cidadão
nesses estudos, particularmente em atividades de monitoramento, coleta e
fornecimento de dados (DICKINSON et al., 2012, BONNEY et al., 2014;). Por
tal fato, na medida que as pesquisas foram crescendo, as informações
ampliaram seus horizontes, um fato que levantou a necessidade de olharmos
para trás e vermos o que já foi feito, quais caminhos foram trilhados e quais
ficaram reservados para o futuro (MEGID NETO, 1999).
Por este facto, cabe levantar a seguinte questão: "O que nos dizem as
pesquisas de Ciência Cidadã que utilizam as abelhas como foco?”
METODOLOGIA
O trabalho caracteriza-se como um estudo do tipo “Estado da Arte”, um tipo de
estudo, que tem um caráter bibliográfico e inventariante, que analisa, num
recorte temporal definido, as características da evolução histórica e os
movimentos de um determinado campo de pesquisa, possibilitando a
sistematização e a avaliação de determinada área do conhecimento a partir da
identificação, da seleção e da classificação dos estudos já produzidos (MEGID
NETO, 1999).
A opção por identificar e analisar artigos científicos atendeu as recomendações
de (CURTY; BOCCATO, 2005), que em seus trabalho, apresentam critérios
que tornam a analises de artigos importantes: “destaque breve das ideias
fundamentais, argumentos coerentes, exposição das ideias, objetividade,
concisão e fidelidade às fontes citadas, transmissão de informações claras e
concisas”.
A coleta de dados iniciou-se a partir da consulta às bases de dados Google
Acadêmico, Proquest e Scopus Elsevier, onde foi possível levantar 148
documentos, que foram submetidos a critérios de inclusão e exclusão,
permitindo reduzir a cifra a 45. Na sequência, juntou-se os documentos
coletados nas três bases e procuramos os duplicados. Esse procedimento
permitiu localizar 19 duplicados, os quais foram exclui´dos, sobrando, 26
documentos, distribuídos em 22 artigos científicos, 2 teses/dissertações e 2
livros.
Após identificação dos documentos antes mencionados, foram levantados os
seguintes descritores: i-autor principal; ii-coautor; iii-distribuição temporal; iv-
palavras-chave; iv-tipo de projeto envolvido segundo Shirk. Tais descritores
servem de órgãos orientadores para analisar os resultados.
RESULTADOS/DISCUSSÃO
Iniciaremos a apresentação dos resultados do mapeamento dos artigos
científicos de Ciência Cidadã com abelhas como foco.
i/ii- Autores e coautores
O levantamento efetuado nas bases antes mencionadas possibilitou chegar a
um total de 22 (84,62%) artigos. Estes, foram escritos por 87 autores,
perfazendo uma me´dia de 3,96 artigos cada, dos quais, 22 aparecem na
qualidade de autores principais. O nome mais sonante foi o de Philips, R. B,
que protagonizou 7,69% do número de publicações. No âmbito das co-autorias,
os resultados revelam que James Dill, se apresenta como o coautor que mais
tem participado (3,17%), e os restantes apresentam apenas com 1,59%. Por
outro lado, no que concerne ao tipo de sexo, se verificou que o sexo masculino
tem sido o que mais tem publicado 63,64%, em detrimento dos 36,36% do
feminino.
iii-distribuição temporal
Olhando para o número de publicações em um espaço temporal, verificamos
uma tendência de crescimento, com o coeficiente linear ( R2 ) de 0,8115.
Assim, entre o primeiro e o último ano, teve um crescimento de 73,27%, sendo
4,01% a me´dia anual, com destaque para o ano de 2017 “período de maior
exponencial”, com um total de 22,73% das publicações. Em termos gerais,
essa cifra representa 0,01% das do total de pesquisas publicadas no Brasil,
0,01% das publicadas nos Estados Unidos de América e o 0,016% das
publicadas na China. O primeiro artigo de CC com abelhas como foco foi
publicado no ano de 2008, onde se procurou determinar “como estavam as
populações de abelhas nos Estados Unidos da América". Um segundo artigo
só voltou a ser publicado três anos depois (2011), com os protagonistas
“Ashcroft; Gollan e Batley (2011)”, que partindo da necessidade de determinar
a distribuição atual para o manejo das espécies introduzidas, procuraram
demonstrar como a combinação de abordagens pode ser usada para melhorar
a identificação de locais ocupados em NEW South Wales (NSW).
iv-palavras-chave
Para melhor direcionar uma búsquedas em uma determinada pesquisa, é
essencial que conheçamos as principais palavras-chaves. Neste contexto, a
busca revelou um total de 62 palavras-chave, distribui´das em 22 artigos,
dentre elas, a palavra “Citizen Science” foi a mais utilizada 12,90%. As palavras
“Bees”; “Bumblebee” foram distribuídas com uma frequência de 4,84%. Já,
“ground-nesting bees”; “observation”; “Pollinators”; “solitary bees”; e
“Volunteers”apareceram com uma frequência de 3,23%. As restantes com
apenas 1,63%.
iv-tipo de projeto envolvido segundo Shirk
Esse descritor atende ao grau de participação do Cientista Cidadão em
atividades ligadas aos projetos de CS. A nossa análise concluiu que, do leque
de projetos de CS distribuídos pelo mundo, na atualidade, o que mais tem sido
praticado são os “Contributivos” 77,27%. Neste tipo de projeto o cientista
cidadão participa da pesquisa por meio da coleta de dados. Outros projetos
que também são desenvolvidos com uma significativa frequência, são os
Colaborativos, onde Cientistas Cidadãos na~o só poderiam contribuir com
dados, mas também ajudar a refinar o desenho do projeto, analisar dados e
divulgar descobertas.
AGRADECIMENTOS
Aos colegas da pós-graduação e professores da UNICAMP, amigos da
universidade e da vida.
REFERÊNCIAS
BONNEY, R. et al. Next steps for citizen science. Science , v. 343, n. 6178, p.
1436–1437. 2014.
DICKINSON, J. L. et al. The current state of citizen science as a tool for
ecological research and public engagement. Frontiers in Ecology and the
Environment, v. 10, n. 6, p. 291–297, 2012.
MEGID, N. J. Tendências da pesquisa acadêmica sobre o ensino de Ciências
no nível fundamental. Campinas SP. 1999. 365f. Tese de (Doutorado) -
Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, 1999.
Disponível em: . Acesso em: 25 jul. 2020
SILVERTOWN, Jonathan. A new dawn for citizen science. Trends in Ecology
and Evolution , v. 24, n. 9, p. 467–471, 2009.
SHIRK, J. L. et al. Public Participation in Scientific Research: a Framework for
Deliberate Design. Ecology and Society., v.17, n. 29, p.1-20, fev. 2012.
Disponível em: http://www.ecologyandsociety.org/vol17/iss2/art29/ . Acesso em:
20 mai, 2020.
STEWART, I. S.; LEWIS, D. Communicating contested geoscience to the
public: Moving from ‘matters of factto matters of concern’. Earth-Science
Reviews, v. 174, n. August, p. 122-133, 2017.
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - A CIÊNCIA DA CIÊNCIA CIDADÃ
PEIXES COM POTENCIAL PARA PESCA ESPORTIVA NO BAIXO RIO
ROOSEVELT, SUDOESTE DA AMAZÔNIA, BRASIL
Mariel Acácio De Lima (mariel.acacio@gmail.com)
Valéria Fernanda Silva Martins (valeriasilva17@gmail.com)
Igor Hister Lourenço (igorhisteragro@gmail.com)
Larissa Sbeghen Pelegrini (biolarapelegrini@gmail.com)
Hildeberto Ferreira De Macêdo Filho (hildeberto.filho@hotmail.com)
Marcelo Rodrigues Dos Anjos (anjos@ufam.edu.br)
Tipo de estudo: Produção científica
RESUMO
Foram selecionadas 17 espécies de peixes com potencial para prática da
pesca esportiva. Characiformes foi a ordem mais representativa com um total
de 10 espécies. Phractocephalus hemioliopterus foi o peixe que apresentou
maior tamanho e maior massa corporal, com indivíduos chegando a mais de
1m de comprimento e pesando mais de 4kg. Hydrolicus scomberoides e
Hydrolicus tatauaia também receberam destaque por conta do comprimento de
captura, com indivíduos apresentando mais de 80 cm de comprimento.
Pseudoplatystoma punctifer e Pseudoplatystoma tigrinum são espécies com
alto potencial para pesca esportiva, com destaque para P. tigrinum que
apresentou indivíduos com comprimentos acima de 80 cm e massa corporal de
4,5 kg. Os períodos de vazante e seca foram os que apresentaram as maiores
abundâncias de captura, sendo os mais propícios para atividades de pesca
esportiva.
INTRODUÇÃO
A pesca esportiva é uma atividade que tem despertado interesse no ser
humano por diversos motivos, dentre eles o espírito lúdico e competitivo de
transformar atividades cotidianas em modalidades esportivas, a pesca não foi
exceção. Essa atividade gera mais de 200 mil empregos por temporada de
pesca no Brasil, movimentando anualmente a economia em um bilhão de reais
(Fabri, 2006).
A região amazônica possui uma imensa diversidade de peixes continentais,
pelo menos
100 espécies são de interesse dos pescadores esportivos, levando o Brasil a
ser considerado como um dos principais destinos para prática da atividade,
principalmente na Amazônia (Oliveira-Júnior, 2019). Os rios de águas pretas e
claras são os mais procurados para prática da pesca esportiva, e essa
preferência está relacionada com a presença de espécies de Cichla,
comumente conhecidos como tucunarés (Kullander, 2003).
O rio Roosevelt tem movimentado o ecoturismo e atraído turistas de diversas
localidades do mundo todo para a pesca esportiva, inclusive, cientistas
cidadãos que registram suas capturas. Os dados provenientes da ação
colaborativa dos cientistas cidadãos, realizadas na área, demonstraram que
esse rio é importante nos processos reprodutivos e como rota migratória de
diversas espécies de peixes (ANEEL, 2010). Dessa forma, torna-se
fundamental fornecer informações sobre as espécies que apresentam potencial
para essa atividade esportiva, com a finalidade de gerar subsídios para criação
de políticas públicas e medidas de proteção e conservação da biodiversidade.
METODOLOGIA
A área de estudo compreende um trecho do baixo rio Roosevelt que vai desde
a cachoeira Galinha até a corredeira Panelas, incluindo toda a sub-bacia do rio
Madeirinha, ocupando predominantemente as terras rebaixadas da Depressão
do Rio Madeira e pequenos trechos da Depressão da Amazônia Meridional. A
sub-bacia do baixo rio Roosevelt está localizada no centro leste da BR-230
(Transamazônica), possui trechos com leito rochoso com a presença de
cachoeiras e corredeira, longos trechos de planícies inundáveis, além de
possuir trechos encachoeirados como os das cachoeiras do Inferninho e
Infernão (Brasil, 2011).
Os peixes foram capturados utilizando redes de espera com esforço contínuo
de 24h e revisada para despesca a cada 6h. A área de captura foi estimada em
68.829,6 m² de despesca por um período total de 2880 horas. Os peixes foram
identificados e em seguida mensurados os dados de comprimentos, massa
corporal e sexo dos indivíduos. Para determinar quais grupos taxonômicos
foram os mais representativos, foi construída uma tabela contendo a
distribuição das espécies e determinado os valores de riqueza de acordo com a
ordem e a família dos peixes e em quais períodos do ciclo hidrológico as
espécies foram mais frequentes.
RESULTADOS
Um total de 17 espécies foram selecionadas para compor a lista de peixes com
potencial para prática da pesca esportiva no baixo rio Roosevelt:
Acestrorhynchus falcirostris, Acestrorhynchus heterolepis, Acestrorhynchus
microlepis, Boulenguerella cuviere, Boulenguerella maculata, Cichla
monoculus, Cichla ocelaris, Cichla pinima, Hoplias malabaricus, Hydrolicus
scomberoides, Hydrolycus tatauaia, Phractocephalus hemioliopterus,
Plagioscium squamosissimus, Pseudoplatystoma punctifer, Pseudoplatystoma
tigrinum, Pygocentrus nattereri e Serrasalmus rhombeus. Essas espécies estão
distribuídas nas ordens Characiformes, Eupercaria e Siluriformes, sendo
Characiformes a mais representativa, com riqueza de 10 espécies. No
Roosevelt foram encontradas três espécies de tucunaré, C. monoculus, C.
ocelaris e C. pinima. Dentre os tucunarés, a espécie mais abundante e
capturada em todos os períodos do ciclo hidrológico foi C. monoculus, o
comprimento variou de 8 a 51cm e a massa corporal de 13 a 631g.
Phractocephalus hemioliopterus foi capturado ao longo de todo ciclo
hidrológico, com indivíduos que apresentaram mais de 1 m de comprimento
(37cm-136cm) e a massa corporal variou de 374g a 32kg. Hydrolicus tatauaia e
H. scomberoides são conhecidos como peixe-cachorra e capturados com
frequência no Roosevelt. O comprimento de H. tatauaia variou de 13 a 98cm,
massa corporal de 22g a 7,7kg. Os indivíduos de H. scomberoides
apresentaram tamanhos de 11 a 80cm de comprimento e a massa corporal de
15g a 7,8kg. Outras espécies também conhecidas como peixe-cachorra foram
encontradas na área de estudo: A. microlepis, A. falcirostris, e A. heterolepis. A
espécie mais abundante e de maior comprimento foi A. microlepis com
indivíduos que apresentaram até 66 cm de comprimento.
Pseudoplatystoma punctifer e P. tigrinum foram mais abundantes no período de
seca, o maior comprimento foi para P. tigrinum que apresentou tamanhos entre
60 e 85 cm, com massa corporal de 4,5 kg. Pygocentrus nattereri variou de 10
a 24 cm, massa corporal de 9 a 101 g, S. rhombeus o comprimento variou de 5
a 44 cm, massa corporal de 9 a 101 g e 4 a 435 g. Assim como as demais
espécies mencionadas anteriormente, B. cuviere e B. maculata foram mais
abundantes nos períodos de vazante e seca, com comprimentos máximo de 76
cm e 73 cm, respectivamente.
DISCUSSÃO
Dentre os ciclídeos neotropicais, o gênero Cichla possui as espécies de maior
tamanho, com espécies que podem alcançar cerca de um metro. São
consideradas predadoras de topo da cadeia alimentar, costumam atacar as
iscas de forma agressiva e lutam intensamente quando fisgado. Esse
comportamento atrai muitos turistas para a prática da pesca esportiva no país,
principalmente na Amazônia (Kullander, 2003). Phractocephalus
hemioliopterus, P. tigrinum e H. scomberoides são frequentemente encontradas
nas listas de espécies disponíveis em sites de pousadas que promovem pesca
esportiva como atividade turística. Contudo, estudos focados estritamente a
pesca esportiva ainda são incipientes e restritos ao rio Negro e seus afluentes.
A bacia amazônica está sujeita ao regime hidrológico sazonal provocado pelo
pulso de inundação, o qual promove fortes variações nas características físicas
dos habitats e nas condições limnológicas dos ambientes aquáticos. Essas
mudanças podem ser determinantes na estruturação da fauna de peixes nos
diversos tipos de ambientes (Lowe- McConnel, 1999). No caso do rio
Roosevelt, os peixes selecionados para pesca esportiva apresentaram maior
abundância nos períodos de vazante e seca. Dessa forma, pode-se inferir que
tais períodos são os mais propícios para prática da pesca esportiva.
Além da lista de espécies de peixes com informações básicas, é fundamental a
realização de pesquisas que envolvam estudos de história natural e estrutura
populacional de peixes para a região do baixo rio Roosevelt. Elas são
necessárias para compreender sobre a biologia reprodutiva e alimentar,
dinâmica de populações e preferência por habitats. Essas informações são
importantes para auxiliar em medidas conservacionistas, de educação
ambiental e construção de políticas públicas para a região.
AGRADECIMENTOS
Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira da
Universidade Federal do Amazonas – LIOP/UFAM; a Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES; o Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; a Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM através da chamada pela
Chamada Transnacional Conjunta BiodivRestore 2020-2021 (Resolução N°
016/2020); a Rede Ciencia Ciudadana para la Amazonía; e o Programa de
Pesquisa em Biodiversidade – PPBio.
REFERÊNCIAS
ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. 2010. Estudos de
Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã, Amazonas.
Relatório final. 186 p.
BRASIL. 2011. Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos.
ICMBio
- Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, MMA - Ministério
do Meio Ambiente.
FABRI, J.B. 2006. Pesca. In Dacosta L. (org.). Atlas do Esporte no Brasil.
CONFEF, Rio de Janeiro, chap. 10: 9-12.
KULLANDER, S.O. 2003. Family Cichlidae. Check list of the freshwater fishes
of South and Central America. Edipucrs, Porto Alegre, p. 605-654.
LOWE-MCCONNEL, R. H. 1999. Estudos ecológicos em comunidades
tropicais. Tradução: Vazzoler, A. E. M; Agostinho, A.; Cunnhingham, P. T. M.
São Paulo: Editora da Univ, 534 p.
OLIVEIRA-JÚNIOR, R. 2019. Diagnóstico do potencial da atividade de pesca
esportiva no Rio Cuieiras, na área da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
– RDS Puranga Conquista 2019. 59f. Dissertação (Mestrado) - Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia Universidade do Amazonas, Manaus.
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - A CIÊNCIA DA CIÊNCIA CIDADÃ
UMA ANÁLISE PRELIMINAR DOS ELEMENTOS QUE APROXIMAM A
CIÊNCIA CIDADÃ DOS PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA ABERTA
Amanda Santos Witt (amandawitt.asw@gmail.com)
Fabiano Couto Corrêa Da Silva (fabianocc@gmail.com)
Tipo de estudo: Produção científica
RESUMO
Esta produção científica faz parte de uma pesquisa de Mestrado que tem como
objetivo investigar a aproximação entre Ciência Cidadã e Ciência Aberta. A
metodologia utilizada na pesquisa baseia-se em buscas em bases de dados
relevantes no âmbito científico, uma de caráter multidisciplinar e uma
específica da área da Ciência da Informação, respectivamente, a Web of
Science e a Brapci. Criou-se uma categorização para apresentar os resultados
obtidos nas buscas. Conclui-se que carece de estudos que analisem, de modo
específico, a questão dos dados de pesquisa no âmbito da Ciência Cidadã,
bem como de um plano de gestão desses dados no cerne dos projetos
analisados.
INTRODUÇÃO
De acordo com o projeto Foster (2018), a Ciência Aberta estrutura-se em três
grandes eixos: acesso aberto, dados abertos e pesquisa reproduzível. Nesse
sentido, Silva (2020) assevera que a gestão eficaz dos dados é latente,
considerando que muitas coletas de dados já foram feitas em estudos
anteriores, mas acabaram não sendo compartilhadas tampouco organizadas
em um repositório para uso posterior, no intuito de garantir que esses dados
sejam visíveis, estejam disponíveis, seguros e possam ser úteis e
compartilhados. Albagli (2015) pondera que uma das iniciativas que fazem
parte do guarda-chuva da Ciência Aberta é a Ciência Cidadã, cujas ações são
pautadas pela participação de cidadãos em atividades formais de pesquisa.
Conforme Albagli (2015), a vertente democrática em Ciência Cidadã incorpora
a abertura e a conformação de novos espaços e mecanismos institucionais
vigentes, ensejando maior participação, intervenção e empoderamento dos
cidadãos. Preconiza-se assim, uma relação de parceria entre cidadãos e
cientistas profissionais, em que os pressupostos básicos da ciência são
garantidos, pois conforme a European Citizen Science Association (2015), a
Ciência Cidadã configura uma abordagem de investigação como qualquer
outra, com suas limitações e enviesamentos que devem ser considerados e
controlados durante a pesquisa. O livre acesso ao conhecimento, por meio de
plataformas digitais para informações científicas (licenças Creative Commons,
software livre, trabalho colaborativo, etc), favorece o engajamento de cidadãos
em pesquisas. Trata-se de projetar dispositivos não proprietários ou de código
aberto e, ao mesmo tempo, designar interfaces de conhecimento para uma
produção resultante da experimentação social que possa servir como
referência ou alternativa aos modelos institucionais. Os processos de revisão
por pares, no cerne da atividade científica, estão na base da produção de
objetividade na ciência. Todavia, ao introduzirmos não-especialistas no
processo científico, suas contribuições podem romper esses mecanismos
autorreguladores da ciência, que normalmente determinam a objetividade
científica. Os cientistas podem perder um pouco de sua autonomia em termos
de capacidade de definir seus objetivos e prioridades por conta própria, mas,
os objetivos atribuídos à ciência estão historicamente situados. Ainda hoje
temos uma tensão entre duas visões desses objetivos. A primeira, sempre
estruturante: compreender o mundo, independente da utilidade possível desse
conhecimento. A segunda, utilizar o conhecimento adquirido para “dominar” a
natureza e a realização de avanços práticos. Desse modo, a ciência deve
responder aos problemas da sociedade e a Ciência Cidadã se torna compatível
com tais objetivos. Por outro lado, se aderirmos à ideia de uma ciência
desinteressada e autônoma, a Ciência Cidadã entra em tensão com essa
visão.
METODOLOGIA
Este estudo apresenta natureza descritiva e foi conduzido por meio de
estratégia qualitativa. Trata-se de uma investigação bibliográfica na qual as
bases de dados Web of Science (WoS) e Base de dados referenciais de artigos
de periódicos em Ciência da Informação (Brapci) foram utilizadas para a coleta
de dados. A base WoS foi escolhida por ser uma fonte de informação
multidisciplinar e quantitativamente representativa da produção científica
mundial e a Brapci por ser uma importante fonte de conhecimento científico em
Ciência da Informação. A coleta de dados ocorreu em 10 de maio de 2022. O
procedimento de busca utilizado nas bases de dados foi a busca simples,
combinando os termos Ciência Cidadã e Ciência Aberta com o operador
booleano “E”, em inglês, respectivamente, “Citizen Science” AND “Open
Science”, sem limitação temporal ou de idioma. Após as buscas, na WoS foram
recuperados 65 documentos e foram excluídos os materiais que não se
encaixam na tipologia de artigo, totalizando 62 artigos avaliados. Assim sendo,
analisamos as abordagens de cada documento a partir da leitura do resumo de
cada um para compreender o que está sendo produzido nos âmbitos da
Ciência Cidadã e da Ciência Aberta. No caso da Brapci foram recuperados 16
documentos do tipo artigo, sendo que um trabalho já constava na WoS e outro
não se enquadrou no tema do presente trabalho. Assim, a amostra foi
composta por 14 artigos.
RESULTADOS
Os documentos selecionados para compor o corpus desta pesquisa foram
analisados e, a partir disso, foi proposto um agrupamento dos trabalhos na
seguinte categorização de análise: Conceito, usos da Ciência Cidadã e
projetos; Bibliotecas; Engajamento de cidadãos em pesquisa científica e apoio
necessário para lidar com coleta e uso de dados; Tecnologias de
Comunicação e Informação; COVID-19; Plataformas em Ciência Cidadã;
Comunicação científica; Dados abertos ou banco de dados; Co-criação;
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); Princípios, evolução e
promoção da Ciência Aberta; Trabalho colaborativo entre cidadãos e cientistas;
Humanidades digitais; Aspectos epistemológicos da Ciência da Informação e
Aprendizagem e recursos educacionais. Com relação às áreas do
conhecimento definidas pela WoS, os artigos estão inseridos em sua maior
parte, no campo da Ciência da Informação e Ciência de Biblioteca, seguidos de
Ciência da Computação e Sistemas de Informação. No caso das buscas
realizadas na base de dados Brapci, temos a seguinte categorização de
análise: Princípios, evolução e promoção da Ciência Aberta: 4; Tecnologias de
Comunicação e Informação; Dados abertos ou banco de dados; Conceito, usos
da Ciência Cidadã e projetos; Aspectos epistemológicos da Ciência da
Informação; Bibliotecas e Humanidades digitais. Nesse sentido, faz-se
necessário tecermos algumas considerações a respeito do cenário encontrado
após as buscas nas referidas bases de dados, o que será feito no tópico a
seguir.
DISCUSSÃO
Os resultados permitem inferir que: a maior parte dos trabalhos têm foco nos
princípios e evolução da Ciência Aberta de forma geral, mencionando a Ciência
Cidadã como uma de suas iniciativas. No que diz respeito às plataformas em
Ciência Cidadã, salientamos que estas poderão contribuir para a reunião e
divulgação das iniciativas em Ciência Cidadã; na literatura consultada. Não se
localizou a forma como são geridos os dados das pesquisas, tampouco a
existência de um plano de gestão de dados por parte dos projetos citados.
Concluímos que as bibliotecas são ambientes propícios para projetos em
Ciência Cidadã e o bibliotecário pode atuar no aprimoramento das habilidades
de usos da informação, proporcionando aos cidadãos o desenvolvimento de
competência crítica em informação. Por fim, localizamos uma ocorrência de
trabalho sobre comunicação científica, que estuda os modos por meio das
quais os cientistas se comunicam para promover e validar as suas descobertas
científicas. Hoje o meio mais utilizado tem sido o artigo científico. Aqui
podemos nos questionar se a Ciência Cidadã, com o trabalho colaborativo dos
cidadãos, não estaria alterando os paradigmas vigentes da comunicação
científica ao impulsionar uma nova maneira de fazer e pensar a ciência.
CONCLUSÕES PARCIAIS
Esta pesquisa preliminar mostrou que quanto mais a Ciência Cidadã expandir
seus horizontes em direção aos postulados da Ciência Aberta, mais condições
terá de se firmar como uma metodologia de pesquisa participativa, democrática
e de qualidade. Constatamos que as publicações científicas examinadas estão
mais direcionadas às infraestruturas e análises sobre diagnósticos dos
projetos, configurando estudos de casos. Aspectos fundamentais que
configuram os grandes eixos da Ciência Aberta poderiam ser abordados com
mais profundidade, enriquecendo os debates sobre as mudanças no campo da
comunicação científica e até mesmo, a possível configuração de um novo
paradigma da informação com a atuação dos cidadãos em pesquisas
científicas. Assim, a interlocução entre os postulados da Ciência Aberta e da
Ciência Cidadã ensejam um cenário profícuo para a garantia de elementos, tais
como, transparência, ética, direito à informação e desenvolvimento da
cidadania. Para pesquisas futuras, sugerimos buscar outras expressões
similares à Ciência Cidadã em bases de dados, para expandir os resultados.
REFERÊNCIAS
ALBAGLI, Sarita. Ciência aberta em questão. In: ALBAGLI, Sarita; MACIEL,
Maria Lucia Maciel; ABDO, Alexandre Hannud (Org.). Ciência aberta, questões
abertas. Brasília: IBICT; Rio de Janeiro: UNIRIO, 2015. p. 9 – 25.
BASE de dados referenciais de artigos de periódicos em Ciência da
Informação. Brapci. Disponível em: https://www.brapciinf.br/. Acesso em: 04
maio 2022.
CLARIVATE Analytics. Web of Science. Disponível em: https://www-
webofscience.ez45.periodicos.capes.gov.br/wos/woscc/basic-search. Acesso
em: 04 maio 2022.
EUROPEAN Citizen Science Association. Dez princípios da ciência cidadã.
2015. Disponível em: https://ecsa.citizen-
science.net/sites/default/files/ecsa_ten_principles_of_cs_portuguese.pdf.
Acesso em: 10 abr. 2022.
FOSTER OPEN SCIENCE. Open science taxonomy. [S.l.]: Foster, 2018.
Disponível em: https://www.fosteropenscience.eu/ foster-taxonomy/open-
access. Acesso em: 10 abr. 2022.
SILVA, Fabiano Couto Corrêa da. Gestão de dados científicos. Rio de Janeiro:
Interciência, 2020.
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - FORMAÇÃO E ENGAJAMENTO EM CIÊNCIA CIDADÃ
DADOS PRELIMINARES DA DIVERSIDADE PARASITÁRIA DE PEIXES
COMERCIAIS PROVENIENTES DO INTERFLÚVIO MADEIRA-PURUS,
AMAZONAS, BRASIL
Marcelo Rodrigues Dos Anjos (anjos@ufam.edu.br)
Igor Hister Lourenço (igorhisteragro@gmail.com)
Larissa Sbeghen Pelegrini (biolarapelegrini@gmail.com)
Mariel Acácio De Lima (mariel.acacio@gmail.com)
Keythiane Freire Ramos (keythianelucasramos@gmail.com)
Valéria Fernanda Silva Martins (valeriasilva17@gmail.com)
Tipo de estudo: Produção científica
RESUMO
O consumo de peixe é muito significativo na região amazônica, e é a principal
fonte de proteínas para a população local. Entretanto, os cuidados com a
sanidade animal nestas localidades nem sempre são conhecidos ou
explorados. Objetivou-se a análise parasitológica de teleósteos provenientes da
pesca artesanal desembarcada em Humaitá, Amazonas. Os hospedeiros foram
coletados e necropsiados de outubro de 2020 a outubro de 2021. Os parasitos
foram coletados, contabilizados e identificados conforme metodologia
específica. Foram obtidos 80 exemplares de peixes pertencentes à 9 espécies.
Deste, 59 exemplares albergavam parasitos em estágio larval ou adulto. Foram
coletados 3557 parasitos pertencentes à Monogenea, Digenea, Cestoda,
Nematoda, Copepoda e Pentastomida. As espécies de Monogenea foram as
mais abundantes. Foram encontradas larvas de Anisakidae (Nematoda), com
potencialidade zoonótica. Até o momento, foram identificados 33 espécies de
parasitos, com ao menos 3 espécies novas em processo de descrição.
INTRODUÇÃO
A bacia amazônica possui a maior e mais diversificada fauna de peixes do
planeta, com estimativas de 1.500 - 3.000 espécies e com representantes de
praticamente todas as ordens de peixes de água doce. Proporcionalmente à
diversidade de peixes de água doce, pode-se afirmar que a diversidade de
seus parasitos associados também é bastante expressiva no Brasil, e ainda
precisa ser mais explorada (Eiras et al., 2010).
A presença ou ausência de certas espécies de parasitos ou alterações dos
níveis de parasitismo previamente conhecidos podem estar relacionados com a
dinâmica das bacias hidrológicas, mas também evidenciar modificações em
sua integridade ambiental. A identificação desses parasitos pode ser utilizada
como base para outros estudos, como patologia de peixes, como
bioindicadores da qualidade ambiental, e como estudos de potencial zoonótico,
já que pode ocorrer o parasitismo acidental de seres humanos por parasitos de
peixes (Eiras et al., 2016).
O presente estudo obteve dados preliminares da diversidade de parasitos em
peixes teleósteos provenientes da pesca artesanal desembarcada na região do
interflúvio Madeira-Purus. A princípio foi realizado um inventário faunístico local
dos parasitos encontrados nos respectivos hospedeiros e foi verificado o
potencial zoonótico de algumas espécies de parasitos que possam ser
transmitidos através da ingestão destes peixes.
METODOLOGIA
Os peixes do presente estudo foram obtidos no momento do desembarque
pesqueiro, diretamente na colônia de pescadores Z-31 Dr. Renato Pereira
Gonçalves, no município de Humaitá, Amazonas. Estes peixes são
provenientes dos tributários do interflúvio Madeira-Purus. As coletas ocorreram
de outubro de 2020 a outubro de 2021.
As análises (necropsias, montagem e parte da identificação dos parasitos)
foram realizadas no Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale
do Rio Madeira (LIOP/IEAA/UFAM). O projeto foi realizado de acordo com as
normas federais para coleta e transporte de animais silvestres e também com
os princípios éticos na experimentação animal (SISBio n° 29476-3).
Os hospedeiros foram submetidos à necropsia completa incluindo todos os
órgãos. Estes órgãos foram retirados, individualizados, peneirados, colocados
em placa de Petri com água e observados em estereomicroscópio. Foi
realizada a filetagem da musculatura à procura de parasitos encistados. Cada
parasito encontrado foi coletado, contabilizado e armazenado em solução
adequada (etanol 70% ou formalina 4%). Os parasitos foram corados ou
clarificados, e lâminas de microscopia óptica foram montadas para suas
identificações, seguindo a metodologia específica para cada grupo.
RESULTADOS
Foram obtidos 80 exemplares de peixes de nove espécies diferentes coletados
no momento da chegada da embarcação à colônia de pescadores Z-31 ou
então adquiridos diretamente no mercado municipal da cidade de Humaitá,
pertencentes às seguintes espécies: Prochilodus nigricans (curimatã) (n =1),
Mylossoma aureum (pacu comum) (n = 30), Mylossoma duriventre (pacu
manteiga) (n = 30), Osteoglossum bicirrhosum (aruanã) (n = 1), Triportheus
auritus (sardinha) (n = 4), Astronotus ocellatus (apaiari ou acará-açu) (n = 1),
Cichla monoculus (tucunaré) (n = 8), Cichla pleiozona (tucunaré) (n = 2), e
Pseudoplatystoma fasciatus (n=1).
Do total de hospedeiros analisados, 59 peixes estavam infectados com
parasitos em estágio larval ou adulto, encistados ou não. As espécies de
hospedeiros que apresentaram exemplares não parasitados foram M. aureum e
M. duriventre.
Foram coletados 3557 parasitos, pertencentes aos seguintes grupos: Classe
Monogenea (superfície corporal, narina e brânquias); metacercárias e adultos
da Subclasse Digenea (brânquias, intestino e cavidade); Classe Cestoda
(intestino), Filo Nematoda (brânquias, fígado, cavidade, estômago, intestino e
mesentério); Subclasse Copepoda (superfície e brânquias); e larvas da
Subclasse Pentastomida (bexiga natatória, estômago e intestino).
A Classe Monogenea (1756 exemplares) foi a mais prevalente dente os
parasitos. Vale destacar que a maioria dos espécimes de Nematoda estava em
estágio larval L3 ou L4 e pertencem a família Anisakidae. Foram identificados
exemplares dos gêneros Anisakis sp., Contracaecum sp. e Brevimulticaecum
sp. Estes parasitos são importantes, pois são organismos com potencial
zoonótico aos seres humanos. Até o momento, foram identificados 33 espécies
de parasitos nestes peixes, com ao menos 3 espécies novas.
DISCUSSÃO
As espécies de parasitos são componentes onipresentes da maioria dos
ecossistemas. Elas ocorrem em praticamente todas as cadeias alimentares e
em todos os níveis tróficos. A maioria das espécies de seres vivos que habita o
planeta serve como hospedeiras de uma ou mais espécies de parasitos
(Marcogliese, 2004).
Presume-se que todas as espécies de peixes de água doce possam estar
infectadas com parasitos. Devido à sua longa história evolutiva, os peixes são
os substratos vivos com maior tempo de exposição para a adaptação de
organismos simbiontes à vida parasitária. Além disso, as características do
ambiente aquático facilitam a propagação, reprodução e complementação do
ciclo de vida destes parasitos (Malta, 1984).
O número de espécies de parasitos nos ecossistemas aquáticos continentais
brasileiros ainda é impreciso e difícil de ser estimado, devido a várias
dificuldades como a insuficiência de pesquisadores e a infraestrutura
necessária para as amostragens. Apesar de todas essas dificuldades alguns
trabalhos mostram que as águas brasileiras (e dentre elas, os ambientes
amazônicos) possuem uma grande riqueza para estes organismos (Agostinho
et al., 2005).
A escassez de estudos específicos relacionados ao potencial zoonótico de
parasitos de peixes aumentam o risco de ingestão acidental de pescado
contaminado, constituindo um problema de saúde pública local (Eiras et al.,
2018). No presente estudo, pelo menos três espécies com potencialidade
zoonótica foram identificadas, ressaltando a importância do tema para a
sanidade do pescado desembarcado em Humaitá, já que a pesca artesanal é a
principal fonte de renda da região.
Em função da importância socioeconômica e ambiental dos rios Madeira e
Purus, bem como de seus tributários, os resultados gerados poderão servir
como subsídios em futuros estudos de integridade biótica e de biodiversidade,
na gestão dos recursos hídricos e pesqueiros, e principalmente, fomentar
ações que envolvam a segurança alimentar no consumo do pescado regional.
AGRADECIMENTOS: Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do
Vale do Rio Madeira da Universidade Federal do Amazonas – LIOP/UFAM; a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES; o
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; a
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM através
da chamada pela Chamada Transnacional Conjunta BiodivRestore 2020-2021
(Resolução N° 016/2020); a Rede Ciencia Ciudadana para la Amazonía; e o
Programa de Pesquisa em Biodiversidade – PPBio.
REFERÊNCIAS
AGOSTINHO, A.A.; THOMAZ, S.M. & GOMES, L.C. 2005. Conservação da
biodiversidade em águas continentais do Brasil. Megadiversidade, 1: 70-78.
EIRAS, J.C.; PAVANELLI, G.C.; TAKEMOTO, R.M.; YAMAGUCHI, M.U.;
KARKLING, L.C. & NAWA, Y. 2016. Potential risk of fish-borne nematode
infections in humans in Brazil – current status based on a literature review.
Food and Waterborne Parasitology, 5: 1-6.
EIRAS, J.C.; PAVANELLI, G.C.; TAKEMOTO, R.M. & NAWA, Y. 2018. An
Overview of Fish-borne Nematodiases among Returned Travelers for Recent
25 Years– Unexpected Diseases Sometimes Far Away from the Origin. The
Korean Journal of Parasitology, 56: 215–227.
EIRAS, J.C.; TAKEMOTO, R.M.; PAVANELLI, G.C. & ADRIANO, E.A. 2010.
Diversidade dos parasitas de peixes de água doce do Brasil. Maringá:
Clichetec.
MALTA, J.C.O. 1984. Os peixes de um lago de várzea da Amazônia Central
(Lago Janauacá, Rio Solimões) e suas relações com os crustáceos
ectoparasitas (Branchiura: Argulidae). Acta Amazonica, 14: 355-372.
MARCOGLIESE, D.J. 2004. Parasites: small players with crucial roles in the
ecological theater. EcoHealth, 1: 151-164.
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - FORMAÇÃO E ENGAJAMENTO EM CIÊNCIA CIDADÃ
ECOLOGIA E SAÚDE: CIÊNCIA CIDADÃ PARA MONITORAMENTO DA
DENGUE
Nathalia Brunetto Pinto (nathbrunett@gmail.com)
Ana Alice Aguiar Eleuterio (ana.eleuterio@unila.edu.br)
Tipo de estudo: Produção científica
RESUMO
As arboviroses são problemas de saúde pública mundial (Sanyaolu et al.,
2017). Buscando estratégias de divulgação científica sobre o papel do cidadão
no controle de epidemias (Den Broeder et al., 2018), professores e alunos da
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) desenvolveram
o presente projeto, apoiando a utilização do protocolo Mosquito Habitat
Mapper, do programa Global Learning and Observations to Benefit the
Environment (GLOBE), a fim de fomentar práticas de investigação em ecologia
de arboviroses transmitidas por mosquitos do gênero Aedes junto a alunos do
Ensino Fundamental II, propondo também a formação de professores.
Em meio à pandemia da COVID-19 criou-se o portal educativo
ecologiaesaude.com e o perfil no Instagram @ecologiaesaude, a fim de realizar
a divulgação científica virtualmente. Algumas das metodologias propostas vêm
sendo testadas, como a instalação de ovitrampas, e o teste dos protocolos com
crianças está previsto para o mês de junho.
INTRODUÇÃO
A dengue, assim como outras enfermidades transmitidas por mosquitos,
constitui problemas de saúde pública mundial (Sanyaolu et al., 2017). Nas
cidades, a falta de moradia adequada, acúmulo de resíduos sólidos e ausência
de saneamento básico contribuem para a proliferação de mosquitos e,
consequentemente, para a ocorrência de epidemias (Tauil, 2001). São
registrados entre 80 e 100 milhões de casos de dengue por ano no mundo,
tendo sido nos primeiros seis meses de 2020, apenas na América, mais de 1,6
milhões de pessoas acometidas, sendo o Brasil o país mais afetado (SANTOS,
2015). Assim, a adoção de práticas que visem a educação e conscientização
ambiental, atrelados a projetos que envolvem a Ciência Cidadã, pode fomentar
a cooperação entre cientistas e cidadãos, em prol da resolução de um
problema global (SANTOS, 2015). Estratégias de divulgação científica que
colaborem com a popularização da ciência podem contribuir para ampliar o
conhecimento da população sobre essas doenças e também o papel do
cidadão no controle de epidemias (Den Broeder et al., 2018). Em vista disso
surgiu o projeto de extensão Ecologia e Saúde, desenvolvido por professores e
alunos da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA),
propondo-se a apoiar a utilização em sala de aula do protocolo Mosquito
Habitat Mapper, do programa Global Learning and Observations to Benefit the
Environment (GLOBE). Pretende-se com isso aportar para o surgimento de
ações participativas na área de saúde e meio ambiente (Den Broeder et al.,
2018), iniciadas nas escolas de Ensino Fundamental II que participarão do
projeto. Os protocolos desenvolvidos serão testados com alunos e professores,
fomentando a construção de processos participativos em torno de um tema
socioambiental relevante. Dessa forma, entende-se como objetivo principal
deste projeto o fomento ao letramento científico, utilizando metodologias que
permitam a execução de projetos de ciência que abordem o mapeamento do
habitat de mosquitos transmissores de arboviroses.
METODOLOGIA
Baseando-se no protocolo Mosquito Habitat Mapper, do programa GLOBE,
promovido pela NASA, emprega-se ferramentas para que cidadãos que não
fazem parte do meio acadêmico possam auxiliar no mapeamento do habitat de
mosquitos vetores de arboviroses por meio do aplicativo Globe Observer,
possibilitando também a identificação taxonômica dos espécimes encontrados,
e os dados gerados no aplicativo podem ser utilizados por pesquisadores e
autoridades de saúde pública. A partir dos protocolos pretende-se fomentar
práticas de investigação em ecologia de doenças infecciosas causadas por
mosquitos do gênero Aedes junto a alunos do Ensino Fundamental II de
escolas no município de Foz do Iguaçu, Paraná. Além da execução dos
protocolos, o projeto visa ainda desenvolver atividades de formação de
professores e propõe a execução de uma mostra de ciência.
Em meio aos desafios enfrentados pelos projetos durante a pandemia da
COVID-19 criou-se o portal educativo ecologiaesaude.com, além de um perfil
no Instagram (@ecologiaesaude), a fim de alcançar o público virtualmente,
diante da impossibilidade de visitas presenciais às escolas e comunidades.
Nessas plataformas são disponibilizados materiais relacionados a diferentes
aspectos da biologia dos mosquitos, à ciência cidadã, a arboviroses e ao
ensino de ciências para crianças, produzidos pela própria equipe e elaborados
em linguagem simples e acessível.
RESULTADOS
As plataformas virtuais têm se revelado eficientes ferramentas de divulgação
científica, conforme se demonstra no presente relato de experiência. A rede
social atualmente já conta com mais de 740 seguidores e as publicações, que
são feitas semanalmente, têm atingido engajamento orgânico e satisfatório.
Frequentemente essas postagens estão vinculadas a conteúdos do portal
educativo, direcionando os leitores ao site. Esses resultados revelam a
relevância, assim como o interesse do público, no que se diz respeito a
doenças infecciosas transmitidas por mosquitos, especialmente do gênero
Aedes.
Com o retorno das ações presenciais possibilitando a visita às escolas e
comunidades, os materiais desenvolvidos ao longo do tempo de atividade do
projeto serão utilizados junto aos protocolos de mapeamento de habitat de
mosquitos para instruir alunos e professores do Ensino Fundamental II,
ressaltando a importância de cuidados básicos e disseminação de
conhecimento sobre arboviroses de grande importância na região.
DISCUSSÃO
Algumas das metodologias propostas pelo projeto vêm sendo testadas pela
equipe. Durante os últimos meses foram construídas e instaladas ovitrampas
em determinados pontos de um dos campi da UNILA, em Foz do Iguaçu, as
quais vêm sendo regularmente monitoradas e terão todo o seu procedimento e
resultados documentados por via das plataformas virtuais. A testagem de
aplicação das metodologias e protocolos com crianças está prevista para o
mês de junho na Biblioteca para Infância e Juventude Iguaçuense.
Posteriormente os resultados desses testes serão aproveitados para produzir
planos de aula que se adequem a temáticas nas áreas de Ciências e
Matemáticas, que compõem a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o
Ensino Fundamental II, além de instruir professores à utilização e incorporação
dos métodos em suas atividades de ensino. A partir dos meios previamente
pontuados, este projeto promove a conscientização da população acerca de
epidemias tropicais de grande importância na região de estudo, contribui para a
construção do conhecimento sobre a ecologia de insetos vetores de doenças e
para a vinculação entre escola e universidade através da promoção da
aprendizagem científica, coleta de dados e participação em eventos científicos,
viabilizando assim a participação pública e diminuição de desigualdades no
acesso à educação de qualidade (ODS 3 – Saúde e bem-estar, em interface
com ODS 4 – Educação inclusiva, ODS 5 – Igualdade de gênero, ODS 10 –
Redução de desigualdades, e ODS 17 – Estabelecimento de parcerias e meios
de implementação). Além disso, tende a fomentar em jovens habilidades de
pesquisa, alfabetização em matemática e aquisição de conhecimentos para o
desenvolvimento sustentável (ODS 4 – Educação inclusiva, equitativa e de
qualidade).
AGRADECIMENTOS
À PROEX, por apoiar e incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico;
À UNILA, pela oportunidade de fazer e divulgar ciência e pelos auxílios
prestados no decorrer do projeto;
Aos colaboradores dos projetos “Ecologia e Saúde: ciência cidadã para
monitoramento da dengue”, “Redes sociais e portal educativo Ecologia e
Saúde” e “Conhecendo o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, os mosquitos
dos VÁRIOS vírus”;
À professora Dra. Ana Alice, coordenadora do projeto, por nos orientar com
maestria;
À professora Dra. Elaine, orientadora do projeto, por todo apoio e incentivo.
REFERÊNCIAS
Sanyaolu, A. et al. Global epidemiology of dengue hemorrhagic fever: na
update. J. Hum. Viro.Retroviol. 5(6): 00179, 2017.
Tauil, P.L. Urbanização e ecologia da dengue. Cad. Saúde Pública 17: 99-102,
2001.
Den Broeder, L., et al. Citizen science for public health. Health Promotion
International 33: 505-514, 2018.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível
em: http://download.basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 14 de maio
de 2022.
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(UNESCO). Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:
objetivos de aprendizagem. Paris: UNESCO, 2017.
SANTOS, S. M. et.al. Estimativa de custos diretos do Programa Municipal de
Controle da Dengue de Goiânia. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2015.
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - FORMAÇÃO E ENGAJAMENTO EM CIÊNCIA CIDADÃ
UMA CIENTISTA CIDADÃ EM AÇÃO: AS ÁGUAS DO MUNICÍPIO DE
SANTA TERESA/ES
Sindy Catalunha (sindycatalunha@gmail.com)
Laercio Ferracioli (laercio.inma@gmail.com)
Juliana Silva França (julianafrancaufmg@gmail.com)
Tipo de estudo: Estudo de caso
Instituições/Afiliações dos autores:
1 - Escola Estadual José Pinto Coelho
2 - INMA/UFES
3 - UVV/INMA
RESUMO
A ciência cidadã potencializa o envolvimento da população na pesquisa
científica. Nós propusemos um monitoramento participativo de ecossistemas
aquáticos continentais no município de Santa Teresa/ES em parceria com a
educação básica. O protocolo de ciência cidadã se baseia na classificação de
águas pela legislação ambiental. O objetivo foi avaliar a qualidade de águas na
bacia do rio Timbuí com base em parâmetros levantados por uma estudante do
ensino médio, atuando como cientista cidadã. A avaliação foi realizada com a
utilização de um kit colorimétrico, em dois afluentes que passam pela área
urbana do município, um deles inserido em uma área protegida. A avaliação
dos afluentes do rio Timbuí demonstrou alteração nas concentrações de
amônia, que pode indicar a contaminação química. Nosso objetivo é que estas
atividades sejam realizadas por outras escolas do município, contribuindo para
a formação de jovens cidadãos conscientes e participativos para a manutenção
das águas da região.
CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO/ CONTEXTUALIZAÇÃO
O impacto ambiental que o crescimento urbano promove vem causando
eventos de extinção que definem a história da biodiversidade no planeta.
Perdas e modificações na biodiversidade aquática e terrestre aumentam
anualmente em função das mudanças drásticas ocorridas em ecossistemas por
ação humana. Em áreas urbanas a qualidade ambiental tem piorado em função
do crescimento demográfico e desenvolvimento socioeconômico, afetando a
estrutura e funcionamento de ecossistemas e, em consequência, seus bens e
serviços (Booth et al., 2016).
Mas, será que a população do planeta está apta a documentar e enfrentar esta
crise? A participação da comunidade na investigação científica, ou ciência
cidadã, é um movimento crescente que envolve o público em atividades de
monitoramento e experimentação através de uma ampla gama de ações
participativas (Theobald et al., 2015). É possível que esse crescente
envolvimento público em conhecimento científico possa ser aplicado em
escalas básicas de investigação para que contribuam para o enfrentamento da
crise mundial e, consequentemente, levem à diminuição dos impactos
crescentes sobre a biodiversidade (França & Callisto., 2019).
A avaliação de impactos, através de monitoramentos ambientais tem sido cada
vez mais realizada para o acompanhamento das mudanças ocorridas em
função das atividades humanas. Muitas destas iniciativas envolvem
monitoramentos participativos, firmando-se como um passo importante para o
envolvimento ativo da comunidade no acompanhamento e gestão dos
problemas ambientais (França et al., 2019).
Monitoramentos participativos são uma ferramenta prática de ciência cidadã
para diagnóstico de qualidade ambiental e exercício de cidadania em bacias
hidrográficas urbanas (França et al., 2019). O estabelecimento de programas
de monitoramentos ambientais com a sociedade pode ser eficiente no estímulo
participativo na gestão de águas, sendo uma importante alternativa na
educação científica da comunidade em idade escolar (Schuttler et al., 2019).
Além da educação científica, jovens em fase de formação quando engajados
em atividades em conexão com o meio ambiente, constroem valores que
perduram pela idade adulta (Schuttler et al., 2019). O acesso à informação e o
treinamento de jovens preveem futuramente um melhor envolvimento
comunitário em ações de conservação (Conrad & Hilchey 2011).
O objetivo deste trabalho foi utilizar um protocolo de ciência cidadã, adaptado
para realização pela educação básica, para o monitoramento de ecossistemas
aquáticos urbanos.
DESENVOLVIMENTO
As coletas foram realizadas semanalmente, em duas estações amostrais dos
córregos São Pedro (referência) e São Lourenço (influência direta urbana), no
município de Santa Teresa/ES.
As estações amostrais foram pré-selecionadas pela estudante do ensino médio
com o propósito de responder a seguinte pergunta: O córrego São Pedro, por
passar em uma área protegida do município (Parque do Museu de Biologia
Professor Mello Leião-MBML), apresenta melhores condições que o córrego
São Lourenço (que é diretamente influenciado pela área urbana do município)?
Para caracterização do entorno foi determinado um índice de influência local,
calculado através da aplicação de um protocolo de caracterização de habitats
que se baseia em três métricas principais: (i) estabilidade das margens; (ii)
habitats no leito e (iii) impactos humanos, divididos em 10 parâmetros a serem
observados em um trecho do rio. Cada um dos 10 parâmetros recebeu maior
pontuação (10 pontos) para melhor condição, pontuação média (5 pontos) para
condição moderada e pontuação baixa (0 pontos) para pior condição
observada. A soma de todas as dez pontuações do índice pode variar em um
valor final de 0 a 100, e a situação do trecho é classificada subjetivamente em
três categorias: altamente perturbado (<40 pontos), moderadamente
perturbado (41-68 pontos), ou menos perturbado (>68 pontos).
A classificação de águas com base na legislação ambiental brasileira
(qualidade física e química) foi avaliada através da utilização de conjuntos
colorimétricos. Os valores mensurados foram comparados com limites
recomendados pela Resolução CONAMA 357/2005 para águas de Classe 2.
Foram considerados parâmetros importantes para manutenção da comunidade
aquática, como oxigênio dissolvido, pH, formas dissolvidas de nitrogênio e
turbidez. Após avaliações, o resultado indicou se o ecossistema atende ou não
aos limites estabelecidos pela legislação para águas de Classe 2. Os valores
considerados em conformidade com a legislação brasileira foram pH (entre 6 e
9), turbidez (<100 UTN), oxigênio dissolvido (>5 mg/L), amônia (<3,7 mg/L),
nitrato (<10,0 mg/L) e nitrito (<1,0 mg/L)
RESULTADOS ALCANÇADOS E LIÇÕES APRENDIDAS
Foram realizadas 19 amostragens entre os meses de agosto e novembro de
2021, em ambas as estações amostrais, através dos seguintes parâmetros:
temperatura, oxigênio dissolvido, pH, amônia, nitrato e nitrito. O horário de
coleta se manteve entre 10:20hs e 15:10hs. A temperatura média do ar para o
período foi de 23,6 ± 3,5ºC e a temperatura da água foi de 22,2 ± 2,7ºC (São
Pedro) e 22,3 ± 2,1ºC (São Lourenço). O protocolo de hábitats físicos utilizado
caracterizou os trechos avaliados como perturbação mínima a moderada no
córrego São Pedro e perturbação moderada a alta no córrego São Lourenço.
A média de oxigênio dissolvido (OD) foi de 8,9 ± 0,2mg/L no córrego São Pedro
e de 9,0 ± 0,0 mg/L no córrego São Lourenço. As medições do potencial
hidrogeniônico (pH) foi de 6,9 ± 0,2 (neutro) em ambos os córregos. As
medições das formas reduzidas de nitrogênio (N) foram: amônia 0,7 ± 0,5mg/L
e 1,8 ± 0,3mg/L, nos córregos São Pedro e São Lourenço, respectivamente,
nitrato 0,7 ± 0,2mg/L e nitrito 0,0mg/L para ambos. As amostragens se
apresentaram estáveis ao longo do período e nenhum dos parâmetros se
apresentou fora dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005
para águas de Classe 2.
Apesar de não ultrapassar os limites estabelecidos pela legislação, as
avaliações de amônia apresentaram aumento significativo em seus valores,
especialmente no São Lourenço (área não protegida). A amônia está
naturalmente presente nos ecossistemas aquáticos sendo um importante
nutriente para o crescimento de algas. Porém, o excesso deste nutriente em
ecossistemas aquáticos está relacionado à entrada de esgotos sem tratamento;
à entrada de fertilizantes em áreas agrícolas, e ao despejo de indústrias
químicas (França & Callisto, 2019).
Os resultados não demonstraram diferenças entre os córregos São Pedro e
São Lourenço. Apesar de o ponto de coleta da área referência (São Pedro)
estar inserido em uma área protegida, o trecho recebe influência da área
urbana do município vinda de montante.
Entendemos que os resultados alcançados, mesmo que preliminares, são
eficientes para uma caracterização inicial de impactos em ecossistemas
aquáticos urbanos e podem se tornar uma importante ação para a formação de
estudantes da educação básica, como jovens cidadãos conscientes e
participativos para a manutenção das águas do município de Santa Teresa.
Nós consideramos a importância desta atividade para uma estudante do ensino
médio, em sua formação e visão diferenciadas em relação às evidências
científicas alcançadas na participação de um projeto de ciência cidadã.
AGRADECIMENTOS
Ao INMA/MCTI pela disponibilidade de acesso e apoio às coletas e análises de
amostras. SC é estudante de ensino médio da rede pública estadual do ES. LF
é bolsista PCI-CNPq-MCTI pelo INMA. JF é bolsista DCR-FAPES-CNPq pela
UVV.
REFERÊNCIAS
Booth D, Roy A, Smith B, Capps K (2016) Global perspectives on the urban
stream syndrome. Fresh. Sci.35:412–420.
Conrad C, Hilchey K (2011) A review of citizen science and community-based
environmental monitoring: Issues and opportunities. Environ. Monit. and Asses.
176: 273–291.
França J, Callisto M (2019) Monitoramento participativo de rios-urbanos,
Juliana Silva França: Belo Horizonte, 284p.
França J, Solar R, Hughes R, Callisto M (2019) Student monitoring of the
ecological quality of neotropical urban streams. Ambio 48: 867–878.
Schuttler S, Sears R, Orendain I, Khot R, Rubenstein D, Rubenstein N, Dunn R,
Baird E, Kandros K, O’Brien T, Kays R (2019) Citizen science in schools:
Students collect valuable mammal data for science, conservation, and
community engagement. Bioscience 69 (1):69-79.
Theobald E, Ettinger A, Burgess H, Debey L, Schmidt N, Froehlich H, Wagner
C, Hillerislambers J, Tewksbury J, Harsch M, Parrish J (2015) Global change
and local solutions: Tapping the unrealized potential of citizen science for
biodiversity research. Biol. Cons.181: 236-244.
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - IMPLICAÇÕES E IMPACTOS POLÍTICOS DA CIÊNCIA
CIDADÃ
EFEITOS DA PANDEMIA NO PADRÃO DE COMPORTAMENTO DOS
USUÁRIOS DA PLATAFORMA INATURALIST
Ramon Silva De Oliveira (raolivebio@gmail.com)
Fernanda Beatriz Do Nascimento (fernandabeatrizncm42@gmail.com)
Cleodon Teodósio Da Silva (theodosius.c@gmail.com)
Tipo de estudo: Produção científica
RESUMO
A ciência cidadã é uma abordagem democrática de pesquisa que envolve
cientistas e voluntários interessados em ciências na produção de
conhecimentos. A plataforma iNaturalist é uma das maiores plataformas online
para naturalistas, que facilita essa aproximação. O isolamento social
decorrente da pandemia de COVID 19 modificou o comportamento da
sociedade em vários aspectos. Nesse trabalho, buscamos compreender o
padrão de comportamento dos usuários dessa plataforma durante a pandemia,
. analisando alguns aspectos do perfil de 3.127 observadores de Apoidea
brasileiros tais como:, profissão, sexo, número de observações, data de inicio e
data da última atividade. Concluímos que houve mudanças no comportamento
dos usuários com recrutamento exponencial no período pandêmico. Essas
variações podem ser explicadas pelo longo período no qual as pessoas
permaneceram em casa, buscando conciliar demandas profissionais, pessoais
e domésticas.
INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A ciência cidadã é uma prática que envolve a parceria de cientistas com
voluntários para responder a perguntas científicas (Dickinson et al. 2012), por
proporcionar um espaço democrático a ciência cidadã, inclui dferentes perfis de
participantes nas diferentes etapas do processo de pesquisa (Hecker et al.
2018), que vão desde a concepção de projetos, sugerindo hipóteses à coleta,
classificação, análise de dados e /ou comunicar as descobertas (West,
Pateman, 2016)
Isto oferece uma oportunidade particularmente notável para repensar questões
de inclusão em produção de conhecimento.
Gurin et al. 1999, em Pandya 2012. Bonney et al. (2016, p. 12) concluem que
“se o campo de ciência cidadã contribui verdadeiramente para a
democratização da ciência, então ela deve se esforçar para atingir uma gama
mais ampla de públicos e participantes”. É por isso que a inclusão (em termos
de participação) é uma parte central da ciência cidadã e deve ser examinada
ao longo de diferentes eixos como sexo, etnia, socioeconômico e sociocultural.
status, localização e nível educacional, além de como esses eixos se cruzam
para definir hierarquias e relações de poder (Paleco, 2021). O recrutamento de
participantes, é, portanto, essencial para o sucesso de projetos de ciência
cidadã e baixos níveis de recrutamento ou declínios na participação podem
levar à cessação de projetos (West, Pateman, 2016).
Os projetos de ciência cidadã online ampliaram as opções de acesso à ciência
e possibilitaram diferentes formas de participação na pesquisa científica para
voluntários adultos e jovens, como na plataforma iNaturalist que é uma das
maiores plataformas de ciência cidadã online para naturalistas, hospedando
aproximadamente 50 milhões de observações verificáveis ??de 300.000
espécies por 1.370.000 usuários em Maio 2022.
No entanto, pouco se sabe sobre os padrões de participação entre os
participantes. Compreender a participação em projetos de ciência cidadã pode
informar a concepção de projetos e aumentar o sucesso em termos de
envolvimento efetivo de voluntários com atividades científicas, e também
melhorar os processos e resultados de aprendizagem. Tal pesquisa pode
informar como públicos mais diversos podem ser engajados em atividades de
ciência cidadã, uma vez que a maioria das contribuições são feitas por apenas
alguns voluntários, e que os voluntários tendem a participar apenas uma ou
duas vezes. (Aristedou, 2021).
Diante desse contexto, examinamos a rede de praticantes de ciência cidadã na
plataforma iNaturalist, usando uma abordagem combinada de análise de perfil,
descrição, sexo, número de observações, data de inicio e data da última
atividade. Nosso objetivo foi compreender o padrão de comportamento dos
observadores brasileiros de Apoidea, usuarios da plataforma INaturalist,
durante a pandemia. Em particular para responder as seguintes perguntas:
Houve mudança no comportamento (padrão de recrutamento, recrutamento por
sexo, abandono da plataforma e recutramento pela autodescrição) dos
observadores durante o período da pandemia COVID-19 comparado aos anos
anteriores? Esse comportamento variou de acordo com o sexo do observador
ao longo dos anos?
METODOLOGIA
A pesquisa seguiu um procedimento de três etapas: utilizando uma
amostragem de 3.127 usuários da plataforma iNaturalist, observadores de
abelhas (superfamília Apoidea), foi feita uma comparação entre os
observadores do número de observações, número de espécies, número de
identificações, sexo (masculino, feminino ou não identificado) e tempo de
atividade na plataforma. Foram também analisados os usuários pela
autodescrição, categorizando-os em: Fotógrafos (incluindo todos os
profissionais e amadores, que não declararam nenhuma outra profissão a não
ser fotógrafos); Profissionais da área de Ciências Naturais (PROF-CN,
compreendendo todos que se declararam, biólogos, ecologistas, agrônomos,
engenheiros ambientais e de pesca); Profissionais de outras áreas (PROF-
OUTROS, compreendendo todas as demais profissões, como por exemplo:
enfermeiros, engenharia elétrica, jornalismo, psicólogos); e Não profissionais
(NPROF, categoria que contempla usuários que se autodenominam estudantes
de diferentes áreas do conhecimento, e Sem resposta NA, para aqueles que
não inseriram sua autodescrição).
RESULTADOS
Dos 3.127 analisados, 69% (n = 2152) foram usuários que não
autodescreveram seus perfis, 14% foram não profissionais (n = 432), sendo
108 a maioria estudantes, 13% (n = 406) profissionais da área de Ciências
Naturais, 2% (n = 69) fotógrafos. E 2% (n = 59) profissionais de outras áreas.
Quanto ao sexo, 60% (n = 1.717) eram do sexo masculino e 40% (n = 1159)
feminino e 226 não declararam sexo.
Com relação à permanência dos observadores de abelhas na plataforma, por
sexo, ao longo dos anos, no intervalo entre 2008 a 2022, observamos que a
atividade dos usuários do sexo masculino aumentou entre os anos de 2019 e
2022, com um leve decréscimo em 2021, sendo Outubro desse ano o mês com
a maior contribuição. Para o sexo feminino, o ano com maior número de
observações foi 2020, embora tenhamos observado considerável oscilação
entre 2019 e 2021, com destaque para o mês de Abril mostrando um pico
maior em relação aos outros meses. Em geral, o nosso estudo mostra que
houve mudanças significativas no comportamento dos observadores de
abelhas, na plataforma, durante o período de pandemia COVID-19, em relação
ao sexo. Uma exponencial foi obtida neste período na atividade do sexo
masculino, com crescimento de 73% em 2022 em relação a 2019, Abril com
maior número de acessos. O sexo feminino apresentou a mesma exponencial
com a crescimento de 62%, desde o início da pandemia, com o mês de abril
com maior acesso. Quanto ao recrutamento, inclusão de novos usuários na
plataforma, houve aumento exponencial no período da pandemia de 2019 a
2021, com pico de atividade em 2020, para o sexo feminino o mês de Abril com
pico, o sexo masculino no mês de Outubro e (NA) se mantendo em média
durante todo ano. Esse número variou entre as categorias de analise, sendo
que a maior proporção de recrutamentos (45%) no início da pandemia ocorreu
na categoria de observadores sem autodescrição (NA), enquanto que o
recrutamento de observadores das demais categorias profissionais foram
aumentando durante o período pandêmico, com destaque para os não
profissionais (45%) e profissionais das áreas das ciências naturais (46%).
DISCUSSÃO
Apesar de ter ocorrido diversas oscilações no padrão de atividade dos usuários
da plataforma durante o período da pandemia, as nossas observações
coadunam com estudos prévios que demonstram maior atividade do sexo
masculino nas plataformas de ciência cidadã (Aristeidou, 2021). Essas
variações no comportamento dos observadores de abelhas na plataforma,
durante o período pandêmico, podem ser explicadas pelo longo período de
isolamento, no qual as pessoas permaneceram em casa, buscando conciliar
demandas profissionais e (m home office) com as demandas pessoais e
domesticas. Esse balanço afetou de forma diferente as categorias profissionais
e os homens e as mulheres (Barbosa,2020).
AGRADECIMENTOS
Esse estudo foi realizado no âmbito das disciplinas TEMIEI: Introdução à
Ciência Cidadã e seu uso na Ecologia e Conservação, do PPGECOTAV –
IBUFBA, e TE em Biodiversidade e Evolução IV: Introdução à Ciência Cidadã
e seu uso em Biologia e Conservação do PPGBIOEVO –IBUFBA, coordenadas
respectivamente pelas professoras Blandina Felipe Viana e Judit Szabo.
REFERÊNCIAS
Aristeidou M, Herodotou C, Ballard HL, Young AN, Miller AE, Higgins L, et al.
(2021) Exploring the participation of young citizen scientists in scientific
research: The case of iNaturalist. PLoS ONE 16(1): e0245682.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0245682
Barbosa, Ana Luiza. Mercado de trabalho e pandemia da Covid-19: ampliação
de desigualdades já existentes? Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), 17/08/2020.
Bonney, R., Phillips, T. B., Ballard, H. L., & Enck, J. W. (2016). Can citizen
science enhance public understanding of science? Public Understanding of
Science, 25(1), 2–16. https://doi.org/10.1177/0963662515607406.
Paleco, C., García Peter, S., Salas Seoane, N., Kaufmann, J., Argyri, P. (2021).
Inclusiveness and Diversity in Citizen Science. In: , et al. The Science of Citizen
Science. Springer, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-030-58278-4_14
Pandya, R. (2012). A framework for engaging diverse communities in citizen
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https://doi.org/10.1890/120007.
West, S and Pateman, R 2016 Recruiting and Retaining Participants in Citizen
Science: What Can Be Learned from the Volunteering Literature? Citizen
Science: Theory and Practice, 1(2): 15, pp.?1–10, DOI:
https://doi.org/10.5334/cstp.8
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - DESENVOLVIMENTO, METODOLOGIAS E APLICAÇÕES DE
PROJETOS DE CIÊNCIA CIDADÃ
#DEOLHONOSCORAIS BRASILEIROS: CIÊNCIA CIDADÃ ATRAVÉS DO
INSTAGRAM
Edson Aparecido Vieira Filho (edsonvfmar@gmail.com)
Kelly Yumi Inagaki (kyuminagaki@gmail.com)
Guilherme Ortigara Longo (guilherme.o.longo@gmail.com)
Tipo de estudo: Relato de experiência
Instituições/Afiliações dos autores: Lab. De Ecologia Marinha, Dep.
Oceanografia e Limnologia, UFRN
RESUMO
Recifes com corais estão em quase toda a costa brasileira e sofrem com
impactos locais e globais, tornando o monitoramento não só uma necessidade,
mas um desafio aos cientistas. Com o apoio de pessoas que estão diariamente
em contato com recifes e podem gerar dados mesmo sem treinamento prévio,
o #DeOlhoNosCorais é uma iniciativa de monitoramento cidadão dos corais
brasileiros utilizando mídias sociais. Os cidadãos cientistas postam no
Instagram fotos de corais utilizando a marcação #DeOlhoNosCorais, a partir
das quais coletamos informações sobre as espécies de corais. Após quatro
anos, recebemos mais de 800 contribuições validadas e 600 registros de corais
brasileiros, nos quais identificamos 17 espécies e avaliamos dados sobre
estado de saúde dos corais e presença de espécies invasoras. Esta rede de
cidadãos cientistas demonstra a importância de integrar ciência e sociedade
para enfrentar desafios como monitoramento ambiental e conservação,
gerando dados de qualidade.
CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO / CONTEXTUALIZAÇÃO
Os ambientes recifais se estendem desde a foz do Rio Amazonas até Santa
Catarina e são cruciais para os oceanos por abrigarem alta diversidade de
organismos que provém benefícios (KNOWLTON et al., 2010). Parte da
diversidade dos recifes é garantida pela presença de corais, organismos
coloniais que acumulam um esqueleto calcáreo que gera complexidade
estrutural no recife, proporcionando abrigo para diversas espécies. Além da
importância ecológica, os recifes protegem a costa e fomentam a subsistência
de comunidades provendo alimentos e sendo fonte de renda pela pesca e
turismo.
Apesar dos inúmeros benefícios, os ambientes recifais estão sob crescentes
ameaças e impactos locais e globais (HOEH-GULDBERG, 2004). A
concentração urbana na região costeira impacta os recifes com poluição,
turismo desordenado e sobrepesca. Além disso, o desenvolvimento humano
tem levado ao aumento da concentração de gases de efeito estufa na
atmosfera, resultando na acidificação e aquecimento dos oceanos. Esses
impactos, principalmente o aumento da temperatura, tem causado
branqueamento nos corais, processo em que perdem as microalgas
simbiontes, e consequentemente parte da fonte de nutrientes, ficando mais
suscetíveis a doenças e mortalidade. A perda de corais diminui a complexidade
estrutural dos recifes, afetando as espécies associadas e resultando em queda
na diversidade.
Os recifes precisam ser monitorados para avaliarmos seu estado de saúde,
como são afetados pelos impactos, e para gerar soluções para evitar ou
reverter as consequências desses impactos. A ampla distribuição desses
ecossistemas ao longo da costa dificulta um acompanhamento efetivo e
representativo por cientistas. Além da limitação de tempo e logística complexa,
a falta de equipe e restrição de verba resulta no monitoramento de poucos
locais, geralmente próximos a centros de pesquisa ou que se tenha algum
interesse específico. Ao mesmo tempo, muitas pessoas estão diariamente em
contato direto com recifes por diferentes atividades ao longo de toda a costa,
então por que não contar com esses cidadãos que podem atuar como
cientistas e gerar dados? Com o aumento do uso de telefones celulares e
câmeras integrados a redes sociais, as pessoas podem gerar e compartilhar
conteúdo em tempo real, algo muito comum entre mergulhadores por exemplo.
Assim, redes sociais podem ser ótimas ferramentas para a ciência cidadã
(OLIVEIRA et al., 2021). Nesse contexto, surgiu o #DeOlhoNosCorais, uma
iniciativa de monitoramento cidadão dos corais brasileiros utilizando mídias
sociais.
DESENVOLVIMENTO
Lançamos perfis do Projeto no Instagram, Facebook e Twitter em maio de
2018, com atividade focada no Instagram pois é a plataforma mais utilizada
pelas pessoas na atualidade, incluindo nosso público-alvo, além de ser focada
em imagens, garantindo uma maior eficiência na geração de dados por
cidadãos cientistas. As contribuições dos cidadãos cientistas se dão por fotos
contendo corais postadas em seus perfis com a marcação #DeOlhoNosCorais.
A equipe do projeto busca a #, recupera as imagens e forma um banco de
dados com informações sobre identidade e saúde dos corais presentes, local e
data do registro. Periodicamente são feitas postagens nas mídias do projeto
orientando os cientistas cidadãos em como tirarem boas fotos e fazerem
contribuições para gerar dados. Dentre as recomendações estão 1) fotos que
contenham corais; 2) proximidade e melhor foco possível para possibilitar a
identificação e avaliação do estado de saúde; 3) informação de data e local
para contextualização espaço-temporal.
Após buscas periódicas, o banco de dados é alimentado com as seguintes
informações: local – estado, cidade e localidade em que a foto foi feita; data –
ano, mês e dia em que a foto foi feita ou postada (assumindo-se que a data da
postagem é a mesma ou próxima da data de retirada da imagem); cidadão
cientista – perfil do Instagram de quem fez a contribuição; informações
taxonômicas – classe, ordem, gênero e espécie dos corais pétreos, octocorais
e zoantídeos presentes na foto; estado de saúde – se o organismo está
saudável, morto, doente ou branqueado (% estimada de área branqueada);
nome do arquivo da foto salva; eventuais observações. Contribuições feitas por
mensagens diretas (com fotos) ou comentários em postagens (sem fotos)
também são registradas, mas não estão apresentadas neste trabalho por
serem menos frequentes.
RESULTADOS ALCANÇADOS E LIÇÕES APRENDIDAS
Após quatro anos de funcionamento, o projeto conta com mais de 12 mil
seguidores, majoritariamente no Instagram (9,7 mil), tendo alcançado mais de 1
milhão de visualizações. Já foram feitas aproximadamente 1900 marcações
com #DeOlhoNosCorais, das quais 46% (864) foram considerados registros
válidos para a geração de dados sobre corais ou outros cnidários recifais e
foram feitas por 155 cidadãos cientistas diferentes. Considerando os corais e
hidrocorais pétreos, aqueles que formam esqueleto e contribuem para a
complexidade do recife, obtivemos cerca de 600 registros provenientes de 11
estados brasileiros, desde o CE até SC, sendo concentrados principalmente
nos estados da BA, SP, PE e AL, com representação intermediária no RN, PB
e RJ, e baixa no ES, CE, SE e SC. Os registros da Bahia são relacionados ao
Parque Nacional Marinho de Abrolhos, a área com recifes mais diversos no
Brasil; os de AL e PE à Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais,
importante unidade de conservação de ambientes coralíneos rasos; e em SP
ao Parque Marinho da Laje de Santos. Temporalmente as contribuições se
concentram de outubro a fevereiro, período mais quente e com águas mais
claras no ano, coincidindo com os meses de férias quando muitas pessoas
viajam para a região costeira.
A concentração das marcações em áreas com maior representatividade
coralínea no Brasil e em épocas do ano em que eventos de branqueamento
são mais prováveis (verão) é de grande relevância. Entretanto, é desafiador
fomentar a geração de dados em estados e meses com menor
representatividade e vemos como possível solução campanhas nas mídias
sociais direcionadas a esses locais e momentos. Um outro desafio é a
concentração de contribuições em poucos perfis de cidadãos cientistas. Do
total de contribuições válidas, 50% foram feitas por apenas 10 perfis e 25% por
apenas 2 (contribuições de SP), enquanto 37% dos perfis fizeram apenas 1
contribuição. Buscando engajar os cientistas cidadãos para se manterem ativos
nas contribuições e diversificar de onde os dados vêm, implementaremos uma
ação automatizada em que o cientista cidadão recebe um feedback e
identificação do coral assim que a marcação é feita.
As contribuições feitas por cidadãos cientistas geraram dados sobre 39
diferentes espécies de cnidários, dentre eles 14 corais pétreos e 3 hidrocorais.
Esses grupos abrangem os organismos mais comuns nos recifes brasileiros
com mais contribuições para os corais construtores de recife Mussismilia
hispida, Montastraea cavernosa e Siderastrea stellata, e para a principal
espécie agregadora de complexidade Millepora alcicornis. Em 168 registros
observamos corais branqueados de 14 espécies, concentrados nas quatro
espécies mencionadas anteriormente e em meses mais quentes (janeiro a
abril). Ocorreram 53 marcações do coral-sol, uma espécie invasora
considerada uma ameaça aos recifes brasileiros, as quais se concentraram no
RJ, onde a espécie domina desde que foi introduzida na década de 80. O
primeiro registro do coral-sol em PE foi através de uma contribuição feita por
um cientista cidadão do #DeOlhoNosCorais, o que provocou rápida ação de
manejo e monitoramento em diferentes esferas (terceiro setor, governos
estaduais e federal). A trajetória descrita deixa clara a importância da
integração entre ciência e sociedade, não apenas para gerar dados, mas para
promover ações efetivas de conservação.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos as contribuições dos 155 cidadãos cientistas parceiros do
#DeOlhoNosCorais nas mídias sociais, e à Andressa Lima, Paula Laurentino e
Daniel Hayashi pelo auxílio na compilação dos dados. O #DeOlhoNosCorais é
uma iniciativa do Laboratório de Ecologia Marinha da UFRN, apoiada pelo
Instituto Serrapilheira (Serra-1708-15364 / R-1805-24275). EAV recebeu bolsa
de pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES) – Código 001.
REFERÊNCIAS
HOEH-GULDBERG, Ove. Coral reefs in a century of rapid environmental
change. Symbiosis, n. 34, p. 1-32, 2004.
KNOWLTON, Nancy et al. Coral reef biodiversity. In: MCINTYRE, Alasdair
(org.) Life in the world’s ocean: diversity, distribution and abundance. Hoboken:
Blackwell, 2010. p. 65-77.
OLIVEIRA, Sofia et al. Social Media Use by Citizen Science Projects:
Characterization and Recommendations. Frontiers in Environmental Science, n.
9, 715319, 2021.
II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO
EXPANDIDO - DESENVOLVIMENTO, METODOLOGIAS E APLICAÇÕES DE
PROJETOS DE CIÊNCIA CIDADÃ
A VOCALIZAÇÃO DO SAPINHO-DE-CHIFRE PROCERATOPHRYS
PAVIOTII: COMBINANDO CIÊNCIA CIDADÃ, BIOACÚSTICA, TAXONOMIA
E CONSERVAÇÃO
João Victor Andrade De Lacerda (lacerdajva@gmail.com)
Alice Zanoni Dos Santos (alice.zanoni@gmail.com)
Alan Pedro De Araújo (alannpedro@gmail.com)
Rodrigo Barbosa Ferreira (rbfherpeto@gmail.com)
Sarah Mângia Barros (sarahmangia@yahoo.com.br)
Natália Pirani Ghilardi-Lopes (natalia.lopes@ufabc.edu.br)
Tipo de estudo: Produção científica
Instituições/Afiliações dos autores:
1 - Instituto Nacional da Mata Atlântica
2 - Instituto Federal do Espírito Santo campus Santa Teresa
3 - Laboratório de Herpetologia e Comportamento Animal, Universidade
Federal de Goiás, campus Samambaia; Projeto Bromélias, Instituto de
Pesquisa, Ensino e Preservação Marcos Daniel
4 - Instituto Nacional da Mata Atlântica; Projeto Bromélias, Instituto de
Pesquisa, Ensino e Preservação Marcos Daniel; Universidade Federal do
Espírito Santo, Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal
5 - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
6 - Universidade Federal do ABC, Centro de Ciências Naturais e Humanas;
Instituto Nacional da Mata Atlântica
*Autor correspondente: lacerdajva@gmail.com
RESUMO
No município de Santa Teresa (ES), vem sendo conduzido o projeto de Ciência
Cidadã intitulado Cantoria de Quintal. Utilizando de aparelho celular e aplicativo
WhatsApp, o público tem enviado gravações contemplando anuros em
atividade de vocalização em quintais e arredores. Dentre as gravações
recebidas, o sapinho-de-chifre Proceratophrys paviotii (DD / IUCN) não teve
sua identidade inicialmente confirmada por ter seu canto ainda pouco
conhecido. Diante dessa lacuna de conhecimento, esse estudo redescreve a
vocalização de P. paviotii incluindo entre as gravações analisadas aquelas
enviadas por cientistas cidadãos. Os cantos de P. paviotii foram formados por
uma única nota de duração 0,27–0,59 s, pico de frequência de 750–1033,6 Hz
e 17–39 pulsos, sendo possível distingui-los da maioria das espécies de
Proceratophrys. Por fim, o presente estudo ressalta a potencialidade de se
combinar Ciência Cidadã, bioacústica e taxonomia em prol da conservação da
biodiversidade.
INTRODUÇÃO
A Ciência Cidadã (CC) tem incentivado a participação do público em diferentes
etapas de projetos científicos, como coleta e/ou análise de dados biológicos
(BONNEY et al., 2009). Iniciativas de CC têm crescido em popularidade e
contribuído em diferentes campos da conservação. Na Zoologia, os cidadãos
têm contribuído, majoritariamente, fornecendo dados sobre ocorrência de
espécies, geralmente enviando fotos por meio de plataformas digitais.
No município de Santa Teresa, Espírito Santo, vem sendo conduzido o projeto
de CC intitulado Cantoria de Quintal (CQ). Por meio dele, utilizando aparelho
celular, o público tem enviado gravações contemplando anuros em atividade de
vocalização em quintais ou arredores. Os arquivos são analisados por uma
equipe de cientistas e as espécies contempladas são, então, identificadas. No
entanto, a identificação pode ser dificultada em caso de espécies consideradas
raras ou pouco conhecidas. O sapinho-de-chifre Proceratophrys paviotii se
enquadra nesse cenário, sendo considerada uma espécie insuficiente em
dados (DD) pela IUCN.
Em 2020/21, o projeto CQ recebeu gravações contendo vocalizações que
foram inicialmente identificadas como Proceratophrys sp. (cf. paviotii). Não foi
possível confirmar prontamente a identificação específica, uma vez que não há
cantos de P. paviotii disponíveis em acervos públicos. Adicionalmente, a
descrição original da espécie (CRUZ et al., 2005) contempla apenas sete
cantos emitidos por um único macho. Trata-se de uma amostra extremamente
reduzida, não abrangendo apropriadamente variações intraespecíficas e, por
isso, pouco eficiente enquanto ferramenta taxonômica.
Diante dessa lacuna de conhecimento, o projeto CQ se propôs a localizar e
gravar novas populações do sapinho-de-chifre. Assim, o objetivo do presente
trabalho é redescrever o canto de anúncio de P. paviotii a partir de gravações
enviadas por colaboradores (i.e., cientistas cidadãos) ou realizadas pela equipe
do projeto CQ, favorecendo, com isso, a utilização de caracteres bioacústicos
como ferramenta taxonômica entre espécies de Proceratophrys. Além disso,
são tecidos comentários sobre o estado de conservação da espécie.
METODOLOGIA
Ao todo, foram analisados 34 cantos emitidos por 8 machos de P. paviotii.
Desses, 11 foram enviados por uma das colaboradoras e 23 gravados pela
equipe de cientistas do projeto CQ em visita voltada à educação ambiental e
engajamento de uma família de colaboradores. Devido à qualidade das
gravações, os registros de uma segunda colaboradora foram utilizados apenas
para georreferenciamento. Todas as gravações foram realizadas no município
de Santa Teresa, Espírito Santo. Nos três casos, os colaboradores foram
instruídos a reconhecer o canto de P. paviotti caso os ouvissem novamente,
receberam informações básicas sobre aspectos biológicos da espécie (e.g.,
características morfológicas e hábito reprodutivo) e foram conscientizados
sobre a importância daquele registro.
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ANAIS DO II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ

  • 1. Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã
  • 2. Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã. Anais...São Paulo(SP) online, RBCC, 2022
  • 3. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) AN532 Anais do II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã. Anais...São Paulo(SP) online, RBCC, 2022 Disponível em <www.even3.com.br/anais/iwdrbdcc2022> ISBN: 978-65-5941-785-8 1. Sociedades, organizações e museologia 2. Educação online, RBCC CDD - 370 Ficha catalográfica elaborada por Even3 – Sistema de Gestão de Eventos
  • 4. CORPO EDITORAL COMISSÃO CIENTÍFICA ANGELO LOULA ANTONIO MAURO SARAIVA BIANCA DARSKI-SILVA BLANDINA VIANA BRUNO ALBERTINI CAREN SOUZA CARLA DEBELAK CARMEN REGINA MENDES DE ARAÚJO CORREIA DUARCIDES FERREIRA MARIOSA EDUARDO ALEXANDRINO ERASMUS ZU ERMGASSEN ERIKA HINGST-ZAHER FABIANA OLIVEIRA DA SILVA JUDIT SZABO JULIANA FRANÇA LILIANE LODI LUSSANDRA MARTINS GIANASI MARCELO DE CICCO NATALIA GHILARDI-LOPES NÍJIMA NOVELLO RUMENOS ORANDI MINA FALSARELLA RACHEL TRAJBER RODRIGO ARANTES REIS SARITA ALBAGLI SHEINA KOFFLER TIAGO EMMANUEL NUNES BRAGA
  • 5. COMISSÃO ORGANIZADORA ANGELO LOULA ANTONIO MAURO SARAIVA BLANDINA FELIPE VIANA CAREN QUEIROZ SOUZA EDUARDO ALEXANDRINO JULIANA FRANÇA NATALIA PIRANI GHILARDI-LOPES SHEINA KOFFLER
  • 6. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - A CIÊNCIA DA CIÊNCIA CIDADÃ AVALIAÇÃO DA MOTIVAÇÃO DOS PARTICIPANTES DE UM CURSO DE FORMAÇÃO EM MELIPONICULTURA E CIÊNCIA CIDADÃ Celso Barbiéri Júnior (celso.barbieri@usp.br) Natália Pirani Ghilardi-Lopes (natalia.lopes@ufabc.edu.br) Sheina Koffler (sheina.koffler@usp.br) Bruno Albertini (balbertini@usp.br) Dr. Tiago Mauricio Francoy (tfrancoy@usp.br) Jailson Leocadio (jailsonleocadio@usp.br) Antonio Mauro Saraiva (saraiva@usp.br) Tipo de estudo: Produção científica INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Ciência Cidadã (CC) é definida como o envolvimento ativo do público geral em atividades científicas para produzir novos conhecimentos científicos. A avaliação é um passo importante para melhorar os projetos de CC, tanto em termos de qualidade de dados quanto em termos de experiências e aprendizado dos cientistas cidadãos. Diversos estudos têm avaliado diferentes resultados e impactos de projetos de CC nos participantes, (Bonney et al, 2016), mas mesmo assim, a maioria dos projetos não adota a avaliação como
  • 7. etapa obrigatória (When et al, 2021). A avaliação da dimensão da motivação dos voluntários se destaca como aspecto essencial para embasar estratégias de recrutamento e engajamento, bem como a própria condução dos projetos (Tweddle et al. 2012). O presente trabalho avaliou as motivações prévias e finais dos cientistas cidadãos participantes do quarto oferecimento do Curso de Extensão em Meliponicultura e Ciência Cidadã (CEMCC), parceria entre a Universidade de São Paulo e a Universidade Federal do ABC. O conteúdo do curso inclui aspectos sobre biologia de abelhas, criação de abelhas sem ferrão (Meliponicultura) e CC através da aplicação de um protocolo. METODOLOGIA Para avaliar as motivações dos cientistas cidadãos dentro das dimensões propostas por Phillips et al (2018), foram elaborados dois questionários, um aplicado no início do curso e outro após sua conclusão. Ambos os questionários foram testados e melhorados durante os três primeiros oferecimentos do CEMCC, e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (CAEE 53398721.9.0000.5390). Os questionários foram postados na plataforma Cursos Extensão da USP e aplicados utilizando a ferramenta Google Forms após o aceite do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Como atividade prática do curso, os participantes executaram o Protocolo de Monitoramento de Atividade de Voo em Abelhas sem Ferrão, no qual são solicitados a filmar um ninho de abelhas sem ferrão com um dispositivo móvel e realizar a contagem do número de abelhas que saem, que entram e retornam com pólen para as colônias. A aplicação é realizada após assistirem uma aula com orientações gerais e terem acesso a um guia de boas práticas para a execução do protocolo e contagem de abelhas. os vídeos e as contagens foram submetidos na plataforma digital BeeKeep. Para avaliar a dimensão de Motivação dos participantes em participar do protocolo foram elaboradas as perguntas “Se você aceitasse participar de um projeto científico sobre abelhas, o que te motivaria a fazer parte do projeto?”, no questionário inicial, e “o que te motiva a continuar monitorando os ninhos? no questionário final. Para ambas as perguntas foram oferecidas as mesmas opções - Aprender mais sobre as abelhas; Contribuir para a pesquisa científica
  • 8. sobre as abelhas; Conhecer pessoas que lidam com abelhas no dia-a-dia; Conhecer pesquisadores que trabalham com abelhas; Ajudar na conservação das espécies de abelhas; Contribuir com o desenvolvimento de políticas públicas; Realizar algo relevante para a sociedade; Realizar uma atividade divertida; Aprender a monitorar ninhos de abelhas; Responder perguntas que eu tenho sobre as abelhas e seus ninhos; Aumentar a produtividade da minha criação; e Aumentar a minha renda. Os participantes poderiam assinalar mais de uma alternativa. Adicionalmente, foi perguntado no questionário final se os participantes gostariam de participar de novos projetos de CC e continuar com o monitoramento após o encerramento do curso. Foram calculadas as porcentagens relativas de participantes que selecionaram cada alternativa, sendo “ni” o número de participantes que escolheu determinada alternativa no questionário prévio e “nf” o número de participantes que escolheu a mesma alternativa no questionário posterior. As porcentagens relativas são o aumento ou redução calculada entre ni e nf. RESULTADOS Dos 918 participantes que responderam tanto ao questionário inicial quanto ao questionário final, 864 autorizaram a utilização das respostas em trabalhos e publicações científicas. O número de participantes que assinalaram cada uma das alternativas nos questionários inicial e final são, respectivamente: Aprender mais sobre as abelhas (ni = 651, nf= 516); Contribuir para a pesquisa científica sobre as abelhas (ni =443, nf = 396); Conhecer pessoas que lidam com abelhas no dia- a-dia (ni=76, nf=60); Conhecer pesquisadores que trabalham com abelhas (ni =108, nf =78); Ajudar na conservação das espécies de abelhas (ni= 700, nf=561); Contribuir com o desenvolvimento de políticas públicas (ni=148; nf=109); Realizar algo relevante para a sociedade (ni=192, nf=133); Realizar uma atividade divertida (ni=22,nf=27); Aprender a monitorar ninhos de abelhas (ni=85, nf=0); Responder perguntas que eu tenho sobre as abelhas e seus ninhos (ni=43; nf=63), Aumentar a produtividade da minha criação (ni= 48, nf= 54); Aumentar a minha renda (ni=30, nf=24). Apenas três alternativas apresentaram maior número de respostas no questionário final do que no inicial: i. Responder às perguntas que eu tenho sobre as abelhas e seus ninhos (crescimento de 46,51%); ii. Realizar uma
  • 9. atividade divertida (crescimento de 22,73%); e iii. Aumentar a produtividade da minha criação (crescimento de 12,50%). As demais alternativas apresentaram decrescimento, havendo redução de 100%, para “Aprender a monitorar ninhos de abelhas”. Os valores obtidos para as demais alternativas foram: Realizar algo relevante para a sociedade (-30,73%); Conhecer pesquisadores que trabalham com abelhas (-27,78%); Contribuir com o desenvolvimento de políticas públicas (-26,35%); Conhecer pessoas que lidam com abelhas no dia- a-dia (-21,05%); Aprender mais sobre as abelhas (-20,74%); Aumentar a minha renda (-20%); Ajudar na conservação das espécies de abelhas (-19,86%); Contribuir para a pesquisa científica sobre as abelhas (-10,61%). DISCUSSÃO Embora os participantes de um mesmo projeto de CC compartilhem certos interesses e motivações, é importante não tratá-los como um grupo homogêneo. Ao mesmo tempo que um cientista cidadão pode engajar-se em um projeto por diversas motivações, essas motivações são dinâmicas e podem mudar ao longo do tempo (Geoghegan et al 2016). Uma vez que o questionário foi respondido após a conclusão do curso e execução do protocolo, era esperado que ocorressem mudanças nas motivações dos participantes. As questões que obtiveram crescimento indicam que os objetivos do projeto foram alcançados, pelo menos parcialmente, uma vez que muitos cientistas cidadãos pretendem continuar monitorando a atividade de voo dos ninhos de abelhas sem ferrão para responder a perguntas que têm sobre as abelhas, indicando uma aproximação dos mesmos com o pensamento e processo de construção da ciência. O crescimento na opção “realizar uma atividade divertida” está amplamente em acordo com a literatura ( Phillips et al, 2018), uma vez que muitos cientistas cidadãos se engajam em projetos como forma de lazer. Já o aumento na opção “Aumentar a produtividade da minha criação” pode ser devido ao conteúdo do CEMCC, em que a atividade de voo foi apresentada como bom indicativo de força de uma colônia. Para as opções que tiveram redução, podemos fazer algumas especulações. A opção “Aprender a monitorar ninhos de abelhas” ter atingido a redução de 100% pode ser um sinal de que os participantes se sentem seguros e aprenderam a realizar o protocolo. Outras alternativas podem ter sofrido diminuição devido a motivos semelhantes, já que os participantes tiveram contato com pesquisadores que trabalham com o tema e com outras pessoas
  • 10. que trabalham com abelhas no dia-a-dia, acesso a conhecimentos sobre abelhas e meliponicultura, e de fato, contribuíram com a pesquisa científica sobre abelhas. Já em relação às alternativas “Contribuir com o desenvolvimento de políticas públicas", "Aumentar a minha renda " e "Ajudar na conservação das espécies de abelhas” é possível que os participantes tenham alterado sua percepção de importância em relação às outras alternativas. Os resultados trazem uma visão geral sobre as motivações dos cientistas cidadãos embora seja necessária a análise de outras dimensões de aprendizagem para inferir com maior precisão o conjunto de razões que influenciam a mudança das motivações. Faz-se ainda necessário o acompanhamento dos cientistas cidadãos para avaliar o seu engajamento e motivações no longo prazo. AGRADECIMENTOS A equipe agradece aos cientistas cidadãos participantes do Curso de Extensão em Meliponicultura e Ciência Cidadã da Universidade de São Paulo, a Comissão de Cultura e Extensão da EACH-USP, em especial às secretárias da Comissão, ao Meliponicultura.org e as agências de fomento (FAPESP 2018/14994-1, 2019/26760-8; CAPES e CNPq). REFERÊNCIAS BONNEY, Rick et al. Can citizen science enhance public understanding of science?. Public understanding of science, v. 25, n. 1, p. 2-16, 2016. GEOGHEGAN, Hilary et al. Understanding motivations for citizen science. Final report on behalf of UKEOF, University of Reading, Stockholm Environment Institute (University of York) and University of the West of England, 2016. PHILLIPS, Tina et al. A framework for articulating and measuring individual learning outcomes from participation in citizen science. Citizen Science: Theory and Practice, v. 3, n. 2, 2018. TWEDDLE, John C. et al. Guide to citizen science: developing, implementing and evaluating citizen science to study biodiversity and the environment in the UK. NERC/Centre for Ecology & Hydrology, 2012.
  • 11. WEHN, Uta et al. Impact assessment of citizen science: state of the art and guiding principles for a consolidated approach. Sustainability Science, v. 16, n. 5, p. 1683-1699, 2021.
  • 12. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - A CIÊNCIA DA CIÊNCIA CIDADÃ ESTADO DA ARTE DE PESQUISAS DE CIÊNCIA CIDADÃ COM ABELHAS COMO FOCO Arcanjo Miguel Jama António (arcanjojama@gmail.com) Roberto Greco (greco@unicamp.br) Tipo de estudo: Produção científica RESUMO Nesta produção científica, apresentamos parte dos resultados de uma pesquisa de mestrado que analisou as características e tendências das pesquisas de Ciência Cidadã (CC) com abelhas como foco, distribuídas em dissertações e teses, artigos científicos e livros, publicados nos anos de 1994 a 2019 (inclusive). Identificamos 45 documentos, dos quais 26 foram examinados na íntegra. Aqui, se destaca apenas os resultados dos artigos científicos 22 (84,62%), norteados pelos descritores: i-autor principal; ii-coautor; iii- distribuição temporal; iv-palavras-chave; iv-tipo de projeto envolvido segundo Shirk. Verificamos um crescimento de publicações na ordem dos (22,43%). A tipologia de projeto mais utilizada foram os contributivos, contrário dos contratuais que tiveram menor incidência. As áreas mais incidentes foram as de Biodiversidade e Ciências Agrárias, e a de menor foi a Educação Física. O prognóstico é para maior crescimento nas áreas das Ciências Ambientais.
  • 13. INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Em qualquer projeto, seja da área de Biologia ou Educação Ambiental, se exige conhecimento técnico rigoroso de um especialista formado na área, e se espera que a compreensão dos conhecimentos vinculados a esses projetos seja total, de maneira que permita análises e avaliações robustas de outros especialistas técnicos. No entanto, qualquer grande projeto de desenvolvimento também envolve a consulta de um público muito mais amplo de interessados, "o público sem vínculos institucionais ou acadêmicos”, muitos dos quais carecem de base científica profissional (STEWART; LEWIS, 2017). Envolver esse público, especialmente em questões ligadas à preservação das abelhas, requer estratégias de comunicação diferentes, principalmente porque o conhecimento base por trás é diferente do de cientistas profissionais que foram treinados rigorosamente. Este pormenor fez com que por muito tempo não existisse de forma ampla pesquisas que direcionassem seus esforços a esse público, um fato que, segundo Stewart e Lewis, (2017), vem sendo alterado, principalmente nas últimas três décadas. Se reconhece que a Ciência cidadã (CC) tem ocupado um papel de destaque nesta transformação, uma vez que facilita o diálogo de aproximação entre Cientistas Cidadãos (Cientista não profissional com participação ativa em coletas de dados, processos decisórios em temas de ciência e tecnologia, como a elaboração de políticas públicas ou a mobilização para a resolução de problemas que afetam determinada comunidade ou grupo social) e Cientistas Profissionais (Profissional graduado com vínculo institucional, que possui um certificado que lhe permite exercer a profissão de investigador) (DICKINSON et al ., 2012; BONNEY et al., 2014). Este diálogo, alinhado ao desenvolvimento tecnológico, faz com que, nos dias de hoje, comece a surgir um elevado número de pesquisas que incentivam a participação do Cientista Cidadão nesses estudos, particularmente em atividades de monitoramento, coleta e fornecimento de dados (DICKINSON et al., 2012, BONNEY et al., 2014;). Por tal fato, na medida que as pesquisas foram crescendo, as informações ampliaram seus horizontes, um fato que levantou a necessidade de olharmos para trás e vermos o que já foi feito, quais caminhos foram trilhados e quais ficaram reservados para o futuro (MEGID NETO, 1999). Por este facto, cabe levantar a seguinte questão: "O que nos dizem as pesquisas de Ciência Cidadã que utilizam as abelhas como foco?”
  • 14. METODOLOGIA O trabalho caracteriza-se como um estudo do tipo “Estado da Arte”, um tipo de estudo, que tem um caráter bibliográfico e inventariante, que analisa, num recorte temporal definido, as características da evolução histórica e os movimentos de um determinado campo de pesquisa, possibilitando a sistematização e a avaliação de determinada área do conhecimento a partir da identificação, da seleção e da classificação dos estudos já produzidos (MEGID NETO, 1999). A opção por identificar e analisar artigos científicos atendeu as recomendações de (CURTY; BOCCATO, 2005), que em seus trabalho, apresentam critérios que tornam a analises de artigos importantes: “destaque breve das ideias fundamentais, argumentos coerentes, exposição das ideias, objetividade, concisão e fidelidade às fontes citadas, transmissão de informações claras e concisas”. A coleta de dados iniciou-se a partir da consulta às bases de dados Google Acadêmico, Proquest e Scopus Elsevier, onde foi possível levantar 148 documentos, que foram submetidos a critérios de inclusão e exclusão, permitindo reduzir a cifra a 45. Na sequência, juntou-se os documentos coletados nas três bases e procuramos os duplicados. Esse procedimento permitiu localizar 19 duplicados, os quais foram exclui´dos, sobrando, 26 documentos, distribuídos em 22 artigos científicos, 2 teses/dissertações e 2 livros. Após identificação dos documentos antes mencionados, foram levantados os seguintes descritores: i-autor principal; ii-coautor; iii-distribuição temporal; iv- palavras-chave; iv-tipo de projeto envolvido segundo Shirk. Tais descritores servem de órgãos orientadores para analisar os resultados. RESULTADOS/DISCUSSÃO Iniciaremos a apresentação dos resultados do mapeamento dos artigos científicos de Ciência Cidadã com abelhas como foco. i/ii- Autores e coautores
  • 15. O levantamento efetuado nas bases antes mencionadas possibilitou chegar a um total de 22 (84,62%) artigos. Estes, foram escritos por 87 autores, perfazendo uma me´dia de 3,96 artigos cada, dos quais, 22 aparecem na qualidade de autores principais. O nome mais sonante foi o de Philips, R. B, que protagonizou 7,69% do número de publicações. No âmbito das co-autorias, os resultados revelam que James Dill, se apresenta como o coautor que mais tem participado (3,17%), e os restantes apresentam apenas com 1,59%. Por outro lado, no que concerne ao tipo de sexo, se verificou que o sexo masculino tem sido o que mais tem publicado 63,64%, em detrimento dos 36,36% do feminino. iii-distribuição temporal Olhando para o número de publicações em um espaço temporal, verificamos uma tendência de crescimento, com o coeficiente linear ( R2 ) de 0,8115. Assim, entre o primeiro e o último ano, teve um crescimento de 73,27%, sendo 4,01% a me´dia anual, com destaque para o ano de 2017 “período de maior exponencial”, com um total de 22,73% das publicações. Em termos gerais, essa cifra representa 0,01% das do total de pesquisas publicadas no Brasil, 0,01% das publicadas nos Estados Unidos de América e o 0,016% das publicadas na China. O primeiro artigo de CC com abelhas como foco foi publicado no ano de 2008, onde se procurou determinar “como estavam as populações de abelhas nos Estados Unidos da América". Um segundo artigo só voltou a ser publicado três anos depois (2011), com os protagonistas “Ashcroft; Gollan e Batley (2011)”, que partindo da necessidade de determinar a distribuição atual para o manejo das espécies introduzidas, procuraram demonstrar como a combinação de abordagens pode ser usada para melhorar a identificação de locais ocupados em NEW South Wales (NSW). iv-palavras-chave Para melhor direcionar uma búsquedas em uma determinada pesquisa, é essencial que conheçamos as principais palavras-chaves. Neste contexto, a busca revelou um total de 62 palavras-chave, distribui´das em 22 artigos, dentre elas, a palavra “Citizen Science” foi a mais utilizada 12,90%. As palavras “Bees”; “Bumblebee” foram distribuídas com uma frequência de 4,84%. Já, “ground-nesting bees”; “observation”; “Pollinators”; “solitary bees”; e “Volunteers”apareceram com uma frequência de 3,23%. As restantes com apenas 1,63%. iv-tipo de projeto envolvido segundo Shirk
  • 16. Esse descritor atende ao grau de participação do Cientista Cidadão em atividades ligadas aos projetos de CS. A nossa análise concluiu que, do leque de projetos de CS distribuídos pelo mundo, na atualidade, o que mais tem sido praticado são os “Contributivos” 77,27%. Neste tipo de projeto o cientista cidadão participa da pesquisa por meio da coleta de dados. Outros projetos que também são desenvolvidos com uma significativa frequência, são os Colaborativos, onde Cientistas Cidadãos na~o só poderiam contribuir com dados, mas também ajudar a refinar o desenho do projeto, analisar dados e divulgar descobertas. AGRADECIMENTOS Aos colegas da pós-graduação e professores da UNICAMP, amigos da universidade e da vida. REFERÊNCIAS BONNEY, R. et al. Next steps for citizen science. Science , v. 343, n. 6178, p. 1436–1437. 2014. DICKINSON, J. L. et al. The current state of citizen science as a tool for ecological research and public engagement. Frontiers in Ecology and the Environment, v. 10, n. 6, p. 291–297, 2012. MEGID, N. J. Tendências da pesquisa acadêmica sobre o ensino de Ciências no nível fundamental. Campinas SP. 1999. 365f. Tese de (Doutorado) - Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, 1999. Disponível em: . Acesso em: 25 jul. 2020 SILVERTOWN, Jonathan. A new dawn for citizen science. Trends in Ecology and Evolution , v. 24, n. 9, p. 467–471, 2009. SHIRK, J. L. et al. Public Participation in Scientific Research: a Framework for Deliberate Design. Ecology and Society., v.17, n. 29, p.1-20, fev. 2012. Disponível em: http://www.ecologyandsociety.org/vol17/iss2/art29/ . Acesso em: 20 mai, 2020. STEWART, I. S.; LEWIS, D. Communicating contested geoscience to the public: Moving from ‘matters of factto matters of concern’. Earth-Science Reviews, v. 174, n. August, p. 122-133, 2017.
  • 17.
  • 18. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - A CIÊNCIA DA CIÊNCIA CIDADÃ PEIXES COM POTENCIAL PARA PESCA ESPORTIVA NO BAIXO RIO ROOSEVELT, SUDOESTE DA AMAZÔNIA, BRASIL Mariel Acácio De Lima (mariel.acacio@gmail.com) Valéria Fernanda Silva Martins (valeriasilva17@gmail.com) Igor Hister Lourenço (igorhisteragro@gmail.com) Larissa Sbeghen Pelegrini (biolarapelegrini@gmail.com) Hildeberto Ferreira De Macêdo Filho (hildeberto.filho@hotmail.com) Marcelo Rodrigues Dos Anjos (anjos@ufam.edu.br) Tipo de estudo: Produção científica RESUMO Foram selecionadas 17 espécies de peixes com potencial para prática da pesca esportiva. Characiformes foi a ordem mais representativa com um total de 10 espécies. Phractocephalus hemioliopterus foi o peixe que apresentou maior tamanho e maior massa corporal, com indivíduos chegando a mais de 1m de comprimento e pesando mais de 4kg. Hydrolicus scomberoides e Hydrolicus tatauaia também receberam destaque por conta do comprimento de captura, com indivíduos apresentando mais de 80 cm de comprimento. Pseudoplatystoma punctifer e Pseudoplatystoma tigrinum são espécies com
  • 19. alto potencial para pesca esportiva, com destaque para P. tigrinum que apresentou indivíduos com comprimentos acima de 80 cm e massa corporal de 4,5 kg. Os períodos de vazante e seca foram os que apresentaram as maiores abundâncias de captura, sendo os mais propícios para atividades de pesca esportiva. INTRODUÇÃO A pesca esportiva é uma atividade que tem despertado interesse no ser humano por diversos motivos, dentre eles o espírito lúdico e competitivo de transformar atividades cotidianas em modalidades esportivas, a pesca não foi exceção. Essa atividade gera mais de 200 mil empregos por temporada de pesca no Brasil, movimentando anualmente a economia em um bilhão de reais (Fabri, 2006). A região amazônica possui uma imensa diversidade de peixes continentais, pelo menos 100 espécies são de interesse dos pescadores esportivos, levando o Brasil a ser considerado como um dos principais destinos para prática da atividade, principalmente na Amazônia (Oliveira-Júnior, 2019). Os rios de águas pretas e claras são os mais procurados para prática da pesca esportiva, e essa preferência está relacionada com a presença de espécies de Cichla, comumente conhecidos como tucunarés (Kullander, 2003). O rio Roosevelt tem movimentado o ecoturismo e atraído turistas de diversas localidades do mundo todo para a pesca esportiva, inclusive, cientistas cidadãos que registram suas capturas. Os dados provenientes da ação colaborativa dos cientistas cidadãos, realizadas na área, demonstraram que esse rio é importante nos processos reprodutivos e como rota migratória de diversas espécies de peixes (ANEEL, 2010). Dessa forma, torna-se fundamental fornecer informações sobre as espécies que apresentam potencial para essa atividade esportiva, com a finalidade de gerar subsídios para criação de políticas públicas e medidas de proteção e conservação da biodiversidade. METODOLOGIA A área de estudo compreende um trecho do baixo rio Roosevelt que vai desde a cachoeira Galinha até a corredeira Panelas, incluindo toda a sub-bacia do rio
  • 20. Madeirinha, ocupando predominantemente as terras rebaixadas da Depressão do Rio Madeira e pequenos trechos da Depressão da Amazônia Meridional. A sub-bacia do baixo rio Roosevelt está localizada no centro leste da BR-230 (Transamazônica), possui trechos com leito rochoso com a presença de cachoeiras e corredeira, longos trechos de planícies inundáveis, além de possuir trechos encachoeirados como os das cachoeiras do Inferninho e Infernão (Brasil, 2011). Os peixes foram capturados utilizando redes de espera com esforço contínuo de 24h e revisada para despesca a cada 6h. A área de captura foi estimada em 68.829,6 m² de despesca por um período total de 2880 horas. Os peixes foram identificados e em seguida mensurados os dados de comprimentos, massa corporal e sexo dos indivíduos. Para determinar quais grupos taxonômicos foram os mais representativos, foi construída uma tabela contendo a distribuição das espécies e determinado os valores de riqueza de acordo com a ordem e a família dos peixes e em quais períodos do ciclo hidrológico as espécies foram mais frequentes. RESULTADOS Um total de 17 espécies foram selecionadas para compor a lista de peixes com potencial para prática da pesca esportiva no baixo rio Roosevelt: Acestrorhynchus falcirostris, Acestrorhynchus heterolepis, Acestrorhynchus microlepis, Boulenguerella cuviere, Boulenguerella maculata, Cichla monoculus, Cichla ocelaris, Cichla pinima, Hoplias malabaricus, Hydrolicus scomberoides, Hydrolycus tatauaia, Phractocephalus hemioliopterus, Plagioscium squamosissimus, Pseudoplatystoma punctifer, Pseudoplatystoma tigrinum, Pygocentrus nattereri e Serrasalmus rhombeus. Essas espécies estão distribuídas nas ordens Characiformes, Eupercaria e Siluriformes, sendo Characiformes a mais representativa, com riqueza de 10 espécies. No Roosevelt foram encontradas três espécies de tucunaré, C. monoculus, C. ocelaris e C. pinima. Dentre os tucunarés, a espécie mais abundante e capturada em todos os períodos do ciclo hidrológico foi C. monoculus, o comprimento variou de 8 a 51cm e a massa corporal de 13 a 631g. Phractocephalus hemioliopterus foi capturado ao longo de todo ciclo hidrológico, com indivíduos que apresentaram mais de 1 m de comprimento (37cm-136cm) e a massa corporal variou de 374g a 32kg. Hydrolicus tatauaia e H. scomberoides são conhecidos como peixe-cachorra e capturados com
  • 21. frequência no Roosevelt. O comprimento de H. tatauaia variou de 13 a 98cm, massa corporal de 22g a 7,7kg. Os indivíduos de H. scomberoides apresentaram tamanhos de 11 a 80cm de comprimento e a massa corporal de 15g a 7,8kg. Outras espécies também conhecidas como peixe-cachorra foram encontradas na área de estudo: A. microlepis, A. falcirostris, e A. heterolepis. A espécie mais abundante e de maior comprimento foi A. microlepis com indivíduos que apresentaram até 66 cm de comprimento. Pseudoplatystoma punctifer e P. tigrinum foram mais abundantes no período de seca, o maior comprimento foi para P. tigrinum que apresentou tamanhos entre 60 e 85 cm, com massa corporal de 4,5 kg. Pygocentrus nattereri variou de 10 a 24 cm, massa corporal de 9 a 101 g, S. rhombeus o comprimento variou de 5 a 44 cm, massa corporal de 9 a 101 g e 4 a 435 g. Assim como as demais espécies mencionadas anteriormente, B. cuviere e B. maculata foram mais abundantes nos períodos de vazante e seca, com comprimentos máximo de 76 cm e 73 cm, respectivamente. DISCUSSÃO Dentre os ciclídeos neotropicais, o gênero Cichla possui as espécies de maior tamanho, com espécies que podem alcançar cerca de um metro. São consideradas predadoras de topo da cadeia alimentar, costumam atacar as iscas de forma agressiva e lutam intensamente quando fisgado. Esse comportamento atrai muitos turistas para a prática da pesca esportiva no país, principalmente na Amazônia (Kullander, 2003). Phractocephalus hemioliopterus, P. tigrinum e H. scomberoides são frequentemente encontradas nas listas de espécies disponíveis em sites de pousadas que promovem pesca esportiva como atividade turística. Contudo, estudos focados estritamente a pesca esportiva ainda são incipientes e restritos ao rio Negro e seus afluentes. A bacia amazônica está sujeita ao regime hidrológico sazonal provocado pelo pulso de inundação, o qual promove fortes variações nas características físicas dos habitats e nas condições limnológicas dos ambientes aquáticos. Essas mudanças podem ser determinantes na estruturação da fauna de peixes nos diversos tipos de ambientes (Lowe- McConnel, 1999). No caso do rio Roosevelt, os peixes selecionados para pesca esportiva apresentaram maior abundância nos períodos de vazante e seca. Dessa forma, pode-se inferir que tais períodos são os mais propícios para prática da pesca esportiva.
  • 22. Além da lista de espécies de peixes com informações básicas, é fundamental a realização de pesquisas que envolvam estudos de história natural e estrutura populacional de peixes para a região do baixo rio Roosevelt. Elas são necessárias para compreender sobre a biologia reprodutiva e alimentar, dinâmica de populações e preferência por habitats. Essas informações são importantes para auxiliar em medidas conservacionistas, de educação ambiental e construção de políticas públicas para a região. AGRADECIMENTOS Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira da Universidade Federal do Amazonas – LIOP/UFAM; a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES; o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM através da chamada pela Chamada Transnacional Conjunta BiodivRestore 2020-2021 (Resolução N° 016/2020); a Rede Ciencia Ciudadana para la Amazonía; e o Programa de Pesquisa em Biodiversidade – PPBio. REFERÊNCIAS ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. 2010. Estudos de Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica do Rio Aripuanã, Amazonas. Relatório final. 186 p. BRASIL. 2011. Plano de Manejo do Parque Nacional dos Campos Amazônicos. ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, MMA - Ministério do Meio Ambiente. FABRI, J.B. 2006. Pesca. In Dacosta L. (org.). Atlas do Esporte no Brasil. CONFEF, Rio de Janeiro, chap. 10: 9-12. KULLANDER, S.O. 2003. Family Cichlidae. Check list of the freshwater fishes of South and Central America. Edipucrs, Porto Alegre, p. 605-654. LOWE-MCCONNEL, R. H. 1999. Estudos ecológicos em comunidades tropicais. Tradução: Vazzoler, A. E. M; Agostinho, A.; Cunnhingham, P. T. M. São Paulo: Editora da Univ, 534 p.
  • 23. OLIVEIRA-JÚNIOR, R. 2019. Diagnóstico do potencial da atividade de pesca esportiva no Rio Cuieiras, na área da Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS Puranga Conquista 2019. 59f. Dissertação (Mestrado) - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia Universidade do Amazonas, Manaus.
  • 24. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - A CIÊNCIA DA CIÊNCIA CIDADÃ UMA ANÁLISE PRELIMINAR DOS ELEMENTOS QUE APROXIMAM A CIÊNCIA CIDADÃ DOS PRINCÍPIOS DA CIÊNCIA ABERTA Amanda Santos Witt (amandawitt.asw@gmail.com) Fabiano Couto Corrêa Da Silva (fabianocc@gmail.com) Tipo de estudo: Produção científica RESUMO Esta produção científica faz parte de uma pesquisa de Mestrado que tem como objetivo investigar a aproximação entre Ciência Cidadã e Ciência Aberta. A metodologia utilizada na pesquisa baseia-se em buscas em bases de dados relevantes no âmbito científico, uma de caráter multidisciplinar e uma específica da área da Ciência da Informação, respectivamente, a Web of Science e a Brapci. Criou-se uma categorização para apresentar os resultados obtidos nas buscas. Conclui-se que carece de estudos que analisem, de modo específico, a questão dos dados de pesquisa no âmbito da Ciência Cidadã, bem como de um plano de gestão desses dados no cerne dos projetos analisados. INTRODUÇÃO
  • 25. De acordo com o projeto Foster (2018), a Ciência Aberta estrutura-se em três grandes eixos: acesso aberto, dados abertos e pesquisa reproduzível. Nesse sentido, Silva (2020) assevera que a gestão eficaz dos dados é latente, considerando que muitas coletas de dados já foram feitas em estudos anteriores, mas acabaram não sendo compartilhadas tampouco organizadas em um repositório para uso posterior, no intuito de garantir que esses dados sejam visíveis, estejam disponíveis, seguros e possam ser úteis e compartilhados. Albagli (2015) pondera que uma das iniciativas que fazem parte do guarda-chuva da Ciência Aberta é a Ciência Cidadã, cujas ações são pautadas pela participação de cidadãos em atividades formais de pesquisa. Conforme Albagli (2015), a vertente democrática em Ciência Cidadã incorpora a abertura e a conformação de novos espaços e mecanismos institucionais vigentes, ensejando maior participação, intervenção e empoderamento dos cidadãos. Preconiza-se assim, uma relação de parceria entre cidadãos e cientistas profissionais, em que os pressupostos básicos da ciência são garantidos, pois conforme a European Citizen Science Association (2015), a Ciência Cidadã configura uma abordagem de investigação como qualquer outra, com suas limitações e enviesamentos que devem ser considerados e controlados durante a pesquisa. O livre acesso ao conhecimento, por meio de plataformas digitais para informações científicas (licenças Creative Commons, software livre, trabalho colaborativo, etc), favorece o engajamento de cidadãos em pesquisas. Trata-se de projetar dispositivos não proprietários ou de código aberto e, ao mesmo tempo, designar interfaces de conhecimento para uma produção resultante da experimentação social que possa servir como referência ou alternativa aos modelos institucionais. Os processos de revisão por pares, no cerne da atividade científica, estão na base da produção de objetividade na ciência. Todavia, ao introduzirmos não-especialistas no processo científico, suas contribuições podem romper esses mecanismos autorreguladores da ciência, que normalmente determinam a objetividade científica. Os cientistas podem perder um pouco de sua autonomia em termos de capacidade de definir seus objetivos e prioridades por conta própria, mas, os objetivos atribuídos à ciência estão historicamente situados. Ainda hoje temos uma tensão entre duas visões desses objetivos. A primeira, sempre estruturante: compreender o mundo, independente da utilidade possível desse conhecimento. A segunda, utilizar o conhecimento adquirido para “dominar” a natureza e a realização de avanços práticos. Desse modo, a ciência deve responder aos problemas da sociedade e a Ciência Cidadã se torna compatível com tais objetivos. Por outro lado, se aderirmos à ideia de uma ciência
  • 26. desinteressada e autônoma, a Ciência Cidadã entra em tensão com essa visão. METODOLOGIA Este estudo apresenta natureza descritiva e foi conduzido por meio de estratégia qualitativa. Trata-se de uma investigação bibliográfica na qual as bases de dados Web of Science (WoS) e Base de dados referenciais de artigos de periódicos em Ciência da Informação (Brapci) foram utilizadas para a coleta de dados. A base WoS foi escolhida por ser uma fonte de informação multidisciplinar e quantitativamente representativa da produção científica mundial e a Brapci por ser uma importante fonte de conhecimento científico em Ciência da Informação. A coleta de dados ocorreu em 10 de maio de 2022. O procedimento de busca utilizado nas bases de dados foi a busca simples, combinando os termos Ciência Cidadã e Ciência Aberta com o operador booleano “E”, em inglês, respectivamente, “Citizen Science” AND “Open Science”, sem limitação temporal ou de idioma. Após as buscas, na WoS foram recuperados 65 documentos e foram excluídos os materiais que não se encaixam na tipologia de artigo, totalizando 62 artigos avaliados. Assim sendo, analisamos as abordagens de cada documento a partir da leitura do resumo de cada um para compreender o que está sendo produzido nos âmbitos da Ciência Cidadã e da Ciência Aberta. No caso da Brapci foram recuperados 16 documentos do tipo artigo, sendo que um trabalho já constava na WoS e outro não se enquadrou no tema do presente trabalho. Assim, a amostra foi composta por 14 artigos. RESULTADOS Os documentos selecionados para compor o corpus desta pesquisa foram analisados e, a partir disso, foi proposto um agrupamento dos trabalhos na seguinte categorização de análise: Conceito, usos da Ciência Cidadã e projetos; Bibliotecas; Engajamento de cidadãos em pesquisa científica e apoio necessário para lidar com coleta e uso de dados; Tecnologias de Comunicação e Informação; COVID-19; Plataformas em Ciência Cidadã; Comunicação científica; Dados abertos ou banco de dados; Co-criação; Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS); Princípios, evolução e promoção da Ciência Aberta; Trabalho colaborativo entre cidadãos e cientistas;
  • 27. Humanidades digitais; Aspectos epistemológicos da Ciência da Informação e Aprendizagem e recursos educacionais. Com relação às áreas do conhecimento definidas pela WoS, os artigos estão inseridos em sua maior parte, no campo da Ciência da Informação e Ciência de Biblioteca, seguidos de Ciência da Computação e Sistemas de Informação. No caso das buscas realizadas na base de dados Brapci, temos a seguinte categorização de análise: Princípios, evolução e promoção da Ciência Aberta: 4; Tecnologias de Comunicação e Informação; Dados abertos ou banco de dados; Conceito, usos da Ciência Cidadã e projetos; Aspectos epistemológicos da Ciência da Informação; Bibliotecas e Humanidades digitais. Nesse sentido, faz-se necessário tecermos algumas considerações a respeito do cenário encontrado após as buscas nas referidas bases de dados, o que será feito no tópico a seguir. DISCUSSÃO Os resultados permitem inferir que: a maior parte dos trabalhos têm foco nos princípios e evolução da Ciência Aberta de forma geral, mencionando a Ciência Cidadã como uma de suas iniciativas. No que diz respeito às plataformas em Ciência Cidadã, salientamos que estas poderão contribuir para a reunião e divulgação das iniciativas em Ciência Cidadã; na literatura consultada. Não se localizou a forma como são geridos os dados das pesquisas, tampouco a existência de um plano de gestão de dados por parte dos projetos citados. Concluímos que as bibliotecas são ambientes propícios para projetos em Ciência Cidadã e o bibliotecário pode atuar no aprimoramento das habilidades de usos da informação, proporcionando aos cidadãos o desenvolvimento de competência crítica em informação. Por fim, localizamos uma ocorrência de trabalho sobre comunicação científica, que estuda os modos por meio das quais os cientistas se comunicam para promover e validar as suas descobertas científicas. Hoje o meio mais utilizado tem sido o artigo científico. Aqui podemos nos questionar se a Ciência Cidadã, com o trabalho colaborativo dos cidadãos, não estaria alterando os paradigmas vigentes da comunicação científica ao impulsionar uma nova maneira de fazer e pensar a ciência. CONCLUSÕES PARCIAIS
  • 28. Esta pesquisa preliminar mostrou que quanto mais a Ciência Cidadã expandir seus horizontes em direção aos postulados da Ciência Aberta, mais condições terá de se firmar como uma metodologia de pesquisa participativa, democrática e de qualidade. Constatamos que as publicações científicas examinadas estão mais direcionadas às infraestruturas e análises sobre diagnósticos dos projetos, configurando estudos de casos. Aspectos fundamentais que configuram os grandes eixos da Ciência Aberta poderiam ser abordados com mais profundidade, enriquecendo os debates sobre as mudanças no campo da comunicação científica e até mesmo, a possível configuração de um novo paradigma da informação com a atuação dos cidadãos em pesquisas científicas. Assim, a interlocução entre os postulados da Ciência Aberta e da Ciência Cidadã ensejam um cenário profícuo para a garantia de elementos, tais como, transparência, ética, direito à informação e desenvolvimento da cidadania. Para pesquisas futuras, sugerimos buscar outras expressões similares à Ciência Cidadã em bases de dados, para expandir os resultados. REFERÊNCIAS ALBAGLI, Sarita. Ciência aberta em questão. In: ALBAGLI, Sarita; MACIEL, Maria Lucia Maciel; ABDO, Alexandre Hannud (Org.). Ciência aberta, questões abertas. Brasília: IBICT; Rio de Janeiro: UNIRIO, 2015. p. 9 – 25. BASE de dados referenciais de artigos de periódicos em Ciência da Informação. Brapci. Disponível em: https://www.brapciinf.br/. Acesso em: 04 maio 2022. CLARIVATE Analytics. Web of Science. Disponível em: https://www- webofscience.ez45.periodicos.capes.gov.br/wos/woscc/basic-search. Acesso em: 04 maio 2022. EUROPEAN Citizen Science Association. Dez princípios da ciência cidadã. 2015. Disponível em: https://ecsa.citizen- science.net/sites/default/files/ecsa_ten_principles_of_cs_portuguese.pdf. Acesso em: 10 abr. 2022. FOSTER OPEN SCIENCE. Open science taxonomy. [S.l.]: Foster, 2018. Disponível em: https://www.fosteropenscience.eu/ foster-taxonomy/open- access. Acesso em: 10 abr. 2022.
  • 29. SILVA, Fabiano Couto Corrêa da. Gestão de dados científicos. Rio de Janeiro: Interciência, 2020.
  • 30. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - FORMAÇÃO E ENGAJAMENTO EM CIÊNCIA CIDADÃ DADOS PRELIMINARES DA DIVERSIDADE PARASITÁRIA DE PEIXES COMERCIAIS PROVENIENTES DO INTERFLÚVIO MADEIRA-PURUS, AMAZONAS, BRASIL Marcelo Rodrigues Dos Anjos (anjos@ufam.edu.br) Igor Hister Lourenço (igorhisteragro@gmail.com) Larissa Sbeghen Pelegrini (biolarapelegrini@gmail.com) Mariel Acácio De Lima (mariel.acacio@gmail.com) Keythiane Freire Ramos (keythianelucasramos@gmail.com) Valéria Fernanda Silva Martins (valeriasilva17@gmail.com) Tipo de estudo: Produção científica RESUMO O consumo de peixe é muito significativo na região amazônica, e é a principal fonte de proteínas para a população local. Entretanto, os cuidados com a sanidade animal nestas localidades nem sempre são conhecidos ou explorados. Objetivou-se a análise parasitológica de teleósteos provenientes da pesca artesanal desembarcada em Humaitá, Amazonas. Os hospedeiros foram coletados e necropsiados de outubro de 2020 a outubro de 2021. Os parasitos foram coletados, contabilizados e identificados conforme metodologia
  • 31. específica. Foram obtidos 80 exemplares de peixes pertencentes à 9 espécies. Deste, 59 exemplares albergavam parasitos em estágio larval ou adulto. Foram coletados 3557 parasitos pertencentes à Monogenea, Digenea, Cestoda, Nematoda, Copepoda e Pentastomida. As espécies de Monogenea foram as mais abundantes. Foram encontradas larvas de Anisakidae (Nematoda), com potencialidade zoonótica. Até o momento, foram identificados 33 espécies de parasitos, com ao menos 3 espécies novas em processo de descrição. INTRODUÇÃO A bacia amazônica possui a maior e mais diversificada fauna de peixes do planeta, com estimativas de 1.500 - 3.000 espécies e com representantes de praticamente todas as ordens de peixes de água doce. Proporcionalmente à diversidade de peixes de água doce, pode-se afirmar que a diversidade de seus parasitos associados também é bastante expressiva no Brasil, e ainda precisa ser mais explorada (Eiras et al., 2010). A presença ou ausência de certas espécies de parasitos ou alterações dos níveis de parasitismo previamente conhecidos podem estar relacionados com a dinâmica das bacias hidrológicas, mas também evidenciar modificações em sua integridade ambiental. A identificação desses parasitos pode ser utilizada como base para outros estudos, como patologia de peixes, como bioindicadores da qualidade ambiental, e como estudos de potencial zoonótico, já que pode ocorrer o parasitismo acidental de seres humanos por parasitos de peixes (Eiras et al., 2016). O presente estudo obteve dados preliminares da diversidade de parasitos em peixes teleósteos provenientes da pesca artesanal desembarcada na região do interflúvio Madeira-Purus. A princípio foi realizado um inventário faunístico local dos parasitos encontrados nos respectivos hospedeiros e foi verificado o potencial zoonótico de algumas espécies de parasitos que possam ser transmitidos através da ingestão destes peixes. METODOLOGIA Os peixes do presente estudo foram obtidos no momento do desembarque pesqueiro, diretamente na colônia de pescadores Z-31 Dr. Renato Pereira Gonçalves, no município de Humaitá, Amazonas. Estes peixes são
  • 32. provenientes dos tributários do interflúvio Madeira-Purus. As coletas ocorreram de outubro de 2020 a outubro de 2021. As análises (necropsias, montagem e parte da identificação dos parasitos) foram realizadas no Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira (LIOP/IEAA/UFAM). O projeto foi realizado de acordo com as normas federais para coleta e transporte de animais silvestres e também com os princípios éticos na experimentação animal (SISBio n° 29476-3). Os hospedeiros foram submetidos à necropsia completa incluindo todos os órgãos. Estes órgãos foram retirados, individualizados, peneirados, colocados em placa de Petri com água e observados em estereomicroscópio. Foi realizada a filetagem da musculatura à procura de parasitos encistados. Cada parasito encontrado foi coletado, contabilizado e armazenado em solução adequada (etanol 70% ou formalina 4%). Os parasitos foram corados ou clarificados, e lâminas de microscopia óptica foram montadas para suas identificações, seguindo a metodologia específica para cada grupo. RESULTADOS Foram obtidos 80 exemplares de peixes de nove espécies diferentes coletados no momento da chegada da embarcação à colônia de pescadores Z-31 ou então adquiridos diretamente no mercado municipal da cidade de Humaitá, pertencentes às seguintes espécies: Prochilodus nigricans (curimatã) (n =1), Mylossoma aureum (pacu comum) (n = 30), Mylossoma duriventre (pacu manteiga) (n = 30), Osteoglossum bicirrhosum (aruanã) (n = 1), Triportheus auritus (sardinha) (n = 4), Astronotus ocellatus (apaiari ou acará-açu) (n = 1), Cichla monoculus (tucunaré) (n = 8), Cichla pleiozona (tucunaré) (n = 2), e Pseudoplatystoma fasciatus (n=1). Do total de hospedeiros analisados, 59 peixes estavam infectados com parasitos em estágio larval ou adulto, encistados ou não. As espécies de hospedeiros que apresentaram exemplares não parasitados foram M. aureum e M. duriventre. Foram coletados 3557 parasitos, pertencentes aos seguintes grupos: Classe Monogenea (superfície corporal, narina e brânquias); metacercárias e adultos da Subclasse Digenea (brânquias, intestino e cavidade); Classe Cestoda (intestino), Filo Nematoda (brânquias, fígado, cavidade, estômago, intestino e
  • 33. mesentério); Subclasse Copepoda (superfície e brânquias); e larvas da Subclasse Pentastomida (bexiga natatória, estômago e intestino). A Classe Monogenea (1756 exemplares) foi a mais prevalente dente os parasitos. Vale destacar que a maioria dos espécimes de Nematoda estava em estágio larval L3 ou L4 e pertencem a família Anisakidae. Foram identificados exemplares dos gêneros Anisakis sp., Contracaecum sp. e Brevimulticaecum sp. Estes parasitos são importantes, pois são organismos com potencial zoonótico aos seres humanos. Até o momento, foram identificados 33 espécies de parasitos nestes peixes, com ao menos 3 espécies novas. DISCUSSÃO As espécies de parasitos são componentes onipresentes da maioria dos ecossistemas. Elas ocorrem em praticamente todas as cadeias alimentares e em todos os níveis tróficos. A maioria das espécies de seres vivos que habita o planeta serve como hospedeiras de uma ou mais espécies de parasitos (Marcogliese, 2004). Presume-se que todas as espécies de peixes de água doce possam estar infectadas com parasitos. Devido à sua longa história evolutiva, os peixes são os substratos vivos com maior tempo de exposição para a adaptação de organismos simbiontes à vida parasitária. Além disso, as características do ambiente aquático facilitam a propagação, reprodução e complementação do ciclo de vida destes parasitos (Malta, 1984). O número de espécies de parasitos nos ecossistemas aquáticos continentais brasileiros ainda é impreciso e difícil de ser estimado, devido a várias dificuldades como a insuficiência de pesquisadores e a infraestrutura necessária para as amostragens. Apesar de todas essas dificuldades alguns trabalhos mostram que as águas brasileiras (e dentre elas, os ambientes amazônicos) possuem uma grande riqueza para estes organismos (Agostinho et al., 2005). A escassez de estudos específicos relacionados ao potencial zoonótico de parasitos de peixes aumentam o risco de ingestão acidental de pescado contaminado, constituindo um problema de saúde pública local (Eiras et al., 2018). No presente estudo, pelo menos três espécies com potencialidade zoonótica foram identificadas, ressaltando a importância do tema para a
  • 34. sanidade do pescado desembarcado em Humaitá, já que a pesca artesanal é a principal fonte de renda da região. Em função da importância socioeconômica e ambiental dos rios Madeira e Purus, bem como de seus tributários, os resultados gerados poderão servir como subsídios em futuros estudos de integridade biótica e de biodiversidade, na gestão dos recursos hídricos e pesqueiros, e principalmente, fomentar ações que envolvam a segurança alimentar no consumo do pescado regional. AGRADECIMENTOS: Laboratório de Ictiologia e Ordenamento Pesqueiro do Vale do Rio Madeira da Universidade Federal do Amazonas – LIOP/UFAM; a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES; o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq; a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM através da chamada pela Chamada Transnacional Conjunta BiodivRestore 2020-2021 (Resolução N° 016/2020); a Rede Ciencia Ciudadana para la Amazonía; e o Programa de Pesquisa em Biodiversidade – PPBio. REFERÊNCIAS AGOSTINHO, A.A.; THOMAZ, S.M. & GOMES, L.C. 2005. Conservação da biodiversidade em águas continentais do Brasil. Megadiversidade, 1: 70-78. EIRAS, J.C.; PAVANELLI, G.C.; TAKEMOTO, R.M.; YAMAGUCHI, M.U.; KARKLING, L.C. & NAWA, Y. 2016. Potential risk of fish-borne nematode infections in humans in Brazil – current status based on a literature review. Food and Waterborne Parasitology, 5: 1-6. EIRAS, J.C.; PAVANELLI, G.C.; TAKEMOTO, R.M. & NAWA, Y. 2018. An Overview of Fish-borne Nematodiases among Returned Travelers for Recent 25 Years– Unexpected Diseases Sometimes Far Away from the Origin. The Korean Journal of Parasitology, 56: 215–227. EIRAS, J.C.; TAKEMOTO, R.M.; PAVANELLI, G.C. & ADRIANO, E.A. 2010. Diversidade dos parasitas de peixes de água doce do Brasil. Maringá: Clichetec.
  • 35. MALTA, J.C.O. 1984. Os peixes de um lago de várzea da Amazônia Central (Lago Janauacá, Rio Solimões) e suas relações com os crustáceos ectoparasitas (Branchiura: Argulidae). Acta Amazonica, 14: 355-372. MARCOGLIESE, D.J. 2004. Parasites: small players with crucial roles in the ecological theater. EcoHealth, 1: 151-164.
  • 36. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - FORMAÇÃO E ENGAJAMENTO EM CIÊNCIA CIDADÃ ECOLOGIA E SAÚDE: CIÊNCIA CIDADÃ PARA MONITORAMENTO DA DENGUE Nathalia Brunetto Pinto (nathbrunett@gmail.com) Ana Alice Aguiar Eleuterio (ana.eleuterio@unila.edu.br) Tipo de estudo: Produção científica RESUMO As arboviroses são problemas de saúde pública mundial (Sanyaolu et al., 2017). Buscando estratégias de divulgação científica sobre o papel do cidadão no controle de epidemias (Den Broeder et al., 2018), professores e alunos da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) desenvolveram o presente projeto, apoiando a utilização do protocolo Mosquito Habitat Mapper, do programa Global Learning and Observations to Benefit the Environment (GLOBE), a fim de fomentar práticas de investigação em ecologia de arboviroses transmitidas por mosquitos do gênero Aedes junto a alunos do Ensino Fundamental II, propondo também a formação de professores. Em meio à pandemia da COVID-19 criou-se o portal educativo ecologiaesaude.com e o perfil no Instagram @ecologiaesaude, a fim de realizar a divulgação científica virtualmente. Algumas das metodologias propostas vêm
  • 37. sendo testadas, como a instalação de ovitrampas, e o teste dos protocolos com crianças está previsto para o mês de junho. INTRODUÇÃO A dengue, assim como outras enfermidades transmitidas por mosquitos, constitui problemas de saúde pública mundial (Sanyaolu et al., 2017). Nas cidades, a falta de moradia adequada, acúmulo de resíduos sólidos e ausência de saneamento básico contribuem para a proliferação de mosquitos e, consequentemente, para a ocorrência de epidemias (Tauil, 2001). São registrados entre 80 e 100 milhões de casos de dengue por ano no mundo, tendo sido nos primeiros seis meses de 2020, apenas na América, mais de 1,6 milhões de pessoas acometidas, sendo o Brasil o país mais afetado (SANTOS, 2015). Assim, a adoção de práticas que visem a educação e conscientização ambiental, atrelados a projetos que envolvem a Ciência Cidadã, pode fomentar a cooperação entre cientistas e cidadãos, em prol da resolução de um problema global (SANTOS, 2015). Estratégias de divulgação científica que colaborem com a popularização da ciência podem contribuir para ampliar o conhecimento da população sobre essas doenças e também o papel do cidadão no controle de epidemias (Den Broeder et al., 2018). Em vista disso surgiu o projeto de extensão Ecologia e Saúde, desenvolvido por professores e alunos da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), propondo-se a apoiar a utilização em sala de aula do protocolo Mosquito Habitat Mapper, do programa Global Learning and Observations to Benefit the Environment (GLOBE). Pretende-se com isso aportar para o surgimento de ações participativas na área de saúde e meio ambiente (Den Broeder et al., 2018), iniciadas nas escolas de Ensino Fundamental II que participarão do projeto. Os protocolos desenvolvidos serão testados com alunos e professores, fomentando a construção de processos participativos em torno de um tema socioambiental relevante. Dessa forma, entende-se como objetivo principal deste projeto o fomento ao letramento científico, utilizando metodologias que permitam a execução de projetos de ciência que abordem o mapeamento do habitat de mosquitos transmissores de arboviroses. METODOLOGIA
  • 38. Baseando-se no protocolo Mosquito Habitat Mapper, do programa GLOBE, promovido pela NASA, emprega-se ferramentas para que cidadãos que não fazem parte do meio acadêmico possam auxiliar no mapeamento do habitat de mosquitos vetores de arboviroses por meio do aplicativo Globe Observer, possibilitando também a identificação taxonômica dos espécimes encontrados, e os dados gerados no aplicativo podem ser utilizados por pesquisadores e autoridades de saúde pública. A partir dos protocolos pretende-se fomentar práticas de investigação em ecologia de doenças infecciosas causadas por mosquitos do gênero Aedes junto a alunos do Ensino Fundamental II de escolas no município de Foz do Iguaçu, Paraná. Além da execução dos protocolos, o projeto visa ainda desenvolver atividades de formação de professores e propõe a execução de uma mostra de ciência. Em meio aos desafios enfrentados pelos projetos durante a pandemia da COVID-19 criou-se o portal educativo ecologiaesaude.com, além de um perfil no Instagram (@ecologiaesaude), a fim de alcançar o público virtualmente, diante da impossibilidade de visitas presenciais às escolas e comunidades. Nessas plataformas são disponibilizados materiais relacionados a diferentes aspectos da biologia dos mosquitos, à ciência cidadã, a arboviroses e ao ensino de ciências para crianças, produzidos pela própria equipe e elaborados em linguagem simples e acessível. RESULTADOS As plataformas virtuais têm se revelado eficientes ferramentas de divulgação científica, conforme se demonstra no presente relato de experiência. A rede social atualmente já conta com mais de 740 seguidores e as publicações, que são feitas semanalmente, têm atingido engajamento orgânico e satisfatório. Frequentemente essas postagens estão vinculadas a conteúdos do portal educativo, direcionando os leitores ao site. Esses resultados revelam a relevância, assim como o interesse do público, no que se diz respeito a doenças infecciosas transmitidas por mosquitos, especialmente do gênero Aedes. Com o retorno das ações presenciais possibilitando a visita às escolas e comunidades, os materiais desenvolvidos ao longo do tempo de atividade do projeto serão utilizados junto aos protocolos de mapeamento de habitat de mosquitos para instruir alunos e professores do Ensino Fundamental II,
  • 39. ressaltando a importância de cuidados básicos e disseminação de conhecimento sobre arboviroses de grande importância na região. DISCUSSÃO Algumas das metodologias propostas pelo projeto vêm sendo testadas pela equipe. Durante os últimos meses foram construídas e instaladas ovitrampas em determinados pontos de um dos campi da UNILA, em Foz do Iguaçu, as quais vêm sendo regularmente monitoradas e terão todo o seu procedimento e resultados documentados por via das plataformas virtuais. A testagem de aplicação das metodologias e protocolos com crianças está prevista para o mês de junho na Biblioteca para Infância e Juventude Iguaçuense. Posteriormente os resultados desses testes serão aproveitados para produzir planos de aula que se adequem a temáticas nas áreas de Ciências e Matemáticas, que compõem a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Fundamental II, além de instruir professores à utilização e incorporação dos métodos em suas atividades de ensino. A partir dos meios previamente pontuados, este projeto promove a conscientização da população acerca de epidemias tropicais de grande importância na região de estudo, contribui para a construção do conhecimento sobre a ecologia de insetos vetores de doenças e para a vinculação entre escola e universidade através da promoção da aprendizagem científica, coleta de dados e participação em eventos científicos, viabilizando assim a participação pública e diminuição de desigualdades no acesso à educação de qualidade (ODS 3 – Saúde e bem-estar, em interface com ODS 4 – Educação inclusiva, ODS 5 – Igualdade de gênero, ODS 10 – Redução de desigualdades, e ODS 17 – Estabelecimento de parcerias e meios de implementação). Além disso, tende a fomentar em jovens habilidades de pesquisa, alfabetização em matemática e aquisição de conhecimentos para o desenvolvimento sustentável (ODS 4 – Educação inclusiva, equitativa e de qualidade). AGRADECIMENTOS À PROEX, por apoiar e incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico; À UNILA, pela oportunidade de fazer e divulgar ciência e pelos auxílios prestados no decorrer do projeto;
  • 40. Aos colaboradores dos projetos “Ecologia e Saúde: ciência cidadã para monitoramento da dengue”, “Redes sociais e portal educativo Ecologia e Saúde” e “Conhecendo o Aedes aegypti e o Aedes albopictus, os mosquitos dos VÁRIOS vírus”; À professora Dra. Ana Alice, coordenadora do projeto, por nos orientar com maestria; À professora Dra. Elaine, orientadora do projeto, por todo apoio e incentivo. REFERÊNCIAS Sanyaolu, A. et al. Global epidemiology of dengue hemorrhagic fever: na update. J. Hum. Viro.Retroviol. 5(6): 00179, 2017. Tauil, P.L. Urbanização e ecologia da dengue. Cad. Saúde Pública 17: 99-102, 2001. Den Broeder, L., et al. Citizen science for public health. Health Promotion International 33: 505-514, 2018. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: http://download.basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 14 de maio de 2022. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: objetivos de aprendizagem. Paris: UNESCO, 2017. SANTOS, S. M. et.al. Estimativa de custos diretos do Programa Municipal de Controle da Dengue de Goiânia. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2015.
  • 41. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - FORMAÇÃO E ENGAJAMENTO EM CIÊNCIA CIDADÃ UMA CIENTISTA CIDADÃ EM AÇÃO: AS ÁGUAS DO MUNICÍPIO DE SANTA TERESA/ES Sindy Catalunha (sindycatalunha@gmail.com) Laercio Ferracioli (laercio.inma@gmail.com) Juliana Silva França (julianafrancaufmg@gmail.com) Tipo de estudo: Estudo de caso Instituições/Afiliações dos autores: 1 - Escola Estadual José Pinto Coelho 2 - INMA/UFES 3 - UVV/INMA RESUMO A ciência cidadã potencializa o envolvimento da população na pesquisa científica. Nós propusemos um monitoramento participativo de ecossistemas aquáticos continentais no município de Santa Teresa/ES em parceria com a educação básica. O protocolo de ciência cidadã se baseia na classificação de águas pela legislação ambiental. O objetivo foi avaliar a qualidade de águas na
  • 42. bacia do rio Timbuí com base em parâmetros levantados por uma estudante do ensino médio, atuando como cientista cidadã. A avaliação foi realizada com a utilização de um kit colorimétrico, em dois afluentes que passam pela área urbana do município, um deles inserido em uma área protegida. A avaliação dos afluentes do rio Timbuí demonstrou alteração nas concentrações de amônia, que pode indicar a contaminação química. Nosso objetivo é que estas atividades sejam realizadas por outras escolas do município, contribuindo para a formação de jovens cidadãos conscientes e participativos para a manutenção das águas da região. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO/ CONTEXTUALIZAÇÃO O impacto ambiental que o crescimento urbano promove vem causando eventos de extinção que definem a história da biodiversidade no planeta. Perdas e modificações na biodiversidade aquática e terrestre aumentam anualmente em função das mudanças drásticas ocorridas em ecossistemas por ação humana. Em áreas urbanas a qualidade ambiental tem piorado em função do crescimento demográfico e desenvolvimento socioeconômico, afetando a estrutura e funcionamento de ecossistemas e, em consequência, seus bens e serviços (Booth et al., 2016). Mas, será que a população do planeta está apta a documentar e enfrentar esta crise? A participação da comunidade na investigação científica, ou ciência cidadã, é um movimento crescente que envolve o público em atividades de monitoramento e experimentação através de uma ampla gama de ações participativas (Theobald et al., 2015). É possível que esse crescente envolvimento público em conhecimento científico possa ser aplicado em escalas básicas de investigação para que contribuam para o enfrentamento da crise mundial e, consequentemente, levem à diminuição dos impactos crescentes sobre a biodiversidade (França & Callisto., 2019). A avaliação de impactos, através de monitoramentos ambientais tem sido cada vez mais realizada para o acompanhamento das mudanças ocorridas em função das atividades humanas. Muitas destas iniciativas envolvem monitoramentos participativos, firmando-se como um passo importante para o envolvimento ativo da comunidade no acompanhamento e gestão dos problemas ambientais (França et al., 2019).
  • 43. Monitoramentos participativos são uma ferramenta prática de ciência cidadã para diagnóstico de qualidade ambiental e exercício de cidadania em bacias hidrográficas urbanas (França et al., 2019). O estabelecimento de programas de monitoramentos ambientais com a sociedade pode ser eficiente no estímulo participativo na gestão de águas, sendo uma importante alternativa na educação científica da comunidade em idade escolar (Schuttler et al., 2019). Além da educação científica, jovens em fase de formação quando engajados em atividades em conexão com o meio ambiente, constroem valores que perduram pela idade adulta (Schuttler et al., 2019). O acesso à informação e o treinamento de jovens preveem futuramente um melhor envolvimento comunitário em ações de conservação (Conrad & Hilchey 2011). O objetivo deste trabalho foi utilizar um protocolo de ciência cidadã, adaptado para realização pela educação básica, para o monitoramento de ecossistemas aquáticos urbanos. DESENVOLVIMENTO As coletas foram realizadas semanalmente, em duas estações amostrais dos córregos São Pedro (referência) e São Lourenço (influência direta urbana), no município de Santa Teresa/ES. As estações amostrais foram pré-selecionadas pela estudante do ensino médio com o propósito de responder a seguinte pergunta: O córrego São Pedro, por passar em uma área protegida do município (Parque do Museu de Biologia Professor Mello Leião-MBML), apresenta melhores condições que o córrego São Lourenço (que é diretamente influenciado pela área urbana do município)? Para caracterização do entorno foi determinado um índice de influência local, calculado através da aplicação de um protocolo de caracterização de habitats que se baseia em três métricas principais: (i) estabilidade das margens; (ii) habitats no leito e (iii) impactos humanos, divididos em 10 parâmetros a serem observados em um trecho do rio. Cada um dos 10 parâmetros recebeu maior pontuação (10 pontos) para melhor condição, pontuação média (5 pontos) para condição moderada e pontuação baixa (0 pontos) para pior condição observada. A soma de todas as dez pontuações do índice pode variar em um valor final de 0 a 100, e a situação do trecho é classificada subjetivamente em três categorias: altamente perturbado (<40 pontos), moderadamente perturbado (41-68 pontos), ou menos perturbado (>68 pontos).
  • 44. A classificação de águas com base na legislação ambiental brasileira (qualidade física e química) foi avaliada através da utilização de conjuntos colorimétricos. Os valores mensurados foram comparados com limites recomendados pela Resolução CONAMA 357/2005 para águas de Classe 2. Foram considerados parâmetros importantes para manutenção da comunidade aquática, como oxigênio dissolvido, pH, formas dissolvidas de nitrogênio e turbidez. Após avaliações, o resultado indicou se o ecossistema atende ou não aos limites estabelecidos pela legislação para águas de Classe 2. Os valores considerados em conformidade com a legislação brasileira foram pH (entre 6 e 9), turbidez (<100 UTN), oxigênio dissolvido (>5 mg/L), amônia (<3,7 mg/L), nitrato (<10,0 mg/L) e nitrito (<1,0 mg/L) RESULTADOS ALCANÇADOS E LIÇÕES APRENDIDAS Foram realizadas 19 amostragens entre os meses de agosto e novembro de 2021, em ambas as estações amostrais, através dos seguintes parâmetros: temperatura, oxigênio dissolvido, pH, amônia, nitrato e nitrito. O horário de coleta se manteve entre 10:20hs e 15:10hs. A temperatura média do ar para o período foi de 23,6 ± 3,5ºC e a temperatura da água foi de 22,2 ± 2,7ºC (São Pedro) e 22,3 ± 2,1ºC (São Lourenço). O protocolo de hábitats físicos utilizado caracterizou os trechos avaliados como perturbação mínima a moderada no córrego São Pedro e perturbação moderada a alta no córrego São Lourenço. A média de oxigênio dissolvido (OD) foi de 8,9 ± 0,2mg/L no córrego São Pedro e de 9,0 ± 0,0 mg/L no córrego São Lourenço. As medições do potencial hidrogeniônico (pH) foi de 6,9 ± 0,2 (neutro) em ambos os córregos. As medições das formas reduzidas de nitrogênio (N) foram: amônia 0,7 ± 0,5mg/L e 1,8 ± 0,3mg/L, nos córregos São Pedro e São Lourenço, respectivamente, nitrato 0,7 ± 0,2mg/L e nitrito 0,0mg/L para ambos. As amostragens se apresentaram estáveis ao longo do período e nenhum dos parâmetros se apresentou fora dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/2005 para águas de Classe 2. Apesar de não ultrapassar os limites estabelecidos pela legislação, as avaliações de amônia apresentaram aumento significativo em seus valores, especialmente no São Lourenço (área não protegida). A amônia está naturalmente presente nos ecossistemas aquáticos sendo um importante nutriente para o crescimento de algas. Porém, o excesso deste nutriente em ecossistemas aquáticos está relacionado à entrada de esgotos sem tratamento;
  • 45. à entrada de fertilizantes em áreas agrícolas, e ao despejo de indústrias químicas (França & Callisto, 2019). Os resultados não demonstraram diferenças entre os córregos São Pedro e São Lourenço. Apesar de o ponto de coleta da área referência (São Pedro) estar inserido em uma área protegida, o trecho recebe influência da área urbana do município vinda de montante. Entendemos que os resultados alcançados, mesmo que preliminares, são eficientes para uma caracterização inicial de impactos em ecossistemas aquáticos urbanos e podem se tornar uma importante ação para a formação de estudantes da educação básica, como jovens cidadãos conscientes e participativos para a manutenção das águas do município de Santa Teresa. Nós consideramos a importância desta atividade para uma estudante do ensino médio, em sua formação e visão diferenciadas em relação às evidências científicas alcançadas na participação de um projeto de ciência cidadã. AGRADECIMENTOS Ao INMA/MCTI pela disponibilidade de acesso e apoio às coletas e análises de amostras. SC é estudante de ensino médio da rede pública estadual do ES. LF é bolsista PCI-CNPq-MCTI pelo INMA. JF é bolsista DCR-FAPES-CNPq pela UVV. REFERÊNCIAS Booth D, Roy A, Smith B, Capps K (2016) Global perspectives on the urban stream syndrome. Fresh. Sci.35:412–420. Conrad C, Hilchey K (2011) A review of citizen science and community-based environmental monitoring: Issues and opportunities. Environ. Monit. and Asses. 176: 273–291. França J, Callisto M (2019) Monitoramento participativo de rios-urbanos, Juliana Silva França: Belo Horizonte, 284p. França J, Solar R, Hughes R, Callisto M (2019) Student monitoring of the ecological quality of neotropical urban streams. Ambio 48: 867–878. Schuttler S, Sears R, Orendain I, Khot R, Rubenstein D, Rubenstein N, Dunn R, Baird E, Kandros K, O’Brien T, Kays R (2019) Citizen science in schools:
  • 46. Students collect valuable mammal data for science, conservation, and community engagement. Bioscience 69 (1):69-79. Theobald E, Ettinger A, Burgess H, Debey L, Schmidt N, Froehlich H, Wagner C, Hillerislambers J, Tewksbury J, Harsch M, Parrish J (2015) Global change and local solutions: Tapping the unrealized potential of citizen science for biodiversity research. Biol. Cons.181: 236-244.
  • 47. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - IMPLICAÇÕES E IMPACTOS POLÍTICOS DA CIÊNCIA CIDADÃ EFEITOS DA PANDEMIA NO PADRÃO DE COMPORTAMENTO DOS USUÁRIOS DA PLATAFORMA INATURALIST Ramon Silva De Oliveira (raolivebio@gmail.com) Fernanda Beatriz Do Nascimento (fernandabeatrizncm42@gmail.com) Cleodon Teodósio Da Silva (theodosius.c@gmail.com) Tipo de estudo: Produção científica RESUMO A ciência cidadã é uma abordagem democrática de pesquisa que envolve cientistas e voluntários interessados em ciências na produção de conhecimentos. A plataforma iNaturalist é uma das maiores plataformas online para naturalistas, que facilita essa aproximação. O isolamento social decorrente da pandemia de COVID 19 modificou o comportamento da sociedade em vários aspectos. Nesse trabalho, buscamos compreender o padrão de comportamento dos usuários dessa plataforma durante a pandemia, . analisando alguns aspectos do perfil de 3.127 observadores de Apoidea brasileiros tais como:, profissão, sexo, número de observações, data de inicio e data da última atividade. Concluímos que houve mudanças no comportamento dos usuários com recrutamento exponencial no período pandêmico. Essas
  • 48. variações podem ser explicadas pelo longo período no qual as pessoas permaneceram em casa, buscando conciliar demandas profissionais, pessoais e domésticas. INTRODUÇÃO/FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A ciência cidadã é uma prática que envolve a parceria de cientistas com voluntários para responder a perguntas científicas (Dickinson et al. 2012), por proporcionar um espaço democrático a ciência cidadã, inclui dferentes perfis de participantes nas diferentes etapas do processo de pesquisa (Hecker et al. 2018), que vão desde a concepção de projetos, sugerindo hipóteses à coleta, classificação, análise de dados e /ou comunicar as descobertas (West, Pateman, 2016) Isto oferece uma oportunidade particularmente notável para repensar questões de inclusão em produção de conhecimento. Gurin et al. 1999, em Pandya 2012. Bonney et al. (2016, p. 12) concluem que “se o campo de ciência cidadã contribui verdadeiramente para a democratização da ciência, então ela deve se esforçar para atingir uma gama mais ampla de públicos e participantes”. É por isso que a inclusão (em termos de participação) é uma parte central da ciência cidadã e deve ser examinada ao longo de diferentes eixos como sexo, etnia, socioeconômico e sociocultural. status, localização e nível educacional, além de como esses eixos se cruzam para definir hierarquias e relações de poder (Paleco, 2021). O recrutamento de participantes, é, portanto, essencial para o sucesso de projetos de ciência cidadã e baixos níveis de recrutamento ou declínios na participação podem levar à cessação de projetos (West, Pateman, 2016). Os projetos de ciência cidadã online ampliaram as opções de acesso à ciência e possibilitaram diferentes formas de participação na pesquisa científica para voluntários adultos e jovens, como na plataforma iNaturalist que é uma das maiores plataformas de ciência cidadã online para naturalistas, hospedando aproximadamente 50 milhões de observações verificáveis ??de 300.000 espécies por 1.370.000 usuários em Maio 2022. No entanto, pouco se sabe sobre os padrões de participação entre os participantes. Compreender a participação em projetos de ciência cidadã pode informar a concepção de projetos e aumentar o sucesso em termos de envolvimento efetivo de voluntários com atividades científicas, e também
  • 49. melhorar os processos e resultados de aprendizagem. Tal pesquisa pode informar como públicos mais diversos podem ser engajados em atividades de ciência cidadã, uma vez que a maioria das contribuições são feitas por apenas alguns voluntários, e que os voluntários tendem a participar apenas uma ou duas vezes. (Aristedou, 2021). Diante desse contexto, examinamos a rede de praticantes de ciência cidadã na plataforma iNaturalist, usando uma abordagem combinada de análise de perfil, descrição, sexo, número de observações, data de inicio e data da última atividade. Nosso objetivo foi compreender o padrão de comportamento dos observadores brasileiros de Apoidea, usuarios da plataforma INaturalist, durante a pandemia. Em particular para responder as seguintes perguntas: Houve mudança no comportamento (padrão de recrutamento, recrutamento por sexo, abandono da plataforma e recutramento pela autodescrição) dos observadores durante o período da pandemia COVID-19 comparado aos anos anteriores? Esse comportamento variou de acordo com o sexo do observador ao longo dos anos? METODOLOGIA A pesquisa seguiu um procedimento de três etapas: utilizando uma amostragem de 3.127 usuários da plataforma iNaturalist, observadores de abelhas (superfamília Apoidea), foi feita uma comparação entre os observadores do número de observações, número de espécies, número de identificações, sexo (masculino, feminino ou não identificado) e tempo de atividade na plataforma. Foram também analisados os usuários pela autodescrição, categorizando-os em: Fotógrafos (incluindo todos os profissionais e amadores, que não declararam nenhuma outra profissão a não ser fotógrafos); Profissionais da área de Ciências Naturais (PROF-CN, compreendendo todos que se declararam, biólogos, ecologistas, agrônomos, engenheiros ambientais e de pesca); Profissionais de outras áreas (PROF- OUTROS, compreendendo todas as demais profissões, como por exemplo: enfermeiros, engenharia elétrica, jornalismo, psicólogos); e Não profissionais (NPROF, categoria que contempla usuários que se autodenominam estudantes de diferentes áreas do conhecimento, e Sem resposta NA, para aqueles que não inseriram sua autodescrição).
  • 50. RESULTADOS Dos 3.127 analisados, 69% (n = 2152) foram usuários que não autodescreveram seus perfis, 14% foram não profissionais (n = 432), sendo 108 a maioria estudantes, 13% (n = 406) profissionais da área de Ciências Naturais, 2% (n = 69) fotógrafos. E 2% (n = 59) profissionais de outras áreas. Quanto ao sexo, 60% (n = 1.717) eram do sexo masculino e 40% (n = 1159) feminino e 226 não declararam sexo. Com relação à permanência dos observadores de abelhas na plataforma, por sexo, ao longo dos anos, no intervalo entre 2008 a 2022, observamos que a atividade dos usuários do sexo masculino aumentou entre os anos de 2019 e 2022, com um leve decréscimo em 2021, sendo Outubro desse ano o mês com a maior contribuição. Para o sexo feminino, o ano com maior número de observações foi 2020, embora tenhamos observado considerável oscilação entre 2019 e 2021, com destaque para o mês de Abril mostrando um pico maior em relação aos outros meses. Em geral, o nosso estudo mostra que houve mudanças significativas no comportamento dos observadores de abelhas, na plataforma, durante o período de pandemia COVID-19, em relação ao sexo. Uma exponencial foi obtida neste período na atividade do sexo masculino, com crescimento de 73% em 2022 em relação a 2019, Abril com maior número de acessos. O sexo feminino apresentou a mesma exponencial com a crescimento de 62%, desde o início da pandemia, com o mês de abril com maior acesso. Quanto ao recrutamento, inclusão de novos usuários na plataforma, houve aumento exponencial no período da pandemia de 2019 a 2021, com pico de atividade em 2020, para o sexo feminino o mês de Abril com pico, o sexo masculino no mês de Outubro e (NA) se mantendo em média durante todo ano. Esse número variou entre as categorias de analise, sendo que a maior proporção de recrutamentos (45%) no início da pandemia ocorreu na categoria de observadores sem autodescrição (NA), enquanto que o recrutamento de observadores das demais categorias profissionais foram aumentando durante o período pandêmico, com destaque para os não profissionais (45%) e profissionais das áreas das ciências naturais (46%). DISCUSSÃO Apesar de ter ocorrido diversas oscilações no padrão de atividade dos usuários da plataforma durante o período da pandemia, as nossas observações coadunam com estudos prévios que demonstram maior atividade do sexo
  • 51. masculino nas plataformas de ciência cidadã (Aristeidou, 2021). Essas variações no comportamento dos observadores de abelhas na plataforma, durante o período pandêmico, podem ser explicadas pelo longo período de isolamento, no qual as pessoas permaneceram em casa, buscando conciliar demandas profissionais e (m home office) com as demandas pessoais e domesticas. Esse balanço afetou de forma diferente as categorias profissionais e os homens e as mulheres (Barbosa,2020). AGRADECIMENTOS Esse estudo foi realizado no âmbito das disciplinas TEMIEI: Introdução à Ciência Cidadã e seu uso na Ecologia e Conservação, do PPGECOTAV – IBUFBA, e TE em Biodiversidade e Evolução IV: Introdução à Ciência Cidadã e seu uso em Biologia e Conservação do PPGBIOEVO –IBUFBA, coordenadas respectivamente pelas professoras Blandina Felipe Viana e Judit Szabo. REFERÊNCIAS Aristeidou M, Herodotou C, Ballard HL, Young AN, Miller AE, Higgins L, et al. (2021) Exploring the participation of young citizen scientists in scientific research: The case of iNaturalist. PLoS ONE 16(1): e0245682. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0245682 Barbosa, Ana Luiza. Mercado de trabalho e pandemia da Covid-19: ampliação de desigualdades já existentes? Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 17/08/2020. Bonney, R., Phillips, T. B., Ballard, H. L., & Enck, J. W. (2016). Can citizen science enhance public understanding of science? Public Understanding of Science, 25(1), 2–16. https://doi.org/10.1177/0963662515607406. Paleco, C., García Peter, S., Salas Seoane, N., Kaufmann, J., Argyri, P. (2021). Inclusiveness and Diversity in Citizen Science. In: , et al. The Science of Citizen Science. Springer, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-030-58278-4_14 Pandya, R. (2012). A framework for engaging diverse communities in citizen science in the US. Frontiers in Ecology and the Environment, 10(6), 314–317. https://doi.org/10.1890/120007.
  • 52. West, S and Pateman, R 2016 Recruiting and Retaining Participants in Citizen Science: What Can Be Learned from the Volunteering Literature? Citizen Science: Theory and Practice, 1(2): 15, pp.?1–10, DOI: https://doi.org/10.5334/cstp.8
  • 53. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - DESENVOLVIMENTO, METODOLOGIAS E APLICAÇÕES DE PROJETOS DE CIÊNCIA CIDADÃ #DEOLHONOSCORAIS BRASILEIROS: CIÊNCIA CIDADÃ ATRAVÉS DO INSTAGRAM Edson Aparecido Vieira Filho (edsonvfmar@gmail.com) Kelly Yumi Inagaki (kyuminagaki@gmail.com) Guilherme Ortigara Longo (guilherme.o.longo@gmail.com) Tipo de estudo: Relato de experiência Instituições/Afiliações dos autores: Lab. De Ecologia Marinha, Dep. Oceanografia e Limnologia, UFRN RESUMO Recifes com corais estão em quase toda a costa brasileira e sofrem com impactos locais e globais, tornando o monitoramento não só uma necessidade, mas um desafio aos cientistas. Com o apoio de pessoas que estão diariamente em contato com recifes e podem gerar dados mesmo sem treinamento prévio, o #DeOlhoNosCorais é uma iniciativa de monitoramento cidadão dos corais brasileiros utilizando mídias sociais. Os cidadãos cientistas postam no Instagram fotos de corais utilizando a marcação #DeOlhoNosCorais, a partir das quais coletamos informações sobre as espécies de corais. Após quatro
  • 54. anos, recebemos mais de 800 contribuições validadas e 600 registros de corais brasileiros, nos quais identificamos 17 espécies e avaliamos dados sobre estado de saúde dos corais e presença de espécies invasoras. Esta rede de cidadãos cientistas demonstra a importância de integrar ciência e sociedade para enfrentar desafios como monitoramento ambiental e conservação, gerando dados de qualidade. CARACTERIZAÇÃO DO PROJETO / CONTEXTUALIZAÇÃO Os ambientes recifais se estendem desde a foz do Rio Amazonas até Santa Catarina e são cruciais para os oceanos por abrigarem alta diversidade de organismos que provém benefícios (KNOWLTON et al., 2010). Parte da diversidade dos recifes é garantida pela presença de corais, organismos coloniais que acumulam um esqueleto calcáreo que gera complexidade estrutural no recife, proporcionando abrigo para diversas espécies. Além da importância ecológica, os recifes protegem a costa e fomentam a subsistência de comunidades provendo alimentos e sendo fonte de renda pela pesca e turismo. Apesar dos inúmeros benefícios, os ambientes recifais estão sob crescentes ameaças e impactos locais e globais (HOEH-GULDBERG, 2004). A concentração urbana na região costeira impacta os recifes com poluição, turismo desordenado e sobrepesca. Além disso, o desenvolvimento humano tem levado ao aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, resultando na acidificação e aquecimento dos oceanos. Esses impactos, principalmente o aumento da temperatura, tem causado branqueamento nos corais, processo em que perdem as microalgas simbiontes, e consequentemente parte da fonte de nutrientes, ficando mais suscetíveis a doenças e mortalidade. A perda de corais diminui a complexidade estrutural dos recifes, afetando as espécies associadas e resultando em queda na diversidade. Os recifes precisam ser monitorados para avaliarmos seu estado de saúde, como são afetados pelos impactos, e para gerar soluções para evitar ou reverter as consequências desses impactos. A ampla distribuição desses ecossistemas ao longo da costa dificulta um acompanhamento efetivo e representativo por cientistas. Além da limitação de tempo e logística complexa, a falta de equipe e restrição de verba resulta no monitoramento de poucos locais, geralmente próximos a centros de pesquisa ou que se tenha algum
  • 55. interesse específico. Ao mesmo tempo, muitas pessoas estão diariamente em contato direto com recifes por diferentes atividades ao longo de toda a costa, então por que não contar com esses cidadãos que podem atuar como cientistas e gerar dados? Com o aumento do uso de telefones celulares e câmeras integrados a redes sociais, as pessoas podem gerar e compartilhar conteúdo em tempo real, algo muito comum entre mergulhadores por exemplo. Assim, redes sociais podem ser ótimas ferramentas para a ciência cidadã (OLIVEIRA et al., 2021). Nesse contexto, surgiu o #DeOlhoNosCorais, uma iniciativa de monitoramento cidadão dos corais brasileiros utilizando mídias sociais. DESENVOLVIMENTO Lançamos perfis do Projeto no Instagram, Facebook e Twitter em maio de 2018, com atividade focada no Instagram pois é a plataforma mais utilizada pelas pessoas na atualidade, incluindo nosso público-alvo, além de ser focada em imagens, garantindo uma maior eficiência na geração de dados por cidadãos cientistas. As contribuições dos cidadãos cientistas se dão por fotos contendo corais postadas em seus perfis com a marcação #DeOlhoNosCorais. A equipe do projeto busca a #, recupera as imagens e forma um banco de dados com informações sobre identidade e saúde dos corais presentes, local e data do registro. Periodicamente são feitas postagens nas mídias do projeto orientando os cientistas cidadãos em como tirarem boas fotos e fazerem contribuições para gerar dados. Dentre as recomendações estão 1) fotos que contenham corais; 2) proximidade e melhor foco possível para possibilitar a identificação e avaliação do estado de saúde; 3) informação de data e local para contextualização espaço-temporal. Após buscas periódicas, o banco de dados é alimentado com as seguintes informações: local – estado, cidade e localidade em que a foto foi feita; data – ano, mês e dia em que a foto foi feita ou postada (assumindo-se que a data da postagem é a mesma ou próxima da data de retirada da imagem); cidadão cientista – perfil do Instagram de quem fez a contribuição; informações taxonômicas – classe, ordem, gênero e espécie dos corais pétreos, octocorais e zoantídeos presentes na foto; estado de saúde – se o organismo está saudável, morto, doente ou branqueado (% estimada de área branqueada); nome do arquivo da foto salva; eventuais observações. Contribuições feitas por mensagens diretas (com fotos) ou comentários em postagens (sem fotos)
  • 56. também são registradas, mas não estão apresentadas neste trabalho por serem menos frequentes. RESULTADOS ALCANÇADOS E LIÇÕES APRENDIDAS Após quatro anos de funcionamento, o projeto conta com mais de 12 mil seguidores, majoritariamente no Instagram (9,7 mil), tendo alcançado mais de 1 milhão de visualizações. Já foram feitas aproximadamente 1900 marcações com #DeOlhoNosCorais, das quais 46% (864) foram considerados registros válidos para a geração de dados sobre corais ou outros cnidários recifais e foram feitas por 155 cidadãos cientistas diferentes. Considerando os corais e hidrocorais pétreos, aqueles que formam esqueleto e contribuem para a complexidade do recife, obtivemos cerca de 600 registros provenientes de 11 estados brasileiros, desde o CE até SC, sendo concentrados principalmente nos estados da BA, SP, PE e AL, com representação intermediária no RN, PB e RJ, e baixa no ES, CE, SE e SC. Os registros da Bahia são relacionados ao Parque Nacional Marinho de Abrolhos, a área com recifes mais diversos no Brasil; os de AL e PE à Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais, importante unidade de conservação de ambientes coralíneos rasos; e em SP ao Parque Marinho da Laje de Santos. Temporalmente as contribuições se concentram de outubro a fevereiro, período mais quente e com águas mais claras no ano, coincidindo com os meses de férias quando muitas pessoas viajam para a região costeira. A concentração das marcações em áreas com maior representatividade coralínea no Brasil e em épocas do ano em que eventos de branqueamento são mais prováveis (verão) é de grande relevância. Entretanto, é desafiador fomentar a geração de dados em estados e meses com menor representatividade e vemos como possível solução campanhas nas mídias sociais direcionadas a esses locais e momentos. Um outro desafio é a concentração de contribuições em poucos perfis de cidadãos cientistas. Do total de contribuições válidas, 50% foram feitas por apenas 10 perfis e 25% por apenas 2 (contribuições de SP), enquanto 37% dos perfis fizeram apenas 1 contribuição. Buscando engajar os cientistas cidadãos para se manterem ativos nas contribuições e diversificar de onde os dados vêm, implementaremos uma ação automatizada em que o cientista cidadão recebe um feedback e identificação do coral assim que a marcação é feita.
  • 57. As contribuições feitas por cidadãos cientistas geraram dados sobre 39 diferentes espécies de cnidários, dentre eles 14 corais pétreos e 3 hidrocorais. Esses grupos abrangem os organismos mais comuns nos recifes brasileiros com mais contribuições para os corais construtores de recife Mussismilia hispida, Montastraea cavernosa e Siderastrea stellata, e para a principal espécie agregadora de complexidade Millepora alcicornis. Em 168 registros observamos corais branqueados de 14 espécies, concentrados nas quatro espécies mencionadas anteriormente e em meses mais quentes (janeiro a abril). Ocorreram 53 marcações do coral-sol, uma espécie invasora considerada uma ameaça aos recifes brasileiros, as quais se concentraram no RJ, onde a espécie domina desde que foi introduzida na década de 80. O primeiro registro do coral-sol em PE foi através de uma contribuição feita por um cientista cidadão do #DeOlhoNosCorais, o que provocou rápida ação de manejo e monitoramento em diferentes esferas (terceiro setor, governos estaduais e federal). A trajetória descrita deixa clara a importância da integração entre ciência e sociedade, não apenas para gerar dados, mas para promover ações efetivas de conservação. AGRADECIMENTOS Agradecemos as contribuições dos 155 cidadãos cientistas parceiros do #DeOlhoNosCorais nas mídias sociais, e à Andressa Lima, Paula Laurentino e Daniel Hayashi pelo auxílio na compilação dos dados. O #DeOlhoNosCorais é uma iniciativa do Laboratório de Ecologia Marinha da UFRN, apoiada pelo Instituto Serrapilheira (Serra-1708-15364 / R-1805-24275). EAV recebeu bolsa de pós-doutorado da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – Código 001. REFERÊNCIAS HOEH-GULDBERG, Ove. Coral reefs in a century of rapid environmental change. Symbiosis, n. 34, p. 1-32, 2004. KNOWLTON, Nancy et al. Coral reef biodiversity. In: MCINTYRE, Alasdair (org.) Life in the world’s ocean: diversity, distribution and abundance. Hoboken: Blackwell, 2010. p. 65-77.
  • 58. OLIVEIRA, Sofia et al. Social Media Use by Citizen Science Projects: Characterization and Recommendations. Frontiers in Environmental Science, n. 9, 715319, 2021.
  • 59. II WORKSHOP DA REDE BRASILEIRA DE CIÊNCIA CIDADÃ - RESUMO EXPANDIDO - DESENVOLVIMENTO, METODOLOGIAS E APLICAÇÕES DE PROJETOS DE CIÊNCIA CIDADÃ A VOCALIZAÇÃO DO SAPINHO-DE-CHIFRE PROCERATOPHRYS PAVIOTII: COMBINANDO CIÊNCIA CIDADÃ, BIOACÚSTICA, TAXONOMIA E CONSERVAÇÃO João Victor Andrade De Lacerda (lacerdajva@gmail.com) Alice Zanoni Dos Santos (alice.zanoni@gmail.com) Alan Pedro De Araújo (alannpedro@gmail.com) Rodrigo Barbosa Ferreira (rbfherpeto@gmail.com) Sarah Mângia Barros (sarahmangia@yahoo.com.br) Natália Pirani Ghilardi-Lopes (natalia.lopes@ufabc.edu.br) Tipo de estudo: Produção científica Instituições/Afiliações dos autores: 1 - Instituto Nacional da Mata Atlântica 2 - Instituto Federal do Espírito Santo campus Santa Teresa 3 - Laboratório de Herpetologia e Comportamento Animal, Universidade Federal de Goiás, campus Samambaia; Projeto Bromélias, Instituto de Pesquisa, Ensino e Preservação Marcos Daniel
  • 60. 4 - Instituto Nacional da Mata Atlântica; Projeto Bromélias, Instituto de Pesquisa, Ensino e Preservação Marcos Daniel; Universidade Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal 5 - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul 6 - Universidade Federal do ABC, Centro de Ciências Naturais e Humanas; Instituto Nacional da Mata Atlântica *Autor correspondente: lacerdajva@gmail.com RESUMO No município de Santa Teresa (ES), vem sendo conduzido o projeto de Ciência Cidadã intitulado Cantoria de Quintal. Utilizando de aparelho celular e aplicativo WhatsApp, o público tem enviado gravações contemplando anuros em atividade de vocalização em quintais e arredores. Dentre as gravações recebidas, o sapinho-de-chifre Proceratophrys paviotii (DD / IUCN) não teve sua identidade inicialmente confirmada por ter seu canto ainda pouco conhecido. Diante dessa lacuna de conhecimento, esse estudo redescreve a vocalização de P. paviotii incluindo entre as gravações analisadas aquelas enviadas por cientistas cidadãos. Os cantos de P. paviotii foram formados por uma única nota de duração 0,27–0,59 s, pico de frequência de 750–1033,6 Hz e 17–39 pulsos, sendo possível distingui-los da maioria das espécies de Proceratophrys. Por fim, o presente estudo ressalta a potencialidade de se combinar Ciência Cidadã, bioacústica e taxonomia em prol da conservação da biodiversidade. INTRODUÇÃO A Ciência Cidadã (CC) tem incentivado a participação do público em diferentes etapas de projetos científicos, como coleta e/ou análise de dados biológicos (BONNEY et al., 2009). Iniciativas de CC têm crescido em popularidade e contribuído em diferentes campos da conservação. Na Zoologia, os cidadãos têm contribuído, majoritariamente, fornecendo dados sobre ocorrência de espécies, geralmente enviando fotos por meio de plataformas digitais. No município de Santa Teresa, Espírito Santo, vem sendo conduzido o projeto de CC intitulado Cantoria de Quintal (CQ). Por meio dele, utilizando aparelho
  • 61. celular, o público tem enviado gravações contemplando anuros em atividade de vocalização em quintais ou arredores. Os arquivos são analisados por uma equipe de cientistas e as espécies contempladas são, então, identificadas. No entanto, a identificação pode ser dificultada em caso de espécies consideradas raras ou pouco conhecidas. O sapinho-de-chifre Proceratophrys paviotii se enquadra nesse cenário, sendo considerada uma espécie insuficiente em dados (DD) pela IUCN. Em 2020/21, o projeto CQ recebeu gravações contendo vocalizações que foram inicialmente identificadas como Proceratophrys sp. (cf. paviotii). Não foi possível confirmar prontamente a identificação específica, uma vez que não há cantos de P. paviotii disponíveis em acervos públicos. Adicionalmente, a descrição original da espécie (CRUZ et al., 2005) contempla apenas sete cantos emitidos por um único macho. Trata-se de uma amostra extremamente reduzida, não abrangendo apropriadamente variações intraespecíficas e, por isso, pouco eficiente enquanto ferramenta taxonômica. Diante dessa lacuna de conhecimento, o projeto CQ se propôs a localizar e gravar novas populações do sapinho-de-chifre. Assim, o objetivo do presente trabalho é redescrever o canto de anúncio de P. paviotii a partir de gravações enviadas por colaboradores (i.e., cientistas cidadãos) ou realizadas pela equipe do projeto CQ, favorecendo, com isso, a utilização de caracteres bioacústicos como ferramenta taxonômica entre espécies de Proceratophrys. Além disso, são tecidos comentários sobre o estado de conservação da espécie. METODOLOGIA Ao todo, foram analisados 34 cantos emitidos por 8 machos de P. paviotii. Desses, 11 foram enviados por uma das colaboradoras e 23 gravados pela equipe de cientistas do projeto CQ em visita voltada à educação ambiental e engajamento de uma família de colaboradores. Devido à qualidade das gravações, os registros de uma segunda colaboradora foram utilizados apenas para georreferenciamento. Todas as gravações foram realizadas no município de Santa Teresa, Espírito Santo. Nos três casos, os colaboradores foram instruídos a reconhecer o canto de P. paviotti caso os ouvissem novamente, receberam informações básicas sobre aspectos biológicos da espécie (e.g., características morfológicas e hábito reprodutivo) e foram conscientizados sobre a importância daquele registro.