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Teorias, Práticas e Ref lexões
                              Jessé de S. Mourão




                 UVA
              Sobral - 2011
 O que é tradução?

 Uma tradução é fiel ao texto original?

 Qualquer texto em uma determinada
 língua pode ser traduzido para outra?
O verbo “traduzir” vem do verbo latino traducere, que
 significa “conduzir ou fazer passar de um lado para o
 outro”, algo como “atravessar”.

A tradução, enquanto passagem de um texto de uma
 língua para outra, tem a ver ora com o léxico, ora com a
 sintaxe, ora com a morfologia, da língua da qual se
 traduz, língua-fonte, e da língua para a qual se
 traduz, língua-meta.
A definição mais objetiva é talvez a do ensaísta inglês
  John Cunnison Catford:

        “tradução é a substituição de material textual de uma
       língua por material textual equivalente em outra”; por
       “material textual” entendem-se tanto os elementos de
                  forma quanto os de conteúdo.”

E a definição menos objetiva talvez seja a da psicóloga
  norte-americana Keith Bosley:
     “tradução é uma língua fazendo amor com outra”.
 Tradução direta e indireta


 Tradução literal e oblíqua
Tradução Literal

 Empréstimo Linguístico:
          Ex.: foot-ball, goal, penalty etc.

 Decalque:
          Ex.: Sky-scraper (arranha-céu)
Tradução Oblíqua
 Transposição:
           Ex1.: She will be back soon.
           (Ela não tardará a voltar.)

           Ex2.: Without the lightest hesitation.
           (Sem hesitar nem um pouco.)

 Transposição cruzada:
           Ex.: He smiled into her eyes.
           (Ele olhou-a nos olhos sorrindo” ou “Ele
           fitou-a sorrindo com os olhos).
Tradução Oblíqua
 Modulação:
      Ex.: It is difficult to show.
      (Não é fácil mostrar).


 Equivalência
      Ex1.: Dize-me com quem andas e te direis quem és.
      (Tell me who are your friends, and I tell you what you
      are.)

      Ex.: It’s raining cats and dogs.
      (Está chovendo a cântaros/ Está caindo um toró)
 Compensação:


Ex.: “un point rose qu’on met sur l’i du verbe aimer.”
                               (EDMOND ROSTAND, Cirano de Bergerac)




 “um ponto cor de rosa que se põe sobre o i do verbo amar”.



    “um ponto róseo no i do lábio que se adora”.
                                           (Carlos Porto Carrero)
 Equivalência Textual
O que se quer dizer com “equivalência textual” é que o texto
 traduzido deve transmitir ao seu leitor uma informação
 semelhante à que o texto original transmitiu ao seu primeiro
 leitor, em sua língua de origem.

 Correspondência Formal
A “correspondência formal” quer dizer que a forma do texto
  original deve ser seguida pelo tradutor com a máxima fidelidade
  possível, muito embora em alguns casos essa fidelidade se reduza
  ao mínimo.

Ex.: O “bom dia” e “boa-noite” português são “equivalentes
  textuais” do good morning, good evening e good night da língua
  inglesa.
“O melhor tradutor há de ser aquele que, em qualquer dos
    casos, realizar o seu trabalho com um mínimo de
  perdas, seja quanto ao conteúdo, seja quanto à forma:
       quanto menos perdas, melhor a tradução.”
                                              Geir Campos
A Linguistic Theory of Translation, John Cunnison Catford.
Textbook of Translation, Peter Newmark.
The Translation Studies Reader, Lawrence Venuti.
Translation Studies, Susan Bassnett.
A Tradução Vivida, Paulo Rónai.
Escola de Tradutores, de Paulo Rónai.
Coleção Primeiro Passos, Geir Campos.

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  • 1. Teorias, Práticas e Ref lexões Jessé de S. Mourão UVA Sobral - 2011
  • 2.  O que é tradução?  Uma tradução é fiel ao texto original?  Qualquer texto em uma determinada língua pode ser traduzido para outra?
  • 3. O verbo “traduzir” vem do verbo latino traducere, que significa “conduzir ou fazer passar de um lado para o outro”, algo como “atravessar”. A tradução, enquanto passagem de um texto de uma língua para outra, tem a ver ora com o léxico, ora com a sintaxe, ora com a morfologia, da língua da qual se traduz, língua-fonte, e da língua para a qual se traduz, língua-meta.
  • 4. A definição mais objetiva é talvez a do ensaísta inglês John Cunnison Catford: “tradução é a substituição de material textual de uma língua por material textual equivalente em outra”; por “material textual” entendem-se tanto os elementos de forma quanto os de conteúdo.” E a definição menos objetiva talvez seja a da psicóloga norte-americana Keith Bosley: “tradução é uma língua fazendo amor com outra”.
  • 5.  Tradução direta e indireta  Tradução literal e oblíqua
  • 6. Tradução Literal  Empréstimo Linguístico: Ex.: foot-ball, goal, penalty etc.  Decalque: Ex.: Sky-scraper (arranha-céu)
  • 7. Tradução Oblíqua  Transposição: Ex1.: She will be back soon. (Ela não tardará a voltar.) Ex2.: Without the lightest hesitation. (Sem hesitar nem um pouco.)  Transposição cruzada: Ex.: He smiled into her eyes. (Ele olhou-a nos olhos sorrindo” ou “Ele fitou-a sorrindo com os olhos).
  • 8. Tradução Oblíqua  Modulação: Ex.: It is difficult to show. (Não é fácil mostrar).  Equivalência Ex1.: Dize-me com quem andas e te direis quem és. (Tell me who are your friends, and I tell you what you are.) Ex.: It’s raining cats and dogs. (Está chovendo a cântaros/ Está caindo um toró)
  • 9.  Compensação: Ex.: “un point rose qu’on met sur l’i du verbe aimer.” (EDMOND ROSTAND, Cirano de Bergerac) “um ponto cor de rosa que se põe sobre o i do verbo amar”. “um ponto róseo no i do lábio que se adora”. (Carlos Porto Carrero)
  • 10.  Equivalência Textual O que se quer dizer com “equivalência textual” é que o texto traduzido deve transmitir ao seu leitor uma informação semelhante à que o texto original transmitiu ao seu primeiro leitor, em sua língua de origem.  Correspondência Formal A “correspondência formal” quer dizer que a forma do texto original deve ser seguida pelo tradutor com a máxima fidelidade possível, muito embora em alguns casos essa fidelidade se reduza ao mínimo. Ex.: O “bom dia” e “boa-noite” português são “equivalentes textuais” do good morning, good evening e good night da língua inglesa.
  • 11. “O melhor tradutor há de ser aquele que, em qualquer dos casos, realizar o seu trabalho com um mínimo de perdas, seja quanto ao conteúdo, seja quanto à forma: quanto menos perdas, melhor a tradução.” Geir Campos
  • 12. A Linguistic Theory of Translation, John Cunnison Catford. Textbook of Translation, Peter Newmark. The Translation Studies Reader, Lawrence Venuti. Translation Studies, Susan Bassnett. A Tradução Vivida, Paulo Rónai. Escola de Tradutores, de Paulo Rónai. Coleção Primeiro Passos, Geir Campos.