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Gabriel Soures de Sousa
Tratado descritivo do Brasil (1587)
Tratado descritivo do Brasil
Um tratado que constitui um dos primeiros e
mais extraordinários relatos sobre o Brasil
colonial, que contém importantes dados
geográficos, botânicos, etnográficos e
linguísticos.
Tratado descritivo do Brasil
“Para alertar o rei de Portugal sobre as
diversas possibilidades econômicas da Colônia,
o autor redige um texto de caráter
enciclopédico, focalizando desde aspectos
políticos e administrativos, até a exuberância
da natureza e dos nativos.
Tratado descritivo do Brasil
Capítulo I
Em que se declara quem foram os
primeiros descobridores da província do Brasil,
e como está arrumada.
Tratado descritivo do Brasil
“Esta terra se descobriu aos 25 dias do mês de
abril de 1500 anos por Pedro Álvares Cabral, que
neste tempo ia por capitão-mor para a Índia por
mandado de el-rei D. Manuel, em cujo nome tomou
posse desta província, onde agora é a capitania de
Porto Seguro.”
Tratado descritivo do Brasil
Capítulo I.X
Em que se declara cuja é a capitania de São
Vicente.
Tratado descritivo do Brasil
(...)”Donde começou a fazer sua viagem, e
com próspero tempo chegou a província do
Brasil, e no cabo de sua capitania tomou porto
no rio que se agora chama de São Vicente, onde
se fortificou e assentou a primeira vila, que se
diz do mesmo nome do rio, que fez cabeça de
capitania(...) por ser ela a primeira em que se
fez açucar na costa do Brasil”
Tratado descritivo do Brasil
Capítulo II
Em que se contém quem foi Tomé de
Sousa e de suas qualidades.
Tratado descritivo do Brasil
“Tomé de Sousa foi um fidalgo honrado
(..) também levou em sua companhia padres da
Companhia de Jesus, para doutrinarem e
converterem o gentio na nossa fé católica.”
Tratado descritivo do Brasil
Capítulo III
Em que se declara como se edificou a
cidade do Salvador.
Tratado descritivo do Brasil
“Mandou descobrir a baía, e que lhe
buscassem mais para dentro alguma abrigada
melhor que a em que estava a armada para
tirarem daquele porto de Vila Velha, onde não
estava segura, por ser muito desabrigada, e por
se achar logo o porto e ancorado, que agora está
defronte da cidade, mandou passar a frota para
lá, por ser muito limpo e abrigado.”
Tratado descritivo do Brasil
Capítulo CL
Em que se declara o modo e a linguagem
dos tupinambás
Tratado descritivo do Brasil
“Têm muita graça quando falam,
mormente as mulheres, são mui compendiosas
na forma de linguagem, e muito copiosos no
seu orar, mas faltam-lhes três letras das do
ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa
muito para se notar; porque, se não têm F, é
porque não têm fé em nenhuma coisa que
adorem;”
Tratado descritivo do Brasil
Capítulo CLXI
Que trata dos feiticeiros e dos que comem
terra para se matarem.
Tratado descritivo do Brasil
“A estes feiticeiros chamam os tupinambás pajés; os
quais se escandalizam de algum índio por lhe não dar sua
filha ou outra coisa que lhe pedem, e lhe dizem: ‘Vai, que
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bárbaros que se vão deitar nas redes pasmados, sem
quererem comer; e de pasmos de deixam morrer, sem
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Gabriel Soures de Sousa

  • 1. Gabriel Soures de Sousa Tratado descritivo do Brasil (1587)
  • 2. Tratado descritivo do Brasil Um tratado que constitui um dos primeiros e mais extraordinários relatos sobre o Brasil colonial, que contém importantes dados geográficos, botânicos, etnográficos e linguísticos.
  • 3. Tratado descritivo do Brasil “Para alertar o rei de Portugal sobre as diversas possibilidades econômicas da Colônia, o autor redige um texto de caráter enciclopédico, focalizando desde aspectos políticos e administrativos, até a exuberância da natureza e dos nativos.
  • 4. Tratado descritivo do Brasil Capítulo I Em que se declara quem foram os primeiros descobridores da província do Brasil, e como está arrumada.
  • 5. Tratado descritivo do Brasil “Esta terra se descobriu aos 25 dias do mês de abril de 1500 anos por Pedro Álvares Cabral, que neste tempo ia por capitão-mor para a Índia por mandado de el-rei D. Manuel, em cujo nome tomou posse desta província, onde agora é a capitania de Porto Seguro.”
  • 6. Tratado descritivo do Brasil Capítulo I.X Em que se declara cuja é a capitania de São Vicente.
  • 7. Tratado descritivo do Brasil (...)”Donde começou a fazer sua viagem, e com próspero tempo chegou a província do Brasil, e no cabo de sua capitania tomou porto no rio que se agora chama de São Vicente, onde se fortificou e assentou a primeira vila, que se diz do mesmo nome do rio, que fez cabeça de capitania(...) por ser ela a primeira em que se fez açucar na costa do Brasil”
  • 8. Tratado descritivo do Brasil Capítulo II Em que se contém quem foi Tomé de Sousa e de suas qualidades.
  • 9. Tratado descritivo do Brasil “Tomé de Sousa foi um fidalgo honrado (..) também levou em sua companhia padres da Companhia de Jesus, para doutrinarem e converterem o gentio na nossa fé católica.”
  • 10. Tratado descritivo do Brasil Capítulo III Em que se declara como se edificou a cidade do Salvador.
  • 11. Tratado descritivo do Brasil “Mandou descobrir a baía, e que lhe buscassem mais para dentro alguma abrigada melhor que a em que estava a armada para tirarem daquele porto de Vila Velha, onde não estava segura, por ser muito desabrigada, e por se achar logo o porto e ancorado, que agora está defronte da cidade, mandou passar a frota para lá, por ser muito limpo e abrigado.”
  • 12. Tratado descritivo do Brasil Capítulo CL Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambás
  • 13. Tratado descritivo do Brasil “Têm muita graça quando falam, mormente as mulheres, são mui compendiosas na forma de linguagem, e muito copiosos no seu orar, mas faltam-lhes três letras das do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado, coisa muito para se notar; porque, se não têm F, é porque não têm fé em nenhuma coisa que adorem;”
  • 14. Tratado descritivo do Brasil Capítulo CLXI Que trata dos feiticeiros e dos que comem terra para se matarem.
  • 15. Tratado descritivo do Brasil “A estes feiticeiros chamam os tupinambás pajés; os quais se escandalizam de algum índio por lhe não dar sua filha ou outra coisa que lhe pedem, e lhe dizem: ‘Vai, que hás de morrer”, ao que chama ‘lançar a morte’, e são tão bárbaros que se vão deitar nas redes pasmados, sem quererem comer; e de pasmos de deixam morrer, sem haver quem lhes possa tirar da cabeça quem podem escapar do mandado dos feiticeiros, aos quais dão alguns índios suas filhas por mulheres, com medo deles, por se assegurarem suas vidas.

Notes de l'éditeur

  1. 1
  2. 1
  3. 2
  4. página 139 - 2
  5. 3
  6. página 141 - 3
  7. página 142 - 4
  8. 4
  9. 5
  10. 5
  11. 6