O documento discute como o jogo foi desconsiderado no passado como atividade educativa devido a características como espontaneidade e falta de seriedade, mas reconhece hoje que essas mesmas características podem contribuir para a educação ao promover motivação, expressão livre e aprendizado social.
1. JOGO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA
PERCEPÇÃO A PARTIR DO CONTEXTO HISTÓRICO:
DESCONSIDERAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DO FENÔMENO PELAS
CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS TIPOS DE JOGOS:
Os de azar levaram grandes pensadores a concebê-lo como uma atividade
menor e contrária à contribuição da formação humana:
• TOMÁS DE AQUINO: Justifica a sua prática apenas como compensação
dos momentos de trabalho, critica quem os concebe como “uma
verdadeira atividade e que fazem dele um fim em si mesmo”, quem
pensa “que nossa vida é um jogo”, afirmando que “não é deus quem os
faz jogar, mas o demônio”;
• ROUSSEAU: O jogo não é absolutamente um divertimento de homem rico,
é o recurso de um desocupado (...). o gosto pelo jogo, fruto da avareza e
do tédio, não se enraiza senão em uma mente e um coração vazios (...),
raramente se vêem pensadores, divertindo-se muito com o jogo’
(DUFLO, 1999)
2. JOGO, EDUCAÇÃO E EDUCAÇÃO FÍSICA
Percepção sobre sua contribuição ao processo educativo a partir da
análise de suas características
Desconsideração:
espontaneidade – causa dificuldade em manter uma
prática regular e periódica; caráter não sério – a não
preocupação com resultados posteriores à atividade
compromete a concentração na busca pela obtenção de
objetivos; flexibilidade – causa a dificuldade de
sistematização e massificação de habilidades
padronizadas para atingir um nível de desempenho
necessário e esperado; distanciamento do mundo real
– a característica de ficção e fantasia leva os sujeitos
para fora do mundo concreto, objetivo.
3. Nova Percepção sobre as características de Jogo
Consideração:
• espontaneidade – motivação em participar de uma atividade escolhida e não
imposta; caráter não sério – a não preocupação com o desempenho
possibilita se dispor a desafios mais complexos, sem o medo do fracasso;
flexibilidade – possibilita a participação de todos, com suas limitações atuais,
mas também a troca cultural entre sujeitos diferentes;
Fantasia/distanciamento do mundo real – inicia o desenvolvimento da
representação simbólica do mundo, que leva à abstração
Por caracterizar-se como um elemento cultural no qual:
• Há predominância de prazer (gera motivação) e liberdade de ação
(expressão mais livre de restrições e maiores possibilidades de participação e
criação);
• Há maior controle interno (os próprios jogadores determinam a dinâmica da
atividade, o que gera possibilidade de desenvolvimento de criatividade e
autonomia);
• É um espaço privilegiado de aprendizado das relações sociais (necessidade
de convívio com os outros) e da formação da personalidade (convívio
baseado em valores éticos e morais)