SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  24
Télécharger pour lire hors ligne
XIX ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, São Paulo, 2009, pp. 1-24

DESAFIOS DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA CAMPONESA NOS ASSENTAMENTOS DE
                       REFORMA AGRÁRIA
           ASSENTAMENTO MILTON SANTOS – AMERICANA/SP

       DESAFÍOS DE LA PRODUCCIÓN AGRÍCOLA CAMPESINA EM LOS
                ASENTAMIENTOS DE REFORMA AGRARIA
           ASENTAMIENTO MILTON SANTOS – AMERICANA/SP


           Larissa Mies Bombardi (Profª Drª - Deptº de Geografia USP) larissab@usp.br

   Sidneide Manfredini (Profª Drª - Deptº de Geografia USP) sidmanfredini@hotmail.com

  Amanda de F. M. Catarucci (Mestranda em GF – DG/USP) sacola_cheia@yahoo.com.br

            Júlio Takahiro Hato (Mestrando em GH – DG/USP) juliohato@yahoo.com.br

   Carlos Vinicius Xavier (Graduando - Deptº de Geografia USP) cvxgeo@yahoo.com.br

  Maria Cristina Lima (Graduanda - Deptº de Geografia USP) crismmalin@yahoo.com.br

      Lucélia Martins Souza (Graduanda – DG/USP) luceliamartinssouza@yahoo.com.br

             John Herbert Badi Zappala (Graduando – DG/USP) jhzappa@yahoo.com.br

    Wanderlei Evaristo de Mattos (Graduando – DG/USP) wanderleievaristo@gmail.com

 Cláudio E. Andreoti (Bal em Geogr. DG-USP e discente de Licenciatura em Geogr. USP)
                                                                   ceandreoti@usp.br

Dafner Peixoto Barreto (Graduanda - Deptº de Geografia USP) dafnerbarreto@bol.com.br

       Leonardo J. Cappucci (Graduando – DG/USP) praticadaliberdade@yahoo.com.br

    Thiago T. da Cunha Coelho (Graduando – DG/USP) thiagoteixeira_tx@yahoo.com.br

  Fernando P. dos Santos e Silva (Graduando – DG/USP) fernando.pereira.silva@usp.br

   Bruna Mariana Rodrigues (Graduanda – DG/USP) brunarodrigues_tiab@hotmail.com

    Bruno Dantas Hidalgo (Graduando - Deptº de Geografia USP) bruno.hidalgo@usp.br

Wellington Jose da Silva (Graduando - Deptº de Geografia USP) wellgeo.usp@gmail.com

  Carla C. Cintra (Grad. em Geografia – Unesp/Ourinhos) carla_geo2005@yahoo.com.br
2   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                          BOMBARDI, L. M.

Resumo:

      Este artigo aborda a Experiência de Extensão em Geografia Agrária coordenada
pelas Profªs Drªs Larissa Mies Bombardi e Sidneide Manfredini, realizada em conjunto
com um grupo de alunos do Depto de Geografia da USP. Este trabalho tem como
finalidade colaborar com as práticas agrícolas e a comercialização que se iniciam no
Assentamento Milton Santos localizado em Americana – São Paulo. O assentamento
tem três grandes peculiaridades que são, também, um desafio: é composto por muitas
famílias de origem urbana, está localizado em uma região monocultora de cana-de-
açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles: São Paulo e Campinas. O
projeto tem se caracterizado pela orientação de formas adequadas de manejo e pelo
fornecimento de elementos para a construção do Plano de Assentamento por parte dos
assentados.
Palavras-Chave: Extensão, Reforma Agrária, Plano de Assentamento


Resumen:

      Este artículo aborda la Experiencia de Extensión en Geografía Agraria
coordinada por las Profªs Drªs Larissa Mies Bombardi y Sidneide Manfredini, realizada
en conjunto con un grupo de alumnos del Depto de Geografía de la USP. Este trabajo
tiene como finalidad colaborar con las prácticas agrícolas y la comercialización que se
inician en el Asentamiento Milton Santos, localizado en Americana – São Paulo. El
asentamiento tiene tres grandes peculiaridades que son también un reto: está
compuesto por muchas familias de origen urbano, está localizado en una región de
monocultivo de caña de azúcar y es muy cercano a dos grandes metrópolis: São Paulo
y Campinas. El proyecto se ha caracterizado por la orientación de formas adecuadas
de manejo y por la provisión de elementos para la construcción del Plan de
Asentamiento por parte de los asentados.
Palabras Clave: Extensión, Reforma Agraria, Plan de Asentamiento.




1. Apresentação
      O projeto de extensão ora apresentado surgiu a partir da disciplina “Trabalho de
Campo em Geografia I” ministrada pela Profª Drª Larissa Mies Bombardi no
Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo. O trabalho de campo
realizado no Assentamento Milton Santos é uma das atividades da referida disciplina e,

                                                                                     2
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária          3
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

no ano de 2007, os alunos permaneceram três dias no assentamento, sendo recebidos
em duplas pelas famílias assentadas. No retorno ao campo, requisito da disciplina, os
alunos apresentaram uma devolutiva para os assentados e, a partir daí, ou seja, a
partir do vínculo criado com os assentados e, também, a partir das necessidades
apontadas pelos próprios assentados no sentido de sua formação com relação às
formas de produção, manejo e comercialização, abriu-se espaço para gestarmos o
projeto de extensão em curso.
      No mesmo ano a Pró Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo
abriu uma modalidade de bolsa chamada “Ensinar com Pesquisa” que tem, como
finalidade principal, permitir que os alunos desenvolvam habilidades específicas da
pesquisa e, ao mesmo tempo, possam eles próprios ensinar. Neste âmbito, foram
solicitadas bolsas pela Profª Drª Larissa Mies Bombardi, tendo sido concedidas sete
bolsas. A partir daí, pudemos dar início ao trabalho. Parte dos alunos ora envolvidos no
Projeto de Extensão são bolsistas do Programa Ensinar com Pesquisa, os demais,
tomam parte no trabalho em caráter voluntário.


2. Objetivos


      O trabalho de pesquisa e extensão “Desafios da Produção Agrícola Camponesa
nos Assentamentos de Reforma Agrária: Assentamento Milton Santos – Americana/SP”
tem como finalidade central desvendar e colaborar com as práticas agrícolas e com o
processo de comercialização que se iniciam no Assentamento Milton Santos localizado
em Americana – São Paulo.
      O assentamento, cujo nome homenageia um grande geógrafo, tem três grandes
peculiaridades que são, ao mesmo tempo, um desafio: o assentamento é composto por
muitas famílias de origem urbana, está localizado em uma região de latifúndios
monocultores de cana-de-açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles:
São Paulo e Campinas. Estas peculiaridades são um desafio na medida em que os
assentados de reforma agrária, para se consolidarem na terra, têm que lidar com as
formas de subordinação de sua renda ao capital. Isto significa que a viabilidade da
reforma agrária depende da maneira como estes grupos camponeses lidam com o
mercado. Neste sentido, é fundamental entender suas práticas agrícolas e, ao mesmo
tempo, possibilitar uma orientação das formas adequadas de manejo. A participação de
alunos de graduação neste projeto permite que os mesmos desenvolvam habilidades

                                                                                      3
4   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                              BOMBARDI, L. M.

específicas da pesquisa e, ao mesmo tempo, possam eles próprios ensinar,
colaborando com os assentados no desenvolvimento de práticas agrícolas adequadas.


3. Conexão do Projeto de Extensão com o Projeto Pedagógico do Curso de
Geografia


      O projeto em curso, que visa desvendar/colaborar com as práticas agrícolas que
se iniciam no Assentamento Milton Santos está em consonância com o Projeto
Pedagógico do curso de Geografia da Universidade de São Paulo.
      No Projeto Pedagógico do curso de Geografia construímos a seguinte
ponderação a respeito da formação de nossos alunos de graduação:

              Não se pode mais ignorar o reconhecimento da constituição de um espaço
      planetário complexo, sobretudo diante das profundas e sérias mudanças globais
      ambientais que já afetaram ou que põe em risco a vida no planeta. Para a geografia
      torna-se necessário refletir sobre os modos como esses processos mundiais se
      constituem no espaço brasileiro, pois o geógrafo deve contribuir para, através de seu
      trabalho, aprofundar a análise e a compreensão da realidade no que ela tem de global e
      de específico. Pensar o homem e seu mundo, tal como se reproduz na cotidianidade de
      suas relações sociais. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, DEPTO DE GEOGRAFIA,
      2004:5)
      Neste sentido, realizar uma pesquisa a respeito de assentamentos agrários
significa compreender o processo de reprodução do capital no mundo atual e,
especificamente, a sua contraditoriedade através da territorialização do trabalho
camponês. Desta maneira, o trabalho de campo, prática clássica do fazer geográfico,
tem lugar central no processo de desvendamento da realidade em uma perspectiva
eminentemente geográfica. Portanto, o desvendamento da trajetória de assentamentos
de reforma agrária pressupõe a realização da pesquisa empírica como ferramenta
fundamental para “Pensar o homem e seu mundo, tal como se reproduz na
cotidianeidade de suas relações sociais, se impõe”.
      Desta forma, em nossa concepção, conforme explicitada em nosso Projeto
Pedagógico, a pesquisa tem lugar central na formação de nosso graduando:

             A Universidade é o locus privilegiado da produção do conhecimento, que se
      constrói, basicamente, no cotidiano da pesquisa, enquanto produção crítica e original,
      sem a qual não há ensino comprometido com a formação do cidadão . É preciso
      reforçar que o conhecimento só pode ser produzido através do comportamento crítico e
      do exercício de liberdade e de existência do pleno direito à diferença. (UNIVERSIDADE
      DE SÃO PAULO, DEPTO DE GEOGRAFIA, 2004:5)
      Neste sentido, buscamos na formação de nossos alunos e, particularmente no
desenvolvimento deste projeto, “desenvolver as habilidades de pesquisar e de
questionar o conhecimento”.
                                                                                          4
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária        5
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

      Para realizar uma pesquisa acerca das práticas agrícolas de assentados de
reforma agrária, através deste projeto, os alunos-pesquisadores tem a oportunidade de
aprender e aplicar as técnicas necessárias para o desenvolvimento da pesquisa.
Dentre estas técnicas apresentam-se: a observação de campo, a realização de
entrevistas/questionários com as famílias camponesas, a elaboração de cartas (mapas)
específicas que orientem o manejo agrícola adequado, a avaliação do solo, a avaliação
da potencialidade de comercialização dos produtos cultivados e, finalmente, a
sistematização dos dados e informações coletados.


4. Fundamentação teórica


      Os sucessivos conflitos e a emergência de movimentos sociais envolvidos com a
luta pela terra têm marcado o Brasil principalmente nas últimas duas décadas, gerando
uma alteração de sua configuração territorial. É necessário, portanto, que tenhamos as
ferramentas teóricas adequadas para o desvendamento da formação territorial do
Brasil, em especial no que se refere à compreensão da questão agrária.
      Estas ferramentas teóricas dizem respeito ao entendimento dos processos
históricos relacionados à propriedade da terra no Brasil e de conceitos que são
fundamentais para a compreensão do campo brasileiro na atualidade, especialmente
neste momento de mundialização do capital.
      Algumas idéias e conceitos têm sido importados pela geografia agrária, de
autores da economia ou da sociologia, sem que uma reflexão aprofundada sobre o
significado dos mesmos tenha sido feita.
      Entre estas idéias tem tomado força a “de novo rural”, segundo a qual o campo
brasileiro tem se tornado mais moderno e cada vez menos agrícola e mais “plural”. Os
camponeses, nesta concepção, vão deixando de dê-lo para tornarem-se agricultores
familiares (uma espécie de pequenos empresários do campo) ou simplesmente
assalariados.
      Há três grandes perigos nesta concepção: o primeiro é o de não enxergar a
peculiaridade do campesinato enquanto classe social e, portanto, negligenciar a
especificidade de sua ação e trajetória. O segundo é que neste caminho de
entendimento não há possibilidade de compreender a ação dos movimentos sociais no
campo que têm como bandeira a execução de uma reforma agrária ampla. O terceiro,
particularmente do ponto de vista da geografia, é que não se consegue abarcar a

                                                                                    5
6   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                              BOMBARDI, L. M.

transformação do território em toda a sua contraditoriedade, determinada pelo modo de
produção capitalista.
      Sabemos que o capital não se reproduz de maneira única, mas que, ao
contrário, seu processo de reprodução é contraditório e esta contraditoriedade marca o
território brasileiro e, sobretudo, o campo, de uma maneira muito específica. Temos
lado a lado a agricultura camponesa e a agricultura capitalista desenvolvendo-se.
Temos um movimento camponês extremamente atuante e de proporção nacional que
vem buscando a realização de uma reforma agrária de forma ampla e massiva e que,
no limite, tem questionado a lógica da apropriação da terra no Brasil e tem provocado
uma alteração territorial, social, econômica e política, no campo brasileiro.
      Ocorre que as últimas ocupações de terra e marchas dos movimentos sociais
têm posto a nu o poder do latifúndio no Brasil.
      O Brasil não só foi um dos países com pior concentração fundiária do mundo,
como ainda é. Oliveira (2003) nos mostra que temos as pequenas propriedades, com
menos de 100 hectares - que são 84% dos estabelecimentos agrícolas - ocupando
apenas 17% da área total. Em contrapartida os maiores estabelecimentos - com mais
de 1000 hectares - que correspondem a apenas 2,4% do número total de
estabelecimentos - ocupam 50% da área. Oliveira (2003) nos mostra também que se
somarmos a área das 27 maiores propriedades rurais no Brasil, temos uma área
equivalente ao estado de São Paulo inteiro.
      O mecanismo do latifúndio na atualidade - que espantosamente é improdutivo ou
“reprodutor” daquilo que poderíamos chamar de monocultura nefasta (excludente de
pessoas e devastador do meio ambiente) - se apresenta exatamente da mesma
maneira como já havia se apresentado em outros momentos de nossa história quando
da atuação de outros movimentos sociais. O que nos permite jocosamente dizer que ao
contrário de estarmos diante de um novo rural, estamos na verdade, diante de nosso
“Velho Rural”.
      Josué de Castro escreveu “Geografia da Fome” na década de 40. Portanto,
sessenta anos depois estamos vivenciando exatamente o mesmo problema. Enquanto
isso o Brasil – não bastasse a enorme concentração fundiária - tem cerca de 60% de
suas terras agriculturáveis improdutivas.
      É isso que os movimentos sociais, em especial o MST, estão trazendo para a
ordem do dia. Estes movimentos estão colocando em questão a incoerência de um
país com 60% das terras improdutivas e 30 milhões de miseráveis.



                                                                                        6
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária              7
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

        Neste sentido, estamos diante da construção de uma reforma agrária,
perpetrada a partir da ação de classe do campesinato, que tem trazido para a realidade
brasileira perspectivas antes impensadas. Estas perspectivas se dão em duas
direções: uma, a do avanço da territorialização camponesa em si a qual, além da
importância econômica tem significado, para as famílias assentadas, a possibilidade de
um salto na condição de vida (sob diferentes aspectos). Outra. aquela que se refere ao
acolhimento/participação de famílias de origem urbana no movimento social de luta
pela terra. Uma parte significativa dos atuais acampamentos tem sido composta por
famílias/pessoas de origem urbana. Este caráter é, de alguma forma, inovador na
trajetória da luta pela terra e, também, vai na contramão da trajetória migratória que
grassa o país há décadas.
        Entretanto, tem sido um desafio para os projetos de reforma agrária a contínua
luta contra a subordinação da renda camponesa ao capital. Esta subordinação se dá de
três formas: ao capital industrial, ao capital financeiro e ao capital comercial. (Bombardi,
2005)
        É fundamental, portanto, quando se trata de assentamentos camponeses, uma
prática agrícola que busque superar as formas clássicas de subordinação da renda ao
capital. Neste sentido, esta pesquisa visa contribuir com a construção de práticas
agrícolas adequadas não só ao ambiente em que estão inseridas, como também, ao
mercado consumidor presente no entorno do assentamento.
        Neste sentido, este projeto visa – além de desvendar a territorialidade originada
pelas práticas agrícolas já consolidadas – contribuir com a construção de demais
práticas agrícolas adequadas não só ao ambiente em que estão inseridas, como
também, ao mercado consumidor presente no entorno do assentamento.
        O assentamento Milton Santos, diferentemente de parte dos assentamentos do
Estado de São Paulo originários do movimento social organizado até os anos 80 e 90,
tem algumas particularidades, dentre elas, vale ressaltar: é composto por muitas
famílias de origem urbana, está localizado em uma região de latifúndios monocultores
de cana-de-açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles: São Paulo e
Campinas.
        Para a compreensão da origem do Assentamento Milton Santos, vinculado e
fruto do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), cabe um
esclarecimento a respeito da compreensão que se faz, no âmbito deste projeto, da
origem dos assentamentos como resultado da ação do movimento social organizado.

                                                                                          7
8   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                             BOMBARDI, L. M.

      Os dados revelam o campo brasileiro em conflito há, no mínimo, sessenta anos
(Bombardi, 2005). Tais conflitos são conflitos de classe, de uma sociedade que é
eminentemente contraditória; são conflitos pela apropriação e controle do território.
      O campesinato luta por sua reprodução na própria terra. É, portanto, através da
compreensão do sentido dos conflitos que se compreende simultaneamente, a luta de
classes, a luta pela terra e a necessidade da reforma agrária na atualidade.
      Vale dizer que o campesinato e o conflito de classe, estão no centro da
interpretação para desvendar a reforma agrária. Desta forma proponho que a reforma
agrária é a apropriação de frações do território que o campesinato – consciente de sua
unidade e de seus interesses - conquista através da luta e do enfrentamento de classe.
(Bombardi, 2005)
      O campesinato, enquanto classe, está em conflito com as duas outras classes
sociais hegemônicas no capitalismo: que são os capitalistas e os proprietários de terra.
Esta concepção do campesinato como classe social, está presente em autores como
Shanin, José de Souza Martins, José Vicente Tavares dos Santos e Ariovaldo
Umbelino de Oliveira; que se contrapõem a outros autores no âmbito do marxismo que
negam a existência do campesinato.
      Para a interpretação desta classe social tão específica, que é o campesinato, há
que se considerar duas questões que estão relacionadas e que não podem ser
compreendidas separadamente.
      A primeira questão é aquela que diz respeito à ordem moral camponesa,
conforme nos informa o antropólogo Klass Woortmann, entre outros, ou seja, é a
questão da concepção de mundo camponesa que vê a terra vinculada à vida, à família
e ao trabalho.
      Entretanto, esta ordem moral só pode ser entendida em conjunto com um outro
aspecto, que também caracteriza esta classe social, que é a sua forma econômica de
produzir. Quer dizer, contraditoriamente, que o capital faz uso, precisa de relações não
capitalistas para se reproduzir. É isso que explica a presença desta classe social neste
modo de produção.
      Mas, ao mesmo tempo, temos uma contradição dentro da outra: o capital
embora precise e permita a reprodução camponesa, também despoja o campesinato,
também o expulsa. Assim, se por um lado é possível compreender a reprodução
camponesa dentro do capitalismo, como um imperativo da própria reprodução do
capital, isto sozinho não explica tudo.



                                                                                        8
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária               9
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

      Ou seja, o campesinato, mesmo quando despojado ou expulso, luta para
resgatar sua condição.
      Isto quer dizer que temos, duplamente: uma forma econômica não pautada pelo
lucro que é informada pela ordem moral camponesa e, ao mesmo tempo também a
informa.
      Assim, é no âmbito dessa concepção que este projeto está sendo concebido, em
uma perspectiva de que a compreensão do campesinato e sua inserção e reprodução –
contraditória - na sociedade capitalista é que possibilitam uma abordagem profícua da
realidade e, especificamente, da realidade dos assentamentos, desvendando o lugar
dos conflitos de classe no país e o significado da reforma agrária.
      Portanto, a reforma agrária é sempre esta apropriação de frações do território
que o campesinato – consciente da sua unidade e dos seus interesses - conquista
através da luta e do enfrentamento de classe.
      Esta reforma agrária, que é buscada através da luta camponesa por sua
reprodução, cria marcas no território, territorializa-se e transforma a experiência das
famílias que a vivenciam. Essa experiência – quando a família se reproduz na terra - é
traduzida de uma maneira extremamente positiva nas falas colhidas em trabalhos de
campo - já realizados no âmbito do projeto ora proposto – e que são a âncora para a
construção de uma teoria sobre a reprodução camponesa.
      Neste sentido, particularmente no tocante ao Assentamento Milton Santos, de
acordo com Salim, 2007 (p.70-72):
              A conquista do Pré-Assentamento Comuna da Terra Milton Santos foi o
      resultado de quarenta e dois dias de luta e ocupações por um grupo de famílias em
      busca do acesso a terra. Muitos deles já faziam parte do movimento e tiveram
      participação em outros acampamentos em sua trajetória de vida e luta.
              Este processo de luta, as informações sobre as ocupações e a descrição do pré-
      assentamento foram levantadas a partir de entrevistas realizadas ao longo dos
      trabalhos de campo com os integrantes do MST. Entrevista com funcionários do
      Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP); consultas à reportagens de
      periódicos e bibliografia sobre o assunto.
              O grupo que realizou os acampamentos foi formado através de um trabalho de
      base realizado por integrantes do MST no segundo semestre de 2005, na Região
      Metropolitana de Campinas (RMC) e município de Limeira.
              Os militantes do MST se espalharam nos bairros dos municípios divulgando que
      estariam realizando um trabalho de base, explicando a situação, que a luta pela reforma
      agrária começa debaixo da lona preta, com vento, chuva e sol.
              Desta forma, na manhã do dia 12 de novembro de 2005 de acordo com Lima
      (2007) cerca de 100 famílias, juntamente com estudantes e sindicalistas, entre outros
      apoiadores, ocuparam a fazenda Santo Antônio em Limeira, da antiga Granja
      Malavazzi. Até o início de dezembro, o acampamento acolheu mais pessoas, chegando
      ao número de 300 famílias.



                                                                                           9
10   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                                BOMBARDI, L. M.

               A fazenda Santo Antônio está situada no bairro Jardim da Lagoa Nova, próximo
       a antiga estrada que liga Limeira à Santa Bárbara d’ Oeste e possui uma área de 230
       hectares, sendo que apenas uma parte da propriedade foi utilizada para o
       acampamento.
               A alegação dos integrantes do movimento era que a granja Malavazzi havia
       falido e não realizou o pagamento dos encargos trabalhistas, estando penhorada e no
       poder da justiça, portanto a fazenda poderia ser utilizada para a reforma agrária.
               Na primeira assembléia do acampamento foi escolhido o seu nome,
       Acampamento Milton Santos, homenageando o geógrafo (in memorian), que ocupou a
       posição de embaixador no governo do Jânio Quadros, comprometido com as causas
       populares e com discussões referentes à globalização. De acordo com o líder do
       assentamento Elias Antônio dos Santos, “Gordo”, o MST normalmente escolhe nomes
       de pessoas que lutaram contra o capitalismo e a favor da erradicação da pobreza.
               (...) Após diálogos com o ITESP, com a Polícia Militar e com a liminar de
       reintegração de posse, no dia 07 de dezembro de 2005, às 19h, os integrantes do
       movimento desocuparam a fazenda.
               A reintegração de posse foi baseada na alegação de esbulho possessório por
       parte do proprietário do imóvel. O esbulho possessório é baseado na “[...] acusação de
       ato ilegal triplificado no artigo 161, parágrafo 1º, inciso II, do Código Penal”.
       (FELICIANO, 2006, p. 106).
               No mesmo dia as famílias realizaram uma nova ocupação, próxima à rodovia
       que liga Limeira a Arthur Nogueira, a fazenda Santa Júlia, no bairro Ferrão, com área de
       90 hectares. Os membros da coordenação do movimento continuavam não querendo
       confrontos com a Polícia Militar, mas esperavam que o INCRA encontrasse uma área
       para que as famílias fossem assentadas, já que não tinham para onde ir.
               Os integrantes do acampamento reivindicaram a questão da improdutividade da
       fazenda Santa Júlia, uma vez que a mesma não estava cumprindo sua função social. A
       liminar de reintegração de posse foi novamente concedida, mas a desocupação não
       ocorreu, pois os acampados aguardavam a decisão do INCRA referente a uma nova
       área para realizar o assentamento das famílias.
               No dia 23 de dezembro de 2005, após duas liminares de reintegração de posse
       nas áreas ocupadas, o INCRA organizou a retirada das famílias da fazenda Santa Júlia
       que foram acompanhadas pela Polícia Militar Rodoviária até uma nova área definitiva,
       próxima ao bairro Antônio Zanaga, em Americana.
               O INCRA já havia regularizado a compra desta área em Americana, na região
       conhecida como Pós-represa, para fins de reforma agrária em fevereiro de 2004,
       quando a mesma foi ocupado pelo acampamento Terra Sem Males.
               A área utilizada para o novo assentamento corresponde ao sítio Boa Vista,
       confiscado e incorporado ao patrimônio do Instituto Nacional de Previdência Social
       (atual Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS) e comprado pelo INCRA para fins
       de reforma agrária.
       Encontram-se hoje assentadas cerca de 87 famílias, em uma área de
aproximadamente 105 hectares.
       Estas famílias, como afirmado, têm origem diversa, parte significativa delas têm
uma trajetória de vivência na cidade, apesar de terem passado a infância no meio rural,
sobretudo mantendo relações de trabalho como parceria (meação).
       As famílias, em contato com o Movimento Social (MST – Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra), passaram a acalentar a possibilidade de serem
assentadas e reviverem a situação outrora perdida: a da vida camponesa.
       As famílias – acompanhadas pelo grupo que ora desenvolve este trabalho – têm
encontrado formas diversas de produzir, desenvolvendo, por exemplo, uma agricultura

                                                                                            10
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária         11
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

consorciada em que são empregados diferentes tipos de leguminosas e tubérculos,
desenvolvimento de fruticultura orgânica, entre outros.
         Entretanto, todos os desafios comuns à agricultura camponesa também se lhes
impõe, na medida em que buscam encontrar formas de evitar a subordinação de sua
renda. Neste caso, aliás, estamos diante da territorialidade camponesa imersa no “mar
de cana” fruto da territorialização do capital (Thomaz Jr, 1988).
         Justamente na perspectiva de colaborar com mecanismos que evitem a
subordinação da renda camponesa ao capital é que nosso grupo está procurando
atuar.


5. Descrição da Metodologia


         Este projeto de extensão tem sido desenvolvido a partir das seguintes
atividades:
         - Reunião de estudo permanente (quinzenal) com os alunos-pesquiadores;
         - Trabalho de campo quinzenal, envolvendo: observação, entrevistas com as
famílias camponesas, acompanhamento das reuniões do assentamento e diálogo e
acompanhamento das reuniões com o Engenheiro Agrônomo do Incra;
         - Mapeamento do Assentamento (demarcação atual dos lotes, matas ciliares e
solo);
         - Coleta e análise do Solo;
         - Elaboração da Carta de Solos.
         A partir das viagens de trabalho de campo que se realizam quinzenalmente, o
grupo – nas reuniões com os assentados – pôde entender que a questão primordial a
ser resolvida hoje no assentamento trata-se da apresentação de um Plano de
Assentamento ao Incra, uma vez que dele depende a liberação de verbas de custeio e
de moradia.
         As famílias assentadas (em conjunto com a Direção) já haviam feito uma divisão
provisória dos lotes. Entretanto, tendo em vista a necessidade de determinar as áreas
para cultivo coletivo, para uso de equipamentos coletivos (escola, salão social, etc)
para a mata ciliar e reserva legal – além evidentemente, de definir a parcela que caberá
a cada família (visto a exigüidade das terras: 105 hectares para cerca de 87 famílias) –
tornou-se, fundamental o mapeamento do assentamento.



                                                                                     11
12   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                       BOMBARDI, L. M.

       O nosso grupo de extensão, a partir das reuniões em que ficou clara esta
necessidade, passou a definir como tarefa principal o fornecimento de elementos
(conhecimento sistematizado) para que as famílias assentadas possam construir o
Plano de Assentamento.
       A partir daí, passamos a realizar este mapeamento, de modo a atender às
necessidades de determinação: das melhores áreas para cultivo, de adequação de
cultivos, de adequação das parcelas a serem destinadas à reserva legal, de área da
mata ciliar, de área de produção de horticultura coletiva.
       Para a realização do mapeamento foi necessário o levantamento de dados que
envolveu: levantamento de pontos por GPS (do perímetro do assentamento, do
perímetro de cada lote, do perímetro das casas, da mata ciliar, dos cursos d’água),
coleta de amostras de solo e análise física do solo no assentamento, análise química
do solo em laboratório.
       Vale dizer que o levantamento dos pontos com GPS no assentamento, bem
como a coleta de solos, foram todos realizados com o acompanhamento de parte dos
assentados, nos diversos trabalhos de campo.
       A partir destes dados foram elaborados: um mapa geral do assentamento (com a
divisão dos lotes e a localização das famílias em seu respectivo lote, a partir da
plotagem dos pontos na carta de 1:10.000 do IGC) e a carta de solos do assentamento.
       Feito este trabalho, nas reuniões do Grupo, discutiu-se que a linguagem das
cartas não seria a melhor linguagem para subsidiar os assentados na realização do
Plano de Assentamento, de tal sorte que decidimos construir uma maquete com as
informações levantadas, de modo que a maquete fosse oferecida aos assentados e
pudesse servir de instrumento “permanente” para o Planejamento do Assentamento.
       Para a realização da Maquete serviram de base os mapas elaborados pelos
alunos do Projeto Ensinar com Pesquisa e apresentados a seguir:
Mapa 1 – Limites do Assentamento Milton Santos – Americana - SP




                                                                                  12
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária          13
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24




Imagem da área do Assentamento Milton Santos anterior à implantação do assentamento. Área
demarcada com o Spring sobre mosaico de imagens do Google.

Elaboração: Júlio Hato e Cláudio Eduardo Andreoti.




                                                                                      13
14   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                      BOMBARDI, L. M.

Mapa 2 – Divisão dos Lotes no Assentamento Milton Santos – Americana - SP




Área do Assentamento Milton Santos com a divisão atual dos lotes.
Elaboração: Júlio Hato e Cláudio Eduardo Andreoti.


       A partir da elaboração dos mapas 1 e 2 e, também, do levantamento e análise
de solos realizado no Assentamento, os alunos deram início à construção da Maquete,
conforme fotografias apresentadas a seguir.




                                                                                14
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária                  15
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24




Fotografia 1: Maquete sendo iniciada no Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da
USP, sob a orientação de Júlio Hato.
Autora: Larissa Mies Bombardi.




Fotografia 2: Maquete em processo de elaboração a partir das curvas de nível. Laboratório de
Cartografia - Departamento de Geografia da USP
Autora: Maria Cristina Lima.




                                                                                              15
16   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                               BOMBARDI, L. M.




Fotografia 3: Maquete em processo de finalização. Laboratório de Cartografia - Departamento de
Geografia da USP. Autor: Cláudio Eduardo Andreotti.


       Feita a maquete, os alunos do grupo propuseram uma pequena oficina de
apresentação da mesma, de modo que os assentados possam lidar com as
informações nela contidas, conforme apresentado no próximo item.




6. Apresentação dos resultados


       No final de Julho de 2008 os alunos concluíram a maquete, “colorindo” as
manchas de solo com o próprio solo coletado no assentamento Milton Santos. O
objetivo era justamente oferecer de forma “palpável” elementos para que os
assentados tenham o conhecimento de: como o solo se apresenta qualitativamente no
assentamento; como é a atual divisão dos lotes; como é o tamanho de cada lote em
relação aos demais; como a divisão dos lotes está em relação à qualidade do solo em
cada parcela; como se apresenta a mata ciliar em relação à declividade; em quais
áreas o solo está mais fragilizado, entre outros elementos, conforme se observa na
fotografia apresentada a seguir.



                                                                                           16
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária                   17
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24




Fotografia 4: Maquete Finalizada no Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP,
antes de ser apresentada no Assentamento Milton Santos. A divisão da maquete foi realizada com o
objetivo de marcar os perfis do solo em suas porções laterais.
Autora: Larissa Mies Bombardi.


          No dia 29/07/2008 o Grupo de Pesquisa-Extensão foi ao Assentamento Milton
Santos apresentar a maquete, realizando a seguinte oficina:
      1. A primeira parte da atividade se caracteriza como um momento de interpretação livre
      onde os participantes possam falar de suas percepções sobre aquilo que acabam de ter
      contato. Aqui podem estar embutidas respostas sensitivas interessantes, como
      reconhecimento, surpresa, limites de compreensão, o que pode servir de subsídio para a
      continuidade da atividade (e seus limites), podendo ser re-conduzida a partir do que se
      vive no momento.        Isso não implicaria no desvio do que se propõem, mas no
      enriquecimento, que é próprio de um processo orgânico.
      2. Em um segundo momento, com o propósito de uma contextualização espacial da
      maquete, propomos a colocação da maquete no chão de terra (ao lado do barracão), e
      com a colaboração de todos riscamos no próprio solo as cidades vizinhas como
      Cosmópolis e Limeira, etc. As localizações e formas dos territórios serão, sem dúvidas,
      aproximados. O fato de estarmos trabalhando com posições geográficas imprecisas não
      deve ser motivo de uma suposta confusão no entendimento e nem representar a falta de
      rigor, sendo que pode, inclusive, servir como introdução sobre a questão de escala. O
      fato da maquete estar no chão pode facilitar o entendimento da diminuição que fizemos
      do terreno do assentamento. Além disso, temos a possibilidade de discutir duas
      aproximações da realidade: uma ilustrativa (o desenho livre na terra) e a outra em
      escala, que segue o rigor científico.
      3. Nesse momento podemos fazer a ligação com a leitura mais detalhada da maquete.
      Cada pessoa ou núcleo (trabalho em grupo) - a decidir- irá tentar achar seus respectivos
      lotes. Nessa parte da atividade podemos lembrar a todos o rigor científico com a qual foi
      feita a maquete e da possibilidade do reconhecimento dos detalhes da realidade.
      4. No momento seguinte, podemos estimular o pensamento sobre quais outras
      possibilidades de exploração deste material podem existir:
       
        Observação de solos mais, ou menos produtivos;

                                                                                               17
18   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                             BOMBARDI, L. M.

       
       Região de mata, reflorestamento;
       
       abundância/escassez de água;
       
       Águas mais , ou menos sujas;
       
       Pontuar as nascentes;
       
       Estrutura da rede elétrica e da de distribuição de água;
       
       Discutir o esgoto;
       
       Discutir o que é o assentamento hoje, partindo do pré-suposto que aquela é uma
      representação congelada da história;
       
       Discutir o que pode ser o assentamento, tendo como possibilidade a construção de uma
      segunda, terceira... maquete que representem nova configuração de lotes, espaços
      coletivos, captações de água, de energia, áreas de plantio, etc;
       
       Apresentação da comuna para visitantes, entre outras.
      5. Para finalizar a atividade, podemos contar um pouco sobre o trabalho de concepção e
      construção da maquete. Em seguida, podemos ainda, sugerir (isso se nós todos
      entendermos se é possível e/ou pertinente) a construção de maquetes em formato de
      oficinas para os interessados. Seja ela com critérios científicos ou mesmo com caráter
      mais artístico produzida com sucata.


          A entrega da maquete e a realização da oficina estão retratadas nas fotografias
apresentadas a seguir.




Fotografia 5: Apresentação da Maquete no Assentamento Milton Santos em 29/07/2008. Alunos e
assentados observam a maquete.
Autora: Larissa Mies Bombardi.




                                                                                         18
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária                 19
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24




Fotografia 6: Oficina realizada no Assentamento Milton Santos em 29/07/2008 a partir da Maquete.
Assentados observam a localização de seus lotes e a distribuição dos lotes no assentamento.
Autora: Larissa Mies Bombardi.



       A oficina teve um resultado bastante positivo já que dela participaram pelo
menos um representante de cada núcleo do assentamento e, também, o agrônomo do
Incra que dá assistência ao assentamento. Na oficina os assentados vieram até a
maquete para localizar seu próprio lote, fizeram observações sobre o solo, puderam
compreender o sentido da “escala” na maquete (ocasião em que muitos se
surpreenderam ao descobrir que a representação correspondia às distâncias reais),
localizaram os lotes dos vizinhos, observaram a cor e a textura do solo e discutiram
conosco todos estes elementos.
       No atual estágio de nosso trabalho, entendemos que a maquete possa ser um
importante instrumento para o Planejamento do Assentamento em conjunto com o
técnico do INCRA.
       Segundo Paulo Freire (1977, p. 44):

              No momento em que um assistente social, por exemplo, se reconhece como “o
       agente da mudança”, dificilmente perceberá essa obviedade: que, se seu empenho é
       realmente educativo libertador, os homens com quem trabalha não podem ser objetos
       de sua ação. São, ao contrário, tão agentes da mudança quanto ele. A não ser assim,
       ao vivenciar o sentido da frase, não fará outra coisa se não conduzir, manipular,
       domesticar. (grifos nossos)




                                                                                             19
20   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                        BOMBARDI, L. M.

       Nesta perspectiva, entendemos que nosso papel é construir elementos – em
conjunto com os assentados – definidos a partir das necessidades apontadas e
percebidas por eles próprios, no processo complexo e desafiador de construção de
suas vidas no assentamento.
7. Bibliografia


ABRA. “Pirituba, exemplo vitorioso e sem mistérios”. Reforma Agrária, Campinas:
      Associação Brasileira de Reforma Agrária, v. 15, n. 2, p. 61-68, mai./jul. 1985.
BASTOS, E. R. ; FERRANTE, V. L. B.; CHAIA, V. L. M. “Os conflitos sociais no campo
      no Estado de São Paulo”. Reforma Agrária - Revista da Associação Brasileira
      de Reforma Agrária (Campinas), v. 13, n.5, p.26-34, set-out /1983.
BERGAMASCO, S. M. P. P. “Ontem e Hoje, a difícil realidade dos assentamentos
      rurais”. Reforma Agrária - Revista da Associação Brasileira de Reforma Agrária
      (Campinas), v. 22, n.3, p.36-45, set-dez /1992.
BERGAMASCO, S. M. P. P.; Norder, L. A. C. “Os impactos regionais dos
      assentamentos rurais em São Paulo (1960-1997)”. In: Leite, S. e Medeiros, L.
      S. A formação dos assentamentos rurais no Brasil. Rio Grande do Sul, Editora
      da Universidade, 1999.
BOMBARDI, L. M. Campesinato, luta de classe e reforma agrária (A Lei de Revisão
      Agrária em São Paulo). São Paulo, 2005. Tese (Doutorado em Geografia
      Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e
      Ciências, Universidade de São Paulo.
__________. O Bairro Reforma Agrária e o processo de territorialização camponesa.
      São Paulo, Anna Blume, 2004a.
__________. “O Bairro Rural como Identidade Territorial: a especificidade da
      abordagem do campesinato na geografia”. In: Revista Agrária, nº 1, Jan-Jul,
      São Paulo, 2004b. p. 55-95.
__________ “Geografia agrária e responsabilidade social da ciência”. In: Terra Livre.
      nº 21, São Paulo, 2004c. p. 41-53.
___________. “O Papel da Geografia Agrária no Debate Teórico sobre os Conceitos de
      Campesinato e Agricultura Familiar”. In: Geousp. nº 14, São Paulo, 2003a. p.
      107-117.
__________ “Movimentos sociais no campo e a ordem moral camponesa”. In: Anais do
      II Simpósio Nacional de Geografia Agrária/I Simpósio Internacional. São Paulo,
      2003b, 11p.
BRANDÃO, C. R. Plantar, colher, comer: um estudo sobre o campesinato goiano. Rio
      de Janeiro: Edições Graal, 1981.
______________. A Partilha da Vida. São Paulo: Cabral/GEIC Editora, 1995.
CASTRO, J. de. Geografia da Fome. Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2002.
CASTRO OLIVEIRA, B.A.C. “Camponês”. In: Orientação. São Paulo: IGEOG/USP. n.8,
      p.102-4. 1990.
___________. Tempo de travessia, tempo de recriação: profecia e trajetória
      camponesa. São Paulo, 1998. Tese (Doutorado em Antropologia Social).
      Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
      Humanas, Universidade de São Paulo.
CHAYANOV, A. V. La Organización de la Unidad Económica Campesina. Buenos
      Aires: Ediciones Nueva Visón SAIC, 1974.
COSTA, C.M.O. Um olhar sobre o processo organizativo em assentamentos rurais: o
      caso da Fazenda Pirituba. Campinas, 2001. Dissertação (Mestrado em

                                                                                   20
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária       21
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

       Engenharia Agrícola). Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade
       Estadual de Campinas.
D’AQUINO, T. A Casa, os Sítios e as Agrovilas: uma poética do tempo e do espaço no
       assentamento das terras de Promissão. In: ENCONTRO DA ANPOCS, XX,
       1996. Caxambu. 35p. (Mimeogr.).
ETGES, V. E. Sujeição e Resistência - Os camponeses gaúchos e a indústria do fumo.
       São Paulo, 1989. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana).
       Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
       Humanas, Universidade de São Paulo.
FELICIANO, C. A. O Movimento Camponês Rebelde e a Geografia da Reforma
       Agrária. São Paulo, 2003. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana).
       Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
       Humanas, Universidade de São Paulo.
FERNANDES, B. M. MST: Formação e Territorialização. São Paulo: Editora HUCITEC,
       1996.
___________. “Questões teórico-metodológicas da pesquisa geográfica em
       assentamentos de reforma agrária”. In: Boletim Paulista de Geografia, nº 75,
       Associação dos Geógrafos Brasileiros, São Paulo, 1998, p. 83-129.
___________. Contribuição ao Estudo do Campesinato Brasileiro: formação e
       territorialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST –
       1979 - 1999. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado em Geografia Humana).
       Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
       Humanas da Universidade de São Paulo.
____________. Questão Agrária, Pesquisa e MST. São Paulo, Cortez Editora, 2001.
FREIRE, P. Extensão ou Comunicação?. São Paulo: Paz e Terra, 1977.
IOKOI, Z.M.G. Lutas Sociais na América Latina. Argentina, Brasil, Chile. Porto Alegre:
       Mercado Aberto, 1989. (Revisão 35).
___________. “Lutas Camponesas no Rio Grande do Sul e a formação do MST”.
       Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH/Marco Zero/Fapesp/CNPQ.
       n.22, p.49-70. Março-agosto, 1991.
JUSTO, M. G. “Exculhidos”: ex-moradores de rua como camponeses num
       assentamento do MST. São Paulo, 2005. Tese (Doutorado em Geografia
       Humana) - Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e
       Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
LACOSTE, Y. “A pesquisa e o trabalho de campo: um problema político para os
       pesquisadores, estudantes e cidadãos.” In: Seleção de Textos. n.11.
       Associação dos Geógrafos Brasileiros, São Paulo, agosto de 1985.
LAMARCHE, H. (Coord.) A Agricultura Familiar: uma realidade multiforme. Campinas:
       Editora da Unicamp, 1993.
___________ . A Agricultura Familiar: do mito à realidade. Campinas: Editora da
       Unicamp, 1998.
LEITE, S; HEREDIA, B; MEDEIROS, L. et al. Impactos dos Assentamentos: um estudo
       sobre o meio rural brasileiro. Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação
       para a Agricultura: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural; São
       Paulo: Editora UNESP, 2004.
MARIANO, N. F. “O Bairro Revisão Agrária – Jaú-SP”. In: Anais do II Simpósio
       Nacional de Geografia Agrária. I Simpósio Internacional. São Paulo –SP, 2003.
MARQUES, M. I. M. O modo de vida camponês sertanejo e sua territorialidade no
       tempo das grandes fazendas e nos dias de hoje em Ribeira – PB. São Paulo,
       1994. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) - Departamento de


                                                                                   21
22   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                        BOMBARDI, L. M.

      Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade
      de São Paulo.
MARTINS, J. S. Os Camponeses e a Política no Brasil. 4ª edição. Petrópolis: Editora
      Vozes, 1990.
___________. A Chegada do Estranho. São Paulo: HUCITEC, 1993.
___________. O Poder do Atraso. São Paulo : HUCITEC, 1994.
___________. O Cativeiro da Terra. 6ª edição. São Paulo: HUCITEC, 1996a.
___________. O tempo da fronteira: retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da
      frente de expansão e da frente pioneira. Tempo Social, Revista de Sociologia
      da USP, volume 8, nº 1, 25-70, São Paulo, maio, 1996b.
___________. Fronteira. A degradação do Outro nos confins do humano. São Paulo:
      HUCITEC, 1997.
MEDEIROS, L. S. de. A questão da reforma agrária no Brasil: 1955-1964. São Paulo,
      1982. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Departamento de Sociologia,
      Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São
      Paulo.
___________. História dos Movimentos Sociais no Campo. Rio de Janeiro: Fase, 1989.
MIZUSAKI, M. Y. Monopolização do Território e Reestruturação Produtiva na Avicultura
      em Mato Grosso do Sul. São Paulo, 2003. Tese (Doutorado em Geografia
      Humana) – Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e
      Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
MOURA, M. M. Os Herdeiros da Terra. São Paulo: HUCITEC, 1978.
___________. Camponeses. São Paulo: Editora Ática, 1986. (Princípios).
MURAMATSU, Luiz Noboru. “Movimentos sociais no campo: o caso de Santa Fé do
      Sul”. In: Cadernos do CERU, nº 12, 1ª série, Centro de Estudos Rurais e
      Urbanos, São Paulo, setembro de 1979, p. 135-141.
MUSUMECI, L. O mito da terra liberta. São Paulo, Vértice/ANPOCS, 1988.
OLIVEIRA, A. U.“Agricultura e Indústria no Brasil”. In: Boletim Paulista de Geografia,
      n.58, AGB, São Paulo, 1981.
_____________. “Renda da terra”. In: Orientação, n.5, p.94-95. IGEOG/USP, São
      Paulo, 1984.
_____________. “Renda da terra diferencial I e II”. In: Orientação, n.6, p.93-104.
      IGEOG/USP, São Paulo, 1985.
_____________. “Renda da terra absoluta, renda da terra de monopólio, renda da terra
      pré-capitalista, preço da terra”. In: Orientação, n.7, p.77-85. IGEOG/USP, São
      Paulo, 1986.
_____________. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. São Paulo: Editora Ática,
      1990. (Princípios).
_____________. A Agricultura Camponesa no Brasil. São Paulo: Editora Contexto,
      1991a.
_____________. Integrar para (não) entregar: políticas públicas na Amazônia. São
      Paulo: Papirus, 1991b.
_____________. “As (in)justiças no Pontal do Paranapanema”. AGB Informa (São
      Paulo). n. 59, 4º trimestre/1995a.
_____________. “Agricultura Brasileira: Transformações Recentes”. In: ROSS, J.L.S.
      (Org.), Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp.1995c.
____________. “O marxismo, a questão agrária e os conflitos pela terra no Pontal do
      Paranapanema”. In: COGGIOLA, Osvaldo (Org.). Marx e Engels na História.
      São Paulo: Humanitas, 1996c.
____________. “A Geografia Agrária e as Transformações Territoriais Recentes no
      Campo Brasileiro”. In: CARLOS, A. F. A. (Org.), Novos Caminhos da Geografia.
      São Paulo, Contexto, 1999.

                                                                                   22
Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária      23
Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24

___________. A Geografia das Lutas no Campo: conflitos e violência, movimentos
       sociais e resistência, os “sem-terra” e o neoliberalismo. São Paulo, Contexto,
       2001b.
_____________. “O Século XXI e os conflitos no campo: modernidade e barbárie”. In:
       Conflitos no Campo Brasil 2001. Comissão Pastoral da Terra/ Edições Loyola,
       Goiânia, 2002.
_____________. “Barbárie e modernidade: as transformações no campo e o
       agronegócio no Brasil”. In: Terra Livre, São Paulo, Ano 19, v.2, nº 21. p.113-
       156. Jul-Dez. 2003b.
PAOLIELLO, R. M. Posse da Terra e Conflitos Sociais no Campo. Texto baseado em
       ___. Conflitos Fundiários na Baixada do Ribeira: A Posse como Direito e
       Estratégia de Apropriação. Campinas, 1992. Dissertação (Mestrado em
       Antropologia Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. UNICAMP.
QUEIROZ, M. I. P. “Bairros Rurais Paulistas”. In: Separata da Revista do Museu
       Paulista. Nova série. XVII . São Paulo, 1967.
_____________. O Campesinato brasileiro. 2ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1976.
RAPCHAN, E. S. De identidades e Pessoas: Um Estudo de Caso Sobre os Sem Terra
       de Sumaré. São Paulo, 1993. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) -
       Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
       Humanas da Universidade de São Paulo.
RIBEIRO, S. L. S. Processos de mudança no MST: história de uma família cooperada.
       São Paulo, 2002. Dissertação (Mestrado em História Social) – Departamento
       de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
       Universidade de São Paulo.
SADER, M.R. Espaço e luta no Bico do Papagaio. São Paulo. 1987. Tese (Doutorado
       em Geografia Humana) - Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia,
       Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
___________. “A luta dos trabalhadores rurais sem terra”. AGB Informa (São Paulo). n.
       59, 4º trimestre/1995.
SADER, M.R., PACHECO, R. Modernidade, Tradição e Ruptura - Algumas Reflexões
       Sobre Aspectos da Paisagem Rural Brasileira. São Paulo. s.d., 9p. (Mimeogr.).
SALIM, A. Pré-assentamento Comuna da Terra Milton Santos: história de vida, história
       de luta. Campinas, 2007. (Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
       Faculdade de Geografia da PUC-Campinas, para obtenção do título de
       Bacharel em Geografia).
SANTOS, M. Por uma Geografia Nova. 3ª edição. São Paulo: Editora Hucitec. 1990.
__________ . “Globalização e Reforma Agrária”. AGB Informa (São Paulo). n. 59, 4º
       trimestre /1995.
SHANIN, T. “El campesinado como factor politico”. In: ___. Campesinos y sociedades
       campesinas. México: Fondo de Cultura Economica, 1979.
___________. “A Definição de camponês: conceituações e desconceituações – o velho
       e o novo em uma discussão marxista” . Novos Estudos CEBRAP, São Paulo:
       Editora Brasileira de Ciência. n. 26, 1980. p.43-80.
__________. La clase incomoda: sociologia política del campesinado en una sociedad
       en desarrollo (Rusia 1910-1925). Madrid: Alianza Editorial, 1983.
__________. Chayanov e a questão do campesinato. Universidade Federal do Rio
       Grande do Sul. s.d. (Mimeogr.). Transcrição: Leny Belon Ribeiro e Marcos A. G.
       Domingues.
SILVA, M. A. M. Errantes do Fim do Século. São Paulo: Editora da UNESP, 1999.
SIMONETTI, M. C. L. A Longa caminhada: A (re)construção do território camponês em
       Promissão. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado em Geografia Humana) -

                                                                                  23
24   XIX ENGA, São Paulo, 2009                                       BOMBARDI, L. M.

      Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
      Humanas da Universidade de São Paulo.
TARELHO, L. C. - Da consciência dos direitos à identidade social: os sem terra de
      Sumaré. São Paulo, 1988. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) -
      Programa de Pós Graduação em Psicologia Social, Pontifícia Universidade
      Católica de São Paulo.
TAVARES dos SANTOS, J. V. Colonos do Vinho. São Paulo: Editora HUCITEC, 1978.
_______________. “Camponeses e trajetórias migratórias: Do Sul para a Amazônia
      Ocidental”. In: Anuário Antropológico, n.91, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
      1993. p.73.
TEDESCO, J. C. – Terra, trabalho e família: racionalidade produtiva e ethos camponês.
      Editora Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo, 1999.
THOMPSON, E. P. Senhores e Caçadores. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1987.
_____________ . Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional.
      São Paulo, Companhia das Letras, 1998.
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E
      CIÊNCIAS HUMANAS. DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA. Plano de Metas
      Acadêmicas 2004-2008. São Paulo: Departamento de Geografia, 2004. Mimeo.
WOORTMANN, E. Herdeiros, parentes e compadres. São Paulo: Hucitec, Brasília:
      Edunb, 1995.
WOORTMANN, E., WOORTMANN, K. O trabalho da terra. Brasília: Editora UNB, 1997.
WOORTMANN, K. Com parente não se neguceia: o campesinato como ordem moral,
      in: Anuário Antropológico/87, pp. 11–73. Brasília/Rio de Janeiro, 1990.




                                                                                  24

Contenu connexe

Tendances

Políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento do espaço rural
Políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento do espaço ruralPolíticas públicas aplicadas ao desenvolvimento do espaço rural
Políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento do espaço ruralGisele Ramos Onofre
 
Música e geografia no ensino médio: uma oportunidade para compreender o mundo...
Música e geografia no ensino médio: uma oportunidade para compreender o mundo...Música e geografia no ensino médio: uma oportunidade para compreender o mundo...
Música e geografia no ensino médio: uma oportunidade para compreender o mundo...PIBID Geografia UNEAL CAMPUS I
 
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós uniforModelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós uniforZannatta Campos
 
Pensando lugar e paisagem em aulas de geografia para o ensino médio
Pensando lugar e paisagem em aulas de geografia para o ensino médioPensando lugar e paisagem em aulas de geografia para o ensino médio
Pensando lugar e paisagem em aulas de geografia para o ensino médioPIBID Geografia UNEAL CAMPUS I
 
Convocatória iii era sul
Convocatória iii era sulConvocatória iii era sul
Convocatória iii era sulFeab Brasil
 
Projeto Brincar e Descobrir como Preservar o Ambiente. UNEB - 2012 - Claudiné...
Projeto Brincar e Descobrir como Preservar o Ambiente. UNEB - 2012 - Claudiné...Projeto Brincar e Descobrir como Preservar o Ambiente. UNEB - 2012 - Claudiné...
Projeto Brincar e Descobrir como Preservar o Ambiente. UNEB - 2012 - Claudiné...Claudinéia Barbosa
 
A abordagem dos conceitos de geografia na sala de aula tmg
A abordagem dos conceitos de geografia na sala de aula   tmgA abordagem dos conceitos de geografia na sala de aula   tmg
A abordagem dos conceitos de geografia na sala de aula tmgRodrigo Sousa
 
Projeto EJA_ 2º bimestre - Profa. Dafiana Carlos
Projeto  EJA_ 2º bimestre - Profa.  Dafiana CarlosProjeto  EJA_ 2º bimestre - Profa.  Dafiana Carlos
Projeto EJA_ 2º bimestre - Profa. Dafiana CarlosDafianaCarlos
 
Rio + 20
Rio + 20Rio + 20
Rio + 20SINTDS
 
Higiene Corporal e Ambiente Escolar
Higiene Corporal e Ambiente EscolarHigiene Corporal e Ambiente Escolar
Higiene Corporal e Ambiente EscolarWallas Henrique
 
Brasil e dos Agrocombustiveis:Os Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio ...
Brasil e dos Agrocombustiveis:Os Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio ...Brasil e dos Agrocombustiveis:Os Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio ...
Brasil e dos Agrocombustiveis:Os Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio ...ProjetoBr
 

Tendances (15)

Políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento do espaço rural
Políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento do espaço ruralPolíticas públicas aplicadas ao desenvolvimento do espaço rural
Políticas públicas aplicadas ao desenvolvimento do espaço rural
 
Música e geografia no ensino médio: uma oportunidade para compreender o mundo...
Música e geografia no ensino médio: uma oportunidade para compreender o mundo...Música e geografia no ensino médio: uma oportunidade para compreender o mundo...
Música e geografia no ensino médio: uma oportunidade para compreender o mundo...
 
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós uniforModelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
Modelo retificado de artigo xiii encontro de pós unifor
 
Pensando lugar e paisagem em aulas de geografia para o ensino médio
Pensando lugar e paisagem em aulas de geografia para o ensino médioPensando lugar e paisagem em aulas de geografia para o ensino médio
Pensando lugar e paisagem em aulas de geografia para o ensino médio
 
Convocatória iii era sul
Convocatória iii era sulConvocatória iii era sul
Convocatória iii era sul
 
A lei do ordenamento do território e do urbanismo em angola
A lei do ordenamento do território e do urbanismo em angolaA lei do ordenamento do território e do urbanismo em angola
A lei do ordenamento do território e do urbanismo em angola
 
Projeto Brincar e Descobrir como Preservar o Ambiente. UNEB - 2012 - Claudiné...
Projeto Brincar e Descobrir como Preservar o Ambiente. UNEB - 2012 - Claudiné...Projeto Brincar e Descobrir como Preservar o Ambiente. UNEB - 2012 - Claudiné...
Projeto Brincar e Descobrir como Preservar o Ambiente. UNEB - 2012 - Claudiné...
 
Ambiental 3
Ambiental 3Ambiental 3
Ambiental 3
 
Slides do Geterri 2017
Slides do Geterri 2017Slides do Geterri 2017
Slides do Geterri 2017
 
A abordagem dos conceitos de geografia na sala de aula tmg
A abordagem dos conceitos de geografia na sala de aula   tmgA abordagem dos conceitos de geografia na sala de aula   tmg
A abordagem dos conceitos de geografia na sala de aula tmg
 
Artigo completo gisele
Artigo completo giseleArtigo completo gisele
Artigo completo gisele
 
Projeto EJA_ 2º bimestre - Profa. Dafiana Carlos
Projeto  EJA_ 2º bimestre - Profa.  Dafiana CarlosProjeto  EJA_ 2º bimestre - Profa.  Dafiana Carlos
Projeto EJA_ 2º bimestre - Profa. Dafiana Carlos
 
Rio + 20
Rio + 20Rio + 20
Rio + 20
 
Higiene Corporal e Ambiente Escolar
Higiene Corporal e Ambiente EscolarHigiene Corporal e Ambiente Escolar
Higiene Corporal e Ambiente Escolar
 
Brasil e dos Agrocombustiveis:Os Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio ...
Brasil e dos Agrocombustiveis:Os Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio ...Brasil e dos Agrocombustiveis:Os Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio ...
Brasil e dos Agrocombustiveis:Os Impactos das Lavouras sobre a Terra, o Meio ...
 

Similaire à Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

Artigo completo enieduc marina hneda (1)
Artigo completo enieduc   marina hneda (1)Artigo completo enieduc   marina hneda (1)
Artigo completo enieduc marina hneda (1)Gisele Ramos Onofre
 
A GEOGRAFIA VAI AO ACAMPAMENTO (LAGEA-UFU)
 A GEOGRAFIA VAI AO ACAMPAMENTO (LAGEA-UFU) A GEOGRAFIA VAI AO ACAMPAMENTO (LAGEA-UFU)
A GEOGRAFIA VAI AO ACAMPAMENTO (LAGEA-UFU)Virna Salgado Barra
 
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011Virna Salgado Barra
 
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdfA CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdfcarloscardoso948296
 
A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENS...
A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENS...A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENS...
A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENS...pibidgeo
 
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...Linconly Jesus
 
Apresentação de TCC - Pós Graduação em Educação do Campo
Apresentação de TCC - Pós Graduação em Educação do Campo Apresentação de TCC - Pós Graduação em Educação do Campo
Apresentação de TCC - Pós Graduação em Educação do Campo Suellen Melo
 
Educação no campo 3
Educação no campo 3Educação no campo 3
Educação no campo 3tutakamon
 
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidadePesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidadeGustavo Araújo
 
Antropologia - Relatorio XIII SEMANA DA GEOGRAFIA E VIII ENCONTRO DE ESTUDAN...
Antropologia - Relatorio XIII SEMANA DA GEOGRAFIA E  VIII ENCONTRO DE ESTUDAN...Antropologia - Relatorio XIII SEMANA DA GEOGRAFIA E  VIII ENCONTRO DE ESTUDAN...
Antropologia - Relatorio XIII SEMANA DA GEOGRAFIA E VIII ENCONTRO DE ESTUDAN...Jessica Amaral
 
1º Artigo - Semana da Geografia 2009 (UFU)
1º Artigo - Semana da Geografia 2009 (UFU)1º Artigo - Semana da Geografia 2009 (UFU)
1º Artigo - Semana da Geografia 2009 (UFU)Virna Salgado Barra
 
Caderno ciencias -humanas
Caderno ciencias -humanasCaderno ciencias -humanas
Caderno ciencias -humanasJeovana Souza
 

Similaire à Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária (20)

Apresenta..
Apresenta..Apresenta..
Apresenta..
 
Livro ea ecotutrismo2005
Livro ea ecotutrismo2005Livro ea ecotutrismo2005
Livro ea ecotutrismo2005
 
Artigo completo enieduc marina hneda (1)
Artigo completo enieduc   marina hneda (1)Artigo completo enieduc   marina hneda (1)
Artigo completo enieduc marina hneda (1)
 
A GEOGRAFIA VAI AO ACAMPAMENTO (LAGEA-UFU)
 A GEOGRAFIA VAI AO ACAMPAMENTO (LAGEA-UFU) A GEOGRAFIA VAI AO ACAMPAMENTO (LAGEA-UFU)
A GEOGRAFIA VAI AO ACAMPAMENTO (LAGEA-UFU)
 
Geografando
GeografandoGeografando
Geografando
 
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
Virna Salgado Barra - III NEAT 2011
 
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdfA CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
A CIDADE É A SALA DE AULA- ENSINAR-APRENDER GEOGRAFIA A PARTIR DO LUGAR.pdf
 
A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENS...
A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENS...A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENS...
A IMPORTÂNCIA DA AULA DE CAMPO COMO METODOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ENS...
 
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
DIÁRIO DE CAMPO: UMA AULA PARA ENTENDER A LUTA CAMPESINA E O PROJETO DO AGRON...
 
Apresentação de TCC - Pós Graduação em Educação do Campo
Apresentação de TCC - Pós Graduação em Educação do Campo Apresentação de TCC - Pós Graduação em Educação do Campo
Apresentação de TCC - Pós Graduação em Educação do Campo
 
A internet
A internetA internet
A internet
 
Educação física e meio ambiente
Educação física e meio ambienteEducação física e meio ambiente
Educação física e meio ambiente
 
Conflitos
ConflitosConflitos
Conflitos
 
Educação no campo 3
Educação no campo 3Educação no campo 3
Educação no campo 3
 
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidadePesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
Pesquisa em Educação do Campo: produção de conhecimento na diversidade
 
Antropologia - Relatorio XIII SEMANA DA GEOGRAFIA E VIII ENCONTRO DE ESTUDAN...
Antropologia - Relatorio XIII SEMANA DA GEOGRAFIA E  VIII ENCONTRO DE ESTUDAN...Antropologia - Relatorio XIII SEMANA DA GEOGRAFIA E  VIII ENCONTRO DE ESTUDAN...
Antropologia - Relatorio XIII SEMANA DA GEOGRAFIA E VIII ENCONTRO DE ESTUDAN...
 
1º Artigo - Semana da Geografia 2009 (UFU)
1º Artigo - Semana da Geografia 2009 (UFU)1º Artigo - Semana da Geografia 2009 (UFU)
1º Artigo - Semana da Geografia 2009 (UFU)
 
2.editorial
2.editorial2.editorial
2.editorial
 
Caderno ciencias -humanas
Caderno ciencias -humanasCaderno ciencias -humanas
Caderno ciencias -humanas
 
O espaco
O espacoO espaco
O espaco
 

Plus de John Herbert Badi Zappala

Plus de John Herbert Badi Zappala (6)

Asia: regionalizacao
Asia: regionalizacaoAsia: regionalizacao
Asia: regionalizacao
 
101 artigo enapegs
101 artigo enapegs101 artigo enapegs
101 artigo enapegs
 
Agroecologia urbana e práticas sustentáveis 2008
Agroecologia urbana e práticas sustentáveis 2008Agroecologia urbana e práticas sustentáveis 2008
Agroecologia urbana e práticas sustentáveis 2008
 
Calendário biodinâmico 2012
Calendário biodinâmico 2012Calendário biodinâmico 2012
Calendário biodinâmico 2012
 
Agricultura urbana na prática
Agricultura urbana na práticaAgricultura urbana na prática
Agricultura urbana na prática
 
Zappala, John H. B. TGI_Monografia
Zappala, John H. B. TGI_MonografiaZappala, John H. B. TGI_Monografia
Zappala, John H. B. TGI_Monografia
 

Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária

  • 1. XIX ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA, São Paulo, 2009, pp. 1-24 DESAFIOS DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA CAMPONESA NOS ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA ASSENTAMENTO MILTON SANTOS – AMERICANA/SP DESAFÍOS DE LA PRODUCCIÓN AGRÍCOLA CAMPESINA EM LOS ASENTAMIENTOS DE REFORMA AGRARIA ASENTAMIENTO MILTON SANTOS – AMERICANA/SP Larissa Mies Bombardi (Profª Drª - Deptº de Geografia USP) larissab@usp.br Sidneide Manfredini (Profª Drª - Deptº de Geografia USP) sidmanfredini@hotmail.com Amanda de F. M. Catarucci (Mestranda em GF – DG/USP) sacola_cheia@yahoo.com.br Júlio Takahiro Hato (Mestrando em GH – DG/USP) juliohato@yahoo.com.br Carlos Vinicius Xavier (Graduando - Deptº de Geografia USP) cvxgeo@yahoo.com.br Maria Cristina Lima (Graduanda - Deptº de Geografia USP) crismmalin@yahoo.com.br Lucélia Martins Souza (Graduanda – DG/USP) luceliamartinssouza@yahoo.com.br John Herbert Badi Zappala (Graduando – DG/USP) jhzappa@yahoo.com.br Wanderlei Evaristo de Mattos (Graduando – DG/USP) wanderleievaristo@gmail.com Cláudio E. Andreoti (Bal em Geogr. DG-USP e discente de Licenciatura em Geogr. USP) ceandreoti@usp.br Dafner Peixoto Barreto (Graduanda - Deptº de Geografia USP) dafnerbarreto@bol.com.br Leonardo J. Cappucci (Graduando – DG/USP) praticadaliberdade@yahoo.com.br Thiago T. da Cunha Coelho (Graduando – DG/USP) thiagoteixeira_tx@yahoo.com.br Fernando P. dos Santos e Silva (Graduando – DG/USP) fernando.pereira.silva@usp.br Bruna Mariana Rodrigues (Graduanda – DG/USP) brunarodrigues_tiab@hotmail.com Bruno Dantas Hidalgo (Graduando - Deptº de Geografia USP) bruno.hidalgo@usp.br Wellington Jose da Silva (Graduando - Deptº de Geografia USP) wellgeo.usp@gmail.com Carla C. Cintra (Grad. em Geografia – Unesp/Ourinhos) carla_geo2005@yahoo.com.br
  • 2. 2 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. Resumo: Este artigo aborda a Experiência de Extensão em Geografia Agrária coordenada pelas Profªs Drªs Larissa Mies Bombardi e Sidneide Manfredini, realizada em conjunto com um grupo de alunos do Depto de Geografia da USP. Este trabalho tem como finalidade colaborar com as práticas agrícolas e a comercialização que se iniciam no Assentamento Milton Santos localizado em Americana – São Paulo. O assentamento tem três grandes peculiaridades que são, também, um desafio: é composto por muitas famílias de origem urbana, está localizado em uma região monocultora de cana-de- açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles: São Paulo e Campinas. O projeto tem se caracterizado pela orientação de formas adequadas de manejo e pelo fornecimento de elementos para a construção do Plano de Assentamento por parte dos assentados. Palavras-Chave: Extensão, Reforma Agrária, Plano de Assentamento Resumen: Este artículo aborda la Experiencia de Extensión en Geografía Agraria coordinada por las Profªs Drªs Larissa Mies Bombardi y Sidneide Manfredini, realizada en conjunto con un grupo de alumnos del Depto de Geografía de la USP. Este trabajo tiene como finalidad colaborar con las prácticas agrícolas y la comercialización que se inician en el Asentamiento Milton Santos, localizado en Americana – São Paulo. El asentamiento tiene tres grandes peculiaridades que son también un reto: está compuesto por muchas familias de origen urbano, está localizado en una región de monocultivo de caña de azúcar y es muy cercano a dos grandes metrópolis: São Paulo y Campinas. El proyecto se ha caracterizado por la orientación de formas adecuadas de manejo y por la provisión de elementos para la construcción del Plan de Asentamiento por parte de los asentados. Palabras Clave: Extensión, Reforma Agraria, Plan de Asentamiento. 1. Apresentação O projeto de extensão ora apresentado surgiu a partir da disciplina “Trabalho de Campo em Geografia I” ministrada pela Profª Drª Larissa Mies Bombardi no Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo. O trabalho de campo realizado no Assentamento Milton Santos é uma das atividades da referida disciplina e, 2
  • 3. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 3 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 no ano de 2007, os alunos permaneceram três dias no assentamento, sendo recebidos em duplas pelas famílias assentadas. No retorno ao campo, requisito da disciplina, os alunos apresentaram uma devolutiva para os assentados e, a partir daí, ou seja, a partir do vínculo criado com os assentados e, também, a partir das necessidades apontadas pelos próprios assentados no sentido de sua formação com relação às formas de produção, manejo e comercialização, abriu-se espaço para gestarmos o projeto de extensão em curso. No mesmo ano a Pró Reitoria de Graduação da Universidade de São Paulo abriu uma modalidade de bolsa chamada “Ensinar com Pesquisa” que tem, como finalidade principal, permitir que os alunos desenvolvam habilidades específicas da pesquisa e, ao mesmo tempo, possam eles próprios ensinar. Neste âmbito, foram solicitadas bolsas pela Profª Drª Larissa Mies Bombardi, tendo sido concedidas sete bolsas. A partir daí, pudemos dar início ao trabalho. Parte dos alunos ora envolvidos no Projeto de Extensão são bolsistas do Programa Ensinar com Pesquisa, os demais, tomam parte no trabalho em caráter voluntário. 2. Objetivos O trabalho de pesquisa e extensão “Desafios da Produção Agrícola Camponesa nos Assentamentos de Reforma Agrária: Assentamento Milton Santos – Americana/SP” tem como finalidade central desvendar e colaborar com as práticas agrícolas e com o processo de comercialização que se iniciam no Assentamento Milton Santos localizado em Americana – São Paulo. O assentamento, cujo nome homenageia um grande geógrafo, tem três grandes peculiaridades que são, ao mesmo tempo, um desafio: o assentamento é composto por muitas famílias de origem urbana, está localizado em uma região de latifúndios monocultores de cana-de-açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles: São Paulo e Campinas. Estas peculiaridades são um desafio na medida em que os assentados de reforma agrária, para se consolidarem na terra, têm que lidar com as formas de subordinação de sua renda ao capital. Isto significa que a viabilidade da reforma agrária depende da maneira como estes grupos camponeses lidam com o mercado. Neste sentido, é fundamental entender suas práticas agrícolas e, ao mesmo tempo, possibilitar uma orientação das formas adequadas de manejo. A participação de alunos de graduação neste projeto permite que os mesmos desenvolvam habilidades 3
  • 4. 4 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. específicas da pesquisa e, ao mesmo tempo, possam eles próprios ensinar, colaborando com os assentados no desenvolvimento de práticas agrícolas adequadas. 3. Conexão do Projeto de Extensão com o Projeto Pedagógico do Curso de Geografia O projeto em curso, que visa desvendar/colaborar com as práticas agrícolas que se iniciam no Assentamento Milton Santos está em consonância com o Projeto Pedagógico do curso de Geografia da Universidade de São Paulo. No Projeto Pedagógico do curso de Geografia construímos a seguinte ponderação a respeito da formação de nossos alunos de graduação: Não se pode mais ignorar o reconhecimento da constituição de um espaço planetário complexo, sobretudo diante das profundas e sérias mudanças globais ambientais que já afetaram ou que põe em risco a vida no planeta. Para a geografia torna-se necessário refletir sobre os modos como esses processos mundiais se constituem no espaço brasileiro, pois o geógrafo deve contribuir para, através de seu trabalho, aprofundar a análise e a compreensão da realidade no que ela tem de global e de específico. Pensar o homem e seu mundo, tal como se reproduz na cotidianidade de suas relações sociais. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, DEPTO DE GEOGRAFIA, 2004:5) Neste sentido, realizar uma pesquisa a respeito de assentamentos agrários significa compreender o processo de reprodução do capital no mundo atual e, especificamente, a sua contraditoriedade através da territorialização do trabalho camponês. Desta maneira, o trabalho de campo, prática clássica do fazer geográfico, tem lugar central no processo de desvendamento da realidade em uma perspectiva eminentemente geográfica. Portanto, o desvendamento da trajetória de assentamentos de reforma agrária pressupõe a realização da pesquisa empírica como ferramenta fundamental para “Pensar o homem e seu mundo, tal como se reproduz na cotidianeidade de suas relações sociais, se impõe”. Desta forma, em nossa concepção, conforme explicitada em nosso Projeto Pedagógico, a pesquisa tem lugar central na formação de nosso graduando: A Universidade é o locus privilegiado da produção do conhecimento, que se constrói, basicamente, no cotidiano da pesquisa, enquanto produção crítica e original, sem a qual não há ensino comprometido com a formação do cidadão . É preciso reforçar que o conhecimento só pode ser produzido através do comportamento crítico e do exercício de liberdade e de existência do pleno direito à diferença. (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, DEPTO DE GEOGRAFIA, 2004:5) Neste sentido, buscamos na formação de nossos alunos e, particularmente no desenvolvimento deste projeto, “desenvolver as habilidades de pesquisar e de questionar o conhecimento”. 4
  • 5. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 5 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 Para realizar uma pesquisa acerca das práticas agrícolas de assentados de reforma agrária, através deste projeto, os alunos-pesquisadores tem a oportunidade de aprender e aplicar as técnicas necessárias para o desenvolvimento da pesquisa. Dentre estas técnicas apresentam-se: a observação de campo, a realização de entrevistas/questionários com as famílias camponesas, a elaboração de cartas (mapas) específicas que orientem o manejo agrícola adequado, a avaliação do solo, a avaliação da potencialidade de comercialização dos produtos cultivados e, finalmente, a sistematização dos dados e informações coletados. 4. Fundamentação teórica Os sucessivos conflitos e a emergência de movimentos sociais envolvidos com a luta pela terra têm marcado o Brasil principalmente nas últimas duas décadas, gerando uma alteração de sua configuração territorial. É necessário, portanto, que tenhamos as ferramentas teóricas adequadas para o desvendamento da formação territorial do Brasil, em especial no que se refere à compreensão da questão agrária. Estas ferramentas teóricas dizem respeito ao entendimento dos processos históricos relacionados à propriedade da terra no Brasil e de conceitos que são fundamentais para a compreensão do campo brasileiro na atualidade, especialmente neste momento de mundialização do capital. Algumas idéias e conceitos têm sido importados pela geografia agrária, de autores da economia ou da sociologia, sem que uma reflexão aprofundada sobre o significado dos mesmos tenha sido feita. Entre estas idéias tem tomado força a “de novo rural”, segundo a qual o campo brasileiro tem se tornado mais moderno e cada vez menos agrícola e mais “plural”. Os camponeses, nesta concepção, vão deixando de dê-lo para tornarem-se agricultores familiares (uma espécie de pequenos empresários do campo) ou simplesmente assalariados. Há três grandes perigos nesta concepção: o primeiro é o de não enxergar a peculiaridade do campesinato enquanto classe social e, portanto, negligenciar a especificidade de sua ação e trajetória. O segundo é que neste caminho de entendimento não há possibilidade de compreender a ação dos movimentos sociais no campo que têm como bandeira a execução de uma reforma agrária ampla. O terceiro, particularmente do ponto de vista da geografia, é que não se consegue abarcar a 5
  • 6. 6 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. transformação do território em toda a sua contraditoriedade, determinada pelo modo de produção capitalista. Sabemos que o capital não se reproduz de maneira única, mas que, ao contrário, seu processo de reprodução é contraditório e esta contraditoriedade marca o território brasileiro e, sobretudo, o campo, de uma maneira muito específica. Temos lado a lado a agricultura camponesa e a agricultura capitalista desenvolvendo-se. Temos um movimento camponês extremamente atuante e de proporção nacional que vem buscando a realização de uma reforma agrária de forma ampla e massiva e que, no limite, tem questionado a lógica da apropriação da terra no Brasil e tem provocado uma alteração territorial, social, econômica e política, no campo brasileiro. Ocorre que as últimas ocupações de terra e marchas dos movimentos sociais têm posto a nu o poder do latifúndio no Brasil. O Brasil não só foi um dos países com pior concentração fundiária do mundo, como ainda é. Oliveira (2003) nos mostra que temos as pequenas propriedades, com menos de 100 hectares - que são 84% dos estabelecimentos agrícolas - ocupando apenas 17% da área total. Em contrapartida os maiores estabelecimentos - com mais de 1000 hectares - que correspondem a apenas 2,4% do número total de estabelecimentos - ocupam 50% da área. Oliveira (2003) nos mostra também que se somarmos a área das 27 maiores propriedades rurais no Brasil, temos uma área equivalente ao estado de São Paulo inteiro. O mecanismo do latifúndio na atualidade - que espantosamente é improdutivo ou “reprodutor” daquilo que poderíamos chamar de monocultura nefasta (excludente de pessoas e devastador do meio ambiente) - se apresenta exatamente da mesma maneira como já havia se apresentado em outros momentos de nossa história quando da atuação de outros movimentos sociais. O que nos permite jocosamente dizer que ao contrário de estarmos diante de um novo rural, estamos na verdade, diante de nosso “Velho Rural”. Josué de Castro escreveu “Geografia da Fome” na década de 40. Portanto, sessenta anos depois estamos vivenciando exatamente o mesmo problema. Enquanto isso o Brasil – não bastasse a enorme concentração fundiária - tem cerca de 60% de suas terras agriculturáveis improdutivas. É isso que os movimentos sociais, em especial o MST, estão trazendo para a ordem do dia. Estes movimentos estão colocando em questão a incoerência de um país com 60% das terras improdutivas e 30 milhões de miseráveis. 6
  • 7. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 7 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 Neste sentido, estamos diante da construção de uma reforma agrária, perpetrada a partir da ação de classe do campesinato, que tem trazido para a realidade brasileira perspectivas antes impensadas. Estas perspectivas se dão em duas direções: uma, a do avanço da territorialização camponesa em si a qual, além da importância econômica tem significado, para as famílias assentadas, a possibilidade de um salto na condição de vida (sob diferentes aspectos). Outra. aquela que se refere ao acolhimento/participação de famílias de origem urbana no movimento social de luta pela terra. Uma parte significativa dos atuais acampamentos tem sido composta por famílias/pessoas de origem urbana. Este caráter é, de alguma forma, inovador na trajetória da luta pela terra e, também, vai na contramão da trajetória migratória que grassa o país há décadas. Entretanto, tem sido um desafio para os projetos de reforma agrária a contínua luta contra a subordinação da renda camponesa ao capital. Esta subordinação se dá de três formas: ao capital industrial, ao capital financeiro e ao capital comercial. (Bombardi, 2005) É fundamental, portanto, quando se trata de assentamentos camponeses, uma prática agrícola que busque superar as formas clássicas de subordinação da renda ao capital. Neste sentido, esta pesquisa visa contribuir com a construção de práticas agrícolas adequadas não só ao ambiente em que estão inseridas, como também, ao mercado consumidor presente no entorno do assentamento. Neste sentido, este projeto visa – além de desvendar a territorialidade originada pelas práticas agrícolas já consolidadas – contribuir com a construção de demais práticas agrícolas adequadas não só ao ambiente em que estão inseridas, como também, ao mercado consumidor presente no entorno do assentamento. O assentamento Milton Santos, diferentemente de parte dos assentamentos do Estado de São Paulo originários do movimento social organizado até os anos 80 e 90, tem algumas particularidades, dentre elas, vale ressaltar: é composto por muitas famílias de origem urbana, está localizado em uma região de latifúndios monocultores de cana-de-açúcar e está muito próximo de duas grandes metrópoles: São Paulo e Campinas. Para a compreensão da origem do Assentamento Milton Santos, vinculado e fruto do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), cabe um esclarecimento a respeito da compreensão que se faz, no âmbito deste projeto, da origem dos assentamentos como resultado da ação do movimento social organizado. 7
  • 8. 8 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. Os dados revelam o campo brasileiro em conflito há, no mínimo, sessenta anos (Bombardi, 2005). Tais conflitos são conflitos de classe, de uma sociedade que é eminentemente contraditória; são conflitos pela apropriação e controle do território. O campesinato luta por sua reprodução na própria terra. É, portanto, através da compreensão do sentido dos conflitos que se compreende simultaneamente, a luta de classes, a luta pela terra e a necessidade da reforma agrária na atualidade. Vale dizer que o campesinato e o conflito de classe, estão no centro da interpretação para desvendar a reforma agrária. Desta forma proponho que a reforma agrária é a apropriação de frações do território que o campesinato – consciente de sua unidade e de seus interesses - conquista através da luta e do enfrentamento de classe. (Bombardi, 2005) O campesinato, enquanto classe, está em conflito com as duas outras classes sociais hegemônicas no capitalismo: que são os capitalistas e os proprietários de terra. Esta concepção do campesinato como classe social, está presente em autores como Shanin, José de Souza Martins, José Vicente Tavares dos Santos e Ariovaldo Umbelino de Oliveira; que se contrapõem a outros autores no âmbito do marxismo que negam a existência do campesinato. Para a interpretação desta classe social tão específica, que é o campesinato, há que se considerar duas questões que estão relacionadas e que não podem ser compreendidas separadamente. A primeira questão é aquela que diz respeito à ordem moral camponesa, conforme nos informa o antropólogo Klass Woortmann, entre outros, ou seja, é a questão da concepção de mundo camponesa que vê a terra vinculada à vida, à família e ao trabalho. Entretanto, esta ordem moral só pode ser entendida em conjunto com um outro aspecto, que também caracteriza esta classe social, que é a sua forma econômica de produzir. Quer dizer, contraditoriamente, que o capital faz uso, precisa de relações não capitalistas para se reproduzir. É isso que explica a presença desta classe social neste modo de produção. Mas, ao mesmo tempo, temos uma contradição dentro da outra: o capital embora precise e permita a reprodução camponesa, também despoja o campesinato, também o expulsa. Assim, se por um lado é possível compreender a reprodução camponesa dentro do capitalismo, como um imperativo da própria reprodução do capital, isto sozinho não explica tudo. 8
  • 9. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 9 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 Ou seja, o campesinato, mesmo quando despojado ou expulso, luta para resgatar sua condição. Isto quer dizer que temos, duplamente: uma forma econômica não pautada pelo lucro que é informada pela ordem moral camponesa e, ao mesmo tempo também a informa. Assim, é no âmbito dessa concepção que este projeto está sendo concebido, em uma perspectiva de que a compreensão do campesinato e sua inserção e reprodução – contraditória - na sociedade capitalista é que possibilitam uma abordagem profícua da realidade e, especificamente, da realidade dos assentamentos, desvendando o lugar dos conflitos de classe no país e o significado da reforma agrária. Portanto, a reforma agrária é sempre esta apropriação de frações do território que o campesinato – consciente da sua unidade e dos seus interesses - conquista através da luta e do enfrentamento de classe. Esta reforma agrária, que é buscada através da luta camponesa por sua reprodução, cria marcas no território, territorializa-se e transforma a experiência das famílias que a vivenciam. Essa experiência – quando a família se reproduz na terra - é traduzida de uma maneira extremamente positiva nas falas colhidas em trabalhos de campo - já realizados no âmbito do projeto ora proposto – e que são a âncora para a construção de uma teoria sobre a reprodução camponesa. Neste sentido, particularmente no tocante ao Assentamento Milton Santos, de acordo com Salim, 2007 (p.70-72): A conquista do Pré-Assentamento Comuna da Terra Milton Santos foi o resultado de quarenta e dois dias de luta e ocupações por um grupo de famílias em busca do acesso a terra. Muitos deles já faziam parte do movimento e tiveram participação em outros acampamentos em sua trajetória de vida e luta. Este processo de luta, as informações sobre as ocupações e a descrição do pré- assentamento foram levantadas a partir de entrevistas realizadas ao longo dos trabalhos de campo com os integrantes do MST. Entrevista com funcionários do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP); consultas à reportagens de periódicos e bibliografia sobre o assunto. O grupo que realizou os acampamentos foi formado através de um trabalho de base realizado por integrantes do MST no segundo semestre de 2005, na Região Metropolitana de Campinas (RMC) e município de Limeira. Os militantes do MST se espalharam nos bairros dos municípios divulgando que estariam realizando um trabalho de base, explicando a situação, que a luta pela reforma agrária começa debaixo da lona preta, com vento, chuva e sol. Desta forma, na manhã do dia 12 de novembro de 2005 de acordo com Lima (2007) cerca de 100 famílias, juntamente com estudantes e sindicalistas, entre outros apoiadores, ocuparam a fazenda Santo Antônio em Limeira, da antiga Granja Malavazzi. Até o início de dezembro, o acampamento acolheu mais pessoas, chegando ao número de 300 famílias. 9
  • 10. 10 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. A fazenda Santo Antônio está situada no bairro Jardim da Lagoa Nova, próximo a antiga estrada que liga Limeira à Santa Bárbara d’ Oeste e possui uma área de 230 hectares, sendo que apenas uma parte da propriedade foi utilizada para o acampamento. A alegação dos integrantes do movimento era que a granja Malavazzi havia falido e não realizou o pagamento dos encargos trabalhistas, estando penhorada e no poder da justiça, portanto a fazenda poderia ser utilizada para a reforma agrária. Na primeira assembléia do acampamento foi escolhido o seu nome, Acampamento Milton Santos, homenageando o geógrafo (in memorian), que ocupou a posição de embaixador no governo do Jânio Quadros, comprometido com as causas populares e com discussões referentes à globalização. De acordo com o líder do assentamento Elias Antônio dos Santos, “Gordo”, o MST normalmente escolhe nomes de pessoas que lutaram contra o capitalismo e a favor da erradicação da pobreza. (...) Após diálogos com o ITESP, com a Polícia Militar e com a liminar de reintegração de posse, no dia 07 de dezembro de 2005, às 19h, os integrantes do movimento desocuparam a fazenda. A reintegração de posse foi baseada na alegação de esbulho possessório por parte do proprietário do imóvel. O esbulho possessório é baseado na “[...] acusação de ato ilegal triplificado no artigo 161, parágrafo 1º, inciso II, do Código Penal”. (FELICIANO, 2006, p. 106). No mesmo dia as famílias realizaram uma nova ocupação, próxima à rodovia que liga Limeira a Arthur Nogueira, a fazenda Santa Júlia, no bairro Ferrão, com área de 90 hectares. Os membros da coordenação do movimento continuavam não querendo confrontos com a Polícia Militar, mas esperavam que o INCRA encontrasse uma área para que as famílias fossem assentadas, já que não tinham para onde ir. Os integrantes do acampamento reivindicaram a questão da improdutividade da fazenda Santa Júlia, uma vez que a mesma não estava cumprindo sua função social. A liminar de reintegração de posse foi novamente concedida, mas a desocupação não ocorreu, pois os acampados aguardavam a decisão do INCRA referente a uma nova área para realizar o assentamento das famílias. No dia 23 de dezembro de 2005, após duas liminares de reintegração de posse nas áreas ocupadas, o INCRA organizou a retirada das famílias da fazenda Santa Júlia que foram acompanhadas pela Polícia Militar Rodoviária até uma nova área definitiva, próxima ao bairro Antônio Zanaga, em Americana. O INCRA já havia regularizado a compra desta área em Americana, na região conhecida como Pós-represa, para fins de reforma agrária em fevereiro de 2004, quando a mesma foi ocupado pelo acampamento Terra Sem Males. A área utilizada para o novo assentamento corresponde ao sítio Boa Vista, confiscado e incorporado ao patrimônio do Instituto Nacional de Previdência Social (atual Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS) e comprado pelo INCRA para fins de reforma agrária. Encontram-se hoje assentadas cerca de 87 famílias, em uma área de aproximadamente 105 hectares. Estas famílias, como afirmado, têm origem diversa, parte significativa delas têm uma trajetória de vivência na cidade, apesar de terem passado a infância no meio rural, sobretudo mantendo relações de trabalho como parceria (meação). As famílias, em contato com o Movimento Social (MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), passaram a acalentar a possibilidade de serem assentadas e reviverem a situação outrora perdida: a da vida camponesa. As famílias – acompanhadas pelo grupo que ora desenvolve este trabalho – têm encontrado formas diversas de produzir, desenvolvendo, por exemplo, uma agricultura 10
  • 11. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 11 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 consorciada em que são empregados diferentes tipos de leguminosas e tubérculos, desenvolvimento de fruticultura orgânica, entre outros. Entretanto, todos os desafios comuns à agricultura camponesa também se lhes impõe, na medida em que buscam encontrar formas de evitar a subordinação de sua renda. Neste caso, aliás, estamos diante da territorialidade camponesa imersa no “mar de cana” fruto da territorialização do capital (Thomaz Jr, 1988). Justamente na perspectiva de colaborar com mecanismos que evitem a subordinação da renda camponesa ao capital é que nosso grupo está procurando atuar. 5. Descrição da Metodologia Este projeto de extensão tem sido desenvolvido a partir das seguintes atividades: - Reunião de estudo permanente (quinzenal) com os alunos-pesquiadores; - Trabalho de campo quinzenal, envolvendo: observação, entrevistas com as famílias camponesas, acompanhamento das reuniões do assentamento e diálogo e acompanhamento das reuniões com o Engenheiro Agrônomo do Incra; - Mapeamento do Assentamento (demarcação atual dos lotes, matas ciliares e solo); - Coleta e análise do Solo; - Elaboração da Carta de Solos. A partir das viagens de trabalho de campo que se realizam quinzenalmente, o grupo – nas reuniões com os assentados – pôde entender que a questão primordial a ser resolvida hoje no assentamento trata-se da apresentação de um Plano de Assentamento ao Incra, uma vez que dele depende a liberação de verbas de custeio e de moradia. As famílias assentadas (em conjunto com a Direção) já haviam feito uma divisão provisória dos lotes. Entretanto, tendo em vista a necessidade de determinar as áreas para cultivo coletivo, para uso de equipamentos coletivos (escola, salão social, etc) para a mata ciliar e reserva legal – além evidentemente, de definir a parcela que caberá a cada família (visto a exigüidade das terras: 105 hectares para cerca de 87 famílias) – tornou-se, fundamental o mapeamento do assentamento. 11
  • 12. 12 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. O nosso grupo de extensão, a partir das reuniões em que ficou clara esta necessidade, passou a definir como tarefa principal o fornecimento de elementos (conhecimento sistematizado) para que as famílias assentadas possam construir o Plano de Assentamento. A partir daí, passamos a realizar este mapeamento, de modo a atender às necessidades de determinação: das melhores áreas para cultivo, de adequação de cultivos, de adequação das parcelas a serem destinadas à reserva legal, de área da mata ciliar, de área de produção de horticultura coletiva. Para a realização do mapeamento foi necessário o levantamento de dados que envolveu: levantamento de pontos por GPS (do perímetro do assentamento, do perímetro de cada lote, do perímetro das casas, da mata ciliar, dos cursos d’água), coleta de amostras de solo e análise física do solo no assentamento, análise química do solo em laboratório. Vale dizer que o levantamento dos pontos com GPS no assentamento, bem como a coleta de solos, foram todos realizados com o acompanhamento de parte dos assentados, nos diversos trabalhos de campo. A partir destes dados foram elaborados: um mapa geral do assentamento (com a divisão dos lotes e a localização das famílias em seu respectivo lote, a partir da plotagem dos pontos na carta de 1:10.000 do IGC) e a carta de solos do assentamento. Feito este trabalho, nas reuniões do Grupo, discutiu-se que a linguagem das cartas não seria a melhor linguagem para subsidiar os assentados na realização do Plano de Assentamento, de tal sorte que decidimos construir uma maquete com as informações levantadas, de modo que a maquete fosse oferecida aos assentados e pudesse servir de instrumento “permanente” para o Planejamento do Assentamento. Para a realização da Maquete serviram de base os mapas elaborados pelos alunos do Projeto Ensinar com Pesquisa e apresentados a seguir: Mapa 1 – Limites do Assentamento Milton Santos – Americana - SP 12
  • 13. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 13 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 Imagem da área do Assentamento Milton Santos anterior à implantação do assentamento. Área demarcada com o Spring sobre mosaico de imagens do Google. Elaboração: Júlio Hato e Cláudio Eduardo Andreoti. 13
  • 14. 14 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. Mapa 2 – Divisão dos Lotes no Assentamento Milton Santos – Americana - SP Área do Assentamento Milton Santos com a divisão atual dos lotes. Elaboração: Júlio Hato e Cláudio Eduardo Andreoti. A partir da elaboração dos mapas 1 e 2 e, também, do levantamento e análise de solos realizado no Assentamento, os alunos deram início à construção da Maquete, conforme fotografias apresentadas a seguir. 14
  • 15. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 15 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 Fotografia 1: Maquete sendo iniciada no Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP, sob a orientação de Júlio Hato. Autora: Larissa Mies Bombardi. Fotografia 2: Maquete em processo de elaboração a partir das curvas de nível. Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP Autora: Maria Cristina Lima. 15
  • 16. 16 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. Fotografia 3: Maquete em processo de finalização. Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP. Autor: Cláudio Eduardo Andreotti. Feita a maquete, os alunos do grupo propuseram uma pequena oficina de apresentação da mesma, de modo que os assentados possam lidar com as informações nela contidas, conforme apresentado no próximo item. 6. Apresentação dos resultados No final de Julho de 2008 os alunos concluíram a maquete, “colorindo” as manchas de solo com o próprio solo coletado no assentamento Milton Santos. O objetivo era justamente oferecer de forma “palpável” elementos para que os assentados tenham o conhecimento de: como o solo se apresenta qualitativamente no assentamento; como é a atual divisão dos lotes; como é o tamanho de cada lote em relação aos demais; como a divisão dos lotes está em relação à qualidade do solo em cada parcela; como se apresenta a mata ciliar em relação à declividade; em quais áreas o solo está mais fragilizado, entre outros elementos, conforme se observa na fotografia apresentada a seguir. 16
  • 17. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 17 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 Fotografia 4: Maquete Finalizada no Laboratório de Cartografia - Departamento de Geografia da USP, antes de ser apresentada no Assentamento Milton Santos. A divisão da maquete foi realizada com o objetivo de marcar os perfis do solo em suas porções laterais. Autora: Larissa Mies Bombardi. No dia 29/07/2008 o Grupo de Pesquisa-Extensão foi ao Assentamento Milton Santos apresentar a maquete, realizando a seguinte oficina: 1. A primeira parte da atividade se caracteriza como um momento de interpretação livre onde os participantes possam falar de suas percepções sobre aquilo que acabam de ter contato. Aqui podem estar embutidas respostas sensitivas interessantes, como reconhecimento, surpresa, limites de compreensão, o que pode servir de subsídio para a continuidade da atividade (e seus limites), podendo ser re-conduzida a partir do que se vive no momento. Isso não implicaria no desvio do que se propõem, mas no enriquecimento, que é próprio de um processo orgânico. 2. Em um segundo momento, com o propósito de uma contextualização espacial da maquete, propomos a colocação da maquete no chão de terra (ao lado do barracão), e com a colaboração de todos riscamos no próprio solo as cidades vizinhas como Cosmópolis e Limeira, etc. As localizações e formas dos territórios serão, sem dúvidas, aproximados. O fato de estarmos trabalhando com posições geográficas imprecisas não deve ser motivo de uma suposta confusão no entendimento e nem representar a falta de rigor, sendo que pode, inclusive, servir como introdução sobre a questão de escala. O fato da maquete estar no chão pode facilitar o entendimento da diminuição que fizemos do terreno do assentamento. Além disso, temos a possibilidade de discutir duas aproximações da realidade: uma ilustrativa (o desenho livre na terra) e a outra em escala, que segue o rigor científico. 3. Nesse momento podemos fazer a ligação com a leitura mais detalhada da maquete. Cada pessoa ou núcleo (trabalho em grupo) - a decidir- irá tentar achar seus respectivos lotes. Nessa parte da atividade podemos lembrar a todos o rigor científico com a qual foi feita a maquete e da possibilidade do reconhecimento dos detalhes da realidade. 4. No momento seguinte, podemos estimular o pensamento sobre quais outras possibilidades de exploração deste material podem existir:   Observação de solos mais, ou menos produtivos; 17
  • 18. 18 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M.   Região de mata, reflorestamento;   abundância/escassez de água;   Águas mais , ou menos sujas;   Pontuar as nascentes;   Estrutura da rede elétrica e da de distribuição de água;   Discutir o esgoto;   Discutir o que é o assentamento hoje, partindo do pré-suposto que aquela é uma representação congelada da história;   Discutir o que pode ser o assentamento, tendo como possibilidade a construção de uma segunda, terceira... maquete que representem nova configuração de lotes, espaços coletivos, captações de água, de energia, áreas de plantio, etc;   Apresentação da comuna para visitantes, entre outras. 5. Para finalizar a atividade, podemos contar um pouco sobre o trabalho de concepção e construção da maquete. Em seguida, podemos ainda, sugerir (isso se nós todos entendermos se é possível e/ou pertinente) a construção de maquetes em formato de oficinas para os interessados. Seja ela com critérios científicos ou mesmo com caráter mais artístico produzida com sucata. A entrega da maquete e a realização da oficina estão retratadas nas fotografias apresentadas a seguir. Fotografia 5: Apresentação da Maquete no Assentamento Milton Santos em 29/07/2008. Alunos e assentados observam a maquete. Autora: Larissa Mies Bombardi. 18
  • 19. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 19 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 Fotografia 6: Oficina realizada no Assentamento Milton Santos em 29/07/2008 a partir da Maquete. Assentados observam a localização de seus lotes e a distribuição dos lotes no assentamento. Autora: Larissa Mies Bombardi. A oficina teve um resultado bastante positivo já que dela participaram pelo menos um representante de cada núcleo do assentamento e, também, o agrônomo do Incra que dá assistência ao assentamento. Na oficina os assentados vieram até a maquete para localizar seu próprio lote, fizeram observações sobre o solo, puderam compreender o sentido da “escala” na maquete (ocasião em que muitos se surpreenderam ao descobrir que a representação correspondia às distâncias reais), localizaram os lotes dos vizinhos, observaram a cor e a textura do solo e discutiram conosco todos estes elementos. No atual estágio de nosso trabalho, entendemos que a maquete possa ser um importante instrumento para o Planejamento do Assentamento em conjunto com o técnico do INCRA. Segundo Paulo Freire (1977, p. 44): No momento em que um assistente social, por exemplo, se reconhece como “o agente da mudança”, dificilmente perceberá essa obviedade: que, se seu empenho é realmente educativo libertador, os homens com quem trabalha não podem ser objetos de sua ação. São, ao contrário, tão agentes da mudança quanto ele. A não ser assim, ao vivenciar o sentido da frase, não fará outra coisa se não conduzir, manipular, domesticar. (grifos nossos) 19
  • 20. 20 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. Nesta perspectiva, entendemos que nosso papel é construir elementos – em conjunto com os assentados – definidos a partir das necessidades apontadas e percebidas por eles próprios, no processo complexo e desafiador de construção de suas vidas no assentamento. 7. Bibliografia ABRA. “Pirituba, exemplo vitorioso e sem mistérios”. Reforma Agrária, Campinas: Associação Brasileira de Reforma Agrária, v. 15, n. 2, p. 61-68, mai./jul. 1985. BASTOS, E. R. ; FERRANTE, V. L. B.; CHAIA, V. L. M. “Os conflitos sociais no campo no Estado de São Paulo”. Reforma Agrária - Revista da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Campinas), v. 13, n.5, p.26-34, set-out /1983. BERGAMASCO, S. M. P. P. “Ontem e Hoje, a difícil realidade dos assentamentos rurais”. Reforma Agrária - Revista da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Campinas), v. 22, n.3, p.36-45, set-dez /1992. BERGAMASCO, S. M. P. P.; Norder, L. A. C. “Os impactos regionais dos assentamentos rurais em São Paulo (1960-1997)”. In: Leite, S. e Medeiros, L. S. A formação dos assentamentos rurais no Brasil. Rio Grande do Sul, Editora da Universidade, 1999. BOMBARDI, L. M. Campesinato, luta de classe e reforma agrária (A Lei de Revisão Agrária em São Paulo). São Paulo, 2005. Tese (Doutorado em Geografia Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências, Universidade de São Paulo. __________. O Bairro Reforma Agrária e o processo de territorialização camponesa. São Paulo, Anna Blume, 2004a. __________. “O Bairro Rural como Identidade Territorial: a especificidade da abordagem do campesinato na geografia”. In: Revista Agrária, nº 1, Jan-Jul, São Paulo, 2004b. p. 55-95. __________ “Geografia agrária e responsabilidade social da ciência”. In: Terra Livre. nº 21, São Paulo, 2004c. p. 41-53. ___________. “O Papel da Geografia Agrária no Debate Teórico sobre os Conceitos de Campesinato e Agricultura Familiar”. In: Geousp. nº 14, São Paulo, 2003a. p. 107-117. __________ “Movimentos sociais no campo e a ordem moral camponesa”. In: Anais do II Simpósio Nacional de Geografia Agrária/I Simpósio Internacional. São Paulo, 2003b, 11p. BRANDÃO, C. R. Plantar, colher, comer: um estudo sobre o campesinato goiano. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1981. ______________. A Partilha da Vida. São Paulo: Cabral/GEIC Editora, 1995. CASTRO, J. de. Geografia da Fome. Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2002. CASTRO OLIVEIRA, B.A.C. “Camponês”. In: Orientação. São Paulo: IGEOG/USP. n.8, p.102-4. 1990. ___________. Tempo de travessia, tempo de recriação: profecia e trajetória camponesa. São Paulo, 1998. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. CHAYANOV, A. V. La Organización de la Unidad Económica Campesina. Buenos Aires: Ediciones Nueva Visón SAIC, 1974. COSTA, C.M.O. Um olhar sobre o processo organizativo em assentamentos rurais: o caso da Fazenda Pirituba. Campinas, 2001. Dissertação (Mestrado em 20
  • 21. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 21 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 Engenharia Agrícola). Faculdade de Engenharia Agrícola, Universidade Estadual de Campinas. D’AQUINO, T. A Casa, os Sítios e as Agrovilas: uma poética do tempo e do espaço no assentamento das terras de Promissão. In: ENCONTRO DA ANPOCS, XX, 1996. Caxambu. 35p. (Mimeogr.). ETGES, V. E. Sujeição e Resistência - Os camponeses gaúchos e a indústria do fumo. São Paulo, 1989. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. FELICIANO, C. A. O Movimento Camponês Rebelde e a Geografia da Reforma Agrária. São Paulo, 2003. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. FERNANDES, B. M. MST: Formação e Territorialização. São Paulo: Editora HUCITEC, 1996. ___________. “Questões teórico-metodológicas da pesquisa geográfica em assentamentos de reforma agrária”. In: Boletim Paulista de Geografia, nº 75, Associação dos Geógrafos Brasileiros, São Paulo, 1998, p. 83-129. ___________. Contribuição ao Estudo do Campesinato Brasileiro: formação e territorialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra MST – 1979 - 1999. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado em Geografia Humana). Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. ____________. Questão Agrária, Pesquisa e MST. São Paulo, Cortez Editora, 2001. FREIRE, P. Extensão ou Comunicação?. São Paulo: Paz e Terra, 1977. IOKOI, Z.M.G. Lutas Sociais na América Latina. Argentina, Brasil, Chile. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1989. (Revisão 35). ___________. “Lutas Camponesas no Rio Grande do Sul e a formação do MST”. Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH/Marco Zero/Fapesp/CNPQ. n.22, p.49-70. Março-agosto, 1991. JUSTO, M. G. “Exculhidos”: ex-moradores de rua como camponeses num assentamento do MST. São Paulo, 2005. Tese (Doutorado em Geografia Humana) - Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. LACOSTE, Y. “A pesquisa e o trabalho de campo: um problema político para os pesquisadores, estudantes e cidadãos.” In: Seleção de Textos. n.11. Associação dos Geógrafos Brasileiros, São Paulo, agosto de 1985. LAMARCHE, H. (Coord.) A Agricultura Familiar: uma realidade multiforme. Campinas: Editora da Unicamp, 1993. ___________ . A Agricultura Familiar: do mito à realidade. Campinas: Editora da Unicamp, 1998. LEITE, S; HEREDIA, B; MEDEIROS, L. et al. Impactos dos Assentamentos: um estudo sobre o meio rural brasileiro. Brasília: Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural; São Paulo: Editora UNESP, 2004. MARIANO, N. F. “O Bairro Revisão Agrária – Jaú-SP”. In: Anais do II Simpósio Nacional de Geografia Agrária. I Simpósio Internacional. São Paulo –SP, 2003. MARQUES, M. I. M. O modo de vida camponês sertanejo e sua territorialidade no tempo das grandes fazendas e nos dias de hoje em Ribeira – PB. São Paulo, 1994. Dissertação (Mestrado em Geografia Humana) - Departamento de 21
  • 22. 22 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. MARTINS, J. S. Os Camponeses e a Política no Brasil. 4ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1990. ___________. A Chegada do Estranho. São Paulo: HUCITEC, 1993. ___________. O Poder do Atraso. São Paulo : HUCITEC, 1994. ___________. O Cativeiro da Terra. 6ª edição. São Paulo: HUCITEC, 1996a. ___________. O tempo da fronteira: retorno à controvérsia sobre o tempo histórico da frente de expansão e da frente pioneira. Tempo Social, Revista de Sociologia da USP, volume 8, nº 1, 25-70, São Paulo, maio, 1996b. ___________. Fronteira. A degradação do Outro nos confins do humano. São Paulo: HUCITEC, 1997. MEDEIROS, L. S. de. A questão da reforma agrária no Brasil: 1955-1964. São Paulo, 1982. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Departamento de Sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. ___________. História dos Movimentos Sociais no Campo. Rio de Janeiro: Fase, 1989. MIZUSAKI, M. Y. Monopolização do Território e Reestruturação Produtiva na Avicultura em Mato Grosso do Sul. São Paulo, 2003. Tese (Doutorado em Geografia Humana) – Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. MOURA, M. M. Os Herdeiros da Terra. São Paulo: HUCITEC, 1978. ___________. Camponeses. São Paulo: Editora Ática, 1986. (Princípios). MURAMATSU, Luiz Noboru. “Movimentos sociais no campo: o caso de Santa Fé do Sul”. In: Cadernos do CERU, nº 12, 1ª série, Centro de Estudos Rurais e Urbanos, São Paulo, setembro de 1979, p. 135-141. MUSUMECI, L. O mito da terra liberta. São Paulo, Vértice/ANPOCS, 1988. OLIVEIRA, A. U.“Agricultura e Indústria no Brasil”. In: Boletim Paulista de Geografia, n.58, AGB, São Paulo, 1981. _____________. “Renda da terra”. In: Orientação, n.5, p.94-95. IGEOG/USP, São Paulo, 1984. _____________. “Renda da terra diferencial I e II”. In: Orientação, n.6, p.93-104. IGEOG/USP, São Paulo, 1985. _____________. “Renda da terra absoluta, renda da terra de monopólio, renda da terra pré-capitalista, preço da terra”. In: Orientação, n.7, p.77-85. IGEOG/USP, São Paulo, 1986. _____________. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. São Paulo: Editora Ática, 1990. (Princípios). _____________. A Agricultura Camponesa no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 1991a. _____________. Integrar para (não) entregar: políticas públicas na Amazônia. São Paulo: Papirus, 1991b. _____________. “As (in)justiças no Pontal do Paranapanema”. AGB Informa (São Paulo). n. 59, 4º trimestre/1995a. _____________. “Agricultura Brasileira: Transformações Recentes”. In: ROSS, J.L.S. (Org.), Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp.1995c. ____________. “O marxismo, a questão agrária e os conflitos pela terra no Pontal do Paranapanema”. In: COGGIOLA, Osvaldo (Org.). Marx e Engels na História. São Paulo: Humanitas, 1996c. ____________. “A Geografia Agrária e as Transformações Territoriais Recentes no Campo Brasileiro”. In: CARLOS, A. F. A. (Org.), Novos Caminhos da Geografia. São Paulo, Contexto, 1999. 22
  • 23. Desafios da produção agrícola camponesa nos assentamentos de reforma agrária 23 Assentamento Milton Santos – Americana/SP, pp. 1-24 ___________. A Geografia das Lutas no Campo: conflitos e violência, movimentos sociais e resistência, os “sem-terra” e o neoliberalismo. São Paulo, Contexto, 2001b. _____________. “O Século XXI e os conflitos no campo: modernidade e barbárie”. In: Conflitos no Campo Brasil 2001. Comissão Pastoral da Terra/ Edições Loyola, Goiânia, 2002. _____________. “Barbárie e modernidade: as transformações no campo e o agronegócio no Brasil”. In: Terra Livre, São Paulo, Ano 19, v.2, nº 21. p.113- 156. Jul-Dez. 2003b. PAOLIELLO, R. M. Posse da Terra e Conflitos Sociais no Campo. Texto baseado em ___. Conflitos Fundiários na Baixada do Ribeira: A Posse como Direito e Estratégia de Apropriação. Campinas, 1992. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. UNICAMP. QUEIROZ, M. I. P. “Bairros Rurais Paulistas”. In: Separata da Revista do Museu Paulista. Nova série. XVII . São Paulo, 1967. _____________. O Campesinato brasileiro. 2ª edição. Petrópolis: Editora Vozes, 1976. RAPCHAN, E. S. De identidades e Pessoas: Um Estudo de Caso Sobre os Sem Terra de Sumaré. São Paulo, 1993. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Departamento de Antropologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. RIBEIRO, S. L. S. Processos de mudança no MST: história de uma família cooperada. São Paulo, 2002. Dissertação (Mestrado em História Social) – Departamento de História, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. SADER, M.R. Espaço e luta no Bico do Papagaio. São Paulo. 1987. Tese (Doutorado em Geografia Humana) - Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo. ___________. “A luta dos trabalhadores rurais sem terra”. AGB Informa (São Paulo). n. 59, 4º trimestre/1995. SADER, M.R., PACHECO, R. Modernidade, Tradição e Ruptura - Algumas Reflexões Sobre Aspectos da Paisagem Rural Brasileira. São Paulo. s.d., 9p. (Mimeogr.). SALIM, A. Pré-assentamento Comuna da Terra Milton Santos: história de vida, história de luta. Campinas, 2007. (Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Geografia da PUC-Campinas, para obtenção do título de Bacharel em Geografia). SANTOS, M. Por uma Geografia Nova. 3ª edição. São Paulo: Editora Hucitec. 1990. __________ . “Globalização e Reforma Agrária”. AGB Informa (São Paulo). n. 59, 4º trimestre /1995. SHANIN, T. “El campesinado como factor politico”. In: ___. Campesinos y sociedades campesinas. México: Fondo de Cultura Economica, 1979. ___________. “A Definição de camponês: conceituações e desconceituações – o velho e o novo em uma discussão marxista” . Novos Estudos CEBRAP, São Paulo: Editora Brasileira de Ciência. n. 26, 1980. p.43-80. __________. La clase incomoda: sociologia política del campesinado en una sociedad en desarrollo (Rusia 1910-1925). Madrid: Alianza Editorial, 1983. __________. Chayanov e a questão do campesinato. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. s.d. (Mimeogr.). Transcrição: Leny Belon Ribeiro e Marcos A. G. Domingues. SILVA, M. A. M. Errantes do Fim do Século. São Paulo: Editora da UNESP, 1999. SIMONETTI, M. C. L. A Longa caminhada: A (re)construção do território camponês em Promissão. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado em Geografia Humana) - 23
  • 24. 24 XIX ENGA, São Paulo, 2009 BOMBARDI, L. M. Departamento de Geografia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. TARELHO, L. C. - Da consciência dos direitos à identidade social: os sem terra de Sumaré. São Paulo, 1988. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social) - Programa de Pós Graduação em Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. TAVARES dos SANTOS, J. V. Colonos do Vinho. São Paulo: Editora HUCITEC, 1978. _______________. “Camponeses e trajetórias migratórias: Do Sul para a Amazônia Ocidental”. In: Anuário Antropológico, n.91, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. p.73. TEDESCO, J. C. – Terra, trabalho e família: racionalidade produtiva e ethos camponês. Editora Universidade de Passo Fundo. Passo Fundo, 1999. THOMPSON, E. P. Senhores e Caçadores. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1987. _____________ . Costumes em Comum: estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo, Companhia das Letras, 1998. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS. DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA. Plano de Metas Acadêmicas 2004-2008. São Paulo: Departamento de Geografia, 2004. Mimeo. WOORTMANN, E. Herdeiros, parentes e compadres. São Paulo: Hucitec, Brasília: Edunb, 1995. WOORTMANN, E., WOORTMANN, K. O trabalho da terra. Brasília: Editora UNB, 1997. WOORTMANN, K. Com parente não se neguceia: o campesinato como ordem moral, in: Anuário Antropológico/87, pp. 11–73. Brasília/Rio de Janeiro, 1990. 24