Mario de Andrade viajou para o Norte e Nordeste do Brasil entre 1927-1929 levando uma câmera fotográfica para documentar a cultura e folclore local. Ele tirou centenas de fotos inspiradas por revistas alemãs, capturando aspectos da vida nas aldeias, vilarejos e cidades. Suas viagens resultaram em dois livros analisando seu trabalho pioneiro de fotografia etnográfica e documental no Brasil.
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Mario
1. Mario - O Fotógrafo
Entre 1927 e 1929 Mario de Andrade viaja para o Nordeste e Norte levando um
pequena câmera fotográfica. Ele foi a procura da sua identidade nacional, resgatando o
folclore e a cultura popular.
Mario era um assíduo freqüentador das salas de cinema e escrevia críticas para a
Klaxon - revista do movimento modernista de São Paulo - onde já mostrava um grande
interesse pela fotografia. Na mesma revista em 1922 declara: “ A cinematografia é a
criação mais representativa da época”. Em 1923 assina a revista alemã Der Querschnitt
(O Corte Vertical) onde entra em contato com os fotógrafos da Nova Objetividade.
Aprende o valor do close, os matizes, a geometrização, a luz e a sombra.
Em 1924 Mario integra a caravana dos modernistas de São Paulo a Minas Gerais,
em conjunto com René Thiollier e D. Olívia Guedes Penteado. Nessa viagem nada
fotografa apesar de já possuir sua Kodak. Descobre a arte do povo mineiro: o romance, a
moda de viola e a toada. Segundo o pesquisadora Telê Ancona Lopez, ”A surpresa, as
idéias compartilhadas, a alegria, a camaradagem firmam o desejo de mais excursões
assim, correspondendo à ânsia de mais Brasil”. A procura por mais Brasil, Mario parte
para o Norte e o Nordeste.
A viagem para o Norte dura três meses. Na Amazônia anota costumes e
manifestações de folclore das povoações dos igarapés e das aldeias indígenas. Tira mais
de 500 fotos, diversas delas guardam referências com as lições aprendidas na revista Der
Querschnitt. Todas as fotos possuem uma pequena legenda indicando o lugar, a data, as
condições do tempo e a abertura do diafragma.
Em dezembro de 1928 Mario viaja para o Nordeste e fica até o Carnaval.
Comporta-se como um cineasta, fotografando a paisagem seca e áspera, as cidadezinhas,
as ruínas, as igrejas. Surpreende-se com o alinhamento das fachadas nos vilarejos e com
o tom da terra. Aprende o bumba-meu-boi, o maracatu, o coco. Tira 257 fotos.
Todas essas viagens fotográficas estão reunidas em dois livros sobre Mario de
Andrade - o fotografo; Mario de Andrade Fotógrafo e Turista Aprendiz do Instituto de
Estudos Brasileiros da USP e O Fotógrafo Mario de Andrade - Revista ao Turista
Aprendiz de Amarildo Carnicel.
No livro do Instituto de Estudos Brasileiros estão diversas fotos dessas duas
viagens com trechos do livro “O Turista Aprendiz”. O livro possui um cuidado gráfico e
uma excelente diagramação. Na parte final encontram-se dois artigos escritos por Telê
Ancona Lopez e Ana Maria Paulino.
Amarildo Carnicel, autor do segundo livro, refez a viagem para o nordeste 60
anos depois. Tirou 2500 fotos em 30 dias de viagem e 10500 kilômetros percorridos.
Encontrou 95 % dos lugares que Mario visitou. Com todo esse trabalho documental,
Amarildo pode identificar quatro grupos de imagens: arquitetura religiosa, preservação
da memória arquitetônica, sensíveis alterações e fonte de identificação de pessoas e
costumes.
Jim Silva Naturesa