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                                                           ARTIGO ORIGINAL (ORIGINAL PAPER)


           PERIODIZAÇÃO NO FUTSAL:
        DESCRIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA
      METODOLOGIA DE TREINAMENTO
      BASEADA NAS CARGAS SELETIVAS
PERIODIZATION FUTSAL: DESCRIPTION OF THE USE OF A METHOD OF TRAINING
LOADS BASED ON SELECTIVE

Tiago Cetolin & Valdeci Foza
Faculdade da Serra Gaúcha (FSG)

Corresponding author:
Tiago Cetolin
Rua 21 de Setembro, 540 Bairro Bela Vista CEP: 95076470
Caxias do Sul, RS, Brasil.
Endereço eletrônico: tcetolin@terra.com.br




                                                                                                                 Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324)
Submitted for publication: Jul 2009
Accepted for publication: Dec 2009

RESUMO
CETOLIN, T.; FOZA, V. Periodização no Futsal: descrição da utilização da metodologia de treinamento
baseada nas cargas seletivas. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p 24-31, 2010. O treinamento
esportivo tem tido evoluções constantes refletidas não somente na preparação dos atletas como também no
calendário de competições. Assim, o futsal vem acompanhando essa evolução, onde novas metodologias
de planificação de treinamento são apresentadas no intuito de sanar essas dificuldades. Desta forma, o
presente estudo tem por objetivo descrever um programa de treinamento elaborado através do método de
cargas seletivas em uma equipe de futsal sub-20 e analisar como foi o seu desempenho através de
aproveitamento de pontos. Para isso, 20 jovens do gênero masculino de uma equipe de futsal da categoria
sub-20 do estado do Rio Grande do Sul, com média de idade de 19±1anos que foram submetidos a uma
planificação de treinamentos através de cargas seletivas como proposta originalmente por Gomes (2002).
Foi utilizado sobre a descrição sobre o desempenho da equipe foi utilizado os escores de desempenho da
equipe nos jogos, através do percentual de aproveitamento da equipe em cada fase do campeonato, bem
como a sua colocação na classificação em cada fase. Sendo assim, o aproveitamento de pontos de 73,3%
na 1º fase de competições e 91,66% na segunda fase de competições. Dentro das limitações do presente
estudo, pode-se sugerir que o treinamento elaborado através do método de cargas seletivas, pode ser uma
ferramenta junto à modalidade esportiva de futsal.
Palavras-Chave: periodização, futsal, cargas seletivas.

ABSTRACT
CETOLIN, T.; FOZA, V. Periodization Futsal: description of the use of a method of training loads based on
selective. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p 24-31, 2010. The sports training has been constant
evolution reflected not only in the preparation of the athletes but also in the calendar of competitions. So,
futsal has been following these developments, where new methodologies of planning training are presented
in order to remedy these difficulties. Thus, this study aims to describe a training program prepared by the
method of selective charges in an futsal team under-20 and analyze how was your performance through use



                                                                                                                 24
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of points. For this, 20 young males of a futsal team of under-20 state of Rio Grande do Sul, with a mean age
of 19 ± 1anos submitted to a planning training through selective charges as originally proposed by Gomes
(2002). It was used on the description on the performance of the team we used the scores of team
performance in games, through the use of percentage of staff in each phase of the competition and their
place in the standings in each phase. Thus, the use of points of 73.3% in 1st phase of competitions and
91.66% in the second round of competitions. Within the limitations of this study may suggest that the training
prepared by the method of selective charges, can be a tool with the sport of futsal.
Key words: periodization, futsal, selective charges.

INTRODUÇÃO
O treinamento esportivo vem evoluindo de forma significativa nas últimas décadas,
gerando modificações e incertezas para os profissionais, quanto ao melhor método para
organização das cargas de trabalho. O futsal, conseqüentemente, acompanhou essa
evolução, principalmente pela necessidade imposta junto a sua profissionalização, o que
provocou uma exigência na performance individual de cada atleta e na complexidade da
equipe como um todo. Estes fatos são bem documentados na literatura, baseado nos
inúmeros estudos publicados em torno deles (CASTAGNA et al., 2009; BARBERO-
ALVAREZ et al., 2008; QUEIROGA et al., 2005; CHAGAS et al., 2005).
Este aumento de exigência e complexidade física, técnica e tática acabou se refletindo
nas categorias de base, onde apresentam um calendário de competições elevado e com
pouco tempo de preparação, dificultando, com isso, a aplicação da periodização clássica,
a qual defende um período preparatório e competitivo bem definido (MATVEEV, 1977).
Esta forma de periodização se torna dificultada, pois atualmente, o período preparatório e
competitivo tende a se fundir, devido ao escasso tempo de preparação para a
competição, gerado devido a fatores de natureza financeira.




                                                                                                                 Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324)
Dentro da perspectiva do sistema clássico proposto por Matveev (1977), o período
preparatório tem como base a aquisição da forma esportiva e desenvolvimento das
capacidades gerais do sistema orgânico. Portanto, este período busca dar subsídio para
as outras atividades que procedem ao treinamento, onde se preconiza aplicação de
elevados volumes de treinamento, juntamente com queda na intensidade das atividades.
Este procedimento é invertido no período competitivo onde apresenta queda no volume e
aumento significativo da intensidade do treinamento (MATVEEV, 1977; ZAKHAROV,
1992).
Essa forma de organização ainda é muito difundida em vários esportes individuais e
coletivos, porém, vem sendo alvo de críticas, realizadas por inúmeros especialistas do
treinamento desportivo (GAMBLE, 2006; TSCHIENE, 1985; VERKHOSHANSKI, 1998;
GOMES, 2002). Este fato se dá principalmente pelo motivo de se apresentar atualmente,
um quadro competitivo elevado e por demandar maiores períodos de tempo voltados a
estímulos de preparação geral, em detrimento de cargas especializadas, o que leva a um
comprometimento da transição da adaptação biológica, do período preparatório para o
competitivo (GAMBLE, 2006; VERKHOSHANSKI, 1998).
Buscando atender tal realidade, principalmente em relação ao calendário do futebol
brasileiro, e de uma maior especificidade, foi proposto por Gomes (2002) o método de
cargas seletivas, onde a organização das cargas se dá com pouca alteração do volume
de treinamento durante o macrociclo. Neste sistema, a ênfase está na alternância das
capacidades trabalhadas a cada mês, sempre concentradas em torno das capacidades de
velocidade, e provocando uma manutenção crescente da performance, já que o futebol ou
o futsal, tem como característica não necessitar de um desenvolvimento máximo, e sim
satisfatório das capacidades biomotoras inerentes (GOMES, 2002). Com isso, nas
primeiras estimulações, o treinamento volta-se aos aspectos funcionais do organismo,


                                                                                                                 25
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alternando-se a ênfase para o treinamento neuromuscular e posteriormente para o
treinamento de velocidade nas suas mais diversas manifestações (GOMES, 2002).
Porém, a descrição sobre a utilização desta metodologia de planificação ainda encontra-
se em fase de desenvolvimento e sua aplicação ainda requer esclarecimentos, sendo
assim, o presente estudo tem por objetivo descrever um programa de treinamento
elaborado através do método de cargas seletivas em uma equipe de futsal sub-20 e
analisar como foi o seu desempenho através de aproveitamento de pontos.


MATERIAL E MÉTODOS


- Amostra: Participaram do estudo 20 jovens do gênero masculino de uma equipe de
futsal da categoria sub-20 do estado do Rio Grande do Sul. Estes atletas apresentavam
nível estadual, todos com experiência mínima de prática do futsal não inferior a 03 anos e
com experiência em competições de âmbito estadual ou regional, ressaltando ainda, que
alguns atletas eram oriundos de equipes profissionais ou tiverem participação em equipes
deste nível. As características da amostra estão apresentadas no quadro 1.


Quadro 1 - Média e desvio-padrão da idade, massa corporal total e percentual de gordura
da amostra.

                  Variável (n=20)              Média            Desvio-padrão




                                                                                              Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324)
                   Idade (anos)                 19,0                 1,0

            Massa Corporal Total (Kg)           68,14                7,11

                   % de gordura                 11,51                3,03

Todos os participantes tiveram participação voluntária, onde o termo de consentimento
livre e esclarecido foi assinado após terem sido informados dos objetivos, riscos e
benefícios envolvidos no estudo, bem como da liberdade de abandonar o estudo a
qualquer momento. Os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em
Pesquisa Circulo/FSG.
- Programação do treinamento: As cargas de trabalho, como proposto originalmente por
Gomes (2002) foram alternando-se durante os meses de treinamento, como pode ser
observado na figura 1, onde se optou por uma periodização dupla, com duração de quatro
meses em cada fase.
Para o primeiro mês de cada fase, a ênfase do treinamento se baseou sobre a resistência
especial e capacidade aeróbica, desenvolvida através de corridas intervaladas, corridas
com variação de velocidade e mini-jogos, tal como a adição de treinamentos de
flexibilidade e coordenação. Já nos conteúdos de força foi utilizada somente a resistência
de força, somando-se ainda a velocidade e potências desenvolvidas através de tiros,
computando-se as realizadas nos trabalhos técnicos e táticos.
Para o segundo mês, as atividades se voltaram ao treinamento de força e velocidade,
centradas na resistência de força, força máxima na musculação e força rápida através de
circuitos (corridas tracionadas e pliometria), com progressiva diminuição da aplicação do
treinamento de resistência especial, tentando desenvolvê-la nos trabalhos técnicos e


                                                                                              26
Cetolin & Foza: Periodização no futsal                                       www.brjb.com.br
táticos.
No terceiro e no quarto mês, aumentaram-se progressivamente os treinamentos de
velocidade de forma isolada, através de tiros de pequena distância, circuitos e tiros de
resistência de velocidade. Optou-se por essa estrutura devido à especificidade do futsal a
este tipo de solicitação, buscando somar isto às características dos treinamentos técnicos
e táticos. O trabalho de força manteve-se estável no terceiro mês e com pequena queda
no quarto mês, dando maior ênfase aos trabalhos de força rápida, através principalmente
de corridas tracionadas e pliometria.




                                                                                               Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324)
           Figura 1 – Disposição das cargas de trabalho em cada mês em ambas as fases.


Desta forma, ficam exemplificados os percentuais de aplicação das capacidades
biomotoras durante os mesociclos. Está exposto no quadro 2.


Quadro 2 - Percentuais de aplicação dos conteúdos de treinamento durante o macrociclo.

              Capacidades Biomotoras                 1º mês    2º mês     3º mês    4º mês

    Resistência Especial/Resistência Aeróbia          25%        15%       10%           10%

                     Velocidade                       15%        20%       25%           35%

                        Força                         20%        25%       25%           15%

                     Flexibilidade                    25%        15%       10%           5%

                   Técnico/Tático                     15%        20%       30%           35%


O volume do treinamento está apresentado na figura 2. Como proposto originalmente por
Gomes (2002), teve pequenas oscilações durante o período, sendo programado conforme
o tempo disponível para o treinamento, com seis ou sete sessões semanais de duração
variável, totalizando entre 60 e 120 minutos (figura 2). Buscou-se seguir o principio do


                                                                                               27
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treinamento esportivo relacionado ao incremento progressivo da carga e do gradativo
aumento da utilização de meios e métodos de caráter especial para a organização do
treinamento (MOREIRA et al., 2005).




             Figura 2 – Volume de treinamento mensal em minutos em ambas as fases.

O volume de treinamento mensal de cada capacidade biomotora foi distribuído conforme
o tempo total disponível para treinamento e os percentuais de aplicação em cada mês
como exposto no quadro 2. Desta forma, como exposto no quadro 3, as capacidades
biomotoras tiveram alterações nas suas ênfases durante os macrociclos.


Quadro 3 - Volume de treinamento mensal de cada capacidade biomotora durante o




                                                                                            Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324)
macrociclo, bem como o tempo total disponível para o treinamento.
            Capacidades Biomotoras               1º mês     2º mês    3º mês     4º mês

   Resistência Especial/Resistência Aeróbia        400’      324’       220’         200’

                    Velocidade                     240’      432’       550’         700’

                       Força                       320’      540’       550’         300

                   Flexibilidade                   400’      324’       220’         100’

                  Técnico/Tático                   240’      432’       660’         700’

               Tempo total mensal                 1600’     2160’      2200’     2000’


- Procedimento de Avaliação: Como descrição sobre o desempenho da equipe foi
utilizados os escores de desempenho da equipe nos jogos, através do percentual de
aproveitamento da equipe em cada fase do campeonato, bem como a sua colocação na
classificação em cada fase. Os dados foram tabulados em uma planilha do Excel for
Windows XP e posteriormente analisados através da estatística descritiva.


RESULTADOS
No quadro 4, apresenta a colocação e o percentual de aproveitamento da equipe em cada
fase. Desta forma, foi proposto um índice de aproveitamento de pontos (IA) através do


                                                                                            28
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percentual de aproveitamento da equipe em cada fase do campeonato, bem como a sua
colocação na classificação em cada fase.
Quadro 4 - Desempenho da equipe nas duas fases de aplicação do treinamento.
Fases       Nº de jogos   P* disputados   P* ganhos    Aproveitamento (%)      Colocação

1º fase          10              30          22               73,33                1º

2º fase          8               24          22               91,66                1º
(*) P = pontos


DISCUSSÃO
A organização através de cargas seletivas parece adequada a esportes que apresentam
período preparatório escasso como o futsal. Esse fator se deve em parte, ao rendimento
aeróbio, o qual tem um aumento significativo na sua evolução em torno de um mês e
continua elevando-se de forma lenta nos meses posteriores (GOMES, 2002).
Nos meses posteriores onde a ênfase dos treinamentos está sobre o aspecto
neuromuscular o rendimento aeróbio está continuamente sendo estimulado através dos
treinamentos técnico-táticos, principalmente nos de esforços intermitentes de alta
intensidade característicos do futsal. Este tipo de trabalho técnico-tático de alta
intensidade pode promover o aumento do consumo máximo de oxigênio (FINN, 2001;
DUPONT et al., 2004), o que leva a crer que o trabalho técnico–tático pode ser utilizado
como uma ferramenta de treinamento para aquisição da capacidade aeróbia (COELHO et




                                                                                             Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324)
al., 2008).
A capacidade do treinamento técnico-tático em desenvolver valências físicas é observada
em atletas de futebol de campo que atuam nas funções de lateral e atacante, pois estes
atletas possuem uma maior aplicação de força quando comparados aos demais atletas de
outras posições, devido as suas ações no campo, como por exemplo, a utilização de
corridas rápidas (RINALDI et al., 2005).
Desta forma, a ação do treinamento técnico-tático, desenvolve além da capacidade
aeróbia dos atletas, os níveis de força durante o macrociclo, já que o futsal apresenta em
suas demandas inúmeras ações envolvendo corridas rápidas e de sprint (CASTAGNA et
al., 2009; BARBERO-ALVAREZ et al., 2008).
Treinamentos utilizando as características destas ações, juntamente com um acréscimo
do treinamento nas capacidades físicas responsáveis pelo desenvolvimento de força,
podem provocar adaptações no sistema nervoso, elevando, desta forma, a ativação de
unidades motoras, o que provoca uma elevação no recrutamento de fibras musculares de
contração rápida, melhorando a ligação com o sistema nervoso central, conduzindo
assim, para uma melhora da coordenação e sincronização de todos os grupos musculares
durante o desempenho, agindo de forma a aumentar a potência específica, nas ações que
são realizadas durante o jogo, melhorando assim o seu desempenho (BOMPA, 2005).
Além disso, a utilização de uma periodização dupla pode influenciar positivamente sobre
as ações de ordem anaeróbia no segundo macrociclo de 04 meses. Este ponto observado
demonstra que os rendimentos anaeróbios e de força explosiva, diferentemente das
aeróbias, necessitam de um período maior para observar sua evolução, girando em torno
de 04 até 10 meses de estimulação (GOMES, 2002). A possível elevação do desempenho
nestes quesitos associa-se a não interrupção do treinamento durante a transição de um



                                                                                             29
Cetolin & Foza: Periodização no futsal                                    www.brjb.com.br
macrociclo para o outro, ocorrendo apenas à mudança na ênfase do treinamento,
estimulando dessa forma os aspectos anaeróbios nos dois macrociclos, já que em
nenhum momento deixaram de fazer parte do conteúdo do treinamento, o que pode ser
observado em estudo de Moreira et al. (2005) em jogadoras de basquete de alto
rendimento submetidas à aplicação da mesma forma de planificação do presente estudo,
durante um mesociclo de treinamento, com predominância de cargas de resistência
aeróbia e resistência especial em relação as relacionadas às manifestações de força,
encontraram alterações positivas significantes das capacidades de força de salto e
velocidade, ressaltando a importância das cargas de trabalho de orientações
concomitantes durante todo o macrociclo (GOMES e SOUZA, 2008).
Dentro de tais observações, a organização do treinamento através de cargas seletivas,
parece se enquadrar ao calendário de uma equipe de futsal sub-20, já que estas
apresentam semelhança com o profissional, tanto em calendário como em organização do
treinamento. Sobre tal forma de organização, ressalta-se a importância quando na
aplicação em atletas de nível superior, já que possibilita maior concentração de cargas
com uma orientação específica e menor possibilidade de interação negativa entre outros
objetivos do treinamento, buscando assim, uma qualificação durante toda a temporada, e
com crescente aumento da performance durante todo o ciclo competitivo (GOMES, 2002).
Em adição, tais informações parecem desmistificar o defendido pela periodização clássica
e formas de organização de treinamento mais antigas, que defendem que o período
preparatório serviria como responsável pela aquisição da forma desportiva, e o período
competitivo teria como base somente a manutenção desta forma desportiva adquirida
anteriormente, entretanto, se faz necessário ressaltar a importância de respeitar
fundamentos básicos da teoria clássica.




                                                                                              Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324)
Ainda assim, por fim, é plausível lembrar que o índice de aproveitamento de pontos é a
somatória de inúmeras qualidades nos diferentes aspectos do desempenho do atleta,
onde o presente estudo buscou somente retratar a organização das cargas seletivas
juntamente a modalidade de futsal.


APLICAÇÕES PRÁTICAS
Dentro das limitações do presente estudo, pode-se sugerir que o treinamento elaborado
através do método de cargas seletivas, pode ser uma ferramenta junto à modalidade
esportiva de futsal. Porém, sugerem-se estudos que abordem um macrociclo mais
prolongado e com observações das capacidades físicas a cada mês e não somente com
escores de desempenho.


REFERÊNCIAS
BARBERO-ALVAREZ, J. C.; SOTO, V. M.; BARBERO-ALVAREZ, V.; GRANDA-VERA, J.
Match analysis and heart rate of futsal players during competition. Journal Sports Science,
v. 26, p. 63-73, 2008.
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CASTAGNA, C.; D'OTTAVIO, S.; VERA, J. G.; ALVAREZ, J. C. Match demands of
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  • 1. Cetolin & Foza: Periodização no futsal www.brjb.com.br ARTIGO ORIGINAL (ORIGINAL PAPER) PERIODIZAÇÃO NO FUTSAL: DESCRIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA METODOLOGIA DE TREINAMENTO BASEADA NAS CARGAS SELETIVAS PERIODIZATION FUTSAL: DESCRIPTION OF THE USE OF A METHOD OF TRAINING LOADS BASED ON SELECTIVE Tiago Cetolin & Valdeci Foza Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) Corresponding author: Tiago Cetolin Rua 21 de Setembro, 540 Bairro Bela Vista CEP: 95076470 Caxias do Sul, RS, Brasil. Endereço eletrônico: tcetolin@terra.com.br Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324) Submitted for publication: Jul 2009 Accepted for publication: Dec 2009 RESUMO CETOLIN, T.; FOZA, V. Periodização no Futsal: descrição da utilização da metodologia de treinamento baseada nas cargas seletivas. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p 24-31, 2010. O treinamento esportivo tem tido evoluções constantes refletidas não somente na preparação dos atletas como também no calendário de competições. Assim, o futsal vem acompanhando essa evolução, onde novas metodologias de planificação de treinamento são apresentadas no intuito de sanar essas dificuldades. Desta forma, o presente estudo tem por objetivo descrever um programa de treinamento elaborado através do método de cargas seletivas em uma equipe de futsal sub-20 e analisar como foi o seu desempenho através de aproveitamento de pontos. Para isso, 20 jovens do gênero masculino de uma equipe de futsal da categoria sub-20 do estado do Rio Grande do Sul, com média de idade de 19±1anos que foram submetidos a uma planificação de treinamentos através de cargas seletivas como proposta originalmente por Gomes (2002). Foi utilizado sobre a descrição sobre o desempenho da equipe foi utilizado os escores de desempenho da equipe nos jogos, através do percentual de aproveitamento da equipe em cada fase do campeonato, bem como a sua colocação na classificação em cada fase. Sendo assim, o aproveitamento de pontos de 73,3% na 1º fase de competições e 91,66% na segunda fase de competições. Dentro das limitações do presente estudo, pode-se sugerir que o treinamento elaborado através do método de cargas seletivas, pode ser uma ferramenta junto à modalidade esportiva de futsal. Palavras-Chave: periodização, futsal, cargas seletivas. ABSTRACT CETOLIN, T.; FOZA, V. Periodization Futsal: description of the use of a method of training loads based on selective. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p 24-31, 2010. The sports training has been constant evolution reflected not only in the preparation of the athletes but also in the calendar of competitions. So, futsal has been following these developments, where new methodologies of planning training are presented in order to remedy these difficulties. Thus, this study aims to describe a training program prepared by the method of selective charges in an futsal team under-20 and analyze how was your performance through use 24
  • 2. Cetolin & Foza: Periodização no futsal www.brjb.com.br of points. For this, 20 young males of a futsal team of under-20 state of Rio Grande do Sul, with a mean age of 19 ± 1anos submitted to a planning training through selective charges as originally proposed by Gomes (2002). It was used on the description on the performance of the team we used the scores of team performance in games, through the use of percentage of staff in each phase of the competition and their place in the standings in each phase. Thus, the use of points of 73.3% in 1st phase of competitions and 91.66% in the second round of competitions. Within the limitations of this study may suggest that the training prepared by the method of selective charges, can be a tool with the sport of futsal. Key words: periodization, futsal, selective charges. INTRODUÇÃO O treinamento esportivo vem evoluindo de forma significativa nas últimas décadas, gerando modificações e incertezas para os profissionais, quanto ao melhor método para organização das cargas de trabalho. O futsal, conseqüentemente, acompanhou essa evolução, principalmente pela necessidade imposta junto a sua profissionalização, o que provocou uma exigência na performance individual de cada atleta e na complexidade da equipe como um todo. Estes fatos são bem documentados na literatura, baseado nos inúmeros estudos publicados em torno deles (CASTAGNA et al., 2009; BARBERO- ALVAREZ et al., 2008; QUEIROGA et al., 2005; CHAGAS et al., 2005). Este aumento de exigência e complexidade física, técnica e tática acabou se refletindo nas categorias de base, onde apresentam um calendário de competições elevado e com pouco tempo de preparação, dificultando, com isso, a aplicação da periodização clássica, a qual defende um período preparatório e competitivo bem definido (MATVEEV, 1977). Esta forma de periodização se torna dificultada, pois atualmente, o período preparatório e competitivo tende a se fundir, devido ao escasso tempo de preparação para a competição, gerado devido a fatores de natureza financeira. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324) Dentro da perspectiva do sistema clássico proposto por Matveev (1977), o período preparatório tem como base a aquisição da forma esportiva e desenvolvimento das capacidades gerais do sistema orgânico. Portanto, este período busca dar subsídio para as outras atividades que procedem ao treinamento, onde se preconiza aplicação de elevados volumes de treinamento, juntamente com queda na intensidade das atividades. Este procedimento é invertido no período competitivo onde apresenta queda no volume e aumento significativo da intensidade do treinamento (MATVEEV, 1977; ZAKHAROV, 1992). Essa forma de organização ainda é muito difundida em vários esportes individuais e coletivos, porém, vem sendo alvo de críticas, realizadas por inúmeros especialistas do treinamento desportivo (GAMBLE, 2006; TSCHIENE, 1985; VERKHOSHANSKI, 1998; GOMES, 2002). Este fato se dá principalmente pelo motivo de se apresentar atualmente, um quadro competitivo elevado e por demandar maiores períodos de tempo voltados a estímulos de preparação geral, em detrimento de cargas especializadas, o que leva a um comprometimento da transição da adaptação biológica, do período preparatório para o competitivo (GAMBLE, 2006; VERKHOSHANSKI, 1998). Buscando atender tal realidade, principalmente em relação ao calendário do futebol brasileiro, e de uma maior especificidade, foi proposto por Gomes (2002) o método de cargas seletivas, onde a organização das cargas se dá com pouca alteração do volume de treinamento durante o macrociclo. Neste sistema, a ênfase está na alternância das capacidades trabalhadas a cada mês, sempre concentradas em torno das capacidades de velocidade, e provocando uma manutenção crescente da performance, já que o futebol ou o futsal, tem como característica não necessitar de um desenvolvimento máximo, e sim satisfatório das capacidades biomotoras inerentes (GOMES, 2002). Com isso, nas primeiras estimulações, o treinamento volta-se aos aspectos funcionais do organismo, 25
  • 3. Cetolin & Foza: Periodização no futsal www.brjb.com.br alternando-se a ênfase para o treinamento neuromuscular e posteriormente para o treinamento de velocidade nas suas mais diversas manifestações (GOMES, 2002). Porém, a descrição sobre a utilização desta metodologia de planificação ainda encontra- se em fase de desenvolvimento e sua aplicação ainda requer esclarecimentos, sendo assim, o presente estudo tem por objetivo descrever um programa de treinamento elaborado através do método de cargas seletivas em uma equipe de futsal sub-20 e analisar como foi o seu desempenho através de aproveitamento de pontos. MATERIAL E MÉTODOS - Amostra: Participaram do estudo 20 jovens do gênero masculino de uma equipe de futsal da categoria sub-20 do estado do Rio Grande do Sul. Estes atletas apresentavam nível estadual, todos com experiência mínima de prática do futsal não inferior a 03 anos e com experiência em competições de âmbito estadual ou regional, ressaltando ainda, que alguns atletas eram oriundos de equipes profissionais ou tiverem participação em equipes deste nível. As características da amostra estão apresentadas no quadro 1. Quadro 1 - Média e desvio-padrão da idade, massa corporal total e percentual de gordura da amostra. Variável (n=20) Média Desvio-padrão Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324) Idade (anos) 19,0 1,0 Massa Corporal Total (Kg) 68,14 7,11 % de gordura 11,51 3,03 Todos os participantes tiveram participação voluntária, onde o termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado após terem sido informados dos objetivos, riscos e benefícios envolvidos no estudo, bem como da liberdade de abandonar o estudo a qualquer momento. Os procedimentos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa Circulo/FSG. - Programação do treinamento: As cargas de trabalho, como proposto originalmente por Gomes (2002) foram alternando-se durante os meses de treinamento, como pode ser observado na figura 1, onde se optou por uma periodização dupla, com duração de quatro meses em cada fase. Para o primeiro mês de cada fase, a ênfase do treinamento se baseou sobre a resistência especial e capacidade aeróbica, desenvolvida através de corridas intervaladas, corridas com variação de velocidade e mini-jogos, tal como a adição de treinamentos de flexibilidade e coordenação. Já nos conteúdos de força foi utilizada somente a resistência de força, somando-se ainda a velocidade e potências desenvolvidas através de tiros, computando-se as realizadas nos trabalhos técnicos e táticos. Para o segundo mês, as atividades se voltaram ao treinamento de força e velocidade, centradas na resistência de força, força máxima na musculação e força rápida através de circuitos (corridas tracionadas e pliometria), com progressiva diminuição da aplicação do treinamento de resistência especial, tentando desenvolvê-la nos trabalhos técnicos e 26
  • 4. Cetolin & Foza: Periodização no futsal www.brjb.com.br táticos. No terceiro e no quarto mês, aumentaram-se progressivamente os treinamentos de velocidade de forma isolada, através de tiros de pequena distância, circuitos e tiros de resistência de velocidade. Optou-se por essa estrutura devido à especificidade do futsal a este tipo de solicitação, buscando somar isto às características dos treinamentos técnicos e táticos. O trabalho de força manteve-se estável no terceiro mês e com pequena queda no quarto mês, dando maior ênfase aos trabalhos de força rápida, através principalmente de corridas tracionadas e pliometria. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324) Figura 1 – Disposição das cargas de trabalho em cada mês em ambas as fases. Desta forma, ficam exemplificados os percentuais de aplicação das capacidades biomotoras durante os mesociclos. Está exposto no quadro 2. Quadro 2 - Percentuais de aplicação dos conteúdos de treinamento durante o macrociclo. Capacidades Biomotoras 1º mês 2º mês 3º mês 4º mês Resistência Especial/Resistência Aeróbia 25% 15% 10% 10% Velocidade 15% 20% 25% 35% Força 20% 25% 25% 15% Flexibilidade 25% 15% 10% 5% Técnico/Tático 15% 20% 30% 35% O volume do treinamento está apresentado na figura 2. Como proposto originalmente por Gomes (2002), teve pequenas oscilações durante o período, sendo programado conforme o tempo disponível para o treinamento, com seis ou sete sessões semanais de duração variável, totalizando entre 60 e 120 minutos (figura 2). Buscou-se seguir o principio do 27
  • 5. Cetolin & Foza: Periodização no futsal www.brjb.com.br treinamento esportivo relacionado ao incremento progressivo da carga e do gradativo aumento da utilização de meios e métodos de caráter especial para a organização do treinamento (MOREIRA et al., 2005). Figura 2 – Volume de treinamento mensal em minutos em ambas as fases. O volume de treinamento mensal de cada capacidade biomotora foi distribuído conforme o tempo total disponível para treinamento e os percentuais de aplicação em cada mês como exposto no quadro 2. Desta forma, como exposto no quadro 3, as capacidades biomotoras tiveram alterações nas suas ênfases durante os macrociclos. Quadro 3 - Volume de treinamento mensal de cada capacidade biomotora durante o Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324) macrociclo, bem como o tempo total disponível para o treinamento. Capacidades Biomotoras 1º mês 2º mês 3º mês 4º mês Resistência Especial/Resistência Aeróbia 400’ 324’ 220’ 200’ Velocidade 240’ 432’ 550’ 700’ Força 320’ 540’ 550’ 300 Flexibilidade 400’ 324’ 220’ 100’ Técnico/Tático 240’ 432’ 660’ 700’ Tempo total mensal 1600’ 2160’ 2200’ 2000’ - Procedimento de Avaliação: Como descrição sobre o desempenho da equipe foi utilizados os escores de desempenho da equipe nos jogos, através do percentual de aproveitamento da equipe em cada fase do campeonato, bem como a sua colocação na classificação em cada fase. Os dados foram tabulados em uma planilha do Excel for Windows XP e posteriormente analisados através da estatística descritiva. RESULTADOS No quadro 4, apresenta a colocação e o percentual de aproveitamento da equipe em cada fase. Desta forma, foi proposto um índice de aproveitamento de pontos (IA) através do 28
  • 6. Cetolin & Foza: Periodização no futsal www.brjb.com.br percentual de aproveitamento da equipe em cada fase do campeonato, bem como a sua colocação na classificação em cada fase. Quadro 4 - Desempenho da equipe nas duas fases de aplicação do treinamento. Fases Nº de jogos P* disputados P* ganhos Aproveitamento (%) Colocação 1º fase 10 30 22 73,33 1º 2º fase 8 24 22 91,66 1º (*) P = pontos DISCUSSÃO A organização através de cargas seletivas parece adequada a esportes que apresentam período preparatório escasso como o futsal. Esse fator se deve em parte, ao rendimento aeróbio, o qual tem um aumento significativo na sua evolução em torno de um mês e continua elevando-se de forma lenta nos meses posteriores (GOMES, 2002). Nos meses posteriores onde a ênfase dos treinamentos está sobre o aspecto neuromuscular o rendimento aeróbio está continuamente sendo estimulado através dos treinamentos técnico-táticos, principalmente nos de esforços intermitentes de alta intensidade característicos do futsal. Este tipo de trabalho técnico-tático de alta intensidade pode promover o aumento do consumo máximo de oxigênio (FINN, 2001; DUPONT et al., 2004), o que leva a crer que o trabalho técnico–tático pode ser utilizado como uma ferramenta de treinamento para aquisição da capacidade aeróbia (COELHO et Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324) al., 2008). A capacidade do treinamento técnico-tático em desenvolver valências físicas é observada em atletas de futebol de campo que atuam nas funções de lateral e atacante, pois estes atletas possuem uma maior aplicação de força quando comparados aos demais atletas de outras posições, devido as suas ações no campo, como por exemplo, a utilização de corridas rápidas (RINALDI et al., 2005). Desta forma, a ação do treinamento técnico-tático, desenvolve além da capacidade aeróbia dos atletas, os níveis de força durante o macrociclo, já que o futsal apresenta em suas demandas inúmeras ações envolvendo corridas rápidas e de sprint (CASTAGNA et al., 2009; BARBERO-ALVAREZ et al., 2008). Treinamentos utilizando as características destas ações, juntamente com um acréscimo do treinamento nas capacidades físicas responsáveis pelo desenvolvimento de força, podem provocar adaptações no sistema nervoso, elevando, desta forma, a ativação de unidades motoras, o que provoca uma elevação no recrutamento de fibras musculares de contração rápida, melhorando a ligação com o sistema nervoso central, conduzindo assim, para uma melhora da coordenação e sincronização de todos os grupos musculares durante o desempenho, agindo de forma a aumentar a potência específica, nas ações que são realizadas durante o jogo, melhorando assim o seu desempenho (BOMPA, 2005). Além disso, a utilização de uma periodização dupla pode influenciar positivamente sobre as ações de ordem anaeróbia no segundo macrociclo de 04 meses. Este ponto observado demonstra que os rendimentos anaeróbios e de força explosiva, diferentemente das aeróbias, necessitam de um período maior para observar sua evolução, girando em torno de 04 até 10 meses de estimulação (GOMES, 2002). A possível elevação do desempenho nestes quesitos associa-se a não interrupção do treinamento durante a transição de um 29
  • 7. Cetolin & Foza: Periodização no futsal www.brjb.com.br macrociclo para o outro, ocorrendo apenas à mudança na ênfase do treinamento, estimulando dessa forma os aspectos anaeróbios nos dois macrociclos, já que em nenhum momento deixaram de fazer parte do conteúdo do treinamento, o que pode ser observado em estudo de Moreira et al. (2005) em jogadoras de basquete de alto rendimento submetidas à aplicação da mesma forma de planificação do presente estudo, durante um mesociclo de treinamento, com predominância de cargas de resistência aeróbia e resistência especial em relação as relacionadas às manifestações de força, encontraram alterações positivas significantes das capacidades de força de salto e velocidade, ressaltando a importância das cargas de trabalho de orientações concomitantes durante todo o macrociclo (GOMES e SOUZA, 2008). Dentro de tais observações, a organização do treinamento através de cargas seletivas, parece se enquadrar ao calendário de uma equipe de futsal sub-20, já que estas apresentam semelhança com o profissional, tanto em calendário como em organização do treinamento. Sobre tal forma de organização, ressalta-se a importância quando na aplicação em atletas de nível superior, já que possibilita maior concentração de cargas com uma orientação específica e menor possibilidade de interação negativa entre outros objetivos do treinamento, buscando assim, uma qualificação durante toda a temporada, e com crescente aumento da performance durante todo o ciclo competitivo (GOMES, 2002). Em adição, tais informações parecem desmistificar o defendido pela periodização clássica e formas de organização de treinamento mais antigas, que defendem que o período preparatório serviria como responsável pela aquisição da forma desportiva, e o período competitivo teria como base somente a manutenção desta forma desportiva adquirida anteriormente, entretanto, se faz necessário ressaltar a importância de respeitar fundamentos básicos da teoria clássica. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324) Ainda assim, por fim, é plausível lembrar que o índice de aproveitamento de pontos é a somatória de inúmeras qualidades nos diferentes aspectos do desempenho do atleta, onde o presente estudo buscou somente retratar a organização das cargas seletivas juntamente a modalidade de futsal. APLICAÇÕES PRÁTICAS Dentro das limitações do presente estudo, pode-se sugerir que o treinamento elaborado através do método de cargas seletivas, pode ser uma ferramenta junto à modalidade esportiva de futsal. Porém, sugerem-se estudos que abordem um macrociclo mais prolongado e com observações das capacidades físicas a cada mês e não somente com escores de desempenho. REFERÊNCIAS BARBERO-ALVAREZ, J. C.; SOTO, V. M.; BARBERO-ALVAREZ, V.; GRANDA-VERA, J. Match analysis and heart rate of futsal players during competition. Journal Sports Science, v. 26, p. 63-73, 2008. BOMPA, T. Treinando atletas de desporto coletivo. São Paulo: Editora Phorte, 2005. CASTAGNA, C.; D'OTTAVIO, S.; VERA, J. G.; ALVAREZ, J. C. Match demands of professional futsal: a case study. Journal Science Medicine Sport, v.12, p. 490-494, 2009. CHAGAS, M. H.; LEITE, L. M. F.; UGRINOWITSCH, H.; BENDA, R. N.; MENZEL, H. J.; SOUZA, P. R. C.; MOREIRA, E. A. Associação entre tempo de reação e de movimento em jogadores de futsal. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 19, p. 269-75, 30
  • 8. Cetolin & Foza: Periodização no futsal www.brjb.com.br 2005. COELHO, D. B.; RODRIGUES, V. M; CONDESSA, L. A.; MORTIMER, L. A. C. F.; SOARES, D. D.; SILAMI-GARCIA, E. Intensidade de sessões de treinamento e jogos oficiais de futebol. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 22, p. 211-18, 2008. DUPONT, G.; AKAKPO, K.; BERTHOIN, S. The effect of in-season, high-intensity interval training in soccer players. The Journal of Strength and Conditioning Research, v. 18, p. 584–589, 2004. FINN, C. Effects of high-intensity intermittent training on endurance performance. Sportscience; v. 5, p. 1-3, 2001. GAMBLE, P. Periodization of training for team sports athletes. Strength and Conditioning Journal, v. 28, p. 56–66, 2006. GOMES, A. C. Treinamento desportivo: estrutura e periodização. Porto Alegre: Artmed, 2002. GOMES, A. C.; SOUZA, J. Futebol: treinamento desportivo de alto rendimento. Porto Alegre: Artmed, 2008. MATVEEV, L. El processo del entrenamiento deportivo. Buenos Aires: Editora Stadium; 1977. MOREIRA, A., OKANO, A. H., SOUZA, M., OLIVEIRA, P. R., GOMES, A. C. Sistema de cargas seletivas no basquetebol durante um mesociclo de preparação: implicações sobre a velocidade e as diferentes manifestações de força. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v.13, p. 7-15, 2005. Brazilian Journal of Biomotricity, v. 4, n. 1, p. 24-31, 2010 (ISSN 1981-6324) QUEIROGA, M. R.; FERREIRA, A. S.; ROMANZINI, M. Perfil antropométrico de atletas de futsal feminino de alto nível competitivo conforme a função tática desempenhada no jogo. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 7, p. 30-34, 2005. RINALDI, W.; ARRUDA, M.; SILVA, S. G. Utilização da potência muscular no futebol: um estudo da especificidade em jogadores de diferentes posições. Revista Treinamento Desportivo, v. 5, p. 35-43, 2000. TSCHIENE, P. Li cicio annuale d'allenamento. Scuola dello Sport, v. 4, p. 16-21, 1985. VERKHOSHANSKI, Y. Verso una teoria e metodologia scientifiche dell' allenamento sportivo. Rivista di Cultura Sportiva, v. 8, p. 40-50, 1998. ZAKHAROV, A. Ciência do treinamento desportivo. Rio de Janeiro: Grupo Palestra Sport, 1992. 31