2. Cap.1 –
Renovação
"Desligando-me dos laços inferiores que me
prendiam às atividades terrestres, elevado
entendimento felicitou-me o espírito. Semelhante
libertação, contudo, não se fizera espontânea. Sabia,
no fundo, quanto me custara abandonar a paisagem
doméstica, suportar a incompreensão da esposa e a
divergência dos filhos amados. Guardava a certeza
de que amigos espirituais, abnegados e poderosos,
me haviam a auxiliado a alma pobre e imperfeita, na
grande transição.
3. Dantes vivia à feição do caramujo
segregado na concha, impermeável aos
grandiosos espetáculos da natureza,
rastejando no lodo...
Foi assim que, eminentemente surpreendido,
observei minha própria transformação, no curso
dos acontecimentos."
Somente agora, percebia quão distanciado
vivera das leis sublimes que regem a evolução
das criaturas.
Até então, vivera em “Nosso Lar” como
hóspede enfermo de um palácio brilhante, tão
extremamente preocupado comigo mesmo, que
me tornara incapaz de anotar deslumbramentos
e maravilhas.
4. Convencia- me que a dor agira em minha
construção mental, a maneira do aluvião
(inundação, cheia, enchente, enxurrada) pesado, cujos golpes
eu não entendera de Pronto...
O alvião (picareta,enxada) quebrara a concha
de antigas viciações do sentimento...
Libertara- me. Expusera- me
o organismo espiritual ao
sol da bondade infinita...
Comecei a ver mais alto,
alçando longa
distância.
5. Passou a ver...
adversários Benfeitores
lar oficina
Ex-esposa e atual
marido
irmãos
filhos companheiros
Substituiu...
A curiosidade
Conversa elevada
Desejo de servir
Renovação
6. O outro lado do amor...
Compelido a destruir meus
castelos de exclusivismo injusto,
senti que outro amor se instalava
em minh’alma.
Órfão de afetos terrenos e
conformado com os
desígnios superiores que me
haviam traçado diverso rumo
ao destino, comecei a ouvir o
apelo profundo e divino, da
consciência universal.
7. O outro lado do amor...
...perdera totalmente a paixão pelos
assuntos de ordem menos digna.
As descrições dos enfermos, figuravam-
se-me desprovidas de maior interesse.
Não mais desejava informar-me da
procedência dos infelizes, não indagava
de suas aventuras nas zonas mais baixas.
Buscava irmãos necessitados.
Desejava saber em que lhes poderia ser
útil. Identificando essa profunda
transformação, falou-me Narcisa
certo dia:
8. 8
Sei que você experimenta intraduzível alegria ao contato da
harmonia universal, após o abandono de suas criações
caprichosas, mas reconheço que, ao lado das rosas do júbilo,
defrontando os novos caminhos que se descerram para sua
esperança, há espinhos de tédio nas margens das velhas
estradas inferiores que você vai deixando para trás.
Seu coração é uma taça iluminada aos raios do alvorecer
divino, mas vazia dos sentimentos do mundo, que a
encheram por séculos consecutivos.
Não poderia, eu mesmo, formular tão exata definição do
meu estado espiritual.
9. Narcisa lhe disse que nessa fase de
renovação mental extremas dificuldades
espirituais nos assaltam o coração. Ela lhe
sugere a meditação no Evangelho de Jesus e o
empenho cada vez maior no serviço em prol
dos semelhantes.
“Todos nós somos portadores da planta do
Cristo, na terra do coração. (...) Quando
crescemos para o Senhor, seus ensinos
crescem igualmente aos nossos olhos. Vamos
fazer o bem, meu caro! Encha seu cálice com
o bálsamo do amor divino.” (Narcisa)
10. “... Quando o homem desperta para os sentimentos
superiores, verifica que as lições do Mestre têm vida
própria e revelam expressões desconhecidas da sua
inteligência, à medida que se esforça na edificação de
si mesmo, como instrumento do Pai.”
– Encha sua taça nas águas eternas daquele que
é o Doador Divino. Em períodos como o que você
atravessa, há mais facilidade para nos
desenvolvermos com êxito, se soubermos
aproveitar as oportunidades e o Evangelho de
Jesus não lhe parece mais que repositório de
ensinamentos comuns...
11. 11
Narcisa tinha razão. Suprema alegria
inundava-me o espírito, ao lado de
incomensurável sensação de tédio,
quanto às situações da natureza
inferior.
Sentia-me liberto de pesados
grilhões, porém, não mais possuía o
lar, a esposa, os filhos amados.
Regressava frequentemente ao
círculo doméstico e aí trabalhava
pelo bem de todos, mas sem
qualquer estímulo. Minha devotada
amiga acertara. Meu coração era
bem um cálice luminoso, porém,
vazio. A definição comovera-me.
Coração vazio de
emoções humanas
12. Lembrando-se das
palavras de Narcisa...
“Você poderá aproveitar
os novos cursos de
serviço...Muitos
companheiros habilitam-
se a prestar concurso na
terra”...
Renovando os
propósitos
13. Introdução
Pensando desta forma, feliz e renovada, André é levado por
Tobias, seu companheiro de trabalho nas Câmeras de
Retificação, até Aniceto, nobre Instrutor no Ministério da
Comunicação.
Aprovado para ingressar no quadro de aprendizes, André Luiz
tem a oportunidade de conhecer o fascinante serviço de
formação de médiuns para fins de tarefas específicas na
Crosta.
14. Suprema alegria inundava-me o espírito, ao lado de
incomensurável sensação de tédio, quanto às situações da
natureza inferior. Regressava frequentemente ao círculo
doméstico e aí trabalhava pelo bem de todos, mas sem
qualquer estímulo. Meu coração era bem um cálice luminoso,
porém, vazio.
Conceito de tédio : O tédio é um
sentimento humano, um estado de
falta de estímulo e sensação de
enfado, de aborrecimento ou
cansaço, causada por algo árido,
estupido, por sensação de desgosto,
ou vazio sem causas objetivas claras;
é um enfado, fastio, melancolia,
tristeza, um vazio existencial ...
15. O que fazer nestas horas tão difíceis e críticas? Insistiremos com
a rotina? Chutamos o balde e abandonamos tudo?
Procuraremos a ajuda de algum irmão com maior maturidade
espiritual?
a apatia é umas das piores coisas na vida
“Sabeis por que, às vezes, uma vaga tristeza se apodera dos
vossos corações e vos leva a considerar amarga a vida?
Evangelho Segundo Espiritismo - Melancolia
A melancolia segundo os Espíritos
Impressiona, a atualidade das obras fundamentais do
Espiritismo. Revela conceitos de uma profundidade filosófica e
psicológica que vão ao encontro dos conflitos existenciais de
nossos dias.
16. Um exemplo está na mensagem “A melancolia”, O Evangelho
segundo o Espiritismo; onde essa página psicológica o Espírito
François de Genéve, se dedica a caracterizar a melancolia
delineando as marcas que deixa na alma, sua causa espiritual e
apresenta também estratégias de superação desse sentimento,
concitando o seu portador ao uso enérgico da vontade para
escapar do estado de prostração que a melancolia deixa naquele
que a cultiva.
... caracteriza a melancolia como um sentimento de tristeza que
levando o indivíduo a identificar a vida com amargor. Em se
demorando nessa postura sombria, pode-se cair na apatia,
lassidão e profundo abatimento sob o domínio da alma triste.
Nessa condição, julgamo-nos por demais infelizes.
17. Desse modo, diante da “opressão” dos desafios da vida
corpórea nos sentimos abafados em nossas possibilidades e a
realidade extrafísica pode parecer mais atrativa por força do
que a respeito dela trazemos nos arcanos do inconsciente.
Contudo, o Espírito não deixa de considerar que a aspiração por
liberdade é comum no Espírito reencarnado. As condições
existenciais concretas em que vivemos nos fazem desejar,
inconscientemente, o gozo da liberdade espiritual, na ânsia de
afastarmo-nos dos problemas que enfrentamos, nada obstante,
o fato de que estes não passem de provas e expiações no roteiro
do nosso progresso espiritual,
Mas.... a morte não elimina as dores da alma. Allan Kardec,
pioneiro dos estudos psicológicos a luz da Ciência Espírita
pôde registrou na obra O Céu e o Inferno em que cada qual
vive.
18. O homem é assim o árbitro constante de sua própria sorte. Ele
pode aliviar o seu suplício ou prolongá-lo indefinidamente.
Sua felicidade ou sua desgraça dependem da sua vontade de
fazer o bem. Allan Kardec.
Pensando desta forma, feliz e renovada, André é levado por
Tobias, seu companheiro de trabalho nas Câmeras de
Retificação, até Aniceto, para novas tarefas que viriam....
Deve ficar evidente que precisamos verificar o nível de
tristeza que nos invade, se está relacionada com o
constrangimento que o corpo estabelece ao Espírito ou se
estamos experimentando um sentimento oriundo de dores
morais edificadas por nós, cabendo-nos o trabalho pessoal
de superação dessa mazela.
19. A atitude de André no momento decisivo de sua vida,
quando viu-se esquecido pela família que amava, foi de
compreensão e auxilio.
Reflita: Como seria seu destino se não se conformasse
com a situação e se revoltasse?
20. Renovação
Todo aquele que está em Cristo é uma
nova criatura. Passou o que era velho;
eis que tudo se fez novo! (II Coríntios
5:17)
André Luiz alcançou a renovação mental pelas atitudes
no Bem e no Amor que adotou em seu antigo lar. A sua
renovação propiciou ser um cidadão de Nosso Lar,
abrindo novos caminhos junto aos Mensageiros.
Renovação é crescimento, libertação e perdão. Renovar-
se não é lutar contra si, mas conquistar novos valores,
crenças e pensamentos que o levam a ser melhor.
21. Renovação
Todo aquele que está em Cristo é uma
nova criatura. Passou o que era velho;
eis que tudo se fez novo! (II Coríntios
5:17)
Quem se renova alcança a maior das conquistas: o
prazer de viver. Pense em Jesus, em Deus que concede
a cada amanhecer novas oportunidades de vida e
crescimento, agradeça por um novo dia; podendo hoje
ser nova criatura. Que Jesus ilumine os nossos
pensamentos e abençoa os nossos caminhos no Bem;
vivamos o de dia de hoje com esperança e alegria,
olhando as pessoas com amor, compreensão e
bondade.
23. 23
Têm-se procurado processos para a formação de médiuns,
como se têm buscado diagnóstico para a mediunidade.
É importante, porém, que procuremos a orientação
nitidamente espírita, esclarecedora e segura, a fim de que o
desenvolvimento da mediunidade se efetue normal e
equilibradamente e, ainda, de que o médium se desenvolva
com conhecimento de causa, para evitar os percalços e os
desenganos.
24. 24
A pessoa que se apresenta candidata a médium deve, antes
de tudo, verificar se possui a faculdade, através de
indicações que poderão ser caracterizados como sintomas
de mediunidade, é importante saber que estes sinais não
são uniformes, mas se apresentam de múltiplas maneiras e,
apenas por eles não se pode diagnosticar a existência da
faculdade, com certeza absoluta.
25. 25
Não se pode, só pelos sinais, afirmar “a priori” que alguém
possui este ou aquele tipo de faculdade.
Só a experimentação perseverante, sensata e desprovida de
condicionamentos, poderá confirmar ou não o
desabrochamento de uma faculdade.
26. 26
Muito importante é que, no caso de suspeita de
mediunidade, o candidato a médium recorra a meios
seguros, em locais que lhe inspirem segurança e certeza da
real prática mediúnica espírita, pois uma faculdade em vias
de desenvolvimento requer boa orientação.
Quando mal orientada, torna-se canal de perturbação.
27. 27
“O desejo, natural de todo aspirante a médium é o de poder
confabular com o Espírito das pessoas que lhe são caras; deve,
porém, moderar a sua impaciência, porquanto a comunicação
com determinado Espírito apresenta muitas vezes dificuldades
materiais que a tornam impossível ao principiante.
“Trata-se de obstáculos resultantes da própria organização
mediúnica em desdobramento e das condições espirituais
da entidade. Daí o não aconselhamento da evocação
ostensiva de certos Espíritos, deixando aos Orientadores
Espirituais o auxílio ao desenvolvimento da faculdade do
médium.
28. 28
Lembramos que a manifestação dos Espíritos atende a
condições gerais e específicas. Assim, para que um Espírito
possa comunicar-se é preciso que haja entre ele e o
médium relações fluídicas, que nem sempre se
estabelecem instantaneamente.
Só à medida que a faculdade se desenvolve é que o
médium adquire, pouco a pouco, a aptidão necessária para
pôr-se em comunicação com o Espírito que se apresente.
29. 29
Pode dar-se, pois, que aquele com quem o médium deseja
comunicar-se não esteja em condições propícias a fazê-lo,
embora se ache presente, como também pode acontecer
que não tenha possibilidade nem permissão para acudir ao
chamado que lhe é dirigido.
30. 30
Como pré-requisito essencial, para o desenvolvimento, diz-
nos Kardec: “no médium aprendiz, a fé não é condição
rigorosa. Sem dúvida” — prossegue — “secunda-Ihe os
esforços, mas não é indispensável; a pureza de intenção, o
desejo e a boa vontade bastam.
Têm-se visto pessoas inteiramente incrédulas ficarem
espantadas de escrever a seu mau grado, enquanto que
crentes sinceros não o conseguem, o que prova que esta
faculdade se prende a uma disposição orgânica”.
31. 31
Por outro lado, o desenvolvimento mediúnico dentro de um
grupo organizado para tal fim apresenta uma série de
condições favoráveis.
“Os que se reúnem com um intento comum formam em
todo o coletivo, cuja forca e sensibilidade se encontram
acrescidas por uma espécie de influência magnética”, que
satura o ambiente de fluidos propícios e, “entre os Espíritos
atraídos por esse recurso de vontades, estarão,
provavelmente, alguns que descobrirão nos assinantes o
instrumento que lhes convenha.
32. 32
“Evitemos as sessões espíritas nos lares. A organização
espiritual não se improvisa”.
O ambiente do Centro Espírita está em permanente ação e
é formado como posto de socorro diverso, sob a orientação
e desempenho dos bons Espíritos.
33. 33
Para que o futuro médium se desenvolva consciente e
adequadamente, é fundamental que se empenhe no
conhecimento através do estudo.
Mesmo com a faculdade desenvolvida, jamais poderá “crer-
se dispensado de qualquer instrução mais, porquanto
apenas terá vencido uma resistência material. Do ponto a
que chegou é que começam as verdadeiras dificuldades, só
que ele mais do que nunca precisa dos conselhos da
prudência e da experiência, se não quiser cair nas mil
armadilhas que lhe vão ser preparadas.
Se pretender muito cedo voar com suas próprias asas, não
tardará em ser vítima de Espíritos mentirosos, que
procurarão lhe explorar a presunção”.
34. 34
“Uma vez desenvolvida a faculdade, é essencial que o médium
não abuse dela. Deve lembrar-se de que ela lhe foi dada para o
bem e não, para a satisfação e vã curiosidade.
Convém, portanto, que só se utilize dela nas ocasiões
oportunas e não, a todo momento. Adotemos o sistema de só
trabalhar em dias e horas determinados, porque assim se
entregará ao trabalho em condições de maior recolhimento e
os Espíritos que o queriam auxiliar, estando prevenidos, se
disporão a prestar esse auxílio”.
35. 35
Sob o ponto de vista espírita, a mediunidade é uma
iniciação religiosa das mais sérias; é um mandato que nos é
outorgado pela Espiritualidade Superior, a fim de ser
fielmente desempenhado.
36. 36
Dessa forma o aspirante à mediunidade, à luz da Doutrina
Espírita, deve partir da conscientização de seus
ensinamentos e esforçar-se desde o início de sua formação
e informação mediúnica, por ser um ESPÍRITA-CRISTÃO.
37. 37
“Revisão e reconstrução dos hábitos, permutando os vícios
por virtudes legitimamente cristãs que são as únicas que
sobreviverão eternamente e que nos abrirão as portas de
planos mais elevados que os atuais”.
38. 38
Dentro destes critérios de desenvolvimento da
mediunidade, mesmo que nenhuma faculdade venha
desabrochar, tenhamos certeza de que nós estaremos
desenvolvendo espiritualmente e capacitando-nos para
verdadeira mediunidade com Jesus — a Mediunidade do
Bem.