3. Psicofarmacologia
A Farmacodinâmica é o campo da
farmacologia que estuda os efeitos
fisiológicos dos fármacos nos
organismos, seus mecanismos de
ação e a relação entre concentração
do fármaco e efeito. De forma
simplificada, podemos considerar
farmacodinâmica como o estudo do
efeito da droga nos tecidos
6. Farmacodinâmica
A farmacodinâmica descreve uma infinidade
de modos pelos quais as substâncias
afetam o corpo. Depois de terem sido
engolidos, injetados ou absorvidos através
da pele, quase todos os medicamentos
entram na corrente sangüínea, circulam
pelo corpo e interagem com diversos
locais-alvo. A interação com o local-alvo
comumente produz o efeito terapêutico
desejado, enquanto a interação com outras
células, tecidos ou órgãos pode resultar em
efeitos colaterais (reações medicamentosas
adversas
7. Farmacodinâmica
Mas dependendo de suas
propriedades ou da via de
administração, um medicamento
pode atuar apenas em uma área
específica do corpo (por exemplo, a
ação dos antiácidos fica em grande
parte confinada ao estômago).
8. Farmacodinâmica
A interação com o local-alvo
comumente produz o efeito
terapêutico desejado, enquanto a
interação com outras células, tecidos
ou órgãos pode resultar em efeitos
colaterais (reações medicamentosas
adversas
9. Seletividade da Ação dos
Medicamentos
Alguns medicamentos são relativamente
não seletivos, atuando em muitos tecidos
ou órgãos diferentes. Exemplificando, a
atropina, uma substância administrada com
o objetivo de relaxar os músculos no trato
gastrointestinal, também pode relaxar os
músculos do olho e do trato respiratório,
além de diminuir a secreção das glândulas
sudoríparas e mucosas. Outros
medicamentos são altamente seletivos e
afetam principalmente um órgão ou
sistema isolado.
10. Um Encaixe Perfeito
Um receptor de superfície celular tem
uma configuração que permite a uma
substância química específica, por
exemplo um medicamento, hormônio
ou neurotransmissor, se ligar ao
receptor, porque a substância tem
uma configuração que se encaixa
perfeitamente ao receptor.
11.
12. Um Encaixe Perfeito
Exemplificando, a digital, uma droga administrada a
pessoas com insuficiência cardíaca, atua
principalmente no coração para aumentar sua
eficiência de bombeamento. Drogas soníferas se
direcionam a certas células nervosas do cérebro.
Drogas antiinflamatórias não-esteróides como a
aspirina e o ibuprofen são relativamente seletivas,
porque atuam em qualquer local onde esteja
ocorrendo inflamação. Como as drogas sabem onde
exercer seus efeitos? A resposta está em como elas
interagem com as células ou com substâncias como
as enzimas.
13. Receptores
Muitas drogas aderem (se ligam) às células
por meio de receptores existentes na
superfície celular. A maioria das células
possui muitos receptores de superfície, o
que permite que a atividade celular seja
influenciada por substâncias químicas como
os medicamentos ou hormônios localizados
fora da célula.
14. Receptores
O receptor tem uma configuração específica,
permitindo que somente uma droga que se encaixe
perfeitamente possa ligarse a ele – como uma chave
que se encaixa em uma fechadura. Freqüentemente a
seletividade da droga pode ser explicada por quão
seletivamente ela se fixa aos receptores. Algumas
drogas se fixam a apenas um tipo de receptor; outras
são como chaves-mestras e podem ligar-se a diversos
tipos de receptores por todo o corpo. Provavelmente a
natureza não criou os receptores para que, algum dia,
os medicamentos pudessem ser capazes de ligar-se a
eles.
15. Receptores
Os receptores têm finalidades naturais
(fisiológicas) mas os medicamentos tiram
vantagem dos receptores. Exemplificando,
morfina e drogas analgésicas afins ligam-se
aos mesmos receptores no cérebro
utilizados pelas endorfinas (substâncias
químicas naturalmente produzidas que
alteram a percepção e as reações
sensitivas). Uma classe de drogas
chamadas agonistas ativa ou estimula seus
receptores, disparando uma resposta que
aumenta ou diminui a função celular
16. Receptores
Outra classe de drogas, chamadas antagonistas,
bloqueia o acesso ou a ligação dos agonistas a seus
receptores. Os antagonistas são utilizados
principalmente no bloqueio ou diminuição das
respostas celulares aos agonistas (comumente
neurotransmissores) normalmente presentes no
corpo. Exemplificando, o antagonista de receptores
colinérgicos ipratrópio bloqueia o efeito
broncoconstritor da acetilcolina, o transmissor natural
dos impulsos nervosos colinérgicos. Os agonistas e os
antagonistas são utilizados como abordagens
diferentes, mas complementares, no tratamento da
asma.
17. Receptores
Os antagonistas são mais efetivos quando a
concentração local de um agonista está
alta. Esses agentes operam de forma muito
parecida à de uma barreira policial em uma
auto-estrada. Um número maior de
veículos é parado pela barreira na hora do
“rush” que às 3 horas da madrugada. Do
mesmo modo, beta-bloqueadores em doses
que têm pouco efeito na função cardíaca
normal podem proteger o coração contra
elevações súbitas dos hormônios do
estresse.
18. Enzimas
Além dos receptores celulares, outros alvos importantes
para a ação dos medicamentos são as enzimas, que
ajudam no transporte de substâncias químicas vitais,
regulam a velocidade das reações químicas ou se
prestam a outras funções de transporte, reguladoras ou
estruturais.
Enquanto as drogas que se direcionam para os
receptores são classificadas como agonistas ou
antagonistas, as drogas direcionadas para as enzimas
são classificadas como inibidoras ou ativadoras
(indutoras).
Exemplificando, a droga lovastatina, utilizada no
tratamento de algumas pessoas que têm níveis
sangüíneos elevados de colesterol, inibe a enzima HMG-
CoA redutase, fundamental na produção de colesterol
pelo corpo
19. Psicofarmacologia
Farmacocinética é o caminho que o
medicamento faz no organismo. Não se
trata do estudo do seu mecanismo de ação,
mas sim as etapas que a droga sofre desde
a administração até a excreção, que são:
absorção, distribuição, biotransformação e
excreção. Note também que uma vez que
se introduza a droga no organismo, essas
etapas ocorrem de forma simultânea sendo
essa divisão apenas de caráter didático.
20. Receptores e enzimas
Quase todas as interações entre drogas e
receptores ou entre drogas e enzimas são
reversíveis – depois de certo tempo a droga
“se solta” e o receptor ou enzima reassume
sua função normal. Às vezes uma interação
é em grande parte irreversível (como
ocorre com omeprazol, uma droga que
inibe uma enzima envolvida na secreção do
ácido gástrico), e o efeito da droga persiste
até que o corpo manufature mais enzimas.
21. Afinidade e Atividade Intrínseca
Duas propriedades importantes para
a ação de uma droga são a afinidade
e a atividade intrínseca. A afinidade é
a atração mútua ou a força da ligação
entre uma droga e seu alvo, seja um
receptor ou enzima. A atividade
intrínseca é uma medida da
capacidade da droga em produzir um
efeito farmacológico quando ligada ao
seu receptor.
22. Afinidade e Atividade Intrínseca
Medicamentos que ativam receptores (agonistas)
possuem as duas propriedades; devem ligarse
efetivamente (ter afinidade) aos seus receptores, e o
complexo droga-receptor deve ser capaz de produzir
uma resposta no sistema-alvo (ter atividade
intrínseca). Por outro lado, drogas que bloqueiam
receptores (antagonistas) ligam-se efetivamente (têm
afinidade com os receptores), mas têm pouca ou
nenhuma atividade intrínseca – sua função consiste
em impedir a interação das moléculas agonistas com
seus receptores.
topo
23. Potência
A potência refere-se à quantidade de medicamento
(comumente expressa em miligramas) necessária
para produzir um efeito, como o alívio da dor ou a
redução da pressão sangüínea. Exemplificando, se 5
miligramas da droga B alivia a dor com a mesma
eficiência que 10 miligramas da droga A, então a
droga B é duas vezes mais potente que a droga A.
Maior potência não significa necessariamente que
uma droga é melhor que a outra. Os médicos levam
em consideração muitos fatores ao julgar os méritos
relativos dos medicamentos, como seu perfil de
efeitos colaterais, toxicidade potencial, duração da
eficácia (e, conseqüentemente, número de doses
necessárias a cada dia) e custo.
24. Eficácia
A eficácia refere-se à resposta terapêutica
máxima potencial que um medicamento
pode produzir. Exemplificando, o diurético
furosemida elimina muito mais sal e água
por meio da urina, que o diurético
clorotiazida. Assim, furosemida tem maior
eficiência, ou eficácia terapêutica, que a
clorotiazida. Da mesma forma que no caso
da potência, a eficácia é apenas um dos
fatores considerados pelos médicos ao
selecionar o medicamento mais apropriado
para determinado paciente.
25. Tolerância
A administração repetida ou prolongada de
alguns medicamentos resulta em tolerância
– uma resposta farmacológica diminuída.
Tolerância ocorre quando o corpo adapta-se
à contínua presença da droga. Comumente,
são dois os mecanismos responsáveis pela
tolerância: (1) o metabolismo da droga é
acelerado (mais freqüentemente porque
aumenta a atividade das enzimas que
metabolizam os medicamentos no fígado) e
(2) diminui o número de receptores ou sua
afinidade pelo medicamento.
26. Resistencia
O termo resistência é utilizado para
descrever a situação em que uma
pessoa não mais responde
satisfatoriamente a um medicamento
antibiótico, antiviral ou
quimioterápico para o câncer.
Dependendo do grau de tolerância ou
resistência ocorrente, o médico pode
aumentar a dose ou selecionar um
medicamento alternativo.
27. Planejamento e Desenvolvimento
Muitos dos medicamentos em uso corrente foram
descobertos por pesquisas experimentais e pela
observação em animais e seres humanos. As
abordagens mais recentes ao desenvolvimento de um
medicamento baseiam-se na determinação das
alterações bioquímicas e celulares anormais causadas
pela doença e no planejamento de compostos que
possam impedir ou corrigir especificamente essas
anormalidades. Quando um novo composto mostra-se
promissor, comumente ele é modificado muitas vezes
para otimizar sua seletividade, potência, afinidade
pelos receptores e eficácia terapêutica
28. Planejamento e Desenvolvimento
Também são considerados outros fatores
ao longo do desenvolvimento dos
medicamentos, como se o composto é
absorvido pela parede intestinal e se é
estável nos tecidos e líquidos do corpo.
Idealmente, o medicamento deve ser
efetivo ao ser tomado por via oral (para a
conveniência da auto-administração), bem
absorvido pelo trato gastrointestinal e
razoavelmente estável nos tecidos e
líquidos do corpo, de modo que uma dose
por dia seja adequada.
29. Planejamento e Desenvolvimento
O medicamento deve ser altamente seletivo
para seu local-alvo, de modo que tenha
pouco ou nenhum efeito nos outros
sistemas do organismo (efeitos colaterais
mínimos ou ausentes). Além disso, o
medicamento deve ter potência e eficácia
terapêutica em alto grau para que seja
efetivo em baixas doses, mesmo nos
transtornos de difícil tratamento. Não
existe o remédio que seja perfeitamente
efetivo e completamente seguro
30. Planejamento e Desenvolvimento
Portanto, os médicos avaliam os benefícios
e riscos potenciais dos medicamentos em
cada situação terapêutica que exija
tratamento com medicamento de receita
obrigatória. Mas às vezes alguns
transtornos são tratados sem a supervisão
de um médico; por exemplo, pessoas
fazem autotratamento com medicamentos
de venda livre para pequenas dores,
insônia, tosses e resfriados. Nesses casos,
essas pessoas devem ler a bula fornecida
com o medicamento, seguindo
explicitamente as orientações para seu uso.