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Joaquim de Sousa Ferreira nº4941 EFA N.L. 05 11/04/2009
FLUXOS MIGRATÓRIOS EM PORTUGAL
O Portugal dos nossos dias é, simultaneamente, um país de origem e um
país de destino, ou seja, um país de onde continuam a sair nacionais para
residirem e trabalharem no estrangeiro e, ao mesmo tempo, para onde se
deslocam pessoas vindas de outros países com objectivos idênticos.
Mas nem sempre foi assim. Portugal desde sempre foi um país mais de
emigração, do que imigração. Durante o século XVIII, e devido às descobertas
de minérios e pedras preciosas, dá-se um grande fenómeno de emigração para
as colónias portuguesas da altura – para o Brasil, e mais tarde para Angola e
Moçambique. Já no século XIX, com a instabilidade política vivida em Portugal,
e apesar da proclamação de independência do Brasil, continua a haver muitos
emigrantes para este país, assim como para a Argentina, Uruguai e Venezuela,
assim como para o continente australiano, estes, já mais para o final do século.
Por esta altura, a emigração para a Europa dava-se apenas para Espanha,
devido à sua proximidade.
Com a chegada do século XX, acentua-se o fenómeno de emigração, em
boa parte devido ao aumento da colonização dos países africanos, feita
também através da chamada emigração forçada. Na primeira parte deste
século, os EUA e Canadá, são também países de destino para os emigrantes
portugueses, principalmente oriundos das ilhas dos Açores, devido á
proximidade e também por serem referidas como terras das oportunidades.
Com o final da 2ª Guerra Mundial e com o regime fascista que governava
Portugal com a censura e repressão, deu-se uma grande explosão na
emigração. Vários eram os países do centro da Europa (Inglaterra, França,
Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo) que se encontravam arrasados,
com populações dizimadas ou que tinham fugido à guerra e por estarem em
processo de reconstrução, eram países que ofereciam várias oportunidades de
trabalho. Estima-se que durante as décadas de 50 e 60 tenham sido mais de
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2. um milhão de portugueses a emigrar, só para França. Também no decurso
destas décadas acontece um grande fluxo de portugueses, a sua maioria
oriundos da região da Madeira, em direcção à África do Sul, país que viria mais
tarde – após o 25 de Abril – a receber novamente muitos portugueses, oriundos
não só de Portugal, mas também das antigas colónias, Angola e Moçambique,
muitos deles identificados com o sistema político racista e discriminativo que
governava aquele país. O pós-25 de Abril – até meados dos anos 80 – trás
novos fluxos migratórios de portugueses para os países atrás referenciados,
assim como para o Brasil, país que acolheu não só portugueses que
procuravam outras oportunidades para melhorar a vida, mas também muitos
outros ligados de alguma forma ao regime fascista.
Durante os anos 80, Portugal também recebeu imigrantes, principalmente
naturais oriundos das ex-colónias, com relevância para Cabo Verde, Angola e
Moçambique. Mais tarde, já em meados da década de 90, Portugal começa a
ter mais imigrantes do que emigrantes. Devido à adesão de Portugal à União
Europeia (UE) em 1986, que o nosso país sofre transformações e
reestruturações a todos os níveis e sectores (algumas bem feitas, outras nem
por isso), em boa parte devido às ajudas financeiras vindas da UE, o que fez
com que os níveis de vida da maioria dos portugueses aumentasse e estes
fossem deixando de procurar a emigração como solução para uma vida mais
desafogada. É também no final da década de 80, que se dá a queda do muro
de Berlim e o fim da Guerra – Fria, o que mais tarde vai ter muita influência nos
fluxos migratórios não só em Portugal, mas um pouco por toda a Europa.
Na década de 90, no nosso país decorriam vários projectos e obras, e
com isso a necessidade de pessoas para trabalhar na construção civil, que
provocaram um aumento nas taxas de imigração. Por se tratarem de trabalhos
não qualificados, nesta altura, Portugal recebe não apenas pessoas oriundas
das ex-colónias, mas passa também a receber pessoas de países com
Paquistão, Índia, Ucrânia, Rússia, Roménia, Moldávia, Polónia, Marrocos ou
Brasil (este devido aos acordos feitos entre governos português e brasileiro, ao
nível de vistos de entrada e permanência no nosso país). Como se nota os
antigos países da Cortina de Ferro são os que fornecem mais emigrantes, pois
estes deixaram reunir um mínimo de condições favoráveis para se poder viver,
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3. pois os ordenados são muito baixos, mesmo para pessoas qualificadas, são
países onde existe corrupção em todos os níveis e sectores destas sociedades,
indústrias e empresas detidas por poucas pessoas que aproveitaram a venda
ao desbarato das mesmas, e onde existem vários grupos mafiosos (compostos
na sua maioria por ex-militares oriundos dos exércitos, que foram reduzidos
após a queda do muro de Berlim e de todas as divisões de países que
aconteceram posteriormente) que controlam actividades ilegais como o jogo, o
tráfico de armas e de pessoas.
Com o virar do século, e com o fenómeno globalização, continuou a haver
um aumento no número de imigrantes, registando-se um grande aumento dos
imigrantes provenientes da China e Mongólia, a esmagadora maioria ligados à
restauração e lojas de preços reduzidos. Ora como se nota, os actuais
imigrantes, já não ocupam apenas empregos ligados à construção civil, mas
também a várias actividades ligadas aos serviços ou na hotelaria e
restauração. Actualmente estes imigrantes (e apenas os legais) representam
quase 10% do PIB, o que já começa a ser significativo para um país pequeno
como Portugal.
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