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LITERATURA PORTUGUESA –TROVADORISMO
O Trovadorismo se caracteriza como um estilo de época, o qual se manifestou na Idade Média, durante o
período do feudalismo.
Marco inicial: O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da
Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o ano de
1418, quando começa o Quinhentismo.
O Trovadorismo se manifestou na Idade Média, período este que teve início com o fim do Império Romano (destruído no
século V com a invasão dos bárbaros vindos do norte da Europa), e se estendeu até o século XV, quando se deu a época do
Renascimento. Nesse sentido, o artigo ora em questão tem por finalidade abordar acerca do contexto histórico-social, cultural
e artístico que tanto demarcou este importante período da arte literária.
No que diz respeito ao aspecto econômico, toda a Europa dessa época sofria com as sucessivas invasões dos povos
germânicos, fato este que culminava em inúmeras guerras. Nessa conjuntura desenvolveu-se o sistema econômico
denominado de feudalismo, no qual o direito de governar se concentrava somente nas mãos do senhor feudal, o qual
mantinha plenos poderes sobre todos os seus servos e vassalos que trabalhavam em suas terras. Este senhor, também
chamado de suserano, cedia a posse de terras a um vassalo, que se comprometia a cultivá-las, repassando, assim, parte da
produção ao dono do feudo. Em troca dessa fidelidade e trabalho, os servos contavam com a proteção militar e judicial, no
caso de possíveis ataques e invasões. A essa relação subordinada dava-se o nome de vassalagem.
Quanto ao contexto cultural e artístico, podemos afirmar que toda a Idade Média foi fortemente influenciada pela Igreja, a
qual detinha o poder político e econômico, mantendo-se acima até de toda a nobreza feudal. Nesse ínterim, figurava uma
visão de mundo baseada tão somente no teocentrismo, cuja ideologia afirmava que Deus era o centro de todas as coisas.
Assim, o homem mantinha-se totalmente crédulo e religioso, cujos posicionamentos estavam sempre à mercê da vontade
divina, assim como todos os fenômenos naturais.
Na arquitetura, toda a produção artística esteve voltada para a construção de igrejas, mosteiros, abadias e catedrais, tanto na
Alta Idade Média, na qual predominou o estilo romântico, quanto na Baixa Idade Média, predominando o estilo gótico. No que
tange às produções literárias, todas elas eram feitas em galego-português, denominadas de cantigas.
No intuito de retratar a vida aristocrática nas cortes portuguesas, as cantigas receberam influência de um tipo de poesia
originário da Provença – região sul da França, daí o nome de poesia provençal –, como também da poesia popular, ligada à
música e à dança. No que tange à temática elas estavam relacionadas a determinados valores culturais e a certos tipos de
comportamento difundidos pela cavalaria feudal, que até então lutava nas Cruzadas no intuito de resgatar a Terra Santa do
domínio dos mouros. Percebe-se, portanto, que nas cantigas prevaleciam distintos propósitos: havia aquelas em que se
manifestavam juras de amor feitas à mulher do cavaleiro, outras em que predominava o sofrimento de amor da jovem em
razão de o namorado ter partido para as Cruzadas, e ainda outras, em que a intenção era descrever, de forma irônica, os
costumes da sociedade portuguesa, então vigente. Assim, em virtude do aspecto que apresentavam, as cantigas se
subdividiam em:
CANTIGAS LÍRICAS DE AMOR
DE AMIGO
CANTIGAS SATÍRICAS DE ESCÁRNIO
DE MALDIZER
Cantigas de amor
O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor feudal transformou-se no que chamamos de vassalagem
amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive sempre em estado de sofrimento, também chamado de coita,
visto que não é correspondido. Ainda assim dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito e submissão. Nesse
cenário, a mulher é tida como um ser inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo. A título de ilustração,
observemos, pois, um exemplo: Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
entre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desdaqueldi, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
Dhaver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, dalfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia dua correa.
Paio Soares de Taveirós
Vocabulário:
Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
Mentre: enquanto.
Ca: pois.
Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o vermelho do rosto, rosada.
Retraya: descreva, pinte, retrate.
En saya: na intimidade; sem manto.
Que: pois.
Des: desde.
Semelha: parece.
D’haver eu por vós: que eu vos cubra.
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza.
Alfaya: presente.
Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor.
Cantigas de amigo
Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo eram inspiradas em cantigas populares, fato que as concebe
como sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à temática e à forma, além de serem mais antigas.
Diferentemente da cantiga de amor, na qual o sentimento expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em uma voz
feminina, embora seja de autoria masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era concedido o direito de
alfabetização.
Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mulher
separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre ausente em virtude de guerras ou viagens
inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina, sempre tinha um confidente com o qual compartilhava seus
sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros, fontes,
árvores ou o mar. Constatemos um exemplo:
Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?
(...)
D. Dinis
Cantigas satíricas
De origem popular, essas cantigas retratavam uma temática originária de assuntos proferidos nas ruas, praças e feiras.
Tendo como suporte o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos, bailarinas, artistas da corte, aos quais se misturavam
até mesmo reis e religiosos, tinham por finalidade retratar os usos e costumes da época por meio de uma crítica mordaz.
Assim, havia duas categorias: a de escárnio e a de maldizer.
Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas de escárnio eram aquelas em que a crítica não era feita de forma
direta. Rebuscadas de uma linguagem conotativa, não indicavam o nome da pessoa satirizada. Verifiquemos:
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!...
João Garcia de Guilhade
Nas cantigas de maldizer, como bem nos retrata o nome, a crítica era feita de maneira direta, e mencionava o nome da
pessoa satirizada. Assim, envolvidas por uma linguagem chula, destacavam-se palavrões, geralmente envoltos por um tom
de obscenidade, fazendo referência a situações relacionadas a adultério, prostituição, imoralidade dos padres, entre outros
aspectos. Vejamos, pois:
Roi queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
Pero Garcia Burgalês
A produção trovadoresca se desenvolveu na região de Castela, Galícia, Leão e Aragão (todas na atual Espanha) entre o final
do século 12 e meados do século 14. Ela constitui amplo repositório de informações não apenas literárias, mas também
históricas.
O trovadorismo reflete o ambiente religioso e as relações de poder típicos da Idade Média – caracterizados,
principalmente, pela visão teocêntrica de mundo e a servilidade do homem perante a Igreja.
Sobre a cultura medieval ocidental: I - A maioria dos "não-romanos" desconhecia a escrita e utilizava-se da oralidade para
orientar a vida social.
II - No campo da Filosofia, verificou-se a influência do pensamento escolástico, que retomou o debate entre fé e razão.
III - A arquitetura medieval caracterizou-se pela presença de grandes construções inspiradas em motivos religiosos, como
mosteiros e igrejas.
IV - O heroísmo da cavalaria e o amor, temas característicos da poesia trovadoresca, tornaram-se comuns na literatura
medieval.
http://www.brasilescola.com/literatura/trovadorismo.htm, em 16/03/2014.
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/trovadorismo-literatura-portuguesa-caracteristicas-principais-dicas-questoes-
comentadas-598921.shtml, em 16/03/2014.
http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/trovadorismo.htm, em 16/03/2014.

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Literatura Portuguesa Trovadorismo

  • 1. LITERATURA PORTUGUESA –TROVADORISMO O Trovadorismo se caracteriza como um estilo de época, o qual se manifestou na Idade Média, durante o período do feudalismo. Marco inicial: O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o ano de 1418, quando começa o Quinhentismo. O Trovadorismo se manifestou na Idade Média, período este que teve início com o fim do Império Romano (destruído no século V com a invasão dos bárbaros vindos do norte da Europa), e se estendeu até o século XV, quando se deu a época do Renascimento. Nesse sentido, o artigo ora em questão tem por finalidade abordar acerca do contexto histórico-social, cultural e artístico que tanto demarcou este importante período da arte literária. No que diz respeito ao aspecto econômico, toda a Europa dessa época sofria com as sucessivas invasões dos povos germânicos, fato este que culminava em inúmeras guerras. Nessa conjuntura desenvolveu-se o sistema econômico denominado de feudalismo, no qual o direito de governar se concentrava somente nas mãos do senhor feudal, o qual mantinha plenos poderes sobre todos os seus servos e vassalos que trabalhavam em suas terras. Este senhor, também chamado de suserano, cedia a posse de terras a um vassalo, que se comprometia a cultivá-las, repassando, assim, parte da produção ao dono do feudo. Em troca dessa fidelidade e trabalho, os servos contavam com a proteção militar e judicial, no caso de possíveis ataques e invasões. A essa relação subordinada dava-se o nome de vassalagem. Quanto ao contexto cultural e artístico, podemos afirmar que toda a Idade Média foi fortemente influenciada pela Igreja, a qual detinha o poder político e econômico, mantendo-se acima até de toda a nobreza feudal. Nesse ínterim, figurava uma visão de mundo baseada tão somente no teocentrismo, cuja ideologia afirmava que Deus era o centro de todas as coisas. Assim, o homem mantinha-se totalmente crédulo e religioso, cujos posicionamentos estavam sempre à mercê da vontade divina, assim como todos os fenômenos naturais. Na arquitetura, toda a produção artística esteve voltada para a construção de igrejas, mosteiros, abadias e catedrais, tanto na Alta Idade Média, na qual predominou o estilo romântico, quanto na Baixa Idade Média, predominando o estilo gótico. No que tange às produções literárias, todas elas eram feitas em galego-português, denominadas de cantigas. No intuito de retratar a vida aristocrática nas cortes portuguesas, as cantigas receberam influência de um tipo de poesia originário da Provença – região sul da França, daí o nome de poesia provençal –, como também da poesia popular, ligada à música e à dança. No que tange à temática elas estavam relacionadas a determinados valores culturais e a certos tipos de comportamento difundidos pela cavalaria feudal, que até então lutava nas Cruzadas no intuito de resgatar a Terra Santa do domínio dos mouros. Percebe-se, portanto, que nas cantigas prevaleciam distintos propósitos: havia aquelas em que se manifestavam juras de amor feitas à mulher do cavaleiro, outras em que predominava o sofrimento de amor da jovem em razão de o namorado ter partido para as Cruzadas, e ainda outras, em que a intenção era descrever, de forma irônica, os costumes da sociedade portuguesa, então vigente. Assim, em virtude do aspecto que apresentavam, as cantigas se subdividiam em: CANTIGAS LÍRICAS DE AMOR DE AMIGO CANTIGAS SATÍRICAS DE ESCÁRNIO DE MALDIZER Cantigas de amor O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor feudal transformou-se no que chamamos de vassalagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive sempre em estado de sofrimento, também chamado de coita, visto que não é correspondido. Ainda assim dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito e submissão. Nesse cenário, a mulher é tida como um ser inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo. A título de ilustração, observemos, pois, um exemplo: Cantiga da Ribeirinha No mundo non me sei parelha, entre me for como me vai, Cá já moiro por vós, e - ai! Mia senhor branca e vermelha. Queredes que vos retraya Quando vos eu vi em saya!
  • 2. Mau dia me levantei, Que vos enton non vi fea! E, mia senhor, desdaqueldi, ai! Me foi a mi mui mal, E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha Dhaver eu por vós guarvaia, Pois eu, mia senhor, dalfaia Nunca de vós houve nem hei Valia dua correa. Paio Soares de Taveirós Vocabulário: Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim. Mentre: enquanto. Ca: pois. Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o vermelho do rosto, rosada. Retraya: descreva, pinte, retrate. En saya: na intimidade; sem manto. Que: pois. Des: desde. Semelha: parece. D’haver eu por vós: que eu vos cubra. Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza. Alfaya: presente. Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor. Cantigas de amigo Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo eram inspiradas em cantigas populares, fato que as concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à temática e à forma, além de serem mais antigas. Diferentemente da cantiga de amor, na qual o sentimento expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em uma voz feminina, embora seja de autoria masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era concedido o direito de alfabetização. Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mulher separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre ausente em virtude de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina, sempre tinha um confidente com o qual compartilhava seus sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros, fontes, árvores ou o mar. Constatemos um exemplo: Ai flores, ai flores do verde pinho se sabedes novas do meu amigo, ai deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado, ai deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquele que mentiu do que pôs comigo, ai deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquele que mentiu do que me há jurado ai deus, e u é? (...) D. Dinis Cantigas satíricas De origem popular, essas cantigas retratavam uma temática originária de assuntos proferidos nas ruas, praças e feiras. Tendo como suporte o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos, bailarinas, artistas da corte, aos quais se misturavam até mesmo reis e religiosos, tinham por finalidade retratar os usos e costumes da época por meio de uma crítica mordaz. Assim, havia duas categorias: a de escárnio e a de maldizer. Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas de escárnio eram aquelas em que a crítica não era feita de forma direta. Rebuscadas de uma linguagem conotativa, não indicavam o nome da pessoa satirizada. Verifiquemos: Ai, dona fea, foste-vos queixar que vos nunca louv[o] em meu cantar; mais ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via; e vedes como vos quero loar: dona fea, velha e sandia!... João Garcia de Guilhade
  • 3. Nas cantigas de maldizer, como bem nos retrata o nome, a crítica era feita de maneira direta, e mencionava o nome da pessoa satirizada. Assim, envolvidas por uma linguagem chula, destacavam-se palavrões, geralmente envoltos por um tom de obscenidade, fazendo referência a situações relacionadas a adultério, prostituição, imoralidade dos padres, entre outros aspectos. Vejamos, pois: Roi queimado morreu con amor Em seus cantares por Sancta Maria por ua dona que gran bem queria e por se meter por mais trovador porque lhela non quis [o] benfazer fez-sel en seus cantares morrer mas ressurgiu depois ao tercer dia!... Pero Garcia Burgalês A produção trovadoresca se desenvolveu na região de Castela, Galícia, Leão e Aragão (todas na atual Espanha) entre o final do século 12 e meados do século 14. Ela constitui amplo repositório de informações não apenas literárias, mas também históricas. O trovadorismo reflete o ambiente religioso e as relações de poder típicos da Idade Média – caracterizados, principalmente, pela visão teocêntrica de mundo e a servilidade do homem perante a Igreja. Sobre a cultura medieval ocidental: I - A maioria dos "não-romanos" desconhecia a escrita e utilizava-se da oralidade para orientar a vida social. II - No campo da Filosofia, verificou-se a influência do pensamento escolástico, que retomou o debate entre fé e razão. III - A arquitetura medieval caracterizou-se pela presença de grandes construções inspiradas em motivos religiosos, como mosteiros e igrejas. IV - O heroísmo da cavalaria e o amor, temas característicos da poesia trovadoresca, tornaram-se comuns na literatura medieval. http://www.brasilescola.com/literatura/trovadorismo.htm, em 16/03/2014. http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/literatura/trovadorismo-literatura-portuguesa-caracteristicas-principais-dicas-questoes- comentadas-598921.shtml, em 16/03/2014. http://www.suapesquisa.com/artesliteratura/trovadorismo.htm, em 16/03/2014.