O documento discute como treinadores devem preparar goleiros para a pré-temporada de acordo com a idade dos jogadores. Treinadores de categorias séniores e juniores devem inicialmente focar no condicionamento físico dos goleiros antes de introduzir técnicas. Já treinadores de categorias de formação devem priorizar desenvolvimento técnico, tático, físico e psicológico de acordo com a idade. Exemplos de exercícios são fornecidos para diferentes categorias.
1. A Pré-Época do Treinador de Gr
Existem grandes diferenças, entre um inicio de temporada nos escalões mais
jovens e nos escalões de juniores e seniores. O treino do Gr não foge a essas
diferenças, e o pensamento do treinador especialista neste treino deve estar bem
orientado para o grupo que vai ter pela frente.
O trabalho nas equipas séniores e juniores, deve inicialmente, e durante as
primeiras semanas, incidir sobre o melhoramento da condição e prestação do Gr,
elevando os seus índices para aquilo que queremos, aquando o começo dos jogos
oficiais. O treinador deve inicialmente ter a preocupação de recuperar as capacidades
dos Gr, para posteriormente introduzir técnicas e posturas - Não podemos no começo,
por exemplo, pedir uma técnica de barreira, se os nossos Gr ainda não apresentam a
destreza suficiente para a realizar de uma forma minimamente correta.
Ao falarmos em melhorar os índices físicos e aumentar as cargas, devemos ter em
conta que este é um trabalho que deve estar sempre integrado no treino de baliza.
Exemplo:
Sessão Treino 1
Exercício: Gr deve tocar 6 vezes num cone a 5metros de distância de um poste
e realizar defesa.
Sessão Treino 10
Exercício: Gr deve tocar 4vezes num cone a 5metros de distância de um poste e
realizar Técnica de barreira
Ao fim de algumas sessões, já existe uma capacidade diferente do Gr
responder, podemos diminuir o número de repetições (essencial, porque não
2. queremos criar sobrecarga no inicio da época), e começar a dar-lhe soluções
para responder de outra forma.
O trabalho com o Gr deve ser gradual, e deve estar sempre em consonância com
aquilo que é preparado para a equipa. O treinador deve então ter em conta, quantos
treinos semanais e quanto tempo de pré-temporada poderá ter, para aplicar a sua
estratégia de treino.
Exemplo:
3 Treinos Semanais/ 3 semanas
1 2 3 4 5 6 7 8 9
+Volume
+Intensidade
Geral
Volume+
Intensidade+
Geral
Volume+
Intensidade+
Geral
Volume+-
Intensidade+
AparecimentodeTécnicas
Volume+-
Intensidade
AparecimentodeTécnicas
Volume+-
Intensidade
Técnicas,Posturas,Variáveis
Volume+-
Intensidade
Técnicas,Posturas,Variáveis
Volume-
Intensidade++
Treinoespecializado
Volume-
Intensidade++
TreinoEspecializado
Resumindo este pequeno quadro, o treinador deve inicialmente aumentar o
volume, não se preocupando tanto com a parte técnica, sendo que à medida que vai
passando a pré-temporada, este mesmo volume diminui, sendo que vão aparecendo
então as técnicas, as posturas, variáveis, tudo aquilo que queremos para os atletas
responderem corretamente em jogo. A intensidade deve ser sempre alta, já que
queremos que os nossos atletas apresentem no treino uma postura idêntica àquela
que apresentariam em jogo.
Após a aplicação nos treinos, todo o trabalho deve ser observado em jogo (não
só em jogos-treino, mas em todos os exercícios que coloquem os atletas em oposição).
Em suma, nos grupos que procuram o resultado de forma mais imediata
(Séniores e Juniores), queremos os nossos atletas a atingirem no inicio da temporada,
patamares elevados, para poderem responder da melhor forma às adversidades,
sabendo sempre que este trabalho vai ao longo da época ser potenciado e trabalhado
para que o Gr resolva e decida sempre da melhor forma.
3. O treinador de Gr deve ter a consciência que a forma mais eficaz do Gr
defender a bola é aquela que não deixa margem para uma possível ameaça de golo, se
esta for com a cabeça por exemplo, que seja, nós treinadores temos de lhes dar todas
as opções para que quem está no momento, decida.
O trabalho nos escalões de formação mais baixos, já deve ser preparado de
forma bem diferente.
Primeiro devemos saber o que o nosso modelo tem preparado para nós - O que
querem os treinadores do topo, quando os nossos atletas chegam lá acima?
Falando numa base geral, pensamos que os treinadores dos escalões de
Juniores e Séniores, querem que os seus Gr cheguem com o maior número de técnicas
e soluções corretamente trabalhadas, para responder a todo o tipo de adversidades.
Partindo desta base, o treinador de Gr da formação, deve começar a sua pré-época
sempre no final da época anterior.
Se souber que vai ter os mesmos Gr, procura fazer uma análise do que se fez na
época, o que progrediram, quais as suas dificuldades, e definir os primeiros objetivos
para o inicio de temporada. Se os Gr não forem os mesmos, os últimos treinos e jogos
não oficiais da temporada transata devem servir exclusivamente para perceber em que
patamar se encontram os seus pupilos, quais as suas carências mais evidentes, e
posteriormente realizar um pequeno relatório com os objetivos iniciais da época
seguinte.
Este trabalho de final de época, facilita em muito aquilo que o treinador vai encontrar
no inicio do ano seguinte.
O trabalho do treinador de formação deve inicialmente estar ligado aos seguintes
fatores:
Fator Tático - Posição Base (postura inicial), Noção de espaço e baliza;
Fator Técnico - Técnica passe (mãos, pés), Colocação das mãos na bola (Pega da
bola), Relação Gr-Bola
Fator Físico - Reflexos, Coordenação, Velocidade de Reação;
Fator Psicológico - Confiança, Concentração
Fator Social/Disciplinar - Trabalho, Disciplina
Organização Defensiva - Comunicação com os colegas
Organização Ofensiva - Reposição bola, Jogo com os pés.
Partindo desta base, podemos ter um trabalho inicial facilitado e uma base para um
trabalho eficaz, quando estes forem subindo de escalão.
4. Para quem trabalha escalões de formação que podem fazer a transição entre a
formação e a competição (Juvenis, Iniciados, etc…), o focus inicial na pré-época não se
deverá alterar, focando-se em repetições e intensidades que permitam que o atleta
atinga um nível entre o bom e o ótimo. As cargas e número de repetições têm de
baixar à medida que baixamos de escalão. Nesta componente de treino, o treino
Pliométrico/Anaeróbio (utilizando circuitos por exemplo), pode ser um bom inicio para
a maioria dos casos.
Exemplo de um Circuito para Grs (focando exercícios curtos com intensidade e saltos)
1- Salta barreiras
2- 2- Pique
3- 3- Trote
4- 4- Passar por baixo das barreiras
5- 5- Passada em parede
6- 6- Corrida normal
3x(3min + 1 min descanso)
Estando estes escalões inferiores mais focados no conhecimento,
amadurecimento e aperfeiçoamento da componente técnica, a ênfase nesta
componente poderá ser introduzida mais cedo com exercícios mais gerais de menor
complexidade.
O treino especializado também variará com o escalão em questão. Se os Juvenis
já trabalham para se aperfeiçoarem (exercícios complexos com vários fatores físico-
técnico-tático, incluindo vários tipos de defesa no mesmo exercício com reposição de
bola no fim), os Infantis estarão a aprender as posturas de prontidão desportiva
(posicionamento, deslocamento, pega de bola).
Exemplo de um exercício para escalão Infantil (pouca complexidade com técnica)
Vários pinos colocados entre a linha de baliza, e a linha de área, numa linha recta,
espaçados de 1 metro. Treinador com 2 bolas. Treinador lança 1 bola e grita ao GR
como a deve defender. GR defende, devolve ao treinador, e passa entre os pinos em
deslocamento lateral. GR deverá ir avançando nos pinos, e treinador variando o tipo e
o lado das defesas.
5. Exemplo de um exercício para escalão Juvenil (alguma complexidade com várias
técnicas)
GRs no 1º Poste, de costas. Ao sinal vira-se e defende os seguintes:
1- GRs defende a 1ª bola de ténis/futsal ao 1º poste
2- GRs sai e defende a bola de ténis/futsal em saída de baliza. Retorna a baliza e
toca 1º poste.
3- Remate para o banco no 2º poste para fazer queda/barreirista
Concluindo, o trabalho de pré-temporada de um Gr deve ser preparado
antecipadamente, e na maioria dos casos coincide com o final da época anterior.
Devemos ter em conta o grupo etário em que estamos inseridos, os objetivos da
equipa, do clube e do nosso modelo, percebendo de forma clara aquilo que é pedido
para os Gr. O trabalho deve ser sempre integrado e nunca treinado de forma isolada.
Devemos ter sempre em conta, que no momento, quem decide é o Gr, e o
treinador deve desde inicio dar todas as ferramentas para que este decida da forma
mais eficaz possível.
José Marques e Pedro Charrua
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