O documento discute a origem do mundo e apresenta diferentes explicações para esta questão, incluindo mitos, religiões e a ciência. As respostas não são consideradas definitivas, mas sim teorias ou hipóteses razoáveis. A pergunta sobre a origem do mundo permanece filosófica e levanta opiniões diferentes.
1. A partir do momento em que o homem passou a questionar o
por quê de sua existência e do mundo, este já estava caminhando
para o filosofar.
Filosofar é pensar sobre o que nos acontece, sobre o sentido
do que nos acontece ou sobre o significado da vida humana ou da
vida biológica como tal. Diz-se assim que se tem uma “filosofia de
vida”. Mas este significado do termo certamente é muito amplo e
vago. Até mesmo pensar não é a mesma coisa para todos.
Desde a Pré-História, o mundo já provocava espanto e
admiração nos homens, enchendo-os de curiosidade e dúvidas
que, com já sabemos, seria os responsáveis pelo surgimento dos
mitos e da Filosofia.
De lá para cá, o mundo continuou girando, cheio de mistério a serem desvendados. A
busca por explicações levou a descobertas incríveis. Hoje, sabemos, por exemplo, que nosso
planeta é azul, composta principalmente de água, que há bilhões de anos flutua no espaço,
girando sem derramar-se.
Os encantos do mundo não param aí. Além da infinidade de paisagens que a natureza
constrói em nosso planeta, existem outros detalhes mágicos: o tempo, o movimento da terra,
o dia e a noite, as estações do ano, os seres vivos, os astros que giram em torno do nosso
planeta. Esse mundo é uma nave, que conduz viajantes pelo espaço. Certamente, nenhum
dos foguetes e satélites que criamos para desvendar os segredos do universo é tão
interessante e complexo quanto ele.
Questionamento para discussão
- O que sabemos e o que não desejamos saber sobre o mundo?
- O que podemos e o que não podemos saber sobre o mundo?
- Como percebemos o nosso planeta?
- Que ligação temos com ele?
- Que relação existe entre o mundo e a vida?
- O que você entende pela palavra mundo?
Quando se fala em instrumentos para conhecer o mundo, hoje, provavelmente as
pessoas imaginem máquinas fantásticas (formadas por estruturas metálicas, cheias de lentes,
fios e até chips) sob o controle de complexos computadores.
Muito antes de criá-las, porém, o ser humano já contava com o cérebro e os órgãos dos
sentidos nas investigações a respeito do mundo. Mesmo com as novas ferramentas
tecnológicas, eles tecnológicas, eles continuam desempenhando importante papel na
interpretação das descobertas dos pesquisadores sobre a realidade que nos cerca.
Esse tipo de investigação tem momentos: a experiência e o raciocínio.
Experiência: um modo de conhecer e transformar o mundo
Experimentamos o mundo de diferentes maneiras: audição, visão, olfato, tato e paladar.
Em cada uma delas, temos sensações diferentes. Por sua vez essas sensações podem
despertar sentimentos (alegria, medo, raiva...) e até pensamentos. É assim que conhecemos
2. o mundo. De certo modo, experimentar também é participar do mundo, do jeito que ele é. A
experiência sobre o mundo também pode ajudar na criação de coisas novas, que o
transformam.
As experiências que vivemos nos estimulam a desvendar o mundo em que estamos.
Como nós também somos parte desse mundo, sempre há coisas que nos escapam.
Assim como as experiências vividas pelas pessoas dependem de fatores diversos,
também a maneira de interpretar e avaliar uma experiência pode ser influenciada por:
Experiências anteriores;
Condições físicas;
Valores;
Educação;
Modo de pensar.
Questões para discussão
- Realizar várias experiências diferentes ajuda a eliminar o engano dos sentidos?
Explique sua resposta.
- A experiência ajuda no conhecimento? Explique sua resposta.
- É importante pensar sobre as experiências que vivemos? Por quê?
- A mesma experiência pode trazer sensações diferentes para pessoas diferentes?
Explique.
- A mesma experiência pode ter significado diferentes para pessoas diferentes?
Explique e dê exemplos.
É com você
Formule, com suas palavras, o conceito de experiência.
O MITO DA CAVERNA de Platão
Platão imaginou um caminho que passava
entre uma caverna e uma montanha. Havia uma
muro ao longo do caminho, uma fogueira sobre a
montanha e uma grupo de prisioneiros na caverna.
Cada um deles estava de costa para a entrada e
tinha correntes nas mãos, nos pés e no pescoço.
Sempre que alguém passava atrás do muro,
trazendo objetos sobre a cabeça, a luz da fogueira
refletia a sombra desse objeto e os prisioneiros
podiam vê-la na pare de do fundo da caverna. Lá dentro, a ausência de luz e o eco provocado
pelos sons faziam com que tivesses dificuldade para ver e compreender uns aos outros. Com
o passa do tempo, alguns se especializaram em interpretar as sombras e prever suas
sequências. Devido a essa habilidade foram considerados os mais sábios.
Certo dia, um dos prisioneiros foi liberto das correntes e arrastado para a entrada da
caverna, onde lhe mostraram alguns dos objetos que provocavam as sombras mais
conhecidas. Sem poder compreendê-los, sentindo muito medo e com os olhos irritados pelo
primeiro contato com a luz, prisioneiro foi arrastado para o lado de fora. Tanto luminosidade o
deixou cego por algum tempo. Gradualmente, foi acostumando-se a ela e passou a enxergar
3. as sombras quando olhava para o chão. Também viu reflexos na água, depois encarou a lua e
as estrelas durante a noite, até que conseguiu olhar diretamente para o sol. Encantado com
as luzes, cores, formas, sons, texturas e sabores do mundo que acabava de conhecer, o
antigo prisioneiro lembrou-se dos amigos e decidiu ajudá-los a chegar onde havia chegado.
Quando voltou à caverna, porém, já desacostumado à escuridão, passou por novo
momento de cegueira. Contou aos outros tudo o que havia lá fora, mas eles não acreditaram.
Os sábios da caverna, tendo medo de perder seu lugar, disseram a todos que o prisioneiro
liberto estava louco. Seus olhos nem eram capazes de enxergar a realidade que conheciam e,
portanto, jamais poderiam enxergar nada maior e mais complexo como ele afirmava.
Convenceram o grupo de que sair da caverna era perigoso e de que o prisioneiro liberto não
deveria permanecer entre eles e acabam por matá-lo.
A busca de um conhecimento cada vez mais amplo pede ousadia, curiosidade e
coragem para repensar constantemente o que já se conhece, corrigindo enganos e
acrescentando novos detalhes. Admitir que não sabemos tudo e cometemos enganos pode
ser uma experiência difícil, gerando angústia e insegurança. Más é um desafio necessário
para chegar a novas descobertas sobre coisas que pensamos já conhecer muito bem.
Algumas pessoas têm medo de ampliar os conhecimentos, porque todos somos mais
responsáveis pelos nossos atos quando conhecemos mais. Há também aqueles que usam o
que sabem para dominar os outros, assim como faziam os sábios das cavernas. O problema é
que nem sempre elas sabem tanto quanto imaginam. Os prisioneiros do mito de Platão, por
exemplo, acreditavam saber muito sobre a realidade, mas se enganavam ao concluir que ela
não ia além das sombras. Pensar que se conhece tudo é uma ilusão comum. E seria possível
alguém conhecer tudo?
Essa é uma questão difícil de responder. As coisas mudam constantemente e, além
disso, cada um de nós tem o próprio modo de perceber o mundo, contribuindo para a
existência de vários tipos de conhecimento: técnico, científicos, filosóficos, artísticos e outros.
Nem todos se interessam pelos mesmos assuntos e alguns são mais preocupados que
outros em ampliar e corrigir seus conhecimentos. Adquirir novos conhecimentos pode ser algo
muito prazeroso e útil à vida. Quanto mais conhecemos maiores são as chances até de
encontrar novas formas de diversão e realizar melhor o trabalho. O filósofo sabe disso e avalia
com cuidado o conhecimento que possui, esforçando-se para corrigir enganos cada vez mais.
Nem todas essas atitudes são bem vistas. Assim como aconteceu com os prisioneiros
que saiu da caverna, muitos acham que a busca sem fim pelo conhecimento é uma loucura.
Existem ainda os sentimentos do medo e fracasso quando tentamos adquirir conhecimentos
mais complexos.
Questões para discussão
- O que podemos e o que não podemos conhecer?
- O que atrapalha o conhecimento?
- Como avaliar o conhecimento que temos?
- Todo conhecimento muda?
- Quais as consequências de não buscar novos conhecimentos? E as de não repensar
os antigos?
- Quando podemos confiar no conhecimento?
Reflexão sobre o texto “Mito da Caverna”
1) Na sua opinião , o que a caverna simboliza? Nos dias de hoje o que poderíamos chamar de
caverna?
2) Na sua opinião, o que a luz do sol simboliza?
4. 3) As informações que recebemos pela televisão ou pela Internet são plenamente confiáveis?
Será que elas não podem nos deixar mais alienados?
4) De que forma nós podemos nos libertar da nossa caverna da alienação?
5) O que você faria se fosse o prisioneiro da caverna que conseguiu se libertar? E o que faria
se fosse o prisioneiro que não conseguiu se libertar?
É com você
Reescreva o mito da caverna, inventando um novo final para ele.
Pessoas comuns, cientistas, religiosos, poetas e
filósofos, cada um tem uma hipótese para responder à
grande questão que há século, envolve a humanidade:
qual é a origem do mundo?
Essas respostas, entretanto, não são
consideradas verdades definitivas e sim, teorias, ou seja,
hipóteses razoáveis, mas não totalmente comprovada.
Assim, a pergunta permanece bastante filosófica, porque
faz pensar, levanta opiniões diferentes e exige
argumentos para sustentá-las diante de outras opiniões.
Conheça algumas explicações para respondê-la.
Explicação mitológica
Um mito indiano do século VII a.C. conta que o universo foi criado sob a forma de um
homem que, por viver solitário, dividiu-se em suas partes: uma masculina e outra feminina. Da
união dessas duas partes surgiram os seres humanos. Continuando a construção do mundo,
os sois seres humanos originais transformaram-se num casal de animais que gerou todas as
formas animais existentes no planeta terra.
Explicação religiosa
No princípio Deus criou os céus e a terra. Disse Deus: “Haja Luz!”. E a luz apareceu.
Deus chamou a luz de “dia” e a escuridão de “noite”. E assim foi o primeiro dia da Criação.
Deus fez uma separação entre as águas. A parte de cima chamou “céu” (onde ficam as
nuvens e a chuva). A parte de baixo, “mar”. Este foi o segundo dia da Criação.
Deus ordenou: “Ajuntem-se as águas num só lugar e apareça a terra seca”. E quando a
terra apareceu, Deus ordenou a ela: “Terra, produza plantas e árvores!”. E foi assim o terceiro
dia da Criação.
Deus criou os astros. A luz maior, chamou de “Sol”, que clareia o dia. A luz menor, que
chamou de “Lua”, para clarear a noite. E fez também as estrelas para poder assim marcar
dias, anos e as estações. E assim foi o quarto dia da Criação.
Disse Deus: ”Que existam nas águas seres vivente!”. E naquele instante passaram a
existir os peixes e outras criaturas marinhas. Criou pela sua palavra também as aves. A assim
foi o quinto dia da Criação.
A terra Deus também povoou de animais de várias espécies. Criou répteis, animais
domésticos e selvagens, cada um segundo a sua espécie. Depois, Deus, com suas próprias
mãos, pegou o barro e formou o homem parecido com ele e deu-lhe a vida. Esse foi o sexto
dia da Criação.
Deus olhou tudo o que fez, viu que era bom e bonito. Assim, bem satisfeito, no sétimo
dia Ele descansou.
5. Explicação científica
A origem do Universo é como um enorme quebra-cabeça. Os cientistas juntam uma
peça aqui, outra ali, e assim vão montando uma teoria para explicar como começou o
Universo. Para os cientistas, tudo o que existe no Universo veio de uma bolha que, há cerca
de 10 ou 20 bilhões de anos, surgiu num tipo de “sopa” muito, muito quente e começou a
crescer e se expandir, originando tudo o que conhecemos. É a teoria do Big-Bang. Mas
certamente absoluta disso eles ainda não têm. A teoria do Big-Bang é só uma das teorias
para explicar a origem do Universo.
Eles dizem também que a Terra não tinha água líquida quando se formou. Foram
necessários milhões de anos para que se resfriasse. Isso permitiu a formação dos rios e
oceanos, nos quais os cientistas acreditam que surgiram as primeiras formas de vida. E, a
partir delas, vieram os bichos, as plantas e o homem.
O que você pensa sobre essas explicações? Você conhece outra?
Critério par escolha de uma hipótese
A teoria do Big-Bang é apenas uma das hipóteses levantadas pela ciência a respeito
da origem do mundo – existem outras teorias religiosas e milhares de mitos diferentes, cada
um explicando esse fato a seu modo.
Há, também, diversos critérios utilizados para comprovar cada uma dessas teorias,
com dificuldades específicas. Veja alguns exemplos.
Pessoas Critério Exemplo Dificuldade
Cientista Realiza observações e Pode observar Nenhum cientista
experiências para explosões no espaço ou vive bilhões de anos
demonstrar a transformações na Terra para ver o resultado
possibilidade de sua ao longo dos anos. das explosões e as
teoria estar correta. transformações que
um planeta pode
sofrer.
Pessoa religiosa
Tem fé nos princípios Os cristãos aceitam a Pessoas de crenças
de sua doutrina. teoria bíblica; as hindus religiosas diferentes
têm outras explicações, acreditam em teorias
envolvendo suas distintas.
próprias divindades.
Pessoa que crê Considera a Os indígenas aceitam as Tribos diferentes tem
em mitos autoridade de quem explicações que o pajé explicações
conta o mito. ouviu de seus diferentes.
ancestrais.
É possível usar mais de um critério?
Entre os filósofos, ao logo da história, houve os que questionaram os mitos, os que
buscaram argumentos para defender teorias religiosas e os que tiveram idéias novas. Assim,
contribuíram para o surgimento de reflexões e pesquisas, principalmente as científicas, sobre
a origem do mundo.
Nem sempre os filósofos concordavam. Enquanto alguns diziam, por exemplo, que o
mundo surgiu do nada, outros achavam isso loucura. Enquanto uns diziam que o mundo
sempre existiu, outros respondiam que isso seria impossível, pois tudo tem um começo, e
assim por diante.
6. É claro que tantas opiniões diferentes podem gerar confusão, mas, num assunto difícil
como esse, todas as hipóteses devem ser consideradas. Afinal, nenhum de nós estava lá, no
primeiro instante do mundo. A origem do mundo é, de certo modo, a nossa própria origem.
Questões para discussão
- É possível que uma ou mais teoria já criadas para explicar a origem do mundo
estejam correta? Explique sua resposta.
- É possível comprovar uma teoria sobre a origem do mundo? Por quê?
- Que critérios podemos usar para avaliar o valor de uma teoria sobre a origem do
mundo? Justifique sua resposta.
- É possível que o mundo sempre tenha existido? Explique.
- É possível descobrir a verdade sobre a origem do mundo? Por quê?