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A EXPERIÊNCIA DO REINO
E A VOLTA DE JESUS CRISTO Esboço do Planejamento do Curso

Meta


        Que você conheça o propósito de Deus de ter uma Igreja vencedora e invista nos princípios
de vida que te qualificarão para o arrebatamento. .

Outros Objetivos

Descubra a "visão dos Vencedores" e saiba discernir     salvação de galardão.

            Sugestões Bibliográficas


1. O DANO DA SEGUNDA MORTE - Watchman Nee

Recomendações Muito Importantes

1. invista tempo em oração e na Palavra para conhecer melhor esse assunto.
2. Compartilhe com outros irmãos da célula o que aprendeu.
3. Disponha-se a responder a Deus para ser um crente vencedor.

Avaliação

1.Faça a distinção entre salvação e galardão.
2.0 que é "arrebatamento" da igreja e quem participará dele? 3. O que é necessário para ser um
cristão vencedor?

A EXPERIÊNCIA DO REINO
E A VOLTA DE JESUS CRISTO

         Há uma coisa sobre a qual temos de estar claros. Ter vida eterna é diferente de entrar no
reino dos céus. O Senhor Jesus disse que de João Batista até agora o reino dos céus é tomado a
força (Mt 11: 12), os violentos o tomam. A lei e as profecias dos profetas terminaram com João (11:
12, 13). Baseados nesta palavra, alguns têm dito .-que precisamos ser violentos, isto é, devemos
esforçarmo-nos antes de ser salvos. Se não nos esforçarmos, não seremos salvos. Uma pessoa diz
isso porque não pode d.izer a diferença entre o reino dos céus e a vida eterna. Existe uma diferença
entre a vida eterna e o reino dos céus.

A DIFERENÇA ENTRE A VIDA ETERNA E O REINO

1) A recompensa é para o milênio; a vida eterna não tem fim.



1
A primeira diferença entre ambos é quanto ao tempo. A vida eterna é para a eternidade, mas
o reino não é para a eternidade. Quando o novo céu e a nova terra vierem, o reino dos céus
passará. O reino dos céus denota o governo de Deus. O período do governo de Deus é o período do
reino dos céus. Que são os céus? O livro de Daniel fala sobre o governo dos céus (7:27). Portanto, o
reino dos céus é a esfera na qual os céus governam. Quando o Senhor Jesus vier reger sobre a
terra, aquele será o tempo em que os céus governarão. Hoje, aquele que governa na terra é o diabo,
Satanás. A pol ítica e a autoridade mundial de hoje são de Satanás. O Senhor Jesus não reinará
senão no período do reino dos céus. Mas o período no qual a autoridade dos céus é efetuada é
muito curto. Em 1 Corintios 15:24 é dito:

"E então virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruido todo
principado, bem como toda potestade e poder."

         O reino será entregue a Deus Pai. Portanto, há um limite temporal para o reino. Contudo, a
vida eterna é para sempre. Todo o que lê 1 Corintios 15 sabe que no início do novo céu e nova terra,
isto é, na conclusão do milênio, o reino será entregue. Portanto, há uma diferença no tempo entre a
vida eterna e o reino dos céus.

2) A vida Eterna é pela fé; a recompensa é pelas obras

       A segunda diferença reside no método pelo qual o homem entra no reino dos céus e na
maneira que ele obtém a vida eterna. O recebimento da vida eterna é o assunto de todo o
Evangelho de João. A maneira de ter a vida eterna é por meio do crer. Uma vez que cremos,
obtemos. Contudo, entrar no reino dos céus não é uma questão simples. Todo o Evangelho de
Mateus menciona o reino

dos céus trinta e duas vezes. Nenhuma vez é dito que o reino dos céus é recebido pela fé. Como um
homem ganha o reino dos céus? Mateus 7:21 diz:

"Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade
de meu Pai que está nos céus."

         Pode-se ver que a entrada no reino dos céus é uma questão de obra. Mateus 5:3 também
nos diz: "Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus." Aqui não diz
vida eterna, mas o reino dos céus. Para ter o reino dos céus, a pessoa precisa ser pobre no espírito.
O Senhor também diz: 'Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o
reino dos céus" (v.10). Não se precisa ser perseguido para receber a vida eterna, mas o reino é para
os que têm sido perseguidos por causa da justiça. Mesmo se um homem tiver a vida eterna, se ele
não tem sido perseguido por causa da justiça hoje e não é pobre no espírito, ele ainda pode não ter
parte no reino.

3) Uma vez que recebemos a vida eterna não temos mais de buscá-Ia; a recompensa precisa
ser buscada.




2
Com relação à vida eterna, Deus nunca nos disse para procurarmos obtê-Ia. Pelo contrário,
toda vez que é mencionada, Ele nos mostra que já a temos. Entretanto, com relação ao reino, a
palavra da Bíblia diz que devemos procurar obtê-Ia e buscá-Ia diligentemente. Hoje, em se tratando
do reino, esta no estágio de busca; ainda não o obtivemos. Ainda temos de empregar o esforço
para almejar e buscar o reino.

4) A vida eterna é de graça; a recompensa é por mérito

         A quarta diferença reside na maneira como Deus trata o reino e a vida eterna. Deus trata a
vida eterna como um presente; ela é dada a nós (Rm 6:23). A vida eterna é uma graça gratuita; ela é
dada por meio do Senhor Jesus para todos aqueles que crêem Nele. Não existe diferença entre
alguém que busca e alguém que não está buscando. Contudo, o mesmo não ocorre com o reino.
Lembre-se da mãe dos dois filhos de Zebedeu vindo ao Senhor Jesus e querendo que o Senhor
fizesse com que seus dois filhos se sentassem em ambos os lados Dele no reino (Mt 20:21). Mas, o
Senhor Jesus disse: "O assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concedê-
Ia; é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu Pai" (v.23). A graça é obtida uma vez:
que O invocamos. Mas o reino depende se alguém pode ser I batizado em Seu batismo e pode
beber o cálice que Ele bebeu. Ambos os discípulos disseram que podiam. Todavia, o Senhor disse
que apesar de terem prometido que o fariam, a questão não cabia a Ele decidir. O Pai é Aquele que
concede.

        Além disso, o criminoso que foi crucificado juntamente com o Senhor disse a Ele:

"Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino." (Lc 23:42).

         o Senhor Jesus ouviu sua oração? Sem dúvida que sim. Mas Ele não concedeu seu pedido.
O criminoso pediu que o Senhor se lembrasse dele quando o Senhor recebesse o reino. O Senhor
Jesus não lhe respondeu que ele estaria com Ele no reino. Pelo contrário, Ele respondeu-lhe: "Hoje
estarás comigo no paraíso." (v.43). O Senhor não lhe respondeu sobre o reino. Mas Efe lhe deu uma
resposta com relação ao paraíso. Uma vez que O invoquemos, podemos ser salvos. Contudo, não é
tão simples ir ao reino. Portanto, há uma grande diferença aqui. A atitude de Deus para com a vida
eterna e o reino dos céus é diferente: um é o presente de Deus e o outro é a recompensa de Deus.
         Com respeito à diferença entre o reino dos céus e a vida eterna, existem outras passagens
na Bíblia que são muito interessantes. Agora, chegamos à quinta diferença. Apocalipse 20 mostra-
nos que os mártires recebem o reino, embora não diga que sejam os únicos a receberem o reino
(v.4). A Bíblia, entretanto, nunca nos mostra que o homem deva ser martirizado a fim de receber a
vida eterna. Entretanto, o reino é diferente. O reino requer esforço. Até mesmo requer o martírio para
obtê-Ia. Por exemplo, a pobreza é uma condição para o reino dos céus. Para obter o reino dos céus,
a pessoa precisa perder suas riquezas. A Bíblia nos mostra claramente que nenhuma pessoa na
terra que seja rica segundo seus próprios meios pode entrar no reino dos céus. Não podemos dizer
que nenhum rico possa ser salvo. Não podemos dizer que ninguém pode entrar na vida eterna se
não quiser perder suas riquezas. Assim como é difícil um camelo passar pelo fundo de uma agulha,
da mesma forma é difícil um rico entrar no reino dos céus (Mt 19:24). Graças ao Senhor. O pobre
pode ser salvo. Assim como o rico pode. O pobre pode herdar a vida eterna e o rico também pode.
Contudo, entrar no reino dos céus é um problema para o rico. Se acumularmos riquezas na terra,
não seremos capazes de entrar no reino dos céus. É óbvio que isso não significa que alguém tenha

3
de desistir de toda a sua riqueza hoje. Estou dizendo que a pessoa tem de entregar toda a sua
riqueza ao Senhor. Somos apenas os administradores. Não somos o dono da casa. A Bíblia nunca
reconhece um cristão como o dono de seu dinheiro. Cada um é apenas um administrador do
dinheiro que é para o Senhor. Todos nós somos apenas os administradores do Senhor. Existe esta
condição para entrar no reino.
          Há outra coisa muito peculiar. Não se vê as questões de casamento e família envolvendo a
questão da vida eterna. Ma, o evangelho de Mateus diz que alguns não se casam por causa do reino
dos céus. Alguns até mesmo se fizeram eunucos por causa do reino dos céus (Mt 19: 12). A fim de
entrar no reino dos céus e ganhar um lugar no reino, eles escolheram permanecerem virgens.
Ninguém vê a vida eterna ser negada a uma pessoa casada. Vemos que a questão da vida eterna
não está de forma nenhuma relacionada à família e ao casamento, mas a questão do reino está
muitíssimo relacionada à família e ao casamento. Essa é a razão de a Bíblia dizer que aqueles que
têm esposa devem ser como se não a tivessem. Os que se utilizam do mundo devem ser como se
dele
não utilizassem, e os que compram como se nada possuíssem (1 Co 7:2931). Isso tem muito a ver
com nossa posição no reino dos céus.

5) A vida eterna é igual para todos; mas recompensa varia para cada um.

         Finalmente, temos de mencionar outra diferença. No reino, há diversos níveis de graduação.
Alguns receberão dez cidades, outros receberão cinco (Lc 19:1719). Alguns receberão meramente
uma recompensa, mas outros receberão um galardão. Alguns ganharão uma rica entrada no reino (2
Pe 1: 11). Alguns entrarão no reino sem uma rica entrada. Portanto, existe uma diferença em
graduação no reino. Mas nunca haverá uma questão de graduação com relação à vida eterna. A
vida eterna é a mesma para todos. Ninguém recebera dez anos a mais que o outro. Não existe
diferença na vida eterna, todavia no reino há diferença.
         Se alguém ponderar um pouco, perceberá que na Bíblia, o
reino e a vida eterna são duas coisas absolutamente diferentes. A condição para a salvação é a fé
no Senhor. Além da fé, não há outra condição, pois todos os requisitos já foram cumpridos pelo Filho
de Deus. A morte de Seu Filho satisfez todas as exigências de Deus. Mas entrar no reino dos céus é
outra questão: requer obras. Hoje, um homem é salvo pela justiça de Deus. Mas não podemos
entrar no reino dos céus a menos que nossa justiça exceda a dos escribas e fariseus (Mt 5:20). A
justiça no viver e na conduta de uma pessoa deve ultrapassar a dos escribas e fariseus antes que
ela possa entrar no reino dos céus. Portanto, pode-se ver que a questão da vida eterna é
completamente baseada no Senhor Jesus. Contudo, a questão do reino está baseada nas obras do
homem.

A RECOMPENSA E O DOM GRATUITO DE DEUS

        Vamos continuar a ver a diferença entre recompensa e dom (ou presente de Deus), em
outras pala",r a diferença entre o reino e a vida eterna. Muitos pensam que o reino dos céus é a vida
eterna e que a vida eterna é simplesmente o reino dos céus. Eles confundiram a Palavra de Deus,
tomando a condição para receber o reino como sendo a condição para a vida eterna. Eles tomam a
perda do reino como sendo a perda da vida eterna. Entretanto, a distinção entre os dois é muito
clara na Bíblia. Uma pessoa pode perder o reino dos céus, mas ela não perderá a vida eterna.
Alguém pode perder a recompensa, contudo não perderá o dom (ou presente de Deus).

4
Então que é a recompensa, e que é o dom? Nós fomos salvos por causa do dom gratuito de
Deus. Deus nos deu o dom gratuitamente pela Sua graça; portanto, fomos salvos. A recompensa diz
respeito ao nosso relacionamento com Deus após sermos salvos. Se alguém crê no Senhor Jesus
como Salvador, aceitando-O como vida, ele é salvo diante de Deus. Após ser salvo, Deus
imediatamente coloca essa pessoa numa pista, de modo que ela corra a carreira e obtenha a
recompensa posta diante dela. Um cristão é salvo por causa do Senhor Jesus. Após ser salvo, ele
deve manifestar a vitória de Cristo pelo Espírito Santo dia a dia. Se fizer isso, então, no fim da
carreira, ele obterá a glória celestial e a recompensa celestial de Deus.
         Portanto, a salvação é o primeiro passo deste camil1ho, e a recompensa é o último passo.
Quando alguém crê em Cristo, recebe o presente. Quando alguém segue Cristo, recebe a
recompensa. O presente é obtido por meio da fé, e é para as pessoas do mundo. A recompensa é
obtida por ser fiel e ter boas obras, e é para os cristãos.
          Há um grande engano nas igrejas hoje. O homem pensa que a salvação é a única coisa e
que não há nada além de ser salvo. Ele considera o reino dos céus e a vida eterna como se fossem
a mesma coisa. Ele considera que uma vez que alguém é salvo quando crê, não tem de se
preocupar com as obras. A Bíblia faz distinção entre a parte de Deus e a parte do homem. Uma
parte é a salvação dada por Deus, e a outra parte é a glória do reino milenar. Ser salvo não tem
absolutamente nada a ver com as obras da pessoa. Tão logo uma pessoa creia no Senhor Jesus,
ela é salva. Mas, após sua salvação ela precisa começar a carreira para receber a glória vindoura, a
coroa e o trono. Deus coloca Seu trono, coroa, glória e recompensa diante dos crentes. Se uma
pessoa for fiel vai: recebê-Ia. Se for infiel vai perdê-Ia.
         As boas obras são inúteis no que se refere à salvação. O homem não pode ser salvo pelas
suas boas obras, mas as boas obras são necessárias à questão da recompensa, da coroa, da glória
e do trono. A boa obra é inútil quanto à questão da salvação. Deus não pode permitir que o homem
seja salvo pela sua obra; Ele também não permitirá ao homem ser recompensado sem obras. Deus
só pode decidir sobre a salvação ou perdição do homem por meio do seu crer ou não no Seu Filho.
Se você tem ou não Seu Filho em si, determina a questão da vida eterna ou perdição. Se você tem
ou não boas obras diante de Deus, determina a questão , de receber a recompensa e a glória. Em
outras palavras, Deus nunca salvará uma pessoa por ela ter méritos, e Ele nunca recompensará
alguém que não tenha mérito. O homem deve vir diante de Deus totalmente carente e sem mérito
para que Deus o salve. Contudo, após a salvação, temos de ser fiéis, e temos de esforçarmo-nos
para produzir boas obras por meio de Seu Filho Jesus Cristo, a fim de obtermos a recompensa.
         O problema de hoje é que as pessoas não fazem distinção entre a salvação e o reino. Na
Bíblia, há uma distinção clara entre a salvação e o reino, e entre o dom e a recompensa. A salvação
não é o último passo da experiência cristã. Pelo contrário, a salvação é o seu primeiro passo. Após
termos sido salvos, temos de correr e perseguir a recompensa diante de nós. O problema é que
pensamos que nossa salvação é nossa recompensa. Muitos cristãos acham que a glória é
simplesmente a graça da salvação, e assim tornam-se néscios em seu viver. Por favor, apliquem a
obra somente à recompensa e a graça à salvação.
         Através da salvação, Deus separa os salvos dos não salvos; Ele separa aqueles que têm a
vida eterna daqueles que estão condenados. De igual modo, Deus também separa Seus filhos em
dois grupos pela Sua recompensa. Deus separa Seus filhos em obedientes e desobedientes. Para
com as pessoas do mundo, é uma questão de ter fé e não ter fé. Para com os cristãos, é uma
questão de ser fiel ou não ser fiel. Para com as pessoas do mundo, é uma questão de ser salvo ou
não ser salvo. Para com os cristãos, é uma questão de ter ou não ter a recompensa. O problema de
hoje com os filhos de Deus é que eles exaltam demais a salvação; tudo o que vêem é simplesmente
a salvação. Que Deus soja misericordioso conosco para que compreendamos que a questão da
5
salvação já está resolvida. Ela não pode mais ser abalada, pois ela já foi cumprida pelo Senhor
Jesus. Ela está totalmente concretizada. Hoje, devemos empenharmo-nos é com a recompensa
diante de nós. Haverá uma grande diferenciação no reino: Alguns terão glória, e alguns não terão
glória.

A base da recompensa

        Agora precisamos ver sobre que base a recompensa é dada. A Palavra de Deus diz que a
recompensa é dada por causa da obra. Assim como a Bíblia diz claramente que a salvação é pela
fé, da mesma forma a Bíblia diz claramente que a recompensa é pela obra. A Bíblia revela-nos que a
salvação é pela fé dos pecadores, e a recompensa é pela obra dos cristãos. A fé está relacionada à
salvação; isso está mais do que claro. A obra está relacionada à recompensa; isso também está
mais do que claro. Ninguém deve confundir as duas coisas.

Romanos 4:4 diz: "Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e, sim, como
divida. Dar uma recompensa a alguém que trabalha não é graça, mas uma divida. Em outras
palavras, como alguém pode obter uma recompensa? A recompensa vem pelas obras, e não pela
graça.

Apocalipse 2:23 diz: li... Eu sou aquele que sonda mente e corações, e vos darei a cada um,
segundo as vossas obras."

        Esse versículo diz que o Senhor fará todos conhecerem que Ele é Aquele que sonda as
mentes e os corações, e dará a cada um segundo as suas obras. Em outras palavras, Ele
recompensará a cada um segundo as suas obras. Como Ele recompensa? É de acordo com nossa
obra. É claro que essa obra não é nossa própria obra, é quando o Espírito Santo vive Cristo em nós,
então temos as obras de um cristão. Portanto, esse versículo nos mostra m claramente a questão da
recompensa. A questão da recompensa depende de um cristão ser digno ou não.

A Primeira Epístola aos Corintios 3: 14 diz:

"Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão."

         Aqui diz que se a sua obra permanecer, ele será recompensado. Não diz que se a sua fé
permanecer, ele será recompensado. A questão da recompensa depende da obra da pessoa. A
Bíblia distingue claramente salvação de galardão: Ela nunca confunde a salvação e o galardão, e
nunca confunde a fé com a obra. Sem a fé, o homem não pode ser salvo. Sem as boas obras, o
homem não poder ser recompensado. As obras de alguém devem resistir diante do trono do
julgamento e sobreviver ao exame minucioso dos olhos de chama, antes que haja a possibilidade de
receber um galardão.

Lucas 6 35 diz: "Ama i , porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma
paga; será grande o vosso galardão (...)".

        A recompensa é inteiramente devida à obra de alguém.


6
Emprestar dinheiro a alguém sem esperar ser pago é sua obra, e amar seu inimigo é sua obra. Você
tem de fazer isso para obter a recompensa. Em nenhum lugar a Bíblia menciona que alguém tenha
de amar seus inimigos e fazer o bem antes que possa ser salvo. Mas existe o versículo que diz que
se você emprestar aos outros e fizer o bem aos outros, a sua recompensa no céu será grande. A
recompensa é proveniente da obra e não da fé. A fé pode salvá-Io, mas a fé não pode ajudá-Io a
obter a recompensa.
         A Segunda Epístola a Timóteo 4:14 diz: "Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o
Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras."
         Aqui é citado um exemplo. Um cristão estava tentando prejudicar Paulo; ele tinha pecado
contra Paulo. A pessoa mencionada aqui era um cristão. Ele não era uma pessoa do mundo. No
futuro, os cristãos serão recompensados diante de Deus segundo as suas obras.

A recompensa é o Reino

         Muitas pessoas sabem que existe uma diferença entre salvação e recompensa. Contudo,
existe um bom número de pessoas que não vê o que é recompensa. Quando o Senhor Jesus diz no
evangelho de João que Ele dá a vida eterna para as Suas ovelhas, Ele está falando a realidade e
não algumas palavras vazias (João 10:28). Romanos 6 diz que o dom de Deus é a vida eterna em
Cristo Jesus nosso Senhor (v. 23). Está tão claro que o dom de Deus é a vida eterna. Então, que é a
recompensa? A Bíblia mostra-nos claramente que a recompensa é a coroa, o trono, e o reino dos
céus. O reino dos céus é a recompensa. Na Bíblia, existem três aspectos para o reino dos céus.

a} No primeiro aspecto, o reino dos céus é a manifestação da autoridade de Deus hoje; é a
manifestação da soberania de Deus. A Bíblia chama isso de reino dos céus.

b) O segundo aspecto é a autoridade dos céus controlando e limitando o homem. Isso também é
chamado de reino dos céus.

c) Entretanto, há um terceiro aspecto do reino dos céus, que se refere à recompensa.

        o sermão do monte, em Mateus 5 a 7, fala do reino dos céus. Estes ensinamentos do
Senhor dizemo-nos como o homem pode entrar no reino dos céus. Mateus 5 a 7 repetidamente fala
sobre a questão da recompensa. Percebemos muito claramente que as palavras "o reino dos céus"
e a palavra "recompensa" são encontradas juntas muitas vezes. Nas Bem aventuranças lemos:

 "Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados os
que choram, porque serão consolados; Bem aventurados os mansos, porque herdarão a terra; Bem
aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos; Bem aventurados os limpos de
coração, porque verão a Deus; e também, bem aventurados os que são perseguidos por causa da
justiça, porque deles é o reino dos céus",

       o reino dos céus é mencionado duas vezes nessas poucas bem aventuranças. No final o
Senhor diz:




7
"Bem aventurados sais quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo,
disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus
(...)"(Mt5: 11, 12).

         Aqui devemos admitir que a recompensa é o reino dos céus. O Senhor começa dizendo que
este tipo e aquele tipo de pessoa é bem aventurada porque o reino dos céus é deles. No final Ele diz
que essas pessoas são bem aventuradas, porque a recompensa delas é grande nos céus. Essas
sentenças mostram-nos que o reino dos céus é a recompensa de Deus. Não há diferença entre os
dois.
-          No sermão do monte, o Senhor mencionou a questão da recompensa muitas vezes, pois
esta porção diz respeito ao reino. Mateus 5:46 diz:

"Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes?" Mateus 6: 12 diz: "Guardai-vos de
exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não
tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante
de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens.
Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa."

         o versículo 5 diz: "E, quando orardes, não sereis como os hipócritas (o..) eles já receberam a
recompensa." O versículo 16 diz: "Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os
hipócritas (...) eles já receberam a recompensa." O versículo 4 diz: "Para que a tua esmola fique em
secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará" O versículo 6 diz:

"Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta orarás a teu Pai que está em
secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará"

        A parte final do versículo 18 diz: "E teu Pai, que vê em secreto, te recompensará" Todo leitor
da Bíblia concorda que o assunto principal do sermão no monte em Mateus 5 a 7 é o reino dos céus.
Mas aqui, a questão da recompensa é também mencionada repetidamente, porque o reino dos céus
é a recompensa.

Mateus 16:2728 diz: "Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e
então retribuirá a cada um conforme as suas obras."

        Deus recompensará ou disciplinará uma pessoa salva de acordo com as suas obras.

"Em verdade vos digo que alguns aqui se encontram que de maneira nenhuma passarão pela morte
até que vejam vir o Filho do homem no seu reino."

          Há três fatos aqui. Primeiro, o homem será recompensado de acordo com suas obras. A
questão da recompensa é inteiramente baseada nas obras. Segundo, em que momento a
recompensa será distribuída? Ela será distribuída quando Cristo vier na glória de Seu Pai com Seus
anjos. Quando Cristo vier na glória de Seu Pai com Seus anjos, aquele será o tempo em que Ele
estabelecerá Seu reino sobre a terra. Portanto, sqmente quando o reino iniciar é que a recompensa
iniciará.
          Os versículos em Mateus 6, que acabamos de ler acerca da recompensa por dar, por orar, e
por jejuar, todos envolvem recompensa. Alguns pensam que a recompensa por orar é a
8
resposta de Deus à nossa oração. Entretanto, esse não é todo o significado. O Senhor Jesus disse
que devemos orar ao Pai que está em secreto, e nosso Pai que vê em secreto nos recompensará E
possível interpretar isso como o Pai respondendo nossa oração. I Contudo, tanto na primeira parte
quando o Senhor menciona o dar! esmolas, quanto na segunda parte quando Ele menciona o jejum,
i Ele disse: "E teu Pai que vê em secreto te recompensará" Essa recompensa deve referir-se a algo
no futuro. Além disso, o Senhor disse que devemos orar ao Pai que vê em secreto. Não diz que o
Pai ouve em secreto, mas Ele vê em secreto. Quando Deus distribuir a recompensa no futuro, Ele
dará de acordo com o que Ele vê. Deus vê com Seus olhos. Portanto, a recompensa é no futuro.
Apocalipse 11: 15 diz:

"O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se
tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos." O versículo 18 diz:
..
Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para
serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos
que temem o teu nome, assim aos pequenos como aos grandes (...)."

         Esse versículo mostra-nos claramente que quando o Senhor tornar-se o Rei e o reino do
mundo tornar-se o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo, aquele será o tempo para se dar a
recompensa aos santos, aos pequenos e aos grandes. Em outras palavras, o tempo do reino é o
tempo da recompensa. Quando o reino vier, a recompensa virá também. .
         Há um ponto adicional. A recompensa é a obtenção da coroa e a obtenção do trono. Certa
vez um missionário disse-me: "Se não posso ter a coroa, pelo menos posso ter o reino." Você pode
perguntar à rainha da Inglaterra se ela perder sua coroa, ainda terá o reino? Que é uma coroa? Não
é simplesmente um chapéu esculpido em ouro e enfeitado com diamantes. Esse tipo de coroa pode
ser obtido com um pouco de dinheiro. Que é uma coroa? Uma coroa representa uma posição no
reino. Ela também representa glória no reino. Se uma coroa for apenas um objeto, ela não significa
muito. Se alguém tiver dinheiro, pode fazer uma de ouro. Se não tiver dinheiro, pode fazer uma de
bronze ou de ferro. Mesmo alguém muito pobre. pode ainda confeccionar uma coroa de pano. No
futuro, não será uma questão de uma coroa ser maior que a outra em tamanho, ou de uma ter mais
diamantes que a outra. Uma coroa representa algo. Quando alguém perde a coroa, ele perde aquilo
que a coroa representa. Temos que ver que a coroa é o símbolo do reino.
Que é o trono? A Bíblia mostra-nos que os doze apóstolos sentar -se-ão em doze tronos. A coroa é
uma recompensa para os vencedores, e o trono também é uma recompensa para os vencedores.
Portanto, o trono também é um símbolo do reino. Ele representa uma posição no reino, autoridade
no reino, e a glória no reino. Não existe algo como perder a coroa, mas ainda ter o reino.
Semelhantemente, ninguém pode perder o trono e ainda ter o reino. Se alguém perder o trono,
também perderá o reino. Assim também, se alguém perder a coroa, perderá o reino. O trono e a
coroa em si mesmos não são significativos; eles existem apenas para representar o reino. Em outras
palavras, a recompensa é o reino. A


Bíblia mostra-nos claramente que a recompensa é simplesmente o reino.

Qualificações para Entrar no Reino


9
Deixamos claro que o reino é o tempo 1 em que Deus recompensará os cristãos conforme
        as suas obras. No reino, os crentes fiéis serão recompensados, e os infiéis serão punidos. Muitas
        pessoas pensam que se um cristão for infiel, mesmo que possa ter de ocupar uma posição inferior,
        ele, contudo, o fará dentro do reino. Muitos que não compreendem a Palavra de Deus e a obra de
        Deus, pensam que Ihes está garantida uma entrada no reh10 dos céus. Eles pensam que, quando o
        Senhor Jesus vier para reinar, haverá simplesmente uma distinção entre as mais altas e as mais
        baixas posições no reino; que ninguém perderá totalmente o reino dos céus. Entretanto, no reino dos
        céus, haverá não somente distinção entre as posições mais altas e mais baixas, como também
        distinção entre ser permitido entrar e ser deixado de fora. A Bíblia mostra.;.nos que há uma nítida
        diferença entre dez cidades e cinco cidades, entre uma coroa grande e urna pequena, e entre uma
        glória maior e uma menor. Como uma estrela difere de outra, assim também são diferentes as
        posições no reino. Não somente há diferença entre as mais baixas e as mais altas posições no
        reino; há também a distinção de estar apto ou não para entrar.

        1) Fazer a vontade do Pai

                A Bíblia revela-nos uma verdade muito séria. Apesar de uma pessoa ter a vida eterna, ela
        ainda pode ser rejeitada no reino dos céus. Um versículo que fala disso é Mateus 7:21:

        "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade
        de meu Pai que está nos céus."

                Nesse versículo, todas as pessoas referem-se ao Senhor como "Senhor". O Senhor fará
        uma distinção entre os discípulos que podem entrar no reino dos céus e os que não podem. O
        Senhor mostra-nos claramente, aqui, que a condição para entrar no reino dos céus é fazer a vontade
        de Deus. Embora alguns tenham sido salvos e tenham o chamado do Senhor, e embora tenham
        realizado alqumas obras, todavia, sem fazer a vontade de Deus, não podem entrar no reino dos
        céus. Se alguém não for fiel enquanto viver na terra, embora não vá perder a vida eterna perderá o
        reino dos céus. Quando chegar o tempo de os céus reinarem, isto é, quando o Senhor Jesus vier
        pela segunda vez, alguns não estarão aptos a entrar no reino, mas virão a perdê-Io.
                Primeiramente o Senhor mencionou esse assunto no versículo 21. A seguir, nos versículos
        22 e 23, Ele explicou-nos a questão em forma de profecia. Haverá muitos, não somente um ou dois,
        que não farão a vontade de Deus.

--- I
        "Muitos, naquele dia hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em
        teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
        Então Ihes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
        iniqüidade. "

                Aqui o Senhor Jesus nos diz o que ocorrerá diante do trono de julgamento. Ele diz: "Naquele
        dia". Portanto, isso não se refere a hoje, mas ao futuro. Há muitos que labutam, mas não vêem a luz
        de Deus em suas vidas. Quando o tempo do trono do julgamento vier, e quando Cristo começar a
        julgar a partir da casa de Deus,' esses cristãos terão luz pela primeira vez. Eles verão que estão
        errados na sua posição e no seu viver.



        10
Naquele dia muitos dirão perante o Senhor:

"Não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome
não fizemos muitos milagres?"

         Dentro de uma só frase, a expressão "em teu nome" é mencionada três vezes. Isso prova
que estas pessoas são do Senhor. O fato de dizerem: "Senhor, Senhor", prova que a posição delas
é a de um cristão. Elas não somente dizem que profetizam, expelem demônios e fazem milagres;
elas fazem isso no nome do Senhor. A menção de "em teu nome" por três vezes, mostra-nos o
relacionamento delas com o Senhor.
         Surpreendentemente, o Senhor Ihes diz: " Então Ihes direi explicitamente: Nunca vos
conhecL" Muitos acham que tais pessoas certamente não são salvas. Mas se elas não fossem
salvas, então a palavra do Senhor aqui não teria significado. Mateus 7 é a conclusão do sermão no
monte, dando seqüência à palavra do Senhor acerca das bem aventuranças. Essas palavras no
monte foram ditas pelo Senhor Jesus aos discípulos. Após o Senhor ter subido na montanha, Seus
discípulos seguiram-No, e a partir do capitulo 5 até o capitulo 7, Ele abriu a boca e passou a ensiná-
Ios.
         O Senhor Jesus disse que eles não deveriam chamá-Lo de Senhor apenas com a boca. Se
eles O chamavam de Senhor, deveriam fazer a vontade do Pai. Mesmo que tivessem as obras
exteriores de profetizar, expelir demônios e fazer milagres, essas obras não deveriam substituir a
vQntade do Pai. Fazer a vontade do Pai é uma coisa, enquanto profetizar, expelir demônios e fazer
milagres são coisas totalmente diferentes. Algumas vezes, pode-se profetizar, expelir demônios e
fazer milagres sem fazer a vontade do Pai. Devemos lembrar-nos não somente de chamá-Lo de
Senhor com nossa boca,. mas também de fazer a vontade do Pai em nosso andar. Se o Senhor
estivesse falando acerca de pessoas não salvas, essa palavra perderia totalmente o significado, pois
se essas pessoas fossem não salvas, não importaria muito para os discípulos ouvirem ou não a Sua
palavra.

         o Senhor Jesus, aqui, deve estar advertindo os salvos, falando sobre salvos. Ele não pode
estar advertindo os salvos, falando sobre não salvos. Suponha que uma pessoa tenha uma criada e
duas filhas, e suponha que essa pessoa dissesse para a filha mais jovem: "Você está vendo essa
criada? Ela não nasceu de mim; estou despedindo ela. Você deve ser obediente hoje. Se não for
obediente, farei com você assim como estou fazendo com ela." Essa palavra é coerente? Uma
criada não nasceu na família. Se ela for desobediente, pode ser demitida. Mas a filha da família não
é uma criada. Não se pode aplicar a uma filha a maneira de tratar uma criada. A mãe deveria dizer:
"Na noite anterior castiguei sua irmã, pois ela foi desobediente. Agora, se cuide. Se você não for
obediente, vou castigá-Ia da mesma forma." A mãe deve tomar a irmã como um exemplo. Uma
criada não pode ser usada para comparação. Não existe motivo para o Senhor usar os não salvos
como exemplo para mostrar aos discípulos que eles precisam fazer a vontade de Deus. Se Ele
fizesse isso, os discípulos poderiam levantar-se e dizer: "Eles são os não salvos, mas nós somos os
salvos." Se dissessem isso, ninguém poderia dizer mais nada.
         O que o Senhor Jesus está dizendo é isto: "Muitas pessoas são filhos de Deus. Elas são
salvas e são como você é. Elas chamam-Me de . Senhor' e têm realizado muitas obras. Mas, apesar
disso, elas estão excluídas do reino. Por essa razão você deve ser cuidadoso. Você deve fazer a
vontade de Deus." Somente dessa maneira os discípulos saberão que, embora realizem muitas
obras, se não fizerem a vontade de Deus, receberão a mesma punição. O Senhor estava advertindo-

11
nos de que somente que fazem a vontade de Deus podem entrar no reino. Se alguém confiar em
sua própria obra para se achegar diante de Deus, o Senhor Jesus lhe dirá: "Não conheço você."
          Permitam que eu Ihes dê outro exemplo. Suponham que o filho de um juiz dirija
descuidadamente e bata em outro carro. Ele é levado pela policia até a corte para uma audiência. O
juiz pergunta: "Jovem, qual é o seu nome? Quantos anos tem? Onde você mora?" Abatido, no
tribunal, o filho pode pensar: 'Você deve saber todas essas coisas melhor do que eu." Ele pode
responder às poucas perguntas iniciais. Mas depois de algum tempo pode gritar ao pai: "Pai, você
não me conhece?" Então, que deveria o juiz fazer? Ele poderia bater seu martelo e dizer: "Eu não o
conheço. Em minha casa, eu o conheço. Mas, na corte, nunca o conheci. " Se alguém vir a questão
do reino, perceberá que no reino a questão não é se uma pessoa é salva ou não nem se é um filho
de Deus ou não; o que realmente conta é a sua obra depois de tornar-se um crente.
Por que o Senhor disse: "Nunca vos conheci',? A próxima sentença explica: "Apartai-vos de mim, os
que praticais a iniqüidade." Por favor, lembrem-se de que o Senhor não Ihes disse para apartarem-
se da vida eterna. No original grego o significado de "os que praticais a iniqüidade" é de pessoas
que não seguem regras, não guardam a lei, ou não aceitam regulamentos. Aos olhos de Deus, fazer
o mal não significa apenas fazer coisas más. Não importa quanto uma pessoa tenha feito; uma vez
que ela não tenha prestado atenção à exigência de Deus, ao Seu julgamento, e ao Seu arranjo
soberano, isso é maligno aos olhos de Deus. O problema aqui não é de se fazer o mal, mas de não
ter princípios. Que são os princípios? Os princípios são a palavra de Deus. Mas que é a palavra de
Deus? A palavra de Deus é a vontade de Deus. Se você não estiver fazendo a vontade de Deus,
não importa o que faça, o Senhor Jesus dirá que você é iníquo. Os que fazem as coisas segundo
seu próprio ego não terão parte no reino dos céus.
         Meu propósito ao dizer essas coisas é mostrar-Ihes a importância das obras de um cristão.
A Bíblia mostra-nos claramente que uma pessoa, após crer no Senhor, embora nunca vá perder a
vida eterna, ela pode perder seu lugar e glória no reino. Se não fizermos a vontade de Deus, mas,
em vez disso, fizermos obras de acordo com nossa própria vontade, seremos excluídos do reino.
Nada pode substituir a vontade de Deus. Todos os que nunca aprenderam a não trabalhar para
Deus, não são dignos de trabalhar para Ele. Aqueles que não sabem como parar a sua própria obra,
certamente nada sabem sobre a vontade de Deus. Somente aqueles que conhecem a vontade de
Deus conseguem parar de trabalhar. Deus quer que primeiro obedeçamos à Sua vontade e, depois,
que trabalhemos. Existe uma grande diferença entre trabalhar e fazer a vontade de Deus.

2) Esmurrar o corpo para agradar ao Senhor

        Outra passagem que alguns interpretam mal, como se referisse à perdição, na verdade,
refere-se também à perda do reino e à perda da recompensa. A Primeira Epístola aos Corintios
9:2327 diz:

"Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar
cooperador com ele. Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas
um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles
para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem
meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à !
escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.1t
I



12
Paulo temia que, tendo pregado a outros, ele mesmo fosse reprovado. Aqui, Paulo estava
dizendo que ele também poderia ser reprovado. Qual é, aqui, o significado de ser reprovado? E em
que se está sendo reprovado?
         No versículo 24, Paulo se compara a alguém que está participando de uma corrida, na qual
somente um levará o prêmio. Portanto, o problema aqui não é uma questão de salvação, mas de
receber o prêmio. Paulo está falando sobre como uma pessoa salva pode receber o prêmio; ele não
está falando de como alguém não salvo pode ser salvo. Somente os filhos de Deus podem participar
da corrida e perseguir o prêmio que Ele deseja que ganhemos. Se alguém não é filho de Deus, não
está sequer qualificado para entrar na corrida. Em nenhum lugar na Bíblia é dito que a salvação é
ganha por corrermos a carreira. A Bíblia nunca diz que se alguém for capaz de correr, então será
salvo. Se assim fosse, poucos seriam salvos, e a salvação dependeria de obras. A Bíblia diz que o
prêmio vem pelo correr; Deus colocou-nos em uma pista de corrida de modo a corrermos a carreira.
         Qual é o prêmio? O versículo 25 diz: "Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar
uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível." Aqui é dito que o prêmio é uma coroa. Já
mencionamos antes que a coroa representa a glória e o reino. Portanto, a palavra "desqualificado"
não se refere à perda da salvação. A palavra "desqualificado", no versículo 27, significa fracassar
em receber a coroa e o prêmio. Se Paulo podia ser desqualificado, então todos nós temos
possibilidade de o ser. Se Paulo podia perder seu prêmio e sua coroa, então cada um de nós
também tem a possibilidade de perder o prêmio e a coroa.

O versículo 26 indica o motivo de ser desqualificado:

"Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar."

        Paulo tinha um propósito e uma direção. Ele não desferia golpes no ar. O seu alvo e direção
era aquilo que ele disse em 2 Corintios 5: que ele anelava ser agradável ao Senhor (v. 9). Quer
vivesse ou morresse nesta terra, o seu desejo era agradar ao Senhor. Como ele correu a carreira?
Ele não a correu desleixadamente. Ele tinha uma direção certa e um alvo definido. Ele não desferia
golpes no ar. Ele não fazia simplesmente o que outros diziam que fizesse. Tampouco fazia algo
apenas porque a necessidade estava presente. Nós não somos para a obra, mas para agradar ao
Senhor.
        Se quisermos receber o prêmio, que devemos fazer? "Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo
à escravidão" (v. 27). Muitos estimam seu próprio corpo acima do prêmio. Entretanto, Paulo disse
que dominava seu corpo; ele era capaz de controlá-Io. Paulo podia controlar a concupiscência de
seu corpo, as exigências excessivas de seu corpo, e os desejos de seu corpo. Ele não permitia que
seu corpo prevalecesse. Ele disse que esmurrava seu corpo e fazia dele seu escravo. Se um cristão
pode ou não agradar ao Senhor, depende se ele pode ou não controlar seu corpo. Devemos ver que
todos os que não podem controlar seu próprio corpo perderão seu prêmio e sua coroa. Embora
possam pregar o evangelho a outros, eles mesmos serão desqualificados.
        Nós, cristãos, somos salvos de uma vez por todas e jamais perderemos nossa salvação.
Mas quando o Senhor Jesus voltar na Sua glória para governar a terra, Ele não dará coroas para
todos. Alguns não estarão aptos para entrar no reino e não estarão aptos para receber uma coroa.

           A palavra do Senhor é muito clara acerca da salvação e da I vida eterna: ambas são
totalmente provenientes da graça. Além do I mais, se alguém pode ou não entrar no reino dos céus,
depende de I suas obras. Acabamos de ver que temos de fazer a vontade de Deus. Aqui vemos que

13
é necessário esmurrar nosso próprio corpo. Podemos realizar muitas obras exteriormente, mas
enquanto não restringirmos nosso corpo, não nos será permitido entrar no reino.
       Na Bíblia parece haver um número fixo de coroas. Apocalipse 3:11 diz:     .

"Venho logo. Segura com firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa" (BJ).

        Alguns que não compreendem a Bíblia, não sabem qual a diferença entre uma recompensa
e um dom. Tampouco sabem a diferença entre a coroa e a salvação de Deus. Eles acham que a
salvação pode ser tirada deles. A palavra "tome", aqui, não se refere à salvação, mas à coroa.
Alguém pode estar salvo e, no entanto, perder a coroa. Se você for frouxo, e não segurar com
firmeza, perderá sua coroa. Alguma outra pessoa poderá tirá-Ia de você.
Apocalipse 2: 1 O tem uma palavra semelhante a essa:

" Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida."

         Aqui não diz dar a vida, mas dar a coroa da vida. A vida é obtida pela fé; ela não é obtida
pela fidelidade. Se uma pessoa não tiver fé, ela não poderá ter vida. Mas se uma pessoa for infiel
depois de ter vida, ela perderá a coroa da vida. Portanto, se um cristão não tiver boas obras após
ser salvo, embora não vá perder a vida, ele, contudo, perderá a coroa.

3) Edificar com ouro, prata e pedras preciosas

        A passagem mais clara na Bíblia acerca da recompensa é 1 Corintios 3 1415:

"Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a
obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo".

        Isso nos mostra claramente o que um cristão não pode perder e o que ele pode perder.
Uma vez que uma pessoa seja salva, certamente está salva para sempre. Contudo, se tal pessoa
receberá ou não um galardão, não pode ser decidido hoje. A salvação eterna de um cristão já está
determinada. Mas a recompensa futura é uma questão ainda pendente. Ela é decidida pela maneira
como alguém edifica sobre o fundamento do Senhor' Jesus. A nossa salvação independe de como
edificamos. Ela depende apenas de como o Senhor edifica. Se a Sua obra é perfeita, certamente
estamos salvos. Entretanto, se receberemos ou não a recompensa, ou se sofreremos perda,
depende da nossa própria obra de edificação. Se alguém edifica com ouro, prata e pedras preciosas,
coisas com valor eterno, sobre o fundamento do Senhor Jesus, este certamente receberá um
galardão. Contudo, se ele edifica com madeira, feno e palha, não receberá um galardão diante de
Deus. Ele pode ter muito diante do homem, contudo não terá muito diante de Deus. Isso nos mostra
que é possível que um homem perca seu galardão e tenha sua obra queimada.
        Permitam-me repetir isto: Graças a Deus que a questão da nossa salvação eterna foi
decidida há mais de mil e novecentos anos. Quando o Filho de Deus foi levado à cruz, a nossa
salvação foi decidida. Mas, se vamos receber ou não a recompensa, depende de como nos
conduzimos. A verdade do evangelho é muito equilibrada. A salvação depende totalmente do
Senhor Jesus. A concessão da salvação depende totalmente do Senhor Jesus. Entretanto, se
alguém pode obter sua recompensa ou não, depende da sua própria obra de edificação. O homem
deve crer e também trabalhar. Esse trabalho não é propriamente dele, mas é aquilo que o Espírito

14
Santo tem trabalhado nele. Aqui vemos que é possível perder nosso galardão. E igualmente possível
sermos reprovados para o reino e privados da nossa coroa.

Participando da glória de Cristo

         Gostaria de saber se vocês alguma vez pensaram no tipo de glória com que Deus
recompensará Cristo no milênio, por aquilo que Ele sofreu há dois mil anos. Uma recompensa deve
equiparar-se ao sofrimento. Se um homem for rebaixado à mais inferior posição, sua recompensa
deverá ser a maior. Suponha que sua casa pegue fogo ou que você se encontre em sério perigo, e
um empregado seu se arrisque e quase perde a vida tentando salvá-Io. Como você o
recompensaria? Você diria: "Eu o recompenso com vinte centavos"? Ninguém faria isso. A
recompensa tem de equiparar-se ao sofrimento. Cristo glorificou a Deus de tal maneira e sofreu tal
morte na cruz. Como Deus recompensará Cristo no futuro? E como Ele glorificará Cristo?
         O reino será o tempo no qual Cristo e os cristãos receberão a glória juntos. O reino é o
tempo no qual Deus recompensará Cristo. Naquele tempo, nós também teremos uma porção. Se
vamos ser achados dignos de receber a glória do Senhor, dependerá totalmente do resultado do
nosso andar e trabalho pessoais. Não existe a questão de mérito no novo céu e nova terra. Mas no
reino, somente os que tiverem mérito receberão a glória. O Senhor sofreu perseguição, dificuldades
e humilhação. Se hoje sofrermos perseguição, dificuldades e humilhação, da mesma forma, nós
partilharemos uma porção com Ele no reino vindouro.

AS PARÁBOLAS DE MA TEUS 24

        As parábolas do Senhor Jesus registradas em Mateus 24 elucidam mais alguns pontos
sobre a recompensa para os cristãos

vencedores. A promessa da recompensa bem como a certeza da disciplina devem encorajar-nos a
viver uma vida piedosa, aguardando e apressando a vinda do Senhor (2 Pe 3: 11, 12a).

"Assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem" (Mt 24:37).

        A situação das pessoas no tempo da volta do Senhor será como nos dias de Noé, quando
"comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento" (v. 38). Comer, beber e casar são
necessidades legítimas do ser humano e foram originalmente estabeleci das por Deus para a
existência do homem. Por que, então, teriam sido aqui mencionadas como característica negativa da
época da volta do Senhor? Houve algum tempo em que as pessoas não comiam, não bebiam nem
se casavam? O problema está em que, devido à concupiscência do homem, Satanás usa essas
necessidades legítimas da vida humana para ocupar o homem e distraí-Io dos interesses de Deus.
Não há problema algum em comer ou beber, mas quando isso é transformado em concupiscência,
em gula ou embriaguez, quando o homem dá mais importância ao prazer do que à saciedade de sua
necessidade física, isso é pecado. Em relação ao casamento, ao relacionamento entre homem e
mulher, o quadro é muitíssimo pior. O mundo hoje aceita como normal divórcio, adultério, fomicação
e homossexualismo. O casamento, que simboliza a relação de amor entre Cristo e a igreja, tem sido
maculado e envergonhado por causa do pecado do homem. Portanto, esse tempo de prazer


15
desenfreado, que desvirtuou tudo o que Deus fez, banalizando e tornando comum o pecado, é um
real sinal de que a vinda do Senhor se aproxima.
         Os cristãos genuínos, que amam o Senhor e Sua Palavra, conhecem o padrão que Ele
estabeleceu em relação a esses assuntos; por isso, com certeza, sentem-se profundamente
incomodados e revoltados com todo esse quadro. No entanto, a situação moral da humanidade irá
piorar até atingir o seu clímax à época que antecede a vinda do Senhor. A sociedade humana está
entorpecida pelos prazeres carnais e mundanos e o inimigo de Deus, Satanás, se utiliza das
necessidades da vida para envenenar os homens criados por Deus e inutilizá-Ios para o propósito
para que foram criados. As pessoas que se envolvem com o pecado ficam com a consciência
cauterizada e com o coração endurecido para o Senhor. É comum encontrarmos pessoas que não
aceitam o evangelho por saber que terão de abandonar sua vida caída e mundana, e muitos
preferem permanecer na prática do mal do que reconciliar-se com Deus. Comer, beber e casar
foram determinados por Deus para o homem, a fim de manter sua existência, porém foram
usurpados por Satanás e tomaram-se uma armadilha para o homem, mantendo-o afastado de Deus.
          Apesar de o Senhor estar-se referindo à situação do mundo, isso serve também de alerta
para os cristãos. Muitos bons cristãos têm sofrido dano em seu serviço a Deus por causa de sua
ansiedade com a subsistência e por problemas de pecados morais. Precisamos comer e beber, mas
não podemos viver ansiosos por causa disso. Como cristãos, como filhos do Pai Celestial, devemos
confiar em Seu cuidado por nós e por Sua provisão (Mt 6:2534). Em relação ao casamento,
precisamos mantê-Io em honra e em dignidade (Hb 114), fugindo de quaisquer situações ou
pessoas que possam levar-nos ao pecado (2 Tm 2:22; Gn 39:712). Com isso, estaremos preparados
para a vinda do Senhor.

Um Serã Tomado e Deixado o Outro

"Então dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num
moinho, uma será tomada, e deixada a outra" (Mt 24:40, 41).

         Enquanto as pessoas do mundo estiverem entorpeci das pelas coisas materiais e pelo
pecado, sem nenhuma percepção do juízo vindouro, alguns cristãos sóbrios e vigilantes serão
tomados. Os dois homens nesses versículos são cristãos e as duas mulheres são cristãs. Isso é
confirmado no versículo 42, em que lemos: "Vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso
Senhor". O Senhor não exortaria pessoas não salvas a vigiarem, tampouco é Senhor dos não
salvos.
         Ser tomado significa ser arrebatado. Isso deve ocorrer pouco antes da rande tribulação (Ap
3: 10). Esse é um sinal da vinda do Senhor. E interessante observar que os dois homens estarão no
campo e as duas mulheres estarão trabalhando num moinho. Ou seja, eles estarão envolvidos com
seu trabalho cotidiano, secular. Muitos imaginam ser arrebatados em meio a uma reunião cristã
gloriosa, cheia de louvores, ou em ir para um alto monte a fim de receber o Senhor de mãos
erguidas. No entanto, o Senhor Jesus disse claramente que isso ocorreria quando estivéssemos em
nossas atividades comuns e diárias. As pessoas do mundo estudam ou trabalham apenas para
comer, beber' e casar-se de maneira pecaminosa; elas são usurpadas pelos prazeres carnais e
mundanos. Nós, os cristãos, também estudamos e trabalhamos para manutenção da nossa
existência, mas essas coisas não são o objetivo de nossa vida; nosso alvo ao trabalhar e ao realizar
todas as tarefas comuns da vida humana é simplesmente expressar a Deus onde estivermos, pois
vivemos para cumprir Seu eterno propósito.


16
Alguns têm a idéia de que um cristão não precisa estudar ou trabalhar e, sim, ler a Bíblia e
orar o dia todo. Mas o Senhor Jesus mostra-nos claramente que o arrebatamento ocorrerá quando
os cristãos estiverem fazendo seu trabalho normal. Devemos ser fiéis em nossos deveres diários,
precisamos ter uma vida equilibrada entre nossas obrigações seculares e familiares e nossa vida
espiritual. Não podemos permitir que nossas atividades cotidianas nos desviem de buscar o
crescimento de vida espiritual, tampouco podemos ser irresponsáveis com nossas obrigações
seculares alegando sermos muito "espirituais". Quanto mais espiritual um cristão é, mais equilibrado,
sóbrio e prático ele é. Por que apenas um foi tomado e o outro deixado? Não são ambos salvos,
cristãos genuínos? Sem dúvida, são; contudo eles são diferentes em sua maturidade espiritual. Para
sermos arrebatados, precisamos estar maduros espiritualmente. Isso não ocorre de um momento
para o outro, mas é um processo longo e lento, que durará toda a vida cristã. Todos os dias temos
oportunidade de amadurecer um pouco. Cada vez que tomarmos a cruz, cada vez que negarmos a
nós mesmos, cada vez que abdicarmos de nossas opiniões ou vontades para fazer a vontade do
Senhor, vivendo em constante união com Ele e alimentados por Sua Palavra, daremos passos
seguros em direção à maturidade. Infelizmente, muitos cristãos não estarão maduros à época do
arrebatamento, o qual servirá como um sinal e um alerta para os que forem deixados.

Vigiar e Estar Apercebidos

"Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor' (Mt 24:42).

        o Senhor virá secretamente, como um ladrão. Um ladrão, ao entrar em urna casa, procura
apenas coisas de valor para roubar,
não se interessando por quinquilharias ou imitações. O Senhor Jesus comparou Sua vinda à de um
ladrão para demonstrar que virá roubar os que Lhe são preciosos, os cristãos que têm valor com o
Seu testemunho e Sua vida nesta terra. Se ao longo de nossa vida cristã buscarmos crescimento e
maturidade de vida, permitindo que o Espírito Santo nos transforme, seremos cOmO pedras
preciosas que o Senhor, na Sua vinda, levará secretamente. Essa é a vinda secreta do Senhor para
os servos vigilantes, os vencedores.

A Parábola do Servo Fiel e Prudente

         Na parábola do servo fiel e prudente encontraremos a ênfase de servir a Deus por meio de
servir a Seus filhos. Quanto mais crescidos, quanto mais experimentarmos a maturidade espiritual,
espontaneamente desejaremos servir aos irmãos. O crescimento na vida espiritual nos levará a
servir os irmãos; ao servi-Ias, sentiremos mais e mais necessidade de sermos maduros e
buscaremos mais crescimento. Isso se toma um ciclo de vida, que nos fará vencedores.
         Na parábola, o Senhor Jesus pergunta: "Quem é, pois, o servo fiel e prudente a quem o
senhor confiou os seus conservos para dar-Ihes o sustento a seu tempo?" (v. 45).
         A fidelidade está relacionada ao Senhor. Desde que fomos salvos, o Senhor espera que Lhe
sejamos fiéis, não apenas tomando-O como único Senhor e Deus, mas também fazendo toda a Sua
vontade. Por outro lado, prudência refere-se ao nosso relacionamento com as pessoas. Como
cristãos, não podemos viver de qualquer maneira, agindo precipitadamente ou sem medir as
conseqüências de nossos atos. Por vivermos pela vida de Deus,



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cristão é, mais equilibrado, sóbrio e prático. ele é. Por que apenas um foi tomado e o outro deixado?
Não são ambos salvos, cristãos genuínos? Sem dúvida, são; contudo eles são diferentes em sua
maturidade espiritual. Para sermos arrebatados, precisamos estar maduros espiritualmente. Isso não
ocorre de um momento para o outro, mas é um processo longo e lento, que durará toda a vida cristã.
Todos os dias temos oportunidade de amadurecer um pouco. Cada vez que tomarmos a cruz, cada
vez que negarmos a nós mesmos, cada vez que abdicarmos de nossas opiniões ou vontades para
fazer a vontade do Senhor, vivendo em constante união com Ele e alimentados por Sua Palavra,
daremos passos seguros em direção à maturidade. Infelizmente, muitos cristãos não. estarão
maduros à época do arrebatamento, o qual servirá como um sinal e um alerta para os que forem
deixados.

Vigiar e Estar Apercebidos

"Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor" (Mt 24:42).

        o Senhor virá secretamente, como um ladrão. Um ladrão, ao entrar em uma casa, procura
apenas coisas de valor para roubar, não se interessando por quinquilharias ou imitações. O Senhor
Jesus comparou Sua vinda à de um ladrão para demonstrar que virá roubar os que Lhe são
preciosos, os cristãos que têm valor com o Seu testemunho e Sua vida nesta terra. Se ao longo de
nossa vida cristã buscarmos crescimento e maturidade de vida, permitindo que o Espírito Santo nos
transforme, seremos como pedras preciosas que o Senhor, na Sua vinda, levará secretamente. Essa
é a vinda secreta do Senhor para os servos vigilantes, os vencedores.

A Parábola do Servo Fiel e Prudente

         Na parábola do servo fiel e prudente encontraremos a ênfase de servir a Deus por meio de
servir a Seus filhos. Quanto mais crescidos, quanto mais experimentarmos a maturidade espiritual,
espontaneamente desejaremos servir aos irmãos. O crescimento na vida espiritual nos levará a
servir os irmãos; ao servi-Ias, sentiremos mais e mais necessidade de sermos maduros e
buscaremos mais crescimento. Isso se toma um ciclo de vida, que nos fará vencedores.
         Na parábola, o Senhor Jesus pergunta: "Quem é, pois, o servo fiel e prudente a quem o
senhor confiou os seus conservos para dar-Ihes o sustento a seu tempo?" (v. 45).
         A fidelidade está relacionada ao Senhor. Desde que fomos salvos, o Senhor espera que lhe
sejamos fiéis, não apenas tomando-O como único Senhor e Deus, mas também fazendo toda a Sua
vontade. Por outro lado, prudência refere-se ao nosso relacionamento com as pessoas. Como
cristãos, não podemos viver de qualquer maneira, agindo precipitadamente ou sem medir as
conseqüências de nossos atos. Por vivermos pela vida de Deus, o problema desse servo não é
desconhecer que o Senhor virá, mas é não esperá-Lo. Ele não vive como alguém preparado para a
volta do Senhor, especialmente no que se refere ao seu relacionamento com outros cristãos e com
as pessoas do mundo. Portanto, quando o Senhor voltar, esse cristão será colocado com os
hipócritas. Isso não significa que ele irá para a perdição eterna, para o lago de fogo, pois, uma vez
salvo, é salvo para sempre, mas será cortado da glória vindoura do Senhor. Isso equivale a ser
excluído da recompensa do reino. O Senhor se refere a isso como ser lançado nas trevas exteriores,
onde haverá choro e ranger de dentes por mil anos. Ali ele lamentará por não ter sido fiei e prudente
enquanto viveu na terra.


18
Esperando e Apresando

         Essas parábolas apresentam a disciplina que sofrerão os cristãos que não estiverem
maduros à época da volta do Senhor. Mesmo não perdendo a salvação, os que não tiverem sido
vigilantes, não tiverem buscado a maturidade espiritual e não se tiverem importado em cuidar de
seus conservos sofrerão certo tipo de prejuízo. O fato de a salvação ser eterna não significa que
podemos viver de qualquer maneira, como quem- não tem de acertar contas com o Senhor. Se
considerarmos com seriedade o que nos é apresentado nessas parábolas, veremos que haverá
grande dano para quem não viver de acordo com a vontade do Senhor. Esta parábolas apresenta
fatos muito simples e comuns nossas ocupações seculares e nosso relacionamento com outros
cristãos e com as pessoas do mundo que poderão decidir se seremos ou não vencedores. Tudo
dependerá de como vivemos, de como nos portamos nessas situações.
         Vale a pena empenharmo-nos em viver de maneira vigilante, vale a pena abrir nosso
coração e dispormo-nos a servir os irmãos. Se formos vencedores, ganharemos a recompensa de
participar do milênio, como coreis com Cristo; se não formos, perderemos o galardão, o gozo do
reino. Por esse motivo, Paulo nos alerta em 2 Coríntios 5: 10:

"Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba
segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo".

        "Ter feito o bem" corresponde a edificar com ouro, prata e pedras preciosas, a ser vigilante e
a alimentar os conservos; "ter feito o mal" corresponde a edificar com madeira, feno e palha, a andar
desapercebido e a espancar os conservas e andar com pessoas dissolutas. O dia desse julgamento
está muito próximo. Portanto, é tempo de avaliar nossa vida com Deus à luz de Sua Palavra. Se
percebermos que ainda não estamos preparados para a vinda do Senhor, por vivermos
excessivamente envolvidos com o mundo, ansiosos com nossa subsistência, ou porque nosso
relacionamento com os irmãos é frio e indiferente, precisamos nos arrepender. O Senhor tem
tardado Sua volta esperando que nos arrependamos; por isso, devemos viver de maneira santa,
esperando e apressando a vinda do Senhor (2 Pe 1912).

A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS

        No Evangelho de Mateus encontramos duas profecias, em forma de parábolas, referentes à
volta do Senhor. Elas enfatizam dois aspectos diferentes da vida cristã em relação à segunda vinda
de Cristo: estarmos vigilantes e cheios do azeite do Espírito, e sermos fiéis e prudentes.

 "O reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a
encontrar-se com o noivo" (25: 1).

         Na Bíblia, dez significa a maior parte de doze (Gn 42:3,4; 1 Rs 11 :30, 3 1; Mt 20:24); doze,
por sua vez, relaciona-se à totalidade do povo de Deus, como vemos, por exemplo, nas doze tribos
de Israel. Assim, as dez virgens representam a maior parte dos cristãos. Em Mateus 24, os dois
homens no campo ou as duas mulheres no moinho representam os cristãos que estarão vivos até a
volta do Senhor. Todavia, à época da volta do Senhor, a maioria dos cristãos, desde o início da
igreja, obviamente já terá morrido. Esses são representados pelas dez virgens. Mesmo referindo-se
aos cristãos que descansaram no Senhor, há nessa parábola princípios espirituais importantes.

19
Ninguém pode garantir que estará vivo quando o Senhor voltar, portanto, é necessário estarmos
preparados para encontrá-Lo, quer vivos, quer Nele descansando.

Mateus 25:5 diz: fiE, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono, e adormeceram".

        Aos olhos de Deus, um cristão não morre, mas adormece (1 Ts 4: 13). Todos os que
receberam a salvação em Jesus morreram com Ele na cruz e, por isso, não podem morrer
novamente; portanto, adormecem, descansam ou dormem no Senhor. Por esse motivo, podemos
dizer que as dez virgens que foram tomadas de sono e adormeceram representam os salvos que
morreram e os que terão morrido até a volta do Senhor.
        É importante enfatizar que a palavra "virgens" refere-se a cristãos genuínos. Em 2 Coríntios
11 :2, Paulo disse aos cristãos Coríntios que eles eram como virgem pura preparada para Cristo.
Quando nos tomamos essas virgens aos olhos de Deus? Ao crer em Cristo. Quando cremos Nele,
recebemos Sua vida. Durante o tempo em que esteve na terra, Cristo foi absolutamente fiel ao Pai,
vivendo de maneira santa, não se contaminando com o pecado ou o mundo. Quando recebemos
Sua vida, recebemos também Sua santidade e Sua fidelidade. Paulo, considerando isso, comparou-
nos a uma virgem pura. Todos os cristãos, homens ou mulheres, aos olhos de Deus, são virgens
sendo preparadas para o casamento com Cristo.

Tomar as Lâmpadas

         As virgens, tomando suas lâmpadas, saíram a encontrar-se , com o noivo. As lâmpadas
representam o espírito humano (Pv 20:27). Quando somos salvos, recebemos a vida de Deus por
meio do Espírito de Deus em nosso espírito. O Espírito Santo, na Bíblia, é representado pelo azeite.
O azeite era usado nas lâmpadas para molhar um pavio que, aceso, gerava luz. Assim, as lâmpadas
nessa parábola representam nosso espírito unido com o Espírito Santo (ci. Rm 8: 16; 1 Co 6: 17). O
Senhor Jesus disse que os cristãos são a luz do mundo e que sua luz deve brilhar diante dos
homens (Mt 5: 1416). Essa luz é, na verdade, a luz do Espírito de Deus brilhando dentro do nosso
espírito. Desse modo, podemos ser a luz do mundo, como lâmpada que brilha nesta era de trevas
(Fp 2:15), e testemunhamos de Deus para glorificá-Lo (Mt 5: 16). Mesmo quando a Bíblia fala de
obras, a ênfase não está em fazermos coisas para Deus, mas em permitir que Deus trabalhe em
nós, transformandonos e, desse modo, espontaneamente nossa vida O manifestarádiante das
pessoas. Na parábola isso é representado pelo fato de as virgens não carregarem armas nem
ferramentas para trabalho. Isso demonstra que nosso testemunho diante das pessoas não está
relacionado ao que fazemos, mas especialmente ao que somos. Por termos o Espírito Santo em
nosso espírito, podemos testemunhar de Deus e brilhar por Ele.

Saíram a Encontrar-se com o Noivo

A parábola diz que as virgens saíram a encontrar-se com o noivo. Isso também indica que as virgens
são os cristãos que morreram, saindo, assim, do mundo.

       Nessa parábola, Cristo é apresentado como o noivo amado (Jo 3:29; Mt 9:15). Aqui Ele não
é um general, a quem obedecemos por obrigação, mas é um noivo, a quem seguimos por amor. É
por amá-lO que fugimos do pecado, pois não queremos fazer nada que O desagrade ou ofenda. É
por amar ao Senhor que rejeitamos o mundo e não nos deixamos envolver por ele, pois queremos

20
amar exclusivamente ao nosso Noivo. É por amá-lo que negamos a nós mesmos, pois
reconhecemos que nossa vontade é contrária à Sua, e nos deleitamos em fazer a Sua vontade. A
todo o tempo, mesmo a cada instante, devemos sair, sair de nós mesmos, sair do mundo, sair de
nossos pensamentos vãos para encontrar-nos com o Noivo, nosso amado Jesus.

Cinco Virgens Néscias

         Entre as dez virgens, cinco eram néscias, e cinco prUdentes (Mt 25:2). Isso não significa
que essa seja, necessariamente, a proporção entre cristãos néscios e prudentes. O número cinco,
na Bíblia, indica responsabilidade. Podemos ver o motivo disso em nossa mão. É possível, com
certa dificuldade, pegarmos qualquer coisa com apenas quatro dedos. Mas se quisermos pegar algo
com firmeza, precisaremos dos cinco. A divisão das virgens em dois grupos de cinco indica que
todos os cristãos devem assumir a responsabilidade de se encherem de azeite, que é o Espírito de
Deus. O número cinco é composto de quatro mais um. Quatro, na Bíblia, refere-se à criação de
Deus, especialmente ao homem, e um, ao Criador, o único Deus. Isso quer dizer que nós mesmos,
como o número quatro, não somos suficientes para arcar com a responsabilidade do testemunho de
Deus isso somente é possível pelo adicionar da vida de Deus a nós. Por isso o Senhor disse em
João 15:5: "Sem mim nada podeis fazer".          .
         As virgens néscias não são cristãos falsos, como alguns afirmam. Todas as dez mulheres
são virgens, implicando serem iguais em natureza diante de Deus. Além disso, todas elas tinham
lâmpadas que brilhavam. A diferença entre elas é que as néscias, ao tomar suas lâmpadas não
levaram azeite consigo (Mt 25:3). O azeite ou o óleo representa o Espírito de Deus (Is 61:1; Hb 1:9).
Essas cinco virgens eram néscias porque só tinham o óleo na lâmpada, mas não a porção extra de
óleo nas vasilhas, ou seja, elas tinham o espírito regenerado pelo Espírito Santo, mas não haviam
sido cheias do Espírito Santo.

Cinco Virgens Sábias

"No entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas" (v. 4).

        O homem é um vaso feito por Deus (Rm 9:21, 23, 24) e a personalidade do homem está na
sua alma. Portanto, as vasilhas aqui referem-se à alma dos cristãos.
        O homem foi criado com três partes: espírito, alma e corpo (1 Ts 5:23). No momento em que
recebemos o Senhor, o Espírito Santo entrou em nosso espírito, regenerando-o e trazendo para
dentro de nós a vida de Deus. Por termos recebido a vida eterna, estamos qualificados a participar
da Nova Jerusalém. Esse é o primeiro estágio da nossa salvação e foi realizado exclusivamente por
Deus. Por outro lado, o processo da salvação deve desenvolverse no estágio da transformação da
alma, e isso é absolutamente responsabilidade nossa. Qual é o resultado da transformação de
nossa alma? Suas três partes mente, vontade e emoção serão alcançadas; pela vida de Deus:
nossa mente será renovada (Rm 122), nossa vontade será obediente ao Senhor (Jo 7:17; Tg 4:7)
fazendo Sua vontade (Lc 22:42; Fp 2:13) e nossa emoção amará ao Senhor acima de todas as
coisas (Mt 10:3739). O resultado final dessa transformação será nossa maturidade espiritual e o
galardão no reino milenar.
        Por esse motivo, não podemos nos contentar apenas com a regeneração do nosso espírito,
mas precisamos buscar diariamente o enchimento do azeite, do Espírito Santo, para que Ele
permeie todas as partes da nossa alma, transformando-nos de glória em glória, na própria imagem

21
do Senhor, o Espírito (2 Co 3: 18). Se diariamente nos enchemos com Espírito Santo, Ele
transbordará do nosso espírito, a lâmpada, e penetrará cada parte da nossa alma, que é a vasilha.
Somente assim, teremos- a porção extra do azeite. Dessa forma, seremos virgens prudentes.

Tardando o Noivo

"E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono, e adormeceram" (Mt 25:5).

        Quase dois mil anos se passaram desde a Sua ascensão, e o Senhor ainda não veio.
Muitas pessoas pensam que iSSQ não ocorrerá, podendo, portanto, viver de qualquer maneira,
como se não tivessem de prestar contas a ninguém. Por não conhecerem o Senhor, é natural que
pensem assim. Há muitos cristãos que não crêem na segunda vinda. de Cristo ou se crêem não.
vivem de acordo com isso. Nosso amado Noivo áinda não veio porque está nos dando oportunidade
para arrependimento, para que deixemos de viver para nós mesmos e vivamos absolutamente para
Ele (2 Pe 19).

       Desde a ascensão do Senhor, ao longo dos séculos, muitos cristãos morreram e outros
morrerão até a Sua vinda. Esses são as virgens que adormeceram.

A Vinda do Noivo

        À meia noite, a hora mais escura da noite, veio o noivo. Isso significa que o Senhor virá no
tempo de maior escuridão desta era de trevas ao final da grande tribulação. O grito que avisa da
chegada do noivo (Mateus 25:6) é a voz do arcanjo mencionada em 1 Tessalonicenses 4:16.
        Ao ouvir o grito, as virgens se levantaram e prepararam, suas lâmpadas. "Levantar-se" é a
ressurreição predita em 1 Tessalonicenses 4:14, 16 e em 1 Coríntios 15:52. O fato de as virgens
irem ao noivo com suas lâmpadas indica também que após a ressurreição ainda teremos de
responder pelos nossos atos enquanto vivemos na terra. As néscias tentaram obter azeite das
prudentes, porém porção extra do Espírito não pode ser dada por um cristão a outro, mas cada um
é responsável por obtê-Ia. Assim, elas saíram para comprar. A aplicação disso é que para obter
essa porção extra do Espírito Santo temos de pagar um preço, tal como deixar o mundo, negar o
ego, buscar o Senhor e considerar tudo como perda por causa de Cristo. A era da graça é o tempo
apropriado para isso, mas se não estivermos dispostos a pagar esse preço hoje, ainda teremos de
pagá-Io após a ressurreição, por mil anos.

"E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para
as bodas; e fechou-se a porta" (v. 10).

"Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele
respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço" (Mt 25: 11, 12).
         A expressão "não conhecer", em grego, pode ser melhor traduzida para não reconhecer, não
aprovar (encontramos a mesma expressão com o mesmo significado em Lucas 13:25 e em João
1:26,31; 8:19). Isso demonstra que o Senhor não aprova um viver cristão desleixado, sem busca
espiritual, sem disposição de abandonar as exigências da alma e da carne para ter mais de Cristo.
Enquanto viviam, essas virgens não pagaram o preço exigido para obter a porção extra do óleo
perdendo, assim, o direito de participar das bodas do Cordeiro. Depois que o Noivo vier, já será


22
tarde. Elas perderam a recompensa, pois não foram aprovadas para as bodas. Mas é preciso repetir
enfaticamente: elas não perderam a salvação.

Vigiai!

         "Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora' (Mt 25: 13).
Ao dizer que desconhecemos a hora e o dia em que virá, o Senhor Jesus estava enfatizando a
necessidade de estarmos preparados. Se estivermos prontos, amadurecidos, se tivermos deixado
todas as coisas para ganhar mais da vida do Senhor, certamente seremos arrebatados. Devemos
viver uma vida vigilante e preparada para a volta do Senhor; devemos ser vigilantes contra toda a
ação de Satanás que tentará desviar-nos do alvo de Deus; devemos estar vigilantes para não
satisfazer as concupiscências da carne, a fim de não sermos achados em pecado quando o Senhor
voltar. Essa palavra do Senhor deve nos encorajar a vigiar e a não vivermos descuidados. Nosso
alvo é sermos virgens prudentes!

A PARÁBOLA DOS TALENTOS

         Antes de tratar da parábola dos talentos, é importante relembrar que na Bíblia existe uma
grande diferença entre a perdição eterna e a perda da recompensa durante o milênio. F alamos
anteriormente que nossa salvação é eterna: uma vez salvos, somos salvos para sempre (Jo 10:28).
Todavia, isso não significa que após a salvação podemos viver de maneira desleixada, por termos a
garantia de que não JLerderemos. Deus é justo; Ele não pode tratar da mesma maneira um cristão
que viveu; absolutamente para Ele e outro que, após a salvação, continuou a viver nos prazeres do
pecado e do mundo. Por isso haverá recompensa ou disciplina na era vindoura, o milênio. Os
cristãos que tiverem amadurecido, os que permitiram que o Espírito Santo saturasse sua alma,
serão recompensados com as bodas do Cordeiro, enquanto os outros serão amadurecidos "à força",
mas com choro e ranger de dentes. Após os mil anos, todos os cristãos de todos os tempos, ou seja,
todas as pessoas de todas as épocas e lugares, que um dia genuinamente receberam a Jesus como
seu Senhor e Salvador, participarão da Nova Jerusalém, do novo céu e nova terra, pela eternidade.
         Há muitos versículos na Bíblia referentes à disciplina no milênio que são interpretados como
indicadores da possibilidade de perdermos a salvação. É preciso entender a diferença entre esses
dois fatos, a fim de termos uma vida cristã vitoriosa e segura. Portanto, mesmo que a distinção entre
essas duas verdades seja "novidade" para muitos, pelo desconhecimento que há sobre elas,
devemos considerar seriamente esse assunto em oração diante de Deus e conferi-Io com as
Escrituras. Os judeus da cidade de Beréia foram considerados mais nobres que os de T essalônica,
pelo fato de conferir com as Escrituras tudo o que Paulo e Silas Ihes ensinavam (At 17: 10, 11). O
resultado foi que muitos deles creram (v. 12). Devemos proceder da mesma maneira. A autoridade
última em relação às verdades divinas é a Bíblia. Por isso devemos examiná-Ia com atenção e
oração, a fim de verificar que ela ensina claramente a eternidade da salvação dos cristãos e a
existência de uma disciplina para os que não amadurecerem até o final da era da graça.
         Conhecer que nossa salvação é eterna e que poderemos ser recompensados ou
disciplinados de acordo com nossa maturidade espiritual, levar-nos-á a uma vida cristã estável e
vitoriosa, pois estaremos "correndo" para um alvo certo e definido. Paulo estava se referindo a isso
quando disse:



23
"Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o
prêmio? Correi de tal m eira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar
uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; ,assim
luto, não como desferindo golpes no ar" (1 Co 9:2426).

         Como ele corria, devemos nós correr também, visando alcançar o grande prêmio, que é o
próprio Cristo.
         Estudaremos agora, sucintamente, a parábola dos talentos (Mt 25: 14-30).          .
         A parábola das dez virgens está relacionada à vida, e a dos talentos, ao serviço. No aspecto
da vida, os cristãos são virgens, e a exigência é que sejam vigilantes; quanto ao serviço, somos
servos, o que implica sermos fiéis. Portanto, não podemos negligenciar nem o aspecto da vida
(aspecto interior, subjetivo, da experiência com Deus) nem o aspecto do serviço (aspecto exterior,
objetivo, I resultado da comunhão com Deus). A parábola dos talentos, por sua vez, também está
relacionada ao serviço, mas especificamente I ao adequado uso dos dons que de Deus recebemos.
         I
         Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e Ihes
confiou os seus bens" (v. 14).
         O "homem" aqui refere-se a Cristo. Ele entregou Seus bens aos Seus servos. Os cristãos,
ao mesmo tempo que são filhos de Deus, são servos ou escravos de Cristo (1 Co 7:22, 23; 2 Pe 1:
1; Tg 1: 1; Rm 1: 1). No aspecto da vida, somos virgens vivendo unicamente para Cristo (2 Co 11:
2), e no aspecto do serviço nós O servimos como escravos comprados por Seu precioso sangue.

tiA um deu cinco talentos, à outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e
então partiu" (Mt 25: 15).

         Os talentos nessa parábola representam os dons espirituais (Ef4:7, 8; Rm 12:6; 1 Co 12:4; 1
Pe 4: 10; 2 Tm 1: 6). Para servir ao Senhor precisamos de dons. Muitas pessoas, ao tornarem-se
cristãs, pensam usar para o Senhor seus talentos naturais, suas habilidades "de nascimento". Isso,
no entanto, é abominável para Deus, pois tais habilidades pertencem ao homem caído, velha
criação, à natureza pecaminosa. Os talentos de que Deus necessita no serviço a Ele são dons
espirituais, são dons que nos são dados por Ele após a nossa salvação. Somente com esses dons
podemos servir ao Senhor como bons servos a .fim de realizar Sua obra.
         No momento em que recebemos a vida de Deus, por meio da regeneração, tomamo-nos
membros do Corpo de Cristo e membros uns dos outros. Num corpo, nem todos os membros têm a
mesma função (Rm 12:4, 5). Em nosso corpo físico, cada membro sabe exatamente qual é sua
função e sabe como agir em coordenação com os outros membros. No Corpo de Cristo, porém,
precisamos descobrir a função de cada membro, e é especialmente necessário que aprendamos a
servir junto com outros irmãos.

Negociando com os Talentos

        O que recebera cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco. Assim também o
que recebera dois ganhou outros dois (Mt 25:16, 17).
        Devemos usar ao máximo os dons que recebemos do Senhor, sem desperdiçá-Ios,
pregando o evangelho, ministrando vida e verdade a outros, e pastoreando os que precisam de
cuidado. O resultado disso será a edificação da igreja e a multiplicação de nossos talentos. Uma das

24
mais importantes tarefas de um servo de Deus é suprir comida aos outros servos da casa de Deus
(24:45). Devemos ministrar a Palavra de Deus com as riquezas insondáveis de Cristo (Ef 3:8) a fim
de nutrir nossos COnservos. Por meio desse serviço, as pessoas serão ricamente alimentadas e os
bens do Senhor se multiplicarão.

"Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor' I (v. 18).

         Há cristãos que receberam apenas um talento e, por isso, não o valorizam, considerando-se
sem importância e sem utilidade para Deus e para a igreja. Normalmente são estes os que não
multiplicam o talento que receberam, isto é, "enterram" o dom dado pelo Senhor. Precisamos ser
sábios: se recebemos apenas um talento do Senhor, devemos, mais do que os outros, empenhar-
nos em multiplicá-Io. Se nos consagrarmos ao Senhor, para servi-lo de acordo com Sua vontade,
nossos dons espirituais se multiplicarão e nos tomaremos mais e mais úteis para a edificação da
igreja.

Acerto de Contas

!
         "Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles" (v. 19).
"Muito tempo" aqui refere-se à era i da igreja e "voltou" refere-se à vinda do Senhor nos ares (1 Ts 4:
16, 17); "ajustar contas" refere-se ao julgamento no tribunal de Cristo (2 Co 5: 10; Rm 14: 10) nos
ares, onde nossa vida, conduta e I obra serão julgadas para recompensa ou punição (1 Co 4:5; Mt .
16:27; Ap 22:12; 1 Co 3:1315). Esse tempo está cada vez mais próximo; por isso precisamos
considerar seriamente como temos usado os dons espirituais ganhos de Deus. Os dons espirituais
nos I foram dados por Deus e a Ele prestaremos contas de seu uso nada! é realmente nosso, mas
foi-nos entregue para administrarmos em nome de Deus e para o Seu propósito.
         O que recebera cinco talentos entregou os outros cinco que ganhara. Disse-lhe o senhor:
"Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel I no pouco, sobre o muito te colocarei: entra no gozo do teu
senhor" : (Mt 25:21 ). .
         "Pouco" refere-se ao nosso serviço ao Senhor nesta era e . "sobre o muito", à autoridade
para governar no reino vindouro. 0 1"gozo" do Senhor é o desfrute do Senhor na era vindoura, o
milênio. A recompensa dos servos fiéis tem, portanto, dois aspectos: eles receberão autoridade para
governar sobre as nações durante o i milênio, e desfrutarão de maneira especial da Pessoa do
Senhor I Jesus.
         O que recebera dois talentos entregou a seu amo os outros dois que ganhara. O louvor e a
recompensa do senhor a ele foram os mesmos dados ao de cinco talentos. É interessante observar
que a ambos servos, tanto o que recebera cinco como o que recebera dois, seu senhor Ihes disse
que eles tinham sido fiéis "no pouco". Isso prova que sermos aprovados não depende do quanto
fizemos para Deus, e, sim, de nossa fidelidade em usar plenamente os dons que Ele nos deu. Não
considere os irmãos de cinco talentos como se fossem predestinados para serem vencedores e os
de um talento como marcados para as trevas exteriores. Isso é uma mentira diabólica, que visa tão
somente desanimar e paralisar muitos filhos de Deus. Se o que recebera um JÉilento tivesse sido
fiel em multiplicá-Io, ele também seria colocado sobre o muito e entraria no gozo do seu senhor.

"Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que
ceifas onde não semeaste, e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento;
aqui tens o que é teu"(vs. 24, 25).
25
Esse que recebera um talento não é uma pessoa incrédula, não salva, como interpretam
alguns. Uma pessoa não salva não pode receber dons espirituais de Deus, tampouco será levada a
julgamento no tribunal de Cristo.
         Aparentemente o Senhor é severo, como disse o último servo, pois parece exigir que
trabalhemos para Ele a partir do nada. Na verdade, Ele mesmo nos supre com toda a graça e vida
de que necessitamos para servi-lo. Nossa responsabilidade é trabalhar, multiplicar os dons que
recebemos. Talvez para os de cinco e dois talentos seja mais fácil usá-Ias, talvez o de um talento
seja mais tímido e despreparado. Todavia, isso não deve ser desculpa para negligenciarmos o uso
do dom que recebemos. Se somos os de um talento, isso deve forçar-nos a exercitar a fé mais do
que os outros para usar mais diligentemente nosso dom. Se para nós é mais difícil usar o espírito ou
manter-nos separados para Deus, então precisamos nos esforçar mais que os outros. O que importa
é que alcancemos o prêmio. Tenhamos a certeza de que o Senhor, ao nos dar dons, sabe que
somos capazes de multiplicá-Ios; Ele está semeando e espera ceifar.
         Esconder na terra o talento é envolver-se com as coisas terrenas, mundanas, e não com as
espirituais, tomanda-se, por isso, inativo e infrutuoso. Quanto mais envolvidos com os cuidados e
prazeres desta vida, menos interesse teremos pelas coisas espirituais. Por exemplo, alguns cristãos
nunca têm tempo para visitar a outros a fim de ministrar-Ihes cuidado, pois estão a todo tempo
envolvidos com as coisas do mundo. Outros se acham fracos demais para pastorear ou pregar o
evangelho. lembre-se, porém: por mais fraco que você seja, por mais inútil que você se considere,
tenha a certeza de que sempre haverá pessoas ainda mais fracas que necessitam do seu cuidado.
Nunca devemos menosprezar os poucos dons que recebemos. Devemos ser fiéis no pouco que o
Senhor nos deu e os dons se multiplicarão. Também não podemos argumentar que nos falta tempo
para cuidar dos outros. Se nosso coração estiver cheio de amor por Deus e por Sua igreja, por mais
ocupados que sejamos, sempre conseguiremos reservar algum tempo para usar nossos dons a
favor de Cristo e a igreja.

Choro e Ranger de Dentes

         "Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente", (y. 26). Aquele senhor foi
ríspido e severo com seu servo, pois ele nem mesmo havia tentado investir seu talento para
devolvê-Io ao senhor com juros (v. 27). O servo deveria ter entregue o dinheiro do seu senhor (o
dinheiro, apesar de estar nas mãos do servo, ainda era de seu senhor. Isso confirma que às dons
espirituais que o Senhor nos deu ainda são Dele; nossa função é simplesmente administrá-Ias aos
banqueiros. Isso representa o uso dos talentos na igreja.
         Disse o senhor aos outros servos: "Tirai-Ihe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez" (Mt
25:28). O dom do Senhor, no reino vindouro, será tirado daqueles que são negligentes. O uso dos
dons é uma oportunidade que nos foi dada pelo Senhor a fim de que, nesta era, cresçamos em Sua
vida e recebamos mais da Sua graça'. Portanto, após a era da graça, esses dons não terão mais
razão de existir e serão tirados dos que não os multiplicaram.
         E acrescentou o Senhor: "E o servo inútil lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e
ranger de dentes" (v. 30). "Ser lançado nas trevas" aqui não denota a perdição eterna de um falso
cristão. Como já vimos, o fato de esse homem ser chamado de servo e a ele terem sido dados dons,
prova que ele é um cristão genuíno. Desse modo, as trevas aqui mencionadas referem-se à punição
de cristãos genuínos que não foram fiéis. Há vários versículos em Mateus que falam de alguém ser
lançado nas trevas exteriores (8:12; 22:13; 24:51; 25:30). Uma vez mais, reafirmamos: essas

26
passagens referem-se a cristãos genuínos, genuin'amente regenerados pelo Espírito Santo que,
todavia, não foram vencedores. Esses santos não vencedores não serão lançados no lago de fogo,
mas nas trevas exteriores, o que significa ficar fora da esfera da glória de Deus durante a era do
reino vindouro.

Um Encorajamento

        Deus nos escolheu antes da fundação do mundo. De antemão, Ele nos conhecia e sabia
que, mesmo após O conhecermos, ainda lhe seríamos infiéis muitas e muitas vezes. Ele conhece
nossa estrutura, sabe de nossas fraquezas, de nossas dificuldades para prosseguirmos com Ele.
Por isso, Deus nos dá o galardão do reino como um encorajamento, um. estímulo adicional para O
buscarmos.
         Participar dessa festa, dessa comunhão íntima, dessa porção especial por mil anos não é
algo pequeno, sem importância, mas é uma bênção indescritível prometida para todos os cristãos.
Há um preço a pagar, um caminho estreito a seguir, mas os que aceitarem ser vencedores obterão
uma recompensa que olhos humanos nunca viram, cuja descrição nenhum ouvido jamais ouviu nem
jamais foi possível ao coração do homem conceber (d. 1 Co 2:9). Entrar no gozo de nosso Senhor é
um prêmio pelo qual vale a pena entregar toda a nossa vida e pagar o preço que for necessário.

Bibliografia

Compilado de:

Todos os textos são um resumo e adaptação de T. S. Watchman Nee




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A diferença entre vida eterna e reino dos céus

  • 1. A EXPERIÊNCIA DO REINO E A VOLTA DE JESUS CRISTO Esboço do Planejamento do Curso Meta Que você conheça o propósito de Deus de ter uma Igreja vencedora e invista nos princípios de vida que te qualificarão para o arrebatamento. . Outros Objetivos Descubra a "visão dos Vencedores" e saiba discernir salvação de galardão. Sugestões Bibliográficas 1. O DANO DA SEGUNDA MORTE - Watchman Nee Recomendações Muito Importantes 1. invista tempo em oração e na Palavra para conhecer melhor esse assunto. 2. Compartilhe com outros irmãos da célula o que aprendeu. 3. Disponha-se a responder a Deus para ser um crente vencedor. Avaliação 1.Faça a distinção entre salvação e galardão. 2.0 que é "arrebatamento" da igreja e quem participará dele? 3. O que é necessário para ser um cristão vencedor? A EXPERIÊNCIA DO REINO E A VOLTA DE JESUS CRISTO Há uma coisa sobre a qual temos de estar claros. Ter vida eterna é diferente de entrar no reino dos céus. O Senhor Jesus disse que de João Batista até agora o reino dos céus é tomado a força (Mt 11: 12), os violentos o tomam. A lei e as profecias dos profetas terminaram com João (11: 12, 13). Baseados nesta palavra, alguns têm dito .-que precisamos ser violentos, isto é, devemos esforçarmo-nos antes de ser salvos. Se não nos esforçarmos, não seremos salvos. Uma pessoa diz isso porque não pode d.izer a diferença entre o reino dos céus e a vida eterna. Existe uma diferença entre a vida eterna e o reino dos céus. A DIFERENÇA ENTRE A VIDA ETERNA E O REINO 1) A recompensa é para o milênio; a vida eterna não tem fim. 1
  • 2. A primeira diferença entre ambos é quanto ao tempo. A vida eterna é para a eternidade, mas o reino não é para a eternidade. Quando o novo céu e a nova terra vierem, o reino dos céus passará. O reino dos céus denota o governo de Deus. O período do governo de Deus é o período do reino dos céus. Que são os céus? O livro de Daniel fala sobre o governo dos céus (7:27). Portanto, o reino dos céus é a esfera na qual os céus governam. Quando o Senhor Jesus vier reger sobre a terra, aquele será o tempo em que os céus governarão. Hoje, aquele que governa na terra é o diabo, Satanás. A pol ítica e a autoridade mundial de hoje são de Satanás. O Senhor Jesus não reinará senão no período do reino dos céus. Mas o período no qual a autoridade dos céus é efetuada é muito curto. Em 1 Corintios 15:24 é dito: "E então virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruido todo principado, bem como toda potestade e poder." O reino será entregue a Deus Pai. Portanto, há um limite temporal para o reino. Contudo, a vida eterna é para sempre. Todo o que lê 1 Corintios 15 sabe que no início do novo céu e nova terra, isto é, na conclusão do milênio, o reino será entregue. Portanto, há uma diferença no tempo entre a vida eterna e o reino dos céus. 2) A vida Eterna é pela fé; a recompensa é pelas obras A segunda diferença reside no método pelo qual o homem entra no reino dos céus e na maneira que ele obtém a vida eterna. O recebimento da vida eterna é o assunto de todo o Evangelho de João. A maneira de ter a vida eterna é por meio do crer. Uma vez que cremos, obtemos. Contudo, entrar no reino dos céus não é uma questão simples. Todo o Evangelho de Mateus menciona o reino dos céus trinta e duas vezes. Nenhuma vez é dito que o reino dos céus é recebido pela fé. Como um homem ganha o reino dos céus? Mateus 7:21 diz: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus." Pode-se ver que a entrada no reino dos céus é uma questão de obra. Mateus 5:3 também nos diz: "Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus." Aqui não diz vida eterna, mas o reino dos céus. Para ter o reino dos céus, a pessoa precisa ser pobre no espírito. O Senhor também diz: 'Bem aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus" (v.10). Não se precisa ser perseguido para receber a vida eterna, mas o reino é para os que têm sido perseguidos por causa da justiça. Mesmo se um homem tiver a vida eterna, se ele não tem sido perseguido por causa da justiça hoje e não é pobre no espírito, ele ainda pode não ter parte no reino. 3) Uma vez que recebemos a vida eterna não temos mais de buscá-Ia; a recompensa precisa ser buscada. 2
  • 3. Com relação à vida eterna, Deus nunca nos disse para procurarmos obtê-Ia. Pelo contrário, toda vez que é mencionada, Ele nos mostra que já a temos. Entretanto, com relação ao reino, a palavra da Bíblia diz que devemos procurar obtê-Ia e buscá-Ia diligentemente. Hoje, em se tratando do reino, esta no estágio de busca; ainda não o obtivemos. Ainda temos de empregar o esforço para almejar e buscar o reino. 4) A vida eterna é de graça; a recompensa é por mérito A quarta diferença reside na maneira como Deus trata o reino e a vida eterna. Deus trata a vida eterna como um presente; ela é dada a nós (Rm 6:23). A vida eterna é uma graça gratuita; ela é dada por meio do Senhor Jesus para todos aqueles que crêem Nele. Não existe diferença entre alguém que busca e alguém que não está buscando. Contudo, o mesmo não ocorre com o reino. Lembre-se da mãe dos dois filhos de Zebedeu vindo ao Senhor Jesus e querendo que o Senhor fizesse com que seus dois filhos se sentassem em ambos os lados Dele no reino (Mt 20:21). Mas, o Senhor Jesus disse: "O assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concedê- Ia; é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu Pai" (v.23). A graça é obtida uma vez: que O invocamos. Mas o reino depende se alguém pode ser I batizado em Seu batismo e pode beber o cálice que Ele bebeu. Ambos os discípulos disseram que podiam. Todavia, o Senhor disse que apesar de terem prometido que o fariam, a questão não cabia a Ele decidir. O Pai é Aquele que concede. Além disso, o criminoso que foi crucificado juntamente com o Senhor disse a Ele: "Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino." (Lc 23:42). o Senhor Jesus ouviu sua oração? Sem dúvida que sim. Mas Ele não concedeu seu pedido. O criminoso pediu que o Senhor se lembrasse dele quando o Senhor recebesse o reino. O Senhor Jesus não lhe respondeu que ele estaria com Ele no reino. Pelo contrário, Ele respondeu-lhe: "Hoje estarás comigo no paraíso." (v.43). O Senhor não lhe respondeu sobre o reino. Mas Efe lhe deu uma resposta com relação ao paraíso. Uma vez que O invoquemos, podemos ser salvos. Contudo, não é tão simples ir ao reino. Portanto, há uma grande diferença aqui. A atitude de Deus para com a vida eterna e o reino dos céus é diferente: um é o presente de Deus e o outro é a recompensa de Deus. Com respeito à diferença entre o reino dos céus e a vida eterna, existem outras passagens na Bíblia que são muito interessantes. Agora, chegamos à quinta diferença. Apocalipse 20 mostra- nos que os mártires recebem o reino, embora não diga que sejam os únicos a receberem o reino (v.4). A Bíblia, entretanto, nunca nos mostra que o homem deva ser martirizado a fim de receber a vida eterna. Entretanto, o reino é diferente. O reino requer esforço. Até mesmo requer o martírio para obtê-Ia. Por exemplo, a pobreza é uma condição para o reino dos céus. Para obter o reino dos céus, a pessoa precisa perder suas riquezas. A Bíblia nos mostra claramente que nenhuma pessoa na terra que seja rica segundo seus próprios meios pode entrar no reino dos céus. Não podemos dizer que nenhum rico possa ser salvo. Não podemos dizer que ninguém pode entrar na vida eterna se não quiser perder suas riquezas. Assim como é difícil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, da mesma forma é difícil um rico entrar no reino dos céus (Mt 19:24). Graças ao Senhor. O pobre pode ser salvo. Assim como o rico pode. O pobre pode herdar a vida eterna e o rico também pode. Contudo, entrar no reino dos céus é um problema para o rico. Se acumularmos riquezas na terra, não seremos capazes de entrar no reino dos céus. É óbvio que isso não significa que alguém tenha 3
  • 4. de desistir de toda a sua riqueza hoje. Estou dizendo que a pessoa tem de entregar toda a sua riqueza ao Senhor. Somos apenas os administradores. Não somos o dono da casa. A Bíblia nunca reconhece um cristão como o dono de seu dinheiro. Cada um é apenas um administrador do dinheiro que é para o Senhor. Todos nós somos apenas os administradores do Senhor. Existe esta condição para entrar no reino. Há outra coisa muito peculiar. Não se vê as questões de casamento e família envolvendo a questão da vida eterna. Ma, o evangelho de Mateus diz que alguns não se casam por causa do reino dos céus. Alguns até mesmo se fizeram eunucos por causa do reino dos céus (Mt 19: 12). A fim de entrar no reino dos céus e ganhar um lugar no reino, eles escolheram permanecerem virgens. Ninguém vê a vida eterna ser negada a uma pessoa casada. Vemos que a questão da vida eterna não está de forma nenhuma relacionada à família e ao casamento, mas a questão do reino está muitíssimo relacionada à família e ao casamento. Essa é a razão de a Bíblia dizer que aqueles que têm esposa devem ser como se não a tivessem. Os que se utilizam do mundo devem ser como se dele não utilizassem, e os que compram como se nada possuíssem (1 Co 7:2931). Isso tem muito a ver com nossa posição no reino dos céus. 5) A vida eterna é igual para todos; mas recompensa varia para cada um. Finalmente, temos de mencionar outra diferença. No reino, há diversos níveis de graduação. Alguns receberão dez cidades, outros receberão cinco (Lc 19:1719). Alguns receberão meramente uma recompensa, mas outros receberão um galardão. Alguns ganharão uma rica entrada no reino (2 Pe 1: 11). Alguns entrarão no reino sem uma rica entrada. Portanto, existe uma diferença em graduação no reino. Mas nunca haverá uma questão de graduação com relação à vida eterna. A vida eterna é a mesma para todos. Ninguém recebera dez anos a mais que o outro. Não existe diferença na vida eterna, todavia no reino há diferença. Se alguém ponderar um pouco, perceberá que na Bíblia, o reino e a vida eterna são duas coisas absolutamente diferentes. A condição para a salvação é a fé no Senhor. Além da fé, não há outra condição, pois todos os requisitos já foram cumpridos pelo Filho de Deus. A morte de Seu Filho satisfez todas as exigências de Deus. Mas entrar no reino dos céus é outra questão: requer obras. Hoje, um homem é salvo pela justiça de Deus. Mas não podemos entrar no reino dos céus a menos que nossa justiça exceda a dos escribas e fariseus (Mt 5:20). A justiça no viver e na conduta de uma pessoa deve ultrapassar a dos escribas e fariseus antes que ela possa entrar no reino dos céus. Portanto, pode-se ver que a questão da vida eterna é completamente baseada no Senhor Jesus. Contudo, a questão do reino está baseada nas obras do homem. A RECOMPENSA E O DOM GRATUITO DE DEUS Vamos continuar a ver a diferença entre recompensa e dom (ou presente de Deus), em outras pala",r a diferença entre o reino e a vida eterna. Muitos pensam que o reino dos céus é a vida eterna e que a vida eterna é simplesmente o reino dos céus. Eles confundiram a Palavra de Deus, tomando a condição para receber o reino como sendo a condição para a vida eterna. Eles tomam a perda do reino como sendo a perda da vida eterna. Entretanto, a distinção entre os dois é muito clara na Bíblia. Uma pessoa pode perder o reino dos céus, mas ela não perderá a vida eterna. Alguém pode perder a recompensa, contudo não perderá o dom (ou presente de Deus). 4
  • 5. Então que é a recompensa, e que é o dom? Nós fomos salvos por causa do dom gratuito de Deus. Deus nos deu o dom gratuitamente pela Sua graça; portanto, fomos salvos. A recompensa diz respeito ao nosso relacionamento com Deus após sermos salvos. Se alguém crê no Senhor Jesus como Salvador, aceitando-O como vida, ele é salvo diante de Deus. Após ser salvo, Deus imediatamente coloca essa pessoa numa pista, de modo que ela corra a carreira e obtenha a recompensa posta diante dela. Um cristão é salvo por causa do Senhor Jesus. Após ser salvo, ele deve manifestar a vitória de Cristo pelo Espírito Santo dia a dia. Se fizer isso, então, no fim da carreira, ele obterá a glória celestial e a recompensa celestial de Deus. Portanto, a salvação é o primeiro passo deste camil1ho, e a recompensa é o último passo. Quando alguém crê em Cristo, recebe o presente. Quando alguém segue Cristo, recebe a recompensa. O presente é obtido por meio da fé, e é para as pessoas do mundo. A recompensa é obtida por ser fiel e ter boas obras, e é para os cristãos. Há um grande engano nas igrejas hoje. O homem pensa que a salvação é a única coisa e que não há nada além de ser salvo. Ele considera o reino dos céus e a vida eterna como se fossem a mesma coisa. Ele considera que uma vez que alguém é salvo quando crê, não tem de se preocupar com as obras. A Bíblia faz distinção entre a parte de Deus e a parte do homem. Uma parte é a salvação dada por Deus, e a outra parte é a glória do reino milenar. Ser salvo não tem absolutamente nada a ver com as obras da pessoa. Tão logo uma pessoa creia no Senhor Jesus, ela é salva. Mas, após sua salvação ela precisa começar a carreira para receber a glória vindoura, a coroa e o trono. Deus coloca Seu trono, coroa, glória e recompensa diante dos crentes. Se uma pessoa for fiel vai: recebê-Ia. Se for infiel vai perdê-Ia. As boas obras são inúteis no que se refere à salvação. O homem não pode ser salvo pelas suas boas obras, mas as boas obras são necessárias à questão da recompensa, da coroa, da glória e do trono. A boa obra é inútil quanto à questão da salvação. Deus não pode permitir que o homem seja salvo pela sua obra; Ele também não permitirá ao homem ser recompensado sem obras. Deus só pode decidir sobre a salvação ou perdição do homem por meio do seu crer ou não no Seu Filho. Se você tem ou não Seu Filho em si, determina a questão da vida eterna ou perdição. Se você tem ou não boas obras diante de Deus, determina a questão , de receber a recompensa e a glória. Em outras palavras, Deus nunca salvará uma pessoa por ela ter méritos, e Ele nunca recompensará alguém que não tenha mérito. O homem deve vir diante de Deus totalmente carente e sem mérito para que Deus o salve. Contudo, após a salvação, temos de ser fiéis, e temos de esforçarmo-nos para produzir boas obras por meio de Seu Filho Jesus Cristo, a fim de obtermos a recompensa. O problema de hoje é que as pessoas não fazem distinção entre a salvação e o reino. Na Bíblia, há uma distinção clara entre a salvação e o reino, e entre o dom e a recompensa. A salvação não é o último passo da experiência cristã. Pelo contrário, a salvação é o seu primeiro passo. Após termos sido salvos, temos de correr e perseguir a recompensa diante de nós. O problema é que pensamos que nossa salvação é nossa recompensa. Muitos cristãos acham que a glória é simplesmente a graça da salvação, e assim tornam-se néscios em seu viver. Por favor, apliquem a obra somente à recompensa e a graça à salvação. Através da salvação, Deus separa os salvos dos não salvos; Ele separa aqueles que têm a vida eterna daqueles que estão condenados. De igual modo, Deus também separa Seus filhos em dois grupos pela Sua recompensa. Deus separa Seus filhos em obedientes e desobedientes. Para com as pessoas do mundo, é uma questão de ter fé e não ter fé. Para com os cristãos, é uma questão de ser fiel ou não ser fiel. Para com as pessoas do mundo, é uma questão de ser salvo ou não ser salvo. Para com os cristãos, é uma questão de ter ou não ter a recompensa. O problema de hoje com os filhos de Deus é que eles exaltam demais a salvação; tudo o que vêem é simplesmente a salvação. Que Deus soja misericordioso conosco para que compreendamos que a questão da 5
  • 6. salvação já está resolvida. Ela não pode mais ser abalada, pois ela já foi cumprida pelo Senhor Jesus. Ela está totalmente concretizada. Hoje, devemos empenharmo-nos é com a recompensa diante de nós. Haverá uma grande diferenciação no reino: Alguns terão glória, e alguns não terão glória. A base da recompensa Agora precisamos ver sobre que base a recompensa é dada. A Palavra de Deus diz que a recompensa é dada por causa da obra. Assim como a Bíblia diz claramente que a salvação é pela fé, da mesma forma a Bíblia diz claramente que a recompensa é pela obra. A Bíblia revela-nos que a salvação é pela fé dos pecadores, e a recompensa é pela obra dos cristãos. A fé está relacionada à salvação; isso está mais do que claro. A obra está relacionada à recompensa; isso também está mais do que claro. Ninguém deve confundir as duas coisas. Romanos 4:4 diz: "Ora, ao que trabalha, o salário não é considerado como favor, e, sim, como divida. Dar uma recompensa a alguém que trabalha não é graça, mas uma divida. Em outras palavras, como alguém pode obter uma recompensa? A recompensa vem pelas obras, e não pela graça. Apocalipse 2:23 diz: li... Eu sou aquele que sonda mente e corações, e vos darei a cada um, segundo as vossas obras." Esse versículo diz que o Senhor fará todos conhecerem que Ele é Aquele que sonda as mentes e os corações, e dará a cada um segundo as suas obras. Em outras palavras, Ele recompensará a cada um segundo as suas obras. Como Ele recompensa? É de acordo com nossa obra. É claro que essa obra não é nossa própria obra, é quando o Espírito Santo vive Cristo em nós, então temos as obras de um cristão. Portanto, esse versículo nos mostra m claramente a questão da recompensa. A questão da recompensa depende de um cristão ser digno ou não. A Primeira Epístola aos Corintios 3: 14 diz: "Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão." Aqui diz que se a sua obra permanecer, ele será recompensado. Não diz que se a sua fé permanecer, ele será recompensado. A questão da recompensa depende da obra da pessoa. A Bíblia distingue claramente salvação de galardão: Ela nunca confunde a salvação e o galardão, e nunca confunde a fé com a obra. Sem a fé, o homem não pode ser salvo. Sem as boas obras, o homem não poder ser recompensado. As obras de alguém devem resistir diante do trono do julgamento e sobreviver ao exame minucioso dos olhos de chama, antes que haja a possibilidade de receber um galardão. Lucas 6 35 diz: "Ama i , porém, os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar nenhuma paga; será grande o vosso galardão (...)". A recompensa é inteiramente devida à obra de alguém. 6
  • 7. Emprestar dinheiro a alguém sem esperar ser pago é sua obra, e amar seu inimigo é sua obra. Você tem de fazer isso para obter a recompensa. Em nenhum lugar a Bíblia menciona que alguém tenha de amar seus inimigos e fazer o bem antes que possa ser salvo. Mas existe o versículo que diz que se você emprestar aos outros e fizer o bem aos outros, a sua recompensa no céu será grande. A recompensa é proveniente da obra e não da fé. A fé pode salvá-Io, mas a fé não pode ajudá-Io a obter a recompensa. A Segunda Epístola a Timóteo 4:14 diz: "Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe dará a paga segundo as suas obras." Aqui é citado um exemplo. Um cristão estava tentando prejudicar Paulo; ele tinha pecado contra Paulo. A pessoa mencionada aqui era um cristão. Ele não era uma pessoa do mundo. No futuro, os cristãos serão recompensados diante de Deus segundo as suas obras. A recompensa é o Reino Muitas pessoas sabem que existe uma diferença entre salvação e recompensa. Contudo, existe um bom número de pessoas que não vê o que é recompensa. Quando o Senhor Jesus diz no evangelho de João que Ele dá a vida eterna para as Suas ovelhas, Ele está falando a realidade e não algumas palavras vazias (João 10:28). Romanos 6 diz que o dom de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor (v. 23). Está tão claro que o dom de Deus é a vida eterna. Então, que é a recompensa? A Bíblia mostra-nos claramente que a recompensa é a coroa, o trono, e o reino dos céus. O reino dos céus é a recompensa. Na Bíblia, existem três aspectos para o reino dos céus. a} No primeiro aspecto, o reino dos céus é a manifestação da autoridade de Deus hoje; é a manifestação da soberania de Deus. A Bíblia chama isso de reino dos céus. b) O segundo aspecto é a autoridade dos céus controlando e limitando o homem. Isso também é chamado de reino dos céus. c) Entretanto, há um terceiro aspecto do reino dos céus, que se refere à recompensa. o sermão do monte, em Mateus 5 a 7, fala do reino dos céus. Estes ensinamentos do Senhor dizemo-nos como o homem pode entrar no reino dos céus. Mateus 5 a 7 repetidamente fala sobre a questão da recompensa. Percebemos muito claramente que as palavras "o reino dos céus" e a palavra "recompensa" são encontradas juntas muitas vezes. Nas Bem aventuranças lemos: "Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados; Bem aventurados os mansos, porque herdarão a terra; Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos; Bem aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus; e também, bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus", o reino dos céus é mencionado duas vezes nessas poucas bem aventuranças. No final o Senhor diz: 7
  • 8. "Bem aventurados sais quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus (...)"(Mt5: 11, 12). Aqui devemos admitir que a recompensa é o reino dos céus. O Senhor começa dizendo que este tipo e aquele tipo de pessoa é bem aventurada porque o reino dos céus é deles. No final Ele diz que essas pessoas são bem aventuradas, porque a recompensa delas é grande nos céus. Essas sentenças mostram-nos que o reino dos céus é a recompensa de Deus. Não há diferença entre os dois. - No sermão do monte, o Senhor mencionou a questão da recompensa muitas vezes, pois esta porção diz respeito ao reino. Mateus 5:46 diz: "Porque se amardes os que vos amam, que recompensa tendes?" Mateus 6: 12 diz: "Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa." o versículo 5 diz: "E, quando orardes, não sereis como os hipócritas (o..) eles já receberam a recompensa." O versículo 16 diz: "Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas (...) eles já receberam a recompensa." O versículo 4 diz: "Para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará" O versículo 6 diz: "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, e, fechada a porta orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará" A parte final do versículo 18 diz: "E teu Pai, que vê em secreto, te recompensará" Todo leitor da Bíblia concorda que o assunto principal do sermão no monte em Mateus 5 a 7 é o reino dos céus. Mas aqui, a questão da recompensa é também mencionada repetidamente, porque o reino dos céus é a recompensa. Mateus 16:2728 diz: "Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme as suas obras." Deus recompensará ou disciplinará uma pessoa salva de acordo com as suas obras. "Em verdade vos digo que alguns aqui se encontram que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino." Há três fatos aqui. Primeiro, o homem será recompensado de acordo com suas obras. A questão da recompensa é inteiramente baseada nas obras. Segundo, em que momento a recompensa será distribuída? Ela será distribuída quando Cristo vier na glória de Seu Pai com Seus anjos. Quando Cristo vier na glória de Seu Pai com Seus anjos, aquele será o tempo em que Ele estabelecerá Seu reino sobre a terra. Portanto, sqmente quando o reino iniciar é que a recompensa iniciará. Os versículos em Mateus 6, que acabamos de ler acerca da recompensa por dar, por orar, e por jejuar, todos envolvem recompensa. Alguns pensam que a recompensa por orar é a 8
  • 9. resposta de Deus à nossa oração. Entretanto, esse não é todo o significado. O Senhor Jesus disse que devemos orar ao Pai que está em secreto, e nosso Pai que vê em secreto nos recompensará E possível interpretar isso como o Pai respondendo nossa oração. I Contudo, tanto na primeira parte quando o Senhor menciona o dar! esmolas, quanto na segunda parte quando Ele menciona o jejum, i Ele disse: "E teu Pai que vê em secreto te recompensará" Essa recompensa deve referir-se a algo no futuro. Além disso, o Senhor disse que devemos orar ao Pai que vê em secreto. Não diz que o Pai ouve em secreto, mas Ele vê em secreto. Quando Deus distribuir a recompensa no futuro, Ele dará de acordo com o que Ele vê. Deus vê com Seus olhos. Portanto, a recompensa é no futuro. Apocalipse 11: 15 diz: "O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos." O versículo 18 diz: .. Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o teu nome, assim aos pequenos como aos grandes (...)." Esse versículo mostra-nos claramente que quando o Senhor tornar-se o Rei e o reino do mundo tornar-se o reino de nosso Senhor e do Seu Cristo, aquele será o tempo para se dar a recompensa aos santos, aos pequenos e aos grandes. Em outras palavras, o tempo do reino é o tempo da recompensa. Quando o reino vier, a recompensa virá também. . Há um ponto adicional. A recompensa é a obtenção da coroa e a obtenção do trono. Certa vez um missionário disse-me: "Se não posso ter a coroa, pelo menos posso ter o reino." Você pode perguntar à rainha da Inglaterra se ela perder sua coroa, ainda terá o reino? Que é uma coroa? Não é simplesmente um chapéu esculpido em ouro e enfeitado com diamantes. Esse tipo de coroa pode ser obtido com um pouco de dinheiro. Que é uma coroa? Uma coroa representa uma posição no reino. Ela também representa glória no reino. Se uma coroa for apenas um objeto, ela não significa muito. Se alguém tiver dinheiro, pode fazer uma de ouro. Se não tiver dinheiro, pode fazer uma de bronze ou de ferro. Mesmo alguém muito pobre. pode ainda confeccionar uma coroa de pano. No futuro, não será uma questão de uma coroa ser maior que a outra em tamanho, ou de uma ter mais diamantes que a outra. Uma coroa representa algo. Quando alguém perde a coroa, ele perde aquilo que a coroa representa. Temos que ver que a coroa é o símbolo do reino. Que é o trono? A Bíblia mostra-nos que os doze apóstolos sentar -se-ão em doze tronos. A coroa é uma recompensa para os vencedores, e o trono também é uma recompensa para os vencedores. Portanto, o trono também é um símbolo do reino. Ele representa uma posição no reino, autoridade no reino, e a glória no reino. Não existe algo como perder a coroa, mas ainda ter o reino. Semelhantemente, ninguém pode perder o trono e ainda ter o reino. Se alguém perder o trono, também perderá o reino. Assim também, se alguém perder a coroa, perderá o reino. O trono e a coroa em si mesmos não são significativos; eles existem apenas para representar o reino. Em outras palavras, a recompensa é o reino. A Bíblia mostra-nos claramente que a recompensa é simplesmente o reino. Qualificações para Entrar no Reino 9
  • 10. Deixamos claro que o reino é o tempo 1 em que Deus recompensará os cristãos conforme as suas obras. No reino, os crentes fiéis serão recompensados, e os infiéis serão punidos. Muitas pessoas pensam que se um cristão for infiel, mesmo que possa ter de ocupar uma posição inferior, ele, contudo, o fará dentro do reino. Muitos que não compreendem a Palavra de Deus e a obra de Deus, pensam que Ihes está garantida uma entrada no reh10 dos céus. Eles pensam que, quando o Senhor Jesus vier para reinar, haverá simplesmente uma distinção entre as mais altas e as mais baixas posições no reino; que ninguém perderá totalmente o reino dos céus. Entretanto, no reino dos céus, haverá não somente distinção entre as posições mais altas e mais baixas, como também distinção entre ser permitido entrar e ser deixado de fora. A Bíblia mostra.;.nos que há uma nítida diferença entre dez cidades e cinco cidades, entre uma coroa grande e urna pequena, e entre uma glória maior e uma menor. Como uma estrela difere de outra, assim também são diferentes as posições no reino. Não somente há diferença entre as mais baixas e as mais altas posições no reino; há também a distinção de estar apto ou não para entrar. 1) Fazer a vontade do Pai A Bíblia revela-nos uma verdade muito séria. Apesar de uma pessoa ter a vida eterna, ela ainda pode ser rejeitada no reino dos céus. Um versículo que fala disso é Mateus 7:21: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus." Nesse versículo, todas as pessoas referem-se ao Senhor como "Senhor". O Senhor fará uma distinção entre os discípulos que podem entrar no reino dos céus e os que não podem. O Senhor mostra-nos claramente, aqui, que a condição para entrar no reino dos céus é fazer a vontade de Deus. Embora alguns tenham sido salvos e tenham o chamado do Senhor, e embora tenham realizado alqumas obras, todavia, sem fazer a vontade de Deus, não podem entrar no reino dos céus. Se alguém não for fiel enquanto viver na terra, embora não vá perder a vida eterna perderá o reino dos céus. Quando chegar o tempo de os céus reinarem, isto é, quando o Senhor Jesus vier pela segunda vez, alguns não estarão aptos a entrar no reino, mas virão a perdê-Io. Primeiramente o Senhor mencionou esse assunto no versículo 21. A seguir, nos versículos 22 e 23, Ele explicou-nos a questão em forma de profecia. Haverá muitos, não somente um ou dois, que não farão a vontade de Deus. --- I "Muitos, naquele dia hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então Ihes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. " Aqui o Senhor Jesus nos diz o que ocorrerá diante do trono de julgamento. Ele diz: "Naquele dia". Portanto, isso não se refere a hoje, mas ao futuro. Há muitos que labutam, mas não vêem a luz de Deus em suas vidas. Quando o tempo do trono do julgamento vier, e quando Cristo começar a julgar a partir da casa de Deus,' esses cristãos terão luz pela primeira vez. Eles verão que estão errados na sua posição e no seu viver. 10
  • 11. Naquele dia muitos dirão perante o Senhor: "Não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?" Dentro de uma só frase, a expressão "em teu nome" é mencionada três vezes. Isso prova que estas pessoas são do Senhor. O fato de dizerem: "Senhor, Senhor", prova que a posição delas é a de um cristão. Elas não somente dizem que profetizam, expelem demônios e fazem milagres; elas fazem isso no nome do Senhor. A menção de "em teu nome" por três vezes, mostra-nos o relacionamento delas com o Senhor. Surpreendentemente, o Senhor Ihes diz: " Então Ihes direi explicitamente: Nunca vos conhecL" Muitos acham que tais pessoas certamente não são salvas. Mas se elas não fossem salvas, então a palavra do Senhor aqui não teria significado. Mateus 7 é a conclusão do sermão no monte, dando seqüência à palavra do Senhor acerca das bem aventuranças. Essas palavras no monte foram ditas pelo Senhor Jesus aos discípulos. Após o Senhor ter subido na montanha, Seus discípulos seguiram-No, e a partir do capitulo 5 até o capitulo 7, Ele abriu a boca e passou a ensiná- Ios. O Senhor Jesus disse que eles não deveriam chamá-Lo de Senhor apenas com a boca. Se eles O chamavam de Senhor, deveriam fazer a vontade do Pai. Mesmo que tivessem as obras exteriores de profetizar, expelir demônios e fazer milagres, essas obras não deveriam substituir a vQntade do Pai. Fazer a vontade do Pai é uma coisa, enquanto profetizar, expelir demônios e fazer milagres são coisas totalmente diferentes. Algumas vezes, pode-se profetizar, expelir demônios e fazer milagres sem fazer a vontade do Pai. Devemos lembrar-nos não somente de chamá-Lo de Senhor com nossa boca,. mas também de fazer a vontade do Pai em nosso andar. Se o Senhor estivesse falando acerca de pessoas não salvas, essa palavra perderia totalmente o significado, pois se essas pessoas fossem não salvas, não importaria muito para os discípulos ouvirem ou não a Sua palavra. o Senhor Jesus, aqui, deve estar advertindo os salvos, falando sobre salvos. Ele não pode estar advertindo os salvos, falando sobre não salvos. Suponha que uma pessoa tenha uma criada e duas filhas, e suponha que essa pessoa dissesse para a filha mais jovem: "Você está vendo essa criada? Ela não nasceu de mim; estou despedindo ela. Você deve ser obediente hoje. Se não for obediente, farei com você assim como estou fazendo com ela." Essa palavra é coerente? Uma criada não nasceu na família. Se ela for desobediente, pode ser demitida. Mas a filha da família não é uma criada. Não se pode aplicar a uma filha a maneira de tratar uma criada. A mãe deveria dizer: "Na noite anterior castiguei sua irmã, pois ela foi desobediente. Agora, se cuide. Se você não for obediente, vou castigá-Ia da mesma forma." A mãe deve tomar a irmã como um exemplo. Uma criada não pode ser usada para comparação. Não existe motivo para o Senhor usar os não salvos como exemplo para mostrar aos discípulos que eles precisam fazer a vontade de Deus. Se Ele fizesse isso, os discípulos poderiam levantar-se e dizer: "Eles são os não salvos, mas nós somos os salvos." Se dissessem isso, ninguém poderia dizer mais nada. O que o Senhor Jesus está dizendo é isto: "Muitas pessoas são filhos de Deus. Elas são salvas e são como você é. Elas chamam-Me de . Senhor' e têm realizado muitas obras. Mas, apesar disso, elas estão excluídas do reino. Por essa razão você deve ser cuidadoso. Você deve fazer a vontade de Deus." Somente dessa maneira os discípulos saberão que, embora realizem muitas obras, se não fizerem a vontade de Deus, receberão a mesma punição. O Senhor estava advertindo- 11
  • 12. nos de que somente que fazem a vontade de Deus podem entrar no reino. Se alguém confiar em sua própria obra para se achegar diante de Deus, o Senhor Jesus lhe dirá: "Não conheço você." Permitam que eu Ihes dê outro exemplo. Suponham que o filho de um juiz dirija descuidadamente e bata em outro carro. Ele é levado pela policia até a corte para uma audiência. O juiz pergunta: "Jovem, qual é o seu nome? Quantos anos tem? Onde você mora?" Abatido, no tribunal, o filho pode pensar: 'Você deve saber todas essas coisas melhor do que eu." Ele pode responder às poucas perguntas iniciais. Mas depois de algum tempo pode gritar ao pai: "Pai, você não me conhece?" Então, que deveria o juiz fazer? Ele poderia bater seu martelo e dizer: "Eu não o conheço. Em minha casa, eu o conheço. Mas, na corte, nunca o conheci. " Se alguém vir a questão do reino, perceberá que no reino a questão não é se uma pessoa é salva ou não nem se é um filho de Deus ou não; o que realmente conta é a sua obra depois de tornar-se um crente. Por que o Senhor disse: "Nunca vos conheci',? A próxima sentença explica: "Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade." Por favor, lembrem-se de que o Senhor não Ihes disse para apartarem- se da vida eterna. No original grego o significado de "os que praticais a iniqüidade" é de pessoas que não seguem regras, não guardam a lei, ou não aceitam regulamentos. Aos olhos de Deus, fazer o mal não significa apenas fazer coisas más. Não importa quanto uma pessoa tenha feito; uma vez que ela não tenha prestado atenção à exigência de Deus, ao Seu julgamento, e ao Seu arranjo soberano, isso é maligno aos olhos de Deus. O problema aqui não é de se fazer o mal, mas de não ter princípios. Que são os princípios? Os princípios são a palavra de Deus. Mas que é a palavra de Deus? A palavra de Deus é a vontade de Deus. Se você não estiver fazendo a vontade de Deus, não importa o que faça, o Senhor Jesus dirá que você é iníquo. Os que fazem as coisas segundo seu próprio ego não terão parte no reino dos céus. Meu propósito ao dizer essas coisas é mostrar-Ihes a importância das obras de um cristão. A Bíblia mostra-nos claramente que uma pessoa, após crer no Senhor, embora nunca vá perder a vida eterna, ela pode perder seu lugar e glória no reino. Se não fizermos a vontade de Deus, mas, em vez disso, fizermos obras de acordo com nossa própria vontade, seremos excluídos do reino. Nada pode substituir a vontade de Deus. Todos os que nunca aprenderam a não trabalhar para Deus, não são dignos de trabalhar para Ele. Aqueles que não sabem como parar a sua própria obra, certamente nada sabem sobre a vontade de Deus. Somente aqueles que conhecem a vontade de Deus conseguem parar de trabalhar. Deus quer que primeiro obedeçamos à Sua vontade e, depois, que trabalhemos. Existe uma grande diferença entre trabalhar e fazer a vontade de Deus. 2) Esmurrar o corpo para agradar ao Senhor Outra passagem que alguns interpretam mal, como se referisse à perdição, na verdade, refere-se também à perda do reino e à perda da recompensa. A Primeira Epístola aos Corintios 9:2327 diz: "Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele. Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à ! escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado.1t I 12
  • 13. Paulo temia que, tendo pregado a outros, ele mesmo fosse reprovado. Aqui, Paulo estava dizendo que ele também poderia ser reprovado. Qual é, aqui, o significado de ser reprovado? E em que se está sendo reprovado? No versículo 24, Paulo se compara a alguém que está participando de uma corrida, na qual somente um levará o prêmio. Portanto, o problema aqui não é uma questão de salvação, mas de receber o prêmio. Paulo está falando sobre como uma pessoa salva pode receber o prêmio; ele não está falando de como alguém não salvo pode ser salvo. Somente os filhos de Deus podem participar da corrida e perseguir o prêmio que Ele deseja que ganhemos. Se alguém não é filho de Deus, não está sequer qualificado para entrar na corrida. Em nenhum lugar na Bíblia é dito que a salvação é ganha por corrermos a carreira. A Bíblia nunca diz que se alguém for capaz de correr, então será salvo. Se assim fosse, poucos seriam salvos, e a salvação dependeria de obras. A Bíblia diz que o prêmio vem pelo correr; Deus colocou-nos em uma pista de corrida de modo a corrermos a carreira. Qual é o prêmio? O versículo 25 diz: "Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível." Aqui é dito que o prêmio é uma coroa. Já mencionamos antes que a coroa representa a glória e o reino. Portanto, a palavra "desqualificado" não se refere à perda da salvação. A palavra "desqualificado", no versículo 27, significa fracassar em receber a coroa e o prêmio. Se Paulo podia ser desqualificado, então todos nós temos possibilidade de o ser. Se Paulo podia perder seu prêmio e sua coroa, então cada um de nós também tem a possibilidade de perder o prêmio e a coroa. O versículo 26 indica o motivo de ser desqualificado: "Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar." Paulo tinha um propósito e uma direção. Ele não desferia golpes no ar. O seu alvo e direção era aquilo que ele disse em 2 Corintios 5: que ele anelava ser agradável ao Senhor (v. 9). Quer vivesse ou morresse nesta terra, o seu desejo era agradar ao Senhor. Como ele correu a carreira? Ele não a correu desleixadamente. Ele tinha uma direção certa e um alvo definido. Ele não desferia golpes no ar. Ele não fazia simplesmente o que outros diziam que fizesse. Tampouco fazia algo apenas porque a necessidade estava presente. Nós não somos para a obra, mas para agradar ao Senhor. Se quisermos receber o prêmio, que devemos fazer? "Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão" (v. 27). Muitos estimam seu próprio corpo acima do prêmio. Entretanto, Paulo disse que dominava seu corpo; ele era capaz de controlá-Io. Paulo podia controlar a concupiscência de seu corpo, as exigências excessivas de seu corpo, e os desejos de seu corpo. Ele não permitia que seu corpo prevalecesse. Ele disse que esmurrava seu corpo e fazia dele seu escravo. Se um cristão pode ou não agradar ao Senhor, depende se ele pode ou não controlar seu corpo. Devemos ver que todos os que não podem controlar seu próprio corpo perderão seu prêmio e sua coroa. Embora possam pregar o evangelho a outros, eles mesmos serão desqualificados. Nós, cristãos, somos salvos de uma vez por todas e jamais perderemos nossa salvação. Mas quando o Senhor Jesus voltar na Sua glória para governar a terra, Ele não dará coroas para todos. Alguns não estarão aptos para entrar no reino e não estarão aptos para receber uma coroa. A palavra do Senhor é muito clara acerca da salvação e da I vida eterna: ambas são totalmente provenientes da graça. Além do I mais, se alguém pode ou não entrar no reino dos céus, depende de I suas obras. Acabamos de ver que temos de fazer a vontade de Deus. Aqui vemos que 13
  • 14. é necessário esmurrar nosso próprio corpo. Podemos realizar muitas obras exteriormente, mas enquanto não restringirmos nosso corpo, não nos será permitido entrar no reino. Na Bíblia parece haver um número fixo de coroas. Apocalipse 3:11 diz: . "Venho logo. Segura com firmeza o que tens, para que ninguém tome a tua coroa" (BJ). Alguns que não compreendem a Bíblia, não sabem qual a diferença entre uma recompensa e um dom. Tampouco sabem a diferença entre a coroa e a salvação de Deus. Eles acham que a salvação pode ser tirada deles. A palavra "tome", aqui, não se refere à salvação, mas à coroa. Alguém pode estar salvo e, no entanto, perder a coroa. Se você for frouxo, e não segurar com firmeza, perderá sua coroa. Alguma outra pessoa poderá tirá-Ia de você. Apocalipse 2: 1 O tem uma palavra semelhante a essa: " Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida." Aqui não diz dar a vida, mas dar a coroa da vida. A vida é obtida pela fé; ela não é obtida pela fidelidade. Se uma pessoa não tiver fé, ela não poderá ter vida. Mas se uma pessoa for infiel depois de ter vida, ela perderá a coroa da vida. Portanto, se um cristão não tiver boas obras após ser salvo, embora não vá perder a vida, ele, contudo, perderá a coroa. 3) Edificar com ouro, prata e pedras preciosas A passagem mais clara na Bíblia acerca da recompensa é 1 Corintios 3 1415: "Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo". Isso nos mostra claramente o que um cristão não pode perder e o que ele pode perder. Uma vez que uma pessoa seja salva, certamente está salva para sempre. Contudo, se tal pessoa receberá ou não um galardão, não pode ser decidido hoje. A salvação eterna de um cristão já está determinada. Mas a recompensa futura é uma questão ainda pendente. Ela é decidida pela maneira como alguém edifica sobre o fundamento do Senhor' Jesus. A nossa salvação independe de como edificamos. Ela depende apenas de como o Senhor edifica. Se a Sua obra é perfeita, certamente estamos salvos. Entretanto, se receberemos ou não a recompensa, ou se sofreremos perda, depende da nossa própria obra de edificação. Se alguém edifica com ouro, prata e pedras preciosas, coisas com valor eterno, sobre o fundamento do Senhor Jesus, este certamente receberá um galardão. Contudo, se ele edifica com madeira, feno e palha, não receberá um galardão diante de Deus. Ele pode ter muito diante do homem, contudo não terá muito diante de Deus. Isso nos mostra que é possível que um homem perca seu galardão e tenha sua obra queimada. Permitam-me repetir isto: Graças a Deus que a questão da nossa salvação eterna foi decidida há mais de mil e novecentos anos. Quando o Filho de Deus foi levado à cruz, a nossa salvação foi decidida. Mas, se vamos receber ou não a recompensa, depende de como nos conduzimos. A verdade do evangelho é muito equilibrada. A salvação depende totalmente do Senhor Jesus. A concessão da salvação depende totalmente do Senhor Jesus. Entretanto, se alguém pode obter sua recompensa ou não, depende da sua própria obra de edificação. O homem deve crer e também trabalhar. Esse trabalho não é propriamente dele, mas é aquilo que o Espírito 14
  • 15. Santo tem trabalhado nele. Aqui vemos que é possível perder nosso galardão. E igualmente possível sermos reprovados para o reino e privados da nossa coroa. Participando da glória de Cristo Gostaria de saber se vocês alguma vez pensaram no tipo de glória com que Deus recompensará Cristo no milênio, por aquilo que Ele sofreu há dois mil anos. Uma recompensa deve equiparar-se ao sofrimento. Se um homem for rebaixado à mais inferior posição, sua recompensa deverá ser a maior. Suponha que sua casa pegue fogo ou que você se encontre em sério perigo, e um empregado seu se arrisque e quase perde a vida tentando salvá-Io. Como você o recompensaria? Você diria: "Eu o recompenso com vinte centavos"? Ninguém faria isso. A recompensa tem de equiparar-se ao sofrimento. Cristo glorificou a Deus de tal maneira e sofreu tal morte na cruz. Como Deus recompensará Cristo no futuro? E como Ele glorificará Cristo? O reino será o tempo no qual Cristo e os cristãos receberão a glória juntos. O reino é o tempo no qual Deus recompensará Cristo. Naquele tempo, nós também teremos uma porção. Se vamos ser achados dignos de receber a glória do Senhor, dependerá totalmente do resultado do nosso andar e trabalho pessoais. Não existe a questão de mérito no novo céu e nova terra. Mas no reino, somente os que tiverem mérito receberão a glória. O Senhor sofreu perseguição, dificuldades e humilhação. Se hoje sofrermos perseguição, dificuldades e humilhação, da mesma forma, nós partilharemos uma porção com Ele no reino vindouro. AS PARÁBOLAS DE MA TEUS 24 As parábolas do Senhor Jesus registradas em Mateus 24 elucidam mais alguns pontos sobre a recompensa para os cristãos vencedores. A promessa da recompensa bem como a certeza da disciplina devem encorajar-nos a viver uma vida piedosa, aguardando e apressando a vinda do Senhor (2 Pe 3: 11, 12a). "Assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem" (Mt 24:37). A situação das pessoas no tempo da volta do Senhor será como nos dias de Noé, quando "comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento" (v. 38). Comer, beber e casar são necessidades legítimas do ser humano e foram originalmente estabeleci das por Deus para a existência do homem. Por que, então, teriam sido aqui mencionadas como característica negativa da época da volta do Senhor? Houve algum tempo em que as pessoas não comiam, não bebiam nem se casavam? O problema está em que, devido à concupiscência do homem, Satanás usa essas necessidades legítimas da vida humana para ocupar o homem e distraí-Io dos interesses de Deus. Não há problema algum em comer ou beber, mas quando isso é transformado em concupiscência, em gula ou embriaguez, quando o homem dá mais importância ao prazer do que à saciedade de sua necessidade física, isso é pecado. Em relação ao casamento, ao relacionamento entre homem e mulher, o quadro é muitíssimo pior. O mundo hoje aceita como normal divórcio, adultério, fomicação e homossexualismo. O casamento, que simboliza a relação de amor entre Cristo e a igreja, tem sido maculado e envergonhado por causa do pecado do homem. Portanto, esse tempo de prazer 15
  • 16. desenfreado, que desvirtuou tudo o que Deus fez, banalizando e tornando comum o pecado, é um real sinal de que a vinda do Senhor se aproxima. Os cristãos genuínos, que amam o Senhor e Sua Palavra, conhecem o padrão que Ele estabeleceu em relação a esses assuntos; por isso, com certeza, sentem-se profundamente incomodados e revoltados com todo esse quadro. No entanto, a situação moral da humanidade irá piorar até atingir o seu clímax à época que antecede a vinda do Senhor. A sociedade humana está entorpecida pelos prazeres carnais e mundanos e o inimigo de Deus, Satanás, se utiliza das necessidades da vida para envenenar os homens criados por Deus e inutilizá-Ios para o propósito para que foram criados. As pessoas que se envolvem com o pecado ficam com a consciência cauterizada e com o coração endurecido para o Senhor. É comum encontrarmos pessoas que não aceitam o evangelho por saber que terão de abandonar sua vida caída e mundana, e muitos preferem permanecer na prática do mal do que reconciliar-se com Deus. Comer, beber e casar foram determinados por Deus para o homem, a fim de manter sua existência, porém foram usurpados por Satanás e tomaram-se uma armadilha para o homem, mantendo-o afastado de Deus. Apesar de o Senhor estar-se referindo à situação do mundo, isso serve também de alerta para os cristãos. Muitos bons cristãos têm sofrido dano em seu serviço a Deus por causa de sua ansiedade com a subsistência e por problemas de pecados morais. Precisamos comer e beber, mas não podemos viver ansiosos por causa disso. Como cristãos, como filhos do Pai Celestial, devemos confiar em Seu cuidado por nós e por Sua provisão (Mt 6:2534). Em relação ao casamento, precisamos mantê-Io em honra e em dignidade (Hb 114), fugindo de quaisquer situações ou pessoas que possam levar-nos ao pecado (2 Tm 2:22; Gn 39:712). Com isso, estaremos preparados para a vinda do Senhor. Um Serã Tomado e Deixado o Outro "Então dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra" (Mt 24:40, 41). Enquanto as pessoas do mundo estiverem entorpeci das pelas coisas materiais e pelo pecado, sem nenhuma percepção do juízo vindouro, alguns cristãos sóbrios e vigilantes serão tomados. Os dois homens nesses versículos são cristãos e as duas mulheres são cristãs. Isso é confirmado no versículo 42, em que lemos: "Vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor". O Senhor não exortaria pessoas não salvas a vigiarem, tampouco é Senhor dos não salvos. Ser tomado significa ser arrebatado. Isso deve ocorrer pouco antes da rande tribulação (Ap 3: 10). Esse é um sinal da vinda do Senhor. E interessante observar que os dois homens estarão no campo e as duas mulheres estarão trabalhando num moinho. Ou seja, eles estarão envolvidos com seu trabalho cotidiano, secular. Muitos imaginam ser arrebatados em meio a uma reunião cristã gloriosa, cheia de louvores, ou em ir para um alto monte a fim de receber o Senhor de mãos erguidas. No entanto, o Senhor Jesus disse claramente que isso ocorreria quando estivéssemos em nossas atividades comuns e diárias. As pessoas do mundo estudam ou trabalham apenas para comer, beber' e casar-se de maneira pecaminosa; elas são usurpadas pelos prazeres carnais e mundanos. Nós, os cristãos, também estudamos e trabalhamos para manutenção da nossa existência, mas essas coisas não são o objetivo de nossa vida; nosso alvo ao trabalhar e ao realizar todas as tarefas comuns da vida humana é simplesmente expressar a Deus onde estivermos, pois vivemos para cumprir Seu eterno propósito. 16
  • 17. Alguns têm a idéia de que um cristão não precisa estudar ou trabalhar e, sim, ler a Bíblia e orar o dia todo. Mas o Senhor Jesus mostra-nos claramente que o arrebatamento ocorrerá quando os cristãos estiverem fazendo seu trabalho normal. Devemos ser fiéis em nossos deveres diários, precisamos ter uma vida equilibrada entre nossas obrigações seculares e familiares e nossa vida espiritual. Não podemos permitir que nossas atividades cotidianas nos desviem de buscar o crescimento de vida espiritual, tampouco podemos ser irresponsáveis com nossas obrigações seculares alegando sermos muito "espirituais". Quanto mais espiritual um cristão é, mais equilibrado, sóbrio e prático ele é. Por que apenas um foi tomado e o outro deixado? Não são ambos salvos, cristãos genuínos? Sem dúvida, são; contudo eles são diferentes em sua maturidade espiritual. Para sermos arrebatados, precisamos estar maduros espiritualmente. Isso não ocorre de um momento para o outro, mas é um processo longo e lento, que durará toda a vida cristã. Todos os dias temos oportunidade de amadurecer um pouco. Cada vez que tomarmos a cruz, cada vez que negarmos a nós mesmos, cada vez que abdicarmos de nossas opiniões ou vontades para fazer a vontade do Senhor, vivendo em constante união com Ele e alimentados por Sua Palavra, daremos passos seguros em direção à maturidade. Infelizmente, muitos cristãos não estarão maduros à época do arrebatamento, o qual servirá como um sinal e um alerta para os que forem deixados. Vigiar e Estar Apercebidos "Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor' (Mt 24:42). o Senhor virá secretamente, como um ladrão. Um ladrão, ao entrar em urna casa, procura apenas coisas de valor para roubar, não se interessando por quinquilharias ou imitações. O Senhor Jesus comparou Sua vinda à de um ladrão para demonstrar que virá roubar os que Lhe são preciosos, os cristãos que têm valor com o Seu testemunho e Sua vida nesta terra. Se ao longo de nossa vida cristã buscarmos crescimento e maturidade de vida, permitindo que o Espírito Santo nos transforme, seremos cOmO pedras preciosas que o Senhor, na Sua vinda, levará secretamente. Essa é a vinda secreta do Senhor para os servos vigilantes, os vencedores. A Parábola do Servo Fiel e Prudente Na parábola do servo fiel e prudente encontraremos a ênfase de servir a Deus por meio de servir a Seus filhos. Quanto mais crescidos, quanto mais experimentarmos a maturidade espiritual, espontaneamente desejaremos servir aos irmãos. O crescimento na vida espiritual nos levará a servir os irmãos; ao servi-Ias, sentiremos mais e mais necessidade de sermos maduros e buscaremos mais crescimento. Isso se toma um ciclo de vida, que nos fará vencedores. Na parábola, o Senhor Jesus pergunta: "Quem é, pois, o servo fiel e prudente a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-Ihes o sustento a seu tempo?" (v. 45). A fidelidade está relacionada ao Senhor. Desde que fomos salvos, o Senhor espera que Lhe sejamos fiéis, não apenas tomando-O como único Senhor e Deus, mas também fazendo toda a Sua vontade. Por outro lado, prudência refere-se ao nosso relacionamento com as pessoas. Como cristãos, não podemos viver de qualquer maneira, agindo precipitadamente ou sem medir as conseqüências de nossos atos. Por vivermos pela vida de Deus, 17
  • 18. cristão é, mais equilibrado, sóbrio e prático. ele é. Por que apenas um foi tomado e o outro deixado? Não são ambos salvos, cristãos genuínos? Sem dúvida, são; contudo eles são diferentes em sua maturidade espiritual. Para sermos arrebatados, precisamos estar maduros espiritualmente. Isso não ocorre de um momento para o outro, mas é um processo longo e lento, que durará toda a vida cristã. Todos os dias temos oportunidade de amadurecer um pouco. Cada vez que tomarmos a cruz, cada vez que negarmos a nós mesmos, cada vez que abdicarmos de nossas opiniões ou vontades para fazer a vontade do Senhor, vivendo em constante união com Ele e alimentados por Sua Palavra, daremos passos seguros em direção à maturidade. Infelizmente, muitos cristãos não. estarão maduros à época do arrebatamento, o qual servirá como um sinal e um alerta para os que forem deixados. Vigiar e Estar Apercebidos "Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor" (Mt 24:42). o Senhor virá secretamente, como um ladrão. Um ladrão, ao entrar em uma casa, procura apenas coisas de valor para roubar, não se interessando por quinquilharias ou imitações. O Senhor Jesus comparou Sua vinda à de um ladrão para demonstrar que virá roubar os que Lhe são preciosos, os cristãos que têm valor com o Seu testemunho e Sua vida nesta terra. Se ao longo de nossa vida cristã buscarmos crescimento e maturidade de vida, permitindo que o Espírito Santo nos transforme, seremos como pedras preciosas que o Senhor, na Sua vinda, levará secretamente. Essa é a vinda secreta do Senhor para os servos vigilantes, os vencedores. A Parábola do Servo Fiel e Prudente Na parábola do servo fiel e prudente encontraremos a ênfase de servir a Deus por meio de servir a Seus filhos. Quanto mais crescidos, quanto mais experimentarmos a maturidade espiritual, espontaneamente desejaremos servir aos irmãos. O crescimento na vida espiritual nos levará a servir os irmãos; ao servi-Ias, sentiremos mais e mais necessidade de sermos maduros e buscaremos mais crescimento. Isso se toma um ciclo de vida, que nos fará vencedores. Na parábola, o Senhor Jesus pergunta: "Quem é, pois, o servo fiel e prudente a quem o senhor confiou os seus conservos para dar-Ihes o sustento a seu tempo?" (v. 45). A fidelidade está relacionada ao Senhor. Desde que fomos salvos, o Senhor espera que lhe sejamos fiéis, não apenas tomando-O como único Senhor e Deus, mas também fazendo toda a Sua vontade. Por outro lado, prudência refere-se ao nosso relacionamento com as pessoas. Como cristãos, não podemos viver de qualquer maneira, agindo precipitadamente ou sem medir as conseqüências de nossos atos. Por vivermos pela vida de Deus, o problema desse servo não é desconhecer que o Senhor virá, mas é não esperá-Lo. Ele não vive como alguém preparado para a volta do Senhor, especialmente no que se refere ao seu relacionamento com outros cristãos e com as pessoas do mundo. Portanto, quando o Senhor voltar, esse cristão será colocado com os hipócritas. Isso não significa que ele irá para a perdição eterna, para o lago de fogo, pois, uma vez salvo, é salvo para sempre, mas será cortado da glória vindoura do Senhor. Isso equivale a ser excluído da recompensa do reino. O Senhor se refere a isso como ser lançado nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes por mil anos. Ali ele lamentará por não ter sido fiei e prudente enquanto viveu na terra. 18
  • 19. Esperando e Apresando Essas parábolas apresentam a disciplina que sofrerão os cristãos que não estiverem maduros à época da volta do Senhor. Mesmo não perdendo a salvação, os que não tiverem sido vigilantes, não tiverem buscado a maturidade espiritual e não se tiverem importado em cuidar de seus conservos sofrerão certo tipo de prejuízo. O fato de a salvação ser eterna não significa que podemos viver de qualquer maneira, como quem- não tem de acertar contas com o Senhor. Se considerarmos com seriedade o que nos é apresentado nessas parábolas, veremos que haverá grande dano para quem não viver de acordo com a vontade do Senhor. Esta parábolas apresenta fatos muito simples e comuns nossas ocupações seculares e nosso relacionamento com outros cristãos e com as pessoas do mundo que poderão decidir se seremos ou não vencedores. Tudo dependerá de como vivemos, de como nos portamos nessas situações. Vale a pena empenharmo-nos em viver de maneira vigilante, vale a pena abrir nosso coração e dispormo-nos a servir os irmãos. Se formos vencedores, ganharemos a recompensa de participar do milênio, como coreis com Cristo; se não formos, perderemos o galardão, o gozo do reino. Por esse motivo, Paulo nos alerta em 2 Coríntios 5: 10: "Importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo". "Ter feito o bem" corresponde a edificar com ouro, prata e pedras preciosas, a ser vigilante e a alimentar os conservos; "ter feito o mal" corresponde a edificar com madeira, feno e palha, a andar desapercebido e a espancar os conservas e andar com pessoas dissolutas. O dia desse julgamento está muito próximo. Portanto, é tempo de avaliar nossa vida com Deus à luz de Sua Palavra. Se percebermos que ainda não estamos preparados para a vinda do Senhor, por vivermos excessivamente envolvidos com o mundo, ansiosos com nossa subsistência, ou porque nosso relacionamento com os irmãos é frio e indiferente, precisamos nos arrepender. O Senhor tem tardado Sua volta esperando que nos arrependamos; por isso, devemos viver de maneira santa, esperando e apressando a vinda do Senhor (2 Pe 1912). A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS No Evangelho de Mateus encontramos duas profecias, em forma de parábolas, referentes à volta do Senhor. Elas enfatizam dois aspectos diferentes da vida cristã em relação à segunda vinda de Cristo: estarmos vigilantes e cheios do azeite do Espírito, e sermos fiéis e prudentes. "O reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo" (25: 1). Na Bíblia, dez significa a maior parte de doze (Gn 42:3,4; 1 Rs 11 :30, 3 1; Mt 20:24); doze, por sua vez, relaciona-se à totalidade do povo de Deus, como vemos, por exemplo, nas doze tribos de Israel. Assim, as dez virgens representam a maior parte dos cristãos. Em Mateus 24, os dois homens no campo ou as duas mulheres no moinho representam os cristãos que estarão vivos até a volta do Senhor. Todavia, à época da volta do Senhor, a maioria dos cristãos, desde o início da igreja, obviamente já terá morrido. Esses são representados pelas dez virgens. Mesmo referindo-se aos cristãos que descansaram no Senhor, há nessa parábola princípios espirituais importantes. 19
  • 20. Ninguém pode garantir que estará vivo quando o Senhor voltar, portanto, é necessário estarmos preparados para encontrá-Lo, quer vivos, quer Nele descansando. Mateus 25:5 diz: fiE, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono, e adormeceram". Aos olhos de Deus, um cristão não morre, mas adormece (1 Ts 4: 13). Todos os que receberam a salvação em Jesus morreram com Ele na cruz e, por isso, não podem morrer novamente; portanto, adormecem, descansam ou dormem no Senhor. Por esse motivo, podemos dizer que as dez virgens que foram tomadas de sono e adormeceram representam os salvos que morreram e os que terão morrido até a volta do Senhor. É importante enfatizar que a palavra "virgens" refere-se a cristãos genuínos. Em 2 Coríntios 11 :2, Paulo disse aos cristãos Coríntios que eles eram como virgem pura preparada para Cristo. Quando nos tomamos essas virgens aos olhos de Deus? Ao crer em Cristo. Quando cremos Nele, recebemos Sua vida. Durante o tempo em que esteve na terra, Cristo foi absolutamente fiel ao Pai, vivendo de maneira santa, não se contaminando com o pecado ou o mundo. Quando recebemos Sua vida, recebemos também Sua santidade e Sua fidelidade. Paulo, considerando isso, comparou- nos a uma virgem pura. Todos os cristãos, homens ou mulheres, aos olhos de Deus, são virgens sendo preparadas para o casamento com Cristo. Tomar as Lâmpadas As virgens, tomando suas lâmpadas, saíram a encontrar-se , com o noivo. As lâmpadas representam o espírito humano (Pv 20:27). Quando somos salvos, recebemos a vida de Deus por meio do Espírito de Deus em nosso espírito. O Espírito Santo, na Bíblia, é representado pelo azeite. O azeite era usado nas lâmpadas para molhar um pavio que, aceso, gerava luz. Assim, as lâmpadas nessa parábola representam nosso espírito unido com o Espírito Santo (ci. Rm 8: 16; 1 Co 6: 17). O Senhor Jesus disse que os cristãos são a luz do mundo e que sua luz deve brilhar diante dos homens (Mt 5: 1416). Essa luz é, na verdade, a luz do Espírito de Deus brilhando dentro do nosso espírito. Desse modo, podemos ser a luz do mundo, como lâmpada que brilha nesta era de trevas (Fp 2:15), e testemunhamos de Deus para glorificá-Lo (Mt 5: 16). Mesmo quando a Bíblia fala de obras, a ênfase não está em fazermos coisas para Deus, mas em permitir que Deus trabalhe em nós, transformandonos e, desse modo, espontaneamente nossa vida O manifestarádiante das pessoas. Na parábola isso é representado pelo fato de as virgens não carregarem armas nem ferramentas para trabalho. Isso demonstra que nosso testemunho diante das pessoas não está relacionado ao que fazemos, mas especialmente ao que somos. Por termos o Espírito Santo em nosso espírito, podemos testemunhar de Deus e brilhar por Ele. Saíram a Encontrar-se com o Noivo A parábola diz que as virgens saíram a encontrar-se com o noivo. Isso também indica que as virgens são os cristãos que morreram, saindo, assim, do mundo. Nessa parábola, Cristo é apresentado como o noivo amado (Jo 3:29; Mt 9:15). Aqui Ele não é um general, a quem obedecemos por obrigação, mas é um noivo, a quem seguimos por amor. É por amá-lO que fugimos do pecado, pois não queremos fazer nada que O desagrade ou ofenda. É por amar ao Senhor que rejeitamos o mundo e não nos deixamos envolver por ele, pois queremos 20
  • 21. amar exclusivamente ao nosso Noivo. É por amá-lo que negamos a nós mesmos, pois reconhecemos que nossa vontade é contrária à Sua, e nos deleitamos em fazer a Sua vontade. A todo o tempo, mesmo a cada instante, devemos sair, sair de nós mesmos, sair do mundo, sair de nossos pensamentos vãos para encontrar-nos com o Noivo, nosso amado Jesus. Cinco Virgens Néscias Entre as dez virgens, cinco eram néscias, e cinco prUdentes (Mt 25:2). Isso não significa que essa seja, necessariamente, a proporção entre cristãos néscios e prudentes. O número cinco, na Bíblia, indica responsabilidade. Podemos ver o motivo disso em nossa mão. É possível, com certa dificuldade, pegarmos qualquer coisa com apenas quatro dedos. Mas se quisermos pegar algo com firmeza, precisaremos dos cinco. A divisão das virgens em dois grupos de cinco indica que todos os cristãos devem assumir a responsabilidade de se encherem de azeite, que é o Espírito de Deus. O número cinco é composto de quatro mais um. Quatro, na Bíblia, refere-se à criação de Deus, especialmente ao homem, e um, ao Criador, o único Deus. Isso quer dizer que nós mesmos, como o número quatro, não somos suficientes para arcar com a responsabilidade do testemunho de Deus isso somente é possível pelo adicionar da vida de Deus a nós. Por isso o Senhor disse em João 15:5: "Sem mim nada podeis fazer". . As virgens néscias não são cristãos falsos, como alguns afirmam. Todas as dez mulheres são virgens, implicando serem iguais em natureza diante de Deus. Além disso, todas elas tinham lâmpadas que brilhavam. A diferença entre elas é que as néscias, ao tomar suas lâmpadas não levaram azeite consigo (Mt 25:3). O azeite ou o óleo representa o Espírito de Deus (Is 61:1; Hb 1:9). Essas cinco virgens eram néscias porque só tinham o óleo na lâmpada, mas não a porção extra de óleo nas vasilhas, ou seja, elas tinham o espírito regenerado pelo Espírito Santo, mas não haviam sido cheias do Espírito Santo. Cinco Virgens Sábias "No entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas" (v. 4). O homem é um vaso feito por Deus (Rm 9:21, 23, 24) e a personalidade do homem está na sua alma. Portanto, as vasilhas aqui referem-se à alma dos cristãos. O homem foi criado com três partes: espírito, alma e corpo (1 Ts 5:23). No momento em que recebemos o Senhor, o Espírito Santo entrou em nosso espírito, regenerando-o e trazendo para dentro de nós a vida de Deus. Por termos recebido a vida eterna, estamos qualificados a participar da Nova Jerusalém. Esse é o primeiro estágio da nossa salvação e foi realizado exclusivamente por Deus. Por outro lado, o processo da salvação deve desenvolverse no estágio da transformação da alma, e isso é absolutamente responsabilidade nossa. Qual é o resultado da transformação de nossa alma? Suas três partes mente, vontade e emoção serão alcançadas; pela vida de Deus: nossa mente será renovada (Rm 122), nossa vontade será obediente ao Senhor (Jo 7:17; Tg 4:7) fazendo Sua vontade (Lc 22:42; Fp 2:13) e nossa emoção amará ao Senhor acima de todas as coisas (Mt 10:3739). O resultado final dessa transformação será nossa maturidade espiritual e o galardão no reino milenar. Por esse motivo, não podemos nos contentar apenas com a regeneração do nosso espírito, mas precisamos buscar diariamente o enchimento do azeite, do Espírito Santo, para que Ele permeie todas as partes da nossa alma, transformando-nos de glória em glória, na própria imagem 21
  • 22. do Senhor, o Espírito (2 Co 3: 18). Se diariamente nos enchemos com Espírito Santo, Ele transbordará do nosso espírito, a lâmpada, e penetrará cada parte da nossa alma, que é a vasilha. Somente assim, teremos- a porção extra do azeite. Dessa forma, seremos virgens prudentes. Tardando o Noivo "E, tardando o noivo, foram todas tomadas de sono, e adormeceram" (Mt 25:5). Quase dois mil anos se passaram desde a Sua ascensão, e o Senhor ainda não veio. Muitas pessoas pensam que iSSQ não ocorrerá, podendo, portanto, viver de qualquer maneira, como se não tivessem de prestar contas a ninguém. Por não conhecerem o Senhor, é natural que pensem assim. Há muitos cristãos que não crêem na segunda vinda. de Cristo ou se crêem não. vivem de acordo com isso. Nosso amado Noivo áinda não veio porque está nos dando oportunidade para arrependimento, para que deixemos de viver para nós mesmos e vivamos absolutamente para Ele (2 Pe 19). Desde a ascensão do Senhor, ao longo dos séculos, muitos cristãos morreram e outros morrerão até a Sua vinda. Esses são as virgens que adormeceram. A Vinda do Noivo À meia noite, a hora mais escura da noite, veio o noivo. Isso significa que o Senhor virá no tempo de maior escuridão desta era de trevas ao final da grande tribulação. O grito que avisa da chegada do noivo (Mateus 25:6) é a voz do arcanjo mencionada em 1 Tessalonicenses 4:16. Ao ouvir o grito, as virgens se levantaram e prepararam, suas lâmpadas. "Levantar-se" é a ressurreição predita em 1 Tessalonicenses 4:14, 16 e em 1 Coríntios 15:52. O fato de as virgens irem ao noivo com suas lâmpadas indica também que após a ressurreição ainda teremos de responder pelos nossos atos enquanto vivemos na terra. As néscias tentaram obter azeite das prudentes, porém porção extra do Espírito não pode ser dada por um cristão a outro, mas cada um é responsável por obtê-Ia. Assim, elas saíram para comprar. A aplicação disso é que para obter essa porção extra do Espírito Santo temos de pagar um preço, tal como deixar o mundo, negar o ego, buscar o Senhor e considerar tudo como perda por causa de Cristo. A era da graça é o tempo apropriado para isso, mas se não estivermos dispostos a pagar esse preço hoje, ainda teremos de pagá-Io após a ressurreição, por mil anos. "E, saindo elas para comprar, chegou o noivo, e as que estavam apercebidas entraram com ele para as bodas; e fechou-se a porta" (v. 10). "Mais tarde, chegaram as virgens néscias, clamando: Senhor, senhor, abre-nos a porta! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo que não vos conheço" (Mt 25: 11, 12). A expressão "não conhecer", em grego, pode ser melhor traduzida para não reconhecer, não aprovar (encontramos a mesma expressão com o mesmo significado em Lucas 13:25 e em João 1:26,31; 8:19). Isso demonstra que o Senhor não aprova um viver cristão desleixado, sem busca espiritual, sem disposição de abandonar as exigências da alma e da carne para ter mais de Cristo. Enquanto viviam, essas virgens não pagaram o preço exigido para obter a porção extra do óleo perdendo, assim, o direito de participar das bodas do Cordeiro. Depois que o Noivo vier, já será 22
  • 23. tarde. Elas perderam a recompensa, pois não foram aprovadas para as bodas. Mas é preciso repetir enfaticamente: elas não perderam a salvação. Vigiai! "Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora' (Mt 25: 13). Ao dizer que desconhecemos a hora e o dia em que virá, o Senhor Jesus estava enfatizando a necessidade de estarmos preparados. Se estivermos prontos, amadurecidos, se tivermos deixado todas as coisas para ganhar mais da vida do Senhor, certamente seremos arrebatados. Devemos viver uma vida vigilante e preparada para a volta do Senhor; devemos ser vigilantes contra toda a ação de Satanás que tentará desviar-nos do alvo de Deus; devemos estar vigilantes para não satisfazer as concupiscências da carne, a fim de não sermos achados em pecado quando o Senhor voltar. Essa palavra do Senhor deve nos encorajar a vigiar e a não vivermos descuidados. Nosso alvo é sermos virgens prudentes! A PARÁBOLA DOS TALENTOS Antes de tratar da parábola dos talentos, é importante relembrar que na Bíblia existe uma grande diferença entre a perdição eterna e a perda da recompensa durante o milênio. F alamos anteriormente que nossa salvação é eterna: uma vez salvos, somos salvos para sempre (Jo 10:28). Todavia, isso não significa que após a salvação podemos viver de maneira desleixada, por termos a garantia de que não JLerderemos. Deus é justo; Ele não pode tratar da mesma maneira um cristão que viveu; absolutamente para Ele e outro que, após a salvação, continuou a viver nos prazeres do pecado e do mundo. Por isso haverá recompensa ou disciplina na era vindoura, o milênio. Os cristãos que tiverem amadurecido, os que permitiram que o Espírito Santo saturasse sua alma, serão recompensados com as bodas do Cordeiro, enquanto os outros serão amadurecidos "à força", mas com choro e ranger de dentes. Após os mil anos, todos os cristãos de todos os tempos, ou seja, todas as pessoas de todas as épocas e lugares, que um dia genuinamente receberam a Jesus como seu Senhor e Salvador, participarão da Nova Jerusalém, do novo céu e nova terra, pela eternidade. Há muitos versículos na Bíblia referentes à disciplina no milênio que são interpretados como indicadores da possibilidade de perdermos a salvação. É preciso entender a diferença entre esses dois fatos, a fim de termos uma vida cristã vitoriosa e segura. Portanto, mesmo que a distinção entre essas duas verdades seja "novidade" para muitos, pelo desconhecimento que há sobre elas, devemos considerar seriamente esse assunto em oração diante de Deus e conferi-Io com as Escrituras. Os judeus da cidade de Beréia foram considerados mais nobres que os de T essalônica, pelo fato de conferir com as Escrituras tudo o que Paulo e Silas Ihes ensinavam (At 17: 10, 11). O resultado foi que muitos deles creram (v. 12). Devemos proceder da mesma maneira. A autoridade última em relação às verdades divinas é a Bíblia. Por isso devemos examiná-Ia com atenção e oração, a fim de verificar que ela ensina claramente a eternidade da salvação dos cristãos e a existência de uma disciplina para os que não amadurecerem até o final da era da graça. Conhecer que nossa salvação é eterna e que poderemos ser recompensados ou disciplinados de acordo com nossa maturidade espiritual, levar-nos-á a uma vida cristã estável e vitoriosa, pois estaremos "correndo" para um alvo certo e definido. Paulo estava se referindo a isso quando disse: 23
  • 24. "Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal m eira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; ,assim luto, não como desferindo golpes no ar" (1 Co 9:2426). Como ele corria, devemos nós correr também, visando alcançar o grande prêmio, que é o próprio Cristo. Estudaremos agora, sucintamente, a parábola dos talentos (Mt 25: 14-30). . A parábola das dez virgens está relacionada à vida, e a dos talentos, ao serviço. No aspecto da vida, os cristãos são virgens, e a exigência é que sejam vigilantes; quanto ao serviço, somos servos, o que implica sermos fiéis. Portanto, não podemos negligenciar nem o aspecto da vida (aspecto interior, subjetivo, da experiência com Deus) nem o aspecto do serviço (aspecto exterior, objetivo, I resultado da comunhão com Deus). A parábola dos talentos, por sua vez, também está relacionada ao serviço, mas especificamente I ao adequado uso dos dons que de Deus recebemos. I Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e Ihes confiou os seus bens" (v. 14). O "homem" aqui refere-se a Cristo. Ele entregou Seus bens aos Seus servos. Os cristãos, ao mesmo tempo que são filhos de Deus, são servos ou escravos de Cristo (1 Co 7:22, 23; 2 Pe 1: 1; Tg 1: 1; Rm 1: 1). No aspecto da vida, somos virgens vivendo unicamente para Cristo (2 Co 11: 2), e no aspecto do serviço nós O servimos como escravos comprados por Seu precioso sangue. tiA um deu cinco talentos, à outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e então partiu" (Mt 25: 15). Os talentos nessa parábola representam os dons espirituais (Ef4:7, 8; Rm 12:6; 1 Co 12:4; 1 Pe 4: 10; 2 Tm 1: 6). Para servir ao Senhor precisamos de dons. Muitas pessoas, ao tornarem-se cristãs, pensam usar para o Senhor seus talentos naturais, suas habilidades "de nascimento". Isso, no entanto, é abominável para Deus, pois tais habilidades pertencem ao homem caído, velha criação, à natureza pecaminosa. Os talentos de que Deus necessita no serviço a Ele são dons espirituais, são dons que nos são dados por Ele após a nossa salvação. Somente com esses dons podemos servir ao Senhor como bons servos a .fim de realizar Sua obra. No momento em que recebemos a vida de Deus, por meio da regeneração, tomamo-nos membros do Corpo de Cristo e membros uns dos outros. Num corpo, nem todos os membros têm a mesma função (Rm 12:4, 5). Em nosso corpo físico, cada membro sabe exatamente qual é sua função e sabe como agir em coordenação com os outros membros. No Corpo de Cristo, porém, precisamos descobrir a função de cada membro, e é especialmente necessário que aprendamos a servir junto com outros irmãos. Negociando com os Talentos O que recebera cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco. Assim também o que recebera dois ganhou outros dois (Mt 25:16, 17). Devemos usar ao máximo os dons que recebemos do Senhor, sem desperdiçá-Ios, pregando o evangelho, ministrando vida e verdade a outros, e pastoreando os que precisam de cuidado. O resultado disso será a edificação da igreja e a multiplicação de nossos talentos. Uma das 24
  • 25. mais importantes tarefas de um servo de Deus é suprir comida aos outros servos da casa de Deus (24:45). Devemos ministrar a Palavra de Deus com as riquezas insondáveis de Cristo (Ef 3:8) a fim de nutrir nossos COnservos. Por meio desse serviço, as pessoas serão ricamente alimentadas e os bens do Senhor se multiplicarão. "Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor' I (v. 18). Há cristãos que receberam apenas um talento e, por isso, não o valorizam, considerando-se sem importância e sem utilidade para Deus e para a igreja. Normalmente são estes os que não multiplicam o talento que receberam, isto é, "enterram" o dom dado pelo Senhor. Precisamos ser sábios: se recebemos apenas um talento do Senhor, devemos, mais do que os outros, empenhar- nos em multiplicá-Io. Se nos consagrarmos ao Senhor, para servi-lo de acordo com Sua vontade, nossos dons espirituais se multiplicarão e nos tomaremos mais e mais úteis para a edificação da igreja. Acerto de Contas ! "Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles" (v. 19). "Muito tempo" aqui refere-se à era i da igreja e "voltou" refere-se à vinda do Senhor nos ares (1 Ts 4: 16, 17); "ajustar contas" refere-se ao julgamento no tribunal de Cristo (2 Co 5: 10; Rm 14: 10) nos ares, onde nossa vida, conduta e I obra serão julgadas para recompensa ou punição (1 Co 4:5; Mt . 16:27; Ap 22:12; 1 Co 3:1315). Esse tempo está cada vez mais próximo; por isso precisamos considerar seriamente como temos usado os dons espirituais ganhos de Deus. Os dons espirituais nos I foram dados por Deus e a Ele prestaremos contas de seu uso nada! é realmente nosso, mas foi-nos entregue para administrarmos em nome de Deus e para o Seu propósito. O que recebera cinco talentos entregou os outros cinco que ganhara. Disse-lhe o senhor: "Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel I no pouco, sobre o muito te colocarei: entra no gozo do teu senhor" : (Mt 25:21 ). . "Pouco" refere-se ao nosso serviço ao Senhor nesta era e . "sobre o muito", à autoridade para governar no reino vindouro. 0 1"gozo" do Senhor é o desfrute do Senhor na era vindoura, o milênio. A recompensa dos servos fiéis tem, portanto, dois aspectos: eles receberão autoridade para governar sobre as nações durante o i milênio, e desfrutarão de maneira especial da Pessoa do Senhor I Jesus. O que recebera dois talentos entregou a seu amo os outros dois que ganhara. O louvor e a recompensa do senhor a ele foram os mesmos dados ao de cinco talentos. É interessante observar que a ambos servos, tanto o que recebera cinco como o que recebera dois, seu senhor Ihes disse que eles tinham sido fiéis "no pouco". Isso prova que sermos aprovados não depende do quanto fizemos para Deus, e, sim, de nossa fidelidade em usar plenamente os dons que Ele nos deu. Não considere os irmãos de cinco talentos como se fossem predestinados para serem vencedores e os de um talento como marcados para as trevas exteriores. Isso é uma mentira diabólica, que visa tão somente desanimar e paralisar muitos filhos de Deus. Se o que recebera um JÉilento tivesse sido fiel em multiplicá-Io, ele também seria colocado sobre o muito e entraria no gozo do seu senhor. "Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste, e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu"(vs. 24, 25). 25
  • 26. Esse que recebera um talento não é uma pessoa incrédula, não salva, como interpretam alguns. Uma pessoa não salva não pode receber dons espirituais de Deus, tampouco será levada a julgamento no tribunal de Cristo. Aparentemente o Senhor é severo, como disse o último servo, pois parece exigir que trabalhemos para Ele a partir do nada. Na verdade, Ele mesmo nos supre com toda a graça e vida de que necessitamos para servi-lo. Nossa responsabilidade é trabalhar, multiplicar os dons que recebemos. Talvez para os de cinco e dois talentos seja mais fácil usá-Ias, talvez o de um talento seja mais tímido e despreparado. Todavia, isso não deve ser desculpa para negligenciarmos o uso do dom que recebemos. Se somos os de um talento, isso deve forçar-nos a exercitar a fé mais do que os outros para usar mais diligentemente nosso dom. Se para nós é mais difícil usar o espírito ou manter-nos separados para Deus, então precisamos nos esforçar mais que os outros. O que importa é que alcancemos o prêmio. Tenhamos a certeza de que o Senhor, ao nos dar dons, sabe que somos capazes de multiplicá-Ios; Ele está semeando e espera ceifar. Esconder na terra o talento é envolver-se com as coisas terrenas, mundanas, e não com as espirituais, tomanda-se, por isso, inativo e infrutuoso. Quanto mais envolvidos com os cuidados e prazeres desta vida, menos interesse teremos pelas coisas espirituais. Por exemplo, alguns cristãos nunca têm tempo para visitar a outros a fim de ministrar-Ihes cuidado, pois estão a todo tempo envolvidos com as coisas do mundo. Outros se acham fracos demais para pastorear ou pregar o evangelho. lembre-se, porém: por mais fraco que você seja, por mais inútil que você se considere, tenha a certeza de que sempre haverá pessoas ainda mais fracas que necessitam do seu cuidado. Nunca devemos menosprezar os poucos dons que recebemos. Devemos ser fiéis no pouco que o Senhor nos deu e os dons se multiplicarão. Também não podemos argumentar que nos falta tempo para cuidar dos outros. Se nosso coração estiver cheio de amor por Deus e por Sua igreja, por mais ocupados que sejamos, sempre conseguiremos reservar algum tempo para usar nossos dons a favor de Cristo e a igreja. Choro e Ranger de Dentes "Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente", (y. 26). Aquele senhor foi ríspido e severo com seu servo, pois ele nem mesmo havia tentado investir seu talento para devolvê-Io ao senhor com juros (v. 27). O servo deveria ter entregue o dinheiro do seu senhor (o dinheiro, apesar de estar nas mãos do servo, ainda era de seu senhor. Isso confirma que às dons espirituais que o Senhor nos deu ainda são Dele; nossa função é simplesmente administrá-Ias aos banqueiros. Isso representa o uso dos talentos na igreja. Disse o senhor aos outros servos: "Tirai-Ihe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez" (Mt 25:28). O dom do Senhor, no reino vindouro, será tirado daqueles que são negligentes. O uso dos dons é uma oportunidade que nos foi dada pelo Senhor a fim de que, nesta era, cresçamos em Sua vida e recebamos mais da Sua graça'. Portanto, após a era da graça, esses dons não terão mais razão de existir e serão tirados dos que não os multiplicaram. E acrescentou o Senhor: "E o servo inútil lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes" (v. 30). "Ser lançado nas trevas" aqui não denota a perdição eterna de um falso cristão. Como já vimos, o fato de esse homem ser chamado de servo e a ele terem sido dados dons, prova que ele é um cristão genuíno. Desse modo, as trevas aqui mencionadas referem-se à punição de cristãos genuínos que não foram fiéis. Há vários versículos em Mateus que falam de alguém ser lançado nas trevas exteriores (8:12; 22:13; 24:51; 25:30). Uma vez mais, reafirmamos: essas 26
  • 27. passagens referem-se a cristãos genuínos, genuin'amente regenerados pelo Espírito Santo que, todavia, não foram vencedores. Esses santos não vencedores não serão lançados no lago de fogo, mas nas trevas exteriores, o que significa ficar fora da esfera da glória de Deus durante a era do reino vindouro. Um Encorajamento Deus nos escolheu antes da fundação do mundo. De antemão, Ele nos conhecia e sabia que, mesmo após O conhecermos, ainda lhe seríamos infiéis muitas e muitas vezes. Ele conhece nossa estrutura, sabe de nossas fraquezas, de nossas dificuldades para prosseguirmos com Ele. Por isso, Deus nos dá o galardão do reino como um encorajamento, um. estímulo adicional para O buscarmos. Participar dessa festa, dessa comunhão íntima, dessa porção especial por mil anos não é algo pequeno, sem importância, mas é uma bênção indescritível prometida para todos os cristãos. Há um preço a pagar, um caminho estreito a seguir, mas os que aceitarem ser vencedores obterão uma recompensa que olhos humanos nunca viram, cuja descrição nenhum ouvido jamais ouviu nem jamais foi possível ao coração do homem conceber (d. 1 Co 2:9). Entrar no gozo de nosso Senhor é um prêmio pelo qual vale a pena entregar toda a nossa vida e pagar o preço que for necessário. Bibliografia Compilado de: Todos os textos são um resumo e adaptação de T. S. Watchman Nee 27