O documento discute as regras e implementação do Novo Acordo Ortográfico no Brasil, incluindo: a simplificação das regras ortográficas e aumento do prestígio da língua portuguesa internacionalmente, a adoção gradual das novas regras entre 2009-2013, e que o acordo já havia sido assinado em 1990 por países lusófonos.
1. O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as regras ortográficas da Língua
Portuguesa e aumentar o prestígio social da língua no cenário internacional. Sua
implementação no Brasil segue os seguintes parâmetros: 2009 – vigência ainda não
obrigatória, 2010 a 2012 – adaptação completa dos livros didáticos às novas regras; e a
partir de 2013 – vigência obrigatória em todo o território nacional. Cabe lembrar que
esse “Novo Acordo Ortográfico” já se encontrava assinado desde 1990 por oito países
que falam a língua portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas só agora é que teve sua
implementação.
É equívoco afirmar que este acordo visa uniformizar a língua, já que uma língua não existe
apenas em função de sua ortografia. Vale lembrar que a ortografia é apenas um aspecto
superficial da escrita da língua, e que as diferenças entre o Português falado nos diversos
países lusófonos subsistirão em questões referentes à pronúncia, vocabulário e gramática.
Uma língua muda em função de seus falantes e do tempo, não por meio de Leis ou Acordos.
A queixa de muitos estudantes e usuários da língua escrita é que, depois de internalizada
uma regra, é difícil “desaprendê-la”. Então, cabe aqui uma dica: quando se tiver uma dúvida
sobre a escrita de alguma palavra, o ideal é consultar o Novo Acordo (tenha um sempre em
fácil acesso) ou, na melhor das hipóteses, use um sinônimo para referir-se a tal palavra.
Mostraremos nessa série de artigos o Novo Acordo de uma maneira descomplicada,
apontando como é que fica estabelecido de hoje em diante a Ortografia Oficial do Português
falado no Brasil.
Alfabeto
A influência do inglês no nosso idioma agora é oficial. Há muito tempo as letras “k”, “w” e “y”
faziam parte do nosso idioma, isto não é nenhuma novidade. Elas já apareciam em unidades
de medidas, nomes próprios e palavras importadas do idioma inglês, como:
km – quilômetro,
kg – quilograma
Show, Shakespeare, Byron, Newton, dentre outros.
Trema
Não se usa mais o trema em palavras do português. Quem digita muito textos científicos no
computador sabe o quanto dava trabalho escrever linguística, frequência. Ele só vai
permanecer em nomes próprios e seus derivados, de origem estrangeira. Por exemplo,
Gisele Bündchen não vai deixar de usar o trema em seu nome, pois é de origem alemã.
(neste caso, o “ü” lê-se “i”)
Faz-se necessário revisar alguns pontos gramaticais que nos ajudarão a compreender
as regras da acentuação gráfica da Língua Portuguesa.
Quanto à classificação da sílaba, as palavras podem ser:
Átonas – quando não há ênfase na pronúncia de uma sílaba.
Tônicas – quando há ênfase na pronúncia de uma sílaba.
2. Ex. A palavra “mato” tem duas sílabas: a primeira “ma” – é tônica; a segunda “to” – é
átona.
Quanto à posição da sílaba tônica, as palavras podem ser:
Oxítonas – quando a sílaba forte encontra-se na última sílaba de uma palavra.
Ex. saci, funil, parabéns, café, calor, bombom.
Paroxítonas – quando a sílaba forte encontra-se na penúltima sílaba.
Ex. escola, sossego, dormindo, amável.
Proparoxítonas – quando a sílaba forte encontra-se na antepenúltima sílaba.
Ex. pêndulo, lâmpada, rápido, público, cômico.
Quanto à classificação dos encontros vocálicos:
Ditongo: encontro de duas vogais numa só sílaba.
Ex. céu, véu, coisa, ideia.
Hiato: encontro de duas vogais em sílabas separadas.
Ex. fa-ís-ca, i-dei-a, pa-pa-gai-o, ba-i-nha.
Quanto ao número de sílabas, as palavras podem ser:
Monossílabas – com apenas uma sílaba.
Ex. mau, mês, vi, um, só
Dissílabas – com duas sílabas.
Ex. Ca-fé, Ca-sa, mui-to, li-vro, rou-pa, rit-mo
Trissílabas – palavras com três sílabas.
Ex. Eu-ro-pa, cri-an-ça, ma-lu-co, tor-na-do
Polissílabas – palavras com quatro ou mais sílabas.
Ex. Pa-ra-pei-to, es-tu-dan-te, u-ni-ver-si-da-de, la-bi-rin-ti-te.
As gramáticas costumam ainda classificar os monossílabos (palavras com apenas uma
sílaba) em dois tipos:
Monossílabo átono: palavras de uma sílaba fraca, ou seja, pronunciada sem ênfase.
Estes podem ser:
Artigos: o, a, um...
3. Pronomes Pessoais Oblíquos: se, te, ti, lhe, o, a...
Pronome relativo: que
Conjunção: e, ou, mas, nem...
Preposição: dos, de, à, na...
Monossílabo tônico: palavras de uma sílaba tônica, ou seja, pronunciadas com
ênfase, que podem ser:
Verbos: li, vi, ter, ser, dê...
Substantivos: sol, mar, flor, dor, mel...
Adjetivos: mau, bom, má...
Pronomes: eu, tu, nós, mim...
Advérbios: lá, cá, bem, já...
Segundo o Novo Acordo Ortográfico
QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em “A”, “E”, “O”, seguidas ou não de “S”, inclusive
as formas verbais quando seguidas de “LO(s)” ou “LA(s)”. Também recebem acento as
oxítonas terminadas em ditongos abertos, como “ÉI”, “ÉU”, “ÓI”, seguidos ou não de “S”
Ex.
Chá Mês nós
Gás Sapé cipó
Dará Café avós
Pará Vocês compôs
vatapá pontapés só
Aliás português robô
dá-lo vê-lo avó
recuperá-los Conhecê-los pô-los
guardá-la Fé compô-los
réis (moeda) Véu dói
méis céu mói
pastéis Chapéus anzóis
ninguém parabéns Jerusalém
Resumindo:
Só não acentuamos oxítonas terminadas em “I” ou “U”, a não ser que seja um caso de hiato.
Por exemplo: as palavras “baú”, “aí”, “Esaú” e “atraí-lo” são acentuadas porque as vogais “i”
e “u” estão tônicas nestas palavras.
2. Acentuamos as palavras paroxítonas quando terminadas em:
4. L – afável, fácil, cônsul, desejável, ágil, incrível.
N – pólen, abdômen, sêmen, abdômen.
R – câncer, caráter, néctar, repórter.
X – tórax, látex, ônix, fênix.
PS – fórceps, Quéops, bíceps.
Ã(S) – ímã, órfãs, ímãs, Bálcãs.
ÃO(S) – órgão, bênção, sótão, órfão.
I(S) – júri, táxi, lápis, grátis, oásis, miosótis.
ON(S) – náilon, próton, elétrons, cânon.
UM(S) – álbum, fórum, médium, álbuns.
US – ânus, bônus, vírus, Vênus.
Também acentuamos as paroxítonas terminadas em ditongos crescentes
(semivogal+vogal):
Névoa, infância, tênue, calvície, série, polícia, residência, férias, lírio.
3. Todas as proparoxítonas são acentuadas.
Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, pálido, sândalo, crisântemo, público, pároco,
proparoxítona.
QUANTO À CLASSIFICAÇÃO DOS ENCONTROS VOCÁLICOS
4. Acentuamos as vogais “I” e “U” dos hiatos, quando:
Formarem sílabas sozinhos ou com “S”
Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e-go-ís-ta.
IMPORTANTE
Por que não acentuamos “ba-i-nha”, “fei-u-ra”, “ru-im”, “ca-ir”, “Ra-ul”, se todos são “i” e
“u” tônicas, portanto hiatos?
Porque o “i” tônico de “bainha” vem seguido de NH. O “u” e o “i” tônicos de “ruim”, “cair” e
“Raul” formam sílabas com “m”, “r” e “l” respectivamente. Essas consoantes já soam forte
por natureza, tornando naturalmente a sílaba “tônica”, sem precisar de acento que reforce
isso.
5. Trema
Não se usa mais o trema em palavras da língua portuguesa. Ele só vai permanecer em
nomes próprios e seus derivados, de origem estrangeira, como Bündchen, Müller, mülleriano
(neste caso, o “ü” lê-se “i”)
6. Acento Diferencial
O acento diferencial permanece nas palavras:
pôde (passado), pode (presente)
pôr (verbo), por (preposição)
5. Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se a 3ª pessoa do verbo está no singular ou
plural:
SINGULAR PLURAL
Ele tem Eles têm
Ele vem Eles vêm
Essa regra se aplica a todos os verbos derivados de “ter” e “vir”, como: conter, manter,
intervir, deter, sobrevir, reter, etc.
O QUE MUDOU:
Trema
Não se usa mais o trema, salvo em nomes próprios e seus derivados.
Acento diferencial
Não é preciso usar o acento diferencial para distinguir:
1. Para (verbo) de para (preposição)
“Esse carro velho para em toda esquina”.
“Estarei voltando para casa daqui a uma hora”.
1. Pela, pelo (verbo pelar) de pela, pelo (preposição + artigo) e pelo (substantivo)
2. Polo (substantivo) de polo (combinação antiga e popular de por e lo).
3. pera (fruta) de pera (preposição arcaica).
A pronúncia ou categoria gramatical dessas palavras dar-se-á mediante o contexto.
Acento agudo
Ditongos abertos “ei”, “oi”
Não se usa mais acento nos ditongos ABERTOS “ei”, “oi” quando estiverem na penúltima
sílaba.
He-roi-co ji-boi-a
As-sem-blei-a i-dei-a
Pa-ra-noi-co joi-a
OBS. Só vamos acentuar essas letras quando vierem na última sílaba e se o som delas
estiverem aberto.
Céu véu
Dói herói
6. Chapéu beleléu
Rei, dei, comeu, foi (som fechado – sem acento)
Não se recebem mais acento agudo as vogais tônicas “I” e “U” quando forem paroxítonas
(penúltima sílaba forte) e precedidas de ditongo.
feiura baiuca
cheiinho saiinha
boiuno
Não devemos mais acentuar o “U” tônico os verbos dos grupos “GUE/GUI” e “QUE/QUI”. Por
isso, esses verbos serão grafados da seguinte maneira:
Averiguo (leia-se a-ve-ri-gu-o, pois o “U” tem som forte)
Arguo apazigue
Enxague arguem
Delinguo
Acento Circunflexo
Não se acentuam mais as vogais dobradas “EE” e “OO”.
Creem veem
Deem releem
Leem descreem
Voo perdoo
enjoo
Outras dicas
Há muito tempo a palavra “coco” – fruto do coqueiro – deixou de ser acentuada. Entretanto,
muitos alunos insistem em colocar o acento: “Quero beber água de côco”.
Quem recebe acento é “cocô” – palavra popularmente usada para se referir a excremento.
Então, a menos se que queira beber água de fezes, é melhor parar de colocar acento em
coco.
Para verificar praticamente a necessidade de acentuação gráfica, utilize o critério das
oposições:
Imagem armazém
7. Paroxítonas terminadas em “M” não levam acento, mas as oxítonas SIM.
Jovens provéns
Paroxítonas terminadas em “ENS” não levam acento, mas as oxítonas levam.
Útil sutil
Paroxítonas terminadas em “L” têm acento, mas as oxítonas não levam porque o “L”, o “R” e
o “Z” deixam a sílaba em que se encontram naturalmente forte, não é preciso um acento
para reforçar isso.
É por isso que: as palavras “rapaz, coração, Nobel, capataz, pastel, bombom; verbos no
infinitivo (terminam em –ar, -er, -ir) doar, prover, consumir são oxítonas e não precisam
de acento. Quando terminarem do mesmo jeito e forem paroxítonas, então vão precisar de
acento.
Novo Acordo Ortográfico Descomplicado (Parte
V) - Uso do Hífen
Tem se discutido muito a respeito do Novo Acordo Ortográfico e a grande queixa entre os
que usam a Língua Portuguesa em sua modalidade escrita tem gerado em torno do seguinte
questionamento: “por que mudar uma coisa que a gente demorou um tempão
para aprender?” Bom, para quem já dominava a antiga ortografia, realmente essa mudança
foi uma chateação. Quem saiu se beneficiando foram os que estão começando agora a
adquirir o código escrito, como os alunos do Ensino Fundamental I.
Se você tem dificuldades em memorizar regras, é inútil estudar o Novo Acordo
comparando “o antes e o depois”, feito revista de propaganda de cosméticos. O ideal é
que as mudanças sejam compreendidas e gravadas na memória: para isso, é preciso colocá-
las em prática.
Não precisa mais quebrar a cabeça: “uso hífen ou não”?
Regra Geral
A letra “H” é uma letra sem personalidade, sem som. Em “Helena”, não tem som; em
"Hollywood”, tem som de “R”. Portanto, não deve aparecer encostado em prefixos:
pré-história
anti-higiênico
sub-hepático
super-homem
Então, letras IGUAIS, SEPARA. Letras DIFERENTES, JUNTA.
Anti-inflamatório neoliberalismo
Supra-auricular extraoficial
Arqui-inimigo semicírculo
8. sub-bibliotecário superintendente
Quanto ao "R" e o "S", se o prefixo terminar em vogal, a consoante deverá ser dobrada:
suprarrenal (supra+renal)
ltrassonografia (ultra+sonografia)
minissaia antisséptico
contrarregra megassaia
Entretanto, se o prefixo terminar em consoante, não se unem de jeito nenhum.
Sub-reino
ab-rogar
sob-roda
ATENÇÃO!
Quando dois “R” ou “S” se encontrarem, permanece a regra geral: letras iguais, SEPARA.
super-requintado super-realista
inter-resistente
CONTINUAMOS A USAR O HÍFEN
Diante dos prefixos “ex-, sota-, soto-, vice- e vizo-“:
Ex-diretor, Ex-hospedeira, Sota-piloto, Soto-mestre, Vice-presidente ,Vizo-rei
Diante de “pós-, pré- e pró-“, quando TEM SOM FORTE E ACENTO.
pós-tônico, pré-escolar, pré-natal, pró-labore
pró-africano, pró-europeu, pós-graduação
Diante de “pan-, circum-, quando juntos de vogais.
Pan-americano, circum-escola
OBS. “Circunferência” – é junto, pois está diante da consoante “F”.
NOTA: Veja como fica estranha a pronúncia se não usarmos o hífen:
Exesposa, sotapiloto, panamericano, vicesuplente, circumescola.
ATENÇÃO!
Não se usa o hífen diante de “CO-, RE-, PRE” (SEM ACENTO)
Coordenar reedição preestabelecer
9. Coordenação refazer preexistir
Coordenador reescrever prever
Coobrigar relembrar
Cooperação reutilização
Cooperativa reelaborar
O ideal para memorizar essas regras, lembre-se, é conhecer e usar pelo menos uma palavra
de cada prefixo. Quando bater a dúvida numa palavra, compare-a à palavra que você já sabe
e escreva-a duas vezes: numa você usa o hífen, na outra não. Qual a certa? Confie na sua
memória! Uma delas vai te parecer mais familiar.
REGRA GERAL (Resumindo)
Letras iguais, separa com hífen(-).
Letras diferentes, junta.
O “H” não tem personalidade. Separa (-).
O “R” e o “S”, quando estão perto das vogais, são dobrados. Mas não se juntam com
consoantes.
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