O documento discute os desafios do ensino superior de Letras, argumentando que os cursos devem ser formativos em vez de apenas informativos. Também defende que os cursos devem ensinar análise linguística e literária, em vez de apenas normas cultas ou compreensão de texto. Além disso, sugere que os alunos precisam de sólidos conhecimentos em Linguística e Teoria Literária antes de se tornarem professores.
Desafios e perspectivas para o ensino de letras no próximo milênio
1. Aluna: Juliana
Curso de Letras Vernáculas e Clássicas – Módulo 4
Considerações sobre o artigo:
FIORIN, J.L.. Curso de letras: desafios e perspectivas para o próximo milênio. In: Anais do
IV Seminário Nacional de Literatura e Crítica e II Seminário Nacional de Linguística e
Língua Portuguesa. Goiânia: Vieira, 2001.
O excesso de informação desorganiza a compreensão, e a escola tem o papel
de fornecer os meios para essa organização de compreensão das informações e não
somente ser o fornecedor de informações aos alunos, assim o processo educacional
deveria ser formativo e não informativo.
A pós-gradação é o nível de ensino mais bem sucedido do Brasil, porque é um
processo formativo de pesquisadores e grupos de pesquisas e não somente informativo,
como os outros níveis de ensino (pré escola, médio, fundamental, graduação e atingindo
seu auge no cursinho pré-vestibular). Na pós-graduação é utilizado o método científico,
onde a ação investigativa leva à obtenção de dados próprios para suas pesquisas e
também porque acoplou o ensino à pesquisa e à orientação. O Que é diferente na
graduação, onde prevalece o ensino informativo, disciplinas rígidas e obrigatórias sem
relações entre si, falta de relação entre ensino e pesquisa dentre outros problemas.”Não se
nega a importância das informações, mas que esta deve estar direcionada para a
compreensão”(p.14). É preciso formar o aluno para que ele construa seu conhecimento e
não sejam passivos nesta aquisição.
O português no ensino médio e fundamental tem o predomínio de ser ensinado
pela metalinguagem ao invés da linguagem. Por exemplo, são ensinados as categorias
linguística sem compreensão de seu papel na compreensão de sentido ou análise
sintática para classificar períodos e não para montar períodos bem articulados.
“Na década de 60 houve processo de hierarquização das carreiras” (p.14) por
diversos fatores, entre eles a estrutura social, o do mercado de trabalho e a do sistema
educacional. As carreiras de maior prestígio recrutam estudantes que são oriundas de
famílias com maior renda e maior prestígio social e maior conhecimento intelectual,
enquanto as carreiras de menor prestígio, recrutam estudantes de menor rendimento
escolar, oriundas de famílias com menor renda e são os cursos que possuem as maiores
taxas de evasão (são os cursos cujo mercado de trabalho é o ensino médio e fundamental)
(p.14).
Diante desses problemas o que cabe à universidade é reformular seus
currículos do ensino de graduação,o que não significa aumentar as horas-aula.
O Currículo da graduação em letras
O curso de letras deve ter a perspectiva de ser uma graduação com aspecto
formativo e não somente informativo. “É um lugar onde se aprende a refletir sobre os fatos
linguísticos e literários, analisando-os descrevendo-os e explicando-os”(p.16).
O curso superior de letras não é um curso que visa ao aprendizado da norma
culta, nem ao aprendizado de compreensão de textos, nem à aquisição de uma nova
língua, pois espera-se que o aluno já tenha a capacidade de ser um leitor eficiente e
produtor de textos competente, pois essa é a finalidade do ensino fundamental e médio; e
2. se o curso de letras tornar-se um curso de língua estrangeira, seria igualá-lo aos cursos
ministrados por outras escolas como a Cultura Inglesa, Aliança Francesa entre outras.
A linguagem somente pode ser analisada utilizando a própria linguagem, e que
pode ser dividida em dois níveis: a linguagem-objeto, que é o objeto da análise (objetivo do
ensino médio e fundamental) e a metalinguagem, que é a “ferramenta de análise” (objetivo
do curso de graduação em letras).
Um curso de letras tem basicamente dois módulos: a) estudo dos mecanismos
da linguagem humana e b) compreensão de um fato linguístico singular, a literatura. E eles
tem a finalidade de fornecer o arcabouço teórico para o estudo da Linguística e da Teoria
da Literatura.
“Um literato não pode voltar as costas para os estudos linguísticos, porque a
literatura é um fato de linguagem; de outro, não pode o linguísta ignorar a literatura, porque
a literatura é o campo da linguagem em que se trabalha a língua em todas suas
possibilidades e em que se condensam as maneiras de ver, de pensar e de sentir de uma
dada formação social numa determinada época”. (p.16)
“O aluno chega ao curso superior sem ser capaz de usar, de maneira
competente, a norma culta da Língua Portuguesa em sua modalidade escrita. No que
tange às línguas estrangeiras, o aluno não consegue sequer ler, com proficiência, textos”.
(p.18) Para resolver esse problema, o aluno poderia fazer um primeiro ano básico , além
de conteúdos curriculares de um curso de letras, com conteúdos introdutórios.
Um curso de letras não forma somente linguístas e literatos, mas também
professores, e portanto precisa ter um componente pedagógico específico para esta área
(precisam aprender a transformar os conteúdos aprendidos em prática pedagógica). Hoje
diz-se que é necessário dar uma formação geral ao estudante, para que o aluno possa se
dedicar a várias áreas do conhecimento, com pinceladas de cada área, porém dessa forma
o estudante não sabe nada. “Na verdade é a partir de sólidos conhecimentos num domínio
específico do conhecimento que se pode abrir para íntimas relações dos diversos campos
do saber” (p.20).
A interdisciplinaridade não é significa diluição de teorias, mas exige um profundo
conhecimento da disciplina e do tratamento da questão que está sendo proposta, surge
como exigência interna ao trabalho que está sendo realizado
A forma de avaliação não deveria ser realidado sobre elementos que pudessem
ser memorizados, mas sim na verificação da capacidade do aluno refletir sobre fatos de
linguagem, analisando-os, descrevendo-os e interpretando-os.
No artigo original o autor refere ao ensino escolar como era denominado anteriormente (1o
grau e 2o grau), porém nestas considerações eu troquei para ensino fundamental e ensino
médio, respectivamente.