2. CADERNO DE
ATIVIDADES DE
EDUCAÇÃO PARA
SUSTENTABILIDADE
Caderno de atividades de Educação para Sustentabilidade / editor Taísa Cecília de Lima Caires
São Bernardo do Campo, SP: Fundação Espaço ECO, 2019.
Vários autores
Bibliografia
ISBN 978-65-901955-0-0
Sustentabilidade 2. Meio Ambiente 3. Cidades Sustentáveis I. Taísa Cecília de Lima Caires
CDD -333.72
3. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 3
ÍNDICE
PARTE 1 - REPARAÇÃO DO AMBIENTE DE APRENDIZAGEM
COMO SER UM EDUCADOR EFICIENTE 8
PARTE 2 - SUSTENTABILIDADE
2.1 - AFINAL DE CONTAS, O QUE É SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUS-
TENTÁVEL? 17
2.2 - PENSAMENTO SISTÊMICO A PARTIR DA AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA 23
2.3 - COMO INSERIR A SUSTENTABILIDADE NO DIA A DIA? 27
2.4 - OS DESAFIOS À NOSSA FRENTE 29
PARTE 3 - MEIO AMBIENTE E OS CICLOS DA VIDA
3.1 - MEIO AMBIENTE: O QUE É ISSO? 31
3.2 - A FLORESTA, NOSSA MESTRA 35
3.3 - BREVE HISTÓRIA DAS FLORESTAS 37
3.4 - OS CICLOS DA VIDA 41
3.5 - AS MANIFESTAÇÕES DA VIDA 53
3.6 - ECOSSISTEMAS BRASILEIROS 55
PARTE 4 - CONVIVENDO COM A NATUREZA
4.1 - A FLORESTA E A ESCOLA 77
4.2 - SOCIEDADES E A NATUREZA 80
4.3 - CONVIVER COM A NATUREZA 83
PARTE 5 - VIDA SOBRE A TERRA E CIDADES SUSTENTÁVEIS
5.1 - AS FLORESTAS E OS TEMAS AMBIENTAIS 86
5.2 - A FLORESTA E A FAUNA 87
5.3 - A FLORESTA E A ÁGUA 96
5.4 - A FLORESTA E OS RESÍDUOS 104
5.5 - A FLORESTA E O CONSUMO 111
5.6 - A FLORESTA E AS FONTES DE ENERGIA (RENOVÁVEIS E NÃO RENOVÁVEIS) 117
5.7 - CIDADES SUSTENTÁVEIS 122
PARTE 6 - USO SUSTENTÁVEL DAS FLORESTAS
E AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
6.1 - A AGRICULTURA E AS FLORESTAS 125
6.2 - ALTERNATIVAS PARA USO SUSTENTÁVEL DAS FLORESTAS 131
PARTE 7 - ATIVIDADE EXTRA CLASSE 144
PARTE 8 - APÊNDICES
APÊNDICE 1 - A CARTA DA TERRA 157
APÊNDICE2 - CARTA DO CHEFE DE SEATTLE 162
PARTE 9 - MATERIAL DE APOIO
9.1 - JOGOS ODS 166
9.2 - PLANO DE AULAS SOBRE OS ODS (SUGESTÕES) 169
9.3 - CIDADES ABANDONADAS (EXEMPLOS) 170
REFERÊNCIAS 173
4. Fotos e Ilustrações:
Acervo Fundação Espaço ECO®
Arthur Calasans
Ricardo Dias
Maurício Simonetti
Oziel Ferreira da Rocha
Propósitto
Geodinâmica
Vanessa Leão
Autores:
Helene Marcelle Roberte Menu
Instituto Romã
Taísa Cecília de Lima Caires
Tiago Egydio Barreto
Edição:
Taísa Cecilia de Lima Caires
Realização:
Fundação Espaço ECO
Projeto Gráfico e diagramação:
ASA Comunicação & Design
5. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 5
APRESENTAÇÃO
Criada e mantida pela BASF desde 2005, com a qualificação de OSCIP
(Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), temos a missão
de promover o desenvolvimento sustentável no ambiente empresarial e
na sociedade civil, realizando estudos, pesquisas e ações em benefício
da sociedade. Atuamos como consultoria para sustentabilidade,
desenvolvendo projetos customizados para organizações medirem
e compreenderem impactos ambientais, sociais e econômicos de
seus negócios com base no pensamento de Ciclo de Vida. Além disso
procuramos estimular a mudança de comportamento a partir da
construção de valores socioambientais, atitudes voltadas ao uso eficiente
de recursos e da consciência dos impactos causados por todas as
atividades humanas.
Em concordância com:
o proposto pela resolução 57/254 da Unesco, que declara que
a Educação para o Desenvolvimento Sustentável deve empoderar
cidadãos para agir por mudanças sociais e ambientais positivas,
implicando em uma ação participativa; (UNESCO, 2015)
a Agenda 21 que salienta a importância do ensino formal e
informal na promoção do desenvolvimento sustentável, como
instrumento para aumentar a capacidade do povo para
abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento; (ONU, 1992)
o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4 sobre Educação
de Qualidade que estabelece na meta 4.7: “ até 2030, garantir que
todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias
para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre
outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e
estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero,
promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e
valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para
o desenvolvimento sustentável.”
e ainda, acreditando na importância de se capacitar os profissionais da
área de educação para inclusão do tema na agenda do ensino formal
no Brasil, conforme disposto na Política de Educação para o
Consumo Sustentável (Lei nº 13.186, de 11 de novembro 2015).
E por acreditar no importante papel dos profissionais da educação na:
...promoção do processo de aprendizagem significativo, despertando
seus alunos para o prazer de aprender;
...formação cidadãos mais conscientes dos impactos de suas
escolhas;
...empoderamento da comunidade para ação participativa e busca
por mudanças locais.
Este caderno de atividades foi desenvolvido para apoiar o profissional
da educação na inclusão, de forma transversal, dos diversos assuntos
relacionados ao tema sustentabilidade nas escolas e organizações sociais.
6. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 6
Nele apresentamos uma série de conteúdos em sinergia com os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (veja mais no capítulo xx:
em https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/) e a agenda
global para o tema. Organizamos uma série de atividades, com o intuito
de apoiá-lo na construção de um plano pedagógico que promova a
aprendizagem significativa e a reflexão sobre os impactos da ação
humana.
Em nosso site/redes sociais, você também poderá contar com o apoio de
uma videoaula, gibi educativo para download https://www.espacoeco.
org.br/download/, e sugestões de atividades desenvolvidas por
educadores de diversos municípios brasileiros.
Uma ótima leitura e bom planejamento de aula.
Fundação Espaço ECO
7. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 7
PREPARAÇÃO DO
AMBIENTE DE
APRENDIZAGEM
PARTE 1
8. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 8
COMO SER UM EDUCADOR EFICIENTE
Você já reparou que nem sempre é fácil atrair a atenção das crianças
para os assuntos que você deve tratar com elas? Isso pode acontecer
devido a vários fatores:
a) O ambiente da sala não é agradável
Pode estar muito quente ou muito frio, pode haver muito estímulo
externo, muito ruído, entre tantos outros. A primeira coisa a ser
feita é transformar o ambiente da sala em um espaço inclusivo,
acolhedor e agradável de estar. Não pense que essa é uma tarefa
à parte: é a pura essência da educação ambiental. Sendo assim,
a arrumação, a decoração e a organização dos materiais e do lixo
precisa estar de acordo com o que vocês combinaram. Antes de
pedir para seus alunos arrumarem a sala, faça o seguinte exercício
de observação com eles:
Afaste as cadeiras e peça para seus alunos
caminharem livres pela sala, observando os
objetos, a limpeza, percebendo a luminosidade, a
ventilação, as cores. Depois eles terão que fazer
uma lista com as melhorias que gostariam de ter
na sala. Neste momento é importante ressaltar que
as melhorias sugeridas tem que ser executáveis, ou
seja, que eles próprios sejam capazes de realizar.
Quando todos tiverem terminado sua lista,
abra uma roda de conversa e verifique se
alguma melhoria é possível de implementar
imediatamente, e elabore com eles um plano de
ação para atender as sugestões executáveis.
Provavelmente algumas sugestões não serão
possíveis, é pertinente conversar sobre elas e
explicar o porquê.
9. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 9
b) A disposição das cadeiras não está adequada
Observe como as crianças mudam de comportamento de
acordo com a disposição das cadeiras. Se elas estão enfileiradas,
como tradicionalmente, as indisciplinas, as distrações e a baixa
participação se tornam frequentes. Se você as dispuser em círculo,
haverá mais participação e menos indisciplina. Antes de pedir aos
alunos para mudarem a disposição das cadeiras, faça com eles o
exercício de ouvir sons:
Então, peça-lhes para mudar as cadeiras sem arrastá-las e sem
fazer barulho. Se eles forem pequenos, oriente-os a formarem
duplas. Isso faz parte da percepção e do cuidado com o ambiente.
Ouvir os sons da sala, ouvir os sons de fora. Contar
quantos sons diferentes conseguem ouvir. Com
isso eles se darão conta do ambiente próximo e do
expandido e ficarão mais sensíveis em relação aos
ruídos desagradáveis.
10. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 10
c) Há vários interesses diferentes em jogo e os
alunos estão dispersos
Hoje em dia, dada à grande circulação de informações, as pessoas
são, em geral muito dispersas. Os alunos são especialmente
sensíveis aos inúmeros estímulos de fora. Todo professor deveria,
antes de começar qualquer aula, reservar alguns minutos para
ajudar os alunos a tomarem consciência de onde estão e a se
acalmar. Há inúmeros exercícios para harmonizar a energia do
grupo e concentrar a atenção. Veja ao lado:
EU GOSTO DE VOCÊ
Os alunos devem fazer um círculo com as cadeiras
e se sentar, um aluno fica de pé sem cadeira, ou
seja, haverá uma cadeira a menos. Este aluno
em pé deve escolher outro aluno, se aproximar
e dizer a frase: eu gosto de você! A outra pessoa
pergunta: por quê? E a resposta deve ser baseada
em alguma característica do corpo humano, por
exemplo: porque você tem cabelo! Neste momento
todos os alunos que possuem esta característica
devem trocar de lugar, aleatoriamente. Depois
da “correria” uma pessoa vai ficar sem cadeira
(já que tem uma cadeira a menos), e esta pessoa
se aproxima de outra e faz a fala novamente.
Alguns pontos importantes a serem observados
nesta atividade: é legal explicar para os alunos
que as características devem ser as mais gerais
possíveis porque assim um grande número de
pessoas troca de lugar (alguns exemplos: porque
você tem nariz, porque você é um ser humano,
porque você está de tênis, etc); cuidado para não
enfatizar características que causem algum tipo
de constrangimento para os alunos; para iniciar
a atividade é legal que o professor inicie e dê o
exemplo das características.
11. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 11
QUE ANIMAL SOU EU
Prenda com um pregador de roupa a figura
de um animal nas costas de um dos alunos
do grupo. Não deixe que ele veja a figura.
Peça-lhe que fique de costas para o grupo de
modo que todos possam ver em que animal
ele se transformou. Em seguida, ele deve fazer
perguntas para descobrir sua identidade.
Exemplos de perguntas: Sou um mamífero?
Vivo no Brasil? Sou aquático? Me alimento de
pequenos insetos? Os outros alunos só podem
responder sim, não ou talvez. Quando o aluno
com a figura do animal nas costas adivinhar, a
brincadeira pode se repetir com outro aluno.
Este exercício ajuda a criar um sentimento de
pertencimento e amainar os ânimos muito
exaltados.
CORNELL, J. Vivências com a Natureza 1. São Paulo.
2005. Pg 94.
OBSERVAR A RESPIRAÇÃO
Peça para ficarem de pé e observarem
a própria respiração durante alguns
minutos. Este exercício ajuda na calma e
na percepção das coisas com mais clareza.
MÚSICA
Colocar uma música suave como de sons da
natureza, para estimular sensações agradáveis
e de relaxamento. O relaxamento é importante
e pode harmonizar inclusive aqueles que estão
sonolentos. Relaxar não é dormir, mas sim
tranquilizar-se para estimular a mente.
12. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 12
d) O grupo não está harmônico
Para harmonizá-lo você deve também observar a linguagem do
corpo. O corpo fala de muitas formas. Pelas posturas corporais de
seus alunos você pode perceber se estão dispostos a ouvi-lo ou
quais são suas disposições para aquele momento. Eles também
perceberão se você está bem disposto para ensinar-lhes de acordo
com as posturas que mostrar.
Se você perceber que sua turma está com muitas disposições
corporais diferentes, você pode:
ALONGAMENTO
Antes de começar a aula pare para fazer alguns
exercícios corporais de alongamento, uma roda, ou
uma dança circular, por exemplo, uma ciranda.
ESPELHO
Peça para os alunos formarem duplas e ficarem um
de frente para o outro. Eles devem escolher quem é
o número 1 e quem é o número 2. Para começar, o
nº 1 deve fazer alguns movimentos corporais e o nº
2 deve imitá-lo, como se fosse um espelho. Dê um
tempo para que o nº 1 se movimente e depois troque
os papéis. Incentive-os a serem criativos nos seus
movimentos.
Preparar o corpo é preparar a mente. Depois de um desses exercícios
você terá uma turma mais receptiva para o seu trabalho. O aprendizado
se dá no cérebro, mas o cérebro está no corpo. Pelo corpo podemos
despertar o interesse pelo conhecimento, podemos ensinar com prazer e
criar um ambiente leve, alegre e receptivo.
13. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 13
e) O grupo não está receptivo
Você não deve começar uma aula sem ter certeza de que todos
os seus alunos estão receptivos e focados no que vão fazer.
Esteja sempre disposto a prepará-los. Não vai adiantar colocar-se
em oposição à suas disposições. É mais seguro estar receptivo
e propor atividades preparatórias. Se elas tomam algum tempo
da aula, farão com que você ganhe tempo posteriormente se
eles estiverem concentrados e interessados no que você tem a
dizer. Estar receptivo aos diferentes humores das turmas e criar
sempre um ambiente leve e alegre são estratégias que o ajudarão a
proporcionar um ambiente equilibrado e a dar uma aula eficaz.
Outras considerações importantes:
• Uma postura hierárquica e autoritária muitas vezes distancia as
pessoas e cria uma relação que não valoriza a sinceridade e a
diversidade. Isto faz com que neste tipo de relação as pessoas não
criem laços afetivos e nenhuma proximidade de sentimentos e/ou
pensamentos.
• É comum termos a impressão de que quando falamos de
nossos sentimentos, quando expomos aos outros o que
estamos sentindo numa situação, isso nos enfraquece. Muito
pelo contrário, se você procurar falar abertamente sobre seus
sentimentos para os seus alunos, por exemplo, quando você
estiver dando uma aula sobre um assunto que te desperte algo
em específico como alegria, medo, ressentimento ou entusiasmo,
seja explícito e observe a reação de seus alunos! Se ao introduzir
uma matéria nova você contar uma história pessoal sobre o
assunto, ou então pedir para um dos alunos falar algo que já
sabe, você dará oportunidade para criar um clima de grupo. Ao
compartilhar conhecimentos e sentimentos o grupo que fica para
as crianças é a do clima que foi criado, se relacionarão com aquele
conteúdo a partir da lembrança da emoção que sentiram naquele
momento. Não é fácil fazer isso diante dos alunos, mas conforme
você for conseguindo perceberá que isso deixará vocês mais
próximos e cúmplices, criando uma relação de confiança, respeito
e afeto.
• Observe o que está acontecendo para então intervir da melhor
maneira. Reações imediatas e automatizadas causam desconforto
e inibem a interação.
• Use simulações que sejam tão próximas da realidade dos alunos
quanto possíveis. Ex: Demonstre hortas urbanas em um espaço
urbano;
• A informação deve ser relacionada ao mundo conhecido dos
alunos. Utilize exemplos concretos e específicos. Nunca assuma o
que é conhecido, confira!
• Conheça a história dos alunos o tanto quanto possível.
• Combine uma variedade de métodos para a apresentação de
informações e a partilha de ideias. Exposições, diagramas, filmes,
exercícios, tempestade de ideias e outras técnicas.
• Uma coisa é certa: os seus alunos tenderão a se relacionar com o
conhecimento de forma muito parecida com a própria relação
que você tem com ele. Você gosta de ensinar? Você gosta
daquilo que ensina? Você concorda com os conteúdos que tem
que lecionar? Essas questões talvez você não precise responder
de imediato, mas são importantes para sua reflexão.
14. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 14
• A essa altura você deve estar pensando que esse assunto não
tem nada a ver com a educação ambiental. Pois é justamente o
contrário: sem cuidar de seu ambiente interno (do que sente ao
lecionar), do ambiente próximo (a sala de aula e suas relações
com os alunos) e com o ambiente da escola, dificilmente você
desenvolverá um programa de educação ambiental eficiente.
Como você vê, cuidar do meio ambiente está muito mais à mão
do que se costuma imaginar.
Canário da Terra Verdadeiro (Sicalis
flaveola), também é conhecido como
canário-da-horta, canário-da-telha (Santa
Catarina), canário-do-campo, chapinha
(Minas Gerais), canário-do-chão (Bahia),
coroinha e cabeça-de-fogo, é uma ave
admirada pelo canto forte e estalado e
por isso é frequentemente aprisionado
como ave de cativeiro (está entre as 10
mais apreendidas, segundo o IBAMA),
mesmo tal ato sendo considerado crime
federal inafiançável pela Lei de Crimes
Ambientais (Lei 9.605/98). Graças à ação
das autoridades e da conscientização
da população, registros do canário-da-
terra-verdadeiro vêm se tornando mais
frequentes nos últimos anos.
Bioma: Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.
Também é comum vê-los em áreas abertas
na área rural e em áreas urbanas em
municípios de pequena área.
Fonte: https:/
/www.wikiaves.com.br/wiki/
canario-da-terra
15. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 15
Em sua opinião, quais são os prós e os contras da proposta acima?
Anote aqui as atividades que você fez com seus alunos e suas
observações sobre elas. Elas melhoraram sua eficiência como educador?
Como você observou isso?
16. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 16
SUSTENTABILIDADE PARTE 2
Este capítulo tem sinergia com os ODS:
17. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 17
2.1 - AFINAL DE CONTAS, O QUE É
SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL?
Ao se deparar com este tema, a pergunta que a maioria se faz é: o que é
desenvolvimento sustentável?
“É a capacidade do atendimento das necessidades
do presente sem comprometer a possibilidade de
as gerações futuras atenderem as suas próprias
necessidades“ (WCED, 1987, p.16).
Como nasce este conceito
As primeiras discussões sobre o tema foram iniciadas em 1968, com
o Clube de Roma, uma organização sem fins lucrativos que reúne
profissionais de diversas áreas (diplomacia, universidade, sociedade civil,
empresas, etc.). Tal grupo publica o Relatório Limites do Crescimento,
documento que faz uma projeção sobre o modelo de desenvolvimento
e as consequências do crescimento rápido da população mundial
considerando os recursos naturais limitados num período de 100 anos e
propõe que para manter o equilíbrio econômico e ambiental é necessário
que haja um congelamento no crescimento da população global (JACOBI,
1999).
Figura 1 – Infográfico: Linha do tempo sobre as discussões sobre sustentabilidade
1968 1972 1983 1987 1992 1997 1999 2000 2012 2015
Clube de Roma Conferência de
Estocolmo
Comissão
Mundial Meio
Ambiente e
Desenvolvimento
Nosso Futuro
Comum
(Relatório
Brundtland)
Rio 92
Agenda 21
Protocolo de
Kyoto
Tratado
Internacional
Redução GEE
Pacto Global
ONU
BASF é
signatária
(ODM)
Objetivos do
Milênio
Conferência
da ONU sobre
Desenvolvimento
Sustentável
Objetivos do
Desenvolvimento
Sustentável COP 21
18. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 18
Em 1987, a Comissão Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente da
Organização das Nações Unidas (ONU) divulga o Relatório Nosso Futuro
Comum ou Relatório Brundtland, que apresenta a definição clássica de
desenvolvimento sustentável apresentada no início deste capítulo.
Este relatório ressalta a responsabilidade de todos os atores da sociedade
para a necessidade de uma nova postura ética que leve em consideração
as questões ambientais, equidade das populações e a transformação da
economia. Embora este conceito tenha surgido, formalmente, em 1987, o
tema tem sido foco de discussões, principalmente após o acontecimento
de alguns acidentes ambientais graves que marcaram a história, no
período dos anos 1950 aos anos 1980, dentre eles:
1956 1976 1984 1986 1989
Minamata - Japão Seveso - Itália Vila Socó - Cubatão, SP
Bophal - Índia
Chernobyl - URSS Alaska, USA
Nos apêndices apresentamos
alguns outros materiais que
podem complementar seu
embasamento para condução
das atividades sobre o tema
Sustentabilidade.
Para saber mais sobre os acidentes, acesse:
• O Mal de Minamata – Japão - https:/
/youtu.be/TiSpr62_GJ0
• Seveso – Itália - https:/
/youtu.be/Zk2_mLcJ6jY
• Vila Socó – Cubatão – Brasil - https:/
/youtu.be/U-qcw9x293U https:/
/youtu.be/sj3jqp4Pi1M
• Bhopal – Índia - https:/
/youtu.be/tgZwQ503uLo
• Chernobyl – Rússia - https:/
/youtu.be/bv4AoqZsfHs
19. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 19
Em 1992, foi realizada a segunda Conferência Ambiental ECO 92,
sediada no Rio de Janeiro, com a proposta de discutir como promover
o desenvolvimento com respeito à humanidade e ao meio ambiente;
nesta conferência, a comunidade internacional aprovou um documento
chamado Agenda 21 com os compromissos de mudança do padrão de
desenvolvimento no século 21.
Em 1997, a comunidade internacional se reúne novamente, desta vez em
Nova York, para checar as metas estabelecidas na ECO 92. Esse encontro
ficou conhecido com Rio+5.
O Pacto Global, iniciativa da ONU, foi criado no ano de 1999 a fim
de encorajar empresas a adotar políticas de sustentabilidade e
responsabilidade social corporativa. Atua de forma a promover o diálogo
entre as empresas, ONU, sindicatos, organizações não governamentais
(ONGs) e organizações para o desenvolvimento de um mercado global
que seja mais inclusivo e sustentável. Teve como objetivo a adoção de
dez princípios relacionados aos temas direitos humanos, trabalho, meio
ambiente e corrupção, que são eles:
1. As empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos
humanos reconhecidos internacionalmente; e
2. Assegurar-se de sua não participação em violações destes
direitos
3. As empresas devem apoiar a liberdade de associação e o
reconhecimento efetivo do direito à negociação coletiva;
4. A eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou
compulsório;
5. A abolição efetiva do trabalho infantil; e
6. Eliminar a discriminação no emprego
7. As empresas devem apoiar uma abordagem preventiva aos
desafios ambientais;
8. Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidade
ambiental; e
9. Incentivar o desenvolvimento e difusão de tecnologias
ambientalmente amigáveis.
10. As empresas devem combater a corrupção em todas as suas
formas, inclusive extorsão e propina.
Vinte anos após a Rio 92, aconteceu a Rio+20, que teve como objetivo
inicial discutir a renovação dos compromissos assumidos entre os países
para o desenvolvimento sustentável. Um dos desdobramentos da Rio+20
foi a elaboração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),
os quais substituíram os Objetivos do Milênio da ONU (ODM) a partir de
2015, mas foram considerados os avanços alcançados com os ODM’s e se
comprometem a buscar avanços nas metas até então não alcançadas.
Os ODS foram publicados num documento chamado “Transformando
Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. São
compostos por 17 premissas e objetivos, estruturados em 169 metas, aos
quais 193 países signatários do movimento se comprometem a cumpri-las
até 2030. (PNUD, 2015).
Segundo WBCSD (2015, p. 6) “Os ODS foram acordados por todos os
governos, mas o seu sucesso depende demasiadamente das ações e
colaboração de todos os setores”.
20. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 20
Os 17 objetivos do Desenvolvimento Sustentável conforme publicado por UN (2015, p. 14) são:
21. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 21
Objetivo 1 - Acabar com a pobreza em todas as suas
formas, em todos os lugares;
Objetivo 2 - Acabar com a fome, alcançar a segurança
alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura
sustentável;
Objetivo 3 - Assegurar uma vida saudável e promover o
bem-estar para todos, em todas as idades;
Objetivo 4 - Assegurar a educação inclusiva e equitativa de
qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao
longo da vida para todos;
Objetivo 5 - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar
todas as mulheres e meninas;
Objetivo 6 - Assegurar a disponibilidade e gestão
sustentável da água e saneamento para todos;
Objetivo 7 - Assegurar o acesso à energia confiável,
sustentável, moderna e barata para todos;
Objetivo 8 - Promover o crescimento econômico
sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e
produtivo e trabalho decente para todos;
Objetivo 9 - Construir infraestruturas resilientes, promover
a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a
inovação;
Objetivo 10 - Reduzir a desigualdade dentro dos países e
entre eles;
Objetivo 11 - Tornar as cidades e os assentamentos
humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;
Objetivo 12 - Assegurar padrões de produção e de
consumo sustentáveis;
Objetivo 13 - Tomar medidas urgentes para combater a
mudança climática e seus impactos
Objetivo 14 - Conservação e uso sustentável dos oceanos,
dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento
sustentável;
Objetivo 15 - Proteger, recuperar e promover o uso sustentável
dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável
as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a
degradação da terra e deter a perda de biodiversidade;
Objetivo 16 - Promover sociedades pacíficas e inclusivas
para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o
acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes,
responsáveis e inclusivas em todos os níveis;
Objetivo 17 - Fortalecer os meios de implementação e
revitalizar a parceria global para o
Desenvolvimento sustentável.
Para saber mais sobre os 17 ODS e suas metas, acesse
https:/
/nacoesunidas.org/pos2015/
22. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 22
Ainda em 2015, houve a realização da COP21, que ocorreu em dezembro
em Paris, que colocou em pauta e propôs um novo acordo global, que
substituísse o Protocolo de Kyoto estabelecido em 1997.
As mudanças climáticas podem ser consideradas um dos principais
desafios de nível planetário que põe em dúvida o modelo atual de vida
da nossa sociedade. Este fenômeno é entendido como alterações no
clima de todo o planeta Terra, causadas pelas atividades humanas que
emitem CO2
e outros Gases de Efeito Estufa para a atmosfera. Essas
alterações têm consequências diretas no nosso dia-a-dia, causando, por
exemplo, alterações nos padrões de temperatura e eventos climáticos de
alta intensidade, como secas, inundações, picos de temperaturas altas e
baixas.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC – Sigla em Inglês) já foi registrado uma elevação média de 0,8o
C na
temperatura do planeta, e é imprescindível cessar as emissões de gases
de efeito estufa até 2100 para estabilizar o aquecimento global em 2o
C.
Uma mudança climática acima desse patamar pode colocar em risco toda
a vida no planeta.
Esta preocupação global gerou a formulação de um compromisso com
esforço coletivo para a redução das emissões de carbono e foi assinado
na Conferência das Partes (COP 21) por 195 países, este ficou conhecido
como Acordo de Paris. Seu objetivo é manter o aumento da temperatura
global abaixo dos 2°C e se possível limitar em 1,5°C. Cada país que
ratificou o Acordo assumiu metas que foram chamadas de Contribuições
Nacionalmente Determinadas (NDC – Sigla em Inglês). Atualmente as
emissões globais estão próximas a 37 Giga Toneladas/ano de gases de
efeito estufa.
As metas assumidas por cada país no Acordo de Paris começam a ser
válidas a partir de 2020. O Brasil que está entre as 10 nações que mais
emitem gases de efeito estufa, se comprometeu reduzir suas emissões
em 37% em relação à 2005. A data limite para isso é 2025, com indicativo
de reduzir 43% das emissões até 2030.
23. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 23
2.2 - PENSAMENTO SISTÊMICO A PARTIR DA
AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA
Cotidianamente estamos sempre tomando decisões, mesmo que
muitas vezes a gente nem se dê conta disso. Quer se locomover: vai a
pé, de bicicleta, carro, moto ou ônibus? E para iluminar a casa: que tipo
de lâmpada usar? Quer se refrescar: liga o ar-condicionado ou abre
as janelas? E, quando se trata de escolher produtos no mercado, qual
seu critério? Normalmente escolhemos por hábito, conforme nossas
preferências e recursos financeiros, mas raramente paramos para
pensar que nossas decisões podem ter impactos no meio ambiente, na
economia e na sociedade. Se investigarmos de onde vêm os produtos que
consumimos, podemos nos surpreender!
Cada produto tem uma história, desde o momento em que se inicia
a extração de matéria-prima, passando pela produção, distribuição e
comercialização, até chegar ao consumidor final. E não para por aí. Depois
ainda temos os resíduos, que podem virar lixo – mas também podem ser
reciclados ou reutilizados.
Pensando nisso tudo, o que se deve levar em conta quando escolhemos
um produto? Só o preço e a qualidade? Se a gente entender tudo que
está envolvido na produção, será que podemos tomar uma decisão boa
para nós que também seja mais responsável?
Ciclo de Vida
A análise do ciclo de vida de um produto fornece informações
importantes sob o ponto de vista ambiental, social e econômico
quanto a: aspectos da extração de materiais; opções de formas
de produção, necessidade de substitutos de menor impacto;
dados quantitativos dos gastos de energia, água, minérios e de
outros recursos e de outros recursos naturais resíduos gerados na
produção, mão de obra envolvida, distribuição, consumo e usos;
destinação (reciclagem, descontaminação, descarte etc) e impactos
ambientais pós consumo etc.
Produção
Distribuição
Uso
Destinação
Final
Reciclagem
Materiais
Reciclados
Recursos
Naturais Beneficiamento da
Matéria Prima
Compostagem
Incineração
Aterro
24. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 24
Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)
A crescente conscientização quanto à importância da proteção
ambiental e os possíveis impactos associados aos produtos, tanto
na sua fabricação quanto no consumo, tem aumentado o interesse
no desenvolvimento de métodos para melhor compreender e lidar
com aqueles impactos. Uma das técnicas em desenvolvimento com
esse objetivo é a Avaliação de Ciclo de Vida (ACV).
A ACV pode subsidiar
• a identificação de oportunidades para a melhoria do desempenho
ambiental de produtos em diversos pontos de seus ciclos de vida,
• o nível de informação dos tomadores de decisão na indústria e nas
organizações governamentais ou não-governamentais (visando, por
exemplo, o planejamento estratégico, a definição de prioridades ou
o projeto ou reprojeto de produtos ou processos),
• a seleção de indicadores de desempenho ambiental relevantes,
incluindo técnicas de medição, e
• o marketing (por exemplo, na implementação de um esquema
de rotulagem ambiental, na apresentação de uma reivindicação
ambiental ou na elaboração de uma declaração ambiental de
produto).
A ACV enfoca os aspectos ambientais e os impactos
ambientais potenciais (por exemplo, uso de recursos e as
conseqüências de liberações para o meio ambiente) ao longo
de todo o ciclo de vida de um produto, desde a aquisição
das matérias-primas, produção, uso, tratamento pós-uso,
reciclagem até a disposição final (isto é,do berço ao túmulo).
ABNT NBR ISO 14044:2009. Gestão ambiental - Avaliação do ciclo
de vida - Requisitos e orientações
Fundação Espaço ECO: www.espacoeco.org.br 2.
O que é ecoeficiência?
A ecoeficiência é uma filosofia de gestão que encoraja o mundo
empresarial a procurar melhorias ambientais que potencializem,
paralelamente, benefícios econômicos. Concentra-se em
oportunidades de negócio e permite às empresas tornarem-se
mais responsáveis, do ponto de vista ambiental, e mais lucrativas.
Incentiva a inovação e, por conseguinte, o crescimento e a
competitividade.
Tal como definida pelo WBCSD (World Business Council for
Sustainable Development):
“A ecoeficiência atinge-se através da oferta de bens e serviços a
preços competitivos, que, por um lado, satisfaçam as necessidades
humanas e contribuam para a qualidade de vida e, por outro,
reduzam progressivamente o impacto ecológico e a intensidade
de utilização de recursos ao longo do ciclo de vida, até atingirem
um nível, que, pelo menos, respeite a capacidade de sustentação
estimada para o planeta Terra”. Em resumo, diz respeito à criação
de mais valor com menos impacto.
No Brasil, este conceito vem ganhando força a partir da criação
do Conselho Empresarial Brasileiros para o Desenvolvimento
Sustentável – CEBDS, que congrega grandes corporações e tem
como missão promover o desenvolvimento sustentável no setor
empresarial por meio do conceito de ecoeficiência.
25. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 25
Socioecoeficiência
Para escolher um produto, precisamos
ter critérios. Mas o que levar em
conta para fazer uma boa escolha? O
conceito de socioecoeficiência pode
ajudar. A análise da socioecoeficiência
considera três fatores: social,
econômico e ambiental. Um produto
ou serviço mais socioecoeficiente
traz qualidade de vida, atende
necessidades, tem baixo impacto
ambiental e ao mesmo tempo
apresenta custos mais acessíveis.
26. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 26
ATIVIDADE: PENSANDO O CICLO DE VIDA
Objetivo: Elucidar o conceito de ciclo de vida como introdução ao modelo de pensamento
sistêmico e a um novo modelo mental.
Número de Participantes: Grupos de 3 a 10 participantes (Varia de acordo com tamanho
da turma.
Tempo: 10 a 20 minutos para elaboração + 10 minutos de apresentação por grupo.
Materiais: Cartolina, folha de flip chart ou outro tipo de folha por grupo, canetas
coloridas, tesouras, réguas, revistas e jornais para recortes, figuras dos possíveis insumos
e resíduos e cola.
Desenvolvimento: Após explicar o conceito de ciclo de vida, separar os participantes em
grupos e em cada mesa deixar os materiais distribuídos igualmente.
• Pedir para que cada grupo construa o ciclo de vida de um determinado produto
especificado pelo facilitador do Workshop.
• O produto deve ser relacionado com a realidade dos participantes, e cada grupo
deve fazer o mapeamento de um produto diferente.
• Dê o tempo de elaboração (+/- 30 minutos) e oriente o grupo para que use os
materiais disponíveis em sua mesa.
• Os grupos podem decidir a forma gráfica de apresentar seu ciclo de vida bem como
com quais materiais irá trabalhar.
• Depois do tempo de elaboração, os grupos deverão apresentar suas construções
para todos os participantes em formato roda de conversa e discutir quais os
impactos de cada uma das etapas e sobre como tomar decisões mais criteriosas
para inserir a sustentabilidade no dia a dia.
27. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 27
2.3 - COMO INSERIR A SUSTENTABILIDADE
NO DIA A DIA?
“Seja você mesmo a mudança que quer ver no mundo”
Mahatma Gandhi
Esta frase é a inspiração para pensarmos sobre como podemos iniciar
ações que tragam a sustentabilidade para o nosso dia a dia. O primeiro
movimento, e talvez o mais difícil, é começar! Inicie de uma maneira que
seja possível, sem gerar sobrecarga para você, e aos poucos suas ações
ganham mais sentido e você vai gradualmente inserindo mais e mais
atitudes sustentáveis. Abaixo seguem algumas sugestões, mas não fique
preso à elas, experimente e invente outras ações que sejam possíveis nos
lugares que convive!
Gestos pequenos, grande diferença
• Triar o lixo e evitar embalagens inúteis
• Preferir produtos que respeitem o meio ambiente
• Evitar produtos descartáveis
• Fechar a torneira enquanto escova os dentes escova os dentes,
esfrega a roupa ou lava a louça
• Tampar as panelas para consumir menos energia (gás) e cozinhar
mais depressa
• Consertar todos os vazamentos de água
• Recuperar água da chuva
• Evitar desperdício de água tratada em lavagem de carros, de
calçadas, etc.
• Não jogar nada nas privadas
• Escolher produtos com menos material em embalagem
• Usar as folhas de papel dos dois lados
• Não jogar produtos tóxicos, medicamentos, nem pilhas no lixo
comum – destine corretamente
• Reutilizar os objetos (pensar bem antes de jogar fora!)
• Plantar sempre que possível, principalmente nas cidades
• Não cobrir terrenos inteiros com cimento ou lajes
• Preferir produtos biodegradáveis
• Usar sacolas reutilizáveis em lugar de sacolas plásticas
• Regar as plantas quando o sol não estiver forte (evita que a água
evapore logo)
• Desligar os aparelhos elétricos em vez de deixa-los em standy-by
• Escolher aparelhos que economizem energia
• Aproveitar a luz do dia e não acender lâmpadas sem necessidade
• Usar lâmpadas de baixo consumo
• Apagar a luz nos lugares em que não há ninguém
• Preferir ventilação natural a ar condicionado
• Usar menos o automóvel
• Usar mais transportes coletivos e caronas
• Deslocar-se a pé ou de bicicleta, sempre que possível
• Consumir menos carne
• Consumir mais frutas e legumes da estação e da região
• Evitar o uso de inseticidas e pesticidas químicos – preferir métodos
naturais para controle de insetos e ervas daninhas
• Consertar o que está estragado, em vez de trocar por algo novo
• Arejar a sala de aula
• Resistir à tentação da propaganda (que leva a consumir
exageradamente e sem consciência)
• Fazer campanhas de limpeza na escola, no bairro, na comunidade
• Compartilhar estas e outras ideias com o maior número
possível de pessoas
Você sabia que qualquer coisa que você fizer, mesmo que
pequena, vale a pena???
Para saber mais, acesse o Guia do Preguiçoso da ONU – https:/
/
nacoesunidas.org/guiadopreguicoso
28. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 28
É interessante termos em mente alguns princípios que podem
direcionar nossas atitudes:
• princípio de precaução: não esperar que fique irreparável para agir
• princípio de prevenção: melhor prevenir do que remediar
• princípio de economia e boa gestão: quem quer chegar longe que
cuide do seu transporte e reduza
• princípio da responsabilidade: quem estraga deve consertar
• princípio da participação: todos envolvidos, todos tomando
decisões, todos agindo
• princípio da solidariedade: deixemos às gerações futuras um
mundo viável
ATIVIDADE:
Parte 1: Introduzir o tema com base no contexto apresentado e
propor uma roda de conversa sobre o que são os ODS e porque
foram desenvolvidos.
Parte 2: Exercícios de fixação / Jogos (caça palavra, jogo dos sete
erros e palavras cruzadas).
Parte 3: Aprofundar conhecimento e discussões sobre os ODS e
fazer um “diagnóstico” de sua comunidade.
3.1 Leitura do GIBI;
3.2 Atividade em Grupo: dividir os ODS nos grupos de forma que
cada grupo trabalhe com temas diferentes
a) elaborar um questionário investigativo e um roteiro de
observação para a atividade em grupo
b) pedir para que os alunos observem seu bairro e entreviste
alguns vizinhos sobre alguns dos ODS.
c) preparar material gráfico – cartazes, teatro ou outras formas,
de acordo com a escolha dos alunos – para apresentação em sala
de aula.
Parte 4: Apresentar o resultado de sua apresentação para os
demais.
MATERIAIS DE APOIO:
GIBI, VIDEO AULA – Acesso em https://www.espacoeco.org.br/
download/ https://youtu.be/ciz4D5tB-JA
Material de Apoio 1 - JOGOS DOS ODS
Material de Apoio 2 – Plano de Aulas dos ODSs
Workshop.
29. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 29
2.4 - OS DESAFIOS À NOSSA FRENTE
O cenário tendencial prevê que a humanidade estará usando recursos
e terra ao ritmo de dois planetas ao ano até 2030, e pouco mais de 2,8
planetas ao ano até 2050. O caminho seguido hoje é insustentável.
Nosso conceito de prosperidade e sucesso precisa mudar. Na história
recente, a renda e o consumo se transformaram em importantes facetas
do desenvolvimento e, nos últimos 80 anos, o PIB foi usado como o
principal indicador de progresso. Mas isso não é a história toda: afinal,
deveríamos buscar o bem estar pessoal e da sociedade. Acima de certo
nível de renda, a elevação do consumo não aumenta os benefícios sociais
drasticamente e novos aumentos na renda per capita não ampliam o bem
estar humano de maneira significativa.
Para viver em harmonia com a natureza, também precisamos investir
nela, e não imaginá-la como certa e segura. Um passo a ser tomado
para que isso aconteça é a proteção adequada de áreas representativas
de nossas florestas, reservas de água doce e oceanos. Quanto espaço
deve ser reservado para a conservação da biodiversidade, não só para
fins de armazenamento de carbono e de manutenção dos serviços de
ecossistemas, mas também pelas razões éticas inerentes que guiam os
princípios do desenvolvimento sustentável?
Em complementação ao investimento na proteção direta da natureza,
precisamos investir na biocapacidade. Dentre as opções para aumentar
a produtividade da terra estão a recuperação de terras degradadas, o
aperfeiçoamento da ocupação da terra, do manejo da terra e do manejo
dos cultivos, e o aumento da produção agrícola. Neste sentido, os mercados
tem um papel a cumprir. Melhores práticas de manejo para a produção
aumentam a eficiência, e assim ajudam a aumentar a biocapacidade.
Quem vai conduzir essas e outras transformações, e quem vai tomar as
decisões? Há soluções emergindo tanto em nível nacional como local.
Governos com visão de longo prazo verão a oportunidade de ganhar
competitividade econômica e social por meio de abordagens diferentes,
tais como a valoração da natureza e a alocação de recursos de maneira
a proporcionar prosperidade social e resiliência. Ainda assim, esforços
em nível nacional não serão suficiente. Também serão necessárias
ações coletivas internacionais para enfrentar questões globais como a
eliminação dos subsídios e a desigualdade global.
As empresas também tem um papel a cumprir no fortalecimento da
gestão, tanto nacional quanto internacional, por meio do engajamento em
medidas voluntárias e do trabalho com a sociedade civil e governos para
assegurar que tais mecanismos voluntários de gestão sejam reconhecidos
mais formalmente. O mais importante é a sua habilidade em usar o poder
do mercado para gerar mudanças, com base no reconhecimento de que
os bens naturais são diferentes dos bens criados artificialmente.
E nós, o que podemos fazer para assegurar que a vida humana continue
em nosso planeta com qualidade? Se aceitarmos que o mundo que temos é
o mundo que criamos segundo nossa capacidade de percebê-lo, segue em
nossas mãos a responsabilidade e a capacidade de criar novos caminhos.
Como cada uma de nossas ações tem milhões de interações com o que
acontece no mundo e é difícil conhecer tudo, isso pode nos trazer a
sensação de que nada podemos fazer. No entanto, o potencial humano é
muito grande, e subestimar e desperdiçar nossas potencialidades pode ser
tão grave quanto o desperdício de água e energia. Podemos muito mais
do que imaginamos. Por isso, não devemos nos contentar com soluções
rápidas, imediatistas e superficiais. Cada gesto nosso precisa ser consciente,
pois ele reflete nossa maneira de pensar e, então, é ela que precisa mudar.
“No final, nossa sociedade será definida não somente pelo que
criamos, mas pelo que recusamos a destruir. A escolha é sua.”
John Sawhill / The Nature Conservancy
30. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 30
MEIO AMBIENTE E OS
CICLOS DA VIDA
PARTE 3
Este capítulo tem sinergia com os ODS:
31. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 31
3.1 - MEIO AMBIENTE: O QUE É ISSO?
“A defesa da Terra começa no interior de cada um de nós.”
Carlos Drummond de Andrade
Para trabalhar com educação ambiental, fazemos a você um convite à
reflexão, para começar: você já pensou no que significa a palavra meio
ambiente? Certamente já ouviu essa palavra muitas vezes, mas talvez
ainda não tenha parado para pensar em seu significado. Para a grande
maioria das pessoas meio ambiente é a mesma coisa que florestas,
animais silvestres, regiões polares, enfim, os lugares selvagens onde a
ação humana ainda não é muito forte. Nesse sentido, Meio Ambiente é
sinônimo de Natureza. Por outro lado, essas mesmas pessoas, quando
pensam nos problemas ambientais, referem-se às alterações que os
seres humanos impuseram à Natureza, alterações essas que chegam a
ser extremas, tais como: a criação de inúmeras substâncias novas, novas
combinações que não existem no estado natural, e que por isso geram os
mais variados tipos de poluições, já que não são facilmente integradas aos
ciclos naturais.
32. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 32
Os povos antigos formularam inúmeras versões sobre o que é a
Natureza, que vão desde a noção do sagrado até a de reserva de
bens para serem utilizados. Esta última é a visão mais difundida de
Natureza. Foi somente nos tempos modernos, em que a modificação da
Natureza se tornou extremamente acentuada, é que o conceito de meio
ambiente passou a fazer sentido, gerando uma certa distinção entre
Meio Ambiente e Natureza. Tivemos que criar o termo Meio Ambiente,
pois a palavra Natureza já não servia mais para designar máquinas,
construções ou objetos de plástico, apesar de precisarmos dela para a
fabricação destes itens. Quando queremos nos referir aos elementos
retirados da Natureza para as nossas fabricações, utilizamos o termo:
recurso natural, mas isso não quer dizer que Natureza seja somente
um recurso natural. Há funções e significados muito mais amplos que
conhecemos e vivenciamos o tempo todo.
Para compreendermos bem essa separação ou não entre Meio
Ambiente e Natureza, podemos observar o próprio ambiente em que
vivemos: nossos corpos, nossas casas, nossos bairros, nossa cidade.
Onde você mora era um lugar cheio de plantas e animais silvestres que
já não habitam mais a região. Hoje eles estão protegidos em lugares
especiais, chamados Unidades de Conservação (UCs), ou em áreas
particulares que, por algum motivo, ainda não foram transformadas.
Mesmo quem mora pertinho da floresta, não mora dentro dela.
Nós acabamos nos acostumando a nos ver bem separados do que
chamamos de Natureza e assim organizar nossa vida “separados” dela.
De uma maneira geral, os ambientes onde as pessoas vivem foram
profundamente alterados para que se tornassem propícios aos
modos modernos de convivência humana. Pelo menos esse é um dos
fundamentos da construção da vida em sociedade: alterar a Natureza
para favorecer a vida humana.
Se de um lado nos acostumamos a transformar a Natureza para criar
o nosso modo de vida, por outro lado, continuamos a fazer parte da
comunidade de seres vivos e fazemos muita coisa bem parecida com
os animais silvestres e até mesmo com as plantas: nascemos pequenos
e frágeis, precisamos nos alimentar, nos desenvolver, amadurecer, nos
reproduzir, para depois morrermos. Nenhum ser vivo escapa desse ciclo.
Os alimentos que ingerimos são produzidos pelas plantas ou a partir
delas, pois as carnes são parte inclusive dos corpos dos animais
herbívoros, isto é, que só comem plantas. Todos os produtos que
utilizamos para organizar nossas atividades e garantir nosso conforto
são extraídos originalmente de áreas naturais, onde muitas plantas
e animais conviviam naturalmente. Carros, bicicletas, computadores,
armários, canetas, xampus, panelas; enfim, essa infinidade de objetos
que utilizamos são sempre um pedacinho da natureza transformada. A
energia elétrica, o ar, a água também. A natureza está muito mais perto
de nós do que imaginamos.
Pensando assim, então, dá pra saber onde é que começa o nosso meio
ambiente? Na nossa cidade, no nosso bairro, na nossa casa, no nosso
quarto, no nosso corpo? Para mantermos o nosso corpo precisamos de
ar, água, energia. Então, faz sentido pensarmos que o meio ambiente
começa no nosso corpo. O que respiramos e ingerimos faz parte do
nosso corpo e influencia aquilo que fazemos e pensamos. Podemos
até pensar que o meio ambiente pode começar em nosso cérebro, em
nossa mente.
Estamos interagindo o tempo todo! As moléculas da água, dos alimentos
e de todas as coisas estão continuamente circulando pela Terra! O
que está acontecendo hoje em dia, com a poluição, o uso excessivo
de substâncias químicas, entre outros impactos causados pela ação
humana, é que estamos modificando a forma desses elementos
circularem pela Terra. E também, não sem graves consequências,
estamos modificando a velocidade com que esses elementos circulam.
O que chamamos de Meio Ambiente é a própria Natureza
modificada.
33. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 33
Extraímos muito rapidamente uma grande quantidade de recursos
naturais e, após um consumo que dura pouco tempo, depositamos esses
recursos em locais que denominamos de lixo. Para a Natureza, a maneira
de funcionar não se modifica: as substâncias devem circular pela Terra
fazendo parte de seus ciclos. Para nós, temos problemas: as substâncias
que não entram ou demoram para entrar nos ciclos formam depósitos
que nos desagradam ao olhar, provocam mau cheiro, são foco de vetores
de doenças, depositam-se na água e matam os ecossistemas aquáticos,
contaminam o ar causando enfermidades variadas.
As florestas são a forma que a Natureza toma em nossa região. Temos
muito o que aprender com elas. Por isso a tomaremos como eixo que
norteará todo o nosso trabalho: será a partir da observação, reflexão e
convivência com ela que conduziremos nossas ações.
Outro fator que contribuiu para essa escolha relaciona-se diretamente
ao tipo de atividade extra classe que você e seus alunos farão em um
local escolhido por você que tenha ainda algum remanescente de floresta
nativa.
34. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 34
O que é Natureza para você?
35. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 35
3.2 - A FLORESTA, NOSSA MESTRA
“Uma árvore cai com um grande estrondo.
Mas ninguém escuta a floresta crescer.”
Provérbio africano
Se temos muito o que aprender com as florestas, então podemos
considerá-las como nossas mestras. Mas o que aprendemos com elas?
Para pensar nisso, vamos retomar o que foi afirmado anteriormente, de
que aprendemos muito mais pelo exemplo dos educadores do que com
suas falas. A floresta é assim. Ela dá muitos exemplos, mas precisamos
saber reconhecê-los. Ela nos fala também, mas é preciso aprender a ouvi-
la. Como é que se faz isso?
O contato atento e sensível com a floresta nos ajuda a expressar nossas
próprias potencialidades, que é o objetivo primordial da educação,
quando a consideramos a partir de seu significado original: processo
de promover a expressão das potencialidades que cada pessoa possui
dentro de si. Ela nos ensina a olhar e compreender o mundo a partir
de nosso próprio repertório, ampliando-o nesse contato. Ela nos ajuda
a formar valores enraizados na experiência e no compromisso consigo
mesmo, com os outros e com a vida como um todo.
O foco na transmissão de informações incorporado pelos sistemas de
ensino tradicionais gerou uma falta de comprometimento generalizada,
que agora, com a educação ambiental, queremos recuperar. As florestas
nos ajudam nesse processo, pois são o reservatório de vida a partir
do qual toda a história humana teve origem, evoluiu e do qual não
podemos ficar sem. Todo o conhecimento científico e todos os conteúdos
disciplinares, foram aprendidos durante séculos em que matemáticos,
naturalistas, gramáticos, geólogos, historiadores e geógrafos observaram
a natureza e tiraram conclusões sobre suas leis. Toda a história humana
se deu baseando-se não só nas relações humanas: isso não seria possível
sem a conexão direta com as potencialidades naturais de cada lugar, a
partir das quais os seres humanos erigiram suas culturas e construíram
suas histórias. As florestas nos ajudam a definir uma ética mais
abrangente, para incluir todos os seres que fazem parte deste planeta.
36. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 36
Você tem uma experiência pessoal para contar na qual aprendeu algo
diretamente com a floresta? Relate-as aqui.
37. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 37
3.3 - BREVE HISTÓRIA DAS FLORESTAS
Sobradinho
“O homem chega, já desfaz a natureza
Tira a gente, põe represa, diz que tudo vai mudar
O São Francisco lá prá cima da Bahia
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar
E passo a passo vai cumprindo a profecia
Do beato que dizia que o sertão ia alagar
O sertão vai virar mar, dá no coração
O medo que algum dia o mar também vire sertão”
Sá e Guarabira
Atualmente, quando nos referimos às florestas, estamos falando
principalmente das florestas tropicais, pois são as que restam, em
áreas ainda extensas, de todas as que já existiram sobre a Terra. As
outras, já extintas ou quase, foram palco de desenvolvimento de todas
as civilizações que nos antecederam. Diversos historiadores parecem
concordar que a presença das florestas foi elemento essencial para o
florescimento das grandes civilizações. Se hoje desejamos protegê-las,
é porque o processo civilizatório está se aproximando das últimas áreas
florestais do planeta.
38. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 38
A destruição atual faz parte de um ciclo que começou há milhares de
anos. Hoje podemos perceber que as civilizações antigas entraram em
decadência devido, entre outros motivos, à escassez de florestas: o
desmatamento e a degradação do solo reduziram as possibilidades de
desenvolvimento.
Se hoje queremos protegê-las com uma população mundial de mais de 6
bilhões de habitantes, e se sabemos que transformar florestas em cultura
foi o procedimento básico para todas as civilizações que já ocuparam
nosso planeta, estamos assumindo o desejo coletivo de que a história
tome um rumo diferente de tudo o que nos antecedeu até aqui, pelo
menos nos últimos 6 mil anos!
A história oficial considera que a civilização ocidental teve início na
Mesopotâmia, na fértil região entre os rios Tigre e Eufrates, região em
que havia uma enorme floresta, há quase 7 mil anos atrás. A intensa
transformação da Natureza em artefatos cada vez mais elaborados e
sofisticados, a expansão da extração de minérios, da agricultura e da
pecuária, além das questões de domínio sobre as terras e das culturas,
umas sobre as outras, fez com que, nesse período, a floresta exuberante
se transformasse numa região árida e desértica. Desde então, o processo
civilizatório foi se intensificando e se expandindo, e experiências
reveladoras do grande talento e inteligência humana foram deixando
suas marcas. Hoje podemos apreciar o que ficou do mundo egípcio, de
impressionante beleza, assim como da Grécia antiga, do Império Romano
e das diversas civilizações que se desenvolveram no território europeu.
Todas essas civilizações por nós conhecidas tiveram, de certo ponto de
vista, na escassez da madeira um dos motivos de sua decadência. No final
do século 15, as jovens nações europeias já tinham avançado seu saber
tecnológico na construção de navios e também já tinham exterminado a
maior parte de suas florestas.
O avanço tecnológico destes países permitiu que eles saíssem para a
conquista de novas terras, do chamado, por eles, de Novo Mundo. A
Sabiá-do-campo (Mimus
saturninus)
Ocorrem em quase todo
o Brasil, inclusive em área
urbana.
Biomas: Mata Atlântica,
Cerrado e Caatinga e áreas
campestres da Amazônia.
Fonte: https:/
/www.wikiaves.
com.br/wiki/sabia-do-campo
39. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 39
primeira descoberta feita pelos portugueses foi a Ilha da Madeira, no
ano 1.420 d.C. O nome da ilha reflete a paisagem da época, composta de
muita floresta e visualizada como madeira em potencial. A colonização
começou com a extração da madeira, o cultivo da cana de açúcar e a
transformação desta em açúcar, o que consumia muita madeira que
também era levada para Portugal e Espanha para a construção das
embarcações, pois já se planejava fazer viagens oceânicas e estabelecer o
comércio com as Índias.
E assim o Brasil entra neste modelo de processo civilizatório. Depois de
receber alguns nomes provisórios, a nova terra foi batizada com o nome
da primeira madeira explorada pelos recém-chegados estrangeiros: o
Pau-brasil.
No Brasil as florestas não tiveram melhor sorte que as europeias,
mantendo-se vivas ainda em pleno século 21 graças, sobretudo, ao fato
de serem tão grandes que ainda não se conseguiu acabar com elas.
Peça aos seus alunos para escreverem uma carta
para alguma pessoa do passado, sobre o resultado
das ações delas em nosso mundo atual. Analise
observando se as crianças relacionam a realidade
atual como resultado de algo que foi pensado e
sonhado por pessoas do passado.
Leia em voz alta alguns trechos da carta de Pero
Vaz de Caminha (Apêndice 1). Peça para os alunos
desenharem a paisagem que os portugueses
avistaram em sua chegada às costas brasileiras.
40. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 40
Anote aqui os resultados de suas experiências com os alunos sugeridas neste item.
41. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 41
3.4 - OS CICLOS DA VIDA
A base dos processos vitais que mantém um ecossistema é o ciclo. Todos
os elementos necessários à vida estão circulando no ambiente, isto é, os
elementos entram na estrutura dos seres por um período, passam por
processos de transformação e voltam a ficar disponíveis no meio para
serem novamente absorvidos em outra estrutura. Assim acontece com
todos os componentes: o carbono, o oxigênio, a água, o nitrogênio e
uma infinidade de outros elementos que circulam em quantidade muito
pequena.
Toda a matéria que forma a Terra faz parte de um ciclo. Ela não pode
ser criada nem destruída, só transformada. Os ciclos dos elementos
formam um complexo mecanismo de controle que mantém as condições
essenciais à autossustentação dos seres vivos. É a vida que pulsa nos
elementos que os coloca em permanente movimento.
Por todo o planeta, a vida se expressou das mais variadas formas,
com maior ou menor diversidade biológica, com maior ou menor
disponibilidade de água, com maior ou menor riqueza de solos, criando
uma infinidade de ambientes com características próprias. Todos eles
funcionam da mesma forma e seu equilíbrio depende de todas as
relações que seus componentes mantêm entre si.
42. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 42
CALENDÁRIO DA TERRA
Peça aos alunos para desenharem uma linha do tempo, desde a
formação da terra, passando pelo aparecimento dos seres humanos e
chegando aos dias atuais, num espaço imaginário de 1 ano.
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Formação da Terra =
primeiro minuto do
mês de janeiro
Cristalização
da rocha mais
antiga
Primeiros seres
vivos
Plantas e animais
terrestres
Aparecimento e desaparecimento dos dinossauros = logo após o Natal
Primeiros hominídeos = início da noite de 31 de dezembro
Retrocesso da última glaciação = faltando um minuto e
quinze segundos para a meia-noite do dia 31
Duração do Império Romano = apenas cinco segundos
(de 11h59min45s até 11h59min50s)
Descobrimento da América = três segundos antes de terminar o ano
FERREIRA & ROIZMAN. Jornada de Amor à Terra – Ética e Educação em Valores Universais. São Paulo.2006. Pg 67
43. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 43
Os cientistas ainda não chegaram a um acordo sobre quantas espécies
existem na Terra. As estimativas ficam entre 10 e 50 milhões de plantas
e animais. Até hoje só estudaram e deram nome científico a cerca de 1,5
milhão de formas de vida.
As espécies não existem de forma isolada. A evolução de cada uma delas
se deu no ambiente específico em que viviam e assim formaram, ao longo
dos tempos, os ecossistemas. O relacionamento entre as espécies de um
ecossistema é tão estreito que a existência de uma só espécie afeta a vida
de todas as outras. Da mesma forma, a alteração na vida de uma espécie
afeta todos os demais componentes daquele ecossistema. Por exemplo,
os excrementos de um animal podem servir de alimento para outras
espécies e fertilizar o solo para o crescimento das plantas. As sementes
das plantas podem espalhar-se por uma grande área graças ao trabalho
de algumas aves e insetos. Eles também podem ajudar no cruzamento
entre as plantas, levando o grão de pólen de uma para outra flor, ao
mesmo tempo em que podem se alimentar do seu néctar.
Da mesma maneira, a vida humana depende da existência de outras
espécies. Alimentos, materiais de construção, roupas, medicamentos,
todos os objetos que já conseguimos inventar são provenientes de algum
ecossistema. O impacto das civilizações sobre a Natureza tem sido grande
e decorrente de um consumo de matérias-primas mais acelerado do que
a capacidade de recuperação dos ambientes. Houve uma alteração radical
nos mecanismos reguladores e mantenedores das condições ambientais
necessárias à manutenção da vida na Terra.
Desde as inovações tecnológicas desenvolvidas durante o século XX2
,
muitas variedades de plantas e animais foram criados e dispersados pelo
globo para ambientes onde aquela espécie não existia anteriormente.
Com a expansão dos campos cultivados e das pastagens, a diversidade
de espécies por área diminuiu muito, já que um local antes habitado por
diferentes seres vivos era transformado em um espaço ocupado por
cultivos contendo normalmente apenas uma espécie.
O Curió (Sporophila angolensis) é uma ave passeriforme da família
thraupidae. Mede cerca de 14,5 cm, sendo que o macho é preto na parte
superior do corpo e castanho-avermelhado na parte inferior, sendo a
parte interna das asas na cor branca.
Os seus habitats naturais são: florestas subtropicais ou tropicais úmidas
de baixa altitude e florestas secundárias altamente degradadas.
Muito procurado como pássaro de gaiola Esta é considerada a principal
ameaça e causa de seu desaparecimento das regiões mais habitadas do
país. É considerado Criticamente em Perigo no Estado de Minas Gerais,
conforme a Lista Vermelha estadual.
Biomas: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga e áreas campestres da
Amazônia.
Fontes: https:/
/www.wikiaves.com.br/wiki/curio
https:/
/www.wikiaves.com.br/wiki/sabia-do-campo
44. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 44
A introdução voluntária de espécies exóticas foi, muitas vezes, uma
opção econômica para a agricultura, quando algumas espécies exóticas
eram mais produtivas ou mais resistentes a pragas e doenças do que
as espécies nativas. Isso pode acontecer com frequência, pois a espécie
nativa, integrada ao ecossistema de origem, está interagindo com as
outras espécies. A planta ou animal exótico não tem, em seu novo
território, predadores naturais para ameaçar sua sobrevivência, o que faz
com que elas se reproduzam com mais facilidade.
Além destas causas, alguns estudiosos apontam que a perda da
biodiversidade é devida aos baixos valores econômicos dados à
biodiversidade e às suas funções ecológicas – como a proteção de bacias
hidrográficas, ciclagem de nutrientes, controle da poluição, formação
dos solos, fotossíntese e evolução – das quais depende o bem estar da
humanidade.
A maior diversidade de vida terrestre está nas florestas tropicais. Em
outras partes do mundo a diversidade é menor, mas sua importância do
ponto de vista ecológico é igualmente grande.
Os oceanos cobrem 70% da superfície terrestre e podem abrigar uma
biodiversidade superior à das florestas tropicais, mas que até agora está,
em sua maior parte, desconhecida. Há referências sobre a possibilidade
de o fundo do mar abrigar até 10 milhões de espécies sobre as quais
ainda nada sabemos. A geração de oxigênio e a regulação climática
dependem muito mais dos ecossistemas oceânicos do que dos terrestres.
Os ciclos hidrológicos dependem dessa enorme massa de água disponível
e de sua capacidade de armazenar calor.
2. E mesmo anteriormente, desde as primeiras viagens dos homens pela Terra, os
cruzamentos entre espécies e variedades animais e vegetais foram sendo feitos. Depois
dos descobrimentos, no século 15, as grandes navegações intensificaram essas trocas e, 3
séculos mais tarde, durante a Revolução Industrial o processo de artificialização da natureza
tornou-se ainda mais intenso.
A exploração dos oceanos e das zonas costeiras sempre fizeram parte
da história da humanidade, gerando riquezas, fornecendo alimento e
possibilitando o transporte entre os povos. Os oceanos também são
considerados como a última fronteira para a exploração dos recursos
minerais da terra. O uso indiscriminado dos oceanos e dos mares para a
produção de alimentos, navegação comercial e despejo de efluentes vem
causando muitos danos, muitos deles irreversíveis.
45. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 45
DINÂMICA DA TEIA
Material: folhas de sulfite em branco, fita adesiva e novelo de
lã ou barbante.
Necessita-se de sete participantes. Cada um vai representar um
elemento da história abaixo, sendo eles: o hipopótamo, a lama, o
caramujo, o ser humano, as algas, os crustáceos e os peixes. Cada
participante coloca um pequeno cartaz em seu peito (o que pode
ser feito utilizando-se folha de sulfite e fita adesiva) com o nome de
um elemento da história... Ler o texto abaixo e, com um barbante
ou fios de lã, interligue os personagens da história à medida que
seus nomes forem sendo mencionados, formando visivelmente uma
teia, na qual podem ser vistas claramente as interconexões entre os
seus elementos. Elas fazem parte de todos os sistemas vivos e seu
entendimento pode ser aplicado a qualquer um deles.
O extermínio do hipopótamo em certas regiões da África do Sul, com
a finalidade de facilitar a navegação nos rios, é um ótimo exemplo
das complexas relações que uma espécie mantém com todo o seu
ecossistema. Sem conhecer a teia da vida, a morte dos hipopótamos
acabou desencadeando a proliferação da esquistossomose e a falta de
recursos alimentares para a população local.
“O ser humano exterminou os hipopótamos. Os hipopótamos,
ao caminharem no fundo do rio, agitavam a lama depositada,
facilitando a circulação da água. Com o seu desaparecimento, os rios
“entupiram”, alagando as regiões ao seu redor. Com isso, o caramujo
transmissor da esquistossomose (barriga d´água), que vive em águas
paradas, encontrou boas condições de desenvolvimento, e a doença
se espalhou pela região, contaminando o ser humano. Mais ainda:
descobriu-se depois que as fezes do hipopótamo funcionavam como
adubo que estimulava o desenvolvimento de algas no fundo do rio.
Essas algas serviam de alimento para pequenos crustáceos (bichinhos
semelhantes a um camarão) que, por sua vez, eram comidos pelos
peixes. Sem os hipopótamos, a população de peixes diminui, e os seres
humanos deixaram de comer carne de peixe e começaram a passar
fome.”
Debate: depois de formada a teia, podemos perceber visualmente os
elos de dependência que existem entre os elementos. É um exercício
que possibilita a vivência da saúde individual e coletiva: cada célula
contribui para a estabilidade do organismo. Cada habitante da Terra
desempenha seu papel na saúde coletiva, pois os humanos estão
interconectados entre si, dependem uns dos outros e do ambiente.
É importante que os participantes percebam que as nossas ações
podem ter consequências em um sistema maior, que muitas vezes não
conseguimos imaginar.
Após o debate, os participantes poderão criar outros exemplos para
realizar a dinâmica da teia, extraídos da vida real: situações vividas
na escola, dentro de casa e assim por diante.
FERREIRA & ROIZMAN. Jornada de Amor à Terra – Ética e Educação em
Valores Universais. São Paulo.2006. Pg 37
46. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 46
RECEITA DE FLORESTA
Dê a cada aluno uma escritura imaginária de um terreno
de 1.500 metros quadrados. Nesse pedaço de terra
virgem ele terá a liberdade de criar a floresta de seus
sonhos, com muitas árvores, animais, montanhas e
rios, enfim, tudo o que desejar. Deixe qu as imaginações
fluam livremente. Para estimular a criatividade dos
alunos, você poderá dar algumas sugestões: “Para que
sua floresta seja linda e radiante, talvez você queira
incluir algo como cachoeiras e tempestades de vento, ou
arco-íris permanentes...”.
Peça-lhes que façam uma lista dos ingredientes de suas
florestas e depois os desenhem. Termine indagando aos
alunos se suas florestas serão capazes de sobreviver
ano após ano. Por exemplo, verifique se eles escolheram
alguns representantes do ciclo alimentar: herbívoros,
plantas e os decompositores (exemplo: formigas,
cogumelos, bactérias). Não deixe que se esqueçam de
fatores menos evidentes, tais como solo e clima.
CORNELL, J. Vivências com a Natureza 1. São Paulo. 2003.
Pg 77
PREDADOR-PRESA
Esta brincadeira introduz o conceito de cadeias alimentares e
demonstra como elas funcionam. Forme um círculo de cerca de
cinco metros de diâmetro numa área aberta. Coloque vendas nos
olhos de dois alunos, deixando-os no meio do círculo. Peça a um
deles que diga o nome de um predador que vive na região e peça
ao outro que diga o nome de uma presa. O predador tenta apanhar
a presa, ouvindo-a, seguindo sua pista e correndo atrás dela. Se o
predador ou a presa se aproximarem muito da margem do círculo,
os alunos lhe darão duas pancadinhas. Exija silêncio enquanto
a brincadeira está em andamento e peça que os participantes
representem de modo mais real e que imitem os animais
escolhidos. Para variar a brincadeira, faça uma experiência com
número diferente de predadores e presas. Coloque sininhos em
alguns dos animais, forçando-os a modificar sua estratégia de
caça ou para que não sejam capturados. Se o predador não for tão
arrojado como poderia ser, e estiver demorando muito, feche mais
o círculo, de modo que o predador e a presa fiquem mais próximos
um do outro.
Esta atividade pode ser feita num momento de introdução, em que
você está preparando o grupo para as informações sobre a teia da
vida, pois ela cria uma atmosfera de grupo e costuma acalmar a
agitação das crianças.
CORNELL, J. Vivências com a Natureza 1. São Paulo. 2003. Pg 79
47. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 47
PIRÂMIDE DA VIDA
Esta atividade requer seis participantes, no mínimo. Forneça a cada
aluno um pedaço de papel e peça-lhe que escreva secretamente o
nome de uma planta ou animal que se desenvolve ou vive na região.
Os participantes deverão formar uma pirâmide, mas não lhes conte
isso até ter recolhido todos os pedaços de papel.
Para jogar Pirâmide da Vida entregue aos jogadores uma carta com o
nome de uma planta ou animal escrito nela. É mais divertido se você
escolher animais e plantas interessantes – como sempre-viva e beija-
flor –, se possível todos os animais e plantas devem ser do mesmo
habitat. Ao escrever você mesmo o nome das plantas e dos animais,
você tem a possibilidade de estabelecer a proporção entre as plantas,
os animais herbívoros e os predadores. Junto com o nome, escreva
também um algarismo romano (Plantas, I; Herbívoros, II; Carnívoros,
III; Predadores de segunda ordem3
, IV). Para um grupo de 26 pessoas,
sugiro a seguinte proporção, de plantas até os predadores de segunda
ordem: 14-7-4-1.
Embaralhe as cartas e distribua uma para cada participante. Se
algum deles não souber a qual categoria pertence, podem encontrá-
la pelos algarismos romanos. Eis como jogar: “Eu gostaria de chamar
todos aqueles que são capazes de produzir alimento a partir do sol,
do ar, da água e de nutrientes do solo que deem um passo à frente e
formem uma fila... Por favor, plantas, vocês podem se apresentar?...
(os participantes respondem com o nome engraçado que está escrito
em sua carta, tal como Suzana sempre-viva!... Maria sem-vergonha!...
Fernanda não-me-toques!... Joana Sensitiva!...) Agora os herbívoros
se identificam e se colocam atrás das plantas. Contem-nos quem são
vocês... Se você é um predador, faça uma terceira fila e se identifique...
Há alguém que ocupa o topo da cadeia alimentar? Sim? Conte-nos
quem você é?...Uma águia,...então venha e forme a quarta fila. Agora
que cada um está em seu lugar, tentem formar uma pirâmide. (Eu
disse apenas para que tentem, pois é bem arriscado construir uma
pirâmide com muita gente).
Explique ao grupo que há uma hipótese científica que explica que
a proporção de um nível para outro (isto é, das plantas para os
herbívoros) é de cerca de 1/10 da biomassa. Por exemplo, se você tem
500 kg de plantas você terá 50 kg de herbívoros, 5 kg de carnívoros e
0,5 de predadores de segunda ordem.
Agora diga ao grupo: “Notei que as plantas estão tendo problemas com
alguns insetos, então vou jogar um pouco de defensivo agrícola. Estes
lenços que estou colocando sobre suas cabeças – um para cada planta
– representa uma partícula desse pesticida...
3. “Animais que podem se alimentar de outros carnívoros”
48. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 48
Agora eu gostaria que os herbívoros se alimentassem das plantas.
Façam isso pegando os lenços das plantas e colocando-os sobre suas
cabeças. Sigam comendo até que todas as plantas sejam comidas.
Substâncias como herbicidas e pesticidas, quando ingeridos pelos
animais, ficam depositados em seus tecidos. Vamos agora deixar os
carnívoros se alimentarem dos herbívoros...” (Agora os participantes
podem prever o que vai acontecer quando todos os lenços estiverem
na quarta fila.) “Agora, será que a águia vai comer os animais da
terceira fila?” (Os jogadores se divertirão ao verem todos os lenços
formando um chapéu na cabeça da águia.) “Os níveis mais elevados
da cadeia alimentar apresentam uma concentração maior de
substâncias. Este processo é chamado de amplificação biológica.
Pássaros como águias, falcões peregrinos e pelicanos e também
outros animais têm sido fortemente contaminados por substâncias
despejados no meio ambiente... E você, como humano, qual o seu
lugar na cadeia alimentar?”
CORNELL, J. Vivências com a Natureza 1. São Paulo. 2003. Pg 77
AS ESTAÇÕES DO ANO
Refletir sobre as estações do ano é uma
ótima maneira de perceber os ciclos
naturais!
Peça para seus alunos descreverem as
estações ao ano, com informações sobre a
temperatura, regime de chuvas, aparência
das plantas, reprodução dos animais. Você
também pode comentar sobre a alternância
das estações do ano nos hemisférios norte
e sul.
49. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 49
Distribua o texto abaixo para seus alunos. Depois de ler, peça para que formem grupos e façam uma discussão sobre o texto abordando
questões como: os ciclos de vida dos materiais citados, a reutilização de materiais, os resíduos e a nossa vida. Também é possível pedir
para que observem o lixo da sua casa e façam um texto descrevendo seus hábitos a partir do que está no lixo.
AS ESTAÇÕES DO ANO
Luís Fernando Veríssimo do livro “O analista de Bagé”
Encontraram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É
a primeira vez que se falam.
- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612.
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto seu lixo...
- O meu o quê?
- O seu lixo.
- Ah!
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmmm. Notei também que o senhor usa muita comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei
cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto restos de
comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas como
moro sozinha, às vezes sobra...
- A senhora.... você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro
amassadas no seu lixo.
50. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 50
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimidos no seu lixo...
- Tranquilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois,
muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até
bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer
que ela volte.
- Você já está analisando meu lixo!
- Não posso negar que seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de
conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam
dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que,
não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que
sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo
é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar sua cozinha.
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no meu?
51. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 51
PROCESSOS NATURAIS
Divida o grupo em subgrupos de 5 até 7
pessoas. Diga que cada grupo deve escolher
um processo natural qualquer (você pode
perguntar antes para todos o que é um
processo natural e pedir para que eles
deem exemplos). Os subgrupos se separam
para escolher o seu processo e ensaiar uma
dramatização que deverá ser apresentada
posteriormente para o restante do grupo.
Depois que todos os subgrupos tiverem
ensaiado, cada um apresenta e o grupo
todo tenta adivinhar qual processo natural
foi representado.
CORNELL, J. Vivências com a Natureza 2. São
Paulo, 2008. Pg 78
52. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 52
Anote aqui os resultados de suas experiências com os alunos, sugeridas neste item.
Quais das atividades sugeridas você mais gostou?
53. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 53
3.5 - AS MANIFESTAÇÕES DA VIDA
Obviamente é a vida na Terra que conhecemos. E é dela que vamos
falar aqui. Ao longo da evolução da vida, a diversificação das espécies foi
fundamental para garantir o desenvolvimento e a sustentabilidade de
todas as formas, que convivem em comunidades relacionando-se direta
ou indiretamente, alimentando-se e realizando diversas trocas formando
os ecossistemas4
do mundo inteiro.
A chamada Diversidade biológica ou biodiversidade indica não só a
variedade de vida na Terra como os padrões naturais que essa variedade
forma. A biodiversidade pode ser considerada em relação às espécies,
isto é, incluindo todas as espécies de animais, vegetais, microorganismos
etc. Os genes contidos em cada indivíduo, ou os “conjuntos” que essas
espécies formam a partir de seus relacionamentos, são os ecossistemas.
Estão relacionados abaixo os principais ecossistemas brasileiros. O Brasil
é considerado um dos países de maior diversidade biológica do planeta.
Abriga cerca de 10% a 20% das espécies já conhecidas pela ciência. Estas
são originárias de suas extensas florestas tropicais úmidas, que hoje
representam cerca de 30% das florestas deste tipo no mundo.
A flora brasileira conhecida contribui com 50 mil a 56 mil espécies de
plantas superiores, o que corresponde a 20% do que hoje é conhecido.
Esse número é muito superior ao que se encontra na América do Norte,
Europa ou África. Em relação à fauna, os dados existentes mostram uma
importância especial tanto quanto ao número de espécies de anfíbios,
répteis, mamíferos, aves, peixes e artrópodes, quanto ao alto grau de
endemismo (uma espécie é endêmica quando ela é restrita a uma
determinada área geográfica): das 517 espécies de anfíbios, 294 são
endêmicas; das 468 espécies de répteis, 172 são endêmicas; das 524
espécies de mamíferos, 131 são endêmicas; das 1.622 aves, 191 são
endêmicas. Só de insetos, temos 15 milhões de espécies, estima-se. Esse
alto grau de endemismo está presente em todos os biomas5
brasileiros.
Isso significa que, se um pequeno trecho de floresta é desmatado, muitas
espécies podem estar sendo extintas, pois ocorriam apenas naquele local.
4. Ecossistema é uma unidade de estudo, formada pelo conjunto de todos os seres animais
e vegetais que interagem entre si e com o meio físico, formando uma rede de inter-relações
energéticas viabilizada pelas relações alimentares que os seus componentes estabelecem
entre si. Para haver equilíbrio em um ecossistema é preciso haver diversidade biológica e um
intercâmbio entre os seres vivos, as rochas, as águas e o solo.
5. Biomas são os grandes conjuntos de ecossistemas.
54. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 54
ECOSISTEMAS BRASILEIROS
50a 560mil
Espécies de
Plantas superiores
do que
existe no
mundo
20%
Anfíbios
517 espécies
294 endêmicas
Répteis
468 espécies
172 endêmicas
Mamíferos
524 espécies
131 endêmicas
Aves
1622 espécies
191 endêmicas
55. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 55
3.6 - ECOSSISTEMAS BRASILEIROS
AMAZÔNIA
A Amazônia é quase mítica: um verde e vasto mundo de águas e florestas,
onde as copas de árvores imensas escondem o úmido nascimento,
reprodução e morte de mais de um terço das espécies que vivem sobre a
Terra.
Os números são igualmente monumentais. A Amazônia é o maior bioma
do Brasil: num território de 4.196.943 milhões de km2
(IBGE, 2004),
crescem 2.500 espécies de árvores (ou um terço de toda a madeira
tropical do mundo) e 30 mil espécies de plantas (das 100 mil da América
do Sul). A bacia amazônica é a maior bacia hidrográfica do mundo: cobre
cerca de 6 milhões de km2
e tem 1.100 afluentes. Seu principal rio, o
Amazonas, corta a região para desaguar no Oceano Atlântico, lançando ao
mar cerca de 175 milhões de litros d’água a cada segundo.
As estimativas situam a região como a maior reserva de madeira tropical
do mundo. Seus recursos naturais – que, além da madeira, incluem
enormes estoques de borracha, castanha, peixe e minérios, por exemplo
– representam uma abundante fonte de riqueza natural. A região abriga
também grande riqueza cultural, incluindo o conhecimento tradicional
sobre os usos e a forma de explorar esses recursos naturais sem esgotá-
los nem destruir o habitat natural.
Amazônia
Caatinga
Cerrado
Mata Atlântica
Pampa
Pantanal
56. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 56
A Amazônia representa mais da metade das florestas tropicais
remanescentes no planeta e compreende a mais biodiversa floresta
tropical do mundo. No Brasil, ocupa 49,29% do território, abrangendo os
Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, e parte dos
Estados do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso.
O clima na floresta Amazônica é equatorial, quente e úmido, devido à
proximidade da linha do Equador, com a temperatura variando pouco
durante o ano. As chuvas são abundantes, com as médias de precipitação
anuais variando de 1.500 mm a 1.700 mm, podendo ultrapassar 3.000
mm na foz do rio Amazonas e no litoral do Amapá. O período chuvoso
dura seis meses.
A região é o lar de cerca de 2,5 milhões de espécies de insetos e dezenas
de milhares de plantas. Até o momento, pelo menos 40.000 espécies
de plantas, 3.000 de peixes, 1.294 aves, 427 mamíferos, 428 anfíbios
e 378 de répteis foram classificadas cientificamente na região. Um em
cada cinco de todos os pássaros no mundo vivem na floresta tropical da
Amazônia. Os cientistas descreveram entre 96.660 e 128.843 espécies de
invertebrados só no Brasil.
Em comparação com os demais biomas brasileiros, a Amazônia é o que
detém o maior percentual de florestas oficialmente protegidas (3,2% da
área total do bioma). No entanto, apenas 0,38% da área dos parques e
reservas hoje existentes na Amazônia está minimamente protegida de
fato.
57. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 57
MATA ATLÂNTICA
A Mata Atlântica abrangia uma área equivalente a 1.315.460 km2
e
estendia-se originalmente ao longo de 17 Estados (Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí).
Hoje, restam 7,91% de remanescentes florestais acima de 100 hectares do
que existia originalmente. Somados todos os fragmentos de floresta nativa
acima de 3 hectares, temos atualmente 11%. É um dos hotspots6
mundiais,
ou seja, uma das áreas mais ricas em biodiversidade e mais ameaçadas
do planeta; foi também decretada Reserva da Biosfera pela Unesco e
Patrimônio Nacional, na Constituição Federal de 1988. A composição
original da Mata Atlântica é um mosaico de vegetações definidas como
florestas ombrófilas densa, aberta e mista; florestas estacionais decidual
e semidecidual; campos de altitude, mangues e restingas. Seu clima é
subtropical e tropical.
6. Hotspot é um conceito definido pela Conservation International e designa as áreas naturais
com duas características básicas: apresentam elevada biodiversidade e já foram destruídas
em 80% ou mais de sua área original.
58. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 58
Segundo dados atualizados do Atlas dos Remanescentes Florestais
da Mata Atlântica, publicado pela SOS Mata Atlantica em 23/5/19, a
área abriga cerca de 72% da população, sete das nove maiores bacias
hidrográficas do país e três dos maiores centros urbanos do continente
sul americano. Das 633 espécies de animais ameaçadas de extinção no
Brasil, 383 ocorrem na Mata Atlântica. Neste bioma vivem mais de 20 mil
espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas, 270 espécies conhecidas
de mamíferos, 992 de pássaros, 197 de répteis, 372 de anfíbios e 350 de
peixes. A maior parte das espécies de animais brasileiros ameaçados de
extinção são originários da Mata Atlântica, como os micos-leões, a lontra,
a onça-pintada, o tatu-canastra e a arara-azul-pequena. Além desta lista,
também vivem na região gambás, tamanduás, preguiças, antas, veados,
cotias, quatis, etc. O primeiro parque nacional brasileiro foi criado em uma
área de Mata Atlântica, em 14 de junho de 1937. O Parque Nacional de
Itatiaia fica entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais e abriga 360
espécies de aves (incluindo gaviões, codornas e tucanos) e 67 espécies de
mamíferos (como a paca, macacos e preguiças).
A MATA ATLÂNTICA EM NÚMEROS
Habitantes
112 milhões
da população
brasileira
Plantas
20 mil
espécies
Anfíbios
372espécies
Répteis
197espécies
Aves
992espécies
72%
Peixes
350espécies
Mamíferos
270espécies
59. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 59
CAATINGA
Ocupando quase 10% do território nacional, com 736.833 km², a Caatinga
abrange os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Sergipe, Alagoas, Bahia, sul e leste do Piauí e norte de Minas Gerais.
Região de clima semiárido e solo raso e pedregoso, embora relativamente
fértil, o bioma é rico em recursos genéticos dada a sua alta biodiversidade.
O aspecto agressivo da vegetação contrasta com o colorido diversificado
das flores emergentes no período das chuvas, cujo índice pluviométrico
varia entre 300 e 800 milímetros anualmente.
No meio de tanta aridez, a Caatinga surpreende com suas “ilhas de
umidade” e solos férteis. São os chamados brejos, que quebram a
monotonia das condições físicas e geológicas dos sertões. Nessas ilhas
é possível produzir quase todos os alimentos e frutas peculiares aos
trópicos do mundo. Essas áreas normalmente localizam-se próximas às
serras, onde a abundância de chuvas é maior.
Estudos recentes mostram que cerca de 327 espécies animais são
endêmicas (exclusivas) da Caatinga. São típicos da área 13 espécies de
mamíferos, 23 de lagartos, 20 de peixes e 15 de aves. Entre as plantas há
323 espécies endêmicas. Cerca de metade da paisagem de Caatinga já foi
deteriorada pela ação do homem. De 15% a 20% do bioma estão em alto
grau de degradação (com risco de desertificação). Calcula-se que 80% do
ecossistema original já foram transformados em cultivos e pastagens. Na
estação seca a temperatura do solo pode chegar a 60ºC.
O uso do fogo é muito comum no preparo da terra, o que ameaça cada
vez mais a fauna silvestre e compromete o equilíbrio do clima, do solo e a
qualidade da água.
60. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 60
CERRADO
O Cerrado é a segunda maior formação vegetal brasileira, superado
apenas pela Floresta Amazônica. São 2 milhões de km2
espalhados pelos
estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e partes
de Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal, ou 23,1% do território brasileiro.
O Cerrado é uma savana tropical na qual a vegetação herbácea coexiste
com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos.
O Cerrado tem a seu favor o fato de ser cortado por três das maiores
bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, São Francisco e Prata),
favorecendo a manutenção de uma biodiversidade surpreendente.
Estima-se que a flora da região possua 10 mil espécies de plantas
diferentes (muitas usadas na produção de cortiça, fibras, óleos,
artesanato, além do uso medicinal e alimentício). Isso sem contar as
759 espécies de aves que se reproduzem na região, 180 espécies de
répteis, 195 de mamíferos, sendo 30 tipos de morcegos catalogados na
área. O número de insetos é surpreendente: apenas na área do Distrito
Federal há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 tipos
diferentes de abelhas e vespas.
O Cerrado tem um clima tropical com uma estação seca pronunciada.
A topografia da região varia entre plana e suavemente ondulada,
favorecendo a agricultura mecanizada e a irrigação. Estudos recentes
indicam que cerca de 20% do Cerrado ainda possui a vegetação nativa
em estado relativamente intacto. Aproximadamente 40% conserva
parcialmente suas características iniciais e outros 40% já as perderam
totalmente.
O Cerrado é considerado o “berço das águas” ou “caixa d’água do Brasil”,
por abrigar as nascentes de importantes bacias hidrográficas da América
61. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 61
do Sul - Platina, Amazônica e São Francisco. Além disso suas, raízes
profundas e a relação deste sistema radicular com o solo, mantém as
condições ideais para recarga do lençol freático e aquíferos.
O Cerrado é uma savana tropical na qual a vegetação herbácea coexiste
com mais de 420 espécies de árvores e arbustos esparsos. O solo,
antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem altos níveis de ferro e
alumínio.
Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que
vão desde o cerradão (com árvores altas, densidade maior e composição
distinta), passando pelo cerrado mais comum no Brasil central (com
árvores baixas e esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo
limpo (com progressiva redução da densidade arbórea).
O excesso de alumínio e a alta acidez do solo diminuem a disponibilidade
de nutrientes às plantas, tornando-o tóxico para plantas não adaptadas. A
baixa fertilidade e a elevada toxicidade do solo são associadas ao nanismo
e a tortuosidade da vegetação (hipótese do oligomorfismo distrófico).
Outra hipótese é relacionada ao fogo. O fogo mata alguns brotos, de
modo que os galhos estão sempre crescendo numa direção diferente e
isto acarreta no crescimento tortuoso do tronco das plantas do Cerrado.
Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que mais
sofreu alterações com a ocupação humana. Um dos impactos ambientais
mais graves na região foi causado por garimpos, que contaminaram os
rios com mercúrio e provocaram o assoreamento dos cursos de água
(bloqueio por terra). A erosão causada pela atividade mineradora tem
sido tão intensa que, em alguns casos, chegou até mesmo a impossibilitar
a própria extração do ouro rio abaixo. Nos últimos anos, contudo, a
expansão da agricultura e da pecuária representa o maior fator de risco
para o Cerrado. Apenas 0,85% do Cerrado encontra-se oficialmente em
unidades de conservação.
62. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 62
PANTANAL
O Pantanal é a planície de inundação contínua mais importante da
América do Sul. Ao todo, a bacia transfronteiriça, abrange uma área de
624.320 km2
, sendo aproximadamente 62% no Brasil (localizado no sul do
Mato Grosso e noroeste do Mato Grosso do Sul), 20% na Bolívia e 18% no
Paraguai. Para a conservação do Pantanal, é importante levar em conta
a bacia hidrográfica como um todo e não só a planície alagável. Afinal,
tudo está interligado. O equilíbrio ambiental e os processos ecológicos do
Pantanal são determinados por eventos, naturais ou não, que ocorrem
nas partes altas da bacia hidrográfica. A água que nasce nas partes altas
corre para baixo, para a planície inundável, carregando o que estiver
pelo caminho. É o pulso das águas que dita o ritmo da vida, dinâmico,
complexo e delicado. Há duas estações bem definidas: a seca e a chuvosa.
O Pantanal possui uma rica biodiversidade. É o berço 4.700 espécies
entre animais e plantas. Entre as espécies levantadas estão 3.500 plantas
(árvores e vegetações aquáticas e terrestres), 263 espécies de peixes, 122
de mamíferos, 93 de répteis, 656 de aves e 1.032 de borboletas.
Enquanto a planície inundável mantém 86,6% da sua cobertura vegetal
natural, apenas 43,5% da área possui vegetação nativa. O regime de
inundações é o responsável pelo ciclo da vida no Pantanal, garantindo
as condições para que animais e plantas se desenvolvam em toda a sua
plenitude.
Por isso, a preservação das nascentes nas partes altas da Bacia e a
adoção de práticas de produção econômica que não agridam ao meio
ambiente são fundamentais para a conservação da planície inundável.
63. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 63
BIODIVERSIDADE - PANTANAL
Aves
656espécies
Mamíferos
122espécies
Plantas
3500espécies
Borboletas
1032espécies
Répteis
93espécies
Peixes
263espécies
656espécies
Animais e Plantas
64. CADERNO DE ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO PARA SUSTENTABILIDADE 64
ECOSSISTEMAS COSTEIROS
A Zona Costeira brasileira é extensa e variada. O Brasil possui uma linha
contínua de costa com mais de 8 mil quilômetros de extensão, uma das
maiores do mundo. Ao longo dessa faixa litorânea é possível identificar
uma grande diversidade de paisagens como dunas, ilhas, recifes, costões
rochosos, baías, estuários, brejos e falésias. Dependendo da região, o
aspecto é totalmente diferente do encontrado a poucos quilômetros de
distância. Mesmo os ecossistemas que se repetem ao longo do litoral -
como praias, restingas, lagunas e manguezais - apresentam diferentes
espécies animais e vegetais. Isso se deve, basicamente, as diferenças
climáticas e geológicas. O litoral está quase todo voltado para o Atlântico
Sul. Porém, uma pequena parcela (no extremo norte do país) debruça-se
sobre o Mar do Caribe.
O litoral amazônico, que vai da foz do Rio Oiapoque ao Rio Parnaíba, é
lamacento e tem em alguns trechos mais de 100 km de largura. Apresenta
grande extensão de manguezais, assim como matas de várzeas de marés.
Jacarés, guarás e muitas espécies de aves e crustáceos são alguns dos
animais que vivem nesse trecho.
O litoral nordestino começa na foz do Rio Parnaíba e vai até o Recôncavo
Baiano. É marcado por recifes calcáreos e arenitos, além de dunas que,
quando perdem a cobertura vegetal que as fixa, movem-se com a ação
do vento. Há ainda nessa área manguezais, restingas e matas. Nas águas
do litoral nordestino vivem tartarugas e o peixe-boi marinho, ambos
ameaçados de extinção.