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MAPEAMENTO CULTURAL
   DO MUNICÍPIO DE
    TRAIPU
 ESTADO DE ALAGOAS
MAPEAMENTO CULTURAL DO
   MUNICÍPIO DE TRAIPU
     ESTADO DE ALAGOAS
                            PRIMEIRA EDIÇÃO



                   REALIZAÇÃO




PREFEITURA MUNICIPAL DE TRAIPU     PROJETO SELO UNICEF / MUNICÍPIO APROVADO




                       TRAIPU/AL, AGOSTO DE 2006
HOMENAGEM ESPECIAL
               MARIA EUL1NA DOS SANTOS (DONA NOZINHA)

         Nesta primeira edição do Mapeamento que pretende resgatar a cultura e a história
deste Município, não se poderia deixar de fazer uma singela e justa homenagem a este
exemplo de vida e de solidariedade que marcou, de forma bastante positiva, parte da
história de Traipu, de nome "Maria Eulina dos Santos".
                                                   É por "Dona Nozinha", que a
                                            agricultora, comerciante e política Maria
                                            Eulina dos Santos, primeira Vereadora eleita
                                            pela cidade de Traipu/AL, é mais conhecida.
                                            Foi vereadora por cinco vezes consecutivas,
                                            entre as décadas de 50 e 70, sempre dedicando
                                            especial atenção à pobreza. Casada com o
                                            também agricultor Manoel Florêncio Filho, já
                                            falecido, teve sete filhos, sendo que apenas
                                            dois sobreviveram, Maria Ivete dos Santos
                                            Canuto, professora aposentada, e Marcos
                                            Antonio dos Santos, Advogado, Empresário e
                                            Político, além de dez netos e dez bisnetos.
                                                   Com cerca de 50 anos participando da
vida pública, Dona Nozinha lembra que um dos períodos mais marcantes de sua vida
aconteceu no ano de 1970, quando uma grande seca castigou o município, levando muita
gente a vender o que possuía e viajar para o Sudeste do País, em busca de trabalho. Foi
nessa época, que a grande maioria da população pobre encontrou no espírito fraterno de
Dona Nozinha o auxílio e força para sobreviver.
         "A seca de 1970 foi uma tristeza", recorda-se. Nesse período, ela teve uma
atuação marcante sempre ao lado da maioria pobre do Município. "Nesse ano, eu
comprava caixas de bacalhau, sacos de arroz, feijão e farinha que eram doados à
população carente do município". Era comum sua casa ficar cheia de pessoas vindas de
todos os povoados à procura de auxílio. "Algumas vezes, quando eu vinha de viagem, o
pessoal me informava que minha casa tinha sido invadida por pessoas que não tinham
nada para comer", relembra Dona Nozinha.
         Para Dona Nozinha, aquela situação era conseqüência do descaso dos
governantes para com o povo nordestino, que sempre foi discriminado. "Se não
existissem pessoas solidárias que dividissem o pouco que tinham, multidões teriam
morrido de fome, já que a maioria do povo retirava o sustento da "roça", plantações de
milho, feijão e mandioca", diz ela.
         Hoje, com 89 anos de idade, sente-se com o dever cumprido, e tem como o maior
fruto de sua carreira política, o seu filho Marcos Antonio dos Santos, que foi Prefeito no
período 2001 a 2004, e seu neto Valter dos Santos Canuto, atual Prefeito do Município.
         Em reconhecimento aos serviços prestados por dona Nozinha ao povo traipuense,
a Câmara Municipal homenageou-a, colocando seu nome na Casa Maternal inaugurada
em maio de 2002.
         Perseverança e solidariedade são marcas pelas quais Dona Nozinha é, e sempre
será, reverenciada pelos traipuenses.
AGRADECIMENTOS
     À Equipe Municipal Pró-Selo Unicef, que contribuiu de forma direta para a
      mobilização em busca dos objetivos propostos.




 Às Crianças e Adolescentes da Escola Agapito Rodrigues de Medeiros que
 colaboraram com a pesquisa de campo, trazendo informações importantes a este
 Mapeamento.




 À Coordenação Unicef/Recife pela parceria, pelas orientações e por nos possibilitar
 a oportunidade de conhecer outras realidades e assim buscar melhorar a nossa.

 A todos os traipuenses que ajudam a construir, com o suor do dia-a-dia, cada
 momento da História Traipuense.
EQUIPE TÉCNICA


                                     REDAÇÃO E REVISÃO
             Alberto Magno Silva dos Santos – Coordenador da Equipe Pró-Selo Unicef

                                         APOIO TÉCNICO
                                              Tadeu Dias

                                     EQUIPE DE PESQUISA
Alberto Magno S. dos Santos, Leyvisson S. Pereira – Agente Jovem e Músico, Alunos da Escola
Municipal Agapito Rodrigues de Medeiros: Rair D. Teixeira – 13 anos/8ª série, José Clebson S. de
Farias – 13 anos/7ª, Humberto H. da Silva Farias – 14 anos/8ª, Elbes de F. dos Santos – 14 anos/8ª,
José Madson A. dos Santos – 14 anos/6ª, Danilo F. de Farias – 16 anos/8ª, Cristiane da Silva – 15
anos/7ª, Olívia C. dos Santos – 13 anos/7ª, Álisson S. Nascimento – 15 anos/8ª, José Regivaldo da
Silva - 17 anos/6ª, Leonilson T. de Farias – 15 anos/8ª, José Leilson T. de Farias – 17 anos/7ª, Zélia do
Nascimento Santos – 15 anos/5ª, Angélica P. de Farias – 12 anos/6ª, Mayra Fernanda Damasceno – 11
anos/6ª, Aline Kelly dos Santos – 11 anos/5ª, Rhelry D’ávila de A. Ferreira – 10 anos/5ª, Joyce
Jennifer Dias – 11 anos/6ª, Eulália Sena Santos – 09 anos/4ª, Danielly Cristhiny Santos Brito – 08
anos/4ª, Alexia Beatriz Melo Sena – 08 anos/4ª.

                                           FOTOGRAFIA
                                        José Arnaldo Pinheiro
                                José Pinheiro de Moura (Beto Pinheiro)

                                         COLABORAÇÃO
                             Gilson dos Santos – Presidente do CMDCA
                               Maria Aparecida Lira – Assistente Social
                          Dulcinea Soares – Secretária Municipal de Cultura
                      Jackson Borges – Secretário Municipal de Meio Ambiente
                  Jacy Machado Reys – Coordenadora do Programa Agente Jovem
                               Jacira Machado – Coordenadora do PETI
                         Gilvan do Carmo Santos – Coordenador de Esportes
                        Arlene Torres dos Santos – Coordenadora Pedagógica
                  Vera Lúcia de Cerqueira – Supervisora da Sec. Mun. de Educação
               Maria Ivete dos Santos Canuto – Supervisora da Sec. Mun. de Educação
              Simone Melo de Sena – Dir. da Esc. Mun. Agapito Rodrigues de Medeiros
                                  Íris Vieira Costa – Assistente Social
                          Ana Tereza Freire de Oliveira – Assistente Social
                          Valter Matos Palmeira – Presidente da ASPRONT
                    Manoel Santos da Hora de Novais – Coordenador de Eventos
              Erinaldo dos Santos Oliveira – Coordenador de Transportes do Município
                       Robson Nascimento – Secretário Municipal de Educação
                   Rita de Cássia Melo – Diretora da escola Francisco Mangabeira
                 Júlio de Freitas Machado – Secretário Municipal de Viação e Obras
                 Roberto Olindino Matos Junior – Secretário Municipal de Finanças
                           Manuel Farias – Presidente do Conselho Tutelar




                                       APOIO CULTURAL
                                Valter dos Santos Canuto – Prefeito
                      Marcos Antonio dos Santos – Secretário Geral de Governo
             Juliana Kümmer Freitas Santos – Secretária Municipal de Assistência Social
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------        15
HISTÓRICO MUNICÍPIO-----------------------------------------------------------------------------           17
           Origem do Nome Traipu----------------------------------------------------------------           18
           D. Pedro II em Traipu-------------------------------------------------------------------        19
           Histórico da Igreja de Nossa Senhora do Ó------------------------------------------             19
           Párocos------------------------------------------------------------------------------------     20
           Movimentos Sociais da Igreja----------------------------------------------------------          21
           Cultura Indígena--------------------------------------------------------------------------      21
           Governantes traipuenses----------------------------------------------------------------         22
SÍMBOLOS DE TRAIPU-------------------------------------------------------------------------------          23
           Bandeira-----------------------------------------------------------------------------------     23
           Hino de Traipu---------------------------------------------------------------------------       24
O RIO SÃO FRANCISCO-----------------------------------------------------------------------------           25
           Origem do nome São Francisco--------------------------------------------------------            27
           Ponto de vista econômico---------------------------------------------------------------         28
           Formação racial---------------------------------------------------------------------------      28
           Tribos indígenas que habitaram o Baixo São Francisco-----------------------------               28
           Museu Ambiental “Casa do Velho Chico”--------------------------------------------               29
           Rio Traipu --------------------------------------------------------------------------------     32
           Serras--------------------------------------------------------------------------------------    32
           Lagoas-------------------------------------------------------------------------------------     33
TERRA DA MÚSICA -----------------------------------------------------------------------------------        34
           Banda Lira Traipuense e Filarmônica de São José----------------------------------               34
           Banda Marcial----------------------------------------------------------------------------       35
           Escola de Música Santo Antonio------------------------------------------------------            36
           Escola de Música Pedro Basílio -------------------------------------------------------          36
           Músicos traipuenses no cenário nacional---------------------------------------------            37
           Coral de Nossa Senhora do Ó----------------------------------------------------------           38
           Banda "Z"---------------------------------------------------------------------------------      38
FESTAS TRADICIONAIS-----------------------------------------------------------------------------           39
           Festa de Nossa Senhora do Ó-----------------------------------------------------------          39
           Festa do Bom Jesus dos Navegantes---------------------------------------------------            41
           Carnaval-----------------------------------------------------------------------------------     43
NOSSO FOLCLORE------------------------------------------------------------------------------------         45
           O Coco de Roda--------------------------------------------------------------------------        45
           Grupo Folclórico Saia de Renda-------------------------------------------------------           46
           Grupo Artístico de Traipu (GAT)------------------------------------------------------           46
           Quadrilha Quartinha D’água------------------------------------------------------------          47
           Pastoril-------------------------------------------------------------------------------------   48
           Dança do Piau-----------------------------------------------------------------------------      48
ARTESANATO-------------------------------------------------------------------------------------------      48
           Artesanato com madeira ------------------------------------------------------                   48
           Carpinteiros-------------------------------------------------------------------------------     49
           Artesanato com barro--------------------------------------------------------------------        50
           Bordado------------------------------------------------------------------------------------     50
           Artesanato com palito--------------------------------------------------------------------       51
CANOEIROS----------------------------------------------------------------------------------------------    52
ENERGIA ELÉTRICA ---------------------------------------------------------------------------------         53
TELEFONE------------------------------------------------------------------------------------------------      53
AGRICULTURA-----------------------------------------------------------------------------------------          53
PESCA------------------------------------------------------------------------------------------------------   54
EXTRAÇÃO DE PEDRAS ORNAMENTAIS-----------------------------------------------------                           54
POVOADOS DO MUNICÍPIO------------------------------------------------------------------------                 55
             Vila Santo Antonio----------------------------------------------------------------------         55
             Vila São José-----------------------------------------------------------------------------       57
             Povoado Mumbaça----------------------------------------------------------------------            58
             Povoado Lagoinha-----------------------------------------------------------------------          61
             Povoado Olho d’Água da Cerca-------------------------------------------------------              63
             Povoado Capivara-----------------------------------------------------------------------          65
             Povoado Piranhas------------------------------------------------------------------------         67
             Povoado Santa Cruz---------------------------------------------------------------------          68
             Povoado Riacho da Jacobina-----------------------------------------------------------            70
             Povoado Bom Caradá-------------------------------------------------------------------            72
             Povoado Bom Jardim--------------------------------------------------------------------           73
             Assentamentos do Município de Traipu ---------------------------------------------               74
RELIGIÃO------------------------------------------------------------------------------------------------      75
             Igreja Católica----------------------------------------------------------------------------      75
             Igreja Assembléia de Deus-------------------------------------------------------------           75
             Igreja Universal do Reino de Deus----------------------------------------------------            76
             Igreja do Evangelho Quadrangular----------------------------------------------------             76
             Igreja Batista -----------------------------------------------------------------------------     77
             Cultura Afro-brasileira------------------------------------------------------------------        77
             Centro Espírita São Jorge Guerreiro---------------------------------------------------           77
             Centro Espírita Palácio de Oxalá------------------------------------------------------           78
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARQUITETÔNICO--------------------------------------------                              79
             Patrimônio Natural----------------------------------------------------------------------         80
             Espaços Culturais------------------------------------------------------------------------        80
             Escolas------------------------------------------------------------------------------------      80
             Espaços Festivos ------------------------------------------------------------------------        81
LITERATURA--------------------------------------------------------------------------------------------        81
             Luís de Medeiros Netto-----------------------------------------------------------------          81
             Jenner Glauber Melo Torres-----------------------------------------------------------            82
             Alvacy Martins---------------------------------------------------------------------------        82
             Jackson Borges---------------------------------------------------------------------------        82
             Provérbios (sabedoria popular)---------------------------------------------------------          82
PARTEIRAS-----------------------------------------------------------------------------------------------      83
REZAS, CURAS e CRENÇAS ------------------------------------------------------------------------               84
             Medicina Popular-------------------------------------------------------------------------        84
             Lendas -------------------------------------------------------------------------------------     85
BODEGAS--------------------------------------------------------------------------------------------------     85
GASTRONOMIA-----------------------------------------------------------------------------------------          85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------------------------------------------------------------                    87
APRESENTAÇÃO




         O Município de Traipu, localizado às margens do Rio São Francisco, é um dos
mais antigos do Estado de Alagoas, sendo detentor de uma rica história cultural que
precisa ser registrada, como forma de garantir às próximas gerações o conhecimento
de suas raízes e fortalecimento de sua identidade.
         Desta forma, o Mapeamento Cultural de Traipu tem por objetivo maior retratar
toda e qualquer expressão de natureza cultural ou histórica de um povo, partindo do
reconhecimento público da importância de todos aqueles que iniciaram a construção
de nossa história e chegando às crianças e adolescentes de hoje, a quem cabe preservar
este patrimônio e construir o futuro. Além de se apresentar como uma valiosa fonte de
pesquisa para as crianças e jovens traipuenses.
         Mapear a Cultura de um povo é, sem dúvida, uma atividade sem fim, já que a
cultura é viva, e por isso, sempre surgirão novos vestígios, novas informações, novos
pontos de vista, novas gerações. Deste modo, o Mapeamento é uma construção que
estará sempre ávida por receber novos fatos que venham enriquecer a história
traipuense. Porém, pretende proporcionar às gerações futuras o registro, responsável e
consciente, de boa parte de nossas riquezas, além de despertar o interesse das crianças
e adolescentes em valorizar, preservar e registrar seu patrimônio histórico e cultural.
         Sabemos que é preciso fortalecer o compromisso público com a política da
cultura, ampliando todas as alternativas de preservação do patrimônio histórico e
popular, a fim de possibilitar ao traipuense a tradução de suas potencialidades em
oportunidades e desenvolvimento.
         Aqui estão expressas as nossas vocações em forma de história, música,
folclore, pesca, dança, arte, crenças, costumes, tradições e sonhos que tornam único o
sertanejo traipuense.
         Este Mapeamento é resultado de um grande mutirão, desde a Prefeitura
Municipal, do projeto Selo Unicef/Município Aprovado, da Equipe Municipal Pró-
Selo Unicef, das crianças e adolescentes que participaram da pesquisa de campo e,
principalmente, daqueles que construíram cada cena dessa linda história, permitindo-
nos, assim, a oportunidade de registrá-la para a posteridade.
         Portanto, todas as dificuldades encontradas na realização deste projeto são
compensadas pela consciência do dever cumprido e pela satisfação de sentir nas
pessoas a esperança e o orgulho de manter vivas suas tradições culturais.


                             Marcos Antonio dos Santos
                              Articulador Municipal


                           Alberto Magno S. dos Santos
                       Coordenador da Equipe Pró-Selo Unicef

                                                                                    15
16
HISTÓRICO DO MUNICÍPIO



        Traipu possui a terceira maior área territorial dentre os Municípios de Alagoas,
com 698 quilômetros quadrados (IBGE 2005) ficando atrás apenas de Coruripe e Mata
Grande. Está localizado na microrregião do agreste alagoano, limitando-se ao Norte
com Girau do Ponciano e Campo Grande, ao Sul com o Rio São Francisco, ao Leste
com São Braz e Olho d’Água Grande e ao Oeste com Belo Monte e Batalha. Está a
188 km de Maceió, Capital do Estado e a 53 km de Arapiraca, Centro Econômico do
Agreste. Tem como principal via de acesso a AL-487 (Rodovia Governador José
Tavares). Segundo o Censo 2000, a população era de 23.439 habitantes (11.820
homens e 11.619 mulheres). A população urbana era de 7.131 e a rural de 16.308
habitantes. “Este censo realizado no ano 2000 foi contestado pela Prefeitura
Municipal de Traipu que impetrou ação na Justiça para que houvesse retificação dos
dados populacionais”. A religião predominante é a Católica com 22.628 adeptos,
seguida de 436 evangélicos e 375 que professam outras religiões.
                                                         Vista da cidade de Traipu


                                                                   O      clima      do
                                                         município é tropical quente e
                                                         seco, variando de semi-árido
                                                         a sub-úmido. As temperaturas
                                                         são elevadas durante todo o
                                                         ano, com mínimas de 20°C e
                                                         máxima       de    40°C.    O
                                                         município           assenta-se
                                                         predominantemente sobre os
                                                         micaxistos e gnaisses da
                                                         Unidade Porto da Folha, os
                                                         granulitos do Grupo Girau,
                                                         que formam o embasamento
                                                         cristalino, e os quartzitos da
formação Santa Cruz, que dão lugar à Serra da Priaca e constituem uma importante
reserva de água, principalmente por sua excelente qualidade, além de serem
aproveitados como placas laminadas para revestimento. Ocorrem ainda o ferro, o
amianto e a argila.
        A planície fluvial do Rio Traipu apresenta-se larga, com presença de terraços e
várzeas. O núcleo urbano de Traipu desenvolveu-se no entorno da planície fluvial do
Rio Traipu, à margem do São Francisco.




                                                                                     17
ORIGEM DO NOME TRAIPU

         A palavra “Traipu” é de origem Tupi-guarani, como mostra o especialista
Teodoro Sampaio em seu abalizado dicionário. É uma corruptela de "ytira ypu", que
quer dizer "fonte do morro" ou "olho d'água do monte". Em seus primórdios, durante o
Século XVII, era um morgado estabelecido na região pelo mestre de campo e grande
proprietário de terras Pedro Gomes. Este deixou para seus descendentes seus bens
vinculados, inclusive o nascente povoado que recebera o nome de Porto da Folha. Só
que estas terras se estendiam pelas margens sergipanas e alagoanas do Rio são
Francisco. Com o tempo aconteceu o desenvolvimento de duas povoações, uma em
Sergipe que continuou com o nome de Porto da Folha e a outra no lado Alagoano que
levou à formação de Traipu.
         Está assentada sobre uma pequena colina às margens do São Francisco,
defronte à grande Serra da Tabanga, que é levada em sua base pelo rio e que, para os
nativos, marca o início do Sertão. Foi elevada à categoria de vila com o nome de Porto
da Folha por intermédio da Lei nº 19 de 28 de abril de 1835, recebendo o nome atual,
tanto a freguesia quanto o município, em 30 de abril de 1870.
         Há uma controvérsia dos historiadores sobre sua fundação. João Alberto
Ribeiro adota a versão de que Pedro Gomes teria ali estabelecido o seu morgado para
seus herdeiros, dando início ao povoado chamado Porto da Folha. Versão rechaçada
por Wenceslau de Almeida, que afirma ter sido o morgado realmente instituído, porém
não na margem alagoana, mas na sergipana, não sendo admissível que os limites do
mesmo se estendessem para o território de Alagoas.
         Arnoldo Jambo, em sua Enciclopédia dos Municípios Alagoanos, analisando
as duas teses, deduz que, diante da influência do poderoso fidalgo e proprietário de
terras que era mestre-de-campo na Bahia em 1680 e Governador do Rio de Janeiro
em 1681, "é possível que esse prestígio contribuísse para que a extensão deste seu
latifúndio se alargasse, sem problemas ao local onde se assenta atualmente a cidade
de Traipu".
         Certo é que em 17 de março de 1713, no Porto da Folha, na parte norte, ou
seja, área que fica em Alagoas, o lugar foi conferido em sesmaria a João Dantas, a
Manuel Braz Pedrosa e a Caetano Dantas Passos. Parece ser a concessão desta
sesmaria o documento mais antigo disponível do lugar que passou a ser chamado
Traipu por estar próximo à barra do rio do mesmo nome. E com essa denominação foi
elevado à categoria de cidade pela Lei nº 14, de maio de 1892.
         Território indígena, sua ocupação obedeceu aos mesmos métodos empregados
na região: guerra sem quartel, riscando do mapa os chamados gentios, escravismo mal
sucedido com os índios remanescentes e agrupamento dos mesmos em aldeias e
colégios para catequese e criação extensiva de gado solto. Em 1844, o presidente da
Província dizia num opúsculo (um dos primeiros documentos historiográficos
produzidos em Alagoas) que "esta vila tem em semicírculo de si muitas fazendas de
criar gado vacum, cavalar e das espécies menores; que belos requeijões, lingüiças e
carne de sol não fornecem estes lugares às diferentes feiras que se fazem nas margens
deste Rio São Francisco não só do lado desta Província, como do lado de Sergipe!"
Os próprios frades, que exerceram muita influência na formação da cidade,
exploravam a pecuária em suas fazendas, pois "a região dos currais" era a abastecedora

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da zona do açúcar, produto preferido pelo patriciado dos engenhos, no litoral. O
Seminário de Olinda e Conventos eram mantidos com impostos e taxas provenientes
da comercialização da carne. Sua cozinha era baseada nos peixes dos dois rios e
também em muita carne, farinha e arroz, não faltando leite e queijo. Verduras,
praticamente não produzidas, eram pouco consumidas. Frutas, só as nativas, como o
caju.

D. PEDRO II EM TRAIPU

        D. Pedro II chegou a Traipu, às 21 horas do dia 16 de outubro de 1859, a
bordo do “Pirajá”. Hospedou-se na Casa de Câmara e Cadeia, um prédio com dez
portas e nenhuma janela, pretendendo escrever apenas quando chegasse a Pão de
açúcar. No dia 17 de outubro, o Imperador acordou às 05:30h e principiou a conhecer
a cidade, visitando a igreja (que ainda estava em construção), onde fez orações e ao
sair deixou uma ajuda financeira para a conclusão das obras. O Imperador foi
homenageado pela população, tendo à frente o Coronel José Vicente Pereira Netto, em
cuja residência (um sobrado hoje pertencente ao Senhor Berilo Mota) D. Pedro II
participou de uma recepção. Os moradores foram orientados a acenderem os lampiões
em frente às suas casas e a forrarem as ruas com folhas e flores.
        Passeou a cavalo pela região das lagoas, onde se plantava arroz, coletando
algumas plantas e amostras de intãs. Foi ao cemitério e visitou a única escola, onde
havia 77 meninos e 40 a 50 meninas matriculadas. Às 09:00h, voltou ao Pirajá,
partindo às 09:10h.
        Depois de visitar algumas localidades da Província de Sergipe, seguiu o Pirajá
para além do morro de Aió, onde encalhou e de onde já se avistava a capela de Nossa
Senhora dos Prazeres, no alto do morro do mesmo nome, pertencente ao Município de
Belo Monte, bem em frente à povoação de Barra do Ipanema.

HISTÓRICO DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DO Ó

        A povoação de Porto da Folha solidificou-se com a construção da capela de
Nossa Senhora do Ó, no final do Século XVII, tendo se desenvolvido com a
colaboração de inúmeras famílias, com destaque para o Capitão Caetano Farias,
progenitor do Coronel José Vicente Pereira Netto, avô do escritor e político traipuense
Luís de Medeiros Netto.
        A Igreja de Nossa Senhora do Ó começou a ser construída no Século XVIII
pelos habitantes do então Povoado Porto da Folha, sendo terminada na segunda década
do Século XIX.
        A história da construção da igreja prende-se a uma lenda até hoje comentada e
discutida. O relato diz que, estando alguns garotos a brincar no alto do morro, notaram
que em cima de uma pedra estava a imagem de uma santa. Como em Porto da Folha
não existia igreja, levaram-na para a capela existente na Fazenda Saco. Porém, no dia
seguinte perceberam que a santa havia desaparecido. Voltando ao local da aparição,
encontraram a santa, levando-a de volta à capela. Este fato repetiu-se duas ou três
vezes, até que resolveram construir no local da aparição um pequeno templo para
abrigar a imagem de Nossa Senhora do Ó.

                                                                                    19
Matriz de Nossa Senhora do Ó
PÁROCOS

        Ao longo dos anos, muitos foram os religiosos que se mantiveram à frente da
Paróquia de Nossa Senhora do Ó. Os registros da Igreja relacionam todos eles a partir
de 1896:
- Padre Vicente Ferreira de Meira Lima (1896 a 1907);
- Padre José D. de Medeiros;
- Padre Júlio Ferreira de Albuquerque;
- Padre José Soares de Albuquerque (nov/1907 a mar/1911);
- Padre José Bulhões (maio/1913 a maio/1914);
- Padre Alfredo Silva (1915 a 1949); OBS: Durante este período, outros religiosos
estiveram interinamente à frente da Paróquia:
         - Padre Domingos Fonseca de Oliveira (de março a outubro/1920);
         - Padre Luiz Cirilo Silva (fev/1942 a jan/1943);
         - Padre José Maurício (Cooperador: de fev a nov/1944);
         - Frei Cláudio (maio/1949);
         - Frei Cornélio Amolk (ago/1949);
         - Frei Marcos Pierk (set/1949);
- Padre José Severino de Araújo (jul/1949 a dez/1951);
- Monsenhor Medeiros (Vigário Geral: dez/1951 a fev/1952);
- Padre José Batista de Azevedo (1952 a 1990);
- Padre José Valdenice Costa da Silva (01/mai/1990 a 25/fev/2001);
- Padre José Edson Lira (04/mar/2001 a 05/mar/2006);
- Padre Rosalvo dos Santos (a partir de 05/mar/2006).

                                                                                  20
MOVIMENTOS SOCIAIS DA IGREJA

        Atualmente, há vários movimentos sociais na Paróquia:
- Apostolado da Oração: Movimento de senhoras que fazem visitas a doentes;
- Movimento Mãe Rainha: Senhoras responsáveis pela peregrinação da imagem de
Mãe Rainha pelas residências das famílias católicas;
- Confraria do Rosário: Também movimento de senhoras que rezam o terço durante as
celebrações;
- Grupo de Jovens: Responsável por encontros regionais objetivando trazer a
juventude a participar das atividades da igreja;
- Movimento Catequese: Responsável por transmitir ensinamentos religiosos às
crianças que irão receber a 1ª Comunhão;
Coral de Nossa Senhora do Ó: Grupo que acompanha as celebrações com músicas e
cantos;
- Renovação Carismática: Grupo que participa dos louvores aos sábados e de outras
atividades da Igreja;
- Pastoral do Dízimo: Equipe responsável por incentivar as pessoas a serem dizimistas;
- Pastoral da Criança: Responsável por atividades sociais voltadas, sobretudo, ao apoio
às crianças e gestantes;
- Legião de Maria: Também movimento de senhoras;
- Equipe de Liturgia: Responsável pela organização de todo o ritual da missa.

CULTURA INDÍGENA

        No Século XVIII, quando Alagoas pertencia à Capitania de Pernambuco, sob o
comando de Jorge de Albuquerque Coelho, filhos de Duarte Coelho, as terras onde
hoje se localiza o município de Traipu, faziam parte da Sesmaria de João Dantas
Aranha, Manoel Braz Pedrosa e Caetano Dantas Passos, desde março de 1713, tendo
sido habitado até o Século XVI pela tribo indígena dos "Carapatós".




        Índios da Tribo dos “Aconãs” do povoado Bom Jardim mantêm vivas suas tradições

       Descendentes dos carapatós, primeiros habitantes de Traipu, ainda restam
aproximadamente 800 índios, morando no município de São Sebastião, Alagoas.




                                                                                         21
Sede da Reserva Indígena “Aconã”, no
                                                          Povoado Bom Jardim.
                                                            Porém, no Povoado Bom
                                                     Jardim, zona rural de Traipu, a
                                                     cultura indígena permanece viva
                                                     através da Reserva lá existente
                                                     há seis anos, quando a Funai
                                                     comprou       a      área      de
                                                     aproximadamente 310 hectares e
                                                     estabeleceu os índios que vieram
                                                     de Feira Grande, da Tribo
                                                     “Tingui     Botó”,    recebendo,
                                                     através do Cacique Saraiva, o
                                                     nome de “Aconãs”, na nova área,
                                                     em homenagem a uma antiga
Tribo existente nesta região do Vale do São Francisco.

GOVERNANTES TRAIPUENSES

        Antes da Proclamação da República, em 1822, destacaram-se na Política de
Traipu (ainda Porto da Folha) os Coronéis da Guarda Nacional José Vicente Pereira
Netto, chefe do partido Conservador, Pedro Rodrigues de Medeiros e Serapião
Rodrigues de Albuquerque, do Partido Liberal.

        Após a Proclamação da República, exerceram o cargo de Prefeito os senhores:

 Serapião Rodrigues de Albuquerque – 1890         Afonso de Freitas Melro – 1936
 Pedro Rodrigues de Medeiros – 1891               Gonçalo de Menezes Tavares – 1941
 Serapião Rodrigues de Albuquerque – 1892         Mário de Mendonça Mendes – 1943
 Idelfonso Pereira de Melo – 1896                 Benito de Freitas Melro – 1945
 Isaac Pereira Netto – 1898                       Afonso de Freitas Melro – 1947
 Luís Gonzaga Torres Melo – 1900                  Antonio de Medeiros Netto – 1948
 Ulisses Rodrigues de Albuquerque – 1902          Luís Novaes Tavares – 1951
 Ernesto Rodrigues de Albuquerque – 1904          Luís de Albuquerque Mendonça – 1955
 José Lourenço de Albuquerque – 1907              Luís Novaes Tavares – 1960
 Ulisses Rodrigues de Albuquerque – 1909          José Carlos Santa Rita – 1965
 Benvindo Rodrigues de Albuquerque – 1911         João José Chaves - 1970
 Afonso de Freitas Melro – 1915                   Luís Novaes Tavares – 1973
 Isaac Pereira Netto – 1920                       Artur Olímpio dos Santos – 1977
 Afonso de Freitas Melro – 1922                   Edmar Lima Dias – 1983
 José Ferreira de Santana – 1925                  José Afonso Freitas Melro – 1989
 Gonçalo de Menezes Tavares – 1928                Artur Olímpio dos Santos – 1993
 Joaquim Pinheiro Chaves – 1930                   José Afonso Freitas Melro – 1997
 Osias Vasco do Nascimento – 1932                 Marcos Antonio dos Santos – 2001
 Manuel da Silva Dantas – 1932                    Valter dos Santos Canuto – 2005
 Francisco Caracíolo de Oliveira Valença – 1934
 Antonio de Medeiros Netto – 1935


                                                                                           22
SÍMBOLOS DE TRAIPU

BANDEIRA

        A Bandeira de Traipu foi criada a partir da iniciativa de Luis de Medeiros
Netto, ex padre, deputado federal e professor da UFAL. As cores verde e amarela,
seccionadas por um losango branco, representam respectivamente, a importância da
Serra da Tabanga na paisagem da cidade e a importância da história do Município para
seu povo.




         Inserido no losango branco, o brasão está dividido em três partes: as serras, os
rios e a paisagem típica da caatinga. A produção agrícola está representada por um pé
de milho e outro de arroz, em substituição ao pé de algodão.




                                                                                      23
HINO DE TRAIPU

                    Salve Traipu, do passado e do presente,
                     Jóia incrustada no planalto do sertão;
                      Salve Traipu, orgulho de tua gente,
                      Que a venera com amor no coração!
                     Quanta beleza em teu solo pedregoso,
                    Onde o velho São Francisco te beijando,
                      Leva a brisa ao teu povo venturoso,
                     Que tem fibra e se alegra trabalhando!
                    Tua Bandeira imponente a tremular,
                     Simboliza a grandeza e a esperança,
                    Naqueles que trabalham sem cansar,
                      Almejando a riqueza e a bonança.
                     Da euforia do teu povo independente,
                       Pela riqueza do teu solo cultivado:
                   A homenagem dos que vivem no presente,
                      Para todos que viveram no passado.
                      Não esqueças Traipu os filhos teus,
                        Que te fizeram bonita e atraente,
                       Reza e pede por eles ao bom Deus,
                        Que os faça felizes plenamente.



LETRA: Eronildo Lemos e Medeiros Netto
MÚSICA: Antônio Basílio




                                                              24
O RIO SÃO FRANCISCO



        Para se falar da história e da cultura do Município de Traipu, é preciso, antes
de tudo, como forma de justiça e reverência, apreciar um pouco a história daquele que
deu origem às povoações ribeirinhas: O majestoso RIO SÃO FRANCISCO.
        Também conhecido como "Rio da Unidade Nacional", o São Francisco liga
duas regiões quase opostas em suas condições econômicas, sociais e climáticas. Os
índios o chamavam de Pará ou Parapitinga. Nasce na Casca d'Anta, Serra da Canastra
(Sudeste de MG). É típico de planalto, com altitude média de 400m. Banha Minas
Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas em uma extensão de 3.161km.
Distribui suas águas por lugares onde é tido como a fonte maior de recursos da região.
Por ser de grande extensão, o rio é subdividido em Alto, Médio e Baixo São Francisco,
tendo o relevo como propriedade diferenciadora.

                                                        Rio São Francisco passando pela
                                                        cidade de Traipu-AL



                                                                O       Baixo       São
                                                         Francisco, em Alagoas, é um
                                                         trecho com 208 km de ex-
                                                         tensão, considerado abaixo da
                                                         antiga cachoeira de Paulo
                                                         Afonso até sua foz, junto aos
                                                         municípios de Piaçabuçu e
                                                         Penedo,       respectivamente.
                                                         Possui baixíssima declividade
                                                         (5cm/km) e boas condições de
                                                         navegabilidade            para
embarcações de pequeno calado em 90% do tempo. Vertem para o seu leito com
características de rios intermitentes 19 bacias hidrográficas. A Zona do Baixo São
Francisco Alagoano é dividida em dois trechos: o do Sertão do São Francisco (que vai
do Rio Moxotó, fronteira com Pernambuco, município de Delmiro Gouveia, até Pão de
Açúcar) e o do Baixo São Francisco (que vai daí até o delta na sua foz, no município
de Piaçabuçu).
        A zona do Baixo São Francisco divide-se em duas partes: a continental e a
fluvio-marinha, identificada no delta do rio. A parte continental demonstra a transição
da Mata para o Agreste a se definir depois de Igreja Nova, nos municípios de São Braz
e Olho d'Água Grande. O Baixo São Francisco indica uma área onde a erosão dos rios
afluentes acentua-se dado o regime hídrico de mais longa perenidade. A exemplo do
Rio Boacica e seus afluentes, escavaram amplos vales e os entulharam de sedimentos.
Na zona continental do agreste, há faixa de transição climática caracterizada ora por
semi-aridez, ora por ventos úmidos e no delta é quente e úmido.


                                                                                    25
Importantes rios afluentes da margem esquerda do São Francisco são: o
Riacho Jacobina, com a lagoa de Imagem do Porto da Areia em Traipu e dos barcos de
mesmo nome (divide Belo Monte e pescadores
Traipu), o Traipu (passa na cidade de
Traipu), o Riacho Taboca (passa na
cidade de São Braz), o Riacho
Itiúbaa (passa em Porto Real do
Colégio), o Boacica (passa em Igreja
Nova e forma as lagoas do Curral do
Meio e a maior delas, a Lagoa da
Boacica), o Perucaba (em Penedo) e
o     Piauí-Marituba     (divide os
municípios de Penedo e Piaçabuçu).
Na faixa continental, o relevo
dissecado é marcado pelo vale, alargando a calha do rio com terraços de 3 a 4m,
algumas serras ou morros, às vezes formando ilhas, às vezes com matações de rochas
aflorantes nas margens. Está recoberto por vegetação de caatinga arbustiva degradada,
às vezes composta por capões de mato e capoeiras e plantio irrigado de árvores
frutíferas. Nos tabuleiros ocorrem as associações de espécies que compõem a mata
como: jatobá, peroba, ipê, maçaranduba, sucupira, palmáceas, emaranhados de cipós
(lianas) e epífitas. Misturam-se ainda espécies de campos cerrados bem como de
caatinga. Povoamentos implantados lineares, ao longo da margem do rio, com a
presença de portos de embarcações e a torre da Igreja, geralmente sobressaindo no
conjunto do casario urbano, a exemplo de Traipu. As fazendas são dispersas, mas são
definidoras dos aglomerados rurais, principalmente nos tabuleiros.
         Na região do delta, que começa pouco abaixo de Penedo, limitado pelos
tabuleiros costeiros da Formação Barreiras, o Rio São Francisco alarga-se em forma de
leque em direção à praia, no lado alagoano, em formato triangular, situando-se nos
municípios de Piaçabuçu e Feliz Deserto (voltado para o Oceano). Nesta área, resultam
várias feições morfológicas como: terraços marinhos e fluviais, dunas fixas e móveis,
pântanos ou várzeas e praias. A vegetação que recobre estes tabuleiros costeiros é
formada por manchas isoladas de matas com espécies de louros, embiribas, visgueiros,
sambacuins, jacarandá, jatobá e sucupira. Nos terraços marinhos encontram-se o pau-
arco, amarelo, angelim, oiticica, maçaranduba, e algumas espécies introduzidas do
cerrado e da caatinga; a fauna associada é paca, tatu, teiú e diversas cobras. A várzea,
que é formada por uma rede hidrográfica peculiar, principalmente dos rios Perucaba e
Piauí-Marituba do Peixe tem um braço de rio que une as duas bacias fechando um
grande meandro. A vegetação que se instalou neste ambiente é constituída de
jenipaparana, piri-piri, taboa, junco, capim-manimbu e capim-açu. Quando ocorre
interferência das marés instalam-se manguezais, aningas, e avencões. A fauna
associada constitui-se de jacarés, lontras, garças, socós, jaçanãs e outros pássaros. O
plantio de arroz também é incorporado ao processo agrícola, somando-se a outros
cereais, como o feijão e o milho. Esta várzea é a única que não foi fechada para projeto
de irrigação da CODEVASF e continuou aberta aos pescadores e agricultores que,
organizados, motivaram o governo do Estado a criar a Área de Proteção Ambiental da
Marituba do Peixe, em 1988.

                                                                                     26
Os cordões arenosos e as dunas mais internas, com altitude de 8 a 16m, são
fixados por vegetação de restinga de porte florestal e as dunas mais externas e móveis
encontram-se desprovidas de vegetação. A substituição desta restinga arbórea pelo
plantio do coqueiro predominou nesta região formando sítios produtivos. Concorreu
com estas atividades a exploração de petróleo pela Petrobrás. A pecuária é pouco de-
senvolvida e a pesca é intensa.
        Nas faixas arenosas de praia costeira, ocorrem espécies como salsa, feijão da
praia, pinheiro da praia e as arbustivas guajirus. Este ambiente apresenta condições
favoráveis às aves por caracterizar área de ocorrência de espécies em suas rotas
migratórias, como se observa com os numerosos bandos de maçaricos nos meses de
abril e maio. Ocorre também a desova de tartar1ugas marinhas. Tais fatos levaram o
governo federal a criar a Área de Proteção Ambiental do Piaçabuçu com a Estação
Ecológica do Peba, em 1983.

ORIGEM DO NOME SÃO FRANCISCO

         Em 1501, uma expedição portuguesa, segundo historiadores, pilotada por
Américo Vespúcio, chegou à foz do rio em 4 de outubro, dia consagrado a São
Francisco de Borja. Por esse motivo, o rio recebeu o nome de "São Francisco".
         Gabriel EI Soares de Souza, autor do famoso "Tratado Descritivo do Brasil"
registrou, em 1587, que numerosos grupos indígenas que viviam ao longo do rio, na
época da chegada dos primeiros europeus, chamavam o São Francisco de Pará (O
Mar), provavelmente devido ao seu tamanho. Afirmações sobre este fato foram feitas
posteriormente pelo padre Navarro (em 1553), pelo Frei Vicente do Salvador (em
1627) e por Loreto Couto (em 1557).
         Por volta de 1522, os franceses contrabandeavam o pau-brasil através do rio.
Em 1545, Duarte Coelho Pereira, donatário da Capitania de Pernambuco, visitou a
região para combater o contrabando do pau-brasil, iniciando assim uma povoação que
viria a se chamar "Vila do Penedo do São Francisco".
         Durante o período da invasão holandesa, em 1637, o Rio São Francisco foi
transformado em ponto estratégico para as forças invasoras, que tomaram Penedo
erguendo no alto da rocheira o Forte Maurício de Nassau, principal base de defesa,
destruído pelos portugueses em 1645. Mais tarde com a derrota dos holandeses foi
intensificada a colonização da região, sendo o leito do rio utilizado pelos
colonizadores, que navegavam através dele, povoando e explorando o vale e
adentrando aos sertões através dos seus afluentes.
         D. Pedro II, quando em visita à Cachoeira de Paulo Afonso, em 1859, subiu o
Rio São Francisco, pernoitando em várias cidades ribeirinhas, entre elas Penedo,
Traipu e Pão de Açúcar, desembarcando em Piranhas.
         Da sua participação em acontecimentos fundamentais na história do Brasil, a
região do Vale do São Francisco em Alagoas herdou um significativo patrimônio
arquitetônico e artístico do período colonial brasileiro. O Rio São Francisco é
considerado o maior rio brasileiro que se lança no Atlântico. Seus 3.161 Km fazem
dele o décimo-oitavo rio do mundo em extensão. De todos os sistemas fluviais do
Brasil, é o terceiro mais extenso.


                                                                                   27
PONTO DE VISTA ECONÔMICO

        O valor do Rio São Francisco, no que se refere à economia, é inestimável.
Tem cerca de 238 Km de hidrovia margeada de ambos os lados, formando cidades e
povoados próximos das suas ribeiras, que possuem um conjunto arquitetônico civil e
religioso de grande valor artístico e histórico, possibilitando a exploração do turismo.
O rio supre de águas e peixes as populações ribeirinhas, além de gerar energia elétrica
através das usinas construídas ao longo do seu leito.



FORMAÇÃO RACIAL


         Embora sejam encontradas famílias de ascendência européia, ameríndia ou
africana relativamente pura, a atual população do vale é predominantemente de origem
racial mista, em cuja composição entraram as três raças básicas da humanidade, sendo
mais caucasiana em certas comunidades, mais indígena em outras e africana em
algumas. Em determinadas áreas bem acima do rio, efeitos residuais da ocupação
holandesa da costa do Nordeste, durante o período colonial, transparecem nos olhos
azuis e cabelos loiros de atuais habitantes.



TRIBOS INDÍGENAS QUE HABITARAM O BAIXO SÃO FRANCISCO


        Habitaram a região do Baixo São Francisco as tribos indígenas Caetés, Cajaú,
Cariri, Maquaru, Moriquito, Ponta e Prakió. São remanescentes indígenas em Alagoas
as tribos Natus, Xocós, Carapatós (habitaram a região onde se localiza a cidade de
Traipu), Xucurus (Cariris, Partios e Naconãs).




                                                                                     28
MUSEU AMBIENTAL “CASA DO VELHO CHICO”

       Segundo o ambientalista Jackson Borges, Diretor Fundador, a história do
Museu Ambiental Casa do "Velho Chico" tem o seu início nos anos cinqüenta, quando
o Rio São Francisco, ainda com muita vitalidade, no tempo das enchentes anuais no
Médio e Baixo São Francisco, conseguia rasgar as entranhas dos barrancos que lhe
margeiam, alagando todo o seu vale.


                                                                 "Os quintais das
                                                          casas ficavam totalmente
                                                          submersos com a visita anual
                                                          das águas barrentas do rio,
                                                          onde as crianças aprendiam
                                                          a nadar, a pescar e acima de
                                                          tudo a reverenciar este Deus
                                                          em forma de água, lapidador
                                                          do     nosso    perfil    de
                                                          ambientalista       empírico
                                                          apaixonado”, relata Jackson.




                                                       Peças das Reservas Indígenas do Vale do
                                                       São Francisco


                                                               Nascia ali uma história
                                                        de     convivência,     respeito,
                                                        compromisso e muita luta,
                                                        traduzida hoje na existência do
                                                        Museu do Velho Chico, fruto da
                                                        garimpagem de peças e objetos
                                                        pelo seu vale, durante mais de
                                                        quarenta anos. Fundado em 04
                                                        de outubro de 2001, por ocasião
                                                        dos 500 anos do descobrimento
                                                        do Rio São Francisco, foi
instalado na cidade ribeirinha de Traipu-AL, cidade detentora de um vasto histórico
cultural e uma forte vocação artística, sobretudo, em se tratando de música.
         O Museu enfoca toda a Bacia do São Francisco, inclusive, já identificou todas
as reservas indígenas existentes. Seu acervo é composto de fotografias, livros, revistas,
jornais, peças diversas, móveis antigos, apetrechos de pesca, quadros, réplica de
embarcações, fauna, flora, tradições culturais e painéis que retratam toda a história do
Velho Chico, além de trazer à tona a problemática ambiental que tem contribuído para
a morte do rio: esgoto, assoreamento, queimada, lixo, agrotóxico, garimpo, caça e
pesca predatória.

                                                                                            29
Restos de animais da fauna do Vale do São Francisco




                               Peças artesanais produzidas por comunidades ribeirinhas
        O Museu permanece aberto à visitação pública, o que tem propiciado
principalmente às crianças e adolescentes do Município e aos visitantes conhecerem
melhor a história do Rio São Francisco e as povoações que por meio dele surgiram.




                                                                                         30
Réplicas de embarcações utilizadas no rio São Francisco


       Da vasta lista de parceiros imprescindíveis para a fundação deste valioso acervo
histórico, Jackson Borges destaca as pessoas de Marcos Antonio Santos e Marcos
Valença, além de sua esposa Jacira Machado, pela grande contribuição que têm dado
para o fortalecimento e a continuidade da luta em defesa da preservação desse
Patrimônio Histórico, principalmente no campo da educação ambiental no Vale do São
Francisco.




      Antonio Jackson realizando pesquisas na nascente do Rio São Francisco, Serra da Canastra - MG




                                                                                                      31
RIO TRAIPU

       O Rio que deu o nome ao Município, também chamado de “Ribeira” pelas
populações ribeirinhas, deságua no Rio São Francisco bem próximo à Cidade de
Traipu. Tem sua nascente na Serra do Gigante, no Município de Bom
Conselho/Pernambuco, foi o responsável, no Século XIX, pelo nome dado a TRAIPU.
É um rio temporário, cuja água apresenta pequeno nível de salobridade.


                                                         Rio Traipu a poucos metros da foz


                                                                 É uma das maiores
                                                          bacias do São Francisco,
                                                          cobrindo uma área de 2.404
                                                          quilômetros       quadrados,
                                                          sendo seu percurso dentro
                                                          do estado de Alagoas de
                                                          112Km. Está localizado
                                                          numa região tropical semi-
                                                          árida. Suas cheias resultam
                                                          em grandes inundações,
                                                          enchendo       as     lagoas
                                                          próximas ao seu percurso,
                                                          onde      antigamente     se
                                                          plantavam grandes campos
de arroz, fazendo de Traipu um dos maiores produtores do Estado. Infelizmente a
cultura do arroz foi desaparecendo e hoje as várzeas não são mais aproveitadas para
essa atividade.
        Este rio, após um curso de 72 Km no território traipuense, deságua no Rio São
Francisco. Em seu curso inicial, marca o limite entre o Agreste e o Sertão de Alagoas,
cruzando os Municípios de Minador do Negrão, Estrela de Alagoas, Cacimbinhas,
Igaci, Palmeira dos Índios, Jaramataia, Batalha e Belo Monte. Suas águas banham as
melhores terras de pecuária.
         O Rio Traipu, junto com os Rios Moxotó, Capiá e Ipanema, fazem parte da
vertente do São Francisco, sendo assim, rios temporários.
São afluentes do Rio Traipu, os riachos: Mares; Torta; Minador; Doce; das Galinhas;
do Japão; do Sertão; da Jacobina; Salgado; Campos; Tingui; Macacos e Sal.

SERRAS

         Apesar de está localizada na margem sergipana do Rio São Francisco, a Serra
da Tabanga é considerada um cartão postal de Traipu. É a maior serra do Baixo São
Francisco, com aproximadamente seis quilômetros de comprimento e 350 metros de
altura. Em seu ponto mais alto, foi colocado um cruzeiro.



                                                                                             32
A Serra da Tabanga está localizada defronte à cidade de Traipu, um referencial da Cidade.


        O relevo do Município de Traipu faz parte do patamar colimoso do São
Francisco, apresentando colinas dissecadas de fraca e média densidade, por conta disso
a grande quantidade de serras, proporcionando a formação de riachos e lagoas. Dentre
as serras de Traipu, destacam-se: Serra da Mumbaça, Serra da Priaca, Serra de Santa
Cruz, Serra Jaciobá, Serra Pau,d’Água, Serra das Mãos, Serra do Alecrim, Serra do
Japão, Serra do Cruzeiro defronte ao Povoado Mumbaça, Serra dos Patos, Serras
Grande (Capivara), Zamesca (Capivara), da Ilha (Capivara), do Cruzeiro ou Alto do
Jacaré (Capivara), Serrote do Vento (Capivara), Serra do Cruzeiro (Olho d’Água da
Cerca).

LAGOAS

       Várzea de Traipu, Sacão, Cabaceiro, Pé do Banco, Manteiga, Marcação,
Funda, Grande, Rabelo, Paraná, Saco, Bom Jardim.




                                                                                                    33
TERRA DA MÚSICA

        O Município de Traipu possui uma cultura que o coloca em destaque no
cenário estadual, nacional e até mundial. Trata-se de uma das mais belas e
extraordinárias das artes: a arte de transmitir os sons e expressar sentimentos,
denominada "música".

                                                               Banda Lira, orgulho do
                                                               povo traipuense

                                                                     Este pequeno-
                                                              gigante Município do
                                                              Estado de Alagoas é
                                                              reconhecido       como
                                                              Terra da Música, pois
                                                              aqui se percebe uma
                                                              verdadeira vocação
                                                              musical      que     já
                                                              produziu       talentos
                                                              geniais, levando ao
                                                              País inteiro a marca
                                                              da cultura traipuense.
                                                                     A tradição da
                                                              música em Traipu
                                                              iniciou-se por meio
dos incentivadores do movimento musical, os Mestres Vieira e Hermínio, o Padre
Alfredo Silva, a Professora Mariazinha Duarte, Ranufo Carmo e Nelson Palmeira.


BANDA LIRA TRAIPUENSE E FILARMÔNICA DE SÃO JOSÉ
                                                                  Banda Lira Traipuense
                                                                  regida pelo Maestro
                                                                  Antônio Basílio
                                                                          Segundo o
                                                                   Maestro Antonio
                                                                   Basílio,       no
                                                                   passado existiam
                                                                   duas Bandas, a
                                                                   Lira Traipuense e
                                                                   Filarmônica     de
                                                                   São José que
                                                                        politicamente
                                                                   atuavam em lados
                                                                   opostos.        A
                                                                   Filarmônica     de
São José fazia parte da política da Rua de Cima, enquanto a Lira era a Banda da Rua

                                                                                     34
de Baixo. Com a dispersão dos músicos para outras localidades, a Filarmônica de São
José entrou em declínio, permanecendo apenas a Banda Lira.
        Em 1947, o Maestro Nelson Palmeira assumiu a regência, permanecendo à
frente da Banda Lira por muitos anos.
       A partir de 1970, o atual Maestro Antonio Basílio assumiu a regência,
permanecendo até os dias atuais, e transformando-se em um dos mais abnegados
representantes da história da arte musical em Traipu.
       Nesse período, Nelson Souza, outro destacado instrutor musical também
chegou a reger a Banda Lira de 1993 a 1997.


BANDA MARCIAL




                             Banda Marcial participando do desfile das escolas pelas ruas da cidade

         A Banda Marcial é uma banda de corneteiros que se apresenta em desfiles
escolares nas datas cívicas. Surgiu na Escola Moreno Brandão com a Diretora
Marinete Matos. No caso de Traipu, pode-se dizer que é uma Banda mista, já que há
outros tipos de instrumentos característicos da Banda Fanfarra (trombone, trompete,
etc.). O primeiro regente da Banda Marcial foi José Palmeira (Zé de Jason), em
seguida Antonio Basílio, José Luís Cerqueira e, atualmente, é regida pelo jovem
instrutor Márcio José dos Santos.




                                                                                                  35
ESCOLA DE MÚSICA SANTO ANTONIO

        A Escola de Música Santo Antonio está localizada na Rua das Flores, na
residência do Maestro e Instrutor de música Antonio Basílio, hoje com 66 anos de
idade, funcionando de segunda a sexta, das 19:00h às 21:00h, com uma turma de 35
alunos entre crianças e adolescentes. A denominação atual surgiu a partir de 1991, pois
antes era apenas chamada de "Escola de Música", sendo de porte mais rústico, que
formou grande quantidade de músicos, muitos dos quais vieram a exercer funções de
destaque no cenário nacional.

       Alunos da Escola de Musica Santo Antônio
  fazendo a abertura do Plano Diretor Participativo

       Antes de Antonio Basílio e
Nelson Souza, os instrutores de música
de Traipu, encarregados de ensinarem
esta encantadora arte, eram Padre
Alfredo Silva, Mestres Vieira e
Hermínio, Dona Mariazinha Duarte,
Ranufo Carmo e Nelson Palmeira.
Grandes músicos traipuenses que se
destacaram (ou se destacam) em nível
nacional foram alunos de Antonio
Basílio, que foi aluno de Dona
Mariazinha Duarte e Ranufo Carmo.

ESCOLA DE MÚSICA PEDRO BASÍLIO

       A Escola Municipal de Música Pedro Basílio foi fundada em maio de 2002,
pelo então Prefeito Marcos Antonio dos Santos que, junto com a Câmara Municipal,
homenageou mais um grande músico traipuense, Pedro Basílio dos Santos.

                                                      Prédio onde funciona a Escola Municipal de
                                                      Musica Pedro Basílio

                                                             Está localizada na Rua
                                                      Maria Lima Dias, contando
                                                      atualmente    com     30    alunos
                                                      matriculados, tendo à frente o
                                                      Instrutor Nelson Souza que, a
                                                      exemplo de Antonio Basílio, vem
                                                      mantendo a tradição e a vocação
                                                      musical do povo traipuense.




                                                                                             36
MÚSICOS TRAIPUENSES NO CENÁRIO NACIONAL

Maestro Florentino Dias – Traipuense, filho do Ex-Regente da Filarmônica de São
José, Sr. Flávio Pereira, iniciou a carreira musical aos sete anos com o Instrutor Nelson
Palmeira; Ainda com a menor idade ingressou na Banda de Fuzileiros Navais do Rio
de Janeiro, tornando-se Oficial-Regente; Logo após, foi diplomado pela Escola de
Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concluindo mestrado como
Regente na Universidade de Washington, Estados Unidos. Fundou no Rio de Janeiro
um Coral e três Orquestras Sinfônicas. Atualmente é Regente da Banda de Música dos
Fuzileiros Navais no Rio de Janeiro; Adiel Folha Mota - Filho do Sr. Artur Mota
(Artur de Laura), foi considerado um dos melhores clarinetistas do mundo, no
encontro de bandas de vários países ocorrido no Estado da Bahia; Nelson Palmeira -
Foi Regente da Banda Lira Traipuense e Instrutor que ajudou formar grandes nomes
da Música traipuense. Também foi Regente da Banda de Música de Arapiraca por
muitos anos; Benone – do Primeiro Batalhão de Guardas do Rio de Janeiro; Aníbal
Palmeira – da Polícia Militar do Distrito federal; Ilvo Pacheco – do Exército
Brasileiro na Bahia; Paulo Cezar Amorim – da Esquadra da Marinha no Rio de
Janeiro; Nilton da Silva Souza - Jovem músico traipuense, filho do Instrutor de
Música Nelson Souza, começa a se destacar no cenário nacional, como professor de
música da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), onde está concluindo o
Mestrado, e também atua como regente da Sinfônica; Everaldo Albuquerque - Foi
regente da Banda de Música do Exército Brasileiro. Hoje está aposentado e sempre
presente nas festividades da Padroeira; José Jerônimo - Ocupou o cargo de Regente
da Banda da Polícia Militar de Sergipe; Manoel Tavares - Contra-Mestre da Banda da
Polícia Militar de Sergipe; Antonio Josenildo Epifânio - Regeu a Banda do Exército
Brasileiro em Garanhuns/PE; Luís Santana - Integrante da Banda de Música do Corpo
de Bombeiros do Rio de Janeiro; Ademário Mota (Meinha) - Regente da Banda de
Música da Polícia Militar de Alagoas; Valfredo Rodrigues - Integrante da Banda da
Polícia Militar do Espírito Santo; Nelson Souza – Instrutor de música, que se dedicou
a transmitir seus conhecimentos às gerações mais jovens, sendo responsável direto
pela formação de grandes nomes da música traipuense. Foi regente da Banda Lira no
período de 1993 a 1997. Atualmente, trabalha com 30 alunos da Escola Municipal de
Música Pedro Basílio;
Maria       José     dos
Santos (Dadá) - Há 37
anos conduzindo o
Coral      de      Nossa
Senhora do Ó; Wilson
Basílio (Basílio Sé) -
Músico      e     cantor,
sempre incluído entre
os melhores músicos
de Alagoas; Jorje Luís
da Hora (Jorginho) -
Já se destaca em
Alagoas e em outros
                             Márcio José ensinando música às crianças do Projeto AABB Comunidade.

                                                                                               37
estados, como um dos melhores músicos. Participa de bandas de Axé music e é um dos
integrantes da Banda Z. Também é Instrutor e ensina a arte da música às crianças
traipuenses; Márcio José dos Santos - Jovem Instrutor e vem trabalhando com as
crianças do Projeto AABB Comunidade, também é um dos integrantes da Banda Z e,
atualmente, é regente da Banda Marcial.

CORAL DE NOSSA SENHORA DO Ó

         O Coral de Nossa Senhora do Ó tem seu surgimento através do Padre Alfredo
Silva, falecido. Há 37 anos vem sendo conduzido pela Professora Maria José dos
Santos, conhecida dos traipuenses pelo nome de "Dadá". O grupo se apresenta nas
missas dominicais e festivas, casamentos, formaturas e, principalmente, no novenário
da festa da Padroeira, em dezembro, que ainda hoje é cantado em latim.




                     Coral de Nossa Senhora do Ó, grupo que abrilhanta as missas dominicais


         Ao longo dos anos, o Coral vem dando um brilho especial às atividades
religiosas, tornando-se orgulho de toda a comunidade católica traipuense.
         Atualmente participam 36 componentes, entre adolescentes e adultos, e tem na
coordenação das atividades, além de dona Dadá, que continua firme orientando os
mais jovens, Valmir Palmeira de Farias e José Lima de Oliveira.

BANDA "Z"
        Banda de Axé Music, que foi criada por um grupo de jovens músicos
traipuenses, no final da década de 90. Vem sempre marcando presença nas festividades
traipuenses, sobretudo no carnaval e na Festa do Bom Jesus e em festas de outras
cidades. Tem como fundadores, os músicos: Cezar Limeira, Flávio Basílio, José Lima,
Marquinho, Deyse, Leandro e “Manezinho”.



                                                                                              38
Apresentação da Banda “Z” no carnaval de Traipu


                            FESTAS TRADICIONAIS

      FESTA DE NOSSA SENHORA DO Ó

         A festa de Nossa senhora do Ó é realizada sempre nos mês de dezembro, no
domingo mais próximo ao dia 18, dia da Padroeira. Até 1949, a festa era realizada
exatamente no dia da Padroeira, porém o Padre José Batista mudou a tradição,
passando a partir de então a ser comemorada no domingo mais próximo. Festa
religiosa que atrai, além da população local, pessoas de outras cidades.
        Esta festa representa no povo um sentimento de religiosidade tão forte que a
maior parte dos traipuenses que residem em lugares distantes retornam neste período,
                                                  muitos para pagarem promessas,
                                                  outros por devoção à Santa. É
                                                  marcada pelo novenário que são as
                                                  nove noites de novena que antecedem
                                                  ao dia da procissão, cada noite
                                                  recebendo uma denominação: noite
                                                  dos casados, dos solteiros, dos
                                                  funcionários públicos, dos vereadores,
                                                  dos fazendeiros, dos agricultores, dos
                                                  pescadores. Em cada noite há o leilão
                                                  com as doações da comunidade.
                                                         Todas as noites são encerradas
                                                  com a apresentação da Banda Lira
Traipuense, orquestra formada pelos nossos grandes músicos, sempre
motivo de orgulho para os traipuenses.


                                                                                         39
Os Zabumbeiros, tradição
                                                                            que se mantém intocada
                                                                            nas festividades da
                                                                            Padroeira


                                                                        Uma tradição
                                                                que segue firme na
                                                                Festa de Nossa
                                                                Senhora do Ó são
                                                                os     Zabumbeiros,
                                                                uma bandinha com
                                                                pífanos             e
                                                                instrumentos       de
                                                                percussão, que se
                                                                apresentam todas as
                                                                noites na calçada da
igreja. Atualmente o zabumba é coordenado pelo Senhor Nicodemos (comhecido por
“Demo”), juntamente com os seus familiares, tendo o apoio da Prefeitura Municipal.




                        Procissão de Nossa Senhora do Ó, percorrendo as ruas da cidade

       A festa é encerrada com uma grande Procissão percorrendo as ruas da cidade
ao som da Banda Lira Traipuense.




                                                                                                 40
Pratos típicos no leilão da Festa de Nossa Senhora do Ó




FESTA DO BOM JESUS DOS NEVEGANTES




        Festa de Bom Jesus dos Navegantes, acesso às margens do Rio pela Rua Senador Serapião.


        A Festa do bom Jesus dos Navegantes também é uma festa religiosa, que é
realizada às margens do Rio São Francisco, geralmente no mês de fevereiro, em data
móvel.




                                                                                                 41
As embarcações conduzem
                                                                           o Santo na Tradicional
                                                                           Procissão Fluvial.


                                                                                  Há              a
                                                                           celebração de um
                                                                           tríduo (três missas)
                                                                           encerrando           no
                                                                           domingo       com      a
                                                                           procissão       fluvial,
                                                                           onde várias lanchas e
                                                                           canoas fazem um
                                                                           percurso pelo Rio
                                                                           São Francisco e, logo
                                                                           após,      os      fiéis
                                                                           complementam           a
                                                                           procissão, agora pelas
ruas da cidade.
        Antigamente, esta festa era apenas de cunho religioso, porém com passar do
tempo, com a urbanização das margens do São Francisco e expansão da Avenida Beira
Rio, têm-se destacado as bandas de Axé, e por conta disso, o caráter religioso da festa
vem diminuindo.




                   Corrida de jegues também é tradição durante as festividades do Bom Jesus

        O esporte também se faz presente durante as comemorações da Festa do Bom
Jesus, com a tradicional corrida de canoas, torneios esportivos na areia e a corrida de
jegues.




                                                                                                42
Cultura traipuense apresentada com a feira de Artesanato


       Outra novidade que vem abrilhantando o evento é a feira de artesanato com
exposições das atividades culturais de cada povoado do município.

CARNAVAL

        O carnaval de Traipu nos últimos anos vem chamando a atenção pela grande
quantidade de pessoas que dele participa. Embora também as bandas de axé tenham
ocupado muito espaço, o povo não deixou de lado o charme do tradicional carnaval de
rua.
         A margem do Rio São
    Francisco é invadida pelos
     foliões durante o carnaval

         Todas as tardes
as orquestras de frevo
arrastam multidões pelas
ruas      da       cidade,
relembrando os velhos
tempos, com pessoas de
todas as idades. Nos
últimos carnavais, um
acalorado desfile de
blocos                vem
abrilhantando o evento,
destacando-se uma certa
rivalidade entre os dois blocos mais importantes: Sai da Frente e Perigosas Peruas.
         Uma tradição que não se perdeu com a modernidade foi folclórico Jaraguá que
aterroriza e, ao mesmo tempo, diverte as crianças. Também não se pode falar de
carnaval em Traipu, sem falar do tradicional Jegue Elétrico, que puxa um bloco ao
som de frevo.

                                                                                             43
Folclórico Jaraguá, mantendo a tradição        Blocos de Rua, o charme do carnaval traipuense




                          As Escolas também participam do carnaval traipuense




     Crianças e adolescentes participam ativamente do carnaval de rua traipuense




                                                                                          44
Tradicional desfile do Rei Momo e da Rainha do Carnaval pelas ruas da cidade


                                    NOSSO FOLCLORE

        Nosso Município também tem suas atividades folclóricas, que vêm mantendo
vivos costumes, crenças e tradições do traipuense.

O COCO DE RODA

        Essa dança surgiu no contexto sócio-cultural do Município em 16 de agosto de
1960, tendo como organizador o saudoso Leonísio Bispo de Sena, com apresentações
principalmente no período da colheita de arroz.
                             Apresentação
    do tradicional Coco-de-Roda na Rua da
                                 Rocheira

        Atualmente, o Coco de
Roda faz parte do calendário das
festas juninas, sendo chamado de
“Coco de Roda Rocheirense”, que
mantém viva essa tradição, através
de um grupo de pessoas tendo à
frente Mazé Sena e Carlos Sena,
filha e neto de Seu Leonísio.

        As apresentações do Coco de Roda, na Rua da Rocheira, atraem muitas
pessoas que buscam reviver o passado.




                                                                                              45
GRUPO FOLCLÓRICO SAIA DE RENDA

       Antigamente conhecido como “Jovens Rocheirenses Unidos”, fundado na Rua
da Rocheira em 30 de maio de 1980, tendo como idealizador o Senhor Leonísio Bispo
de Sena, responsável pela apresentação dos folguedos populares daquele bairro.
                                                   A quadrilha Saia de Renda encanta a platéia
                                                   com suas belas apresentações


                                                           Hoje,     formado       por
                                                   crianças e adolescentes, denomina-
                                                   se “Grupo Folclórico Saia de
                                                   Renda", e tem como objetivo
                                                   fundamental resgatar e manter
                                                   vivas as tradições regionais. Alem
                                                   das quadrilhas juninas o grupo faz
                                                   apresentações teatrais.
                                                           O Grupo Saia de Renda
                                                   tem como coordenador o grande
                                                   animador das festas juninas
                                                   traipuenses, Manoel Novais, que,
com sua grande capacidade de criar histórias e fazer encenações, vem preservando a
história dos folguedos populares. As belas apresentações da Saia de Renda têm
encantado outros municípios, pois, nos últimos anos, vem sendo convidada para várias
cidades vizinhas, sempre levando a marca da cultura traipuense.




        Inicio da quadrilha Saia de Renda                                Grupo atual



GRUPO ARTÍSTICO DE TRAIPU (GAT)

        O Grupo de Teatro GAT foi fundado em 15 de outubro de 1988, à época
denominado GRUART (Grupo Artístico Traipuense), sob a coordenação do
pernambucano e geógrafo Gildo de Souza, responsável pelas apresentações teatrais. O
objetivo do grupo é recrutar crianças e adolescentes para participarem de eventos

                                                                                            46
culturais, contracenando e vivendo as fantasias do palco e praças da região, como uma
grande alternativa de inserção social. Atualmente denominado GAT (Grupo Artístico
de Traipu), apresenta-se, principalmente, nas festas juninas, e tem como organizador e
animador Manuel Novais.




                                   Apresentação teatral do Grupo Folclórico Saia de Renda



        Os atuais organizadores do Grupo são: Manuel Novais (Diretor Geral);
Clévisson (Diretor de Cena); Genivaldo Melo (Cenógrafo); Yara Basílio (Figurinista);
Ozélia Santos (Estilista); Iracema Major (Manequim).

QUADRILHA QUARTINHA D’ÁGUA

                                                                   Apresentação da quadrilha
                                                                   Quartinha D’água na Praça José
                                                                   Palmeira Lima


                                                             A       Quadrilha
                                                     Quartinha D’água foi
                                                     criada em 1991 pela
                                                     professora Rita de Cássia
                                                     Melo,          atualmente
                                                     diretora    da     Escola
                                                     Francisco Mangabeira. A
                                                     quadrilha é formada por
                                                     crianças e adolescentes
                                                     que estudam na citada
                                                     escola. As apresentações
                                                     da Quartinha D’água já
fazem parte do calendário das festas juninas do Município, arrastando grande
quantidade de pessoas.


                                                                                               47
PASTORIL

        O Pastoril sempre fez parte das festas natalinas, atualmente vem ocorrendo no
Natal de Reis, que acontece em 06 de janeiro, na Praça do Itamaraty.
                     Apresentação do Pastoril
       da Terceira Idade no natal do Itamaraty
         Esse folguedo popular vem
sendo resgatado com uma inovação:
o Pastoril da 3a idade, organizado
por Dulcinea Soares e Ginalda
Teixeira (Nidinha). O exemplo
destas senhoras já vem chamando a
atenção dos mais jovens para a
necessidade de não se deixar morrer
uma das mais importantes tradições
folclóricas. Assim, em 2005 e 2006,
as escolas municipais já organizaram
também o Pastoril para as crianças.

DANÇA DO PIAU

        Dança tradicional nas casas de farinha, comum em várias localidades da zona
rural, onde as mulheres que trabalham na raspagem da mandioca, entoando
cantos(rimas) para tornar o ambiente descontraído. Em alguns locais, chama-se “Piau”
a maior mandioca encontrada na roça, já em outros, é uma garrafa de bebida quente
(cachaça). Neste caso, a garrafa é enfeitada com papel de seda colorido e pendurada no
centro da casa de farinha. Ao encerrar a tarefa da raspagem da mandioca, as mulheres
levam o “Piau” até a casa do dono da farinhada, onde dançam o coco e tomam a
bebida.
        No Sítio Uruçu, Jovelina Rosa dos Santos, uma senhora de 65 anos continua
mantendo esta tradição e, desde maio de 2004, ensina às crianças do PETI, onde
existem vários de seus netos, a conservarem a tradição.

                                         ARTESANATO

ARTESANATO COM MADEIRA

         O símbolo do artesanato traipuense, Antonio Camilo foi o grande destaque na
arte de esculpir com a madeira. Começou por si mesmo a trabalhar com esta arte, aos
14 anos, seguindo apenas o dom que possuía, e chegou a realizar verdadeiras obras
primas, sendo considerado um dos maiores escultores do Estado de Alagoas.
         As mais diversas obras de seu Camilo, como esculturas de animais, de santos e
outras, estão espalhadas por todos os lugares do País. A maior imagem que já esculpiu
foi a de Jesus Cristo Crucificado que mede 1,80m. Deixou como discípulo o jovem
Robervaldo Silva dos Santos (conhecido por Val), marceneiro que mantém viva a arte
de esculpir deixada pelo Mestre Camilo, além de restaurar móveis antigos. Exerce suas

                                                                                   48
atividades em um salão situado na Rua Coronel Medeiros.




O escultor Antônio Camilo concluindo uma de   Robervaldo Silva, 30 anos, discípulo de seu Camilo,
suas últimas obras.                           restaurador, escultor e marceneiro.


 CARPINTEIROS

         Luís Carlos de Brito – Mestre na fabricação de embarcações (lanchas, canoas
 e barcos) para pesca, corrida ou carregar passageiros. Há 35 anos executa esta
 atividade que aprendeu por si mesmo, sem que ninguém lhe ensinasse. Afirma que a
 produção de embarcações caiu de forma desastrosa, mas por haver poucos nesta
 atividade, continua fazendo alguns serviços por encomenda. Mestre Elpídio é outro
 carpinteiro que trabalha com embarcações. Seu Luiz Carlos diz que antes dele, quem
 construía embarcações em Traipu eram José Augusto, José Rodrigues, Luís Cabral,
 Jabinha e Zé da Laguna (este ainda está em atividade no Estado de Sergipe).
                                                        Seu José de Ismael, um dos mais conhecidos
                                                        carpinteiros de Traipu em plena atividade


                                                               José Pereira (Zé de Ismael) –
                                                        Aos 63 anos, Seu Zé de Ismael, como é
                                                        conhecido, produz carroças, carros de
                                                        boi, bancos, grades de trator e outros
                                                        equipamentos. Aprendeu a arte por si
                                                        mesmo, mas começou a trabalhar com
                                                        máquinas na antiga Serraria de Seu
                                                        Ismar, onde atualmente está a
                                                        Comercial Virgem dos Pobres, na Rua
                                                        Erasmo Lima Dias. A oficina funciona
                                                        em um salão ao lado de sua residência.

         ANTONIO HENRIQUE (Seu Pitonho) – Outro grande destaque traipuense
 na arte com madeira, deixando muitas obras espalhadas tanto neste Município quanto
 em outras localidades.


                                                                                                    49
ARTESANATO COM BARRO




                                Ronaldo Vieira
         A arte de esculpir com o barro vem sendo desenvolvida atualmente pelo
artesão Ronaldo Vieira Melo, traipuense que, desde criança, dedica-se a produzir
réplicas de pessoas, animais, santos e objetos de uso doméstico. Realiza trabalhos por
encomenda, principalmente imagens de esculturas para devotos, mas já participou, em
muitas cidades de Alagoas, de seminários e exposições, onde sempre se destaca por
sua criatividade.

        DONA MARIINHA – Foi um grande nome do artesanato com barro,
confeccionando diversos tipos de peças (panelas, potes, jarras, cabaças, quartinhas,
etc) que comercializava em toda a região do Agreste e Baixo São Francisco.

BORDADO


                                                                    O bordado também é
                                                            uma das grandes fontes de
                                                            renda do Município. É muito
                                                            comum se presenciarem as
                                                            mulheres sozinhas ou em
                                                            grupos realizando a atividade
                                                            da qual muitas retiram o
                                                            sustento. Grande parte dos
                                                            trabalhos de bordado é feita
                                                            por encomenda, outra parte é
   Prefeitura Municipal oferece curso de bordado às mães do vendida     nas   feiras    e
   PETI                                                     exposições. Os bordados mais
                                                            conhecidos e trabalhados em
Traipu são: ponto de cruz, crochê, rechiliê e crivo. Nos últimos anos a Prefeitura
Municipal vem abrindo grande espaço nas festividades locais para exposição do
trabalho das bordadeiras, como forma estimular a geração de renda.

                                                                                      50
O bordado, uma das grandes fontes de renda do traipuense


ARTESANATO COM PALITO




                               Alvaci Martins
        No artesanato traipuense, destaca-se, dentre outros, Alvaci Martins, artesão,
professor e poeta que, aos 62 anos, vem gravando seu nome na história cultural do
Município.
        No final da década de 90, Alvaci Martins, já um amante da poesia, começou,
por curiosidade, a utilizar palitos de picolé para fazer objetos. Daí nasceu uma
verdadeira vocação para o artesanato, que resultou na produção várias obras, muitas
delas têm chamado a atenção não somente dos traipuenses, mas também das pessoas
que visitam o Município.
        Com grande criatividade na arte com palitos e com a paciência que requer o
trabalho manual, já produziu réplicas de igrejas e casas, porta-retratos, porta-jóias,
abajur, baús, cômodas e outras formas de arte. Atualmente preside a Associação dos
Artesãos e Artistas de Traipu.

                                                                                    51
Alvaci Martins vem ensinando sua arte a várias crianças do município,
segundo ele, com o apoio da Prefeitura Municipal. Já participou de várias exposições
nos eventos festivos locais e de outras cidades, como Maceió, Arapiraca, Pão de
Açúcar, Penedo, Santana do Ipanema, e cidades do Estado de Sergipe.


CANOEIROS

        Por muito tempo as Canoas de “Tolda” e “Chatas” foram usadas para fazer o
transporte de passageiros e mercadorias entre as cidades que margeiam o São
Francisco. Estas canoas grandes com vela se tornaram símbolo do Velho Chico, pela
importância que tinham para as populações ribeirinhas. “Tolda” é um tipo de
alojamento existente na canoa, onde o canoeiro descansava ou preparava refeições,
geralmente tinha uma rede de dormir. As “Chatas” diferenciavam-se por não ter este
alojamento, apenas as velas.




  Canoa de Tolda, antigamente, responsável pelo transporte de cargas e passageiros no Rio São Francisco



        Os canoeiros de Traipu faziam linha principalmente para Própria, Penedo e
Pão de Açúcar. Os mais conhecidos canoeiros traipuenses eram: os irmãos Jason e
Ranufo Palmeira, Seu Chiquinho, Zé de Morena, Zé Dandão e Antonio Pereira (Tonho
Bolachão).
        Atualmente, as lanchas fazem o trabalho das canoas de vela, levando
passageiros e mercadorias, sendo que o Senhor Eronildes ainda possui uma “Chata” na
Cidade de Penedo – Alagoas.




                                                                                                          52
ENERGIA ELÉTRICA

        Em 1939, o Fazendeiro e Empreendedor Júlio de Freitas Machado chegou ao
Município de Traipu e instalou em sua residência, na Fazenda Sacão, a energia eólica.
Em 1943, antes do seu filho Rui Machado partir para a Segunda Guerra Mundial, foi
fundada na mesma fazenda a empresa particular de energia elétrica com gerador
movido a motor diesel, passando, logo depois, a vender a energia para a cidade de
Traipu, com postes de madeira (braúna). Em 1947, o município estatizou(comprou) a
empresa e sua sede passou a se localizar num prédio público, onde funcionou
posteriormente o Mercado Público Municipal, continuando com geradores de maior
potência, funcionando no período de 18:00h às 23:30h. Ao se aproximar o horário do
apagão eram dados três sinais intercalados de alerta.
        Em 1968, foi abolido o sistema de energia elétrica movida a motor e
implantada pela então Companhia de Eletricidade de Alagoas a energia elétrica
proveniente da Hidrelétrica de Paulo Afonso, agora com a utilização postes de
concreto. O primeiro Povoado a receber energia elétrica foi a Mumbaça.
        Júlio de Freitas também trouxe o primeiro veículo, um Jeep Hand ruger; a
primeira televisão de marca Hooptpont, que sintonizava apenas a TV Jornal do
Comércio em Recife/PE; e o primeiro trator marca Ford 8N, movido a gasolina.

TELEFONE

        Em 1972, foi implantada a rede telefônica pela então TELASA, partindo de
Arapiraca até Traipu com postes de concreto e cabos de cobre revestido com PVC.
Inicialmente foi distribuída uma cota de 48 telefones (linhas).

AGRICULTURA

                                            O carro de boi ainda é o transporte mais usado pelos
                                            agricultores traipuenses


                                                   A maior parte da população
                                            traipuense, sobretudo da zona rural,
                                            sobrevive das lavouras de feijão, milho e
                                            mandioca. As plantações de feijão e o
                                            milho acontecem nos meses de abril a
                                            junho, início das chuvas de inverno, e a
                                            colheita se dá entre julho, agosto e
                                            setembro. Não há um calendário definido
para os agricultores plantarem, por conseqüência das irregularidades das chuvas nesta
região. No município também há considerável produção de frutas, com destaque para a
manga, o caju, o coco e a pinha.




                                                                                             53
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Mapeamento cultural de_traipu

  • 1. MAPEAMENTO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE TRAIPU ESTADO DE ALAGOAS
  • 2. MAPEAMENTO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE TRAIPU ESTADO DE ALAGOAS PRIMEIRA EDIÇÃO REALIZAÇÃO PREFEITURA MUNICIPAL DE TRAIPU PROJETO SELO UNICEF / MUNICÍPIO APROVADO TRAIPU/AL, AGOSTO DE 2006
  • 3. HOMENAGEM ESPECIAL MARIA EUL1NA DOS SANTOS (DONA NOZINHA) Nesta primeira edição do Mapeamento que pretende resgatar a cultura e a história deste Município, não se poderia deixar de fazer uma singela e justa homenagem a este exemplo de vida e de solidariedade que marcou, de forma bastante positiva, parte da história de Traipu, de nome "Maria Eulina dos Santos". É por "Dona Nozinha", que a agricultora, comerciante e política Maria Eulina dos Santos, primeira Vereadora eleita pela cidade de Traipu/AL, é mais conhecida. Foi vereadora por cinco vezes consecutivas, entre as décadas de 50 e 70, sempre dedicando especial atenção à pobreza. Casada com o também agricultor Manoel Florêncio Filho, já falecido, teve sete filhos, sendo que apenas dois sobreviveram, Maria Ivete dos Santos Canuto, professora aposentada, e Marcos Antonio dos Santos, Advogado, Empresário e Político, além de dez netos e dez bisnetos. Com cerca de 50 anos participando da vida pública, Dona Nozinha lembra que um dos períodos mais marcantes de sua vida aconteceu no ano de 1970, quando uma grande seca castigou o município, levando muita gente a vender o que possuía e viajar para o Sudeste do País, em busca de trabalho. Foi nessa época, que a grande maioria da população pobre encontrou no espírito fraterno de Dona Nozinha o auxílio e força para sobreviver. "A seca de 1970 foi uma tristeza", recorda-se. Nesse período, ela teve uma atuação marcante sempre ao lado da maioria pobre do Município. "Nesse ano, eu comprava caixas de bacalhau, sacos de arroz, feijão e farinha que eram doados à população carente do município". Era comum sua casa ficar cheia de pessoas vindas de todos os povoados à procura de auxílio. "Algumas vezes, quando eu vinha de viagem, o pessoal me informava que minha casa tinha sido invadida por pessoas que não tinham nada para comer", relembra Dona Nozinha. Para Dona Nozinha, aquela situação era conseqüência do descaso dos governantes para com o povo nordestino, que sempre foi discriminado. "Se não existissem pessoas solidárias que dividissem o pouco que tinham, multidões teriam morrido de fome, já que a maioria do povo retirava o sustento da "roça", plantações de milho, feijão e mandioca", diz ela. Hoje, com 89 anos de idade, sente-se com o dever cumprido, e tem como o maior fruto de sua carreira política, o seu filho Marcos Antonio dos Santos, que foi Prefeito no período 2001 a 2004, e seu neto Valter dos Santos Canuto, atual Prefeito do Município. Em reconhecimento aos serviços prestados por dona Nozinha ao povo traipuense, a Câmara Municipal homenageou-a, colocando seu nome na Casa Maternal inaugurada em maio de 2002. Perseverança e solidariedade são marcas pelas quais Dona Nozinha é, e sempre será, reverenciada pelos traipuenses.
  • 4. AGRADECIMENTOS  À Equipe Municipal Pró-Selo Unicef, que contribuiu de forma direta para a mobilização em busca dos objetivos propostos.  Às Crianças e Adolescentes da Escola Agapito Rodrigues de Medeiros que colaboraram com a pesquisa de campo, trazendo informações importantes a este Mapeamento.  À Coordenação Unicef/Recife pela parceria, pelas orientações e por nos possibilitar a oportunidade de conhecer outras realidades e assim buscar melhorar a nossa.  A todos os traipuenses que ajudam a construir, com o suor do dia-a-dia, cada momento da História Traipuense.
  • 5. EQUIPE TÉCNICA REDAÇÃO E REVISÃO Alberto Magno Silva dos Santos – Coordenador da Equipe Pró-Selo Unicef APOIO TÉCNICO Tadeu Dias EQUIPE DE PESQUISA Alberto Magno S. dos Santos, Leyvisson S. Pereira – Agente Jovem e Músico, Alunos da Escola Municipal Agapito Rodrigues de Medeiros: Rair D. Teixeira – 13 anos/8ª série, José Clebson S. de Farias – 13 anos/7ª, Humberto H. da Silva Farias – 14 anos/8ª, Elbes de F. dos Santos – 14 anos/8ª, José Madson A. dos Santos – 14 anos/6ª, Danilo F. de Farias – 16 anos/8ª, Cristiane da Silva – 15 anos/7ª, Olívia C. dos Santos – 13 anos/7ª, Álisson S. Nascimento – 15 anos/8ª, José Regivaldo da Silva - 17 anos/6ª, Leonilson T. de Farias – 15 anos/8ª, José Leilson T. de Farias – 17 anos/7ª, Zélia do Nascimento Santos – 15 anos/5ª, Angélica P. de Farias – 12 anos/6ª, Mayra Fernanda Damasceno – 11 anos/6ª, Aline Kelly dos Santos – 11 anos/5ª, Rhelry D’ávila de A. Ferreira – 10 anos/5ª, Joyce Jennifer Dias – 11 anos/6ª, Eulália Sena Santos – 09 anos/4ª, Danielly Cristhiny Santos Brito – 08 anos/4ª, Alexia Beatriz Melo Sena – 08 anos/4ª. FOTOGRAFIA José Arnaldo Pinheiro José Pinheiro de Moura (Beto Pinheiro) COLABORAÇÃO Gilson dos Santos – Presidente do CMDCA Maria Aparecida Lira – Assistente Social Dulcinea Soares – Secretária Municipal de Cultura Jackson Borges – Secretário Municipal de Meio Ambiente Jacy Machado Reys – Coordenadora do Programa Agente Jovem Jacira Machado – Coordenadora do PETI Gilvan do Carmo Santos – Coordenador de Esportes Arlene Torres dos Santos – Coordenadora Pedagógica Vera Lúcia de Cerqueira – Supervisora da Sec. Mun. de Educação Maria Ivete dos Santos Canuto – Supervisora da Sec. Mun. de Educação Simone Melo de Sena – Dir. da Esc. Mun. Agapito Rodrigues de Medeiros Íris Vieira Costa – Assistente Social Ana Tereza Freire de Oliveira – Assistente Social Valter Matos Palmeira – Presidente da ASPRONT Manoel Santos da Hora de Novais – Coordenador de Eventos Erinaldo dos Santos Oliveira – Coordenador de Transportes do Município Robson Nascimento – Secretário Municipal de Educação Rita de Cássia Melo – Diretora da escola Francisco Mangabeira Júlio de Freitas Machado – Secretário Municipal de Viação e Obras Roberto Olindino Matos Junior – Secretário Municipal de Finanças Manuel Farias – Presidente do Conselho Tutelar APOIO CULTURAL Valter dos Santos Canuto – Prefeito Marcos Antonio dos Santos – Secretário Geral de Governo Juliana Kümmer Freitas Santos – Secretária Municipal de Assistência Social
  • 6. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO -------------------------------------------------------------------------------------- 15 HISTÓRICO MUNICÍPIO----------------------------------------------------------------------------- 17 Origem do Nome Traipu---------------------------------------------------------------- 18 D. Pedro II em Traipu------------------------------------------------------------------- 19 Histórico da Igreja de Nossa Senhora do Ó------------------------------------------ 19 Párocos------------------------------------------------------------------------------------ 20 Movimentos Sociais da Igreja---------------------------------------------------------- 21 Cultura Indígena-------------------------------------------------------------------------- 21 Governantes traipuenses---------------------------------------------------------------- 22 SÍMBOLOS DE TRAIPU------------------------------------------------------------------------------- 23 Bandeira----------------------------------------------------------------------------------- 23 Hino de Traipu--------------------------------------------------------------------------- 24 O RIO SÃO FRANCISCO----------------------------------------------------------------------------- 25 Origem do nome São Francisco-------------------------------------------------------- 27 Ponto de vista econômico--------------------------------------------------------------- 28 Formação racial--------------------------------------------------------------------------- 28 Tribos indígenas que habitaram o Baixo São Francisco----------------------------- 28 Museu Ambiental “Casa do Velho Chico”-------------------------------------------- 29 Rio Traipu -------------------------------------------------------------------------------- 32 Serras-------------------------------------------------------------------------------------- 32 Lagoas------------------------------------------------------------------------------------- 33 TERRA DA MÚSICA ----------------------------------------------------------------------------------- 34 Banda Lira Traipuense e Filarmônica de São José---------------------------------- 34 Banda Marcial---------------------------------------------------------------------------- 35 Escola de Música Santo Antonio------------------------------------------------------ 36 Escola de Música Pedro Basílio ------------------------------------------------------- 36 Músicos traipuenses no cenário nacional--------------------------------------------- 37 Coral de Nossa Senhora do Ó---------------------------------------------------------- 38 Banda "Z"--------------------------------------------------------------------------------- 38 FESTAS TRADICIONAIS----------------------------------------------------------------------------- 39 Festa de Nossa Senhora do Ó----------------------------------------------------------- 39 Festa do Bom Jesus dos Navegantes--------------------------------------------------- 41 Carnaval----------------------------------------------------------------------------------- 43 NOSSO FOLCLORE------------------------------------------------------------------------------------ 45 O Coco de Roda-------------------------------------------------------------------------- 45 Grupo Folclórico Saia de Renda------------------------------------------------------- 46 Grupo Artístico de Traipu (GAT)------------------------------------------------------ 46 Quadrilha Quartinha D’água------------------------------------------------------------ 47 Pastoril------------------------------------------------------------------------------------- 48 Dança do Piau----------------------------------------------------------------------------- 48 ARTESANATO------------------------------------------------------------------------------------------- 48 Artesanato com madeira ------------------------------------------------------ 48 Carpinteiros------------------------------------------------------------------------------- 49 Artesanato com barro-------------------------------------------------------------------- 50 Bordado------------------------------------------------------------------------------------ 50 Artesanato com palito-------------------------------------------------------------------- 51 CANOEIROS---------------------------------------------------------------------------------------------- 52 ENERGIA ELÉTRICA --------------------------------------------------------------------------------- 53
  • 7. TELEFONE------------------------------------------------------------------------------------------------ 53 AGRICULTURA----------------------------------------------------------------------------------------- 53 PESCA------------------------------------------------------------------------------------------------------ 54 EXTRAÇÃO DE PEDRAS ORNAMENTAIS----------------------------------------------------- 54 POVOADOS DO MUNICÍPIO------------------------------------------------------------------------ 55 Vila Santo Antonio---------------------------------------------------------------------- 55 Vila São José----------------------------------------------------------------------------- 57 Povoado Mumbaça---------------------------------------------------------------------- 58 Povoado Lagoinha----------------------------------------------------------------------- 61 Povoado Olho d’Água da Cerca------------------------------------------------------- 63 Povoado Capivara----------------------------------------------------------------------- 65 Povoado Piranhas------------------------------------------------------------------------ 67 Povoado Santa Cruz--------------------------------------------------------------------- 68 Povoado Riacho da Jacobina----------------------------------------------------------- 70 Povoado Bom Caradá------------------------------------------------------------------- 72 Povoado Bom Jardim-------------------------------------------------------------------- 73 Assentamentos do Município de Traipu --------------------------------------------- 74 RELIGIÃO------------------------------------------------------------------------------------------------ 75 Igreja Católica---------------------------------------------------------------------------- 75 Igreja Assembléia de Deus------------------------------------------------------------- 75 Igreja Universal do Reino de Deus---------------------------------------------------- 76 Igreja do Evangelho Quadrangular---------------------------------------------------- 76 Igreja Batista ----------------------------------------------------------------------------- 77 Cultura Afro-brasileira------------------------------------------------------------------ 77 Centro Espírita São Jorge Guerreiro--------------------------------------------------- 77 Centro Espírita Palácio de Oxalá------------------------------------------------------ 78 PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARQUITETÔNICO-------------------------------------------- 79 Patrimônio Natural---------------------------------------------------------------------- 80 Espaços Culturais------------------------------------------------------------------------ 80 Escolas------------------------------------------------------------------------------------ 80 Espaços Festivos ------------------------------------------------------------------------ 81 LITERATURA-------------------------------------------------------------------------------------------- 81 Luís de Medeiros Netto----------------------------------------------------------------- 81 Jenner Glauber Melo Torres----------------------------------------------------------- 82 Alvacy Martins--------------------------------------------------------------------------- 82 Jackson Borges--------------------------------------------------------------------------- 82 Provérbios (sabedoria popular)--------------------------------------------------------- 82 PARTEIRAS----------------------------------------------------------------------------------------------- 83 REZAS, CURAS e CRENÇAS ------------------------------------------------------------------------ 84 Medicina Popular------------------------------------------------------------------------- 84 Lendas ------------------------------------------------------------------------------------- 85 BODEGAS-------------------------------------------------------------------------------------------------- 85 GASTRONOMIA----------------------------------------------------------------------------------------- 85 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS---------------------------------------------------------------- 87
  • 8. APRESENTAÇÃO O Município de Traipu, localizado às margens do Rio São Francisco, é um dos mais antigos do Estado de Alagoas, sendo detentor de uma rica história cultural que precisa ser registrada, como forma de garantir às próximas gerações o conhecimento de suas raízes e fortalecimento de sua identidade. Desta forma, o Mapeamento Cultural de Traipu tem por objetivo maior retratar toda e qualquer expressão de natureza cultural ou histórica de um povo, partindo do reconhecimento público da importância de todos aqueles que iniciaram a construção de nossa história e chegando às crianças e adolescentes de hoje, a quem cabe preservar este patrimônio e construir o futuro. Além de se apresentar como uma valiosa fonte de pesquisa para as crianças e jovens traipuenses. Mapear a Cultura de um povo é, sem dúvida, uma atividade sem fim, já que a cultura é viva, e por isso, sempre surgirão novos vestígios, novas informações, novos pontos de vista, novas gerações. Deste modo, o Mapeamento é uma construção que estará sempre ávida por receber novos fatos que venham enriquecer a história traipuense. Porém, pretende proporcionar às gerações futuras o registro, responsável e consciente, de boa parte de nossas riquezas, além de despertar o interesse das crianças e adolescentes em valorizar, preservar e registrar seu patrimônio histórico e cultural. Sabemos que é preciso fortalecer o compromisso público com a política da cultura, ampliando todas as alternativas de preservação do patrimônio histórico e popular, a fim de possibilitar ao traipuense a tradução de suas potencialidades em oportunidades e desenvolvimento. Aqui estão expressas as nossas vocações em forma de história, música, folclore, pesca, dança, arte, crenças, costumes, tradições e sonhos que tornam único o sertanejo traipuense. Este Mapeamento é resultado de um grande mutirão, desde a Prefeitura Municipal, do projeto Selo Unicef/Município Aprovado, da Equipe Municipal Pró- Selo Unicef, das crianças e adolescentes que participaram da pesquisa de campo e, principalmente, daqueles que construíram cada cena dessa linda história, permitindo- nos, assim, a oportunidade de registrá-la para a posteridade. Portanto, todas as dificuldades encontradas na realização deste projeto são compensadas pela consciência do dever cumprido e pela satisfação de sentir nas pessoas a esperança e o orgulho de manter vivas suas tradições culturais. Marcos Antonio dos Santos Articulador Municipal Alberto Magno S. dos Santos Coordenador da Equipe Pró-Selo Unicef 15
  • 9. 16
  • 10. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO Traipu possui a terceira maior área territorial dentre os Municípios de Alagoas, com 698 quilômetros quadrados (IBGE 2005) ficando atrás apenas de Coruripe e Mata Grande. Está localizado na microrregião do agreste alagoano, limitando-se ao Norte com Girau do Ponciano e Campo Grande, ao Sul com o Rio São Francisco, ao Leste com São Braz e Olho d’Água Grande e ao Oeste com Belo Monte e Batalha. Está a 188 km de Maceió, Capital do Estado e a 53 km de Arapiraca, Centro Econômico do Agreste. Tem como principal via de acesso a AL-487 (Rodovia Governador José Tavares). Segundo o Censo 2000, a população era de 23.439 habitantes (11.820 homens e 11.619 mulheres). A população urbana era de 7.131 e a rural de 16.308 habitantes. “Este censo realizado no ano 2000 foi contestado pela Prefeitura Municipal de Traipu que impetrou ação na Justiça para que houvesse retificação dos dados populacionais”. A religião predominante é a Católica com 22.628 adeptos, seguida de 436 evangélicos e 375 que professam outras religiões. Vista da cidade de Traipu O clima do município é tropical quente e seco, variando de semi-árido a sub-úmido. As temperaturas são elevadas durante todo o ano, com mínimas de 20°C e máxima de 40°C. O município assenta-se predominantemente sobre os micaxistos e gnaisses da Unidade Porto da Folha, os granulitos do Grupo Girau, que formam o embasamento cristalino, e os quartzitos da formação Santa Cruz, que dão lugar à Serra da Priaca e constituem uma importante reserva de água, principalmente por sua excelente qualidade, além de serem aproveitados como placas laminadas para revestimento. Ocorrem ainda o ferro, o amianto e a argila. A planície fluvial do Rio Traipu apresenta-se larga, com presença de terraços e várzeas. O núcleo urbano de Traipu desenvolveu-se no entorno da planície fluvial do Rio Traipu, à margem do São Francisco. 17
  • 11. ORIGEM DO NOME TRAIPU A palavra “Traipu” é de origem Tupi-guarani, como mostra o especialista Teodoro Sampaio em seu abalizado dicionário. É uma corruptela de "ytira ypu", que quer dizer "fonte do morro" ou "olho d'água do monte". Em seus primórdios, durante o Século XVII, era um morgado estabelecido na região pelo mestre de campo e grande proprietário de terras Pedro Gomes. Este deixou para seus descendentes seus bens vinculados, inclusive o nascente povoado que recebera o nome de Porto da Folha. Só que estas terras se estendiam pelas margens sergipanas e alagoanas do Rio são Francisco. Com o tempo aconteceu o desenvolvimento de duas povoações, uma em Sergipe que continuou com o nome de Porto da Folha e a outra no lado Alagoano que levou à formação de Traipu. Está assentada sobre uma pequena colina às margens do São Francisco, defronte à grande Serra da Tabanga, que é levada em sua base pelo rio e que, para os nativos, marca o início do Sertão. Foi elevada à categoria de vila com o nome de Porto da Folha por intermédio da Lei nº 19 de 28 de abril de 1835, recebendo o nome atual, tanto a freguesia quanto o município, em 30 de abril de 1870. Há uma controvérsia dos historiadores sobre sua fundação. João Alberto Ribeiro adota a versão de que Pedro Gomes teria ali estabelecido o seu morgado para seus herdeiros, dando início ao povoado chamado Porto da Folha. Versão rechaçada por Wenceslau de Almeida, que afirma ter sido o morgado realmente instituído, porém não na margem alagoana, mas na sergipana, não sendo admissível que os limites do mesmo se estendessem para o território de Alagoas. Arnoldo Jambo, em sua Enciclopédia dos Municípios Alagoanos, analisando as duas teses, deduz que, diante da influência do poderoso fidalgo e proprietário de terras que era mestre-de-campo na Bahia em 1680 e Governador do Rio de Janeiro em 1681, "é possível que esse prestígio contribuísse para que a extensão deste seu latifúndio se alargasse, sem problemas ao local onde se assenta atualmente a cidade de Traipu". Certo é que em 17 de março de 1713, no Porto da Folha, na parte norte, ou seja, área que fica em Alagoas, o lugar foi conferido em sesmaria a João Dantas, a Manuel Braz Pedrosa e a Caetano Dantas Passos. Parece ser a concessão desta sesmaria o documento mais antigo disponível do lugar que passou a ser chamado Traipu por estar próximo à barra do rio do mesmo nome. E com essa denominação foi elevado à categoria de cidade pela Lei nº 14, de maio de 1892. Território indígena, sua ocupação obedeceu aos mesmos métodos empregados na região: guerra sem quartel, riscando do mapa os chamados gentios, escravismo mal sucedido com os índios remanescentes e agrupamento dos mesmos em aldeias e colégios para catequese e criação extensiva de gado solto. Em 1844, o presidente da Província dizia num opúsculo (um dos primeiros documentos historiográficos produzidos em Alagoas) que "esta vila tem em semicírculo de si muitas fazendas de criar gado vacum, cavalar e das espécies menores; que belos requeijões, lingüiças e carne de sol não fornecem estes lugares às diferentes feiras que se fazem nas margens deste Rio São Francisco não só do lado desta Província, como do lado de Sergipe!" Os próprios frades, que exerceram muita influência na formação da cidade, exploravam a pecuária em suas fazendas, pois "a região dos currais" era a abastecedora 18
  • 12. da zona do açúcar, produto preferido pelo patriciado dos engenhos, no litoral. O Seminário de Olinda e Conventos eram mantidos com impostos e taxas provenientes da comercialização da carne. Sua cozinha era baseada nos peixes dos dois rios e também em muita carne, farinha e arroz, não faltando leite e queijo. Verduras, praticamente não produzidas, eram pouco consumidas. Frutas, só as nativas, como o caju. D. PEDRO II EM TRAIPU D. Pedro II chegou a Traipu, às 21 horas do dia 16 de outubro de 1859, a bordo do “Pirajá”. Hospedou-se na Casa de Câmara e Cadeia, um prédio com dez portas e nenhuma janela, pretendendo escrever apenas quando chegasse a Pão de açúcar. No dia 17 de outubro, o Imperador acordou às 05:30h e principiou a conhecer a cidade, visitando a igreja (que ainda estava em construção), onde fez orações e ao sair deixou uma ajuda financeira para a conclusão das obras. O Imperador foi homenageado pela população, tendo à frente o Coronel José Vicente Pereira Netto, em cuja residência (um sobrado hoje pertencente ao Senhor Berilo Mota) D. Pedro II participou de uma recepção. Os moradores foram orientados a acenderem os lampiões em frente às suas casas e a forrarem as ruas com folhas e flores. Passeou a cavalo pela região das lagoas, onde se plantava arroz, coletando algumas plantas e amostras de intãs. Foi ao cemitério e visitou a única escola, onde havia 77 meninos e 40 a 50 meninas matriculadas. Às 09:00h, voltou ao Pirajá, partindo às 09:10h. Depois de visitar algumas localidades da Província de Sergipe, seguiu o Pirajá para além do morro de Aió, onde encalhou e de onde já se avistava a capela de Nossa Senhora dos Prazeres, no alto do morro do mesmo nome, pertencente ao Município de Belo Monte, bem em frente à povoação de Barra do Ipanema. HISTÓRICO DA IGREJA DE NOSSA SENHORA DO Ó A povoação de Porto da Folha solidificou-se com a construção da capela de Nossa Senhora do Ó, no final do Século XVII, tendo se desenvolvido com a colaboração de inúmeras famílias, com destaque para o Capitão Caetano Farias, progenitor do Coronel José Vicente Pereira Netto, avô do escritor e político traipuense Luís de Medeiros Netto. A Igreja de Nossa Senhora do Ó começou a ser construída no Século XVIII pelos habitantes do então Povoado Porto da Folha, sendo terminada na segunda década do Século XIX. A história da construção da igreja prende-se a uma lenda até hoje comentada e discutida. O relato diz que, estando alguns garotos a brincar no alto do morro, notaram que em cima de uma pedra estava a imagem de uma santa. Como em Porto da Folha não existia igreja, levaram-na para a capela existente na Fazenda Saco. Porém, no dia seguinte perceberam que a santa havia desaparecido. Voltando ao local da aparição, encontraram a santa, levando-a de volta à capela. Este fato repetiu-se duas ou três vezes, até que resolveram construir no local da aparição um pequeno templo para abrigar a imagem de Nossa Senhora do Ó. 19
  • 13. Matriz de Nossa Senhora do Ó PÁROCOS Ao longo dos anos, muitos foram os religiosos que se mantiveram à frente da Paróquia de Nossa Senhora do Ó. Os registros da Igreja relacionam todos eles a partir de 1896: - Padre Vicente Ferreira de Meira Lima (1896 a 1907); - Padre José D. de Medeiros; - Padre Júlio Ferreira de Albuquerque; - Padre José Soares de Albuquerque (nov/1907 a mar/1911); - Padre José Bulhões (maio/1913 a maio/1914); - Padre Alfredo Silva (1915 a 1949); OBS: Durante este período, outros religiosos estiveram interinamente à frente da Paróquia: - Padre Domingos Fonseca de Oliveira (de março a outubro/1920); - Padre Luiz Cirilo Silva (fev/1942 a jan/1943); - Padre José Maurício (Cooperador: de fev a nov/1944); - Frei Cláudio (maio/1949); - Frei Cornélio Amolk (ago/1949); - Frei Marcos Pierk (set/1949); - Padre José Severino de Araújo (jul/1949 a dez/1951); - Monsenhor Medeiros (Vigário Geral: dez/1951 a fev/1952); - Padre José Batista de Azevedo (1952 a 1990); - Padre José Valdenice Costa da Silva (01/mai/1990 a 25/fev/2001); - Padre José Edson Lira (04/mar/2001 a 05/mar/2006); - Padre Rosalvo dos Santos (a partir de 05/mar/2006). 20
  • 14. MOVIMENTOS SOCIAIS DA IGREJA Atualmente, há vários movimentos sociais na Paróquia: - Apostolado da Oração: Movimento de senhoras que fazem visitas a doentes; - Movimento Mãe Rainha: Senhoras responsáveis pela peregrinação da imagem de Mãe Rainha pelas residências das famílias católicas; - Confraria do Rosário: Também movimento de senhoras que rezam o terço durante as celebrações; - Grupo de Jovens: Responsável por encontros regionais objetivando trazer a juventude a participar das atividades da igreja; - Movimento Catequese: Responsável por transmitir ensinamentos religiosos às crianças que irão receber a 1ª Comunhão; Coral de Nossa Senhora do Ó: Grupo que acompanha as celebrações com músicas e cantos; - Renovação Carismática: Grupo que participa dos louvores aos sábados e de outras atividades da Igreja; - Pastoral do Dízimo: Equipe responsável por incentivar as pessoas a serem dizimistas; - Pastoral da Criança: Responsável por atividades sociais voltadas, sobretudo, ao apoio às crianças e gestantes; - Legião de Maria: Também movimento de senhoras; - Equipe de Liturgia: Responsável pela organização de todo o ritual da missa. CULTURA INDÍGENA No Século XVIII, quando Alagoas pertencia à Capitania de Pernambuco, sob o comando de Jorge de Albuquerque Coelho, filhos de Duarte Coelho, as terras onde hoje se localiza o município de Traipu, faziam parte da Sesmaria de João Dantas Aranha, Manoel Braz Pedrosa e Caetano Dantas Passos, desde março de 1713, tendo sido habitado até o Século XVI pela tribo indígena dos "Carapatós". Índios da Tribo dos “Aconãs” do povoado Bom Jardim mantêm vivas suas tradições Descendentes dos carapatós, primeiros habitantes de Traipu, ainda restam aproximadamente 800 índios, morando no município de São Sebastião, Alagoas. 21
  • 15. Sede da Reserva Indígena “Aconã”, no Povoado Bom Jardim. Porém, no Povoado Bom Jardim, zona rural de Traipu, a cultura indígena permanece viva através da Reserva lá existente há seis anos, quando a Funai comprou a área de aproximadamente 310 hectares e estabeleceu os índios que vieram de Feira Grande, da Tribo “Tingui Botó”, recebendo, através do Cacique Saraiva, o nome de “Aconãs”, na nova área, em homenagem a uma antiga Tribo existente nesta região do Vale do São Francisco. GOVERNANTES TRAIPUENSES Antes da Proclamação da República, em 1822, destacaram-se na Política de Traipu (ainda Porto da Folha) os Coronéis da Guarda Nacional José Vicente Pereira Netto, chefe do partido Conservador, Pedro Rodrigues de Medeiros e Serapião Rodrigues de Albuquerque, do Partido Liberal. Após a Proclamação da República, exerceram o cargo de Prefeito os senhores: Serapião Rodrigues de Albuquerque – 1890 Afonso de Freitas Melro – 1936 Pedro Rodrigues de Medeiros – 1891 Gonçalo de Menezes Tavares – 1941 Serapião Rodrigues de Albuquerque – 1892 Mário de Mendonça Mendes – 1943 Idelfonso Pereira de Melo – 1896 Benito de Freitas Melro – 1945 Isaac Pereira Netto – 1898 Afonso de Freitas Melro – 1947 Luís Gonzaga Torres Melo – 1900 Antonio de Medeiros Netto – 1948 Ulisses Rodrigues de Albuquerque – 1902 Luís Novaes Tavares – 1951 Ernesto Rodrigues de Albuquerque – 1904 Luís de Albuquerque Mendonça – 1955 José Lourenço de Albuquerque – 1907 Luís Novaes Tavares – 1960 Ulisses Rodrigues de Albuquerque – 1909 José Carlos Santa Rita – 1965 Benvindo Rodrigues de Albuquerque – 1911 João José Chaves - 1970 Afonso de Freitas Melro – 1915 Luís Novaes Tavares – 1973 Isaac Pereira Netto – 1920 Artur Olímpio dos Santos – 1977 Afonso de Freitas Melro – 1922 Edmar Lima Dias – 1983 José Ferreira de Santana – 1925 José Afonso Freitas Melro – 1989 Gonçalo de Menezes Tavares – 1928 Artur Olímpio dos Santos – 1993 Joaquim Pinheiro Chaves – 1930 José Afonso Freitas Melro – 1997 Osias Vasco do Nascimento – 1932 Marcos Antonio dos Santos – 2001 Manuel da Silva Dantas – 1932 Valter dos Santos Canuto – 2005 Francisco Caracíolo de Oliveira Valença – 1934 Antonio de Medeiros Netto – 1935 22
  • 16. SÍMBOLOS DE TRAIPU BANDEIRA A Bandeira de Traipu foi criada a partir da iniciativa de Luis de Medeiros Netto, ex padre, deputado federal e professor da UFAL. As cores verde e amarela, seccionadas por um losango branco, representam respectivamente, a importância da Serra da Tabanga na paisagem da cidade e a importância da história do Município para seu povo. Inserido no losango branco, o brasão está dividido em três partes: as serras, os rios e a paisagem típica da caatinga. A produção agrícola está representada por um pé de milho e outro de arroz, em substituição ao pé de algodão. 23
  • 17. HINO DE TRAIPU Salve Traipu, do passado e do presente, Jóia incrustada no planalto do sertão; Salve Traipu, orgulho de tua gente, Que a venera com amor no coração! Quanta beleza em teu solo pedregoso, Onde o velho São Francisco te beijando, Leva a brisa ao teu povo venturoso, Que tem fibra e se alegra trabalhando! Tua Bandeira imponente a tremular, Simboliza a grandeza e a esperança, Naqueles que trabalham sem cansar, Almejando a riqueza e a bonança. Da euforia do teu povo independente, Pela riqueza do teu solo cultivado: A homenagem dos que vivem no presente, Para todos que viveram no passado. Não esqueças Traipu os filhos teus, Que te fizeram bonita e atraente, Reza e pede por eles ao bom Deus, Que os faça felizes plenamente. LETRA: Eronildo Lemos e Medeiros Netto MÚSICA: Antônio Basílio 24
  • 18. O RIO SÃO FRANCISCO Para se falar da história e da cultura do Município de Traipu, é preciso, antes de tudo, como forma de justiça e reverência, apreciar um pouco a história daquele que deu origem às povoações ribeirinhas: O majestoso RIO SÃO FRANCISCO. Também conhecido como "Rio da Unidade Nacional", o São Francisco liga duas regiões quase opostas em suas condições econômicas, sociais e climáticas. Os índios o chamavam de Pará ou Parapitinga. Nasce na Casca d'Anta, Serra da Canastra (Sudeste de MG). É típico de planalto, com altitude média de 400m. Banha Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas em uma extensão de 3.161km. Distribui suas águas por lugares onde é tido como a fonte maior de recursos da região. Por ser de grande extensão, o rio é subdividido em Alto, Médio e Baixo São Francisco, tendo o relevo como propriedade diferenciadora. Rio São Francisco passando pela cidade de Traipu-AL O Baixo São Francisco, em Alagoas, é um trecho com 208 km de ex- tensão, considerado abaixo da antiga cachoeira de Paulo Afonso até sua foz, junto aos municípios de Piaçabuçu e Penedo, respectivamente. Possui baixíssima declividade (5cm/km) e boas condições de navegabilidade para embarcações de pequeno calado em 90% do tempo. Vertem para o seu leito com características de rios intermitentes 19 bacias hidrográficas. A Zona do Baixo São Francisco Alagoano é dividida em dois trechos: o do Sertão do São Francisco (que vai do Rio Moxotó, fronteira com Pernambuco, município de Delmiro Gouveia, até Pão de Açúcar) e o do Baixo São Francisco (que vai daí até o delta na sua foz, no município de Piaçabuçu). A zona do Baixo São Francisco divide-se em duas partes: a continental e a fluvio-marinha, identificada no delta do rio. A parte continental demonstra a transição da Mata para o Agreste a se definir depois de Igreja Nova, nos municípios de São Braz e Olho d'Água Grande. O Baixo São Francisco indica uma área onde a erosão dos rios afluentes acentua-se dado o regime hídrico de mais longa perenidade. A exemplo do Rio Boacica e seus afluentes, escavaram amplos vales e os entulharam de sedimentos. Na zona continental do agreste, há faixa de transição climática caracterizada ora por semi-aridez, ora por ventos úmidos e no delta é quente e úmido. 25
  • 19. Importantes rios afluentes da margem esquerda do São Francisco são: o Riacho Jacobina, com a lagoa de Imagem do Porto da Areia em Traipu e dos barcos de mesmo nome (divide Belo Monte e pescadores Traipu), o Traipu (passa na cidade de Traipu), o Riacho Taboca (passa na cidade de São Braz), o Riacho Itiúbaa (passa em Porto Real do Colégio), o Boacica (passa em Igreja Nova e forma as lagoas do Curral do Meio e a maior delas, a Lagoa da Boacica), o Perucaba (em Penedo) e o Piauí-Marituba (divide os municípios de Penedo e Piaçabuçu). Na faixa continental, o relevo dissecado é marcado pelo vale, alargando a calha do rio com terraços de 3 a 4m, algumas serras ou morros, às vezes formando ilhas, às vezes com matações de rochas aflorantes nas margens. Está recoberto por vegetação de caatinga arbustiva degradada, às vezes composta por capões de mato e capoeiras e plantio irrigado de árvores frutíferas. Nos tabuleiros ocorrem as associações de espécies que compõem a mata como: jatobá, peroba, ipê, maçaranduba, sucupira, palmáceas, emaranhados de cipós (lianas) e epífitas. Misturam-se ainda espécies de campos cerrados bem como de caatinga. Povoamentos implantados lineares, ao longo da margem do rio, com a presença de portos de embarcações e a torre da Igreja, geralmente sobressaindo no conjunto do casario urbano, a exemplo de Traipu. As fazendas são dispersas, mas são definidoras dos aglomerados rurais, principalmente nos tabuleiros. Na região do delta, que começa pouco abaixo de Penedo, limitado pelos tabuleiros costeiros da Formação Barreiras, o Rio São Francisco alarga-se em forma de leque em direção à praia, no lado alagoano, em formato triangular, situando-se nos municípios de Piaçabuçu e Feliz Deserto (voltado para o Oceano). Nesta área, resultam várias feições morfológicas como: terraços marinhos e fluviais, dunas fixas e móveis, pântanos ou várzeas e praias. A vegetação que recobre estes tabuleiros costeiros é formada por manchas isoladas de matas com espécies de louros, embiribas, visgueiros, sambacuins, jacarandá, jatobá e sucupira. Nos terraços marinhos encontram-se o pau- arco, amarelo, angelim, oiticica, maçaranduba, e algumas espécies introduzidas do cerrado e da caatinga; a fauna associada é paca, tatu, teiú e diversas cobras. A várzea, que é formada por uma rede hidrográfica peculiar, principalmente dos rios Perucaba e Piauí-Marituba do Peixe tem um braço de rio que une as duas bacias fechando um grande meandro. A vegetação que se instalou neste ambiente é constituída de jenipaparana, piri-piri, taboa, junco, capim-manimbu e capim-açu. Quando ocorre interferência das marés instalam-se manguezais, aningas, e avencões. A fauna associada constitui-se de jacarés, lontras, garças, socós, jaçanãs e outros pássaros. O plantio de arroz também é incorporado ao processo agrícola, somando-se a outros cereais, como o feijão e o milho. Esta várzea é a única que não foi fechada para projeto de irrigação da CODEVASF e continuou aberta aos pescadores e agricultores que, organizados, motivaram o governo do Estado a criar a Área de Proteção Ambiental da Marituba do Peixe, em 1988. 26
  • 20. Os cordões arenosos e as dunas mais internas, com altitude de 8 a 16m, são fixados por vegetação de restinga de porte florestal e as dunas mais externas e móveis encontram-se desprovidas de vegetação. A substituição desta restinga arbórea pelo plantio do coqueiro predominou nesta região formando sítios produtivos. Concorreu com estas atividades a exploração de petróleo pela Petrobrás. A pecuária é pouco de- senvolvida e a pesca é intensa. Nas faixas arenosas de praia costeira, ocorrem espécies como salsa, feijão da praia, pinheiro da praia e as arbustivas guajirus. Este ambiente apresenta condições favoráveis às aves por caracterizar área de ocorrência de espécies em suas rotas migratórias, como se observa com os numerosos bandos de maçaricos nos meses de abril e maio. Ocorre também a desova de tartar1ugas marinhas. Tais fatos levaram o governo federal a criar a Área de Proteção Ambiental do Piaçabuçu com a Estação Ecológica do Peba, em 1983. ORIGEM DO NOME SÃO FRANCISCO Em 1501, uma expedição portuguesa, segundo historiadores, pilotada por Américo Vespúcio, chegou à foz do rio em 4 de outubro, dia consagrado a São Francisco de Borja. Por esse motivo, o rio recebeu o nome de "São Francisco". Gabriel EI Soares de Souza, autor do famoso "Tratado Descritivo do Brasil" registrou, em 1587, que numerosos grupos indígenas que viviam ao longo do rio, na época da chegada dos primeiros europeus, chamavam o São Francisco de Pará (O Mar), provavelmente devido ao seu tamanho. Afirmações sobre este fato foram feitas posteriormente pelo padre Navarro (em 1553), pelo Frei Vicente do Salvador (em 1627) e por Loreto Couto (em 1557). Por volta de 1522, os franceses contrabandeavam o pau-brasil através do rio. Em 1545, Duarte Coelho Pereira, donatário da Capitania de Pernambuco, visitou a região para combater o contrabando do pau-brasil, iniciando assim uma povoação que viria a se chamar "Vila do Penedo do São Francisco". Durante o período da invasão holandesa, em 1637, o Rio São Francisco foi transformado em ponto estratégico para as forças invasoras, que tomaram Penedo erguendo no alto da rocheira o Forte Maurício de Nassau, principal base de defesa, destruído pelos portugueses em 1645. Mais tarde com a derrota dos holandeses foi intensificada a colonização da região, sendo o leito do rio utilizado pelos colonizadores, que navegavam através dele, povoando e explorando o vale e adentrando aos sertões através dos seus afluentes. D. Pedro II, quando em visita à Cachoeira de Paulo Afonso, em 1859, subiu o Rio São Francisco, pernoitando em várias cidades ribeirinhas, entre elas Penedo, Traipu e Pão de Açúcar, desembarcando em Piranhas. Da sua participação em acontecimentos fundamentais na história do Brasil, a região do Vale do São Francisco em Alagoas herdou um significativo patrimônio arquitetônico e artístico do período colonial brasileiro. O Rio São Francisco é considerado o maior rio brasileiro que se lança no Atlântico. Seus 3.161 Km fazem dele o décimo-oitavo rio do mundo em extensão. De todos os sistemas fluviais do Brasil, é o terceiro mais extenso. 27
  • 21. PONTO DE VISTA ECONÔMICO O valor do Rio São Francisco, no que se refere à economia, é inestimável. Tem cerca de 238 Km de hidrovia margeada de ambos os lados, formando cidades e povoados próximos das suas ribeiras, que possuem um conjunto arquitetônico civil e religioso de grande valor artístico e histórico, possibilitando a exploração do turismo. O rio supre de águas e peixes as populações ribeirinhas, além de gerar energia elétrica através das usinas construídas ao longo do seu leito. FORMAÇÃO RACIAL Embora sejam encontradas famílias de ascendência européia, ameríndia ou africana relativamente pura, a atual população do vale é predominantemente de origem racial mista, em cuja composição entraram as três raças básicas da humanidade, sendo mais caucasiana em certas comunidades, mais indígena em outras e africana em algumas. Em determinadas áreas bem acima do rio, efeitos residuais da ocupação holandesa da costa do Nordeste, durante o período colonial, transparecem nos olhos azuis e cabelos loiros de atuais habitantes. TRIBOS INDÍGENAS QUE HABITARAM O BAIXO SÃO FRANCISCO Habitaram a região do Baixo São Francisco as tribos indígenas Caetés, Cajaú, Cariri, Maquaru, Moriquito, Ponta e Prakió. São remanescentes indígenas em Alagoas as tribos Natus, Xocós, Carapatós (habitaram a região onde se localiza a cidade de Traipu), Xucurus (Cariris, Partios e Naconãs). 28
  • 22. MUSEU AMBIENTAL “CASA DO VELHO CHICO” Segundo o ambientalista Jackson Borges, Diretor Fundador, a história do Museu Ambiental Casa do "Velho Chico" tem o seu início nos anos cinqüenta, quando o Rio São Francisco, ainda com muita vitalidade, no tempo das enchentes anuais no Médio e Baixo São Francisco, conseguia rasgar as entranhas dos barrancos que lhe margeiam, alagando todo o seu vale. "Os quintais das casas ficavam totalmente submersos com a visita anual das águas barrentas do rio, onde as crianças aprendiam a nadar, a pescar e acima de tudo a reverenciar este Deus em forma de água, lapidador do nosso perfil de ambientalista empírico apaixonado”, relata Jackson. Peças das Reservas Indígenas do Vale do São Francisco Nascia ali uma história de convivência, respeito, compromisso e muita luta, traduzida hoje na existência do Museu do Velho Chico, fruto da garimpagem de peças e objetos pelo seu vale, durante mais de quarenta anos. Fundado em 04 de outubro de 2001, por ocasião dos 500 anos do descobrimento do Rio São Francisco, foi instalado na cidade ribeirinha de Traipu-AL, cidade detentora de um vasto histórico cultural e uma forte vocação artística, sobretudo, em se tratando de música. O Museu enfoca toda a Bacia do São Francisco, inclusive, já identificou todas as reservas indígenas existentes. Seu acervo é composto de fotografias, livros, revistas, jornais, peças diversas, móveis antigos, apetrechos de pesca, quadros, réplica de embarcações, fauna, flora, tradições culturais e painéis que retratam toda a história do Velho Chico, além de trazer à tona a problemática ambiental que tem contribuído para a morte do rio: esgoto, assoreamento, queimada, lixo, agrotóxico, garimpo, caça e pesca predatória. 29
  • 23. Restos de animais da fauna do Vale do São Francisco Peças artesanais produzidas por comunidades ribeirinhas O Museu permanece aberto à visitação pública, o que tem propiciado principalmente às crianças e adolescentes do Município e aos visitantes conhecerem melhor a história do Rio São Francisco e as povoações que por meio dele surgiram. 30
  • 24. Réplicas de embarcações utilizadas no rio São Francisco Da vasta lista de parceiros imprescindíveis para a fundação deste valioso acervo histórico, Jackson Borges destaca as pessoas de Marcos Antonio Santos e Marcos Valença, além de sua esposa Jacira Machado, pela grande contribuição que têm dado para o fortalecimento e a continuidade da luta em defesa da preservação desse Patrimônio Histórico, principalmente no campo da educação ambiental no Vale do São Francisco. Antonio Jackson realizando pesquisas na nascente do Rio São Francisco, Serra da Canastra - MG 31
  • 25. RIO TRAIPU O Rio que deu o nome ao Município, também chamado de “Ribeira” pelas populações ribeirinhas, deságua no Rio São Francisco bem próximo à Cidade de Traipu. Tem sua nascente na Serra do Gigante, no Município de Bom Conselho/Pernambuco, foi o responsável, no Século XIX, pelo nome dado a TRAIPU. É um rio temporário, cuja água apresenta pequeno nível de salobridade. Rio Traipu a poucos metros da foz É uma das maiores bacias do São Francisco, cobrindo uma área de 2.404 quilômetros quadrados, sendo seu percurso dentro do estado de Alagoas de 112Km. Está localizado numa região tropical semi- árida. Suas cheias resultam em grandes inundações, enchendo as lagoas próximas ao seu percurso, onde antigamente se plantavam grandes campos de arroz, fazendo de Traipu um dos maiores produtores do Estado. Infelizmente a cultura do arroz foi desaparecendo e hoje as várzeas não são mais aproveitadas para essa atividade. Este rio, após um curso de 72 Km no território traipuense, deságua no Rio São Francisco. Em seu curso inicial, marca o limite entre o Agreste e o Sertão de Alagoas, cruzando os Municípios de Minador do Negrão, Estrela de Alagoas, Cacimbinhas, Igaci, Palmeira dos Índios, Jaramataia, Batalha e Belo Monte. Suas águas banham as melhores terras de pecuária. O Rio Traipu, junto com os Rios Moxotó, Capiá e Ipanema, fazem parte da vertente do São Francisco, sendo assim, rios temporários. São afluentes do Rio Traipu, os riachos: Mares; Torta; Minador; Doce; das Galinhas; do Japão; do Sertão; da Jacobina; Salgado; Campos; Tingui; Macacos e Sal. SERRAS Apesar de está localizada na margem sergipana do Rio São Francisco, a Serra da Tabanga é considerada um cartão postal de Traipu. É a maior serra do Baixo São Francisco, com aproximadamente seis quilômetros de comprimento e 350 metros de altura. Em seu ponto mais alto, foi colocado um cruzeiro. 32
  • 26. A Serra da Tabanga está localizada defronte à cidade de Traipu, um referencial da Cidade. O relevo do Município de Traipu faz parte do patamar colimoso do São Francisco, apresentando colinas dissecadas de fraca e média densidade, por conta disso a grande quantidade de serras, proporcionando a formação de riachos e lagoas. Dentre as serras de Traipu, destacam-se: Serra da Mumbaça, Serra da Priaca, Serra de Santa Cruz, Serra Jaciobá, Serra Pau,d’Água, Serra das Mãos, Serra do Alecrim, Serra do Japão, Serra do Cruzeiro defronte ao Povoado Mumbaça, Serra dos Patos, Serras Grande (Capivara), Zamesca (Capivara), da Ilha (Capivara), do Cruzeiro ou Alto do Jacaré (Capivara), Serrote do Vento (Capivara), Serra do Cruzeiro (Olho d’Água da Cerca). LAGOAS Várzea de Traipu, Sacão, Cabaceiro, Pé do Banco, Manteiga, Marcação, Funda, Grande, Rabelo, Paraná, Saco, Bom Jardim. 33
  • 27. TERRA DA MÚSICA O Município de Traipu possui uma cultura que o coloca em destaque no cenário estadual, nacional e até mundial. Trata-se de uma das mais belas e extraordinárias das artes: a arte de transmitir os sons e expressar sentimentos, denominada "música". Banda Lira, orgulho do povo traipuense Este pequeno- gigante Município do Estado de Alagoas é reconhecido como Terra da Música, pois aqui se percebe uma verdadeira vocação musical que já produziu talentos geniais, levando ao País inteiro a marca da cultura traipuense. A tradição da música em Traipu iniciou-se por meio dos incentivadores do movimento musical, os Mestres Vieira e Hermínio, o Padre Alfredo Silva, a Professora Mariazinha Duarte, Ranufo Carmo e Nelson Palmeira. BANDA LIRA TRAIPUENSE E FILARMÔNICA DE SÃO JOSÉ Banda Lira Traipuense regida pelo Maestro Antônio Basílio Segundo o Maestro Antonio Basílio, no passado existiam duas Bandas, a Lira Traipuense e Filarmônica de São José que politicamente atuavam em lados opostos. A Filarmônica de São José fazia parte da política da Rua de Cima, enquanto a Lira era a Banda da Rua 34
  • 28. de Baixo. Com a dispersão dos músicos para outras localidades, a Filarmônica de São José entrou em declínio, permanecendo apenas a Banda Lira. Em 1947, o Maestro Nelson Palmeira assumiu a regência, permanecendo à frente da Banda Lira por muitos anos. A partir de 1970, o atual Maestro Antonio Basílio assumiu a regência, permanecendo até os dias atuais, e transformando-se em um dos mais abnegados representantes da história da arte musical em Traipu. Nesse período, Nelson Souza, outro destacado instrutor musical também chegou a reger a Banda Lira de 1993 a 1997. BANDA MARCIAL Banda Marcial participando do desfile das escolas pelas ruas da cidade A Banda Marcial é uma banda de corneteiros que se apresenta em desfiles escolares nas datas cívicas. Surgiu na Escola Moreno Brandão com a Diretora Marinete Matos. No caso de Traipu, pode-se dizer que é uma Banda mista, já que há outros tipos de instrumentos característicos da Banda Fanfarra (trombone, trompete, etc.). O primeiro regente da Banda Marcial foi José Palmeira (Zé de Jason), em seguida Antonio Basílio, José Luís Cerqueira e, atualmente, é regida pelo jovem instrutor Márcio José dos Santos. 35
  • 29. ESCOLA DE MÚSICA SANTO ANTONIO A Escola de Música Santo Antonio está localizada na Rua das Flores, na residência do Maestro e Instrutor de música Antonio Basílio, hoje com 66 anos de idade, funcionando de segunda a sexta, das 19:00h às 21:00h, com uma turma de 35 alunos entre crianças e adolescentes. A denominação atual surgiu a partir de 1991, pois antes era apenas chamada de "Escola de Música", sendo de porte mais rústico, que formou grande quantidade de músicos, muitos dos quais vieram a exercer funções de destaque no cenário nacional. Alunos da Escola de Musica Santo Antônio fazendo a abertura do Plano Diretor Participativo Antes de Antonio Basílio e Nelson Souza, os instrutores de música de Traipu, encarregados de ensinarem esta encantadora arte, eram Padre Alfredo Silva, Mestres Vieira e Hermínio, Dona Mariazinha Duarte, Ranufo Carmo e Nelson Palmeira. Grandes músicos traipuenses que se destacaram (ou se destacam) em nível nacional foram alunos de Antonio Basílio, que foi aluno de Dona Mariazinha Duarte e Ranufo Carmo. ESCOLA DE MÚSICA PEDRO BASÍLIO A Escola Municipal de Música Pedro Basílio foi fundada em maio de 2002, pelo então Prefeito Marcos Antonio dos Santos que, junto com a Câmara Municipal, homenageou mais um grande músico traipuense, Pedro Basílio dos Santos. Prédio onde funciona a Escola Municipal de Musica Pedro Basílio Está localizada na Rua Maria Lima Dias, contando atualmente com 30 alunos matriculados, tendo à frente o Instrutor Nelson Souza que, a exemplo de Antonio Basílio, vem mantendo a tradição e a vocação musical do povo traipuense. 36
  • 30. MÚSICOS TRAIPUENSES NO CENÁRIO NACIONAL Maestro Florentino Dias – Traipuense, filho do Ex-Regente da Filarmônica de São José, Sr. Flávio Pereira, iniciou a carreira musical aos sete anos com o Instrutor Nelson Palmeira; Ainda com a menor idade ingressou na Banda de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro, tornando-se Oficial-Regente; Logo após, foi diplomado pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, concluindo mestrado como Regente na Universidade de Washington, Estados Unidos. Fundou no Rio de Janeiro um Coral e três Orquestras Sinfônicas. Atualmente é Regente da Banda de Música dos Fuzileiros Navais no Rio de Janeiro; Adiel Folha Mota - Filho do Sr. Artur Mota (Artur de Laura), foi considerado um dos melhores clarinetistas do mundo, no encontro de bandas de vários países ocorrido no Estado da Bahia; Nelson Palmeira - Foi Regente da Banda Lira Traipuense e Instrutor que ajudou formar grandes nomes da Música traipuense. Também foi Regente da Banda de Música de Arapiraca por muitos anos; Benone – do Primeiro Batalhão de Guardas do Rio de Janeiro; Aníbal Palmeira – da Polícia Militar do Distrito federal; Ilvo Pacheco – do Exército Brasileiro na Bahia; Paulo Cezar Amorim – da Esquadra da Marinha no Rio de Janeiro; Nilton da Silva Souza - Jovem músico traipuense, filho do Instrutor de Música Nelson Souza, começa a se destacar no cenário nacional, como professor de música da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), onde está concluindo o Mestrado, e também atua como regente da Sinfônica; Everaldo Albuquerque - Foi regente da Banda de Música do Exército Brasileiro. Hoje está aposentado e sempre presente nas festividades da Padroeira; José Jerônimo - Ocupou o cargo de Regente da Banda da Polícia Militar de Sergipe; Manoel Tavares - Contra-Mestre da Banda da Polícia Militar de Sergipe; Antonio Josenildo Epifânio - Regeu a Banda do Exército Brasileiro em Garanhuns/PE; Luís Santana - Integrante da Banda de Música do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro; Ademário Mota (Meinha) - Regente da Banda de Música da Polícia Militar de Alagoas; Valfredo Rodrigues - Integrante da Banda da Polícia Militar do Espírito Santo; Nelson Souza – Instrutor de música, que se dedicou a transmitir seus conhecimentos às gerações mais jovens, sendo responsável direto pela formação de grandes nomes da música traipuense. Foi regente da Banda Lira no período de 1993 a 1997. Atualmente, trabalha com 30 alunos da Escola Municipal de Música Pedro Basílio; Maria José dos Santos (Dadá) - Há 37 anos conduzindo o Coral de Nossa Senhora do Ó; Wilson Basílio (Basílio Sé) - Músico e cantor, sempre incluído entre os melhores músicos de Alagoas; Jorje Luís da Hora (Jorginho) - Já se destaca em Alagoas e em outros Márcio José ensinando música às crianças do Projeto AABB Comunidade. 37
  • 31. estados, como um dos melhores músicos. Participa de bandas de Axé music e é um dos integrantes da Banda Z. Também é Instrutor e ensina a arte da música às crianças traipuenses; Márcio José dos Santos - Jovem Instrutor e vem trabalhando com as crianças do Projeto AABB Comunidade, também é um dos integrantes da Banda Z e, atualmente, é regente da Banda Marcial. CORAL DE NOSSA SENHORA DO Ó O Coral de Nossa Senhora do Ó tem seu surgimento através do Padre Alfredo Silva, falecido. Há 37 anos vem sendo conduzido pela Professora Maria José dos Santos, conhecida dos traipuenses pelo nome de "Dadá". O grupo se apresenta nas missas dominicais e festivas, casamentos, formaturas e, principalmente, no novenário da festa da Padroeira, em dezembro, que ainda hoje é cantado em latim. Coral de Nossa Senhora do Ó, grupo que abrilhanta as missas dominicais Ao longo dos anos, o Coral vem dando um brilho especial às atividades religiosas, tornando-se orgulho de toda a comunidade católica traipuense. Atualmente participam 36 componentes, entre adolescentes e adultos, e tem na coordenação das atividades, além de dona Dadá, que continua firme orientando os mais jovens, Valmir Palmeira de Farias e José Lima de Oliveira. BANDA "Z" Banda de Axé Music, que foi criada por um grupo de jovens músicos traipuenses, no final da década de 90. Vem sempre marcando presença nas festividades traipuenses, sobretudo no carnaval e na Festa do Bom Jesus e em festas de outras cidades. Tem como fundadores, os músicos: Cezar Limeira, Flávio Basílio, José Lima, Marquinho, Deyse, Leandro e “Manezinho”. 38
  • 32. Apresentação da Banda “Z” no carnaval de Traipu FESTAS TRADICIONAIS FESTA DE NOSSA SENHORA DO Ó A festa de Nossa senhora do Ó é realizada sempre nos mês de dezembro, no domingo mais próximo ao dia 18, dia da Padroeira. Até 1949, a festa era realizada exatamente no dia da Padroeira, porém o Padre José Batista mudou a tradição, passando a partir de então a ser comemorada no domingo mais próximo. Festa religiosa que atrai, além da população local, pessoas de outras cidades. Esta festa representa no povo um sentimento de religiosidade tão forte que a maior parte dos traipuenses que residem em lugares distantes retornam neste período, muitos para pagarem promessas, outros por devoção à Santa. É marcada pelo novenário que são as nove noites de novena que antecedem ao dia da procissão, cada noite recebendo uma denominação: noite dos casados, dos solteiros, dos funcionários públicos, dos vereadores, dos fazendeiros, dos agricultores, dos pescadores. Em cada noite há o leilão com as doações da comunidade. Todas as noites são encerradas com a apresentação da Banda Lira Traipuense, orquestra formada pelos nossos grandes músicos, sempre motivo de orgulho para os traipuenses. 39
  • 33. Os Zabumbeiros, tradição que se mantém intocada nas festividades da Padroeira Uma tradição que segue firme na Festa de Nossa Senhora do Ó são os Zabumbeiros, uma bandinha com pífanos e instrumentos de percussão, que se apresentam todas as noites na calçada da igreja. Atualmente o zabumba é coordenado pelo Senhor Nicodemos (comhecido por “Demo”), juntamente com os seus familiares, tendo o apoio da Prefeitura Municipal. Procissão de Nossa Senhora do Ó, percorrendo as ruas da cidade A festa é encerrada com uma grande Procissão percorrendo as ruas da cidade ao som da Banda Lira Traipuense. 40
  • 34. Pratos típicos no leilão da Festa de Nossa Senhora do Ó FESTA DO BOM JESUS DOS NEVEGANTES Festa de Bom Jesus dos Navegantes, acesso às margens do Rio pela Rua Senador Serapião. A Festa do bom Jesus dos Navegantes também é uma festa religiosa, que é realizada às margens do Rio São Francisco, geralmente no mês de fevereiro, em data móvel. 41
  • 35. As embarcações conduzem o Santo na Tradicional Procissão Fluvial. Há a celebração de um tríduo (três missas) encerrando no domingo com a procissão fluvial, onde várias lanchas e canoas fazem um percurso pelo Rio São Francisco e, logo após, os fiéis complementam a procissão, agora pelas ruas da cidade. Antigamente, esta festa era apenas de cunho religioso, porém com passar do tempo, com a urbanização das margens do São Francisco e expansão da Avenida Beira Rio, têm-se destacado as bandas de Axé, e por conta disso, o caráter religioso da festa vem diminuindo. Corrida de jegues também é tradição durante as festividades do Bom Jesus O esporte também se faz presente durante as comemorações da Festa do Bom Jesus, com a tradicional corrida de canoas, torneios esportivos na areia e a corrida de jegues. 42
  • 36. Cultura traipuense apresentada com a feira de Artesanato Outra novidade que vem abrilhantando o evento é a feira de artesanato com exposições das atividades culturais de cada povoado do município. CARNAVAL O carnaval de Traipu nos últimos anos vem chamando a atenção pela grande quantidade de pessoas que dele participa. Embora também as bandas de axé tenham ocupado muito espaço, o povo não deixou de lado o charme do tradicional carnaval de rua. A margem do Rio São Francisco é invadida pelos foliões durante o carnaval Todas as tardes as orquestras de frevo arrastam multidões pelas ruas da cidade, relembrando os velhos tempos, com pessoas de todas as idades. Nos últimos carnavais, um acalorado desfile de blocos vem abrilhantando o evento, destacando-se uma certa rivalidade entre os dois blocos mais importantes: Sai da Frente e Perigosas Peruas. Uma tradição que não se perdeu com a modernidade foi folclórico Jaraguá que aterroriza e, ao mesmo tempo, diverte as crianças. Também não se pode falar de carnaval em Traipu, sem falar do tradicional Jegue Elétrico, que puxa um bloco ao som de frevo. 43
  • 37. Folclórico Jaraguá, mantendo a tradição Blocos de Rua, o charme do carnaval traipuense As Escolas também participam do carnaval traipuense Crianças e adolescentes participam ativamente do carnaval de rua traipuense 44
  • 38. Tradicional desfile do Rei Momo e da Rainha do Carnaval pelas ruas da cidade NOSSO FOLCLORE Nosso Município também tem suas atividades folclóricas, que vêm mantendo vivos costumes, crenças e tradições do traipuense. O COCO DE RODA Essa dança surgiu no contexto sócio-cultural do Município em 16 de agosto de 1960, tendo como organizador o saudoso Leonísio Bispo de Sena, com apresentações principalmente no período da colheita de arroz. Apresentação do tradicional Coco-de-Roda na Rua da Rocheira Atualmente, o Coco de Roda faz parte do calendário das festas juninas, sendo chamado de “Coco de Roda Rocheirense”, que mantém viva essa tradição, através de um grupo de pessoas tendo à frente Mazé Sena e Carlos Sena, filha e neto de Seu Leonísio. As apresentações do Coco de Roda, na Rua da Rocheira, atraem muitas pessoas que buscam reviver o passado. 45
  • 39. GRUPO FOLCLÓRICO SAIA DE RENDA Antigamente conhecido como “Jovens Rocheirenses Unidos”, fundado na Rua da Rocheira em 30 de maio de 1980, tendo como idealizador o Senhor Leonísio Bispo de Sena, responsável pela apresentação dos folguedos populares daquele bairro. A quadrilha Saia de Renda encanta a platéia com suas belas apresentações Hoje, formado por crianças e adolescentes, denomina- se “Grupo Folclórico Saia de Renda", e tem como objetivo fundamental resgatar e manter vivas as tradições regionais. Alem das quadrilhas juninas o grupo faz apresentações teatrais. O Grupo Saia de Renda tem como coordenador o grande animador das festas juninas traipuenses, Manoel Novais, que, com sua grande capacidade de criar histórias e fazer encenações, vem preservando a história dos folguedos populares. As belas apresentações da Saia de Renda têm encantado outros municípios, pois, nos últimos anos, vem sendo convidada para várias cidades vizinhas, sempre levando a marca da cultura traipuense. Inicio da quadrilha Saia de Renda Grupo atual GRUPO ARTÍSTICO DE TRAIPU (GAT) O Grupo de Teatro GAT foi fundado em 15 de outubro de 1988, à época denominado GRUART (Grupo Artístico Traipuense), sob a coordenação do pernambucano e geógrafo Gildo de Souza, responsável pelas apresentações teatrais. O objetivo do grupo é recrutar crianças e adolescentes para participarem de eventos 46
  • 40. culturais, contracenando e vivendo as fantasias do palco e praças da região, como uma grande alternativa de inserção social. Atualmente denominado GAT (Grupo Artístico de Traipu), apresenta-se, principalmente, nas festas juninas, e tem como organizador e animador Manuel Novais. Apresentação teatral do Grupo Folclórico Saia de Renda Os atuais organizadores do Grupo são: Manuel Novais (Diretor Geral); Clévisson (Diretor de Cena); Genivaldo Melo (Cenógrafo); Yara Basílio (Figurinista); Ozélia Santos (Estilista); Iracema Major (Manequim). QUADRILHA QUARTINHA D’ÁGUA Apresentação da quadrilha Quartinha D’água na Praça José Palmeira Lima A Quadrilha Quartinha D’água foi criada em 1991 pela professora Rita de Cássia Melo, atualmente diretora da Escola Francisco Mangabeira. A quadrilha é formada por crianças e adolescentes que estudam na citada escola. As apresentações da Quartinha D’água já fazem parte do calendário das festas juninas do Município, arrastando grande quantidade de pessoas. 47
  • 41. PASTORIL O Pastoril sempre fez parte das festas natalinas, atualmente vem ocorrendo no Natal de Reis, que acontece em 06 de janeiro, na Praça do Itamaraty. Apresentação do Pastoril da Terceira Idade no natal do Itamaraty Esse folguedo popular vem sendo resgatado com uma inovação: o Pastoril da 3a idade, organizado por Dulcinea Soares e Ginalda Teixeira (Nidinha). O exemplo destas senhoras já vem chamando a atenção dos mais jovens para a necessidade de não se deixar morrer uma das mais importantes tradições folclóricas. Assim, em 2005 e 2006, as escolas municipais já organizaram também o Pastoril para as crianças. DANÇA DO PIAU Dança tradicional nas casas de farinha, comum em várias localidades da zona rural, onde as mulheres que trabalham na raspagem da mandioca, entoando cantos(rimas) para tornar o ambiente descontraído. Em alguns locais, chama-se “Piau” a maior mandioca encontrada na roça, já em outros, é uma garrafa de bebida quente (cachaça). Neste caso, a garrafa é enfeitada com papel de seda colorido e pendurada no centro da casa de farinha. Ao encerrar a tarefa da raspagem da mandioca, as mulheres levam o “Piau” até a casa do dono da farinhada, onde dançam o coco e tomam a bebida. No Sítio Uruçu, Jovelina Rosa dos Santos, uma senhora de 65 anos continua mantendo esta tradição e, desde maio de 2004, ensina às crianças do PETI, onde existem vários de seus netos, a conservarem a tradição. ARTESANATO ARTESANATO COM MADEIRA O símbolo do artesanato traipuense, Antonio Camilo foi o grande destaque na arte de esculpir com a madeira. Começou por si mesmo a trabalhar com esta arte, aos 14 anos, seguindo apenas o dom que possuía, e chegou a realizar verdadeiras obras primas, sendo considerado um dos maiores escultores do Estado de Alagoas. As mais diversas obras de seu Camilo, como esculturas de animais, de santos e outras, estão espalhadas por todos os lugares do País. A maior imagem que já esculpiu foi a de Jesus Cristo Crucificado que mede 1,80m. Deixou como discípulo o jovem Robervaldo Silva dos Santos (conhecido por Val), marceneiro que mantém viva a arte de esculpir deixada pelo Mestre Camilo, além de restaurar móveis antigos. Exerce suas 48
  • 42. atividades em um salão situado na Rua Coronel Medeiros. O escultor Antônio Camilo concluindo uma de Robervaldo Silva, 30 anos, discípulo de seu Camilo, suas últimas obras. restaurador, escultor e marceneiro. CARPINTEIROS Luís Carlos de Brito – Mestre na fabricação de embarcações (lanchas, canoas e barcos) para pesca, corrida ou carregar passageiros. Há 35 anos executa esta atividade que aprendeu por si mesmo, sem que ninguém lhe ensinasse. Afirma que a produção de embarcações caiu de forma desastrosa, mas por haver poucos nesta atividade, continua fazendo alguns serviços por encomenda. Mestre Elpídio é outro carpinteiro que trabalha com embarcações. Seu Luiz Carlos diz que antes dele, quem construía embarcações em Traipu eram José Augusto, José Rodrigues, Luís Cabral, Jabinha e Zé da Laguna (este ainda está em atividade no Estado de Sergipe). Seu José de Ismael, um dos mais conhecidos carpinteiros de Traipu em plena atividade José Pereira (Zé de Ismael) – Aos 63 anos, Seu Zé de Ismael, como é conhecido, produz carroças, carros de boi, bancos, grades de trator e outros equipamentos. Aprendeu a arte por si mesmo, mas começou a trabalhar com máquinas na antiga Serraria de Seu Ismar, onde atualmente está a Comercial Virgem dos Pobres, na Rua Erasmo Lima Dias. A oficina funciona em um salão ao lado de sua residência. ANTONIO HENRIQUE (Seu Pitonho) – Outro grande destaque traipuense na arte com madeira, deixando muitas obras espalhadas tanto neste Município quanto em outras localidades. 49
  • 43. ARTESANATO COM BARRO Ronaldo Vieira A arte de esculpir com o barro vem sendo desenvolvida atualmente pelo artesão Ronaldo Vieira Melo, traipuense que, desde criança, dedica-se a produzir réplicas de pessoas, animais, santos e objetos de uso doméstico. Realiza trabalhos por encomenda, principalmente imagens de esculturas para devotos, mas já participou, em muitas cidades de Alagoas, de seminários e exposições, onde sempre se destaca por sua criatividade. DONA MARIINHA – Foi um grande nome do artesanato com barro, confeccionando diversos tipos de peças (panelas, potes, jarras, cabaças, quartinhas, etc) que comercializava em toda a região do Agreste e Baixo São Francisco. BORDADO O bordado também é uma das grandes fontes de renda do Município. É muito comum se presenciarem as mulheres sozinhas ou em grupos realizando a atividade da qual muitas retiram o sustento. Grande parte dos trabalhos de bordado é feita por encomenda, outra parte é Prefeitura Municipal oferece curso de bordado às mães do vendida nas feiras e PETI exposições. Os bordados mais conhecidos e trabalhados em Traipu são: ponto de cruz, crochê, rechiliê e crivo. Nos últimos anos a Prefeitura Municipal vem abrindo grande espaço nas festividades locais para exposição do trabalho das bordadeiras, como forma estimular a geração de renda. 50
  • 44. O bordado, uma das grandes fontes de renda do traipuense ARTESANATO COM PALITO Alvaci Martins No artesanato traipuense, destaca-se, dentre outros, Alvaci Martins, artesão, professor e poeta que, aos 62 anos, vem gravando seu nome na história cultural do Município. No final da década de 90, Alvaci Martins, já um amante da poesia, começou, por curiosidade, a utilizar palitos de picolé para fazer objetos. Daí nasceu uma verdadeira vocação para o artesanato, que resultou na produção várias obras, muitas delas têm chamado a atenção não somente dos traipuenses, mas também das pessoas que visitam o Município. Com grande criatividade na arte com palitos e com a paciência que requer o trabalho manual, já produziu réplicas de igrejas e casas, porta-retratos, porta-jóias, abajur, baús, cômodas e outras formas de arte. Atualmente preside a Associação dos Artesãos e Artistas de Traipu. 51
  • 45. Alvaci Martins vem ensinando sua arte a várias crianças do município, segundo ele, com o apoio da Prefeitura Municipal. Já participou de várias exposições nos eventos festivos locais e de outras cidades, como Maceió, Arapiraca, Pão de Açúcar, Penedo, Santana do Ipanema, e cidades do Estado de Sergipe. CANOEIROS Por muito tempo as Canoas de “Tolda” e “Chatas” foram usadas para fazer o transporte de passageiros e mercadorias entre as cidades que margeiam o São Francisco. Estas canoas grandes com vela se tornaram símbolo do Velho Chico, pela importância que tinham para as populações ribeirinhas. “Tolda” é um tipo de alojamento existente na canoa, onde o canoeiro descansava ou preparava refeições, geralmente tinha uma rede de dormir. As “Chatas” diferenciavam-se por não ter este alojamento, apenas as velas. Canoa de Tolda, antigamente, responsável pelo transporte de cargas e passageiros no Rio São Francisco Os canoeiros de Traipu faziam linha principalmente para Própria, Penedo e Pão de Açúcar. Os mais conhecidos canoeiros traipuenses eram: os irmãos Jason e Ranufo Palmeira, Seu Chiquinho, Zé de Morena, Zé Dandão e Antonio Pereira (Tonho Bolachão). Atualmente, as lanchas fazem o trabalho das canoas de vela, levando passageiros e mercadorias, sendo que o Senhor Eronildes ainda possui uma “Chata” na Cidade de Penedo – Alagoas. 52
  • 46. ENERGIA ELÉTRICA Em 1939, o Fazendeiro e Empreendedor Júlio de Freitas Machado chegou ao Município de Traipu e instalou em sua residência, na Fazenda Sacão, a energia eólica. Em 1943, antes do seu filho Rui Machado partir para a Segunda Guerra Mundial, foi fundada na mesma fazenda a empresa particular de energia elétrica com gerador movido a motor diesel, passando, logo depois, a vender a energia para a cidade de Traipu, com postes de madeira (braúna). Em 1947, o município estatizou(comprou) a empresa e sua sede passou a se localizar num prédio público, onde funcionou posteriormente o Mercado Público Municipal, continuando com geradores de maior potência, funcionando no período de 18:00h às 23:30h. Ao se aproximar o horário do apagão eram dados três sinais intercalados de alerta. Em 1968, foi abolido o sistema de energia elétrica movida a motor e implantada pela então Companhia de Eletricidade de Alagoas a energia elétrica proveniente da Hidrelétrica de Paulo Afonso, agora com a utilização postes de concreto. O primeiro Povoado a receber energia elétrica foi a Mumbaça. Júlio de Freitas também trouxe o primeiro veículo, um Jeep Hand ruger; a primeira televisão de marca Hooptpont, que sintonizava apenas a TV Jornal do Comércio em Recife/PE; e o primeiro trator marca Ford 8N, movido a gasolina. TELEFONE Em 1972, foi implantada a rede telefônica pela então TELASA, partindo de Arapiraca até Traipu com postes de concreto e cabos de cobre revestido com PVC. Inicialmente foi distribuída uma cota de 48 telefones (linhas). AGRICULTURA O carro de boi ainda é o transporte mais usado pelos agricultores traipuenses A maior parte da população traipuense, sobretudo da zona rural, sobrevive das lavouras de feijão, milho e mandioca. As plantações de feijão e o milho acontecem nos meses de abril a junho, início das chuvas de inverno, e a colheita se dá entre julho, agosto e setembro. Não há um calendário definido para os agricultores plantarem, por conseqüência das irregularidades das chuvas nesta região. No município também há considerável produção de frutas, com destaque para a manga, o caju, o coco e a pinha. 53