O documento descreve a evolução e aplicações dos códigos QR. Os códigos QR surgiram em 1994 para rastrear automóveis na linha de montagem e agora são usados em diversas aplicações como publicidade, bilhetes, cartões de visita e etiquetas de produtos. As principais aplicações atuais incluem e-tickets, pagamentos móveis, sistemas de fidelidade e publicidade inteligente.
1. mobile QR Codes
Os QR Codes como ferramenta de partilha de informação
A evolução
dos códigos
de barras
A utilização de códigos QR (Quick
Response) tem-se massificado desde
a divulgação de aplicações em revistas
até à utilização em publicidade. O seu
crescimento tem-se acentuado em especial
no Japão, EUA, UK e Canadá.
Por: Justino Lourenço*
e
ent
erimi!
Exp qu a
O
aparecimento do QR Code remon- foi nas linhas de produção. Contudo, com o Crescimento e perfil
ta a 1994, quando uma subsidiária avançar do tempo e com a disponibilização de utilizadores
da Toyota (Denso-Wave) iniciou a de smartphones, rapidamente se percebeu Tem-se assistido a um esforço considerável
sua utilização em 1994 para permitir o “tra- que o leque de aplicações poderia crescer. O na utilização dos QR Codes na área do ma-
cking” de automóveis na linha de montagem. facto de apresentar uma excelente velocida- rketing. Ao utilizar esta solução em produtos,
A grande vantagem estava, já na altura, na de de descodificação e uma capacidade de o consumidor, numa visita a uma loja, pode
elevada velocidade com que se consegue armazenamento interessante, ajudou a cre- obter mais informação, website, preço e liga-
efectuar a descodificação. Esta foi a primei- dibilizar a codificação. Actualmente, con- ção a um site específico. Para estudar o maior
ra e grande aplicação desta codificação e foi seguem-se identificar no mercado uma série ou menor impacto desta estratégia, a empresa
preciso esperar alguns anos para ela chegar de aplicações distintas dos QR Codes, entre Levelwing avançou com um inquérito online
ao mercado de consumo. A tecnologia é for- elas o “tracking” na área dos transportes, no que estudou o conhecimento, disponibilidade
temente utilizada nas mais variadas aplica- entretenimento, no acesso a bilhetes, na pu- para utilização e utilização dos QR Codes.
ções, em especial, no Japão. Com o cresci- blicidade, nas hiperligações para a descarga Em simultâneo foram apresentados mais dois
mento de dispositivos móveis com câmara de aplicações e nas etiquetas de produtos no estudos, um da Advertising Age e outro da
e a crescente capacidade de processamento, comércio. Como já foi referido, a utilização comScore que apresentaram conclusões simi-
verificou-se o crescimento da utilização de dos QR Codes popularizou-se com a mas- lares nalguns dos pontos.
QR Codes. O princípio do código QR está sificação de smartphones. Os utilizadores Assim, o perfil típico dum utilizador da codi-
assente numa codificação a duas dimen- podem receber uma mensagem de texto, um ficação é do sexo masculino e com uma idade
sões, que leva ao aparecimento duma ma- vCard, abrir uma hiperligação, despoletar compreendida entre os 18 e os 34 anos. O es-
triz de códigos de barra. A inspecção visual um e-mail ou SMS depois da leitura dum tudo efectuado pela Advertising Age estudou
dum código QR permite constatar que este QR Code. A geração dum QR Code pode apenas o segmento das revistas impressas e
é constituído por um padrão de módulos ser efectuada numa série de sites (qrcode. encontrou taxas de “scanning” entre os 4 e os
pretos quadrados num fundo branco. Esta kaywa.com, zxing.appspot.com/generator 17% do total dos leitores. Por seu turno, o es-
característica – a transição de tonalidades ou qoqr.me), existindo uma série de soluções tudo da comScore estudou os vários meios que
(preto e branco) – permitiu, no início, a gratuitas e pagas, oferecendo variadas possi- suportam QR Codes e descobriu que cerca de
simplificação do processamento das câ- bilidades de geração. De igual forma, desde 6,2% dos utilizadores realizaram um “scan”.
maras que eram utilizadas para efectuar a sistemas operativos para dispositivos móveis Uma série de estudos e publicações do corren-
leitura da codificação. massificados como o Android, até soluções te ano salientam a maior apetência dos utili-
empresariais com o da BlackBerry OS, todas zadores para aderirem à tecnologia, sendo de
Características principais elas apresentam soluções de aplicações para esperar que 2011 seja o ano do “kick-off” para
A sua primeira aplicação, tal como referido, a leitura. o QR Code.
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2. Em alguns países orientais já
é possível efectuar compras
no metropolitano através
deste tipo de códigos.
Aplicações e não encapsulada na QR Code tag, oferece ra uma solução QR Code irá permitir uma
A utilização de códigos QR tem vindo a uma forma alternativa e mais dinâmica de gestão mais eficiente do transporte, permi-
crescer centrando a sua aplicação no e-Info interacção. Como é possível a alteração da tindo ainda que o “tracking” seja efectuado
e no e-Marketing. As aplicações mais usuais informação no servidor, a URL é dinâmica, em tempo-real pelo passageiro, que terá aces-
para armazenamento de endereços e URLs permitindo assim que a campanha publicitá- so à localização da bagagem durante todo o
(Uniform Resource Locators) podem ser uti- ria possa ser alterada sempre que necessário, trajecto.
lizados em revistas, informações ao utente, criando a ideia duma campanha publicitária • Turismo: as sugestões de visitas a pontos
transportes, cartões de visita, etiquetagem de mais dinâmica e rapidamente reajustável. A importantes numa cidade e sugestões de
artigos comerciais ou em qualquer cenário empresa AXA nos Estados Unidos tem uti- percursos pedestres podem ser conseguidos
onde seja necessária a passagem duma infor- lizado este suporte em publicidade na TV, duma forma simples. A empresa Town Gra-
mação. As consideradas aplicações mainstre- permitindo transformar o anúncio numa phics utiliza igualmente este suporte para a
am com potencial de crescimento dividem-se experiência mais enriquecedora e, ao mesmo criação de mapas interactivos que enrique-
nas seguintes categorias: tempo, podendo aferir o comportamento dos cem a experiência de consulta dum mapa.
• e-Ticketing: estas aplicações surgiram co- consumidores em relação às várias campa- • Utilização em redes sociais: o perfil e “Es-
mo solução para compra de bilhetes online. nhas sazonais da empresa. tado” do utilizador podem ser mais facilmen-
Depois da compra efectuada o cliente recebe • Eventos culturais: a tecnologia permite te acedidos em redes como o Facebook ou
o respectivo QR Code que posteriormente agilizar a visita a um museu. O QR Code é LinkedIn recorrendo a esta solução. A Bla-
é utilizado num “scanning” para garantir o utilizado para partilha de informação sobre ckBerry já permite criar grupos de contactos
acesso ao evento. Se, por acidente, o bilhete as várias obras expostas num museu, forne- no BlackBerry Messenger que são reconhe-
for apagado do telemóvel é sempre possível cendo a informação essencial e em simultâ- cidos por um código QR.
pedir o reenvio do respectivo código. A par- neo sugerindo uma ligação a uma URL com • Entretenimento: a solução “R Kill” foi
tir do momento que o QR Code é utilizado mais informações. uma abordagem de paintball que apareceu
na entrada do evento, fica validado como uti- • Distribuição de correio postal e encomen- em Barcelona. Os jogadores utilizam uma t-
lizado não podendo ser de novo reutilizado. das: um “tracking” eficiente de correio postal shirt onde está impresso um QR Code com
As linhas aéreas japonesas são um exemplo e encomendas pode ser feito, permitindo, o seu nome e contacto telefónico durante o
duma companhia aérea que adoptou esta so- duma forma simples e de reduzido custo, o jogo. Nesta abordagem, o jogador é apanha-
lução, sendo de referir igualmente o comboio “tracking” desde a entrega até a recepção. No do e colocado fora de competição sempre que
expresso de Heathrow em Londres. transporte aéreo de bagagens a passagem pa- um adversário consegue fazer o “scan” da sua
• e-Payment: a Starbucks é o exemplo duma
empresa que permite o pagamento nalgumas
das suas lojas recorrendo a QR Codes. Aspectos técnicos
• Sistemas de fidelização: a disputar uma luta Existem uma série de standards relacionados com
com o NFC (Near Field Communication) os codificação física dos QR Codes, sendo de referir:
QR Codes também se assumem como um - Outubro 1997 – AIM (Association for Automatic
candidato forte para substituição dos vários Identification and Mobility);
cartões de fidelização numa única solução - Janeiro 1999 – JIS X 0510;
integrada no terminal móvel. A nível inter- - Junho 2000 – ISO/IEC 18004:2000 Information
technology – Automatic identification and data
nacional, a Coca-Cola utiliza a abordagem
capture techniques – Bar code symbology – QR code;
do QR Codes em parceria com o fabricante - Definição dos modelos 1 e 2 para QR Codes;
de máquinas de venda de rua de forma a per- - Novembro de 2004 – Micro QR Code aprovado
mitir que os consumidores japoneses possam como um JIS (Japanese Industrial Standard);
reunir pontos de fidelização nos pontos de - Setembro 2006 – ISO/IEC 18004:2006
venda da referida bebida. Information technology – Automatic identification
and data capture techniques – QR Code 2005 bar
• Intelligent Advertising: a solução de Dy-
code symbology specification
namic QR Codes (QRMe Code) onde a
URL é armazenada num servidor principal
www.zoomit.pt 49
3. mobile QR Codes
Apesar de já existirem desde 1994 é agora que este tipo de
códigos está a explorar mais mercados, nomeadamente
no sector móvel.
qrcode/qrstandard-e.html). poderão ocorrer em background sem a per-
A estrutura utilizada para a implementação cepção imediata do utilizador.
dum mecanismo de correcção utiliza “Reed–
Solomon error correction” com quatro níveis Conclusões
distintos de correcção. Quanto maior for o A título de exemplo, nos Estados Unidos a
nível de correcção de erros implementado utilização de QR Codes tem vindo a ex-
mais robusta é a solução. Contudo, conse- pandir-se: no mês de Junho de 2011 diversos
guimos um maior reduzido espaço de arma- estudos reportam existir cerca de 14 milhões
zenamento. de utilizadores de dispositivos móveis que
De referir a variante designada por Micro recorreram a QR Codes. Esta notável mas-
QR Codes, que é uma versão mais compacta. sificação mostra o interesse e perspectivas de
Existem igualmente várias formas onde na crescimento da solução. Lado a lado com a
versão com mais capacidade se conseguem solução NFC (apresentada num artigo prévio
armazenar 35 caracteres. Como é possível da zOOm i.t.), parecem ser soluções credí-
implementar formas avançadas de correcção veis para que, no curto prazo, a partilha de
de erros, é permitido, se desejado, tornar os e-Info e e-Marketing seja agilizada. O leque
QR Codes numa estrutura mais apelativa de aplicações é vasto, o facto da utilização
sem comprometer a sua utilização. da solução ser livre e a disponibilização de
A questão da segurança dos dados também software de “scanning” multi-plataforma va-
pode ser devidamente acautelada, utilizando ticina o interesse dos inúmeros players nesta
versões encriptadas de QR Codes. Não exis- ferramenta poderosa, que certamente cada
tem ainda muitas implementações, sendo de vez fará mais parte do nosso dia-a-dia.
referir uma aplicação Android, suportada por
um algoritmo seguro AES de 128bits. Para *Professor e investigador do Instituto
aplicações onde a segurança é crucial, exis- Superior Politécnico Gaya. Consultor na
tem os SKS Codes (Secure Quick Response área das Telecomunicações.
camisola. Também surgem relatos de jogos Codes), que utilizam encriptação com chave Contacto: jml@ispgaya.pt
de procura de pistas onde, com a utilização pública. Estes apresentam uma aparência se-
de QrMe Codes, as pistas vão evoluindo e melhante aos dos convencionais QR Codes.
sendo personalizadas conforme o jogador, Foram desenvolvidos em 2010 pela empresa
permitindo uma experiência de entreteni- Japonesa Yodo KK e têm a patente pendente.
mento bastante rica. A Nintendo utiliza A utilização de QR Codes é livre e sem
igualmente esta solução para a partilha de qualquer licença, estando clara-
avatares num jogo. Existe igualmente a pos- mente definido com um ISO stan-
sibilidade de utilização de QR Codes em dard. A empresa Denso-Waves tem
cartazes de cinema, permitindo o acesso a os direitos de patente, mas decidiu
informação mais detalhada do filme em exi- não os reclamar.
bição, como por exemplo o URL do “trailer”.
O site http://socialwayne.com/2010/08/06/ Questões de segurança
codes-examples-marketing-businesses A possibilidade da criação duma solução
apresenta uma série de exemplos actuais de QR Code maliciosa, combinada com um
utilização dos QR Codes para publicidade leitor permissivo, poderão colocar o uti-
e “brand awareness”. Ao nível da camada lizador e o terminal móvel em risco. Um
aplicacional, têm surgido algumas variantes nível perigoso de permissões poderá activar
ao nível da implementação. A capacidade de remotamente a câmara do terminal móvel,
armazenamento dos QR Codes depende da ter acesso remoto à Internet, leitura e escri-
versão e nível de correcção de erros. Ao nível ta de dados armazenados, GPS, histórico
da capacidade e nível de correcção de erros, do browser e alteração de configurações do
o quadro que se segue apresenta a caracteri- equipamento móvel.
zação (fonte: http://www.denso-wave.com/ Obviamente que estes acessos ao dispositivo
Symbol size 21 × 21 - 177 × 177 modules (size grows by 4 modules/side)
Type & Amount of Data Numeric Max. 7,089 characters
(Mixed use is possible.) Alphanumeric Max. 4,296 characters
8-bit bytes (binary) Max. 2,953 characters
Kanji Max. 1,817 characters
Error correction Level L Approx. 7% of codewords can be restored.
(data restoration) Level M Approx. 15% of codewords can be restored.
Level Q Approx. 25% of codewords can be restored.
Level H Approx. 30% of codewords can be restored.
Structured append Max. 16 symbols (printing in a narrow area etc.)
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