O documento descreve a Revolta do Ronco da Abelha, um movimento popular no Nordeste brasileiro entre 1851-1852 contra decretos imperiais que exigiam o registro civil de nascimentos e óbitos e a realização de um censo demográfico para recrutamento militar, gerando boatos de que os mais pobres seriam escravizados. A revolta envolveu ataques armados contra prédios governamentais em 5 províncias nordestinas até que os decretos foram suspensos em janeiro de 1852.
1. Revolta contra o Censo Geral do Império
e o Registro Civil de nascimentos e Óbitos
2. Revolta do Ronco da Abelha (nome dado devido ao
som que os revoltosos faziam em meio a um grande
burburinho feito em dias de feira e que se assemelhava
a zoada de uma abelha). Esse foi um movimento
popular, o qual lutava contra o governo e suas medidas
que desagradavam a população.
Dezembro de 1851 até por volta de fevereiro de 1852
Envolveu cidades e vilas de cinco províncias nordestinas, sendo estas:
Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Sergipe. O reboliço causado nas
cidades da Paraíba e Pernambuco foram os mais fortes.
3. O decreto imperial que obrigava todo e qualquer brasileiro
a se apresentar a juízes para fornecer dados pessoais para
a realização de um censo demográfico –assim criando o
Registro Civil de Nascimento– foi um dos motivos que
gerou os incidentes, pois, o real intuito do Estado era
sistematizar o recrutamento de homens para atender ao
serviço militar.
A implementação do decreto gerou boatos entre a
população de que o governo pretendia submeter os
cidadãos mais pobres à condição de escravos, assim,
afetando inclusive a população de brancos.
4. Decreto 797
Censo Geral do Império, para realizar a contagem da população
Os incidentes foram provocados por dois decretos imperiais, de junho de 1851, o 797
e o 798, cujo propósito era instituir o Registro Civil dos Nascimentos e Óbitos.
Decreto 798
Obrigava todo brasileiro a se apresentar nas paróquias e à frente de juízes de
paz das diferentes localidades, para fornecer os dados pessoais, data e local de
nascimento, filiação, estado civil e cor da pele.
5. Foi então quando homens, mulheres e até meninos
armados invadiram a igreja Matriz Pau D’Alho em
Pernambuco e devastaram todos os papéis de aviso
sobre tal decreto. Esse acontecimento influenciou
outros movimentos em diferentes províncias onde
também se contestava as medidas decretadas. As
demais reações eram sempre à base de foices, enxadas
e espingardas e os ataques eram feitos principalmente
em prédios, com gritos de ‘’Abaixo a lei, morra o
governo’’.
6. O governo então reagiu movendo mais de
mil soldados integrantes da polícia, convocando a guarda
nacional e também se utilizando da ordem de padre
Capuchinhos. Esta última conclamou os fiéis a respeitar a ordem
pública, caso contrário estariam se submetendo ao fogo do
inferno.
Então, no final de janeiro de 1852 a paz se restabeleceu e os
decretos foram suspensos. O primeiro censo brasileiro só foi enfim
realizado vinte anos depois, mas ainda sem registro civil, que foi
somente adotado no período de república do país.