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Classicismo
(1527 – 1580)
Características
• Ao conjunto das produções literárias
portuguesas durante o Renascimento, dá-
se o nome de Classicismo;
• O Renascimento foi um amplo movimento
artístico, cultural e científico ocorrido no
século XVI, inspirado sobretudo nas ideias
e nos textos da cultura greco-latina;
• Ainda na Idade Média, alguns
autores, como Dante Alighieri,
Petrarca e Boccaccio, já
utilizavam o soneto e os
versos decassílabos, que
ficaram conhecidos como
“medida nova”, em
detrimento das redondilhas
medievais, a “medida velha”;
• Sá de Miranda, poeta
português, tomou
conhecimento dessas novas
técnicas e levou-as a Portugal;
Dante
Alighieri
Petrarca
Boccaccio
Sá de
Miranda
• A fé medieval foi
substituída pela razão, e
o cristianismo pela
mitologia greco-latina;
• O homem renascentista
volta-se para a realidade
concreta e acredita em
sua capacidade de
dominar e transformar o
mundo, ao contrário do
homem medieval, que se
voltava para o espírito.
Poseidon,
deus dos
mares
Cruz,
símbolo dos
cristãos
Luís Vaz de Camões
(1525 – 1580)
• Participou de uma guerra
no norte da África, onde
perdeu um olho;
• Foi preso por participar de
um duelo;
• Foi exilado durante
dezessete anos na Ásia e na
África.
Vida
Obra
Poesia
lírica
Lírica
amorosa
Lírica
filosófica
Poesia
épica
Poesia lírica
• O eu-lírico nega a
realização física do amor,
que é considerado como
abstração pura e perfeita,
não podendo ser
corrompido pelo sexo.
Lírica amorosa
Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim co'a alma minha se conforma,
Está no pensamento como ideia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
Como matéria simples busca a forma.
liar: atar; ligar;
semideia: meia deusa; ninfa;
co’a: com a.
• O eu-lírico está
descontente com os
rumos de seu tempo,
cujos valores são
determinados por uma
nova ordem, centrada na
burguesia.
Lírica filosófica
Ao desconcerto do mundo
Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.
Poesia épica
• No final do século XV e início do século
XVI, Portugal vivia um grande momento
devido ao pioneirismo e ao sucesso da
expansão marítima e comercial;
• Para registrar esse grande momento em
uma obra literária, Camões escreveu Os
Lusíadas, que narra os feitos heroicos
portugueses em “mares nunca dantes
navegados”.
• Além disso, narra episódios da história
de Portugal no intuito de exaltar a pátria;
• Por outro lado, questiona a busca
desenfreada dos portugueses por riqueza
e poder;
Diferenças entre Os Lusíadas e as
epopeias clássicas
• O herói clássico, sobre-
humano, semideus, é
substituído pelo povo
português, o herói coletivo;
• A mitologia pagã, embora
utilizada na obra, convive
com elementos do
cristianismo, religião
predominante em Portugal e
na Europa
Divisão da obra
• Introdução, dividida em proposição,
invocação e dedicatória;
• Narração, que consiste no relato da viagem
dos portugueses ao Oriente;
• Epílogo, que serve de conclusão do poema
e demonstra, no caso de Os Lusíadas, um
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  • 2. Características • Ao conjunto das produções literárias portuguesas durante o Renascimento, dá- se o nome de Classicismo; • O Renascimento foi um amplo movimento artístico, cultural e científico ocorrido no século XVI, inspirado sobretudo nas ideias e nos textos da cultura greco-latina;
  • 3. • Ainda na Idade Média, alguns autores, como Dante Alighieri, Petrarca e Boccaccio, já utilizavam o soneto e os versos decassílabos, que ficaram conhecidos como “medida nova”, em detrimento das redondilhas medievais, a “medida velha”; • Sá de Miranda, poeta português, tomou conhecimento dessas novas técnicas e levou-as a Portugal; Dante Alighieri Petrarca Boccaccio Sá de Miranda
  • 4. • A fé medieval foi substituída pela razão, e o cristianismo pela mitologia greco-latina; • O homem renascentista volta-se para a realidade concreta e acredita em sua capacidade de dominar e transformar o mundo, ao contrário do homem medieval, que se voltava para o espírito. Poseidon, deus dos mares Cruz, símbolo dos cristãos
  • 5. Luís Vaz de Camões (1525 – 1580) • Participou de uma guerra no norte da África, onde perdeu um olho; • Foi preso por participar de um duelo; • Foi exilado durante dezessete anos na Ásia e na África. Vida
  • 7. Poesia lírica • O eu-lírico nega a realização física do amor, que é considerado como abstração pura e perfeita, não podendo ser corrompido pelo sexo. Lírica amorosa Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está liada. Mas esta linda e pura semideia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim co'a alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; [E] o vivo e puro amor de que sou feito, Como matéria simples busca a forma. liar: atar; ligar; semideia: meia deusa; ninfa; co’a: com a.
  • 8. • O eu-lírico está descontente com os rumos de seu tempo, cujos valores são determinados por uma nova ordem, centrada na burguesia. Lírica filosófica Ao desconcerto do mundo Os bons vi sempre passar No mundo graves tormentos; E para mais me espantar, Os maus vi sempre nadar Em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim O bem tão mal ordenado, Fui mau, mas fui castigado: Assim que, só para mim Anda o mundo concertado.
  • 9. Poesia épica • No final do século XV e início do século XVI, Portugal vivia um grande momento devido ao pioneirismo e ao sucesso da expansão marítima e comercial; • Para registrar esse grande momento em uma obra literária, Camões escreveu Os Lusíadas, que narra os feitos heroicos portugueses em “mares nunca dantes navegados”. • Além disso, narra episódios da história de Portugal no intuito de exaltar a pátria; • Por outro lado, questiona a busca desenfreada dos portugueses por riqueza e poder;
  • 10. Diferenças entre Os Lusíadas e as epopeias clássicas • O herói clássico, sobre- humano, semideus, é substituído pelo povo português, o herói coletivo; • A mitologia pagã, embora utilizada na obra, convive com elementos do cristianismo, religião predominante em Portugal e na Europa
  • 11. Divisão da obra • Introdução, dividida em proposição, invocação e dedicatória; • Narração, que consiste no relato da viagem dos portugueses ao Oriente; • Epílogo, que serve de conclusão do poema e demonstra, no caso de Os Lusíadas, um tom melancólico.