1. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 4 | A PRESENÇA DA ARTE BARROCA PORTUGUESA NO
BRASIL COLONIAL- UM ESTUDO DE CASO – O PATRIMÓNIO AZULEJAR SETECENTISTA
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A presença da arte barroca
portuguesa no Brasil colonial:
um estudo de caso- O
património azulejar
setecentista
Alexandra Gago da Câmara
MOOC - LISBOA E O MAR
TEMA 4
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Utilizado com caractermonumental desdeo seculo XVI, como emnenhum outro país
da Europa, o Azulejo e um elemento central da cultura artística em Portugal, rica e vasta
memoria patrimonial do nosso país, assumindo – com especial incidencia especificamente
no seculo XVIII - um sentido mais alargado do que o revestimento simples da arquitectura.,
modelador e regularizador, sendo hoje entendido como expressao artística maior,
transmissor de ideias atraves das imagens.
Este ímpar conjunto de características e a sua intensiva produçao tiveram tambem especial
relevo no Brasil, onde particularmente na zona da Baía se conhecem deslumbrantes e
magníficos exemplos. E pois desse fantastico e importante patrimonio, do seu estudo e da
sua inventariaçao que propomos tratar neste sucinto artigo.
Introdução
Em Portugal, o azulejo recebeu um tratamento expressivo. A sua complexa utilizaçao,
alargada a varios espaços e a diversas finalidades, ultrapassou o mero papel decorativo a
que se destinava. O relevo, a cor e a cintilaçao natural das placas de ceramica esmaltada, em
consequencia da irregularidade termica ou das deficiencias da cozedura acrescentaram a
este suporte uma plasticidade específica que distingue o azulejo dos restantes materiais.
Por outro lado, a desmaterializaçao das superfícies e a animaçao dos espaços
arquitectonicos,criando ambientes fictícios e ilusoriosfizeram do azulejo uma componente
primordial da recriaçao cenografica, em especial, do espaço barroco.
Representando a mais importante produçao plastica da cultura portuguesa, o azulejo
indica, em cada período, a evoluçao social, mental e artística de Portugal e as suas
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transformaçoes mais marcantes, assumindo-se muitas vezes, mais espacial e
arquitectonico do que meramente decorativo.
O seu permanente e efectivo uso tem-lhe hoje permitindo um estatuto proprio de
nacionalidade1.
Foi de facto o seculo XVIII, aquele onde o azulejo assume um papel primordial,
constituindo em parte a fisionomia de Portugal durante esse período. Revelou-se
destacadamente uma presença, e um brilho; ideia aceite de forma unanime entre os
historiadores de arte portugueses e estrangeiros. Suporte privilegiado de pintura em
muitas e dignas ocasioes e, alicerce do mais importante imaginario portugues, o azulejo
tem na verdade um valor funcional importante durante o longo seculo XVIII, sendo hoje
reconhecida a sua multifuncionalidade enquanto suporte artístico.
A verdadeira essencia do azulejo reside na íntima relaçao com o suporte
arquitectonico. O azulejo demarca-se pela sua aplicaçao na arquitectura, pela configuraçao
espacial que promove e pela adequaçao dos programas decorativos e iconograficos dos
edifícios para o qual foi concebido. Esta mutua dependencia arquitectura/azulejaria e
azulejaria/arquitectura soube integrar as transformaçoes formais e semanticas do azulejo,
preferencialmente durante o período de Setecentos.
A azulejaria assume no seculo XVIII – sendo este o período que trabalhamos – um
papel dinamizador da arquitectura e vertente essencial na versao portuguesada Arte Total
2 , na sua relaçao de interdependencia nao so com a arquitectura, mas tambem com a
pintura, escultura e as restantes artes decorativas.
Podemos conceber uma diaspora do azulejo, referindo-nos a expansao da Azulejaria
portuguesa e ao papel unificador do azulejo de Lisboa.
Durante o Antigo Regime, Lisboa desempenhou, neste contexto, um papel primordial,
como centro de produçao deazulejaria eaquele quecontribuiu decisivamente paradifusao
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deste material, a escala continental, insular e colonial. A exportaçao activa e intensiva da
produçao da cidade de Lisboa para o restante territorio continental, as Ilhas e as varias
colonias, nao so impos o uso do azulejo e moldou o gosto pela utilizaçao deste material em
todos aqueles territorios, como exerceu ainda um papel renovador apreciavel em relaçao
as restantes artes de diversas regioes.
Esta acçao fez-se sentir primordialmente como ja referimos ao longo do seculo XVIII,
o de produçao de azulejaria mais alargada, cujos valores esteticos, expressao erudizante,
linguagem formal, efeitos cenograficos e motivos decorativos foram a principal
manifestaçao unificadora da arte de regioes afastadas e distantes, em diversos continentes
pela influencia que os seus elementos decorativos exerceram nessas regioes.
E o caso destacado – mas nao isolado – do Brasil que nos interessa dar a conhecer
neste texto. A viagem do azulejo neste espaço lusofono marcou e registou efectivamente
esta arte imensa. A produçao massiva atinge níveis de integraçao arquitectural dos mais
complexos e mais espectaculares, dando origem ao aparecimento de conjuntos barrocos
dos mais importantes e cativantes desta epoca.
Centremo-nos de seguida neste arte portuguesa que serviu e foi assimilada no Brasil,
especificamente entre os anos 30 e 90 do seculo XVIII, leque cronologico muito abrangente
desde a fase denominada “Grande Produçao Joanina” ao período mariano; tempo onde
igualmente se entrecruza uma diversidade de motivos tematicos, de vocabularios
decorativos, e de cenas.
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Abordagens e Metodologias
O interesse por este patrimonio luso foi abordado em marcantes contributos tanto da
parte de historiadores de arte portugueses como brasileiros que nos ultimos 60 anos tem
surgido em diferentes projectos editoriais.
Um dos trabalhos introdutorios diz respeito ao artigo de Reinaldo dos Santos sobre A
Arte luso-brasileira do século XVIII, publicado em 1948, onde e ja possível obter uma visao
alargada da arte do azulejo em dialogo com outros domínios artísticos como a arquitectura,
pintura, esculturae talha e, ondepela primeiravez se chamaa atençao parauma verdadeira
“transfusao” do barroco portugues nos principais centros da vida religiosa e civil do Brasil
nos seculos XVII e XVIII.3
Por volta dos anos 50, Joao PereiraDias, publica nas paginas da Revista Belas Artes um
importante artigo, onde analisa pela primeira vez os azulejos setecentistas que revestem as
paredes do Claustro da Ordem Terceira de Sao Francisco da Baía (na cidade de Salvador),
tema que expos numa comunicaçao no IV Coloquio Internacional de Estudos Luso-
Brasileiros, realizado naquela cidade em 1959.
Um dos primeiros ensaios onde o azulejo foi objecto de estudo e de trabalho
particularizado, foi o artigo de Joaquim de Sousa Leao publicado na Revista The Burlington
Magazine, em 1944 com o título de “Portuguese Tiles in Brasilian Architecture”. Em 1945
Carlos Ott publica na Revista do Serviço do Património Histórico e Artístico Nacional (nº 7),
um trabalho sobre “os Azulejos do Convento de Sao Francisco da Baía, onde foca
particularmente as fontes de inspiraçao que serviram de base ao trabalho do pintor de
azulejos.
Ainda durante os anos 50-60 do seculo XX muitos trabalhos arrancaram
concretamente na recuperaçao e tentativa de definiçao de um ciclo Barroco na Azulejaria
Portuguesano Brasil.Sao eles: a primeiragrandesíntesede Mario Barata,Azulejos no Brasil
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(1955), onde cobrindo o assunto do seculo XVII ao seculo XIX e apoiado em pesquisa
documental, o autor reflecte de forma consistente sobre a funçao dos azulejos na
arquitecturabrasileira,emconsideraçoessobremodelosefontesdeinspiraçao,assimcomo
a interpretaçao acerca da autoria de alguns paineis ceramicos. Em 1953, Jose de Valladares
avança com um estudo sobre os revestimentos ceramicos - Azulejos da Reitoria - que
ornamentamo edifício da UniversidadedaBaía, transferidosdo velho solarAguiar, tambem
conhecido pelo Bom Gosto.
O grande trabalho pioneiro assentou no levantamento e inventariaçao dos nucleos de
azulejos existente em territorio brasileiro inseridos no ambicioso projecto levado a cabo
por Santos Simoes nos anos 604: o Corpus da Azulejaria Portuguesa tarefa ciclopica que
resultou num plano de cinco publicaçoes, tendo sido um dos volumes dedicado
exclusivamente a Azulejaria Portuguesa no Brasil:1580-1822 (1965). A preocupaçao era de
facto obter uma visao panoramica desta arte a escala atlantica.
A política de inventariaçao e classificaçao do patrimonio edificado5 especificamente
no caso da Baía (entre os seculos XVI e XIX) permitiu a constituiçao de um elenco mais
actualizado sobre determinadas conjuntos azulejares.
As decadas de 80 e 90 constituem um período de expansao em ediçoes. Destacam-se
osprincipais trabalhosdePedro MoacirMaia, (1990)Poncede Leon(1998)e as duasobras
sequenciais: Azulejos na cultura luso-brasileira (dir. de Dora Alcantara, 1997) e Azulejos-
Portugale Brasil (Revista Oceanos,1998/1999),a publicaçao dasActas dosColoquiosLuso-
Brasileiros de Historia de Arte realizados de dois em dois anos constitui um ponto de
encontro epartilha paraespecialistas dosdois paísesmelhor conheceremosseusdomínios
de investigaçao e ondeo azulejo tem sido tema abordado.Porfim, duasrecentesobras,uma
mais alargada e contando com a participaçao de varios autores - especialmente o artigo
introdutorio do historiador de arte portugues Jose Meco - Les Metamorphoses de L´Azur. L´
art d´azulejo dans le monde latin, publicada em 2002 pela Ars Latina e, outra, um trabalho
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mais dirigido ao estudo dos paineis de Azulejos do Claustro da Ordem Terceira de Sao
Francisco na Baía proporcionado quanto das intervençoes de restauro aí realizadas pela
Fundaçao do Ricardo Espírito Santo Silva em 2002.
E especificamente no litoral do Brasil, (mais concretamente na zona da Baía), que o
azulejo barroco atingeníveis de excelenciaartística. A Baía possuia maior e mais destacada
concentraçao de azulejos, um imenso espolio que apesar de importantes trabalhos ja
realizados, persiste como uma area de investigaçao em aberto.
O levantamento circunstanciado da azulejaria portuguesa do seculo XVIII em espaço
atlantico continua por fazer, contando a partida com algumas dificuldades nao so ligadas a
perda de conjuntos em decorrencia de demoliçoes, roubos, transferencias, como de
restauros nao sistematizados, constataçoes que nos colocam o problema consideravel das
metodologias mais aprofundadas, mais eficazes ou mais urgentemente necessarias no seu
estudo.
Existe, contudo um trabalho de percepçao, de analise e algum diagnostico que e
preciso acompanhar e que tem sido paulatinamente desenvolvido e materializado em
diversos trabalhos de investigaçao.
A sistematica utilizaçao do azulejo como revestimento mural em espaços religiosos e
tambem de utilizaçao profana no litoral brasileiro prende-se desde logo com as funçoes e
objectivos de acordo com o espaço que integra. A analise de uma geografia do azulejo
permite desde logo verificar a existencia de espaços que receberam azulejo vindo do
continente, procurando encontrar intençoes para essa aplicaçao em determinado
momento.
Uma geografia do patrimonio azulejar setecentista e o cruzamento de informaçao e
documentaçao relativa a cada espaço específico, permite verificar ritmos e tendencias
arquitectonicas e decorativas, a vontade e o gosto do encomendador, a “transplantaçao” de
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modelos e matrizes figurativas e ornamentais de um país para o outro e, a propria
dialectica entre o desejo de monumentalidade e riqueza ao serviço de Deus e o espírito de
contençao no exemplo de algumas ordens religiosas (ex. convento de Sao Francisco da
Baía).
Nessa mesma abordagem sobre a geografia e localizaçao do azulejo barroco,
distinguimos a partida dois grandes conjuntos: o espaço religioso onde se destacam
claustros, sacristias, interiores de igrejas, escadarias, bibliotecas e salas de aparato de
unidades conventuais e, o espaço civil, palacios e solares6, ambos lugares onde o azulejo de
tematica profana se funde com a figuraçao religiosa.
Relembremos alguns exemplos particulares:
Dentro da diversidade dos grandes conjuntos azulejares inseridos no período
intitulado por “Grande Produçao Joanina” no Nordeste Brasileiro, um dos principais e o
monumental conjunto do convento de Sao Francisco na cidade de Salvador; o mais notavel
nucleo azulejar do mundo lusíada.
Do seu vastíssimo espolio destaca-se a colocaçao de trinta e sete paineis de azulejos
no piso inferiordo Convento datadosentre1746-48,provenientesdaoficinadeBartolomeu
Antunes, baseados no Teatro Moral de la Vida Humana y de toda la Philosofia de los Antigos
e Modernos7 (Fig. 1). Aqui neste espaço e ambiente barroco, o azulejo conjugauma tradiçao
monumental e arquitectonica com a possibilidade de suporte de uma linguagem formal e
de uma narrativa “modernas”.
A colocaçao da azulejaria de pendor simbolico nestes espaços claustrais associa-se ao
proprio caracter de circulaçao e funcionalidade destas estruturas arquitectonicas: por um
lado a penitencia, por outro um confronto didactico com a visao do Espírito.
Ainda dentro do mesmo espaço religioso, no patamar da escadaria – espaço entre a
capela –mor, a sacristia e o claustro – no primeiro piso do convento, seis arcos abrem para
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as galerias representando tres grandes temas iconograficos: os sentidos, os meses do ano e
as quatro partes do mundo8. (Fig.2) E significativo aqui uma atitude sistematizada com a
figuraçao alegorica relacionada com a valorizaçao barroca da imagem. As alegorias
reportam-nos deste modo a um determinado conhecimento do Mundo, da Natureza e do
proprio Homem.
Fig. 1
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No claustro superior ainda do convento de Sao Francisco encontram-se cinco figuras
de convite9, que nao sendo o tema mais importante de toda a decoraçao, contribuem para
um sentido cortesao deste espaço. Constituem alabardeiros em traje militar fantasiado
(elmos emplumados, armaduras peitorais, saiotes de franja de coro e sandalias a romana),
assumindo um valor iminentemente decorativo e simbolizando um envolvimento da
etiqueta e da vida cortesa.
Seguindo ainda a tipologia deste espaços de circulaçao, o claustro e todo o conjunto
arquitectonico da Veneravel Ordem Terceira de Sao Francisco da Congregaçao da Baía,
apresenta-secomo dasmais notaveisrealizaçoesartísticas portuguesesemterrasdo Brasil.
Os azulejos espalham-se pelo corredor de entrada, pelo atrio, pelo claustro, corredores
Fig. 2
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laterais daIgreja, escadarias,salas de despacho edo consistorio, galeriada navee ainda por
outros compartimentos. Pertencem a diferentes campanhas de encomendas e, nem todos
se encontram nos locais originais, havendo mesmo os que foram deslocados porocasiao de
obras.
Os azulejos mais notaveis do edifício sao os que pertencem a grande campanha
decorativa barroca do segundo quartel do seculo XVIII, na qual se inclui o revestimento do
claustro e do Consistorio, (Fig. 3-4) beneficiados durante um recente processo de restauro
e conservaçao10. E inquestionavel a importancia documental11 destes conjuntos de
azulejos, representando a capital portuguesa anterior a sua parcial destruiçao pelo
terramoto de 1755.
Fig. 3
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O claustro apresentaesteinvulgar silharhistoriado representando aEntradaRegiaem
LisboadosPríncipes D. Josee D.Mariana Vitoriaem 1729e o respectivo cortejo nupcial que
se seguiu ate a Se. Os enquadramentos sao simples, com bases e entablamentos rectilíneos,
centrados por cartelas ladeadas por pares de meninos e entremeados por composiçoes
barrocas com volutas. As supostas imagens de Lisboa que servem de fundo ao cortejo sao
totalmente inventadas, nao havendo um unico edifício ou local que esteja reproduzido com
fidelidade ou possa ser identificado. O seu maior interesse e cenografico pelo
enquadramento que proporcionam a Entrada Regia. Os paineis destacam-se pelo pitoresco
das cenas representadas e pelas imagens sugestivas do cortejo e dos arcos de triunfo. O
imenso cortejo foi sintetizado pelo pintor de azulejos e dos vinte e seis arcos levantados so
os mais importantes foram reproduzidos. Atraves dosarcos engalanados, quase todos com
legendas, passam algumas carruagens, observadas por diversas figuras em primeiro plano,
tipos sociais identificados: eclesiasticos, nobres, populares, crianças e mendigos.
Fig. 4
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Os azulejos da Sala do Consistorio, organizam-se em dez quadros ceramicos que
rodeiam este magnífico salao, transmitindo-nos a volumetria muito acidentada e
contrastada da cidade e o contexto denso e variado das construçoes. Os paineis apresentam
construçoes totalmente deturpadas ao nível dos pormenores, o que nos coloca as
problematicas questoes da escala e do modelo ou fonte de inspiraçao.
Ambos os conjuntos azulejos resultam numa completa eficacia em termos de
funcionalidade: reproduzir e perpetuar a ideia de Capital, enquanto centro urbano com
funçao de representaçao e, simultaneamente traduzir uma retorica de afirmaçao do
Imperio Colonial Portugues.
A partir demeados do seculo XVIII, porvolta de 1750-60,introduzem-se novosritmos
ornamentais, o concheado torna-se mais decorativo. Assiste-se a difusao do estilo rococo,
predominando a pintura azul e branca, mais carregada em geral nos enquadramentos,
acentuando-se a transparencia e profundidade das paredes figurativas.
Um bom exemplar de silhar ornamental, com motivos rococo, encontra-se na sacristia
da Igreja da Boa Viagem (Fig. 5)e na sacristia do Convento de Santo Antonio de Cairu
(Fig.6) A teatralidade barroca e neste ultimo perceptível na dependencia do lavabo, no
cortinado que envolve a fonte, e nas restantes paredes com as magníficas molduras das
portas, das janelas e do arcaz, numa elegancia de concepçao proporcionada pela fluidez
dos concheados que reflectem o gosto frances do estilo Regencia.
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Fig. 5
Fig. 6
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Como espaços civis, evidenciam-se neste contexto, - embora ja mais tardios - os
exemplares do Solar do Conde dos Arcos, (Fig. 7-8) um dos conjuntos mais notaveis da
azulejaria neoclassica portuguesa no Brasil. Este solar conserva quatro nucleos distintos,
todos preenchidos por fitas e ramagens muito soltas, com delicados apontamentos florais
com ricos cambiantes de cor. Podemos encontrar medalhoes preenchidos por paisagens
pintadas a roxo manganes ladeadas por golfinhos, silhares centrados por paisagens
costeiras e marítimas a azul, ramagens plumas e outros motivos centrados por um pavao
de cauda aberta e uma cabecinha de menina com chapeu.
Fig. 7
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O outro conjunto civil encontra-se hoje na Reitoria da Universidade da Baía
proveniente do solar do Bom Gosto. Sao paineis monocromaticos, cor azul sobre fundo
branco, onde as cenas apresentam um excelente tratamento no seu desenho. Do ponto de
vista iconografico a tematica e variada entre cenas mitologicas, cenas de um quotidiano
idealizado e a chinoiserie. Estes azulejos foram colocados criteriosamente nos novos locais,
agrupados pelos seus tipos e temasi(Fig. 9-10).
Fig. 8
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A terminar, podemosafirmarque, tal como foiusadaem Portugalenas terrasdealem-
mar, a azulejaria do seculo XVIII representa a sua verdadeira contribuiçao a arte universal.
Perspectivas
Como vimos, trazido pelos portugueses para o Brasil, o patrimonio em Azulejo
constitui um bem cultural “espacializado”, assim denominado por estar fixo na arquitectura
e ser parte essencial das funcionalidades pratica, estetica e simbolica do edifício que
integra, com frequencia estruturando o proprio espaço e carregando-o de significados e
sentidos.
No entanto, a grande difusao e dispersao do azulejo portugues ao longo do período
em estudo tem dificultado o seu levantamento exaustivo e a sua respectiva analise
comparativa.O azulejo barroco emespaço luso – eespecificamente no Brasil- continua por
delimitar, apresentando como nos apercebemos pelos exemplos mencionados uma
Fig. 9 Fig. 10
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multiplicidade de formas e gostos: abrangidas por grandes ciclos de produçao ainda por
precisar e esclarecer. Uma grande parcela desta azulejaria e anonima, desconhecendo-se
quem a produziu e quem a encomendou.
Estamos bem conscientes que muitos caminhos se colocam hoje ao estudo deste
patrimonio no Brasil. E preciso definir metodologias, novas perspectivas de trabalhoii,
pensar em novos agenciamentos esteticos, procurando encontrar um entendimento e
padrao comum entre esta arte e outros objectos artísticos com base no enquadramento
historico, analise artística e leitura iconografica.
Ha que saber estabelecer linhas de actuaçao específicas, definindo uma metodologia
comum, aferindo criterios de identificaçao de peças existentes em colecçoes privadas e
publicas; recensearepreservarosconjuntosazulejares in situ,fomentar uma política eficaz
de restauro e constituir um inventario do patrimonio azulejar do seculo XVIII, partindo de
levantamentos totais ou parciais, articulado de forma puridisciplinar em projectosiii bem
conduzidos e orientados para onde possam convergir os saberes ja produzidos. Trata-se de
construir um sistema integrado atraves do qual e possível fazeruma avaliaçao do estado de
conservaçao do patrimonio azulejar, da metodologia das intervençoes e uma leitura
contínua da evoluçao desse mesmo patrimonio.
Um inventario contínuo e actualizado deste importante patrimonio azulejar
permitira fornecermateriadereflexao emareasdo Sabertao diversificadascomo a Historia
da Arte, Historia da Cultura e das Mentalidades, Sociologia, Antropologia, Museologia,
Conservaçao e Restauro, Preservaçao de Patrimonios construídos e urbanos.
Acreditamos que uma inventariaçao exaustiva acompanhada de estudos e
desenvolvimentos parcelares do patrimonio em Azulejo no Brasil, uma real atençao as
existencias actuais e estado de conservaçao podera tornar-se em breve um campo de
trabalho para futuras e sucessivas geraçoes de historiadores de arte e outros estudiosos
trabalharem.
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Em síntese, no contexto da arte colonial do Brasil deste período, apercebemo-nos e
reconhecemos que a azulejaria nos indica uma aproximaçao impulsiva de uma tradiçao
decorativa que continua e permanece viva.
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Valadares, Jose – Azulejos da Reitoria. Salvador: [s.n.], 1953.
Valadares, J, Estudos de Arte Brasileira: Publicaçoes de 1943-1
21. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 4 | A PRESENÇA DA ARTE BARROCA PORTUGUESA NO
BRASIL COLONIAL- UM ESTUDO DE CASO – O PATRIMÓNIO AZULEJAR SETECENTISTA
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NOTAS
1 “…o azulejo “nacionaliza-se “ português na temática decorativa da padronagem policroma e nas escalas de
aplicação parietal, com atrevimentos das decorações de paredes inteiras, caso particular entre as concepções
ornamentais do Ocidente”. Cf. J.M, Santos Simões ,a Azulejaria em Portugal no século XVIII, Lisboa,FCG, 1979,pp.3
2 Consulte-se sobre este assunto: Luís Moura Sobral, “Bel Composto: a obra de arte total do primeiro barroco
português” in Struggle for Synthesis. A obra de arte total nos séculos XVII e XVIII, Braga,IPPAR, Vol. I,pp. 303 e segs.
3 De entre os estrangeiros que se têm dedicado aos problemas histórico-artísticos brasileiros relacionados com a
história ecrítica de alguns dos mais importantes exemplares da arquitectura luso-brasileira eonde se particulaiza
a azulejaria, destacam-se: Germain Bazin, Archiecture Religeuse Baroque au Brésil (São Paulo, 1949), e Robert
Smith. In AA VV, Robert Smith. (1912-1975) A Investigação na História de Arte, F.C.G, Serviço de Belas Artes, Lisboa,
2000.
4 Em 1960 é criada pela Fundação CalousteGulbenkian a Brigada deEstudos deAzulejaria dirigidapor J.M. Santos
Simões, que teve como objectivo efectuar a recolha de elementos informativos sobre a azulejaria em Portugal,
fazendo um rastreio sistemático dos núcleos mais representativos e de maior valor estético da azulejaria
portuguesa. Em 1968 estava concluída a cobertura territorial dePortugal Continental,Ilhas Ajacentes eBrasil.Vd.
Maria Alexandra Trindade Gago da Câmara, “ O estudo da azulejaria barroca em Portugal: história, análise e
evolução” in II Congresso Internacional de História da Arte. Portugal: encruzilhadas de culturas, das Artes e das
Sensibilidades, Associação Portuguesa do Historiadores de Arte, Almediana, Porto 2001, pp. 163-172.
5 Cf. Inventário da Protecção do Acervo Cultural, Vol. I- Monumentos do Município de Salvador, Baia 1974
6 Os designados “sobrados”, construções de traça portuguesa, actualmente um objecto de estudo do património
luso.
7 Conulte-sesobreeste assunto o importanteartigo de:AlexandreNobre Pais, “O Theatro Moral dela Vida Humana
no Convento de São Francisco da Baia” in Revista Oceanos, Azulejos. Portugal- Brasil, número 36/37, 1998-1999,
pp. 100-112.
8 Vd. Maia, Pedro Moacir ,Os cinco sentidos, os trabalhos dos meses e as quatro partes do mundo em painéis de
azulejos no Convento de S. Francisco em Salvador. Baía: [s.n.], 1990.
9 Figuras à escalahumana normalmentecolocas emzonas e espaços estratégicos.Forma pela primeiravezobjecto
de estudo num trabalho pioneiro deLuísa Arruda, Azulejaria Barroca Portuguesa – Figuras de Convite, Lisboa 1993
10 Vd. AA VV, Festa Barroca a Azul e Branco. Os azulejos do Claustro da ordem Terceira de São Francisco, São
Salvador da Baía, FRESS, Lisboa, 2002
11 Vd Maria Alexandra Trindade Gago da Câmara “ Lisboa Reencontrada: registos iconográficos na azulejaria
Setecentista “ in O Imaginário da Cidade, Revista Discursos, Língua, Cultura e Sociedade, III Série, n 5, Dezembro
2003, pp.167-179.
i Vd. José Valadares, Azulejos da Reitoria, Salvador, Universidade da Baía, 1953.
ii Vd. Maria Alexandra Trindade Gago da Câmara, “Azulejaria Barroca em Portugal: história, análise e evolução, in
Actas II Congresso Internacional de História da Arte. Portugal, encruzilhas de culturas, Das Artes e das
Sensibilidades, pp.163-172.
22. MOOC LISBOA E O MAR – TEMA 4 | A PRESENÇA DA ARTE BARROCA PORTUGUESA NO
BRASIL COLONIAL- UM ESTUDO DE CASO – O PATRIMÓNIO AZULEJAR SETECENTISTA
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iii Temos conhecimento de um trabalho de Doutoramento em curso sobre “Painéis Figurativos Devocionais”
existentes na Igreja de Nossa Senhora da Pena no Rio de Janeiro pela arquitecta Maria das Graças Ferreira cujo
propósito da investigação secentra na Conservação e Preservação dos Azulejos Portugueses no Brasil,umestudo
mais alargado a fimdeseobter uma fundamentação teórica,umlevantamento fotográfico eiconográfico exaustivo
para a reconstituição deste conjunto.