21. A artista e a irmã, a coreógrafa Márcia
Milhazes, foram criadas num ambiente
que estimulava a criatividade. A mãe,
Glauce, é professora de história da arte. O
pai, o advogado José Milhazes, sempre foi
um apaixonado pela música brasileira.
• Nós criamos trabalhos que são camadas e
camadas de idéias buscando significados.
Bia tem personalidade e coragem. É um
privilégio ter uma irmã que me estimula.
Dividimos até o silêncio. Diz a irmã.
22. Beatriz milhazes é formada em
Comunicação Social, ingressou na
Escola de Artes Visuais do Parque
Lage, no Rio de Janeiro, em 1980,
onde, mais tarde, lecionou e
coordenou atividades culturais.
Integrou a Geração 80, um grupo de
artistas que buscou retomar a Pintura,
contrapondo-se às vertentes
'conceituais' dos anos 70.
23. Características das obras da
artista:
• Bordados, flores, rendas e mandalas se
sobrepõem em infinitas camadas, numa
leitura atualíssima de nossa tradição
barroca - sobre um pedaço de plástico. A
pele de tinta que seca sobre o plástico é
depois decalcada sobre a tela, que ganha,
pouco a pouco, camadas superpostas de
tinta.
• Nas colagens, a artista usa materiais
cotidianos como embalagens de bombom
e balas para recriar seu vocabulário
pictórico.
24. • É possível identificar elementos da
cultura brasileira e ícones como as
exuberantes fauna e flora, as ondas do
mar, o calçadão de Copacabana, frutas,
além de uma combinação inusitada de
curvas, caracóis, motivos florais e
rococós, que a artista plástica declara ser
baseada em recortes do modernismo
europeu, na artdecó.
• Exuberância das formas e a textura das
cores.
25. • Pintura geométrica e cores caipiras, rigor
formal e carnaval. A capacidade de
conciliar universos tão distantes talvez
explique o sucesso de Beatriz Milhazes.
• Beatriz usa os contrastes e afinidades
entre as cores para equilibrar dezenas de
elementos.
• Seu método consiste no desenho e na
pintura de motivos e arabescos, com um
colorido estonteante.
26. • As pinturas de Beatriz Milhazes jamais se
rendem ao figurativo. Verdadeiramente
abstratas, são relações visuais intensas,
citações ou "pinturas sobre a natureza"
como traduzem os críticos: "o diário de
uma naturalista, tão impressionada com
a exuberância de formas e cores da
natureza quanto com as sutis e simples
estruturas que as regem.‖
27. • Nas telas,os quadrados, retângulos e listras
desprendem-se do fundo da pintura para
aparecer em primeiro plano. Nota-se forte
referência às tradições da Op-Art e
Geometria Abstrata, em contraponto ao
vocabulário carnavalesco e barroco
particular da artista.
• Beatriz estabelece uma composição
dinâmica onde os elementos – arabescos,
círculos, flores, listras e quadrados - se
sobrepõem uns aos outros criando uma
sensação ótica de constante movimento.
28. • As "armadilhas" das formas
superficialmente bonitas e com caráter
decorativo de suas pinturas atraem o
público, que imediatamente percebe que é
possível ultrapassar o prazer instantâneo
do primeiro contato, pois elas se revelam
uma erudição discursiva, cheia de
detalhes trabalhados de forma conceitual.
Uma elaborada organização de planos,
texturas e harmonia de composição.
29. Sucesso também lá fora
O nome de Beatriz Milhazes
começou a circular fora do país
em 1993, ano em que fez sua
primeira exposição no exterior.
Em Caracas, Venezuela.
30. Beatriz tem hoje quadros nas
coleções de museus como o
MoMa e o Guggenheim, em
Nova York, o Reina Sofia, em
Madri, e o Century Museum
of Contemporary Art, no
Japão.
31. Com 22 anos de carreira foi aberta a
exposição Mares do Sul. A primeira
grande exposição individual da
artista no país. Foram apresentados
23 trabalhos, todos inéditos na
cidade, três deles produzidos
especialmente para a exposição.
32. Selecionar os 23 trabalhos não foi
tarefa fácil. "Para produzir uma
grande exposição de Beatriz é
essencial a vinda de quadros que
estão fora do Brasil", diz o
curador Adriano Pedrosa.
33. O que dizem os críticos:
• Hoje críticos de revistas e jornais
anunciam com entusiasmo a descoberta
da carioca.
• A edição de outubro de 1993 da revista
inglesa Frieze dedica a matéria de capa,
escrita pela crítica Jennifer Higgie, ao
trabalho da artista, com expressões
elogiosas do tipo "caleidoscópio
psicodélico de cores, flores, amor" e
"loucura tecnicolor".
34. • O jornalista Celso Martins escreve que as
obras individuais da artista em Londres,
Paris e Nova York foram muito bem
recebidas, com elogios "à frescura e à
complexidade" do trabalho.
• Uma publicação inglesa, saiu em setembro
de 1993 com uma seleção super-rigorosa de
pouco mais de 100 nomes de pintores
contemporâneos de todo o mundo. Apenas
dois artistas brasileiros foram citados por
críticos e curadores: Beatriz Milhazes e
Adriana Varejão.
35. • Em um texto do catálogo da
exposição — produção do Instituto
Arte Viva com curadoria de
Adriano Pedrosa — o crítico Paulo
Herkenhoff diz que também não é
qualquer um que atinge o domínio
que Beatriz tem da cor.
36. O que diz a própria artista:
• A questão central é a honestidade. Só
sendo honesto consigo mesmo e suas
questões é que seu trabalho acaba
aparecendo.
• Minha pintura tem as mesmas
características desde o início da carreira,
mas fui criando novos problemas para
ela e tendo mais segurança sobre meus
desejos.
37. • Sempre amei pintura geométrica, mas
não poderia pintar só retângulos e
círculos, porque meus interesses em
arte vão muito além disso.
• A cor organiza tudo. Com ela, trabalho
a tela como se ela fosse música — diz a
artista, que formou uma espécie de
linguagem com os desenhos que se
repetem em seu trabalho.
38. • ―Dois aspectos me atraem: a forma
de lidar com a repetição das
imagens e a liberdade com o uso
das cores.‖
• Sou uma ―devoradora de
imagens.‖
39. Os muitos convites para exposições
internacionais fazem com que Beatriz passe
boa parte do ano viajando, mas sempre que
pode ela volta para o ateliê que mantém
desde o início da carreira num sobrado no
Horto, com vista para o Cristo e para o agito
do Clube Condomínio.
No artigo sobre sua obra que foi capa da
última "Frieze", a mais importante revista de
arte da Inglaterra, a crítica Jennifer Higgie
escreveu, espantada, que Beatriz "ainda"
morava no Rio. A pintora diz que não gosta
de perder de vista a atmosfera carioca.
40. Reconhecida por sua
disciplina, Beatriz
construiu sua carreira
como formiguinha,
amadurecendo um
passo de cada vez
para desabrochar em
meados dos anos 90.