3. As cidades medievais consistiam num
amontoado de edifícios num labirinto de ruas
estreitas;
Eram pequenas, densamente
povoadas, barulhentas e sujas;
A maioria das ruas não tinha pavimentação e
obras de drenagem, e recebia toda a espécie de
restos e imundície.
4. Na Idade Média, as pessoas
costumavam atirar os
excrementos nas ruas, às vezes
atingindo quem passava.
Detalhe de um quadro de Peter
Brughel mostra um homem rico
perto de um anexo que despeja os
dejetos diretamente no rio.
Água
vai!!!
5. O povo vivia na
rua, amontoava-se entre
as galinhas e as centenas
de cães e gatos que
faziam o
“aproveitamento” dos
restos que encontravam.
6. Alguns homens da Igreja como São Jerónimo
[343-420] não viam razões válidas para um
cristão tomar banho depois do batismo;
Na maioria dos conventos da Europa
medieval, o banho era praticado duas ou três
vezes ao ano, em geral nas vésperas de festas
religiosas como a Páscoa e o Natal;
7. Durante a Idade Média, a maioria casava- se
no mês de junho porque, como tomavam o
primeiro banho do ano em maio, em junho o
cheiro ainda estava mais ou menos suportável.
Entretanto, como já
começavam a exalar alguns
"odores", as noivas tinham o
costume de carregar bouquets
de flores junto ao corpo, para
disfarçar. Daí termos em maio
o "mês das noivas" e a origem
do bouquet explicadas.
8. Os banhos eram tomados numa única
tina, enorme, cheia de água quente. O chefe da
família tinha o privilégio do primeiro banho na
água limpa.
Depois, sem trocar a água, vinham os outros
homens da casa, por ordem de idade, as
mulheres, também por idade e, por fim, as
crianças.
10. Somente as pessoas
privilegiadas como o
capelão do castelo,
tinham acesso a essa
latrina com tampa de
madeira, que era a
única do edifício.
LATRINA EM HAME CASTLE,
FINLÂNDIA
11. O FLAUTISTA DE HAMLIN
Alemanha
Esta imagem faz alusão às
epidemias de peste que
frequentemente
assolavam as cidades
medievais devido à falta
de higiene e aos ratos.
12.
13. Nos porões dos navios de comércio, que vieram
do Oriente, entre os anos de 1346 e
1352, chegavam milhares
de ratos. Estes ratos,
ou melhor, as pulgas
destes roedores,
transmitiam a bactéria
aos homens, através
da picada.
14. Após adquirir a doença, a pessoa começava a
apresentar vários sintomas:
-primeiro apareciam nas axilas, virilhas e pescoço
vários bubões de pus e sangue.
-Em seguida, vinham os vómitos e febre alta.
Não havia cura para a doença e a medicina era
pouco desenvolvida.
15. A doença fez tantas vítimas que faltavam
caixões e espaços nos cemitérios para enterrar
os mortos.
16. Sangria, sanguessugas, ventosas
“A vida humana está no sangue”, diz a Bíblia, uma
afirmativa que a medicina medieval levava muito a
sério, complementando-a: a vida humana está no sangue, e
as ameaças à vida também. Que ameaças eram essas? Em
primeiro lugar, o “excesso” do próprio sangue, que podia
resultar em riscos à saúde.
17. A outra maneira era pelas sanguessugas. Esses curiosos
vermes nutrem-se do sangue de mamíferos, para o que
dispõem de “dentes” especiais.
E o terceiro processo eram as ventosas: copos de vidro
nos quais se criava vácuo (mediante aquecimento) e que
colocados sobre arranhões fundos na pele, aspiravam
sangue.
Havia 3 maneiras de retirar o excesso de sangue :
Uma era a sangria pura e simples, que consistia em
cortar uma veia do braço. Esse procedimento foi usado
até meados do século XX para tratar o edema agudo de
pulmão;
18.
19. Nesse período as preocupações com saúde
pública como conhecemos hoje tiveram um
maior desenvolvimento.
Começou a fazer-se a pavimentação das
ruas e obras de construção de canais para
drenagem dos esgotos.
20. O uso desse método produzia maus odores, as
provisões de água tornavam-se perigosamente
poluídas. Dizia-se que os canais de Antuérpia
matavam até mesmo os cavalos que bebiam a
sua água.
Os poços e fontes contaminavam-se com
infiltrações oriundas das fossas e dos
cemitérios
21. Para a maior parte das pessoas a higiene
mínima era feita com jarras e bacias domésticas;
22. Nos séculos XVI e XVII, considerava-se
que a água era capaz de se infiltrar no corpo e
supunha-se que a água
quente, especialmente, fragilizasse os
órgãos, abrindo os poros para os ares
malignos.
23. Nesta época, para disfarçar o cheiro, as
classes altas começaram a importar e a usar
perfumes. A indústria da cosmética teve um
enorme avanço!
24. Curiosidades…
No sumptuoso Palácio de Versalhes, um decreto
de 1715,publicado pouco antes da morte do rei
Luís XIV, estipulava que os detritos seriam
retiradas dos corredores uma vez por semana,
deduzindo-se, que antes desta data, a recolha
era ainda mais espaçada. Versalhes contava com
um quarto de banho equipado com uma banheira
de mármore encomendada pelo próprio Luís XIV
–objeto que serviria apenas para ostentação,
caindo no mais absoluto desuso.
25. Com o desenvolvimento industrial, a partir de
meados do séc. XVIII, houve um grande êxodo
rural e as populações concentraram-se nas
cidades.
26. As moradias eram
superlotadas e sem as
mínimas condições de
higiene. Os detritos
eram acumulados em
recipientes, de onde
eram transferidos
para reservatórios
públicos mensalmente.
27. O fornecimento de água
e limpeza de ruas não
acompanharam a
expansão urbana.
Ao mesmo tempo a
proliferação das
indústrias que lançavam
os seus resíduos nas
águas, agravava a
poluição ambiental.
28. Regressaram , então as graves
epidemias, sobretudo da cólera ( Londres, 1831-
32, 1848-49, 1854 e 1857) e tifo, transmitidas
pela água contaminada;
A mortalidade era agravada pelas péssimas
condições de trabalho da classe operária.
29. Diante da gravidade da situação, os governos
passaram a investir muitos recursos em
pesquisa e na área médica.
Pasteur e outros cientistas
descobriram que doenças
infeciosas eram causadas
por microrganismos
patogénicos.
30. A partir daí foi possível entender os
processos de transmissão de doenças através
da água e de outros meios contaminados.
Bactéria Escherichia
coli
31. As autoridades perceberam uma clara
conexão entre a insalubridade e a doença nas
cidades;
Os engenheiros hidráulicos (1842)
propuseram, então, a reforma radical do
sistema sanitário, separando rigorosamente a
água potável da água usada;
As valas de esgotos a céu aberto seriam
substituídas por canalizações subterrâneas
construídas com manilhas de cerâmica cozida.
34. Quilómetros de coletores novos de esgotos
percorriam o subsolo de Londres, recolhendo
dejetos numa área de cerca de 260
quilómetros quadrados;
1875
35. O exemplo seria seguido por outras
cidades industriais da Inglaterra e de outros
países da Europa e do continente americano.