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A língua do meio 
­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Ens 
aio sobre interlíngua e sua importância no processo de aprendizagem de segunda língua 
Lenílson da Costa Silva 
Este ensaio versa sobre as questões da interlíngua, dialogando com uma proposta 
conceitualista, bem como sua relevância no processo de aprendizagem de segunda língua 
(L2) a fim de compreender de que forma esse processo interlinguístico interfere positiva ou 
negativamente na aprendizagem de L2. De início, é preciso responder a seguinte pergunta: o 
que é interlíngua? 
Interlíngua é um sistema de transição criado pelo aprendiz durante o seu processo de 
assimilação de uma segunda língua ou língua estrangeira; e é bem verdade que essa 
interlíngua varia dependendo de quem a fala e de quais insumos linguísticos o aprendiz 
possui, além de qual é a língua materna (LM) desse aprendiz. 
Ao abordar as questões da interlíngua, é preciso compreender outros dois conceitos 
importantes: o de interferência e o de fossilização. A saber: interferência é a ocorrência das 
formas de uma língua, em primeiro momento, a LM, em outra língua, L2. Essa ocorrência de 
formas causa desvios perceptíveis no que se refere à pronúncia, vocabulário, estruturação de 
frases, assim como desvios nos níveis idiomáticos e culturais. 
Já a fossilização refere­se 
aos erros e desvios no uso da língua que se está 
aprendendo, esses erros são internalizados pelo aprendiz e por isso são de difícil eliminação. 
Tanto a interferência quanto a fossilização elucidam os percalços no desenvolvimento 
gradativo de uma L2. 
A interlíngua se caracteriza pela ocorrência das formas da LM que inevitavelmente 
aparecerão na fala do aprendiz. Segundo Harpaz (2003) a pessoa que aprende uma 
segunda língua, estrutura suas ideias de forma mais monitorada; articula os sons dessa nova 
língua e deveria evitar hábitos linguísticos de sua LM, porém, os mecanismos ­estruturação 
de ideias e fonação ­relativos 
à LM são difíceis de serem evitados, visto que ao deparar­se 
com um novo sistema, o aprendiz se vê dependente desses hábitos. Por essa razão, para 
um adulto, já com seu sistema linguístico estabelecido ­aprender 
uma segunda língua 
demanda muito mais tempo do que para uma criança, sem esse sistema arraigado.
Exemplifico o que foi dito relatando, brevemente, minha experiência pessoal no 
processo de aprendizagem da Língua de Sinais Brasileira (LSB) como L2. 
Várias interferências da Língua Portuguesa (LP) ocorreram durante meu processo de 
aprendizagem da LSB, costumava falar uma língua intermediária entre a LP e a LSB, uma 
interlíngua comumente chamada de português sinalizado. A medida que fui ganhando mais 
insumos linguísticos da língua alvo (LAL) fui declinando dessa interlíngua e ganhando mais 
propriedade no sistema linguístico da L2. Contudo, embora já sabendo diferenciar o que é 
LP, LSB e português sinalizado, ainda restam alguns desvios fossilizados que aparecem 
frente às necessidades comunicativas, por exemplo, em expressões idiomáticas inexistentes 
em uma das línguas. 
A minha exposição à LSB se deu de forma intensa, o que minimiza significativamente 
os meus hábitos provindos da LM. O mesmo não ocorre no meu aprendizado da língua 
espanhola, onde os meus inputs linguísticos são insuficientes o que pode acarretar numa 
tendência maior à fossilização dos desvios, isto porque minhas necessidades de 
comunicação em língua espanhola demanda uma frequente criação de uma interlíngua, 
comumente chamada de portunhol, que se não for assistida por inputs autênticos, poderá 
causar uma internalização precoce das formas do portunhol. 
Levando em conta o que foi observado, a interlíngua pode ser vista de maneira 
positiva, quando esta, utilizando­se 
dos insumos da LM pode colaborar no aprendizado de 
L2, de modo a transferir as habilidades linguísticas da língua materna no decurso de 
assimilação de segunda língua, ou seja, transferindo essas habilidades; não obstante, a 
interlíngua poderá assumir um caráter negativo quando esta fossiliza velhos hábitos 
linguístico do aprendiz e os transferem para a segunda língua dificultando ainda mais seu 
aprendizado, nesse momento a figura do professor se faz necessária no sentido de 
apresentar metodologias assertivas, expondo o aprendiz aos inputs autênticos da L2 em 
questão, respeitando as interlínguas desses aprendizes, evidenciando que elas são apenas 
um trampolim para se chegar à língua alvo.
Referências Bibliográficas 
ALMEIDA FILHO, J.C.P. (org.) (1995) Português para estrangeiros: interface com o 
Espanhol. Campinas: Pontes. 
Harpaz, Yehouda. Myths and misconceptions in Cognitive Science. Human Cognition in the 
Human Brain. <http://human­brain. 
org/myths.html>. Online. Nov 1, 2003. 
LANZETTI, Rafael. Aprendizado de Línguas Estrangeiras. Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=GitvTUpuYpQ. Acesso em: 20 de novembro de 2014 
QUADROS,R. M. Educação de surdos: aquisição da linguagem. Artes Médicas. Porto Alegre. 
1997.

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  • 2. Exemplifico o que foi dito relatando, brevemente, minha experiência pessoal no processo de aprendizagem da Língua de Sinais Brasileira (LSB) como L2. Várias interferências da Língua Portuguesa (LP) ocorreram durante meu processo de aprendizagem da LSB, costumava falar uma língua intermediária entre a LP e a LSB, uma interlíngua comumente chamada de português sinalizado. A medida que fui ganhando mais insumos linguísticos da língua alvo (LAL) fui declinando dessa interlíngua e ganhando mais propriedade no sistema linguístico da L2. Contudo, embora já sabendo diferenciar o que é LP, LSB e português sinalizado, ainda restam alguns desvios fossilizados que aparecem frente às necessidades comunicativas, por exemplo, em expressões idiomáticas inexistentes em uma das línguas. A minha exposição à LSB se deu de forma intensa, o que minimiza significativamente os meus hábitos provindos da LM. O mesmo não ocorre no meu aprendizado da língua espanhola, onde os meus inputs linguísticos são insuficientes o que pode acarretar numa tendência maior à fossilização dos desvios, isto porque minhas necessidades de comunicação em língua espanhola demanda uma frequente criação de uma interlíngua, comumente chamada de portunhol, que se não for assistida por inputs autênticos, poderá causar uma internalização precoce das formas do portunhol. Levando em conta o que foi observado, a interlíngua pode ser vista de maneira positiva, quando esta, utilizando­se dos insumos da LM pode colaborar no aprendizado de L2, de modo a transferir as habilidades linguísticas da língua materna no decurso de assimilação de segunda língua, ou seja, transferindo essas habilidades; não obstante, a interlíngua poderá assumir um caráter negativo quando esta fossiliza velhos hábitos linguístico do aprendiz e os transferem para a segunda língua dificultando ainda mais seu aprendizado, nesse momento a figura do professor se faz necessária no sentido de apresentar metodologias assertivas, expondo o aprendiz aos inputs autênticos da L2 em questão, respeitando as interlínguas desses aprendizes, evidenciando que elas são apenas um trampolim para se chegar à língua alvo.
  • 3. Referências Bibliográficas ALMEIDA FILHO, J.C.P. (org.) (1995) Português para estrangeiros: interface com o Espanhol. Campinas: Pontes. Harpaz, Yehouda. Myths and misconceptions in Cognitive Science. Human Cognition in the Human Brain. <http://human­brain. org/myths.html>. Online. Nov 1, 2003. LANZETTI, Rafael. Aprendizado de Línguas Estrangeiras. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GitvTUpuYpQ. Acesso em: 20 de novembro de 2014 QUADROS,R. M. Educação de surdos: aquisição da linguagem. Artes Médicas. Porto Alegre. 1997.