O trabalho aqui apresentado destina-se a lançar um olhar psicopedagógico sobre uma proposta diferenciada: a disciplina de Iniciação à Pesquisa, elaborada para alunos do Ensino Fundamental I. O projeto surgiu na busca de se contrapor a postura apática e desinteressada de muitas crianças frente ao conhecimento. Propunha-se a promover uma possibilidade de vivência em que a pergunta fosse o motor da aprendizagem. A partir da pergunta, da identificação do que não se sabe, desenrola-se a busca pelo saber, que então abre espaço ao encontro com o prazer do aprender.
Depois de um ano de atividades, os resultados me instigaram a uma nova busca: aprofundar meus conhecimentos para compreender melhor a riqueza da proposta em desenvolvimento. Como referencial teórico para esta reflexão, escolhi Alicia Fernández, autora de destaque na Psicopedagogia, que enfoca a constituição do sujeito congnitivo-simbólico-autor. Com ela, aprendi que tal processo de constituição passa pela abertura ao pensar. Este, por sua vez, implica em autorização para a criatividade e a ética, que conduz à transformação do sujeito. Ficou mais claro então como, ao longo das atividades, os pequenos pesquisadores desenvolveram-se, articularam-se e diferenciaram-se. Despontaram como condutores da própria aprendizagem. Reconheceram-se como únicos entre seus semelhantes.
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Monografia PUC: Em busca do prazer de pesquisar - Reflexões psicopedagógicas a partir de uma experiência pedagógica
1. Em busca do prazer de pesquisar: Reflexões psicopedagógicas a partir de uma experiência pedagógica Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do Certificado de Especialização em Psicopedagogia Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” da PUC-SP–Cogeae Orientadora: Profa Dra. Maria Lúcia de Almeida Melo
7. Referencial teórico: Alicia Fernández O aprender ocorre no seio do vínculo humano. A aprendizagem é, ao mesmo tempo, processo e função, na medida em que viabiliza a constituição do sujeito como humano, ou seja, sua inserção na cultura. Desde estas primeiras aprendizagens, portanto, colocam-se em jogo: o organismo individual herdado do bebê; seu corpo, construído especularmente; a inteligência, autoconstruída nas interações; e a arquitetura do desejo
8. Referencial teórico: Alicia Fernández É a relação particular entre organismo, corpo, inteligência e desejo, transversalizados pela situação vincular/social da criança, que lhe possibilitam aprender. As estruturas cognitiva (inteligência) e simbólica (desejo) de um indivíduo iniciam-se indiferenciadas, no bebê; e vão se diferenciando no sentido de uma melhor articulação. Aprender é incorporar o conhecimento a partir de uma elaboração objetivante e subjetivante.
9. Referencial teórico: Alicia Fernández Quem ensina transmite sinais do conhecimento àquele que aprende; este os transforma e reconstrói o conhecimento. Os movimentos ensinante e aprendente podem ser simultâneos e estão presentes em todo vínculo. Somente quem se posiciona como ensinante pode aprender; e apenas quem se posiciona como aprendente pode ensinar.
10. Referencial teórico: Alicia Fernández O sujeito da psicopedagogia é este sujeito-ensinante-aprendente, o sujeito da autoria de pensamento. Em seu entendimento, conta com: ● o sujeito epistêmico ● o sujeito desejante ● os sujeitos da antropologia, da linguística, da história, ... O aprender é condição humana que permite a originalidade, a diferença, o posicionamento como autor da própria história – o que se dá a partir da mobilidade entre os posicionamentos ensinantes e aprendentes de cada sujeito.
11. Referencial teórico: Alicia Fernández Mais importante do que o conteúdo ensinado, é o molde relacional, a modalidade de aprendizagem que vai se imprimindo na subjetividade do aprendente. Na situação de aprendizagem, constrói-se, entre o ensinante e o aprendente, um campo de diferenças, que nutre o prazer de aprender. O conhecimento guardado-mostrado pelo ensinante propõe um desafio ao aprendente, que o impele a tomá-lo e reconstruí-lo em aprendizagem, a partir de seu próprio saber e de seu contato com a ignorância. O trabalho da inteligência, a atividade de pensar, nutre-se do desejo de conhecer, da insatisfação. Nesse sentido é que se diz que o aprender é possibilitador de autonomia. Ao mesmo tempo em que se aprende, se constrói o próprio sujeito.