AnáLise SemióTica Do Webjornalismo Na RegiãO De Ijuí
Os jornalistas on line
1. Os jornalistas online em Portugal
João Canavilhas
Universidade da Beira Interior
Índice explorar as potencialidades jornalísticas da
web exigiria um investimento assinalável.
1 Introdução 1 Com a economia em recessão e os merca-
2 Desenvolvimento do jornalismo na In- dos financeiros avisados após a queda das
ternet 2 empresas tecnológicas, a procura de um mo-
3 O caso português 2 delo económico que viabilize o negócio da
4 Conclusão 7 informação online tornou-se num objectivo
5 Bibliografia 7 não cumprido até aos dias de hoje.
Numa fase inicial, pensou-se que a supres-
1 Introdução são das despesas relativas ao papel e à dis-
tribuição colocaria os custos de produção de
O jornalismo online português cumpre este uma publicação online ao nível das receitas
ano uma década. Durante este período, o oriundas da publicidade, o que não se veri-
país assistiu ao nascimento de várias publi- ficou. Apesar das receitas publicitárias on-
cações exclusivamente online e à criação de line continuarem a crescer, os valores atin-
versões web da esmagadora maioria dos me- gidos ainda estão longe de cobrir os custos
dia tradicionais. inerentes a uma publicação pensada para a
Numa primeira fase, jornais, rádios e tele- web. Por isso, a adopção de um modelo eco-
visões foram atraídos pela imagem de ino- nómico análogo aos das televisões e rádios
vação tecnológica associada à presença na hertzianas – baseado quase exclusivamente
Internet e pela possibilidade de consegui- na publicidade – parece não ser, para já, o
rem uma dimensão global até então condi- mais indicado.
cionada pelos circuitos de distribuição. Por Uma das alternativas à publicidade é o pa-
isso, as primeiras edições online limitaram- gamento dos conteúdos. Em Abril de 2005,
se a transportar para a web aquilo que já fa- mês em que a versão online do PÚBLICO
ziam nas versões tradicionais. Só mais tarde passou a ser paga, José Vítor Malheiros, jus-
algumas empresas perceberam o potencial da tificava1 esta opção com a necessidade de au-
web, tendo introduzido funcionalidades pró- mentar as receitas. Segundo ele, para além
prias do meio e criado novos serviços apenas do aumento de custos decorrente da necessi-
possíveis neste meio. 1
Apesar dos avanços, cedo se percebeu que http://jornal.publico.pt/noticias.asp?a=2005&m
=04&d=03&id=14009&sid=1537
2. 2 João Canavilhas
dade de mais recursos humanos e técnicos, a hiperligações, aplicações interactivas e, nal-
versão online levou ao desaparecimento das guns casos, fotos, vídeos ou sons.
assinaturas oriundas do estrangeiro, pelo que Fase 3. Conteúdos desenvolvidos exclusi-
a situação se tornou ainda mais difícil para o vamente para a web, tirando partido de todas
sector online. Por isso, a empresa optou por as suas características.
um modelo de negócio assente no pagamento Esta última fase, a que chamamos Web-
do acesso à informação. Porém, a experiên- jornalismo, caracteriza-se pela produção de
cia de outros sectores económicos indica que informação de cariz noticioso com recurso
é difícil convencer os consumidores a paga- a uma linguagem constituída por palavras,
rem um bem ou serviço quando ele foi for- sons, imagens - estáticas ou em movimento
necido gratuitamente durante um longo pe- - e hiperligações, tudo combinado num todo
ríodo. A excepção verifica-se quando esse coerente, interactivo, aberto e de livre nave-
bem ou serviço sofre melhorias significati- gação para os utilizadores.
vas: neste caso, os clientes estão dispostos a É justamente nesta fase que os factores
mudar de atitude, pagando o bem ou serviço. económicos adquirem especial importância,
O estudo A Internet e a Imprensa em Por- não só ao nível da emissão, como ao da re-
tugal, publicado em 2003, dá bons indicado- cepção.
res nesse sentido, identificando as várias ra- Recepção: Embora o número de utiliza-
zões que levariam os consumidores a pagar dores continue a crescer de forma exponen-
informação online: personalização, desejo cial, a banda larga ainda é uma miragem para
de aceder a informação com suporte multi- grande parte da população. A integração de
média, a actualização permanente e possibi- vídeo e som na notícia, por exemplo, exigem
lidade de trocar informações com os jorna- largura de banda, pois de outra forma os uti-
listas, são algumas das razões que, segundo lizadores desistem de aceder aos conteúdos
os inquiridos, os levariam a pagar o acesso multimédia.
à informação online. A resposta a estes an- Emissão: a dificuldade em financiar os
seios implica necessariamente que o jorna- projectos online tem sido o maior entrave ao
lismo na web entre numa nova fase de de- desenvolvimento de uma nova linguagem. A
senvolvimento. produção de informação multimédia implica
a existência de profissionais que dominem o
processo de produção noticiosa mas que, em
2 Desenvolvimento do
simultâneo dominem um conjunto de ferra-
jornalismo na Internet mentas informáticas que lhes permita traba-
John Pavlik (2001) sistematizou a evolução lhar conteúdos multimédia.
do jornalismo na web em três fases:
Fase 1. Os conteúdos disponibilizados on- 3 O caso português
line são os mesmos que antes foram publica-
dos nas versões tradicionais do meio. O jornalismo que actualmente se faz na web
Fase 2. Os conteúdos são produzidos uni- encontra-se ainda na segunda fase de de-
camente para as versões online, contendo já senvolvimento preconizada por Pavlik. Na
maior parte dos casos, aquilo a que se chama
www.bocc.ubi.pt
3. Os jornalistas online em Portugal 3
jornalismo online é a disponibilização de no- a classe, suas características, dificuldades e
tícia de última hora. Jornais exclusivamente anseios.
online, como o Diário Digital ou o Portugal
Diário, estão longe de ter entrado na fase de 3.1 Metodologia
webjornalismo. O Diário Digital funciona
como uma espécie de jornalismo de agência, No mês de Fevereiro de 2005 foram identi-
ao qual se juntam hipertexto, arquivo, artigos ficadas as publicações online existentes em
de opinião e a possibilidade de contactar os Portugal e compilados os contactos dos seus
jornalistas. jornalistas. Nas 253 publicações exclusiva-
O Portugal Diário, por seu lado, acres- mente online, ou com uma versão online, fo-
centa a tudo isto algumas novas funcionali- ram recolhidos os endereços electrónicos de
dades e ainda “dossiers multimédia” que se 93 jornalistas4 .
resumem a textos, fotografias e, nalguns ca- No contacto estabelecido, 8 endereços
sos, curtos vídeos. electrónicos estavam errados e 5 publicações
As restantes publicações fornecem edi- não responderam, pelo que o universo do es-
ções online com características muito seme- tudo ficou reduzido a 20 publicações com 79
lhantes às das suas versões tradicionais, ti- jornalistas. Destes, 54 preencheram o inqué-
rando partido de algumas características da rito enviado por correio electrónico.
web mas, ainda assim, muito longe de ex- Os inquiridos responderam a 17 questões
plorarem as potencialidades do meio. Casos divididas em quatro grandes grupos: dados
como a TSF online ou a SIC online funcio- pessoais, experiência profissional, formação
nam com base em texto, ao qual acrescen- e utilização da Internet.
tam os hipermédia2 naturais de cada um dos Foi ainda incluído um grupo de questões
meios: som ou vídeo. destinados a integrar os dados recolhidos, so-
A marca mais visível de uma terceira fase licitando a concordância ou discordância em
de desenvolvimento do jornalismo na web é relação a algumas frases onde se abordavam
a oferta de infografias multimédia. Porém, questões ligadas à sua actividade profissio-
ainda são poucas as publicações portuguesas nal.
que apostam no Flash, uma ferramenta com
potencial para criar um novo género jornalís- 3.2 Amostra
tico no online.
De um universo 79 jornalistas foram rece-
Apesar de tudo, os jornalistas que traba-
bidos 54 inquéritos, conseguindo-se assim
lham no online partilham um conjunto de va-
uma Taxa de Retorno de 71%, um valor sufi-
lores comuns e têm uma noção clara da si-
ciente para validar os resultados.
tuação que vivem, pelo que o ponto de par-
3
tida para a análise da situação do jornalismo Das publicações identificadas, 5 forneciam um
na web passa necessariamente por conhecer endereço único, por isso considerou-se a existência
de um só jornalista na redacção.
2 4
Utiliza-se a palavra hipermédia para referir foto- Neste trabalho o termo “jornalista” é entendido
grafias, clips de vídeo/áudio ou animações em flash. como o profissional que trabalha numa publicação on-
line, não sendo considerada a necessidade de carteira
profissional.
www.bocc.ubi.pt
4. 4 João Canavilhas
3.2.1 Sexo 3.3 Experiência profissional
A observação das fichas técnicas das publi- A maioria dos jornalistas que trabalha nas
cações online permite afirmar que as mulhe- edições online está em início de carreira:
res (54,9%) estão em maioria no universo do 53,75% exerce a profissão há menos de 5
jornalismo online. A amostra que serviu de anos, 29,6% trabalha há 6 /10 anos e apenas
base a este estudo reflecte esse mesmo domí- 14,8% trabalha há mais de 11 anos.
nio, com 59,3% dos inquiridos a pertencer ao O facto do grupo mais representado ser
sexo feminino. o dos jornalistas em início de carreira po-
dia indicar que o online é um recurso para
3.2.2 Idade os que não encontram colocação nos meios
tradicionais. Porém, apenas 38,9% dos jor-
O escalão etário mais representado é o dos nalistas afirma que o trabalho no online foi
26/35 anos (59,3%), seguido dos que têm um recurso, enquanto 61,1% defende que
menos de 25 anos (24,1%), do grupo 36/45 a escolha do online foi efectuada por von-
(12,9%) e do escalão 46/55 (3,5%). tade própria. A ideia parece ser reforçada
A percentagem de jornalistas portugueses pelo facto de apenas 35,2% dos inquiridos
com menos de 35 anos (83,4%) é concor- ter começado a sua carreira no online. Os
dante com o que se verifica na América La- restantes inquiridos optaram por sair de ou-
tina, onde 87%5 tem entre 20 e 30 anos, um tros meios para ingressarem no online, com
dado que não surpreende dado estarmos a fa- 35,2% vindo da imprensa escrita, 22,2% da
lar de um fenómeno recente. rádio e 7,4% da televisão.
A proporção homens/mulheres não é uni- Este grupo de jornalistas online originá-
forme em todos os escalões. A diferença rios de outros meios considera mesmo que
é particularmente desequilibrada nos gru- o trabalho no online é mais gratificante
pos dos “menores de 25 anos” e dos 36/45. (59,3%), enquanto 29,6% diz preferir outro
No caso dos jornalistas em início de car- meio e 11,1% não tem opinião.
reira, as mulheres representam 84,6%, sendo Em termos de organização das redacções
que os poucos homens pertencentes a este online, e contrariamente ao que é vulgar nos
grupo trabalham numa publicação online di- meios tradicionais, o trabalho em diferentes
zem que o trabalho neste meio foi um re- editorias é prática habitual, com 46,3% dos
curso. inquiridos a trabalhar para várias secções.
No grupo etário 36/45 regista-se precisa- Seguem-se as secções de Sociedade (27,8%),
mente o caso contrário, com 85,7% dos jor- Política (22,2%), Nacional (16,7%), Cultura
nalistas a pertencerem ao sexo masculino e (12,9%), Desporto (11,1%) e Internacional
98,1% a afirmarem que o trabalho no online (5,6%).
foi uma opção.
5
http://www.noticiasdot.com/publicaciones/2004/ 3.4 Formação
0404/2604/noticias260404/noticias260404-15.htm
A esmagadora maioria dos jornalistas inqui-
ridos (90,7%) refere que a web é um novo
www.bocc.ubi.pt
5. Os jornalistas online em Portugal 5
meio de comunicação social e há um con- de som (14,8%), edição de HTML (12,9%),
senso (98,1%) quando referem que o jorna- edição de vídeo (7,4%) e edição electrónica
lismo online não é apenas uma moda. Estes (5,6%).
dados permitem afirmar que a identificação Justamente por falta de formação, ou por
de uma linguagem jornalística própria para a opção da empresa, os hipermédia ainda não
web e a necessidade de formação específica são muito utilizados nas publicações portu-
nesta área adquirem uma importância cru- guesas. Apenas 68,5% dos jornalistas utiliza
cial. o hipertexto nos seus artigos, embora 74,1%
A formação na empresa é a situação mais considere que se trata de um bom auxiliar na
habitual entre os profissionais que trabalham hora de construir a notícia.
no online (53,7%). Destes, 77,3% teve for- A integração de vídeo ou som na notícia é
mação em actividade, contra apenas 22,7% mais rara, com 44,4% a referir a sua utiliza-
que adquiriu competências nesta área em ção. Embora as percentagens pareçam sig-
cursos fornecidos pela empresa. Os restan- nificativas, a realidade é algo diferente. A
tes inquiridos receberam formação especí- análise das publicações onde trabalham es-
fica no Ensino Superior (16,7%) ou no Cen- tes jornalistas permite observar uma utiliza-
jor (9,3%). Há ainda uma percentagem sig- ção diminuta do som/vídeo. Ainda assim, e
nificativa de jornalistas (33,3%) que não teve salvo raríssimas excepções, o som e vídeo
qualquer tipo de acção formativa. são usados apenas pelas edições online dos
A baixa percentagem de jornalistas que meios que, na sua versão tradicional, ofere-
recebeu formação no Ensino Superior e a cem este tipo de formato. A TSF Online, por
emergência dos meios online levam 94,4% exemplo, disponibiliza sons, tal como a SIC
dos inquiridos a considerar que a opção de Online disponibiliza vídeos. Ou seja, os hi-
jornalismo online deve ser introduzida no permédia são usados apenas como comple-
currículo das escolas. mento, não se verificando a sua integração
Actualmente, seis escolas de Ensino Supe- na notícia.
rior português ministram uma disciplina de O recurso ao hipertexto começa a ser mais
jornalismo online, embora com denomina- vulgar nas publicações portuguesas, embora
ções diferentes. Outras escolas incluem no a sua utilização se fique pela referência a ar-
seu curriculum disciplinas ligadas à temática tigos relacionados com a notícia.
digital onde o jornalismo online é abordado.
Embora 88,9% dos jornalistas considere 3.5 Utilização da Internet
importante o domínio de ferramentas des-
tinadas à produção de conteúdos multimé- Das várias funções oferecidas pela Internet,
dia, o inquérito revelou que os softwa- a procura de informação é a mais referida
res mais utilizados são os processadores de (100%) pelos jornalistas. Seguem-se a lei-
texto (96,3%), os programas destinados tra- tura/envio de correio electrónico (98,1%), a
tamento digital de fotografias (87%) e as fo- actualização de dados (90,7%), o contacto
lhas de cálculo (31,5%). As ferramentas de com fontes (87%), a formação (81,5%) e o
produção multimédia têm utilizações mar- contacto com especialistas (72,2%).
ginais: animação vectorial (16,6%), edição Para as pesquisas na web, o motor prefe-
www.bocc.ubi.pt
6. 6 João Canavilhas
rido dos jornalistas é o Google (94,4%), se- repetem. O mais referido é jornalismo ac-
guido do Yahoo (31,5%), do SAPO (29,6%), tualizado ao minuto.
do Altavista (24,1%) e do A9 (7,4%). É con- Com a questão da velocidade em desta-
sensual que a web facilitou uma das activida- que, foi perguntado aos jornalistas se é jus-
des base do jornalismo, a pesquisa. tificável cometer incorrecções para ser o pri-
Uma das características que distingue o meiro a dar a notícia. Os resultados referem
jornalismo online do jornalismo desenvol- que 90,1% rejeita esta hipótese, um valor
vido nos restantes meios é a possibilidade alto mas que deixa ainda 9,9% de jornalis-
dos leitores contactarem os jornalistas. Po- tas para quem ser o primeiro a avançar uma
rém, essa possibilidade não é explorada informação justifica a falta de rigor.
nas edições online portuguesas, pois ape- Face à possibilidade de actualização cons-
nas 22,2% assina os trabalhos com endereço tante das notícias, perguntou-se ainda aos
electrónico próprio. A prova de que os lei- jornalistas se é justificável que algumas pu-
tores apreciam esta possibilidade é o facto blicações online tenham periodicidade. Os
de 91,6% dos que assinam com endereço dados revelam que 62,9% dos inquiridos
próprio receber mensagens dos seus leitores: discorda, defendendo uma actualização ao
72,7% recebe 1 a 5 mensagens por artigo e ritmo dos acontecimentos.
27,3% recebe 6 a 10 mensagens. Quase me- Para além da questão da velocidade, os
tade dos jornalistas (45,5%) responde a todos jornalistas definiram ainda jornalismo online
as mensagens, exactamente a mesma percen- como eficaz, imediato e sintético, misto de
tagem de jornalistas que responde apenas a papel e rádio, consequência tecnológica,
algumas. complemento para os restantes meios ou,
Os sites mais utilizados para actualiza- simplesmente, jornalismo com um tempo
ção de informações são a Lusa (44,4%), o de vida mais reduzido. Foram ainda assi-
Público (18,5%), a TSF (14,8%), a BBC nalados termos como opinião, gratuitidade,
(12,9%), o Diário Digital (11,1%), o El emoção, opinião e interacção.
Mundo (9,3%) e a CNN (7,4%). São ainda
referidas mais 17 fontes de informação, mui-
tas delas ligadas a áreas de trabalho específi-
cas de determinadas secções.
O facto da Internet ter aumentado a oferta
de informação poderiam tornar o jornalista
dispensável, mas não é isso que pensam os
jornalistas online: 98,1% dos inquiridos diz
que o excesso de informação é, justamente,
uma situação que reforça a necessidade de
jornalistas que hierarquizem e seleccionem a
informação.
Neste estudo foi pedido aos jornalistas que
definissem “jornalismo online”. Embora as
definições variem bastante, há termos que se
www.bocc.ubi.pt
7. Os jornalistas online em Portugal 7
4 Conclusão ções – não mostraram ser capazes de viabi-
lizar o negócio. O modelo misto – acesso
Podemos dizer que os jornalistas online por-
gratuito à maior parte dos conteúdos + pu-
tugueses são, sobretudo, jovens em início de
blicidade direccionada (em resultado da ne-
carreira, o que é natural dado tratar-se de
cessidade de registo) + venda de conteúdos -
uma área de especialização recente. Estes
parece ser o modelo mais promissor, já que
jornalistas são profissionais que estão no on-
garante o essencial para viabilizar o negócio:
line por opção, embora entre o sexo feminino
a existência de público.
se registe uma rejeição inicial ao online.
Neste mar de dúvidas relacionadas com
Embora reconheça que o domínio das fer-
questões financeiras, há uma certeza: o web-
ramentas online é muito importante para a
jornalismo terá de encontrar uma linguagem
profissão, a esmagadora maioria dos jor-
que tire partido das características do meio.
nalistas apenas domina processadores de
Este estilo de informação exige investimen-
texto, programas de tratamento de imagem
tos, como se viu, grande parte do qual em re-
e softwares de edição online próprios da sua
cursos humanos qualificados, algo que o sis-
publicação, tendo obtido esta última com-
tema de ensino deve ter em consideração nos
petência em formação na própria empresa.
tempos vindouros.
Acreditando que o online não é apenas uma
moda, os jornalistas recomendam às escolas
a integração de algumas disciplinas específi- 5 Bibliografia
cas nos currículos.
Canavilhas, João Messias. A notícia no web-
Das características fundamentais do jorna-
jornalismo: arquitectura e leitura da
lismo na web - multimédia, interactivo, hi-
imagem 152-171 em Brasil A, Alza-
pertextual, personalizado e memória – ape-
mora G. e outros (org). Cultura em
nas a “interactividade” foi amplamente re-
Fluxo: novas mediações em rede, Mi-
ferida pelos jornalistas portugueses que par-
nas Gerais , Edit. PUC-Minas, 2004
ticiparam neste estudo. Se lhe juntarmos
a “actualização permanente”, ficamos com Noci, Javier Díaz y Salaverria, Ramón (co-
uma imagem daquilo que é a realidade diá- ord), Manual de Redacción Ciberperi-
ria das publicações informativas portuguesas odística, Barcelona, Ariel Comunica-
disponíveis na web: integração de hiperme- ción, 2004
dia quase inexistente, fraca utilização do hi-
pertexto e aposta nas notícias de última hora, Pavlik, John, Journalism and new media,
num modelo muito semelhante aos das agên- New Cork, Columbia University Press,
cias de notícias. 2001
Por detrás desta realidade parece estar a
Valcarce, David P. y Marcos, José A. Ciber-
dificuldade em encontrar um modelo de ne-
periodismo. Madrid, Sintesis, 2004
gócio que viabilize as publicações online. Os
três modelos até agora testados - pagamento Ward, Mike, Journalism Online, Oxford, Fo-
do acesso à informação, registo para acesso calPress, 2002
gratuito à edição do dia e acesso sem restri-
www.bocc.ubi.pt
8. 8 João Canavilhas
Textos OnLine
Cabrera González, M.A. [2000] Conviven-
cia de la prensa escrita y la prensa
on line en su transición hacia el
modelo de comunicación multimédia,
http://www.ucm.es/info/perioI/Period_
I/EMP/Numer_07/7-4-Comu/7-4-01.h
tm, consultado em 15 de Maio de 2005
Fidalgo, António [2000] JAC – Jornalismo
Assistido por computador, http://www.
labcom.ubi.pt/jac/o_que_e_jac.html,
consultado em 22 de Abril de 2005
Estudos OnLine
A Internet e a Imprensa em Portugal - Estudo
da Vector XXI, http://www.vector21.co
m/pd/estudosmercado/, consultado em
2 de Maio de 2005
Participaram neste estudo jornalistas
das seguintes publicações: Azores News,
Canal de Notícias do IPV, Diário Digital, Ex-
presso OnLine, Fábrica de Conteúdos, Oeste
OnLine, OnLine News, Portugal Diário, Mo-
liceiro, Mundo Luso, Record OnLine, RTP
OnLine, Setúbal na Rede, SIC OnLine, Sin-
tra Digital, Público OnLine, TSF Online,
Urbi@Orbi, Tinta Fresca, Visão OnLine.
www.bocc.ubi.pt