2. Você já se sente professor de Língua
Portuguesa (LP)? Quais são os requisitos
necessários para a composição do professor de
LP? No que consiste uma boa aula de LP? Qual
o espaço da educação na nossa sociedade?
3. As concepções de Língua/linguagem: implicações
para a prática educativa e configuração identitária
do professor de LP.
Afinal, Língua é gramática? Língua é código?
Língua é variação? Língua é interação?
Segundo Travaglia (1996), a linguagem pode ser
vista como:
1. Manifestação do pensamento;
2. Código/veículo ou instrumento de comunicação;
3. Interação.
4. Cada campo do saber dentro da linguística vai
abordar e, portanto, compreender a língua(gem)
sob um ponto de vista. Cabe a nós, estudiosos
desse objeto, estabelecermos filiações e operar
com a multiplicidade de informações.
Ensino prescritivo: aprende aquele que domina as
regras da linguagem normativa.
Ensino descritivo: considera todas as variedades
linguísticas.
Ensino produtivo: objetiva acrescentar novas
habilidades linguísticas aos alunos (PCN’s)
5. Nos dias de hoje, a sociedade carece de um
sujeito crítico, hábil na linguagem, que use as
práticas de leitura e escrita para significar o
mundo que o cerca. Proficiência linguística.
Nesse sentido, o texto/gênero deve ser a unidade
de ensino, uma vez que são reveladores de
processos das mais variadas situações de
comunicação.
6. Letramento: resultado da ação de ensinar a ler e
escrever dentro de um contexto onde a escrita e a
leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno.
(Magda Becker Soares, professora titular da
Faculdade de Educação da UFMG).
A construção educativa deve garantir ao discente uma
formação consistente, significativa, que lhe possa dar
condições para o exercício da cidadania ao longo de
sua vida. Democracia.
7. Assim, o professor deve fomentar situações reais de
produção de sentido, sendo necessário pensar a
abordagem teórico-metodológica de suas aulas de
modo a assegurar a competência comunicativa.
Um sujeito capaz de lidar satisfatoriamente com as
práticas de escrita e oralidade nas diversas esferas
sociais constitui-se em um sujeito letrado.
Um dos instrumentos pedagógicos norteador do
trabalho do professor são os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs).
8. Vamos refletir sobre alguns apontamentos
relevados pelos PCNs quanto ao ensino de
língua:
1. A razão de ser das propostas de leitura e
escuta é a compreensão ativa e não a
decodificação e o silêncio;
2. A razão de ser das propostas de uso da fala e
da escrita é a interlocução efetiva, e não a
produção de textos para serem objetos de
correção;
3. As situações didáticas têm como objetivo levar
os alunos a pensar sobre a linguagem para poder
compreendê-la e utilizá-la apropriadamente às
situações e aos propósitos definidos. (p. 19)
9. O professor deve mudar a abordagem do ensino focado
em palavras, frases soltas, para o gênero.
Primar pela classificação e taxonomia do gênero em
detrimento da compreensão da sua função social é insistir
no erro. Obviamente, saber que tipo de gênero se trata é
importante, mas não menos relevante é considerar os
aspectos constitutivos do gênero - as condições de sua
produção, as práticas sociais nas quais ele é construído,
os possíveis papéis sociais assumidos pelos participantes
dessa prática, o seu propósito na interação.
10. Sabemos que o aprendiz não detém todas as
estratégias necessárias para a prática de leitura e
escrita, elas deverão ser introduzidas e
desenvolvidas gradativamente, daí a importância
de selecionar material didático condizente com o
nível de letramento que se encontra o aluno.
11. Toda e qualquer ação pedagógica deve ter como
escopo um ou outro gênero, uma vez que nos
comunicamos, interagimo-nos através dos
mesmos.
Você acha que se deve trabalhar em sala apenas
os gêneros escritos? Os gêneros orais não
demandam o domínio de estratégias linguísticas,
textuais e discursivas que devem ser
desenvolvidas?
E quanto aos gêneros híbridos? Qual o espaço
concedido a eles na escola? À propósito, o que é
mesmo gênero híbrido?
12. Gêneros primários : atividades de linguagem
realizadas em um âmbito mais familiar e, por
assim ser, seguem padrões menos rígidos.
Gêneros secundários : moldam-se a uma
matriz cujos parâmetros são mais fixos e,
portanto, menos negociáveis.
O memorial, por exemplo, é um gênero
considerado híbrido na medida em que deixa
transparecer aspectos domésticos, íntimos do
sujeito que enuncia e evidencia traços da esfera
pública já que é um gênero acadêmico.
13. Portanto, caro acadêmico, caberá ao professor
selecionar gêneros orais e escritos tanto da
esfera primária, quanto da esfera secundária,
além, é claro, considerar os gêneros híbridos
quando for elaborar seu plano de aula.
Quais critérios devem nortear esta seleção?Como
promover o desenvolvimento da língua/linguagem
através do uso de gêneros em sala de aula?
14. Observe 4 aulas de LP em uma escola pública e
avalie os seguintes aspectos:
1. Qual a visão de língua/linguagem trabalhada em sala de
aula?
2. O que é ensinado está de acordo com as orientações
dos PCNs?
3. Qual o lugar da oralidade na prática de ensino?
4. As aulas observadas se apóiam na noção de gênero?
Justifique.
5. Quais os recursos didáticos utilizados pelo(a)
professor(a)?
6. Aponte dois pontos positivos e dois pontos negativos da
aula assistida.
15. O professor, diante da multiplicidade de usos da
língua oral e escrita de acordo com as demandas
comunicativas, deverá não só conscientizar os
alunos da variação linguística, mas criar situações
de aprendizagem que requerem habilidade do
falante para produzir efeitos de sentido.
Sujeitos pertencentes a classes sociais diferentes
terão relação com a linguagem (escrita/oral)
também de maneira diferenciada. Cabe ao
professor: continuar reproduzindo essa divisão.
16. Revisão da dicotomia língua escrita e língua oral:
entendê-las como modalidades hibricadas,
heterogêneas. Marcuschi (2001) defende que o
objetivo central do ensino de língua: É o pleno
domínio e uso de ambas as modalidades nos seus
diferentes níveis.
Na pretensão de se ensinar a variedade culta o
ponto de partida deve ser a língua falada no dia-a-
dia, somente assim o aluno terá condições de
refletir, entender o funcionamento da língua e,
portanto, apropriar-se de outras variedades das
quais ele não tenha tanta familiaridade.
17. Nesse contexto, necessário se faz a escolha
adequada de recursos didáticos condizentes com
os interesses do público-alvo. O professor deve
promover situações das quais naturalmente
emergirão textos/gêneros diversos.
pesquisas apontam que poucos professores
apresentam uma abordagem metodológica de
ensino de língua diferente daquela tradicional e
estanque. Ensino de língua para muitos é sinônimo
de ensino de gramática normativa. Talvez, esteja aí
o ponto de desinteresse dos alunos pela disciplina
Língua Portuguesa.
18. Val (1991) define texto: como ocorrência linguística
falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de
unidade sociocomunicativa, semântica e formal.
Beaugrande e Dressler (apud Val, 1991) destacam sete
fatores responsáveis pela textualidade de um discurso
qualquer:
1. Coerência; 2. Coesão que se relacionam com o
material conceitual e linguístico do texto;
3. Intencionalidade; 4. Aceitabilidade;
5. Situacionalidade; 6. Informatividade;
7. Intertextualidade, os quais têm a ver com os fatores
pragmáticos envolvidos no processo sociocomunicativo.
19. Qual é o espaço conferido ao texto oral em sala de aula?
Os gêneros orais não são tratados como objetos de
ensino nas aulas de Língua Portuguesa, geralmente,
eles emergem de situações corriqueiras da sala de aula.
As ações empreendidas quando um determinado gênero
oral é demandado na prática pedagógica carecem de
planejamento, reflexão e apreensão.
O professor de LP não pode se esquivar de ensinar
gêneros orais, sob pena de formar um aluno
despreparado para as ações de linguagem.
20. De que tipo de texto estamos falando?
Qual é a concepção de texto operada em sala de
aula?
Que critérios devemos utilizar para a seleção
desses textos?
Que gêneros escritos devemos trabalhar na
escola?
Como trabalhá-los da melhor forma?
De que escrita estamos falando?
21. Quanto à escrita, sabemos que não é todo sujeito
que tem pleno o domínio da mesma, sobretudo,
quando ela vem representada como o lugar legítimo
da norma, funcionando a serviço daqueles que
recorrem ao discurso como forma de sedimentar
divisão de classes. De que forma podemos mudar
essa situação?
A questão é mostrar os recursos que a língua
oferece quando participa de um determinado
evento enunciativo. Assim, construir-se-Á sua
identidade comunicativa e vai se sentindo à
vontade para ousar, criar e jogar com o outro nas
interações verbais.
22. Diferentemente do que geralmente se difunde, a
entrevista não é um gênero de texto
exclusivamente jornalístico.
FÓRUM
Faça uma entrevista, seguindo a estrutura acima
exposta, com a coordenadora da área
"Linguagens, códigos e suas tecnologias" sobre o
ensino de língua materna na escola. Em seguida,
escreva seu posicionamento diante das respostas
e discuta com seus no Fórum da aula.
23. Não há porque privilegiarmos o ensino da escrita em
detrimento da oralidade, ambas devem ser trabalhadas,
sem hierarquias. Ocorre que estudos sobre o ensino da
oralidade ainda são escassos.
Como ter segurança de que sua atuação é adequada
para a expectativa deformação de um aluno ideal?
Particularmente sobre a oralidade, como eleger
metodologias satisfatórias para o seu desenvolvimento?
Aulas cuja temática se baseie nas proximidades entre
fala e escrita podem cooperar para o entendimento da
língua em funcionamento.