SlideShare une entreprise Scribd logo
1  sur  4
Télécharger pour lire hors ligne
0873-9781/08/39-3/102
            Acta Pediátrica Portuguesa
            Sociedade Portuguesa de Pediatria                                                             CASUÍSTICA


Hipopituitarismo congénito e colestase neonatal
Carla Maia, Carla Veiga, Alice Mirante, Isabel Gonçalves
Hospital Pediátrico de Coimbra



Resumo                                                            have hypopituitarism. The median age at diagnosis was 1,5
                                                                  months (twelve days to four months). Four children were
O hipopituitarismo congénito é uma causa rara, mas tratável,
                                                                  male and all had microphallus. All patients had at least one
de colestase neonatal. O diagnóstico deve ser evocado peran-
                                                                  episode of symptomatic hypoglycemia in the first days of life
te a seguinte combinação: colestase, hipoglicémia, micropénis
                                                                  and cholestasis was noticed in the first week. At admission
e dismorfismos faciais da linha média. Descrevem-se cinco
                                                                  mean total bilirrubin levels, ALT and GGT were: 156 μmol/L,
casos referenciados por colestase neonatal cujo diagnóstico
                                                                  58 and 74 UI/L. Low levels of cortisol and growth hormone,
final foi hipopituitarismo congénito. A mediana da idade na
                                                                  during episodes of hypoglycemia, were demonstrated in all.
altura do diagnóstico foi de um mês e meio (doze dias a qua-
                                                                  Four patients had low thyroid hormones levels. Brain magne-
tro meses). Quatro crianças eram do sexo masculino e todos
                                                                  tic ressonance was abnormal in all, with pituitary gland stalk
os rapazes apresentavam micropénis. Todos tiveram pelo
                                                                  hypoplasia being the most frequently reported. The treatment
menos um episódio de hipoglicémia sintomática no período
                                                                  with hydrocortisone, growth-hormone and thyroxine impro-
neonatal precoce e todos apresentaram colestase com início
                                                                  ved liver disease within 4-6 weeks.
na primeira semana de vida. A mediana da bilirrubina total, da
alanina aminotransferase (ALT) e da gama-glutamil trans-          Key-words: neonatal cholestasis, hypopituitarism, hypo-
ferase (GGT), na data da admissão, foi de 156 μmol/L, 58 e        glycemia, microphallus, facial dysmorphic features.
74 UI/L respectivamente. Os doseamentos hormonais, em
                                                                  Acta Pediatr Port 2008;39(3):102-5
hipoglicémia, revelaram insuficiência de cortisol e hormona
de crescimento em todos os casos. As hormonas tiroideias
estavam diminuídas em quatro casos. A ressonância magné-                                     Introdução
tica crânio – encefálica foi anormal em todos, sendo a hipo-
plasia da haste pituitária a alteração mais frequente. O trata-   O hipopituitarismo congénito é uma causa rara de colestase
mento com hidrocortisona, hormona de crescimento e tiroxina       neonatal, representando menos de 1% das etiologias de coles-
conduziu a melhoria progressiva das alterações hepáticas em       tase1. No entanto, 35% dos doentes com hipopituitarismo,
4-6 semanas.                                                      diagnosticados no período neonatal, apresentam-se com
                                                                  colestase2.
Palavras-chave: colestase neonatal, hipopituitarismo, hipo-
glicémia, micropénis, dismorfismos faciais.                       A colestase é habitualmente moderada e a hipoglicémia
                                                                  frequente e precoce3. O diagnóstico de hipopituitarismo ba-
Acta Pediatr Port 2008;39(3):102-5                                seia-se na demonstração do défice parcial ou total na produ-
                                                                  ção de hormonas hipofisárias4.
                                                                  Estas alterações podem acompanhar-se de malformações ana-
Congenital           hypopituitarism            and   neonatal    tómicas das estruturas cerebrais da linha média (displasia
cholestasis                                                       septo-óptica)5 - hipófise, nervos ópticos, corpo caloso e sep-
Abstract                                                          tum pellucidum, com um espectro variável, sendo possível
                                                                  nalguns casos traçar uma correlação genótipo-fenótipo4.
Congenital hypopituitarism is an unusual cause of cholestasis
in the neonate. The clinical diagnosis can be suspected when      O hipopituitarismo é uma causa tratável de colestase, com
the following combination is present: cholestasis, hypogly-       melhoria da hepatopatia sob terapia hormonal de substituição.
cemia, microphallus and facial dysmorphic features. We            Os casos não tratados podem evoluir para cirrose3.
report five cases of children referred for investigation of       O presente trabalho caracteriza os doentes com hipopitui-
neonatal cholestasis and who were subsequently found to           tarismo congénito que se apresentaram como colestase neo-


Recebido:     11.02.2007                                          Correspondência:
Aceite:       26.05.2008                                          Carla Maia
                                                                  Hospital Pediátrico de Coimbra
                                                                  Avenida Bissaya Barreto
                                                                  3000 Coimbra
                                                                  239 480300
                                                                  carla.maia@iol.pt


102
Acta Pediatr Port 2008:39(3):102-5                                                                  Maia C et al – Hipopituitarismo congénito e colestase


natal e alerta para as características clínicas que evocam o                           mediana da bilirrubina total, ALT e GGT, na data da admis-
diagnóstico.                                                                           são, foi de 156 μmol/L, 58 e 74 UI/L respectivamente. Dois
                                                                                       casos apresentavam coagulopatia (Quadro II). Todos apresen-
                                                                                       tavam valores normais de amónia e lactatos.
                            Relato dos casos
                                                                                       Em todos os casos, os doseamentos hormonais realizados em
De Janeiro de 2000 a Dezembro de 2005 foram admitidos                                  hipoglicémia mostraram valores anormalmente baixos de hor-
para investigação 27 casos de colestase neonatal, dos quais                            mona de crescimento e de cortisol. Quatro casos apresenta-
cinco tiveram o diagnóstico final de hipopituitarismo congé-                           vam deficiência de hormonas tiroideias. Na criança com
nito. O Quadro I resume as suas características clínicas.                              maior demora diagnóstica foram realizados vários doseamen-
                                                                                       tos hormonais previamente ao diagnóstico, contudo nenhum
Quatro crianças eram do sexo masculino e uma do sexo femi-
                                                                                       em hipoglicémia.
nino, com idades, à data do diagnóstico, variando entre os
doze dias e os quatro meses (mediana de mês e meio). Dois                              A ressonância magnética crânio-encefálica documentou em
casos eram ex-prematuros e todos apresentavam um adequado                              todos alterações da adeno-hipófise, neuro-hipófise e/ou haste
peso de nascimento. Em todos, documentou-se pelo menos                                 pituitária. Dois casos apresentavam agenesia do septum pellu-
um episódio de hipoglicémia sintomática no período neonatal                            cidum e três casos agenesia do corpo caloso.
precoce. Na sequência desta hipoglicémia houve a suspeita
                                                                                       Confirmado o diagnóstico de hipopituitarismo, iniciou-se
clínica de sepsis e todos efectuaram antibioterapia endove-
                                                                                       terapêutica de substituição hormonal. Todas as crianças ini-
nosa. No entanto, apenas dois casos apresentaram hemocultu-
                                                                                       ciaram hidrocortisona (8 a 10 mg/m2/dia, 2 id) e hormona de
ras positivas. Todos apresentaram icterícia com critérios de
                                                                                       crescimento (0,025 a 0,03 mg/Kg/dia). Quatro crianças inicia-
fototerapia na primeira semana de vida. Em quatro casos foi
                                                                                       ram tiroxina (12,5 a 25 μg/dia). Os episódios de hipoglicémia
documentada má progressão ponderal.
                                                                                       desapareceram com o tratamento hormonal de substituição.
À observação todos apresentavam icterícia generalizada e                               Paralelamente foi instituída terapêutica de suporte da colesta-
hipotonia, os rapazes apresentavam micropénis e duas crian-                            se (suplementação de vitaminas lipossolúveis e sais biliares).
ças apresentavam dismorfismos da linha média. A criança
                                                                                       Relativamente à coagulopatia, o doente com maior demora
com maior demora diagnóstica apresentava hepatoespleno-
                                                                                       diagnóstica apresentou um quadro de coagulopatia refractária
megália. Dois casos apresentavam alterações oculares. A
                                                                                       à vitamina K, na dependência do défice de hormonas tiroi-
demora diagnóstica variou entre dois dias e quatro meses.
                                                                                       deias.
Somente o caso dois foi referenciado com suspeita clínica de
hipopituitarismo.                                                                      Houve melhoria progressiva, com resolução da hepatopatia
                                                                                       em todos, com uma mediana de dois meses (quinze dias - seis
A retenção de bilirrubina é a alteração laboratorial pre-
                                                                                       meses). A mediana do acompanhamento foi de 18 meses (mês
dominante, contrastando com a citólise relativamente mode-
                                                                                       e meio - cinco anos). Na data da última avaliação nenhum
rada. Apenas uma criança apresentava GGT elevada. A
                                                                                       apresentava sinais de hepatopatia crónica.

Quadro I – Características clínicas dos casos estudados.

    Caso/sexo                  Idade               Hipoglicémia           Dismorfismos             Micropénis               Hepato/                 Défice visual
                               de Dx                                                                                    esplenomegália
          1/                   12 D                      +                         -                     +                      -/-                       -
          2/                   4,5 M                     +                         +                     +                     +/+                   nistagmus
          3/                   2,5 M                     +                         -                     +                      -/-                       -
          4/                   1,5 M                     +                         +                     +                      -/-                  amaurose
          5/                   1,5 M                     +                         -                                            -/-                       -
 D: dias; M: mês, Dx: diagnóstico; +: presente, -: ausente.



Quadro II – Avaliação laboratorial dos casos estudados.

   Caso           Brb T        Brb D            ALT           AST          GGT          Coag           T4 L            TSH             Cortisol*        HC*
                (µmol/L)      (µmol/L)         (U/L)          (U/L)        (U/L)                    (0,8 – 1,9      (0,38–6,15        (>25 µg/dl)    (>20 ng/ml)
                                                                                                      ng/dl)          µUI/ml)
      1            371            96            43             56          599             -             N               N               2,7             3,7
      2            178            92            86            611           45            +            0,71            0,108             8,4             1,1
      3            124            61            58            135           74            +            0,76            4,77              <1              2,6
      4            156            86           629            1410          54            -            0,74             7,2              <1              6,0
      5            130            98            16             50          143            -            0,70             3,1               1              4,1
 Brb T: bilirrubina total; Brb D: bilirrubina directa; ALT: alanina aminotransferase; AST: aspartato aminotransferase; GGT: gama-glutamil transferase; Coag: coagu-
 lopatia; T4 L: T4 livre; TSH: thyroid stimulating hormone; HC: hormona de crescimento, N: normal; +: presente; -: ausente; * em hipoglicémia.


                                                                                                                                                                 103
Acta Pediatr Port 2008:39(3):102-5                                                Maia C et al – Hipopituitarismo congénito e colestase


                           Discussão                                Foi também De Morsier que descreveu, em 1956, a primeira
                                                                    associação entre hipopituitarismo e colestase neonatal. No
No período considerado, o hipopituitarismo congénito foi a
                                                                    entanto, a fisiopatologia da lesão hepática permanece actual-
causa de colestase em cerca de 17% do total de casos. Esta
                                                                    mente por clarificar. Sabe-se que o défice de cortisol, de hor-
percentagem, superior à referida na literatura, pode justificar-
                                                                    mona de crescimento e de hormonas tiroideias conduz a dimi-
-se pelo facto de se tratar de um centro de referência em hepa-
                                                                    nuição da síntese e transporte de sais biliares com conse-
tologia que recebe casos referenciados de uma vasta área geo-
                                                                    quente efeito colestático6. Recentemente a análise histoquí-
gráfica, previamente triados, bem como por um elevado índi-
                                                                    mica, de biópsias hepáticas de lactentes com hipopituitarismo,
ce de suspeição.
                                                                    da expressão dos transportadores canaliculares (bile salt
Existem vários casos descritos de hipopituitarismo, cuja for-       export pump, multidrug resistance protein-3 e multidrug
ma de apresentação foi a colestase. A maior série encontrada        resistence associated protein-2) mostrou uma redução da
foi descrita por Spray e colaboradores. Descrevem doze crian-       expressão destes transportadores11.
ças que se apresentaram para estudo de colestase neonatal.
                                                                    Verificou-se que o tempo de resolução da hepatopatia foi
Nove receberam terapêutica hormonal substitutiva com reso-
                                                                    directamente proporcional à demora diagnóstica. Mais uma
lução da colestase em seis semanas. Em duas houve melhoria
                                                                    vez sublinha-se a importância do diagnóstico precoce para
espontânea. No entanto, numa criança em que o diagnóstico
                                                                    prevenir sequelas hepáticas e neurológicas. Não estão, con-
só foi feito aos cinco anos, a presença de cirrose determinou
                                                                    tudo, definidos todos os factores que intervêm no prognóstico
a necessidade de transplante hepático3.
                                                                    neurológico.
As características clínicas descritas (hipoglicémia neonatal
                                                                    Finalmente o diagnóstico diferencial de colestase e hipoglicé-
precoce, icterícia/colestase progressiva, micropénis nos rapa-
                                                                    mia no período neonatal deve fazer-se essencialmente entre
zes, defeitos da linha média, hipotonia, dificuldades alimen-
                                                                    causas infecciosas, endocrinológicas e metabólicas9. Todos
tares e má progressão ponderal) são a constelação normal-
                                                                    estes doentes tiveram hipoglicémias precoces sintomáticas,
mente referida na literatura e devem alertar para o diagnós-
                                                                    acompanhadas de alterações do estado geral, sugerindo sep-
tico3, 6-9.
                                                                    sis. A coexistência das duas situações é possível. No entanto,
O diagnóstico confirma-se através dos doseamentos hormo-            é necessário que, na presença das características descritas, o
nais. Os doseamentos de hormona de crescimento e cortisol           diagnóstico seja evocado para que este idealmente seja reali-
devem ser realizados durante os episódios de hipoglicémia,          zado no período neonatal precoce.
pois só assim são interpretáveis e valorizáveis3,8. As hipoglicé-
                                                                    Na avaliação inicial, amónia e lactatos normais afastam a
mias são frequentes e ocorrem com jejum curto. São diagnós-
                                                                    hipótese de doença metabólica pelo que não há lugar para
ticos valores de hormona de crescimento <20 ng/ml e cortisol
                                                                    investigações exaustivas e onerosas nesta área.
<25 μg/dl. Os restantes doseamentos (hormonas tiroideias e
gonadotrofinas) podem ser realizados em condições basais.
Em relação ao perfil de hepatopatia, observa-se que o doente-                                    Conclusão
-tipo tem predominantemente hiperbilirrubinémia com citó-
                                                                    O hipopituitarismo é uma causa frequente e tratável de coles-
lise ligeira/moderada e GGT normal. A criança com GGT ele-
                                                                    tase neonatal. A presença de determinadas características clí-
vada foi, curiosamente, a única que apresentou hormonas
                                                                    nicas deve alertar para o diagnóstico. Assim, a conjugação de
tiroideias normais. Tal facto leva-nos a especular que as hor-
                                                                    colestase com hipoglicémia, micropénis nos rapazes e defei-
monas tiroideias tenham um papel primordial no transporte
                                                                    tos da linha média (fenda labial/palatina, hipotelorismo, nis-
canalicular de sais biliares6. Os dados da literatura são contro-
                                                                    tagmus) obriga a excluir hipopituitarismo3,6-9. Os doseamentos
versos, no entanto o perfil bioquímico nos casos de défice de
                                                                    de hormona de crescimento e cortisol devem ser valorizados
hormonas tiroideias é semelhante ao das colestases familia-
                                                                    em hipoglicémia3,8.
res-intrahepáticas (FIC) 1 e 2 em que a GGT é tipicamente
baixa ou “anormalmente baixa “ comparativamente à gravi-
dade da colestase. A GGT elevada traduz existência de fluxo
                                                                                                Referências
biliar, no entanto anómalo e lesivo para os ductos, como na
FIC31.                                                              1. McLin VA, Balistreri WF. Approach to neonatal cholestasis. In:
                                                                       Walker AW, Goulet O, Kleinman RE, Sherman PM, Shneider BL,
Os exames de imagem, particularmente a ressonância magné-              Sanderson IR, editors. Pediatric Gastrointestinal Disease. 4th ed.
tica crânio-encefálica, são úteis na corroboração diagnóstica          Ontario: BC Deker; 2004;1079-93.
mas a sua realização não pode, nem deve, condicionar o iní-         2. Ellaway CJ, Silinik M, Cowell CT, Gaskin KJ, Kamath KR, Dorney
cio do tratamento. A displasia septo-óptica (síndroma de De            S et al. Cholestatic jaundice and congenital hypopituitarism. J Pae-
Morsier), descrita em 1956, caracteriza-se pela tríade de hipo-        diatr Child Health 1996;31:51-3.
plasia do nervo óptico, agenesia das estruturas da linha média      3. Spray CH, McKiernan P, Waldron KE, Shaw N, Kirk J, Kelly DA.
(incluindo o corpo caloso e o septum pellucidum) e hipoplasia          Investigation and outcome of neonatal hepatitis in infants with
da hipófise5. A associação com hipopituitarismo justifica que,         hypopituitarism. Acta Paediatr 2000;89:951-4.
mesmo nos casos em que a terapêutica é instituída precoce-          4. Melmed S, Jameson JI. Disorders of anterior pituitary and hypotha-
mente, o prognóstico em termos de desenvolvimento psico-               lamus. In:Braunwald E, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Longo DL,
motor e défice neurológico seja sombrio10.                             Jameson JL, editors. Principles of Internal Medicine. 16th ed. New
                                                                       York: Mc Graw-Hill; 2005;2076-97.

104
Acta Pediatr Port 2008:39(3):102-5                                                           Maia C et al – Hipopituitarismo congénito e colestase


5. Fahnehjelm KT, Fischler B, Jacobson L, Nemeth A. Optic nerve                9. Choo-Kang LR, Sun CC, Counts DR. Cholestasis and hypogly-
   hypoplasia in cholestatic infants: a multiple case study. Acta Ophthal-        caemia: manifestations of congenital anterior hypopituitarism. J Clin
   mol Scand 2003;81:130-7.                                                       Endocrinol Metab 1996;81:2786-9.
6. Sheehan AG, Martin SR, Stephure D, Scott RB. Neonatal cholestasis,          10. Brown K, Rodgers J, Johnstone H, Adams W, Clarke M, Gibson M
   hypoglycemia, and congenital hypopituitarism. J Paediatr Gastroen-              et al. Abnormal cognitive function in treated congenital hypopi-
   terol Nutr 1992;14:426-30.                                                      tuitarism. Arch Dis Child 2004;89:827-30.
7. Kaufman FR, Costin G, Thomas DW, Sinatra FR, Roe TF, Neustein               11. Grammatikopoulos A, Knisely AJ, Hinds R, Byrne J, Thompson RJ,
   HB. Neonatal cholestasis and hipypopituitarism. Arch Dis Child                  Hadzic N. Hepatocelular expression of canalicular transport proteins
   1984;59:787-9.                                                                  in infants with congenital hypopituitarism. In: European Society for
                                                                                   Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition, eds. The 39th
8. Scommegna S, Galeazzi D, Picone S, Farinelli E, Agostino R, Bozzao
                                                                                   Annual Meeting of ESPGHAN - Book of Abstracts; 2006 June 7-10;
   A et al. Neonatal investigation of pituitary aplasia: a life-saving diag-
                                                                                   Dresden. Paris: ESPGHAN; 2006. p.11.
   nosis. Horm Res 2004;62:10-6.




                                                                                                                                                   105

Contenu connexe

Similaire à Hipopituitarismo congênito

Hipertiroidismo na infância
Hipertiroidismo na infânciaHipertiroidismo na infância
Hipertiroidismo na infância
adrianomedico
 
Projeto diretrizes hipotireoidismo congenito 2005
Projeto diretrizes hipotireoidismo congenito 2005Projeto diretrizes hipotireoidismo congenito 2005
Projeto diretrizes hipotireoidismo congenito 2005
Arquivo-FClinico
 
Hipertireoidismo relacionado à síndrome de mc cune albright
Hipertireoidismo relacionado à síndrome de mc cune albrightHipertireoidismo relacionado à síndrome de mc cune albright
Hipertireoidismo relacionado à síndrome de mc cune albright
adrianomedico
 
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Arquivo-FClinico
 
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Arquivo-FClinico
 
Ictericia neonata l
Ictericia  neonata lIctericia  neonata l
Ictericia neonata l
Allany Anjos
 
Síndrome de hutchinson gilford
Síndrome de hutchinson gilfordSíndrome de hutchinson gilford
Síndrome de hutchinson gilford
miriammota
 

Similaire à Hipopituitarismo congênito (20)

Doença Hemolítica Perinatal (1).pptx
Doença Hemolítica Perinatal (1).pptxDoença Hemolítica Perinatal (1).pptx
Doença Hemolítica Perinatal (1).pptx
 
Hipertiroidismo na infância
Hipertiroidismo na infânciaHipertiroidismo na infância
Hipertiroidismo na infância
 
Projeto diretrizes hipotireoidismo congenito 2005
Projeto diretrizes hipotireoidismo congenito 2005Projeto diretrizes hipotireoidismo congenito 2005
Projeto diretrizes hipotireoidismo congenito 2005
 
NÍVEL DE DEFEITOS NO CRESCIMENTO LINEAR OU LONGITUDINAL DE CRIANÇA/INFANTIL/J...
NÍVEL DE DEFEITOS NO CRESCIMENTO LINEAR OU LONGITUDINAL DE CRIANÇA/INFANTIL/J...NÍVEL DE DEFEITOS NO CRESCIMENTO LINEAR OU LONGITUDINAL DE CRIANÇA/INFANTIL/J...
NÍVEL DE DEFEITOS NO CRESCIMENTO LINEAR OU LONGITUDINAL DE CRIANÇA/INFANTIL/J...
 
Hipertireoidismo relacionado à síndrome de mc cune albright
Hipertireoidismo relacionado à síndrome de mc cune albrightHipertireoidismo relacionado à síndrome de mc cune albright
Hipertireoidismo relacionado à síndrome de mc cune albright
 
Hipotermia terapeutica
Hipotermia terapeuticaHipotermia terapeutica
Hipotermia terapeutica
 
Cbep hf
Cbep   hfCbep   hf
Cbep hf
 
Apresentacao eritroblastose fetal
Apresentacao eritroblastose fetalApresentacao eritroblastose fetal
Apresentacao eritroblastose fetal
 
Hipoglicemia Neonatal
Hipoglicemia NeonatalHipoglicemia Neonatal
Hipoglicemia Neonatal
 
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
 
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
Pcdt ictioses hereditarias_livro_2010
 
Deficiencia de ig a 1894
Deficiencia de ig a 1894Deficiencia de ig a 1894
Deficiencia de ig a 1894
 
Sessão Anátomo - Clínica (Agosto 2014)
Sessão Anátomo - Clínica (Agosto 2014)Sessão Anátomo - Clínica (Agosto 2014)
Sessão Anátomo - Clínica (Agosto 2014)
 
Ictericia neonata l
Ictericia  neonata lIctericia  neonata l
Ictericia neonata l
 
Síndromes da Deleção 13q -Relato
Síndromes da Deleção 13q -RelatoSíndromes da Deleção 13q -Relato
Síndromes da Deleção 13q -Relato
 
BAIXA ESTATURA E CRESCER INFANTIL E JUVENIL; ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS E SÍ...
BAIXA ESTATURA E CRESCER INFANTIL E JUVENIL; ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS E SÍ...BAIXA ESTATURA E CRESCER INFANTIL E JUVENIL; ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS E SÍ...
BAIXA ESTATURA E CRESCER INFANTIL E JUVENIL; ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS E SÍ...
 
Câncer na infância e adolescência: Tumores de SNC
Câncer na infância e adolescência: Tumores de SNCCâncer na infância e adolescência: Tumores de SNC
Câncer na infância e adolescência: Tumores de SNC
 
Síndrome de hutchinson gilford
Síndrome de hutchinson gilfordSíndrome de hutchinson gilford
Síndrome de hutchinson gilford
 
[c7s] Doenças cromossômicas
[c7s] Doenças cromossômicas [c7s] Doenças cromossômicas
[c7s] Doenças cromossômicas
 
Caderno de coco ped
Caderno de coco pedCaderno de coco ped
Caderno de coco ped
 

Dernier

5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
LeloIurk1
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
TailsonSantos1
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
TailsonSantos1
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
RavenaSales1
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
FabianeMartins35
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
HELENO FAVACHO
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
azulassessoria9
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
LeloIurk1
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
LusGlissonGud
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
LeloIurk1
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
azulassessoria9
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
rosenilrucks
 

Dernier (20)

5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptxTeoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
Teoria heterotrófica e autotrófica dos primeiros seres vivos..pptx
 
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
 
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividadesRevolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
Revolução russa e mexicana. Slides explicativos e atividades
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
PROJETO DE EXTENSÃO I - TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Relatório Final de Atividade...
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptxApresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
Apresentação em Powerpoint do Bioma Catinga.pptx
 
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de HotéisAbout Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
About Vila Galé- Cadeia Empresarial de Hotéis
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! SertãConstrução (C)erta - Nós Propomos! Sertã
Construção (C)erta - Nós Propomos! Sertã
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdfPROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
PROJETO DE EXTENÇÃO - GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS.pdf
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptxSlides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
Slides Lição 6, CPAD, As Nossas Armas Espirituais, 2Tr24.pptx
 
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.pptaula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
aula de bioquímica bioquímica dos carboidratos.ppt
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 

Hipopituitarismo congênito

  • 1. 0873-9781/08/39-3/102 Acta Pediátrica Portuguesa Sociedade Portuguesa de Pediatria CASUÍSTICA Hipopituitarismo congénito e colestase neonatal Carla Maia, Carla Veiga, Alice Mirante, Isabel Gonçalves Hospital Pediátrico de Coimbra Resumo have hypopituitarism. The median age at diagnosis was 1,5 months (twelve days to four months). Four children were O hipopituitarismo congénito é uma causa rara, mas tratável, male and all had microphallus. All patients had at least one de colestase neonatal. O diagnóstico deve ser evocado peran- episode of symptomatic hypoglycemia in the first days of life te a seguinte combinação: colestase, hipoglicémia, micropénis and cholestasis was noticed in the first week. At admission e dismorfismos faciais da linha média. Descrevem-se cinco mean total bilirrubin levels, ALT and GGT were: 156 μmol/L, casos referenciados por colestase neonatal cujo diagnóstico 58 and 74 UI/L. Low levels of cortisol and growth hormone, final foi hipopituitarismo congénito. A mediana da idade na during episodes of hypoglycemia, were demonstrated in all. altura do diagnóstico foi de um mês e meio (doze dias a qua- Four patients had low thyroid hormones levels. Brain magne- tro meses). Quatro crianças eram do sexo masculino e todos tic ressonance was abnormal in all, with pituitary gland stalk os rapazes apresentavam micropénis. Todos tiveram pelo hypoplasia being the most frequently reported. The treatment menos um episódio de hipoglicémia sintomática no período with hydrocortisone, growth-hormone and thyroxine impro- neonatal precoce e todos apresentaram colestase com início ved liver disease within 4-6 weeks. na primeira semana de vida. A mediana da bilirrubina total, da alanina aminotransferase (ALT) e da gama-glutamil trans- Key-words: neonatal cholestasis, hypopituitarism, hypo- ferase (GGT), na data da admissão, foi de 156 μmol/L, 58 e glycemia, microphallus, facial dysmorphic features. 74 UI/L respectivamente. Os doseamentos hormonais, em Acta Pediatr Port 2008;39(3):102-5 hipoglicémia, revelaram insuficiência de cortisol e hormona de crescimento em todos os casos. As hormonas tiroideias estavam diminuídas em quatro casos. A ressonância magné- Introdução tica crânio – encefálica foi anormal em todos, sendo a hipo- plasia da haste pituitária a alteração mais frequente. O trata- O hipopituitarismo congénito é uma causa rara de colestase mento com hidrocortisona, hormona de crescimento e tiroxina neonatal, representando menos de 1% das etiologias de coles- conduziu a melhoria progressiva das alterações hepáticas em tase1. No entanto, 35% dos doentes com hipopituitarismo, 4-6 semanas. diagnosticados no período neonatal, apresentam-se com colestase2. Palavras-chave: colestase neonatal, hipopituitarismo, hipo- glicémia, micropénis, dismorfismos faciais. A colestase é habitualmente moderada e a hipoglicémia frequente e precoce3. O diagnóstico de hipopituitarismo ba- Acta Pediatr Port 2008;39(3):102-5 seia-se na demonstração do défice parcial ou total na produ- ção de hormonas hipofisárias4. Estas alterações podem acompanhar-se de malformações ana- Congenital hypopituitarism and neonatal tómicas das estruturas cerebrais da linha média (displasia cholestasis septo-óptica)5 - hipófise, nervos ópticos, corpo caloso e sep- Abstract tum pellucidum, com um espectro variável, sendo possível nalguns casos traçar uma correlação genótipo-fenótipo4. Congenital hypopituitarism is an unusual cause of cholestasis in the neonate. The clinical diagnosis can be suspected when O hipopituitarismo é uma causa tratável de colestase, com the following combination is present: cholestasis, hypogly- melhoria da hepatopatia sob terapia hormonal de substituição. cemia, microphallus and facial dysmorphic features. We Os casos não tratados podem evoluir para cirrose3. report five cases of children referred for investigation of O presente trabalho caracteriza os doentes com hipopitui- neonatal cholestasis and who were subsequently found to tarismo congénito que se apresentaram como colestase neo- Recebido: 11.02.2007 Correspondência: Aceite: 26.05.2008 Carla Maia Hospital Pediátrico de Coimbra Avenida Bissaya Barreto 3000 Coimbra 239 480300 carla.maia@iol.pt 102
  • 2. Acta Pediatr Port 2008:39(3):102-5 Maia C et al – Hipopituitarismo congénito e colestase natal e alerta para as características clínicas que evocam o mediana da bilirrubina total, ALT e GGT, na data da admis- diagnóstico. são, foi de 156 μmol/L, 58 e 74 UI/L respectivamente. Dois casos apresentavam coagulopatia (Quadro II). Todos apresen- tavam valores normais de amónia e lactatos. Relato dos casos Em todos os casos, os doseamentos hormonais realizados em De Janeiro de 2000 a Dezembro de 2005 foram admitidos hipoglicémia mostraram valores anormalmente baixos de hor- para investigação 27 casos de colestase neonatal, dos quais mona de crescimento e de cortisol. Quatro casos apresenta- cinco tiveram o diagnóstico final de hipopituitarismo congé- vam deficiência de hormonas tiroideias. Na criança com nito. O Quadro I resume as suas características clínicas. maior demora diagnóstica foram realizados vários doseamen- tos hormonais previamente ao diagnóstico, contudo nenhum Quatro crianças eram do sexo masculino e uma do sexo femi- em hipoglicémia. nino, com idades, à data do diagnóstico, variando entre os doze dias e os quatro meses (mediana de mês e meio). Dois A ressonância magnética crânio-encefálica documentou em casos eram ex-prematuros e todos apresentavam um adequado todos alterações da adeno-hipófise, neuro-hipófise e/ou haste peso de nascimento. Em todos, documentou-se pelo menos pituitária. Dois casos apresentavam agenesia do septum pellu- um episódio de hipoglicémia sintomática no período neonatal cidum e três casos agenesia do corpo caloso. precoce. Na sequência desta hipoglicémia houve a suspeita Confirmado o diagnóstico de hipopituitarismo, iniciou-se clínica de sepsis e todos efectuaram antibioterapia endove- terapêutica de substituição hormonal. Todas as crianças ini- nosa. No entanto, apenas dois casos apresentaram hemocultu- ciaram hidrocortisona (8 a 10 mg/m2/dia, 2 id) e hormona de ras positivas. Todos apresentaram icterícia com critérios de crescimento (0,025 a 0,03 mg/Kg/dia). Quatro crianças inicia- fototerapia na primeira semana de vida. Em quatro casos foi ram tiroxina (12,5 a 25 μg/dia). Os episódios de hipoglicémia documentada má progressão ponderal. desapareceram com o tratamento hormonal de substituição. À observação todos apresentavam icterícia generalizada e Paralelamente foi instituída terapêutica de suporte da colesta- hipotonia, os rapazes apresentavam micropénis e duas crian- se (suplementação de vitaminas lipossolúveis e sais biliares). ças apresentavam dismorfismos da linha média. A criança Relativamente à coagulopatia, o doente com maior demora com maior demora diagnóstica apresentava hepatoespleno- diagnóstica apresentou um quadro de coagulopatia refractária megália. Dois casos apresentavam alterações oculares. A à vitamina K, na dependência do défice de hormonas tiroi- demora diagnóstica variou entre dois dias e quatro meses. deias. Somente o caso dois foi referenciado com suspeita clínica de hipopituitarismo. Houve melhoria progressiva, com resolução da hepatopatia em todos, com uma mediana de dois meses (quinze dias - seis A retenção de bilirrubina é a alteração laboratorial pre- meses). A mediana do acompanhamento foi de 18 meses (mês dominante, contrastando com a citólise relativamente mode- e meio - cinco anos). Na data da última avaliação nenhum rada. Apenas uma criança apresentava GGT elevada. A apresentava sinais de hepatopatia crónica. Quadro I – Características clínicas dos casos estudados. Caso/sexo Idade Hipoglicémia Dismorfismos Micropénis Hepato/ Défice visual de Dx esplenomegália 1/ 12 D + - + -/- - 2/ 4,5 M + + + +/+ nistagmus 3/ 2,5 M + - + -/- - 4/ 1,5 M + + + -/- amaurose 5/ 1,5 M + - -/- - D: dias; M: mês, Dx: diagnóstico; +: presente, -: ausente. Quadro II – Avaliação laboratorial dos casos estudados. Caso Brb T Brb D ALT AST GGT Coag T4 L TSH Cortisol* HC* (µmol/L) (µmol/L) (U/L) (U/L) (U/L) (0,8 – 1,9 (0,38–6,15 (>25 µg/dl) (>20 ng/ml) ng/dl) µUI/ml) 1 371 96 43 56 599 - N N 2,7 3,7 2 178 92 86 611 45 + 0,71 0,108 8,4 1,1 3 124 61 58 135 74 + 0,76 4,77 <1 2,6 4 156 86 629 1410 54 - 0,74 7,2 <1 6,0 5 130 98 16 50 143 - 0,70 3,1 1 4,1 Brb T: bilirrubina total; Brb D: bilirrubina directa; ALT: alanina aminotransferase; AST: aspartato aminotransferase; GGT: gama-glutamil transferase; Coag: coagu- lopatia; T4 L: T4 livre; TSH: thyroid stimulating hormone; HC: hormona de crescimento, N: normal; +: presente; -: ausente; * em hipoglicémia. 103
  • 3. Acta Pediatr Port 2008:39(3):102-5 Maia C et al – Hipopituitarismo congénito e colestase Discussão Foi também De Morsier que descreveu, em 1956, a primeira associação entre hipopituitarismo e colestase neonatal. No No período considerado, o hipopituitarismo congénito foi a entanto, a fisiopatologia da lesão hepática permanece actual- causa de colestase em cerca de 17% do total de casos. Esta mente por clarificar. Sabe-se que o défice de cortisol, de hor- percentagem, superior à referida na literatura, pode justificar- mona de crescimento e de hormonas tiroideias conduz a dimi- -se pelo facto de se tratar de um centro de referência em hepa- nuição da síntese e transporte de sais biliares com conse- tologia que recebe casos referenciados de uma vasta área geo- quente efeito colestático6. Recentemente a análise histoquí- gráfica, previamente triados, bem como por um elevado índi- mica, de biópsias hepáticas de lactentes com hipopituitarismo, ce de suspeição. da expressão dos transportadores canaliculares (bile salt Existem vários casos descritos de hipopituitarismo, cuja for- export pump, multidrug resistance protein-3 e multidrug ma de apresentação foi a colestase. A maior série encontrada resistence associated protein-2) mostrou uma redução da foi descrita por Spray e colaboradores. Descrevem doze crian- expressão destes transportadores11. ças que se apresentaram para estudo de colestase neonatal. Verificou-se que o tempo de resolução da hepatopatia foi Nove receberam terapêutica hormonal substitutiva com reso- directamente proporcional à demora diagnóstica. Mais uma lução da colestase em seis semanas. Em duas houve melhoria vez sublinha-se a importância do diagnóstico precoce para espontânea. No entanto, numa criança em que o diagnóstico prevenir sequelas hepáticas e neurológicas. Não estão, con- só foi feito aos cinco anos, a presença de cirrose determinou tudo, definidos todos os factores que intervêm no prognóstico a necessidade de transplante hepático3. neurológico. As características clínicas descritas (hipoglicémia neonatal Finalmente o diagnóstico diferencial de colestase e hipoglicé- precoce, icterícia/colestase progressiva, micropénis nos rapa- mia no período neonatal deve fazer-se essencialmente entre zes, defeitos da linha média, hipotonia, dificuldades alimen- causas infecciosas, endocrinológicas e metabólicas9. Todos tares e má progressão ponderal) são a constelação normal- estes doentes tiveram hipoglicémias precoces sintomáticas, mente referida na literatura e devem alertar para o diagnós- acompanhadas de alterações do estado geral, sugerindo sep- tico3, 6-9. sis. A coexistência das duas situações é possível. No entanto, O diagnóstico confirma-se através dos doseamentos hormo- é necessário que, na presença das características descritas, o nais. Os doseamentos de hormona de crescimento e cortisol diagnóstico seja evocado para que este idealmente seja reali- devem ser realizados durante os episódios de hipoglicémia, zado no período neonatal precoce. pois só assim são interpretáveis e valorizáveis3,8. As hipoglicé- Na avaliação inicial, amónia e lactatos normais afastam a mias são frequentes e ocorrem com jejum curto. São diagnós- hipótese de doença metabólica pelo que não há lugar para ticos valores de hormona de crescimento <20 ng/ml e cortisol investigações exaustivas e onerosas nesta área. <25 μg/dl. Os restantes doseamentos (hormonas tiroideias e gonadotrofinas) podem ser realizados em condições basais. Em relação ao perfil de hepatopatia, observa-se que o doente- Conclusão -tipo tem predominantemente hiperbilirrubinémia com citó- O hipopituitarismo é uma causa frequente e tratável de coles- lise ligeira/moderada e GGT normal. A criança com GGT ele- tase neonatal. A presença de determinadas características clí- vada foi, curiosamente, a única que apresentou hormonas nicas deve alertar para o diagnóstico. Assim, a conjugação de tiroideias normais. Tal facto leva-nos a especular que as hor- colestase com hipoglicémia, micropénis nos rapazes e defei- monas tiroideias tenham um papel primordial no transporte tos da linha média (fenda labial/palatina, hipotelorismo, nis- canalicular de sais biliares6. Os dados da literatura são contro- tagmus) obriga a excluir hipopituitarismo3,6-9. Os doseamentos versos, no entanto o perfil bioquímico nos casos de défice de de hormona de crescimento e cortisol devem ser valorizados hormonas tiroideias é semelhante ao das colestases familia- em hipoglicémia3,8. res-intrahepáticas (FIC) 1 e 2 em que a GGT é tipicamente baixa ou “anormalmente baixa “ comparativamente à gravi- dade da colestase. A GGT elevada traduz existência de fluxo Referências biliar, no entanto anómalo e lesivo para os ductos, como na FIC31. 1. McLin VA, Balistreri WF. Approach to neonatal cholestasis. In: Walker AW, Goulet O, Kleinman RE, Sherman PM, Shneider BL, Os exames de imagem, particularmente a ressonância magné- Sanderson IR, editors. Pediatric Gastrointestinal Disease. 4th ed. tica crânio-encefálica, são úteis na corroboração diagnóstica Ontario: BC Deker; 2004;1079-93. mas a sua realização não pode, nem deve, condicionar o iní- 2. Ellaway CJ, Silinik M, Cowell CT, Gaskin KJ, Kamath KR, Dorney cio do tratamento. A displasia septo-óptica (síndroma de De S et al. Cholestatic jaundice and congenital hypopituitarism. J Pae- Morsier), descrita em 1956, caracteriza-se pela tríade de hipo- diatr Child Health 1996;31:51-3. plasia do nervo óptico, agenesia das estruturas da linha média 3. Spray CH, McKiernan P, Waldron KE, Shaw N, Kirk J, Kelly DA. (incluindo o corpo caloso e o septum pellucidum) e hipoplasia Investigation and outcome of neonatal hepatitis in infants with da hipófise5. A associação com hipopituitarismo justifica que, hypopituitarism. Acta Paediatr 2000;89:951-4. mesmo nos casos em que a terapêutica é instituída precoce- 4. Melmed S, Jameson JI. Disorders of anterior pituitary and hypotha- mente, o prognóstico em termos de desenvolvimento psico- lamus. In:Braunwald E, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Longo DL, motor e défice neurológico seja sombrio10. Jameson JL, editors. Principles of Internal Medicine. 16th ed. New York: Mc Graw-Hill; 2005;2076-97. 104
  • 4. Acta Pediatr Port 2008:39(3):102-5 Maia C et al – Hipopituitarismo congénito e colestase 5. Fahnehjelm KT, Fischler B, Jacobson L, Nemeth A. Optic nerve 9. Choo-Kang LR, Sun CC, Counts DR. Cholestasis and hypogly- hypoplasia in cholestatic infants: a multiple case study. Acta Ophthal- caemia: manifestations of congenital anterior hypopituitarism. J Clin mol Scand 2003;81:130-7. Endocrinol Metab 1996;81:2786-9. 6. Sheehan AG, Martin SR, Stephure D, Scott RB. Neonatal cholestasis, 10. Brown K, Rodgers J, Johnstone H, Adams W, Clarke M, Gibson M hypoglycemia, and congenital hypopituitarism. J Paediatr Gastroen- et al. Abnormal cognitive function in treated congenital hypopi- terol Nutr 1992;14:426-30. tuitarism. Arch Dis Child 2004;89:827-30. 7. Kaufman FR, Costin G, Thomas DW, Sinatra FR, Roe TF, Neustein 11. Grammatikopoulos A, Knisely AJ, Hinds R, Byrne J, Thompson RJ, HB. Neonatal cholestasis and hipypopituitarism. Arch Dis Child Hadzic N. Hepatocelular expression of canalicular transport proteins 1984;59:787-9. in infants with congenital hypopituitarism. In: European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition, eds. The 39th 8. Scommegna S, Galeazzi D, Picone S, Farinelli E, Agostino R, Bozzao Annual Meeting of ESPGHAN - Book of Abstracts; 2006 June 7-10; A et al. Neonatal investigation of pituitary aplasia: a life-saving diag- Dresden. Paris: ESPGHAN; 2006. p.11. nosis. Horm Res 2004;62:10-6. 105