1. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 01
Recanto das Capítulo 011
Letras
PERFEIÇÃO
novela de:
LUCAS VINÍCIUS
escrita por:
LUCAS VINÍCIUS
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO:
Bartolomeu Leandro
Carmélia Leninha
Cleiton Lisa
Desirée Maria
Ermelita Mirela
Ester Mourão
Jeca Néia
Joana Raquel
Júlio Simone
Jurema
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
Feirantes, Figurantes, Prefeita Vera
2. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 02
CENA 1.MANSÃO DE JÚLIO. INT. SALA. CONTINUIDADE DO
CAP.ANTERIOR/
NÉIA —— Roubaram? Como assim?! E o que EU
tenho a ver com isso?
JÚLIO —— (encarando) Segundo Ester, você saiu
de lá com a caixa de joias às mãos.
NÉIA —— (indignada) O quê?
INDIGNADA, NÉIA SE APROXIMA DE ESTER, QUE FINGE TRISTEZA
AGARRADA A LEANDRO.
NÉIA —— Ester... como você pode/
ESTER —— (fingindo tristeza) Oh Néia
querida... espero que você possa me
perdoar. Mas, uma das grandes virtudes
que prezo é a verdade. Perdoe-me,
querida.
NÉIA —— (indignada) Mas como se/ (p/ Júlio)
Dr. Júlio, eu juro, não entrei no
quarto da finada Eunice. Hoje eu passei
a tarde fora. Fiquei/
JÚLIO —— (cabisbaixo) Sinto muito mas você tá
demitida, Néia!
NÉIA FICA SEM CHÃO, PARALISADA.
NÉIA —— (arrasada) De-Demitida?
JÚLIO —— Me desculpe. Mas até que se prove o
contrário, você ficará fora.
NÉIA —— (emocionada) O senhor... o senhor tá
me demitindo, dr. Júlio?
ESTER DÁ UM SORRISO SATISFEITO, BEM DISCRETO.
NÉIA —— (se aproxima, chorando) Eu tô
demitida, dr. Júlio? Depois de anos
servindo à sua família?
JÚLIO —— Pode ter certeza que desamparada
você não vai fica/
NÉIA —— Não é a mesma coisa! Não é dinheiro
que eu quero! (T) E... acusada dum
crime que sequer nem cometi?
LEANDRO —— Néia, eu espero que você continue a
3. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 03
amizade com a Ester. Ela só disse o que
viu.
ESTER —— Verdade. Você sabe que te adoro,
Néia. Mas o que é certo, é certo.
NÉIA VIRA-SE RISPIDAMENTE OLHANDO POSESSA PRA ESTER, COM OS
OLHOS CHEIOS DE LÁGRIMAS. SE SEGURA.
NÉIA —— (forçada, com ódio) Nossa amizade,
Ester... sempre... sempre será a mesma.
ESTER —— (sorri) Que bom, fico feliz.
CLOSE EM NÉIA. COM OS OLHOS LAGRIMADOS, NÉIA VIRA-SE
NOVAMENTE PARA JÚLIO.
NÉIA —— Eu achava, dr. Júlio, que o senhor
tinha um coração bom. Até tem... mas
você e seu filho não sabem com o tipo
de pessoa estão se metendo, e
acobertando dentro de suas casas!
COM UMA INDIRETA DESSAS, ESTER DISFARÇA O OLHAR. NINGUÉM
PERCEBE.
NÉIA —— Com licença.
NÉIA VAI SAINDO EM DIREÇÃO À ESCADA. JÚLIO SE APROXIMA DE
ESTER E LEANDRO.
LEANDRO —— Pai... não precisava chegar a esse
ponto com a Néia.
JÚLIO —— Filho, eu fui até bondoso com ela.
ESTER —— (fingindo tristeza) Por mais
duro que seja pra mim... porque eu
adorava a Néia. Achei muito errado o
que ela fez.
ENQUANTO JÚLIO E LEANDRO SE OLHAM ESTARRECIDOS, ESTER SORRI
DISCRETAMENTE.
Corta para:
CENA 2. MANSÃO DE JÚLIO. INT. QUARTO DOS FUNDOS. NOITE.
NÉIA ACABA DE ABRIR UMA MALA SOBRE A CAMA. CAMINHA ATÉ O
4. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 04
GUARDA ROUPA, ABRE E PEGA UMA TROUXA DE ROUPAS. JOGA TUDO
SOBRE A MALA.
NÉIA —— (chorando) Não é justo! Até
segundos, eu tava lá... no meu serviço.
E agora, demitida? (T) Injustos,
injustos!
ÀS LÁGRIMAS, NÉIA VAI ARRUMANDO AS ROUPAS TUMULTUADAMENTE EM
SUA PEQUENA MALA.
Corta para:
CENA 3. APARTAMENTO DE LISA E MIRELA. INT. SALA. NOITE.
CONTINUIDADE.
LISA ESTÁ SENTADA AO SOFÁ. DEITADA SOBRE SEU COLO ESTÁ
MIRELA, TRISTE.
MIRELA —— Lisa... tenho medo do que pode
acontecer com o papai e com a mamãe.
LISA —— (triste) Oh, minha irmã... fica
assim, não. Ó, eu vou tentar ajudá-los,
da melhor forma possível!
MIRELA —— E se você não conseguir?
LISA —— Ah, Mi... a gente tem que pensar
positivo!
LISA AJUDA A MIRELA A TIRAR SUA CABEÇA DE SEU COLO E SE
LEVANTA.
LISA —— Olha, vamos pensar positivamente, e
que tudo venha a dar certo! Hum? E
vamos dormir agora, tá?
MIRELA —— Vai indo. Eu vou checar a minha
caixa de e-mail. A Sharon ou a Laísa
podem ter mandado e-mails. Sabe como é,
né?
LISA —— Hum... você me engana não, mocinha.
Fala que vai ficar aí por cinco
minutos. Ontem mesmo você amanhecer
desmaiada, praticamente aí na frente
desse notebook. Só hoje, hein. Depois
ó, zarpa pra cama!
MIRELA —— Tá ok! Boa noite!
5. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 05
LISA CAMINHA, DÁ UM BEIJO NO ROSTO DE MIRELA E SAI DE CENA
INDO EM DIREÇÃO AO CORREDOR. MIRELA PEGA O NOTEBOOK AO SEU
LADO E LIGA-O.
MIRELA —— Bora ver se chegou mensagem nova!
MIRELA ENTRA NO SITE DA 'HOTMAIL'. ACESSA SEU E-MAIL. VÊ QUE
LÁ ESTÁ ESCRITO: UMA (S) MENSAGEM (NS) NOVA (S).
TENSO. MIRELA SE ESPANTA AO LER “PAULO – SEM ASSUNTO” E PÕE A
MÃO NA BOCA.
MIRELA —— O Paulo? Mas... como ele acessou ao
meu e-mail?
ELA ABRE O E-MAIL. DEPOIS DE LER, FICA PENSATIVA.
MIRELA —— (p/ si) Ele quer conversar. De novo?
Eu não vou... (indecisa) Não sei se eu
deva ir.
PAIRA A INDECISÃO.
Corta para:
Dia Seguinte...
CENA 5. CASA DE MARIA. INT. DIA. SALA.
MARIA EM FRENTE AO ESPELHO, COM DECOTE CURTO, SE EMBELEZANDO.
SENTADA AO SOFÁ, A OBSERVANDO ESTÁ JUREMA.
MARIA —— (animada) Ai, Jurema, você sabe que
sexta-feira é meu dia preferido, né!
JUREMA —— Ô! Mas também, é o dia que você pode
abraçar seu filho, né. E passar com ele
o fim de semana todo.
MARIA —— Exatamente! É o dia também que eu
posso esfregar na cara dos meus pais
que eu tenho potencial pra cuidar do
Pedro Júnior!
JUREMA —— É, mas vê lá. Cuidado pra não armar
um quiproquó lá, e assustar o menino.
MARIA —— Juízo não me falta, minha amiga!
6. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 06
(vira-se) E então? Como eu tô?
JUREMA —— (se levanta) Assim, Maria... você
sabe que te acho lindona, né? Você é
séria, mas é uma gata! Miau... mas
assim, pra ver teu filho eu acho que tu
devia pôr um troço mais longo. Pra
mostrar que você é séria, senão teus
pais nunca vão se convencer que você é
séria!
MARIA —— (pensativa) Hum... agora você falou
bonito. Também pra dar um exemplo pro
meu filho.
JUREMA —— Verdade. Faça isso!
MARIA VIRA-SE E VOLTA A SE OLHAR. JUREMA SENTA-SE.
Corta para:
CENA 6. FEIRA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. EXT. DIA.
VÁRIAS BARRACAS DE FEIRAS DE VERDURAS, FRUTAS E OBJETOS
DIFERENCIADOS AO AR LIVRE. CAM SE APROXIMA DUMA BARRACA.
NELA, MOURÃO (barbudo, gordinho, cabelos despenteados) ACABA
DE ENTREGAR A SACOLA COM AS FRUTAS QUE ELE VENDERA PRA UMA
SENHORA, QUE VAI SAINDO.
MOURÃO —— Volte sempre, minha senhora! Aqui,
freguês que paga leva fruta e até vai
pra cama com aquele vos fala! (ri)
ELE COMEÇA A RIR SOZINHO. UMA PESSOA VÊ MOURÃO DE COSTAS.
COMEÇA A CAMINHAR. PASSOS LEVES. A PESSOA CHEGA POR TRÁS E
TOCA OS OMBROS DE MOURÃO. ELE SE ASSUSTA E VIRA-SE.
MOURÃO —— (assustado) Eita!
REVELA ERMELITA, SÉRIA OLHANDO PRA MOURÃO.
MOURÃO —— (surpreso) Ermelita?
ERMELITA —— (séria) Eu mesma, em carne e
gordura! Quero ter uma conversa com
você, seu crápula!
MOURÃO FICA CURIOSO. ERMELITA O ENCARA.
Corta para:
7. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 07
CENA 7. PREFEITURA DE SÃO PAULO. INT. GABINETE PREFEITA. DIA.
À MESA LISA E A PREFEITA VERA. LISA SÉRIA.
PF. VERA —— Sua mãe é a …?
LISA —— A Joana. Joana Aparecida de Sousa.
PF. VERA —— Olha, professora Lisa, já havíamos
feito uma apuração, junto duma
investigação. Constatamos mesmo que o
terreno onde sua família mora é
realmente irregular.
LISA —— Sim, dona Vera, mas eles caíram num
golpe! O dono do terreno, enganou
eles... disse que ia providenciar a
papelada formalmente. E aí houve que
ele fugiu, deixando a papelada toda da
casa falsa.
PF. VERA —— Na certa ele então, fugiu, mas antes
falsificou a papelada da casa, é isso?
LISA —— Isso. Pode ser também por conta da
burocracia, né, prefeita, que
convenhamos, é uma falta de respeito.
PF. VERA —— (se levanta) Dona Lisa... a história
da burocracia nesse meio não é comigo
que tem de se tratar.
LISA —— (se levanta, triste) Eu sei, eu
sei... mas a senhora não pode tentar
nos ajudar?
PF. VERA —— Professora Lisa, ouvindo suas
palavras, tão sábias, o mínimo que
posso fazer é ceder albergues pra sua
família, até que vocês provem que foram
enganados.
LISA —— Não, isso não vai adiantar, dona
Vera. Albergues? Meus pais não iriam se
sentir bem em albergues. É lá que eu
cresci, é lá que eles gostam de ficar.
Entende?
PF. VERA —— E o que a senhorita sugere?
LISA —— Sugiro que no minimo vocês estiquem
o prazo de despejo que fizeram. Não
acha justo? O inocente buscar provas de
que é inocente?
8. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 08
PREFEITA VERA, QUE AMOLECE-SE POR UM INSTANTE.
Corta para:
CENA 8. CASA DE CARMÉLIA E BARTOLOMEU. INT. SALA. DIA.
CARMÉLIA DE PÉ, BARTOLOMEU SENTADO. NÉIA DE FRENTE PARA
CARMÉLIA.
CARMÉLIA —— (assustado) Demitida?!
NÉIA —— Isso mesmo. Ontem a noite!
BARTOLOMEU —— Mas demitida, por quê?
NÉIA —— Armaram pra mim, seu Bartolomeu!
CARMÉLIA —— Armaram pra você? Ué, se você é
demitida é porque fez algo que
certamente não agradou o patrão.
NÉIA —— Escutem! A Ester armou pra mim!
BARTOLOMEU E CARMÉLIA SE SURPREENDEM E FICAM BOQUIABERTOS.
CARMÉLIA —— (surpresa) A …
BARTOLOMEU —— (complementa) Ester?
NÉIA —— Alguém roubou as joias da falecida
Eunice, senhores.
NESTE INSTANTE, LENINHA APONTA A CABEÇA (LÁ DO CORREDOR DA
COZINHA) E FICA A ESPIONAR, PRESTANDO ATENÇÃO EM TUDO.
NÉIA —— E como sabem, a empregada que é
minoria sempre leva a culpa!
OUVINDO ISSO, LENINHA FICA BOQUIABERTA E DIZ BAIXINHO A SI:
LENINHA —— (p/ si) Então eu vou ser demitida?
CARMÉLIA OUVE ALGO:
CARMÉLIA —— Alguém disse/
LENINHA RECUA PRA COZINHA RAPIDAMENTE.
BARTOLOMEU —— Pois se não foi você que roubou as
joias, quem foi? Você é uma
especialista em crimes, Néia, nós
sabemos.
9. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 09
NÉIA —— Olha pra mim, senhor Bartolomeu. Vê
se eu tenho cara de roubar joias de
defunta? Deus me livre!
CARMÉLIA —— (faz “em nome do Pai”) Ui! Me
arrepiou tudo! Quem roubou essas joias
não há de ser feliz, pelo visto. Baixou
a pomba-gira “ne” mim, que não tive
nada a ver, imagina com o cidadão que
roubou essas joias?
NÉIA —— Eu tenho certeza de que foi a
própria Ester quem roubou essas joias!
BARTOLOMEU —— Tá, mas e aí? O que faremos agora?
Com a Néia fora da mansão, vamos ir
adiante com o plano de eu ser o
detetive?
NÉIA —— (decidido) Certeza! Uai! Não vão
desistir agora! Porque, veja bem: não é
porque saí da mansão que a Ester vai
desistir de descobrir quem escancarou o
cofre.
CARMÉLIA —— Tem razão! Vamos ir adiante com o
plano!
Corta para:
CENA 11. BECO DE SÃO PAULO. BARRACO MOURÃO. INT. DIA.
VEM ENTRANDO MOURÃO. EM SEGUIDA ERMELITA. AO BATER OS OLHOS
NA CASA TODA VELHA, QUEBRADA E DESARRUMADA, ERMELITA FICA COM
RECEIO.
ERMELITA —— Deus me livre! É aqui que você mora?
MOURÃO —— É, por quê? Depois de tudo que você
me tomou, Ermelita.
ERMELITA FICA BALANÇADA.
ERMELITA —— Quem mexe em passado, quer ele de
volta.
MOURÃO —— Não quero. Até porque viver com você
foi uma das piores experiências em toda
minha vida. Golpista miserável!
ERMELITA —— (séria) Mourão... eu só fugi com tua
herança porque tava necessitada.
10. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 010
MOURÃO —— (bravo) Ah, é?! E cadê a herança
toda, hein, Ermelita?!
ERMELITA —— Entenda. Também vou golpeada por um
marginal fajuta! Me deram um golpe,
Mourão.
MOURÃO —— Te deram um golpe porque você me deu
um golpe. A justiça de Deus não falha!
ERMELITA —— Eu tava realmente necessitada,
Mourão. E agora... agora tô vivendo do
que a minha irmã Jurema tem.
MOURÃO —— Ah... espero que você não dê o golpe
nela também.
ERMELITA FICA SENTIDA.
Corta para:
CENA 12. ZONA NORTE DE SAMPA. CASA PAIS DE LISA. INT. SALA.
TARDE.
JOANA ACABA DE ABRAÇAR LISA FELIZ E ANIMADA. CLEITON AO LADO
DELES, DE PÉ.
JOANA —— (emocionada, p/ Cleiton) Cleiton,
nossa filhinha. Nossa filhinha resolveu
nosso problema.
LISA —— Pra mim foi mais que uma obrigação.
Mas ó, gente, a prefeita alongou o
prazo de despejo de vocês a 2 meses, o
que é um milagre.
CLEITON —— Filha, não estamos te atrapalhando,
não?
LISA —— Ah, pai. Família é família! Sempre
que tiver a meu alcance, eu farei.
CLEITON —— (orgulhoso) E agradecemos muito,
viu.
O CELULAR QUE TÁ NA BOLSA, NO SOFÁ, DE LISA COMEÇA A TOCAR.
LISA —— Ai, deve ser o meu!
LISA PEGA O CELULAR DA BOLSA. CAMINHA PRA UM CANTO CALMO,
ENQUANTO JOANA E CLEITON SE ABRAÇAM FELIZES. LISA ATENDE.
LISA —— (ao cel) Alô?
11. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 011
LEANDRO —— (off ao cel) Será que você adivinha
quem seja?
CLOSE NO ROSTO SURPRESO DE LISA, AO MESMO TEMPO SORRIDENTE.
LISA —— (ao cel) Leandro?
LEANDRO —— (off, ao cel) Calma, antes de
desligar o celular, pode pelo menos
responder a meu convite?
LISA —— (surpresa, ao cel) Convite? Que
convite?
LEANDRO —— (off ao cel) Estou te convidando
pra ir numa pizzaria/ (corta-se) Mas
calma! Não é pra nos encontramos longe
de Ester nenhuma. Pra eu me explicar.
LISA —— (confusa, ao cel) Se explicar? Do
quê, Leandro? Concisão, por favor!
LEANDRO —— (off, ao cel) Me explicar do beijo
que te dei anteontem, lembra?
CLOSE EM LISA QUE FICA SURPRESA.
Corta para:
CENA 13. FACULDADE DE SÃO PAULO. EXT. CAMPUS. TARDE.
ATRÁS DUMA ÁRVORE, ENCONTRA-SE LEANDRO, QUE APÓS FALAR COM
LISA DESLIGA O CELULAR E GUARDA-O.JECA, ESPIANDO EM SEGREDO,
PERTO DA ÁRVORE. APÓS OUVIR TUDO, CAMINHA PRA UM CANTO MAIS
TRANQUILO E DIZ A SI MESMO:
JECA —— (para si) Então o 'mauriçola' vai
encontrar a professora de novo?
(malícia) Bom saber. Muito bom.
JECA PEGA O CELULAR DO BOLSO DA CALÇA. DISCA. ALGUÉM ATENDE.
JECA —— (ao cel) Alô, Raquel!
RAQUEL —— (off, ao cel) Alô...? Eu não
acredito que é você!
JECA —— (ao cel, rindo) Eu mesmo! Seguinte.
Liguei só pra avisar que mais um flagra
tá prestes a acontecer entre mim,
Leandro e a professora suburbana.
RAQUEL —— (off, ao cel confusa) O quê? Vem
12. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 012
cá, do quê que você tá falando?!
JECA —— Vem ou não vem comigo?
RAQUEL —— (bufa, off ao cel) Aff! Tá bom,
João Alves... me pega
aqui na minha casa. (debochada) Ah!
Nem te conto! Vem ver a porta nova que
eu pus aqui. Tu vai amar!
JECA —— (ri, ao cel) Ah! Tá nadando na
grana. Bom saber.
RAQUEL DESLIGA NA MAIOR CARA DE PAU E JECA FICA A VER NAVIOS.
JECA —— Que safada!
Corta para:
CENA 14. AERO PORTO DE SÃO PAULO. EXT. ÁREA DE POUSO. TARDE.
AVIÃO JÁ ATERRISSADO. Corta. ABRE-SE A PORTA DO AVIÃO. LINDA,
CONSERVADA E CHIQUÉRRIMA, VEM DESCENDO DA ESCADA DO AVIÃO,
DESIRRÉ. ELA CAMINHA UM POUCO. ATRÁS, SIMONE TODA
DESENGONÇADA COM TRÊS MALAS ÀS MÃOS, QUASE TROPEÇANDO.
DESIRRÉ —— Cuidado, Simone! Você sabe o quanto
amo você, pra morrer assim!
SIMONE —— (toda atrapalhada) Ô!
SIMONE TROPEÇA E TODAS AS MALAS VÃO AO CHÃO, JUNTO DELA.
DESIRRÉ VIRA-SE. COMEÇA A RIR.
SIMONE —— Rico adora rir da desgraça dos
outros!
DESIRRÉ —— (rindo) Ah, minha amiga! Foi
engraçado! Vai! Não precisava carregar
as minhas malas. Johnny faz isso.
Aliás, cadê ele?
SIMONE —— Ué... foi escrever novela!
AS DUAS RIEM COM GOSTO. DESIRRÉ AJUDA SIMONE A LEVANTAR-SE.
DESIRRÉ FICA SÉRIA.
DESIRRÉ —— Mas você sabe, Si... a única coisa
que me importa é achar a minha
filhinha. Maria Helena!
SIMONE —— Ô! Já eu penso que ela morreu tem
13. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 013
anos!
DESIRRÉ —— Só pensa em tragédia, Simone!
Vambora, vai! Isso já me cansou!
ENQUANTO DESIRRÉ VAI SAINDO, SIMONE VOLTA A PEGAR AS MALAS DO
CHÃO.
Corta para:
CENA 15. FAVELA DE SÃO PAULO. EXT. FACHADA BARRACO DE RAQUEL.
TARDE.
JECA ESTÁ ADMIRANDO A NOVA PORTA DE RAQUEL, TODA BONITA E
PINTADINHA, ENQUANTO A ESPERA.
JECA —— (para si) Não é que a meretriz
conseguiu mesmo? Com que dinheiro ela
conseguiu essa porta, hein?
RAQUEL VEM SAINDO TODA LINDA, DECOTE CURTO, SORRINDO.
RAQUEL —— E então? O que achou da minha porta?
Digo essa porta, não aquela porta.
JECA —— No caso, eu gosto das duas!
RAQUEL —— Bobão!
AMBOS CAMINHAM E ENTRAM NO CARRO.
RAQUEL OLHA PELO VIDRO DO CARRO E VÊ NÉIA, A EMPREGADA,
SUBINDO COM UMA SACOLA CHEIA DE ROUPAS. ESTRANHA.
RAQUEL —— (estranhando) Olha, Jeca! Olha lá!
JECA —— Olhar o quê?
RAQUEL —— (aponta) A Néia, a empregada da
mansão onde o Leandro mora.
JECA —— (ri) E daí? Que ela é suburbana já
era de se imaginar.
RAQUEL —— Sim, mas o que ela faz aqui? Quando
ela começou a “trampar” na casa dos
Almeida Junior's ficou por lá. (T) Será
que... ela foi demitida?
JECA —— Taí um belo jeito de tirar essa
dúvida: indo lá e perguntando. Vai lá!
RAQUEL —— Não sei se ela iria me responder,
mas por via das dúvidas, lá vou eu!
14. PERFEIÇÃO/ CAPÍTULO 011 PÁGINA 014
RAQUEL ABRE A PORTA DO CARRO E SAI. JECA FICA OLHANDO. PV DE
JECA: RAQUEL SE APROXIMA DE NÉIA, QUE SOBE O ALAMBRADO,
DEPOIS UMA ESCADA. RAQUEL PRATICAMENTE BARRA NÉIA.
RAQUEL —— Com licença?
NÉIA —— (assusta-se) Sim? Eu te conheço?
RAQUEL —— vai saber... tu é Néia, não é?
NÉIA —— Sim. Néia, por quê?
RAQUEL —— Você trabalhava na casa dos bacanas
lá, né, do médico maduro e do filho do
médico, o gostoso? O Leandro, digo!
NÉIA —— (estranha) Era eu, sim. Mas por quê?
RAQUEL —— Não, porque sem querer me meter, me
responde: tu foi demitida, foi?
NÉIA HESITA...
FIM DO CAPÍTULO.