Félix Guattari foi um psicanalista e filósofo francês que desenvolveu conceitos como a transversalidade, esquizoanálise e ecosofia. Ele acreditava que a subjetividade é produzida coletivamente através das relações com o meio ambiente, instituições e outros, e não pertence apenas ao indivíduo. Guattari trabalhou para promover modos de vida mais criativos e sustentáveis.
3. • Psicanalista e filósofo, Pierre Félix Guattari nasceu em 1930, em
Villeneuve-les-Sablons, uma vila perto de Paris, e morreu na
noite de 29 de agosto de 1992. Foi militante político, escritor e
psicanalista.
• Através do pensamento de Jacques Lacan, aproximou-se da
obra freudiana e inicia a sua própria psicanálise com Lacan.
• Se forma como psicanalista. Anos depois integra-se na Escola
Freudiana de Paris criada por Lacan e alcança o título de
analista membro da escola. Participa do grupo até à sua
dissolução, declarada pelo seu fundador em 1980.
• Trabalhou durante 40 anos, desde a sua fundação em 1953,
numa clínica psiquiátrica, a Clínica La Borde, com a colaboração
de Jean Oury
4. • Guattari foi um pensador crítico da
psicanálise, quase um revolucionário
da psicanálise.
• Em 1964, uns anos antes de iniciar a
sua colaboração com Gilles Deleuze,
Félix
Guattari
apresenta
A
Transversalidade.
• Félix Guattari era profundamente
otimista
relativamente
à
vida
associativa, juntamente com Deleuze,
escreveu mais de 40 livros, sobre os
mais variados e amplos aspetos da
realidade (natural, social, subjetiva e
tecnológica)
5. PRINCIPAIS OBRAS:
• Psicanálise e transversalidade, 1972.
• Revolução molecular, 1977.
• O inconsciente maquínico, 1988.
• Os anos de inverno, 1986.
• Cartografias psicoanalíticas, 1989.
• Caosmose, 1992.
• O anti-édipo, 1972.
• Kafka por uma literatura menor, 1975.
• Rhizome, 1976.
• Mille plateaux, 1979.
• O que é a filosofia, 1991.
• Os novos espaços da liberdade, 1985.
• Micropolítica, 1985.
6. PRINCIPAIS PRESSUPOSTOS:
Guattari criou uma obra na qual o problema do desejo
singular é inseparável do político, da indústria, da informática,
e das instituições.
Inconsciente
individual.
institucional
junto
com
o
inconsciente
Coloca o problema da subjetividade no centro das questões
políticas e sociais contemporâneas.
Analisou o processo de subjetivação operado pelas novas
tecnologias de comunicação.
7. Aponta um movimento duplo e simultâneo, de
homogeneização universalizante e reducionista da
subjetividade.
Quanto ao futuro da virtualização da cultura: “ou caminhamos
para “a criação, a invenção de novos Universos de referência”;
ou, no sentido inverso, que é a “massimidialização”
embrutecedora, à qual são condenados hoje em dia milhares de
indivíduos” (Guattari, p. 15-16)
8. O VIRTUAL:
A virtualização assume uma tendência à homogeneização, à equivalência,
à medida que as coisas se tornam padronizáveis, intercambiáveis,
decorrência das diversas opções de experiência que se abrem
principalmente pelas novas tecnologias de comunicação.
“Os turistas, por exemplo, fazem viagens quase imóveis, sendo
depositados nos mesmos tipos de cabine de avião, de pullman, de quartos
de hotel e vendo desfilar diante de seus olhos paisagens que já
encontraram cem vezes em suas telas de televisão, ou em prospectos
turísticos. Assim, a subjetividade se encontra ameaçada de paralisia”.
Guattari (1992, p. 169)
Quanto ao futuro da virtualização da cultura: “ou caminhamos para “a
criação, a invenção de novos Universos de referência”; ou, no sentido
inverso, que é a “massimidialização” embrutecedora, à qual são
condenados hoje em dia milhares de indivíduos” (Guattari, p. 15-16)
9. Guattari (1992, p. 17) aborda o potencial criador da virtualização, porém,
sempre enfatizando a produção de subjetividade. Ou seja, a mutação de
identidade da cultura engendra o seu enriquecimento ou seu
empobrecimento, dependendo, em última análise, da qualidade da
experiência da pessoa com estes novos Universos.
O filósofo francês relata o seu trabalho com psicóticos do campo e da
cidade (principalmente burocratas e intelectuais). Para os primeiros,
notou avanço terapêutico quando entraram em contato com artes
plásticas, teatro, música, etc., Universos que lhes eram alheios. Já para
os segundos, interessava atividades como jardinagem e culinária.
O que importa aqui não é unicamente o confronto com uma nova
matéria de expressão, é a constituição de complexos de subjetivação:
indivíduo-grupo-máquina-trocas múltiplas, que oferecem à pessoa
possibilidades diversificadas de recompor uma corporeidade existencial,
de sair de seus impasses repetitivos e, de alguma forma, de se resingularizar”.
10. • As máquinas, particularmente as novas tecnologias de comunicação
(NTC), podem contribuir com o que chama de “produção de
subjetividades”, desde que a sua utilização caminhe para a
heterogênese do humano e para a criação de novos Universos de
Referência.
Félix Guattari (1992, p. 14) atribui às tecnologias de comunicação,
especialmente as mais recentes, como as mídias eletrônicas, a
informática e a telemática, o papel de operarem na heterogênese do
humano, contribuindo para a produção de novas subjetividades. O
filósofo francês argumenta que este movimento se dá a partir de
• 1. componentes semiológicos significantes que se manifestam por
meio da família, da educação, do meio ambiente, da religião, da arte,
do esporte;
• 2. elementos fabricados pela indústria dos mídia, do cinema, etc.;
• 3. dimensões semiológicas a-significantes colocando em jogo máquinas
informacionais
de
signos,
funcionando
paralelamente
ou
independentemente, pelo fato de produzirem e veicularem
significações e denotações que escapam então às axiomáticas
propriamente linguísticas (Guattari, op. cit., p. 14).
11. TRANSVERSALIDADE:
• Toda a existência se conjuga em
dimensões desejantes, politicas,
econômicas, sociais e históricas.
Critica a redução desta multiplicidade
e alerta contra a psicologização dos
problemas sociais. Entende que os
problemas psicopatológicos não se
podem pensar fora do universo
social .
12. ESQUIZOANÁLISE:
Desenvolvida por Gilles Deleuze e Felix Guattari, a Esquizoanálise é
uma concepção da realidade em todas suas superfícies, processos
e entes, e também nas suas individuações inventivas como
acontecimentos-devires. Para esta concepção, a produção, o
registro e o desejo revolucionários são imanentes e produtores de
toda a realidade. Consiste em uma leitura da realidade, tanto
natural, quanto social, subjetiva e industrial-tecnológica.
13. • Propõe uma leitura das relações clinicas, sociais e
institucionais não mais na relação Família e Neurose mas
sim na relação Capitalismo e Esquizofrenia.
• Procura valorizar a vida agradável, em sua potencialidade
máxima.
• Não há formas corretas de se viver, é valorizado atitudes
que fazem a vida mais vibrável e pulsante.
• A esquizoanálise rejeita a reprodução de modelos de como
se relacionar com a vida, valoriza o ato criador, abole
classificações e verdades absolutas, e acredita que a vida
só pode ser julgada por ela própria.
14. ECOSOFIA:
Guattari
se
afasta
daquela
separação ambientalista dualística
do humano (cultural) e não-humano
(natural);
Ecosofia é o estudo de fenômenos
complexos,
incluindo
a
subjetividade humana, o meioambiente e as relações sociais, as
quais todas estão intimamente
interconectadas.
“Sem modificações ao ambiente
social e material não pode haver
mudanças de mentalidade”
15. AS TRÊS ECOLOGIAS:
"A ecosofia social consistira, portanto, em desenvolver praticas
especificas que tendam a modificar e a reinventar maneiras de ser no
seio do casal, da família, do contexto urbano, do trabalho, etc.”
"A ecosofia mental, por sua vez, será levada a reinventar a relação do
sujeito com o corpo, com o fantasma, com o tempo que passa, com
os ‘mistérios’ da vida e da morte. Ela será levada a procurar antídotos
para a uniformização midiática e telemática, o conformismo das
modas, as manipulações da opinião pela publicidade, pelas
sondagens etc."
"O princípio particular à ecologia ambiental é o de que tudo é
possível tanto as piores catástrofes quanto as evoluções flexíveis.
Cada vez mais, os equilíbrios naturais dependerão das intervenções
humanas. Um tempo vira em que será necessário empreender
imensos programas para regular as relações entre o oxigênio, o
ozônio e o gás carbônico na atmosfera terrestre.”
16. SUJEITO, SUBJETIVIDADE E SUBJETIVAÇÃO:
Sujeito
Seria um ser humano em constante movimento, não é classificado
nem definido, se reorganiza sozinho.
Subjetividade
“Subjetividade não é passível de totalização ou de centralização no
individuo” (GUATTARI & ROLNIK, 1996, p. 31)
A subjetividade não é uma posse do individuo, mas sim uma
produção continua que acontece na relação com o outro. Implica na
relação com o outro social (a natureza, os acontecimentos, as
intervenções, etc), tudo o que produz efeito nos corpos e nas
maneiros de viver.
17. A subjetividade é historicamente construída, e para cada época
temos um tipo de produção subjetiva.
A subjetividade torna-se capitalística sendo produzida pela
mídia e pelos equipamentos coletivos, de modo geral, que
impõem modelos de como se viver.
É a subjetividade que constrói o sujeito através das relações
com o mundo e com o outro.
Subjetivação
Segundo Guattari a subjetivação seria uma troca de
construções vivas de valores, sendo dado movimento ao meio
social, pela mistura dos componentes da subjetividade
18. AGRADECEMOS PELA ATENÇÃO!!!
• “A subjetividade, através de chaves transversais, se
instaura ao mesmo tempo no mundo do meio ambiente,
dos grandes Agenciamentos sociais institucionais e,
simetricamente, no seio das paisagens e dos fantasmas
que habitam as mais íntimas esferas do indivíduo. A
reconquista de um grau de autonomia criativa num campo
particular invoca outras reconquistas em outros campos”.
Guattari, Félix; As três ecologias, SP, Papirus, 1997.