Este documento discute a produção colaborativa do funk na era digital, incluindo como a internet permitiu que produtores e consumidores interajam nas mesmas plataformas. Também traça a história do funk no Brasil desde suas origens até o "funk de apartamento" produzido online e compartilhado em redes sociais, levando ao estilo chamado de "neofunk".
4. CENÁRIO ATUAL Proposição: Quinta fase: em rede Anos 90, novo ciclo de evolução tecnológica, a partir do desenvolvimento da internet. Inserção do CONSUMIDOR na produção e distribuição musical através da mediação por computador
5.
6. Produtores e consumidores na mesma plataforma de interação – redes sociais, no mesmo grau de participação - ciber-representação
7. Na internet não existe mais o palco entre artista e público e a diferenciação entre eles é dada pela forma como participamGROUNDSWELL: “uma tendência social na qual pessoas usam tecnologia para conseguir as coisas que querem umas das outras” (LI & BERNOFF, 2008, p. 9).
8. ORIGENS DO FUNK Resgate do termo: FUNK como gíria dos negros americanos para designar o odor do corpo durante as relações sexuais Por volta de 1968 perdeu o significado pejorativo e passou a significar algo como “orgulho negro” Primeiros bailes brasileiros em 1970 na zona sul Tomada do Canecão pela MPB – migração do funk para a periferia – bailes da pesada Profissionalização dos produtores – formação das “tudo pode ser funky: uma roupa, um bairro da cidade, o jeito de andar e uma forma de tocar música que ficou conhecida como funk” (VIANNA, 1988, p. 20).
9. NACIONALIZAÇÃO DO FUNK Em 1976 a imprensa descobre o funk Industria fonográfica também – mas não agrada Período de ostracismo na era disco 1980 – Repertório internacional e primeira incursão brasileira com as “melôs” Mudança de cenário com Fernando Luís Mattos da Matta - o DJ Marlboro Lança o primeiro disco – Funk Brasil em 1989 (versões das musicas americanas e samples 1994 – repertório 100% nacional – redefinindo cenário da industria fonográfica “uma primeira forma de apropriação criativa, que resulta num produto obviamente híbrido: músicas americanas tocadas em versões instrumentais com refrões gritados pelo público dos bailes em português” (SÁ, 2009, p. 6).
11. PONTOS IMPORTANTES Alternância entre ostracismo e visibilidade entre nacionalização e regulamentação dos bailes acaba fortalecendo o movimento e permitindo a união interna do funk antes de sua re-internacionalização. Preconceito como barreira de defesa que permitiu que o funk maturasse antes de ser descoberto pela imprensa internacional Movimento dos Bondes: Segunda geração do funk que cresceu nos bailes Letras de duplo sentido e sexualidade exacerbada como manifestação do cotidiano Utilização do “tamborzão” - ponto marcante do funk brasileiro – resgate da sonoridade da umbanda
12. FUNK DE APARTAMENTO “funk de apartamento”, fazendo uma referência direta à forma como este é construído, nas salas e quartos da classe média brasileira que possui acesso à internet e tempo livre para empenhar na produção musical Ampla utilização do computador por parte de pessoas com tempo disponível - sociabilizando, jogando, interagindo e “fazendo beat” (música seqüenciada) É o que vai colocar produtores e consumidores na mesma plataforma de interação através de suas ciber-representações (redes sociais) E permitir a interação direta entre eles numa economia desintermediada - direta
13. MOMENTOS DO FUNK Momentos da trajetória do Funk no Brasil Freire Filho, Herschmann e Paiva (2004)
14. MOMENTOS DO FUNK Trajetória do funk no Brasil - proposta Incluindo o “funk de apartamento” , os sucessos derivados desse processo e rumando ao NEOFUNK
15. O QUE É O NEOFUNK NEOFUNK como a música eletrônica produzida na quinta fase de desenvolvimento da indústria fonográfica
16. CONSIDERAÇÕES FINAIS O funk dentro da quinta fase de desenvolvimento da indústria fonográfica é considerado como a verdadeira música eletrônica brasileira pelas suas características de hibridação correspondentes à cultura local É nesse momento que o funk é vivenciado dentro das plataformas sociais como objeto de interação entre ciber-representações, a partir dos perfis de produtores e consumidores inseridos dentro das mesmas plataformas de redes sociais.
17. CONSIDERAÇÕES FINAIS O neofunk é, portanto, o funk produzido dentro da quinta fase de desenvolvimento da indústria cultural na qual estamos atualmente. neofunk não poderia ser considerado uma derivação do funk, nem um subgênero, nem uma cena musical constituída à parte do funk carioca, pois isso seria comparar coisas distintas. remete-se ao significado original do termo funk, referindo-se a misturas e hibridações, tanto técnicas como de gêneros de quando este foi originalmente criado. Assim, até mesmo outros estilos e outras sonoridades poderiam ser classificadas como produções de neofunk, mesmo que não tivessem a batida do funk em sua composição, desde que criadas com as mesmas características de hibridação e colaboração, remetendo ao sentido musical do termo funk.
18. BIBLIOGRAFIA ADORNO, T., & HORKHEIMER, M. (1985). Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. ANDERSON, C. (2006). A Cauda Longa. Rio de Janeiro: Elsevier. BASTOS, M. (2004). A cultura da reciclagem. In: G. e. ALZAMORA, Cultura em fluxo:. Belo Horizonte: PUC Minas. BASTOS, M. (2003). Samplertrofagia - a cultura da Reciclagem. Anais do XXVI Congresso brasileiro de Ciencia da Comunicação . DIAS, M. T. (2000). Os Donos da Voz. Indústria Fonográfica Brasileira e Mundialização da Cultura. São Paulo: Boitempo. ENDRES, F. (4 de junho de 2009). Influênicas gerais e o Funk em sua História. (L. R. VIANA, Entrevistador) ESSINGER, S. (2005). Batidão. Uma História do Funk. Rio de Janeiro: Record. FILHO, J. F., & HERSCHMANN, M. (agosto-dezembro de 2003). Funk Carioca: Entre a Condenação e a Aclamação da Mídia. Revista ECO- Pós , pp. 60-72. FILHO, J. F., HERSCHMANN, M., & PAIVA, R. (dezembro de 2004). Rio de Janeiro: Estereótipos e Representações Midiáticas. Revista e-Compós . FRERE-JONES, S. (2005). 1+1+1=1: The New Math of Mashups.Acesso em julho de 2007, disponível em TheNewYorker: http://www.newyorker.com/archive/2005/01/10/050110crmu_music KATZ, M. (2005). Capturing Sound. How technology has changed music.California: UniversityofCaliforniaPress. LEMOS, A. (2006). Apropriação, desvio e despesa na cibercultura. Revista FAMECOS: mídia,cultura e tecnologia, Brasil, v. 1, n. 15 . LEMOS, A. (2005). Ciber-CulturaRemix. Seminário “Sentidos e Processos” dentro da mostra “Cinético Digital’, no Centro Itaú Cultural . LESSIG, L. (2004). Free culture. How big media uses technology and the law to lock down culture and control creativity.PenguimPress. MATTA, F. L. (21 de maio de 2009). O Funk no Brasil. (L. R. VIANA, Entrevistador) ORTIZ, R. (1994). A moderna tradição brasileira. (5a. Edição ed.). São Paulo: Brasiliense. SÁ, S. P. (2007). Funk Carioca: música eletronica popular brasileira?! e-compós . THOMPSOM, J. (1995). Ideologia e cultura moderna: Teoria social crítica na era dos meios de comunicação de massa. Petrópolis: Vozes. VICENTE, E. (1996). A música Popular e as Novas Tecnologias de Produção Digital. Dissertação de Mestrado nao Publicada. Campinas: IFGH/UNICAMP.