O documento fornece informações sobre redes de computadores, incluindo os componentes básicos como placas de rede, cabos e hubs/switches. Explica os padrões Ethernet de 10 Mbps, 100 Mbps e 1000 Mbps e como eles são intercompatíveis. Detalha os diferentes tipos de cabos de rede, incluindo cabos de par trançado e fibra óptica, e como escolher os cabos adequados para cada situação.
1. Matéria EXCLUSIVA
sobre o Atlhon 64
Usando um pendrive para
transportar suas configurações
Recuperando arquivos
em partições ReiserFS
Análise: E S P E C I A L
UMPCs
REDES
e MIDs
o novo cliente para Torrents
ano 1 – Nº 6 – Junho de 2007 Foto original de: http://www.flickr.com/photos/shadphotos/
2. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007
Editorial
Colaboradores: Embora o mês de junho não tenha nenhuma festa de destaque, como o
Carlos E. Morimoto. natal ou ano novo, a sexta edição da revista foi brindada com dois espe-
É editor do site http://www.guiadohardware.net, autor de
mais de 12 livros sobre Linux, Hardware e Redes, entre
ciais, um sobre o Athlon 64 e outro sobre redes.
eles os títulos: "Redes e Servidores Linux", "Linux Enten-
dendo o Sistema", "Linux Ferramentas T écnicas", "Enten- Todos sabemos que o Athlon 64 é um processador de 64 bits, mas poucos
dendo e Dominando o Linux", "Kurumin, desvendando entendem o que isso realmente significa. Outro problema é que existem
seus segredos", "Hardware, Manual Completo" e "Dicioná-
rio de termos técnicos de informática". Desde 2003 de- inúmeras variações do Athlon 64, muitas vezes vendidas sob o mesmo
senvolve o Kurumin Linux, uma das distribuições Linux índice de desempenho. Além de mostrar as diferenças entre elas, o
mais usadas no país.
especial mostra como diferenciar os modelos baseados em cada uma.
Pedro Axelrud
É blogueiro e trabalha para o site guiadohardware.net. O segundo especial fala sobre redes, abordando desde placas e cabos,
Atualmente com 16 anos, já foi editor de uma revista digi-
tal especializada em casemod. Entusiasta de hardware, até detalhes sobre portas TCP e redes wireless. Ler o guia não vai trans-
usuário de Linux / MacOS e fã da Apple, Pedro atualmente formá-lo em um administrador de redes, mas com certeza vai tirar
cursa o terceiro ano do Ensino Médio e pretende cursar a
faculdade de Engenharia da Computação.
muitas dúvidas, mesmo dos mais experientes.
Júlio César Bessa Monqueiro Um dos grandes problemas de quem usa mais de um micro (seja um em
É especialista em Linux, participante de vários fóruns virtu-
ais, atual responsável pelos scripts dos ícones mágicos do
casa e outro no trabalho, ou mesmo um desktop e um notebook) é manter
Kurumin, editor de notícias e autor de diversos artigos e tu- os arquivos e configurações sincronizados em ambos. Uma solução é utilizar
toriais publicados no Guia do Hardware. um pendrive para transportar suas configurações e arquivos de trabalho. Nas
Luciano Lourenço duas dicas incluídas nesta edição você aprende como criar scripts que per-
Designer do Kurumin linux, trabalha com a equipe do mitem salvar e restaurar seu ambiente de trabalho rapidamente, com a op-
Guia do Hardware.net executando a parte gráfica e de
webdesing, editor da Oka do Kurumin onde desenvol- ção de adicionar um sistema de encriptação. Completando, temos mais uma
ve dicas para aplicações gáficas em SL, participa de dica relacionada a arquivos, desta vez ensinando como recuperar arquivos
projetos voltado a softwares livres como o “O Gimp”, acidentalmente deletados em partições ReiserFS.
Inkscape Brasil e Mozilla Brasil.
A distribuição Linux escolhida para o especial desta edição é o Ubuntu
7.04. O Ubuntu, uma das distribuições mais populares atualmente e o
Contato Comercial: sucesso naturalmente não veio de graça. No especial, escrito pelo Julio
Para anunciar no Guia do Hardware em revista Bessa você pode conferir os principais recursos do sistema, além de
escreva para: muitas dicas.
revista@guiadohardware.net
Participe do Fórum: _
Carlos E. Morimoto
http://guiadohardware.net/comunidade/
www.guiadohardware.net :: Revista Revista GDH Edição de Junho
3. Leia Nesta Edição
-Especial Redes .4
-Usando um pendrive para .29
transportar suas configurações
-Recuperando arquivos em .42
partições ReiserFS
-Análise, Ubuntu 7.04 .45
-UMPCs e MIDs .58
-qBittorrent .64
-Athlon 64 .69
-Tiras do Mangabeira .90
-Resumo GDH Notícias .91
4. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007
Especial
Redes Por Carlos E. Morimoto
Inicialmente, as redes eram
simplesmente uma forma de
transmitir dados de um micro a
outro, substituindo o famoso
DPL/DPC (disquete pra lá, disquete
pra cá), usado até então.
As primeiras redes de computadores
foram criadas ainda durante a
década de 60, como uma forma de
transferir informações de um
computador a outro. Na época, o
meio mais usado para
armazenamento externo de dados e
transporte ainda eram os cartões
perfurados, que armazenavam
poucas dezenas de caracteres cada
(o formato usado pela IBM, por
exemplo, permitia armazenar 80
caracteres por cartão).
www.guiadohardware.net :: Revista Índice Especial Redes :: 4
5. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007 | Especial
Eles são uma das formas mais lentas, No começo da década de 90, existiam
trabalhosas e demoradas de transportar Placas, cabos, conectores, três padrões de rede, as redes Arcnet,
grandes quantidades de informação que
se pode imaginar. São, literalmente, car- hubs e switches Token Ring e Ethernet. As redes Arcnet
tinham problemas de desempenho e
tões de cartolina com furos, que repre- Os componentes básicos de uma rede as Token Ring eram muito caras, o
sentam os bits um e zero armazenados: são uma placa de rede para cada micro, que fez com que as redes Ethernet se
os cabos e um hub ou switch, que serve tornassem o padrão definitivo. Hoje
como um ponto de encontro, permitindo em dia, "Ethernet" é quase um sinô-
que todos os micros se enxerguem e nimo de placa de rede. Até mesmo as
conversem entre si. Juntos, esses com- placas wireless são placas Ethernet.
ponentes fornecem a infra-estrutura
básica da rede, incluindo o meio físico Lembre-se que Ethernet é o nome de
para a transmissão dos dados, modulação um padrão que diz como os dados são
dos sinais e correção de erros. transmitidos. Todas as placas que se-
guem este padrão são chamadas de
Cartão perfurado placas Ethernet. Não estamos falando
Placas de rede de uma marca ou de um fabricante
De 1970 a 1973 foi criada a Arpanet, específico.
uma rede que interligava várias univer- As placas de rede já foram componentes
sidades e diversos órgãos militares. caros. Mas, como elas são dispositivos Temos aqui alguns exemplos de pla-
Nesta época surgiu o e-mail e o FTP, relativamente simples e o funciona- cas de rede. O conector para o cabo
recursos que utilizamos até hoje. Ainda mento é baseado em padrões abertos, é chamado de "RJ45" e o soquete vago
em 1973 foi feito o primeiro teste de qualquer um com capital suficiente permite instalar um chip de boot.
transmissão de dados usando o padrão pode abrir uma fábrica de placas de
Ethernet, dentro do PARC (o laboratório rede. Isso faz com que exista uma
de desenvolvimento da Xerox, em Palo concorrência acirrada, que obriga os
Alto, EUA). Por sinal, foi no PARC onde fabricantes a produzirem placas cada
várias outras tecnologias importantes, vez mais baratas, trabalhando com mar-
incluindo a interface gráfica e o mouse, gens de lucro cada vez mais estreitas.
foram originalmente desenvolvidas.
As placas de rede mais baratas chegam a
O padrão Ethernet é utilizado pela maio- ser vendidas no atacado por menos de 3
ria das tecnologias de rede local em dólares. O preço final é um pouco mais alto,
uso, das placas mais baratas às redes naturalmente, mas não é difícil achar
wireless. O padrão Ethernet define a placas por 20 reais ou até menos, sem falar
forma como os dados são organizados e que, hoje em dia, praticamente todas as
transmitidos. É graças a ele que placas placas-mãe vendidas possuem rede onbo-
de diferentes fabricantes funcionam ard, muitas vezes duas, já pensando no
perfeitamente em conjunto. público que precisa compartilhar a conexão.
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6. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007 | Especial
Existem três padrões de redes Ethernet Se você dividir 100 megabits por 8, No entanto, o principal motivo é o fato
(com fio): de 10 megabits, 100 megabits terá 12.5 megabytes por segundo. É de que eles podem ser usados apenas
e 1000 megabits (também chamadas bem menos do que um HD atual é em redes de 10 megabits: a partir do
de Gigabit Ethernet). Já estão disponíveis capaz, mas já é uma velocidade ra- momento em que as redes 10/100
também as redes de 10 gigabits, mas zoável. No que depender da rede, tornaram-se populares, eles entraram
por enquanto elas ainda são muito demora cerca de um minuto para copiar definitivamente em desuso, dando lugar
caras, pois utilizam placas específicas e um CD inteiro, por exemplo. aos cabos de par trançado. Entre eles,
cabos de fibra óptica. Esses três pa- os que realmente usamos no dia-a-dia
drões são intercompatíveis: você pode A opção para quem precisa de mais são os cabos "cat 5" ou "cat 5e", onde
perfeitamente misturar placas de 100 e velocidade são as redes Gigabit Ethernet, o "cat" é abreviação de "categoria" e o
1000 megabits na mesma rede, mas, ao que transmitem a uma taxa de até 1000 número indica a qualidade do cabo.
usar placas de velocidades diferentes, a megabits (125 megabytes) por segundo.
velocidade é sempre nivelada por baixo, As placas Gigabit atuais são compatíveis Fabricar cabos de rede é mais compli-
ou seja, as placas Gigabit são obrigadas com os mesmos cabos de par trançado cado do que parece. Diferente dos
a respeitar a velocidade das placas cat 5 usados pelas placas de 100 mega- cabos de cobre comuns, usados em
mais lentas. bits (veja mais detalhes a seguir), por instalações elétricas, os cabos de rede
isso a diferença de custo fica por conta precisam suportar freqüências muito
As redes de 10 megabits estão em desuso apenas das placas e do switch. Graças a altas, causando um mínimo de atenua-
já a vários anos e tendem a se extinguir isso elas estão caindo de preço e se ção do sinal. Para isso, é preciso mini-
com o tempo. As de 100 megabits são o popularizando rapidamente. mizar ao máximo o aparecimento de
padrão (por enquanto), pois são muito bolhas e impurezas durante a fabricação
baratas e propiciam uma velocidade sufi-
ciente para transmitir grandes arquivos e
Tipos de cabos de rede dos cabos. No caso dos cabos de par
trançado, é preciso, ainda, cuidar do
rodar aplicativos remotamente. entrançamento dos pares de cabos,
Existem basicamente 3 tipos diferentes que também é um fator crítico.
Tudo o que a placa de rede faz é transmitir de cabos de rede: os cabos de par
os uns e zeros enviados pelo processador trançado (que são, de longe, os mais Existem cabos de cat 1 até cat 7. Como
através do cabo de rede, de forma que a comuns), os cabos de fibra óptica (usados os cabos cat 5 são suficientes tanto
transmissão seja recebida pelos outros principalmente em links de longa para redes de 100 quanto de 1000
micros. Ao transferir um arquivo, o pro- distância) e os cabos coaxiais, ainda megabits, eles são os mais comuns e
cessador lê o arquivo gravado no HD e o usados em algumas redes antigas. mais baratos; geralmente custam em
envia à placa de rede para ser transmitido. torno de 1 real o metro. Os cabos cat5e
Existem vários motivos para os cabos (os mais comuns atualmente) seguem
Os HDs atuais são capazes de ler dados coaxiais não serem mais usados hoje em um padrão um pouco mais estrito, por
a 30 ou 40 MB por segundo. Lembre-se dia: eles são mais propensos a mal isso dê preferência a eles na hora de
que um byte tem 8 bits, logo 30 MB contato, os conectores são mais caros e comprar.
(megabytes, com o B maiúsculo) cor- os cabos são menos flexíveis que os de
respondem a 240 megabits (Mb, com o par trançado, o que torna mais difícil Em caso de dúvida, basta checar as
b minúsculo) e assim por diante. passá-los por dentro de tubulações. inscrições decalcadas no cabo.
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Comprar os cabos já prontos é muito Além dos cabos sem blindagem, conheci-
mais prático, mas tem alguns inconve- dos como UTP (Unshielded Twisted Pair),
nientes. Muita gente (a maioria, acredito existem os cabos blindados conhecidos
:) não acha muito legal ver cabos espa- como STP (Shielded Twisted Pair). A única
lhados pelo chão da sala. Alguns desa- diferença entre eles é que os cabos blin-
Destaque para a inscrição no cabo indicando a categoria visados chegam a tropeçar neles, der- dados, além de contarem com a proteção
Você pode comprar alguns metros de cabo e rubando micros, quebrando os conec- do entrelaçamento dos fios, possuem
alguns conectores e crimpar os cabos você tores das placas de rede, entre outros uma blindagem externa (assim como os
mesmo, ou pode comprá-los já prontos. Em acidentes desagradáveis. cabos coaxiais) e por isso são mais
ambos os casos, os cabos devem ter no mí- adequados a ambientes com fortes fontes
nimo 30 centímetros e no máximo 100 me- Para dar um acabamento mais profissio- de interferências, como grandes motores
tros, a distância máxima que o sinal elétrico nal, você precisa passar os cabos por elétricos ou grandes antenas de trans-
percorre antes que comece a haver uma de- dentro das tubulações das paredes ou missão muito próximas.
gradação que comprometa a comunicação. pelo teto e é mais fácil passar o cabo
primeiro e crimpar o conector depois do Quanto maior for o nível de interferência,
Naturalmente, os 100 metros não são um que tentar fazer o contrário. Se preferir menor será o desempenho da rede,
número exato. A distância máxima que é crimpar o cabo você mesmo, vai precisar menor será a distância que poderá ser
possível atingir varia de acordo com a comprar também um ali- usada entre os micros e mais vantajosa
qualidade dos cabos e conectores e as cate de crimpagem. será a instalação de cabos blindados.
interferências presentes no ambiente. Já vi Ele "esmaga" os con- Em ambientes normais, porém, os
casos de cabos de 180 metros que funcio- cabos sem blindagem funcionam per-
tatos do conector,
navam perfeitamente, e casos de cabos de feitamente bem. Na ilustração temos
fazendo com que
150 que não. Ao trabalhar fora do padrão, um exemplo de cabo com blindagem,
eles entrem em
os resultados variam muito de acordo com com proteção individual para cada par
as placas de rede usadas e outros fatores. contato com
os fios do de cabos. Existem também cabos mais
Ao invés de jogar com a sorte, é mais
cabo de "populares", que utilizam apenas uma
recomendável seguir o padrão, usando um
hub/switch ou um repetidor a cada 100 rede. blindagem externa que envolve todos
metros, de forma a reforçar o sinal. os cabos.
Alicate de
crimpagem
Os cabos de rede transmitem sinais elé-
tricos a uma freqüência muito alta e a
distâncias relativamente grandes, por
isso são muito vulneráveis a interferências
eletromagnéticas externas.
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8. Ano 1 - Nº 6 - Junho
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Outras fontes menores de interferências
são as lâmpadas fluorescentes (princi-
palmente lâmpadas cansadas, que
ficam piscando), cabos elétricos, quando
colocados lado a lado com os cabos de
rede, e mesmo telefones celulares muito
próximos dos cabos. Este tipo de inter-
ferência não chega a interromper o
funcionamento da rede, mas pode causar
perda de pacotes.
No final de cada pacote TCP são incluídos
Saliência no canto da guilhotina para descascar o cabo.
32 bits de CRC, que permitem verificar a
integridade dos dados. Ao receber cada
pacote, a estação verifica se a soma dos Os quatro pares do cabo são diferenci-
bits "bate" com o valor do CRC. Sempre ados por cores. Um par é laranja, outro
que a soma der errado, ela solicita a é azul, outro é verde e o último é mar- Pares do cabo separados, prontos para serem organizados
retransmissão do pacote, o que é repe- rom. Um dos cabos de cada par tem
tido indefinidamente, até que ela receba uma cor sólida e o outro é mais claro
uma cópia intacta. Graças a esse sistema ou malhado, misturando a cor e pontos Existem dois padrões para a ordem dos
é possível transmitir dados de forma de branco. É pelas cores que diferenci- fios dentro do conector, o EIA 568B (o
confiável mesmo através de links ruins amos os 8 fios. mais comum) e o EIA 568A. A diferença
(como, por exemplo, uma conexão via entre os dois é que a posição dos pares
modem). Porém, quanto mais intensas O segundo passo é destrançar os cabos, de cabos laranja e verde são invertidos
forem as interferências, mais pacotes deixando-os soltos. É preciso organizá- dentro do conector.
precisam ser retransmitidos e pior é o los em uma certa ordem para colocá-los
desempenho da rede. dentro do conector e é meio complica- Existe muita discussão em relação com
do fazer isso se eles estiverem grudados qual dos dois é "melhor", mas na prática
entre si :-P. não existe diferença de conectividade
Crimpando os cabos Eu prefiro descascar um pedaço grande
entre os dois padrões. A única observa-
ção é que você deve cabear toda a
Ao crimpar os cabos de rede, o primeiro do cabo, uns 6 centímetros, para poder rede utilizando o mesmo padrão. Como
passo é descascar os cabos, tomando organizar os cabos com mais facilidade o EIA 568B é de longe o mais comum,
cuidado para não ferir os fios internos, e depois cortar o excesso, deixando recomendo-o que você utilize-o ao
que são frágeis. Normalmente, o alicate apenas os 2 centímetros que entrarão crimpar seus próprios cabos.
inclui uma saliência no canto da guilho- dentro do conector. O próprio alicate
tina, que serve bem para isso. Existem de crimpagem inclui uma guilhotina No padrão EIA 568B, a ordem dos fios
também descascadores de cabos espe- para cortar os cabos, mas você pode dentro do conector (em ambos os lados
cíficos para cabos de rede. usar uma tesoura se preferir. do cabo) é a seguinte:
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9. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007 | Especial
1- Branco com Laranja No caso de um cabo "reto" (straight), A maioria dos hub/switchs atuais é capaz
2- Laranja que vai ser usado para ligar o micro ao de "descruzar" os cabos automaticamente
3- Branco com Verde hub, você usa esta mesma disposição quando necessário, permitindo que você
4- Azul nas duas pontas do cabo. Existe ainda misture cabos normais e cabos cross-over
5- Branco com Azul um outro tipo de cabo, chamado de dentro do cabeamento da rede. Graças a
6- Verde "cross-over", que permite ligar dire- isso, a rede vai funcionar mesmo que você
7- Branco com Marrom tamente dois micros, sem precisar do use um cabo cross-over para conectar um
8- Marrom hub. Ele é uma opção mais barata dos micros ao hub por engano.
quando você tem apenas dois micros.
Neste tipo de cabo a posição dos fios é Na hora de crimpar é preciso fazer um
Os cabos são encaixados nesta ordem, pouco de força para que o conector fique
diferente nos dois conectores, de um
com a trava do conector virada para firme. A qualidade do alicate é importante:
dos lados a pinagem é a mesma de um
baixo, como no diagrama. evite comprar alicates muito baratos, pois
cabo de rede normal, enquanto no
outro a posição dos pares verde e la- eles precisam ser resistentes para aplicar
ranja são trocados. Daí vem o nome a pressão necessária.
cross-over, que significa, literalmente,
A função do alicate é fornecer pressão
"cruzado na ponta".
suficiente para que os pinos do conector
Para fazer um cabo cross-over, você crim- RJ-45, que internamente possuem a
pa uma das pontas seguindo o padrão EIA forma de lâminas, esmaguem os fios do
568B que vimos acima e a outra utilizando cabo, alcançando o fio de cobre e criando
Ou seja, se você olhar o conector "de
o padrão EIA 568A, onde são trocadas as o contato. Você deve retirar apenas a
cima", vendo a trava, o par de fios laranja
posições dos pares verde e laranja: capa externa do cabo e não descascar
estará à direita e, se olhar o conector "de
individualmente os fios, pois isso, ao
baixo", vendo os contatos, eles estarão à
invés de ajudar, serviria apenas para
esquerda. 1- Branco com Verde causar mau contato, deixando frouxo o
2- Verde encaixe com os pinos do conector.
Este outro diagrama mostra melhor 3- Branco com Laranja
como fica a posição dos cabos dentro 4- Azul
do conector: 5- Branco com Azul
6- Laranja
7- Branco com Marrom
8- Marrom
Esta mudança faz com que os fios usa-
dos para transmitir dados em um dos
micros sejam conectados aos pinos co-
nectores do outro, permitindo que eles
conversem diretamente.
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10. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007 | Especial
É preciso um pouco de atenção ao cortar Isso mostra que os sinais elétricos Esses aparelhos serão bastante úteis
e encaixar os fios dentro do conector, enviados estão chegando até o hub e se você for crimpar muitos cabos, mas
pois eles precisam ficar perfeitamente que ele foi capaz de abrir um canal de são dispensáveis para trabalhos espo-
retos. Isso demanda um pouco de práti- comunicação com a placa. rádicos, pois é muito raro que os cabos
ca. No começo, você vai sempre errar venham com fios rompidos de fábrica.
algumas vezes antes de conseguir. Se os LEDs nem acenderem, então não Os cabos de rede apresentam também
existe o que fazer. Corte os conectores uma boa resistência mecânica e flexibi-
Veja que o que protege os cabos contra e tente de novo. Infelizmente, os conec- lidade, para que possam passar por
as interferências externas são justa- tores são descartáveis: depois de dentro de tubulações. Quase sempre os
mente as tranças. A parte destrançada crimpar errado uma vez, você precisa problemas de transmissão surgem por
que entra no conector é o ponto fraco usar outro novo, aproveitando apenas o causa de conectores mal crimpados.
do cabo, onde ele é mais vulnerável a cabo. Mais um motivo para prestar
todo tipo de interferência. Por isso, é atenção ;). Existem ainda modelos mais simples
recomendável deixar um espaço menor de testadores de cabos, que chegam a
possível sem as tranças. Para crimpar Existem também aparelhos testadores custar em torno de 20 reais. Estes
cabos dentro do padrão, você precisa de cabos, que oferecem um diagnóstico modelos mais simples realizam apenas
deixar menos de 2,5 centímetros des- muito mais sofisticado, dizendo, por um teste de continuidade do cabo,
trançados. Você só vai conseguir isso exemplo, se os cabos são adequados checando se o sinal elétrico chega até
cortando o excesso de cabo solto antes para transmissões a 100 ou a 1000 a outra ponta e, verificando o nível de
de encaixar o conector, como na foto: megabits e avisando caso algum dos 8 atenuação, para certificar-se de que ele
fios do cabo esteja rompido. Os mais cumpre as especificações mínimas. Um
sofisticados avisam inclusive em que conjunto de 8 leds se acende, mos-
ponto o cabo está rompido, permitindo trando o status de cada um dos 8 fios.
que você aproveite a parte boa. Se algum fica apagado durante o teste,
você sabe que o fio correspondente
está partido. A limitação é que eles não
são capazes de calcular em
que ponto o cabo está partido,
de forma que a sua única op-
ção acaba sendo trocar e des-
cartar o cabo inteiro.
Uma curiosidade é que algumas
placas mãe da Asus, com rede Yukon
O primeiro teste para ver se os cabos Marvel (e, eventualmente, outros mode-
foram crimpados corretamente é co- Testador de cabos los lançados futuramente), incluem um
nectar um dos micros (ligado) ao hub e software testador de cabos, que pode ser
ver se os LEDs da placas de rede e do acessado pelo setup, ou através de uma
hub acendem. interface dentro do Windows.
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11. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007 | Especial
Ele funciona de uma forma bastante A rede elétrica utiliza corrente alternada,
engenhosa. Quando o cabo está partido com ondas de 60 Hz, o que faz com que o Hubs e switches
em algum ponto, o sinal elétrico per- ruído eletromagnético emitido pelos
corre o cabo até o ponto onde ele está cabos elétricos prejudiquem a transmissão O hub ou switch é simplesmente o
rompido e, por não ter para onde ir, de sinais através do cabo de rede, au- coração da rede. Ele serve como um
retorna na forma de interferência. O mentando o número de pacotes perdidos ponto central, permitindo que todos os
software cronometra o tempo que o e assim por diante. pontos se comuniquem entre si.
sinal demora para ir e voltar, apontando
Em algumas situações, pode ser que você Todas as placas de rede são ligadas ao
com uma certa precisão depois de
realmente não tenha outra saída, mas é hub ou switch e é possível ligar vários
quantos metros o cabo está rompido.
uma coisa que você deve evitar ao máximo hubs ou switches entre si (até um
Além dos cabos em si, temos todo um fazer. Verifique se não é possível passar os máximo de 7), caso necessário.
conjunto de conduítes, painéis e tomadas, cabos por baixo do carpete, ou pelo forro
destinados a organizar a fiação. Você do teto, por exemplo.
pode também passar cabos de rede atra-
vés dos conduítes destinados aos fios de Para ser sincero, os padrões de cabeamento
são definidos com uma boa margem de
telefone e cabos de antena. Para isso,
tolerância, para garantir que a rede funci-
você vai precisar de uma guia para passar
one de forma confiável em qualquer situa-
os cabos (você pode comprar em lojas de
ção. Já vi muitas redes com cabeamento
ferragens). Existem também lubrificantes
completamente fora do padrão que conti-
específicos para cabos de rede, que aju-
nuavam funcionando, apesar dos abusos.
dam o cabo a deslizar e podem ser usados
Já vi casos de cabos com bem mais de 100 A diferença entre os hubs e switches é
para reduzir o stress mecânico sob o cabo
metros, cabos de rede passados lado a que o hub apenas retransmite tudo o
ao passá-lo por conduítes apertados ou lado com fios elétricos e até mesmo um que recebe para todos os micros conec-
longas distâncias. cabo cross-over feito com fios de telefone! tados a ele, como se fosse um espelho.
Enfim, o simples caso da rede "funcionar" Isso significa que apenas um micro
Uma boa opção ao cabear é usar tomadas
não significa que o cabeamento foi bem pode transmitir dados de cada vez e
para cabos de rede, ao invés de simples-
feito. Trabalhar próximo do limite vai fazer que todas as placas precisam operar na
mente deixar o cabos soltos. Elas dão um
com que a velocidade de transmissão da mesma velocidade, que é sempre nive-
acabamento mais profissional e tornam o
rede fique abaixo do normal (por causa de lada por baixo. Caso você coloque um
cabeamento mais flexível, já que você
colisões, pacotes perdidos e retransmis- micro com uma placa de 10 megabits
pode ligar cabos de diferentes tamanhos
sões) e pode causar problemas de conec- na rede, a rede toda passará a traba-
às tomadas e substituí-los conforme
tividade diversos, que podem ser muito lhar a 10 megabits.
necessário (ao mudar os micros de lugar, complicados de diagnosticar e corrigir.
por exemplo).
Os switches por sua vez são aparelhos
Uma observação importante é que você Se você valoriza seu trabalho, procure seguir muito mais inteligentes. Eles fecham
não deve passar cabos de rede pelas as regras e fazer um bom cabeamento. Re- canais exclusivos de comunicação en-
tubulações destinadas a cabos elétricos. des bem cabeadas podem durar décadas. :) tre o micro que está enviando dados e
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12. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007 | Especial
o que está recebendo, permitindo que Hoje em dia, existem ainda os "level 3 switches", uma categoria ainda mais inteligente
vários pares de micros troquem dados de switches, que incorporam algumas características dos roteadores. Eles permi-
entre si ao mesmo tempo. Isso melhora tem definir rotas entre os diferentes micros da rede com base no endereço IP, criar
bastante a velocidade em redes con- "redes virtuais", onde os micros passam a se comportar como se estivessem ligados a
gestionadas, com muitos micros. Outra dois switches diferentes, e assim por diante.
vantagem dos switches é que, em
redes onde são misturadas placas Finalmente, temos os roteadores, que são o topo da cadeia evolutiva. Os roteadores
10/10 e 10/100, as comunicações são ainda mais inteligentes, pois são capazes de interligar várias redes diferentes e
podem ser feitas na velocidade das sempre escolher a rota mais rápida para cada pacote de dados. Os roteadores operam
placas envolvidas, ou seja, quando no nível 3 do modelo OSI, procurando por endereços IP, ao invés de endereços MAC.
duas placas 10/100 trocarem dados, a
comunicação será feita a 100 megabits Usando roteadores, é possível interligar um número enorme de redes diferentes, mesmo
e quando uma das placas de 10 mega- que situadas em países ou mesmo continentes diferentes. Note que cada rede possui seu
bits estiver envolvida, será feita a 10 próprio roteador e os vários roteadores são interligados entre si. É possível interligar
megabits. inúmeras redes diferentes usando roteadores, e não seria de se esperar que todos os
roteadores tivessem acesso direto a todos os outros roteadores a que estivesse conectado.
Hoje em dia, os hubs "burros" caíram
em desuso. Quase todos à venda atual- Pode ser que, por exemplo, o roteador 4 esteja ligado apenas ao roteador 1, que esteja ligado
mente são "hub-switches", modelos ao roteador 2, que por sua vez seja ligado ao roteador 3, que esteja ligado aos roteadores 5 e
de switches mais baratos, que custam 6. Se um micro da rede 1 precisar enviar dados para um dos micros da rede 6, então o paco-
quase o mesmo que um hub antigo. te passará primeiro pelo roteador 2, será encaminhado ao roteador 3 e finalmente ao rotea-
Depois destes, temos os switches "de dor 6. Cada vez que o dado é transmitido de um roteador para outro, temos um "hop".
verdade", capazes de gerenciar um nú-
mero muito maior de portas, sendo, por
isso, adequados a redes de maior porte.
Tanto os "hub-switches", quanto os
switches "de verdade" são dispositivos
que trabalham no nível 2 do modelo
OSI. O que muda entre as duas cate-
gorias é o número de portas e recursos.
Os switches "de verdade" possuem
interfaces de gerenciamento, que
você acessa através do navegador em
um dos micros da rede, que permitem
visualizar diversos detalhes sobre o
tráfego, descobrir problemas na rede
e alterar diversas configurações, en-
quanto que os "hub-switches" são dis-
positivos burros.
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13. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007 | Especial
Os roteadores são inteligentes o sufici- Para verificar por quantos roteadores o Dentro de uma mesma rede é possível
ente para determinar o melhor cami- pacote está passando até chegar ao enviar pacotes de broadcast, que são
nho a seguir. Inicialmente, o roteador destino, use o comando "traceroute" endereçados a todos os integrantes da
procurará o caminho com o menor (no Linux) ou "tracert" (no Windows). rede simultaneamente. Ao usar um hub
número de hops: o caminho mais curto. burro, todos os micros recebem todas as
Mas se por acaso perceber que um dos Os roteadores podem ser desde PCs transmissões. Um roteador filtra tudo
roteadores desta rota está ocupado comuns, com duas ou mais placas de isso, fazendo com que apenas os pacotes
demais (o que pode ser medido pelo rede, até supercomputadores capazes especificamente endereçados a endere-
tempo de resposta), ele procurará de gerenciar centenas de links de alta ços de outras redes trafeguem entre
caminhos alternativos para desviar velocidade. Eles formam a espinha dorsal elas. Lembre-se de que, ao contrário das
deste roteador congestionado, mesmo da internet. redes locais, os links de internet são
que para isso o sinal tenha que passar muito caros (muitas vezes se paga por
por mais roteadores. No final, apesar gigabyte transferido), por isso é essencial
do sinal ter percorrido o caminho mais que sejam bem aproveitados.
longo, chegará mais rápido, pois não
precisará ficar esperando na fila do ro-
teador congestionado. Redes wireless
A internet é, na verdade, uma rede gi-
gantesca, formada por várias sub-redes Roteador Usar algum tipo de cabo, seja um cabo
interligadas por roteadores. Todos os de par trançado ou de fibra óptica, é a
usuários de um pequeno provedor, por forma mais rápida e em geral a mais
exemplo, podem ser conectados à in- Quando você usa um PC com duas placas barata de transmitir dados. Os cabos de
ternet por meio do mesmo roteador. Para de rede para compartilhar a conexão com par trançado cat 5e podem transmitir
baixar uma página do Yahoo, por exem- os micros da rede local, você está confi- dados a até 1 gigabit a uma distância de
plo, o sinal deverá passar por vários gurando-o para funcionar como um rote- até 100 metros, enquanto os cabos de
roteadores, várias dezenas em alguns ador simples, que liga uma rede (a inter- fibra ótica são usados em links de longa
casos. Se todos estiverem livres, a página net) a outra (a sua rede doméstica). O distância, quando é necessário atingir
será carregada rapidamente. Porém, se mesmo acontece ao configurar seu distâncias maiores. Usando 10G, é pos-
alguns estiverem congestionados, pode modem ADSL como roteador. sível atingir distâncias de até 40 km,
ser que a página demore vários segundos sem necessidade de usar repetidores.
Pense que a diferença entre hubs e
antes de começar a carregar.
switches e os roteadores é justamente Mas, em muitos casos não é viável
Você pode medir o tempo que um esta: os hubs e switches permitem que usar cabos. Imagine que você precise
pedido de conexão demora para ir até vários micros sejam ligados formando ligar dois escritórios situados em dois
o destino e ser respondido usando o uma única rede, enquanto que os rote- prédios diferentes (porém próximos),
comando "ping", disponível tanto no adores permitem interligar várias redes ou que a sua mãe/esposa/marido não
Linux quanto no prompt do MS-DOS, no diferentes, criando redes ainda maiores, deixa você nem pensar em espalhar
Windows. como a própria internet. cabos pela casa.
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A solução nesses casos são as redes sem Na verdade, é bastante raro um notebook
fio, que estão caindo de preço e, por isso, que venha com uma placa wireless "onbo-
tornando-se bastante populares. O padrão ard". Quase sempre é usada uma placa
mais usado é o Wi-Fi (Wireless Fidelity), o mini-pci (uma versão miniaturizada de uma
nome comercial para os padrões 802.11b, placa PCI tradicional, que usa um encaixe
802.11a e 802.11g. A topologia deste tipo próprio), que pode ser substituída como
de rede é semelhante a das redes de par qualquer outro componente. A antena não
trançado, com o hub central substituído vai na própria placa, mas é montada na
pelo ponto de acesso. A diferença no caso tampa do monitor, atrás do LCD e o sinal
é que são usados transmissores e antenas vai até a placa através de dois cabos, que
ao invés de cabos. É possível encontrar correm dentro da carcaça do notebook.
tanto placas PCMCIA ou mini-PCI, para
notebooks, quanto placas PCI, para Estas placas mini-pci levam uma vanta-
micros desktop. gem muito grande sobre as placas wireless
PCMCIA por causa da antena. As placas
Quase todos os notebooks à venda atu- PCMCIA precisam ser muito compactas,
almente, muitos modelos de palmtops e por isso invariavelmente possuem uma
antena muito pequena, com pouca sensibi- Slot mini-pci
até mesmo smartphones já incluem
transmissores wireless integrados. Muita lidade. As antenas incluídas nos notebo-
gente já acha inconcebível comprar um oks, por sua vez, são invariavelmente mui-
notebook sem wireless, da mesma forma to maiores, o que garante uma conexão
que ninguém mais imagina a idéia de muito mais estável, com um alcance muito
um PC sem disco rígido, como os modelos maior e ajuda até mesmo na autonomia
vendidos no início da década de 80. das baterias (já que é possível reduzir a
potência do transmissor).
A maioria dos notebooks fabricados a
partir do final de 2002 trazem o slot
mini-pci e a antena, permitindo que
você compre e instale uma placa mini-
pci, ao invés de ficar brigando com o
alcance reduzido das placas PCMCIA.
Existem vários modelos de placas mini-pci
no mercado, mas elas não são um compo-
nente comum, de forma que você só vai
encontrá-las em lojas especializadas. É
Placa wireless mini-pci
possível também substituir a placa que
acompanha o notebook por outro modelo,
melhor ou mais bem suportado no Linux.
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Não se engane pela foto. As placas Os pontos de acesso possuem uma saída O ponto de acesso serve apenas como
mini-pci são muito pequenas, quase do para serem conectados em um hub tradi- a "última milha", levando o sinal da
tamanho de uma caixa de fósforos e os cional, permitindo que você "junte" os rede até os micros com placas wireless.
conectores a antena são quase do micros da rede com fios com os que estão Eles podem acessar os recursos da
tamanho de uma cabeça de alfinete. acessando através da rede wireless, rede normalmente, acessar arquivos
Eles são frágeis, por isso é preciso ter formando uma única rede, o que é jus- compartilhados, imprimir, acessar a in-
cuidado ao plugá-los na placa. O fio tamente a configuração mais comum. ternet, etc. A única limitação fica sendo
branco vai sempre no conector no canto a velocidade mais baixa e o tempo de
da placa e o preto no conector mais ao Existem poucas vantagens em utilizar acesso mais alto das redes wireless.
centro, como na foto. uma rede wireless para interligar
micros desktops, que afinal não pre- Isso é muito parecido com juntar uma
Quase sempre, o notebook tem uma cisam sair do lugar. O mais comum é rede de 10 megabits, que utiliza um
chave ou um botão que permite ligar utilizar uma rede cabeada normal hub "burro" a uma rede de 100 mega-
e desligar o transmissor wireless. para os desktops e utilizar uma rede bits, que utiliza um switch. Os micros
Antes de testar, verifique se ele wireless complementar para os no- da rede de 10 megabits continuam se
está ativado. tebooks, palmtops e outros dispositi- comunicando entre si a 10 megabits, e
vos móveis. os de 100 continuam trabalhando a 100
Embora as placas mini-pci sejam compo- megabits, sem serem incomodados
nentes tão padronizados quanto as placas Você utiliza um hub/switch tradicional para pelos vizinhos. Quando um dos micros
PCMCIA, sempre existe a possibilidade de a parte cabeada, usando cabo também da rede de 10 precisa transmitir para
algumas placas específicas não serem para interligar o ponto de acesso à rede. um da rede de 100, a transmissão é
compatíveis com seu notebook. O ideal é feita a 10 megabits, respeitando a
sempre testar antes de comprar, ou com- velocidade do mais lento.
prar em uma loja que aceite trocar a placa
por outra em caso de problemas. Para redes mais simples, onde você precise
apenas compartilhar o aces-
so à internet entre poucos
O básico micros, todos com placas wi-
reless, você pode ligar o mo-
dem ADSL (ou cabo) direto
Em uma rede wireless, o hub é substituí- ao ponto de acesso. Alguns
do pelo ponto de acesso (access-point pontos de acesso trazem um
em inglês), que tem a mesma função switch de 4 ou 5 portas em-
central que o hub desempenha nas re- butido, permitindo que você
des com fios: retransmitir os pacotes de crie uma pequena rede ca-
dados, de forma que todos os micros da beada sem precisar comprar
rede os recebam. um hub/switch adicional.
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Isso traz mais um problema, que é a
questão da interferência entre diferentes
redes instaladas na mesma área. Imagine
um grande prédio comercial, com muitos
escritórios de empresas diferentes e
cada uma com sua própria rede wireless.
Os pontos de acesso podem ser configu-
rados para utilizarem freqüências dife-
rentes, divididas em 16 canais. Devido à
legislação de cada país, apenas 11, 13
ou 14 destes canais podem ser usados e
destes, apenas 4 podem ser usados
simultaneamente, sem que realmente
não exista interferência. Ou seja, com
várias redes instaladas próximas umas
das outras, os canais disponíveis são
rapidamente saturados, fazendo com
que o tráfego de uma efetivamente
reduza o desempenho da outra.
Existe ainda a questão das interferências
e de materiais que atenuam o sinal. Em
primeiro lugar temos as superfícies de
metal em geral, como janelas, portas me-
A principal diferença é que em uma rede wireless o meio de transmissão (o ar) é tálicas, lajes, vigas e até mesmo tintas
compartilhado por todos os clientes conectados ao ponto de acesso, como se todos com pigmentos metálicos. Depois temos
estivessem ligados ao mesmo cabo coaxial. Isso significa que apenas uma estação concentrações de líquido, como aquários,
pode transmitir de cada vez, e todas as estações recebem todos os pacotes trans- piscinas, caixas d'agua e até mesmo
mitidos da rede, independentemente do destinatário. Isso faz com que a segurança pessoas passeando pelo local (nosso cor-
dentro de uma rede wireless seja uma questão sempre bem mais delicada que em po é composto de 70% de água).
uma rede cabeada. Outra questão importante é que a velocidade da rede decai
conforme aumenta o número de micros conectados, principalmente quando vários Fornos de microondas operam na mesma
deles transmitem dados ao mesmo tempo. freqüência das redes wireless, fazendo
com que, quando ligados, eles se trans-
Dependendo da potência dos transmissores nas placas e no pontos de acesso e do formem em uma forte fonte de interfe-
tipo de antenas usadas, é possível propagar o sinal da rede por 200, 300 ou até rência, prejudicando as transmissões num
500 metros de distância (desde que não existam obstáculos importantes pelo raio de alguns metros. T elefones sem fio,
caminho). Usando antenas Yagi (que geram um sinal mais focalizado) e amplifica- que operam na faixa dos 2.4 GHz, tam-
dores é possível interligar dois pontos distantes a 2 km ou mais. bém interferem, embora em menor grau.
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Os fabricantes falam em 150 ou até 300 Caímos, então, em um outro problema. Existe ainda o WPA, um padrão mais
metros de alcance máximo, mas essas Você simplesmente não tem como seguro, que já é suportado pela grande
distâncias são atingidas apenas em controlar o alcance do sinal da rede. maioria das placas e dos pontos de aces-
campo aberto, em condições ideais. Na Qualquer vizinho próximo, com uma so. Existem várias variações do WPA, que
prática, o alcance varia muito de acordo antena potente (ou um tubo de batata), utilizam diversos sistemas de encriptação
com o ambiente. Você pode conseguir pode conseguir captar o sinal da sua diferentes, com a opção de usar um
pegar o sinal de um ponto de acesso rede e se conectar a ela, tendo acesso servidor Radius para centralizar os logins
instalado na janela de um prédio vizinho, à sua conexão com a web, além de da rede, opção muito usada em empre-
distante 100 metros do seu (campo arquivos e outros recursos que você sas. No entanto, o mais comum em
aberto), mas não conseguir acessar a tenha compartilhado entre os micros pequenas redes é usar o WPA-PSK (o
rede do andar de cima (a armação de da rede, o que não é muito interessante. padrão mais simples), onde é definida
ferro e cimento da laje é um obstáculo uma chave (uma espécie de senha), usa-
difícil de transpor). Para compensar Eis que surge o WEP, abreviação de da para autenticar os clientes da rede.
grandes distâncias, obstáculos ou "Wired-Equivalent Privacy", que, como o PSK é abreviação de "Pre-Shared Key", ou
interferências, o ponto de acesso reduz a nome sugere, traz como promessa um "chave previamente compartilhada".
velocidade de transmissão da rede, nível de segurança equivalente ao das
como um modem discado tentando se redes cabeadas. Na prática, o WEP tem Temos, em seguida, a questão da velo-
adaptar a uma linha ruidosa. Os 54 muitas falhas e é relativamente simples cidade. Nas redes 802.11b, o padrão
megabits originais podem se transformar de quebrar, mas não deixa de ser uma original, a velocidade teórica é de apenas
rapidamente em 11, 5.5, 2 ou até camada de proteção básica que você 11 megabits (ou 1.35 MB/s). Como as
mesmo 1 megabit. sempre deve manter ativa. A opção de redes wireless possuem um overhead
ativar o WEP aparece no painel de confi- muito grande, por causa da modulação
Temos ainda a questão da segurança: guração do ponto de acesso. do sinal, checagem e retransmissão
se você morar em um sobrado e dos dados, as taxas de transferências,
colocar o ponto de acesso próximo da O WEP se encarrega de encriptar os dados na prática, ficam em torno de 750 KB/s,
janela da frente do quarto no primeiro transmitidos através da rede. Existem dois menos de dois terços do máximo.
andar, provavelmente um vizinho do padrões WEP: de 64 e de 128 bits. O
quarteirão seguinte ainda vai conseguir padrão de 64 bits é suportado por qual-
se conectar à sua rede, desde que quer ponto de acesso ou interface que
substitua a antena da placa por uma siga o padrão WI-FI, o que engloba todos
mais potente. Existe até uma velha os produtos comercializados atualmente.
receita que circula pela internet de O padrão de 128 bits, por sua vez, não é
como fazer uma antena caseira suportado por todos os produtos, mas em
razoável usando um tubo de batata compensação é bem menos inseguro.
Pringles. Não é brincadeira: o tubo é Para habilitá-lo será preciso que todos os
forrado de papel alumínio e tem um componentes usados na sua rede su-
formato adequado para atuar como portem o padrão, caso contrário os nós
uma antena. que suportarem apenas o padrão de 64
bits ficarão fora da rede.
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Conforme o cliente se distancia do ponto o acesso à web, mas é ainda mais inte- O 802.11b permitiu que placas de diferen-
de acesso, a taxa de transmissão cai ressante para empresas e escolas. No tes fabricantes se tornassem compatíveis
para 5 megabits, 2 megabits e 1 caso das empresas, a rede permite que e os custos caíssem, graças ao aumento
megabit, até que o sinal se perca defi- os funcionários possam se deslocar na demanda e à concorrência. O padrão
nitivamente. No Windows você pode pela empresa sem perder a conectivi- seguinte foi o 802.11a (que na verdade
usar o utilitário que acompanha a placa dade com a rede (entrando e saindo de começou a ser desenvolvido antes do
de rede para verificar a qualidade do reuniões ou caminhando pela linha de 802.11b, mas foi finalizado depois), que
sinal em cada parte do ambiente onde produção, por exemplo), e basta se utiliza uma faixa de freqüência mais alta:
a rede deverá estar disponível. No aproximar do prédio para que seja pos- 5 GHz e oferece uma velocidade teórica
Linux isso é feito por programas como sível se conectar à rede e ter acesso de 54 megabits, porém a distâncias meno-
o Kwifimanager, que veremos a seguir. aos recursos necessários. res, cerca de metade da distância atingida
por uma placa 802.11b usando o mesmo
No caso das escolas, a principal utilidade tipo de antena.
seria fornecer acesso à web aos alunos.
Muitas lojas e a maior parte dos aero- Embora os dois padrões sejam incompa-
portos pelo mundo já oferecem acesso tíveis, a maior parte das placas 802.11a
à web através de redes sem fio como incorporam chips capazes de trabalhar
uma forma de serviço para seus clientes. nas duas faixas de freqüência, permitindo
Um exemplo famoso é o da rede de que sejam usadas nos dois tipos de
Veja que tanto na questão da segurança, cafés Starbuks nos EUA e Europa, onde redes. Uma observação importante é
quanto na questão do desempenho, as todas as lojas oferecem acesso gratuito que, ao misturar placas 802.11a e
redes wireless perdem para as redes à web para os clientes que possuem 802.11b, a velocidade é nivelada por
cabeadas. A maior arma das redes wi- um notebook ou outro portátil com baixo e toda a rede passa a operar a 11
reless é a versatilidade. O simples fato placa wireless. megabits. Lembre-se que uma rede
de poder interligar os PCs sem precisar wireless opera de forma similar às
passar cabos pelas paredes já é o sufi- redes antigas, com cabos coaxiais:
ciente para convencer muitas pessoas, Padrões todos compartilham o mesmo "cabo".
mas existem mais alguns recursos inte-
ressantes que podem ser explorados. O 802.11b foi o primeiro padrão wireless Finalmente, temos o padrão atual, o
usado em grande escala. Ele marcou a 802.11g. Ele utiliza a mesma faixa de
Sem dúvida, a possibilidade mais interes- popularização da tecnologia. Naturalmen- freqüência do 802.11b: 2.4 GHz. Isso permi-
sante é a mobilidade para os portáteis. te, existiram vários padrões anteriores, te que os dois padrões sejam intercompatí-
Tanto os notebooks, quanto handhelds e como o 802.11 (que trabalhava a 1 ou 2 veis. A idéia é que você possa adicionar
as webpads podem ser movidos livre- megabits) e também alguns padrões placas e pontos de acesso 802.11g a uma
mente dentro da área coberta pelos pon- proprietários, incompatíveis entre sí, rede 802.11b já existente, mantendo os
tos de acesso sem que seja perdido o como o Arlan da Aironet e o WaveLAN, componentes antigos, do mesmo modo
acesso à rede. Essa possibilidade lhe dá da NCR, que trabalhavam na faixa dos como hoje em dia temos liberdade para
mobilidade dentro de casa para levar o 900 MHz e transmitiam a respectiva- adicionar placas e switches Gigabit Ethernet
notebook para onde quiser, sem perder mente 860 kbits e 2 megabits. a uma rede já existente de 100 megabits.
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Apesar disso, a velocidade de transmis- O efeito colateral é que, por transmitir contrário a rede passa a operar no modo
são no 802.11g é de 54 megabits, como usando dois canais simultâneos, ele acaba 802.11g "padrão", para manter a compa-
nas redes 802.11a. Na prática, em redes gerando bem mais interferência com tibilidade com todos os clientes. Na prática
802.11a é possível atingir taxas de outras redes próximas. isso é bem complicado, pois você rara-
transmissão (reais) em torno de 3,4 mente pode escolher qual placa virá insta-
MB/s, enquanto que as redes 802.11g A Broadcom oferece o "Broadcom lada ao comprar um notebook ou um PC
são um pouco mais lentas, atingindo Afterburner", que mantém o uso de montado, por exemplo.
cerca de 3,0 MB/s em condições ideais. um único canal, mas utiliza uma série de
Mas, fora esta pequena desvantagem no otimizações, reduzindo o overhead das
desempenho, as redes 802.11g juntam o transmissões e conseguindo assim au- Aumentando o alcance
melhor dos dois mundos. mentar a percentagem de bytes "úteis"
transmitidos. Entre as técnicas utilizadas Assim como em outras tecnologias de
Note que, para que a rede efetivamente estão o frame-bursting (onde são enviados transmissão via rádio, a distância que o
trabalhe a 54 megabits, é necessário uma série de pacotes de dados dentro de sinal é capaz de percorrer depende tam-
que o ponto de acesso e todas as placas um único frame, reduzindo o overhead da bém da qualidade da antena usada. As
sejam 802.11g. Ao incluir uma única transmissão) e a compressão de dados, antenas padrão utilizadas nos pontos de
placa 802.11b na rede (mesmo que que ajuda ao transferir arquivos com baixo acesso (geralmente de 2 dBi) são
seja seu vizinho roubando sinal), toda a índice de compressão através da rede. O pequenas, práticas e baratas, mas existe
rede passa a operar a 11 megabits. As ponto fraco é que o ganho de velocidade a opção de utilizar antenas mais sofisti-
placas 802.11g não são compatíveis depende muito do tipo de dados transmi- cadas para aumentar o alcance da rede.
com o padrão 802.11a, mas os dois tidos (por causa da compressão).
tipos de placas podem conversar a 11 Alguns fabricantes chegam a dizer que
megabits, utilizando o padrão 801.11b, O Afterburner promete até 125 megabits, o alcance dos seus pontos de acesso
que vira um denominador comum. contra os 108 megabits do Super G e os chega a 300 metros, usando as pequenas
54 megabits do 802.11g "regular". Na antenas padrão. Isso está um pouco
Além dos padrões oficiais, existem as ex- prática, as diferenças acabam não sendo longe da realidade, pois só pode ser
tensões proprietárias criadas pela Atheros e tão grandes, pois o uso de dois canais do obtido em campos abertos, livres de
Broadcom para aumentar o desempenho Super G aumenta o nível de interferência qualquer obstáculo e, mesmo assim,
das redes baseadas em seus produtos. com redes próximas e a vulnerabilidade a com o sinal chegando muito fraco ao
interferências de uma forma geral e as final dos 300 metros, já com a rede
As placas e pontos de acesso 802.11g otimizações utilizadas pelo Afterburner trabalhando na velocidade mínima, a 1
baseados em chips da Atheros utilizam aumentam o número de pacotes perdidos megabit e com um lag muito grande.
o "Atheros Super G", um sistema ou corrompidos, reduzindo o ganho real
dual-band, onde a placa passa a trans- de desempenho.
mitir usando dois canais simultanea-
mente, dobrando a taxa de transmissão. Outro problema é que as otimizações só
Ele é encontrado nas placas e pontos funcionam caso você baseie toda a sua
de acesso D-Link AirPlus Xtreme G e rede em placas e pontos de acesso com-
nos produtos recentes da Netgear. patíveis com um dos dois padrões, caso
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Apesar disso, a distância máxima e a Existem até mesmo pontos de acesso No final da instalação é usado um laser
qualidade do sinal (e, conseqüentemente, extremamente robustos, desenvolvidos para fazer um ajuste fino "mirando" as
a velocidade de transmissão) podem para uso industrial, que além de uma duas antenas.
variar bastante de um modelo de ponto gabinete reforçado, utilizam placas sola-
de acesso para outro, de acordo com a res e baterias, que permitem a eles fun- As antenas feitas com tubos de batatas
qualidade e potência do transmissor e da cionar de forma inteiramente autônoma. Pringles são justamente um tipo de
antena usada pelo fabricante. Existem antena Yagi de baixo ganho. Outra dica é
basicamente três tipos de antenas que que os pontos de acesso quase sempre
podem ser utilizadas para aumentar o possuem duas saídas de antena. Você
alcance da rede. pode usar uma antena convencional em
uma delas, para manter o sinal em um
As antenas Yagi são as que oferecem um raio circular, atendendo aos micros pró-
maior alcance, mas em compensação são ximos e usar uma antena Yagi na segun-
capazes de cobrir apenas uma pequena da, para criar um link com um local
área, para onde são apontadas. Estas específico, distante do ponto de acesso.
antenas são mais úteis para cobrir algu-
ma área específica, longe do ponto de
acesso, ou interligar duas redes distantes.
Em ambos os casos, o alcance ao
usar uma antena Yagi pode facilmente
ultrapassar os 1000 metros. Usando Estação repetidora
uma antena de alto ganho em cada
ponto, uma delas com um amplificador Outra solução comum é usar dois pares
de 1 watt (o máximo permitido pela do cabo de rede (a rede funciona per-
legislação), é possível atingir 5 km ou feitamente apenas com dois pares)
mais. As Yagi são também o melhor para enviar energia ao ponto de aces- Antena Yagi
tipo de antena a usar quando é preci- so, eliminando o uso de um cabo de
so concentrar o sinal para "furar" um força separado. Esta solução é chamada
obstáculo entre as duas redes, como, de "Power Over Ethernet" (POE), veja A segunda opção são as antenas
por exemplo, um prédio bem no meio mais detalhes no: ominidirecionais, que, assim como
do caminho. Nestes casos a distância http://www.poweroverethernet.com/. as antenas padrão dos pontos de
atingida será sempre mais curta, na- acesso, cobrem uma área circular
turalmente. Voltando ao tema principal, a instalação em torno da antena. Elas são boas
das antenas Yagi é complicada, pois uma irradiando o sinal na horizontal, mas
Uma solução muito adotada nestes antena deve ficar apontada exatamente não na vertical, por isso devem ser
casos é usar um repetidor instalado para a outra, cada uma no topo de um sempre instaladas "de pé", a menos
num ponto intermediário, permitindo prédio ou morro, de forma que não exista que a intenção seja pegar sinal no
que o sinal desvie do obstáculo. nenhum obstáculo entre as duas. andar de cima.
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As antenas nos clientes devem sem- Uma terceira opção de antena são as Os pigtails invariavelmente causam uma
pre estar alinhadas (também de pé) parabólicas ou miniparabólicas, que pequena perda de sinal, pois para ser
com a antena do ponto de acesso, também captam o sinal em apenas flexível o cabo possui apenas uma fina
para uma melhor recepção. Caso o uma direção, de forma ainda mais con- camada de blindagem. Justamente por
cliente use algum tipo de antena mini- centrada que as Yagi, permitindo que isso, eles devem ser o mais curto
yagi, então a antena deve ficar apon- sejam atingidas distâncias maiores. As possíveis, tendo apenas o comprimento
tada para o ponto de acesso. miniparabólicas mais "populares" pos- necessário para realizar a conexão.
suem, geralmente, 24 ou 28 dbi de
A vantagem de usar uma ominidirecional potência, enquanto as maiores e mais
externa é a possibilidade de utilizar caras podem chegar a 124 dBi (ou mais).
uma antena de maior ganho. Existem
modelos de antenas ominidirecionais
de 3 dBi, 5 dBi, 10 dBi ou até mesmo
15 dBi, um grande avanço sobre as
antenas de 2 ou 3 dBi que acompa-
nham a maioria dos pontos de acesso.
Cabo pigtail
Antena miniparabólica Ao cobrir distâncias maiores, o ideal é que
o ponto de acesso seja instalado próximo
Estas antenas podem custar de 30 a mais à antena, com um cabo de rede ligando-o
de 200 dólares, dependendo da potência. ao servidor ou switch. As redes 801.11x
As antenas Yagi estão entre as mais caras, trabalham com sinais de baixa potência
vendidas por 150 dólares ou mais. Além do (em geral menos de 0.25 watt); por isso,
problema do preço, existe um aumento no qualquer tipo de cabo longo causa uma
risco de uso indevido na rede, já que o sinal grande perda de sinal.
Antena ominidirecional irá se propagar por uma distância maior,
mais uma razão para reforçar a segurança. Para casos em que a antena do ponto de
Assim como as Yagi, as antenas ominidi- acesso não é suficiente, mas também não
recionais podem ser usadas tanto para Para ligar as antenas ao ponto de acesso existe necessidade de uma antena cara,
aumentar a área de cobertura do ponto ou à placa é usado um cabo especial existe a opção de fazer um defletor casei-
de acesso, quanto serem instaladas em chamado pigtail, um cabo fino, sempre ro, que concentra o sinal recebido pela
placas de rede wireless com antenas des- relativamente curto, usado como um antena padrão do ponto de acesso, fa-
tacáveis, permitindo captar o sinal do adaptador entre a minúscula saída usada zendo com que ela cubra uma área mais
ponto de acesso de uma distância maior. nas placas e a entrada do cabo ou antena. focalizada, porém com um ganho maior.
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Além de melhorar a qualidade do sinal Você pode baixar o modelo com os ân- Ao invés disso, o ponto de acesso
na área desejada, ela reduz o alcance gulos corretos no: transmite o mesmo sinal usando ambas
nas demais direções, fazendo com que http://www.freeantennas.com/projects/Ez-10/ as antenas, simplesmente selecionan-
seja muito mais difícil captar o sinal da do a que oferece um sinal de melhor
sua rede de fora. Várias fotos com exemplos estão dis- qualidade com relação a cada cliente.
poníveis no: Muitos pontos de acesso de baixo custo,
Esta é uma receita muito simples. Você http://www.freeantennas.com/projects/template/gallery/ estão passando a utilizar uma única
precisa de alguma folha de metal ou fio antena, o que favorece o surgimento
(como uma malha de fios, papel alumí- Existe ainda a popular "cantenna", um tipo de pontos cegos.
nio, papel laminado ou um pedaço de de antena Yagi feita usando uma lata de
lata) e papelão. Cobrindo um pedaço batata Pringles. Você encontra a receita no: Os pontos de acesso 802.11n (com
retangular do papelão com a folha http://www.oreillynet.com/cs/weblog/view/wlg/448 três antenas), por sua vez, utilizam o
metálica e dobrando-o num ângulo de mimo, um sistema mais sofisticado,
90 graus (formando um meio quadrado) Vamos então a um conjunto de respostas onde cada uma das antenas transmite
você obtém um concentrador de sinal, rápidas às duvidas mais comuns relaci- um sinal independente e o ponto de
que pode ser encaixado nas antenas do onadas à antenas: acesso se encarrega de remontar o
ponto de acesso: sinal original combinando os sinais
Interferência: Usar uma antena de das três antenas, além de levar em
alto ganho não ajuda muito com rela- conta fatores como a reflexão do sinal
ção a interferências criadas por outras por paredes e outros objetos. Isso
redes próximas, telefones sem fio ou permite que o 802.11n ofereça uma
aparelhos de microondas, já que junto taxa de transmissão e alcance maio-
com o sinal, a antena também amplifica res que os 802.11g.
todas as fontes de interferência na
mesma proporção. Uma solução neste Comprimento do cabo: O sinal de
caso pode ser substituir a antena uma rede wireless é bastante fraco, por
ominidirecional do ponto de acesso, isso os cabos e conectores representam
ou do cliente afetado por uma antena sempre um ponto importante de perda.
yagi ou outro tipo de antena direcional. O ideal é sempre utilizar cabos com 3
Assim como em uma antena parabólica, Isto permite concentrar o sinal, evitando metros ou menos, de forma que a perda
os sinais são refletidos pela folha metálica as fontes de interferência. seja limitada. Caso precise de cabos
e concentrados em direção à antena do mais longos, procure cabos blindados,
ponto de acesso, aumentando o ganho. Uso de duas antenas: A maioria dos que reduzem a perda. Leve em conta
Por outro lado, o sinal torna-se muito mais pontos de acesso 802.11b e 802.11g que por melhor que seja a qualidade do
fraco nas outras direções, dificultando as utilizam duas antenas, mas (com exce- cabo e conectores usados, você quase
coisas para seu vizinho interessado em ção de alguns hacks que ativam esta sempre terá uma perda de 2 a 3 dBi.
roubar sinal. Apesar de primitivos, estes função), elas não são usadas de forma Leve isso em consideração ao escolher
defletores podem proporcionar um ganho independente, uma para enviar e outra qual antena usar.
de até 12 dBi, um upgrade respeitável. para receber, por exemplo.
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23. Ano 1 - Nº 6 - Junho
2007 | Especial
em um mesmo servidor, com um único Além do endereço IP, qualquer pacote que
Portas TCP e UDP endereço IP válido. O endereço IP contém o circula na internet precisa conter também a
CEP da rua e o número do prédio, enquanto porta TCP a que se destina. É isso que faz
Ao conectar na internet, seu micro a porta TCP determina a que sala dentro do com que um pacote chegue até o servidor
recebe um endereço IP válido. Mas, prédio a carta se destina. web e não ao servidor FTP instalado na
normalmente mantemos vários pro- mesma máquina.
As portas TCP mais usadas (também
gramas ou serviços abertos simultane-
chamadas de "well known ports") são as Além das 65.536 portas TCP, temos o
amente. Em um desktop é normal ter portas de 0 a 1023, que são reservadas
um programa de e-mail, um cliente de mesmo número de portas UDP, seu proto-
para serviços mais conhecidos e utilizados, colo irmão. Embora seja um protocolo menos
FTP ou SSH, o navegador, um cliente de como servidores web, FTP, servidores de usado que o TCP, o UDP continua presente
ICQ ou MSN, dois ou três downloads via e-mail, compartilhamento de arquivos, nas redes atuais pois oferece uma forma
bittorrent e vários outros programas etc. A porta 80, por exemplo, é reservada alternativa de envio de dados, onde ao invés
que enviam e recebem informações, para uso de servidores web, enquanto a da confiabilidade é privilegiada velocidade e
enquanto um único servidor pode manter porta 21 é a porta padrão para servidores simplicidade. Vale lembrar que, tanto o TCP,
ativos servidores web, FTP, SSH, DNS, FTP. A porta "0" é reservada, por isso não quanto o UDP, trabalham na camada 4 do
LDAP e muitos outros serviços. entra realmente na lista. modelo OSI. Ambos trabalham em conjunto
com o IP, que cuida do endereçamento.
Se temos apenas um endereço IP, como
todos estes serviços podem funcionar ao
mesmo tempo sem entrar em conflito?
Imagine que as duas partes do endereço
IP (a parte referente à rede e a parte
referente ao host) correspondem ao
CEP da rua e ao número do prédio. Um
carteiro só precisa destas duas infor-
mações para entregar uma carta. Mas,
dentro do prédio moram várias pessoas.
O CEP e número do prédio só vão fazer
a carta chegar até a portaria. Daí em
diante é preciso saber o número do
apartamento. É aqui que entram as
famosas portas TCP.
Existem 65.536 portas TCP, numeradas de 1
a 65536. Cada porta pode ser usada por um
programa ou serviço diferente, de forma
que em teoria poderíamos ter até 65536
serviços diferentes ativos simultaneamente
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