2. Chega novembro com a primeirachuva...
Na janela em silêncio, olho para fora vendo
o lusco-fusco da manhã transitando à minhafrente...
o ventobalança as folhas enquanto o aroma adocicado
do jasmimespalha, tomando o quarto na tentativa
de suavizar as rugas da minha consciência,
e fazê-las desaparecer...
3.
4. O céu está cinzaardósia e inchadode nuvens...
a rajada grossa açoita a janela; veloz
sacode o salgueiro chorão que verga
nas calçadascoma cabeçade longas cabeleiras verdes...
5.
6. Uma gaivotagritano alto contra o vento que
surpreendeo mar, sussurrando
sonhos em murmúrios, rasgando uma abertura
no pequeno lugar interno ondeestão
amontoadas velhas imagens, abrindo espaço
para a realidade...
7.
8. Na gaveta guardo seu retrato que me olha com
olhos petrificados de anjo de igreja, à espera
minhas preces constantes...
9.
10. Sinto que morro aqui, mas veja: já estará
mortoantes de mim, antes mesmo
que a luz fria, trêmula e aquosa dessa manhã
de novembro, permeie seu vulto
que um dia tenha sonhado que jamais!
pereceria em mim...
11.
12. Cheganovembrocoma primeirachuva...
Na janelaem silêncio,olhoparaforavendo
o lusco-fuscoda manhãtransitandoà minhafrente...
o ventobalançaas folhasenquantoo aromaadocicado
do jasmimespalha, tomandoo quartona tentativa
de suavizaras rugasda minhaconsciência,
e fazê-lasdesaparecer...
O céuestácinzaardósiae inchadode nuvens...
a rajadagrossaaçoitaa janela;veloz
sacodeo salgueirochorãoqueverga
nascalçadascoma cabeçade longascabeleiras verdes...
Umagaivotagritanoaltocontrao ventoque
surpreendeo mar,sussurrando
sonhosemmurmúrios,rasgandoumaabertura
nopequenolugarinternoondeestão
amontoadasvelhasimagens,abrindoespaço
Paraa realidade...
Nagavetaguardoseuretratoquemeolhacom
olhospetrificadosdeanjodeigreja,à espera
minhasprecesconstantes...
Sintoquemorroaqui,masveja:já estará
mortoantesdemim,antesmesmo
quea luzfria,trêmulae aquosadessamanhã
denovembro,permeieseuvulto
queumdiatenhasonhadoquejamais!
pereceriaem mim...
MarciaPortella
Goiânia– Go
Brasil