1) Dois casais controlam o acesso à internet de seus filhos, supervisionando conversas e senhas.
2) Uma mãe monitora as páginas visitadas pela filha no computador para garantir sua segurança online.
3) Outra mãe conversa com a filha sobre os riscos da internet e estimula o uso responsável das redes sociais.
DeClara n.º 75 Abril 2024 - O Jornal digital do Agrupamento de Escolas Clara ...
Pais ensinam filhos a usar internet de forma segura
1. SOROCABA • DOMINGO • 12 DE JULHO DE 2015 caderno de domingoE2
Telma Silverio
telma.silverio@jcruzeiro.com.br
A
cesso à internet, na casa
da esteticista Viviane Or-
tolani Santos e do super-
visor de vendas Ives de
Oliveira Santos, somente depois de
terminar as tarefas escolares. A
condição imposta pelos pais não é
questionada pelos filhos Gustavo,
11 anos, e Larissa, de 8. Ambos
têm perfil nas redes sociais e o
acesso é permitido; no entanto,
sob o olhar atento dos pais que de-
têm inclusive as senhas de aces-
so. Viviane explica que os filhos
utilizam bastante a internet para
pesquisas, e que a escola, nesse
sentido, tem um portal educacional
que estimula a interatividade.
“Tem vários aplicativos que eles in-
teragem. Principalmente a Larissa
que começou a usar a internet com
6 anos. Ela usa um chamado Ami-
gos para Sempre.”
É importante que os filhos te-
nham acesso à internet desde que
seja um uso consciente, ressalta a
esteticista. “Devemos ensiná-los
que, do mesmo jeito que têm coisas
ruins nas ruas, temos também na
internet. Por isso que ficamos o
tempo todo ao lado deles”, destaca
Viviane.
Vigilância sutil
Para a promotora de vendas
Adriana de Fátima Antunes Coe-
lho, a liberdade do filho deve ser
uma “liberdade vigiada”, mas sem
que veja dessa forma. Mãe de Jú-
lia, 13 anos, ela conta que desde
os 10 anos a filha possui perfil nas
redes sociais. Seu marido, o meta-
lúrgico Fábio Luis Travela Coelho,
não aprovou e acabou cedendo,
mas instalou o Ccleaner Free.
“Funciona para a limpeza de PC,
mas eu consigo ver as páginas vi-
sitadas.”
Adriana explica que na época,
ainda em alta o Orkut, a entrada
da filha no mundo virtual era
uma questão de tempo. “Era ine-
vitável. Todas as amiguinhas
têm.” Mesmo achando chato, o
casal costuma acessar as conver-
sas. E para adicionar alguém so-
mente com a aprovação dos pais.
“Explico que existem muitos fa-
kes (perfis falsos) de pessoas que
colocam nomes e fotos que não
são delas, então ela não adiciona
sem me consultar antes.” A mãe
afirma que a filha tem conheci-
mento desse risco, pois teve de
excluir um fake de seu perfil. Há
cerca de um ano, a Júlia também
troca mensagens pelo whatsApp,
mas somente algumas amigas e fa-
miliares têm o número do celular.
“Já aconteceu de uma amiga que-
rer passar o número para outra,
mas não deixei“, afirma a mãe.
Adriana Antunes destaca a im-
portância dos pais ficarem aten-
tos, pois as crianças são influencia-
das com bastante facilidade. “São
inocentes. Não há malícia. Às vezes
podem ser levadas a adicionar um
perfil por acreditarem que é do
cantor preferido.” Ela explica que
a filha segue vários artistas. Entre
eles, Luan Santana, Michel Teló,
Katy Perry e Lucas Lucco. “Adoles-
cente muda toda semana de artis-
ta preferido.” A promotora de ven-
das cita o nome de Kéfera Buch-
mann, uma blogueira que faz su-
cesso no YouTube e virou febre en-
tre os jovens. “Ainda bem que con-
versamos muito com a Júlia. Ela é
esperta e qualquer coisa esquisita
sai fora, exclui. Mesmo de pa-
lavrões ela não gosta.”
SOROCABA • DOMINGO • 12 DE JULHO DE 20152
Os filhos de
Ives e Viviane,
Gustavo, 11
anos, e Larissa,
de 8 anos, têm
perfil nas redes
sociais, mas
os pais detêm
as senhas
de acesso
Fábio Luis
e Adriana
de Fátima
costumam
checar as
páginas
da internet
acessadas
pela filha
Júlia, 13 anos
ALDO V. SILVA
LUIZ SETTI
A
pedagoga Fabiula
Lombardi Silva
admite que a fi-
lha Maria Isabe-
lla, 9 anos, é bastante co-
nectada e lida com a in-
ternet melhor que ela e o
marido, o funcionário pú-
blico Admilson Silva. Ela
(filha) baixa aplicativos de
joguinhos infantis. “Me
surpreendo muito com a
sua infantilidade, pois co-
nheço meninas da sua
idade que já estão pen-
sando em ‘outras’ coisas”,
ressalta. Fabiula revela
que Maria Isabella possui
perfil no Facebook e con-
versa com suas amigui-
nhas, com a avó e até com
suas próprias amigas. O
casal não apenas possui
a senha como supervisio-
na as conversas e posta-
gens. Em breve promete
presenteá-la com um
aparelho celular. Isso ine-
vitavelmente levará ao
whatsApp, pois a menina
já usa o aplicativo da mãe
vez ou outra, revela Fa-
biula.
Para a pedagoga, a
principal dica é ser amiga
dos filhos. “Sempre alertar
quanto aos perigos de se
falar com estranhos. Não
somente na internet, mas
em qualquer circunstân-
cia”, orienta ela. Fabiula
lembra que a internet é
uma ferramenta para a
defesa de uma causa, co-
mo a dos animais, exem-
plifica. “Maria Isabella
usa as redes sociais tam-
bém para fazer campa-
nhas em relação aos ani-
mais.” Fabiula afirma que
em casa há diálogos cons-
tantes, inclusive estimu-
lando o uso das redes so-
ciais como fontes de pes-
quisa. Quanto ao marido,
afirma, é mais preocupa-
do em relação ao assun-
to. “Antes queria proibir,
mas isso foi quase impos-
sível.”
Nada às escondidas
Na casa da coordena-
dora Fernanda Peixe, an-
tes de ser aprovada a cri-
ação do perfil da filha
Giovanna, 11 anos, hou-
ve muitas discussões,
pois o marido, o gestor
operacional Eugênio Ro-
cha, era contrário. Entre
os combinados, inclusive
para sua segurança, a fi-
lha precisa seguir algu-
mas regras: computador
ou tablet sempre na sala
ou em algum lugar de
passagem de todos, mas
nunca no quarto; não
postar nenhuma foto no
Face sem a aprovação
dos pais; e não incluir em
hipótese alguma perfil de
desconhecidos. Fernanda
afirma que o casal con-
versa de forma bastante
clara sobre os riscos da
internet e das redes. “Fa-
lamos também tudo de
bom que pode acontecer
caso ela siga o que fala-
mos”, considera.
As conversas são to-
das conferidas, e Giovan-
na atende sem reclamar,
pois tem consciência dos
prejuízos caso não cum-
pra as regras. “Não fez,
não tem! E hoje em dia is-
so é muito sério para
eles.”
Fernanda explica que
no colégio onde as filhas
estudam o aparelho deve
permanecer na mochila,
não sendo permitido
usá-lo nem mesmo no
pátio. Recentemente, a
mais nova voltou para
casa sem o celular, pois
teve o aparelho ‘confis-
cado’ após usá-lo fora do
horário escolar. A mãe
descreve o nervosismo e
o desconforto que a filha
causou a todos em casa.
“Ela chorou a noite intei-
ra. Não comeu, não to-
mou banho, enfim.. tu-
do pela falta do tal do ce-
lular. Olha a dependên-
cia dos nossos filhos”,
ressalta.
Administrar o tempo
Hoje podemos ter aces-
so a tudo, de forma mui-
to rápida e de pratica-
mente qualquer lugar, ob-
serva Renata Mendes. “A
questão em aberto é a re-
lação com o natural e o
humano que têm se perdi-
do a cada dia”, lamenta.
Divorciada e mãe de Gio-
vana, de 8 anos, Renata
conta que em sua casa as
duas estão sempre conec-
tadas em notebook, tablet
e celular. Por outro lado,
ela optou por não assistir
aos canais abertos e utili-
zado o monitor da tevê pa-
ra acessar a internet, as-
sistir filmes e jogar com a
filha, além de conferir as
atividades da página do
colégio em que a menina
estuda. Para Renata, a
administração do tempo e
o contato direto com as
pessoas passa a ser o
maior desafio da humani-
dade. “E, realmente, o
fundamental é usar essa
vantagem no tempo que
economizamos com essas
ferramentas para valori-
zarmos o contato direto”,
conclui. (T.S.)
Maria Isabella tem perfil no Face, mas os pais Admilson e
Fabiula supervisionam as conversas e postagens
Giovanna (de listrado) e Giulia estão sempre conectadas, no computador,
no tablet ou no celular, mas sob a supervisão da mãe, Fernanda
FÁBIO ROGÉRIO EMÍDIO MARQUES
Monitoramento dos adultos é essencial, pois crianças e adolescentes são influenciados com facilidade
Pais ensinam filhos a usar a
internet de forma consciente
Fundamental é impor regras e alertar para os prejuízos