2. — O Natal é quando, Ernesto?
— Daqui a seis dias…
— Mas… tu tinhas prometido fazer uma festa para todos os meus amigos!
— Não temos um tostão, Celestina. Vá, vamos para casa.
— Mas não é preciso dinheiro para fazer uma festa!
— Ai não? E as prendas, o pinheiro de Natal, os bolos, a música, as velas, isso tudo, como é?
3. — Eu sei que não é preciso dinheiro para a nossa festa…
— Pois, pois…
— …íamos ao bosque procurar um grande tronco e um pinheiro. Tu tocavas violino, nós
dançávamos e cantávamos… A comida também não era problema! Uhmm…podias fazer uma tarte,
bolachas, sumo de laranja, chocolate quente e pronto! Para as prendas fazíamos desenhos,
colagens, montagens… E mais uns chapeuzinhos de papel, estrelinhas… serpentinas… E ajudavas-
me a pendurar tudo no tecto… Ia ficar maravilhoso. Oh, diz que sim, Ernesto, diz que sim!
4. — Não e NÃO! Este ano, não!
— Mas tu tinhas prometido…
Celestina subiu para o quarto, muito, muito triste.
“Ele tinha-me prometido!”
— Pronto, está bem, Celestina. Eu tinha prometido, é
verdade…
5. Os preparativos para a festa começam imediatamente.
Celestina até consegue convencer Ernesto a ajudá-la com os desenhos!
— Vens ver as prendas que eu estou a fazer?
— Agora não posso, estou a fazer as bolachas, mas já vou! Olha lá, Celestina, ainda temos de ir
procurar a loiça!
6. Já só falta escrever os convites.
Ernesto dita e Celestina esforça-se por fazer a sua melhor letra.
— Ora escreve, Celestina:
Grande festa de Natal em
casa de Ernesto e Celestina.
Tragam flautas e tambores, velas
e chapéus. Venham todos!
7. À noite, Celestina está tão cansada que adormece imediatamente e por isso não vê o que
Ernesto está a fazer…
Este meu fato não está a ficar nada mal! A Celestina vai ter uma grande surpresa…
8. Finalmente chega o grande dia!
Celestina distribui as prendinhas que fez para os amigos, que estão encantados com tudo o
que ela e Ernesto fizeram.
No entanto, há um convidado que parece querer estragar a festinha de Celestina…
9. — A tua festa é ISTO? E tu chamas a ISTO “pinheiro de Natal”? Bolas falsas, fitas que não são
verdadeiras, não há música…
— Não ligues ao que ele diz, Celestina, não fiques triste. Nós achamos tudo tão bonito! Fizeste
tudo tão bem! — tentam animá-la os amigos.
E a diversão continua.
10.
11. Mas… quem é que aparece a meio da
festa? Que surpresa!
— Ernesto, anda ver! O Pai Natal está
aqui! Ernesto! Ernesto? Onde é que estás?
A Celestina não reconhece Ernesto
por baixo do fato de Pai Natal.
— Acredita mesmo que é ele! —
dizem, rindo, os amiguinhos.
— Então, Celestina, não vês que o Pai
Natal é o Ernesto?
E a festa continua.
Ernesto toca violino enquanto as
crianças dançam em roda à sua volta.
— Toca outra música! Isso, Ernesto!
12. — Conta-nos histórias,
Ernesto, conta!
— Era uma vez, num país
longínquo…
O tempo passou muito
depressa e os pais já estão a
chegar para levar as crianças
para casa!
Foi uma noite muito bem
passada!
13. Todos se despedem de Celestina e de Ernesto. Mas há alguém que tem um pedido de
desculpas a apresentar…
— Oh, Ernesto, nunca me diverti tanto como hoje! E tu, Celestina, ainda estás zangada
comigo? Foi formidável, sabes? Tudo o que fizeste ficou muito mais bonito do que as coisas
compradas, a sério! Gostei imenso da tua festa! Posso… achas que posso vir para o ano outra vez?
14. — Ouviste, Ernesto? Ele disse “para o ano”! Fazemos outra no próximo ano?
— Vamos com calma, Calestina!
Boa noite, Celestina!
E Feliz Natal!
Gabrielle Vincent
Noël chez Ernest et Célestine
Paris, Éditions Duculot, 1985
(Tradução e adaptação)