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teoria da literatura
Gênero lírico no ENEM
         Manoel Neves
O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS
                               Manoel de Barros
Uso a palavra para compor meus silêncios.                             Eu fui aparelhado
Não gosto das palavras                                      para gostar de passarinhos.
fatigadas de informar.                          Tenho abundância de ser feliz por isso.
Dou mais respeito                                Meu quintal é maior do que o mundo.
às que vivem de barriga no chão                    Sou um apanhador de desperdícios:
tipo água pedra sapo.                                                     Amo os restos
Entendo bem o sotaque das águas                                  como as boas moscas.
Dou respeito às coisas desimportantes       Queria que a minha voz tivesse um formato
e aos seres desimportantes.                                                    de canto.
Prezo insetos mais que aviões.                       Porque eu não sou da informática:
Prezo a velocidade                                            eu sou da invencionática.
das tartarugas mais que a dos mísseis.              Só uso a palavra para compor meus
Tenho em mim um atraso de nascença.                                            silêncios.
QUESTÃO 01
                                  Simulado do INEP
Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que
informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o
mesmo valor na sua poesia.
arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para
dar sentido à própria vida.
a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização
tecnológicos.
a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da
informática.
as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não
comunicabilidade.
QUESTÃO 01
                                        solução comentada
O poema opõe nitidamente a natureza à cultura, a informática à invencionática, defendendo o
poder de inovação desta e criticando a modernidade [e a previsibilidade] daquela, por isso são
incorretas as alternativas “a”, “c”e “e”.
Defende-se a criação de uma poesia simples, extraída do cotidiano e das coisas mais comuns e
triviais possíveis, como se vê na valorização de elementos como pedra, água, sapo, insetos,
moscas, tradicionalmente elementos prosaicos e não comumente usados na lírica tradicional.
Apesar de o sujeito poético afirmar que compõe seus silêncios, ele compõe, ou seja, constrói
seu texto, que comunica o desimportante, o desperdício. Por isso, não se pode afirmar que à
poesia resta o silêncio da não comunicabilidade, pois, metalinguisticamente este poema nasceu
do silêncio, conforme se lê no último verso.
Assinale-se, pois, a alternativa “b”.
TEXTO 01
  Joaquim Manuel de Macedo
   Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,
Quando a teus pés um homem terno e curvo
   jurar amor, chorar pranto de sangue,
  Não creias, não, mulher: ele te engana!
     As lágrimas são gotas da mentira
     E o juramento manto da perfídia.
TEXTO 02
        Manuel Bandeira
    Teresa, se algum sujeito bancar o
       sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um
                    bonde
                Se ele chorar
               Se ele ajoelhar
           Se ele se rasgar todo
         Não acredite não Teresa
            É lágrima de cinema
                 É tapeação
                   Mentira
                  CAI FORA
QUESTÃO 02
                                     ENEM-1998
Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima sugerem que:
há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.
há um tratamento realista da relação homem/mulher.
a relação familiar é idealizada.
a mulher é superior ao homem.
a mulher é igual ao homem.
QUESTÃO 02
                                        solução comentada
A temática do amor é tratada desidealizadamente nos dois textos. Tal abordagem é feita por um
locutor que descrê no amor romântico, como se vê nos conselhos que os dois locutores dão às
mulheres [não ames – texto 01 – e cai fora – texto 02].
O tema da questão, entretanto, é a imagem das lágrimas nos dois poemas. Tal imagem se liga à
ideia de amor romântico [no qual há uma idealização da mulher].
Apesar de haver, muito nitidamente, um desencanto dos locutores dos dois textos no que diz
respeito ao amor romântico, pode-se, sim, afirmar que a imagem das lágrimas dá suporte a um
comportamento idealista em relação à mulher.
Assinale-se, pois, a alternativa “a”.
SONETO
      Luiz Vaz de Camões
  Amor é fogo que arde sem se ver;
    é ferida que dói e não se sente;
  é um contentamento descontente;
     é dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
   é solitário andar por entre a gente;
   é nunca contentar-se de contente;
  é cuidar que se ganha em se perder;
  É querer estar preso por vontade;
 é servir a quem vence, o vencedor;
 é ter com quem nos mata lealdade.
   Mas como causar pode seu favor
   nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
QUESTÃO 03
                                   ENEM-1998
O poema pode ser considerado como um texto:
argumentativo
narrativo
épico
de propaganda
teatral
QUESTÃO 03
                                  solução comentada
No poema de Camões, o eu-lírico, através de jogos de opostos, apresenta um conceito de amor.
Trata-se de um texto em que o locutor apresenta a sua visão de mundo sobre um assunto. Por
isso, dentre os gêneros textuais e literários apresentados, aquele de que o texto se aproxima é
do argumentativo na medida em que a definição de amor que aparece do poema é muito
singular e se afasta da definição do dicionário. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
INSTRUÇÃO
                                  ENEM-2000
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos
noticiados. Veja um exemplo:
Jornal do commercio, 22/8/93
QUESTÃO 04
                                        ENEM-2000
O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é:
Descansem o meu leito solitário/ Na floresta dos homens esquecida,/ À sombra de uma cruz, e
escrevam nela/ – Foi poeta – sonhou – e amou na vida. [AZEVEDO, Álvares de. Poesias
escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL, 1971.]
Essa cova em que estás/ Com palmos medida,/ é a conta menor/ que tiraste em vida./ É de bom
tamanho,/ Nem largo nem fundo,/ É a parte que te cabe/ deste latifúndio. [MELO NETO, João
Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.]
Medir é a medida/ mede/ A terra, medo do homem, a lavra;/ lavra/ duro campo, muito cerco,
vária várzea. [CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978.]
Vou contar para vocês/ um caso que sucedeu/ na Paraíba do Norte/ com um homem que se
chamava/ Pedro João Boa-Morte,/ lavrador de Chapadinha:/ talvez tenha morte boa/ porque
vida ele não tinha. [GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1983.]
Trago-te flores, – restos arrancados/ Da terra que nos viu passar/ E ora mortos nos deixa e
separados. [ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986.]
QUESTÃO 04
                                solução comentada
O tema da charge é a morte advinda pela disputa de terras. Nos versos de João Cabral de Melo
Neto, extraídos de Morte e vida severina, assim como na charge publicada no Jornal do
commercio, a disputa de terras acaba em morte. Marque-se, pois, a alternativa “b”.
MOCIDADE E MORTE
                                      Castro Alves
                        Oh! eu quero viver, beber perfumes
                      Na flor silvestre, que embalsama os ares;
                         Ver minh’alma adejar pelo infinito,
                      Qual branca vela n’amplidão dos mares.
                        No seio da mulher há tanto aroma...
                       Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
                        –– Árabe errante, vou dormir à tarde
                        À sombra fresca da palmeira erguida.
                        Mas uma voz responde-me sombria:
                             Terás o sono sob a lájea fria.
ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.
QUESTÃO 05
                                    ENEM-2001
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão
da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra
embalsama.
infinito.
amplidão.
dormir.
sono.
QUESTÃO 05
                               solução comentada
A palavra sono, juntamente com a expressão sob a lájea fria, sugere que o sujeito poético
dormirá o sono eterno, sepultado sob uma lápide. Assinale-se, pois, a alternativa “e”.
EPÍGRAFE
               Eugênio de Castro
       Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
        Lentas gotas de som no relógio da torre,
          Fio de areia na ampulheta vigilante,
      Leve sombra azulando a pedra do quadrante
     Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...
      Homem, que fazes tu? Para que tanta lida,
   Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
       Procuremos somente a Beleza, que a vida
      É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...
QUESTÃO 06
                                     ENEM-2003
 Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas (versos 6 e 7) é a
infantilidade do ser humano.
destruição da natureza.
exaltação da violência.
inutilidade do trabalho.
brevidade da vida.
QUESTÃO 06
                                solução comentada
O sujeito poético problematiza as preocupações humanas ante a inexorável passagem do
tempo, como se vê em Assim se ecoa a hora, assim se vive e morre e em a vida/ é um punhado
infantil de areia ressequida. O assunto do discurso poético é, pois, a passagem do tempo e a
brevidade da vida. Assinale-se a alternativa “e”.
TEXTO
                        Mário Quintana
PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA: De cada lado da sala de aula,
pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens
desenrolam-se, lentas como quem vai inventando preguiçosamente
uma história sem fim... Sem fim é a aula: e nada acontece, nada...
Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um
avião entrasse por uma janela e saísse pela outra!
             QUINTANA, Mário. Poesias. São Paulo: Globo, s.d.
QUESTÃO 07
                                      ENEM-2003
                      Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio
provoca que os meninos fiquem contando histórias.
leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula.
acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum improviso mágico.
prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do pensamento.
decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das nuvens e
moscas.
QUESTÃO 07
                                 solução comentada
A fantasia da menina, de que um avião entrasse por uma janela e saísse por outra, corresponde
à expectativa de algum imprevisto mágico, nos termos da alternativa “c”.
INSTRUÇÃO
                 ENEM-2003
O quadro e o texto a seguir referem-se à questão 08.
Operários, Tarsila do Amaral
TEXTO
                            ENEM-2003
       Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que
       lhes assegura identidade peculiar, são iguais
       enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as
       chaminés das indústrias se alçam verticalmente.
       No mais, em todo o quadro, rostos colados, um
       ao lado do outro, em pirâmide que tende a se
       prolongar infinitamente, como mercadoria que se
       acumula, pelo quadro afora.
GOTLIB, Nádia Batella. Tarsila do Amaral, a modernista. São Paulo: Senac, 1998.
QUESTÃO 08
                                    ENEM-2003
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos
transcritos em:
 Pensem nas meninas                                                Somos muitos severinos
 Cegas inexatas                                                   iguais em tudo e na sina:
 Pensem nas mulheres                                           a de abrandar estas pedras
 Rotas alteradas.                                               suando-se muito em cima.
 (Vinícius de Moraes)                                          (João Cabral de Melo Neto)
 Não sou nada.                                                       O funcionário público
 Nunca serei nada.                                                     não cabe no poema
 Não posso querer ser nada.                                       com seu salário de fome
 À parte isso, tenho em mim todos                           sua vida fechada em arquivos.
 [os sonhos do mundo. (Fernando Pessoa)                                   (Ferreira Gullar)
                                  Os inocentes do Leblon
                               Não viram o navio entrar (...)
                  Os inocentes, definitavamente inocentes, tudo ignoram,
                         mas a areia é quente, e há um óleo suave
                          que eles passam nas costas, e aquecem.
                             (Carlos Drummond de Andrade)
QUESTÃO 08
                                solução comentada
A ideia de que a concepção de que as pessoas são mera força de trabalho é desumanizadora,
pois ignora características e valores individuais, encontra-se tanto no quadro de Tarsila do
Amaral, segundo a critica Nádia Gotlib, quanto nos versos de João Cabral de Melo Neto, que
correspondem à fala de um flagelado migrante nordestino que foge da seca e da miséria.
Marque-se, pois, a alternativa “b”.
INSTRUÇÃO
                                      ENEM-2004
O poema a seguir pertence à poesia concreta brasileira. O termo latino de seu título significa
“epitalâmio”, poema ou canto em homenagem aos que se casam.
Epitalamium, de Pedro Xisto
QUESTÃO 09
                                       ENEM-2003
Considerando que símbolos e sinais são utilizados geralmente para demonstrações objetivas, ao
serem incorporados no poema “Epithalamium - II”,
adquirem novo potencial de significação.
eliminam a subjetividade do poema.
opõem-se ao tema principal do poema.
invertem seu significado original.
tornam-se confusos e equivocados.
QUESTÃO 09
                              solução comentada
Os símbolos usados no poema de Pedro Xisto potencializam novas significações para os
elementos ali representados. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
BRASIL
            Oswald de Andrade
O Zé Pereira chegou de caravela
E perguntou pro guarani da mata virgem
– Sois cristão?
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! Ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
– Sim pela graça de Deus
Cunhem Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
QUESTÃO 10
                                      ENEM-2004
Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma
junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão
apresentada pelo texto é
ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece
sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.
inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco
contribuíram para a formação da identidade brasileira.
moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa
da predominância de elementos primitivos e pagãos.
preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas
o elemento europeu, vindo com as caravelas.
negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em
anarquia e falta de seriedade.
QUESTÃO 10
                                 solução comentada
O poema “Brasil”, de Oswald de Andrade, insere-se na vertente antropófaga da Primeira
Geração do Modernismo e propõe uma leitura crítica da formação da identidade brasileira.
Ao pôr os três atores do processo de formação da identidade brasileira em ato e dar-lhes fala,
percebe-se uma visão democrática e inaugural. Entretanto, quando se observa que, do contato
dos três elementos, surge o Carnaval, pode-se [até] afirmar que a visão do sujeito poético seja
ambígua.
A única opção condizente com o ponto de vista que perpassa a obra de Oswald de Andrade [da
década de 1920] é a alternativa “a”. Ressalve-se, entretanto, que o escritor modernista faz uma
revisão crítica da história cultural brasileira e adota uma perspectiva totalmente inovadora, se
considerarmos, por exemplo, o discurso nacionalista ufanista presente nos livros de História do
Brasil até a década de 1970.
QUESTÃO 11
                                       ENEM-2004
        A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do
poeta e do colonizador apenas.
colonizador e do negro apenas.
negro e do índio apenas.
colonizador, do poeta e do negro apenas.
poeta, do colonizador, do índio e do negro.
QUESTÃO 11
                                  solução comentada
No poema “Brasil”, além da voz do sujeito poético, é possível constatar que o locutor dá voz ao
português [3], ao índio [4] e ao negro [9]. Assinale-se, pois, a alternativa “e”.
INSTRUÇÃO
                                 ENEM-2004
Leia os dois textos a seguir.
TEXTO 01
Dik Browne
SEM TÍTULO
                      Alberto Caeiro
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
QUESTÃO 12
                                        ENEM-2004
A tira “Hagar” e o poema de Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa)
expressam, com linguagens diferentes, uma mesma ideia: a de que a compreensão que temos
do mundo é condicionada, essencialmente,
pelo alcance de cada cultura.
pela capacidade visual do observador.
elo senso de humor de cada um.
pela idade do observador.
pela altura do ponto de observação.
QUESTÃO 12
                               solução comentada
É a visão de mundo – resultado da formação do indivíduo – que determina o alcance de seu
ponto de vista. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
A DANÇA E A ALMA
               Carlos Drummond de Andrade
                   A dança? Não é movimento,
                   súbito gesto musical.
                   É concentração, num momento,
                   da humana graça natural.
                   No solo não, no éter pairamos,
                   nele amaríamos ficar.
                   A dança – não vento nos ramos:
                   seiva, força, perene estar.
                   Um estar entre céu e chão,
                   novo domínio conquistado,
                   onde busque nossa paixão
                   libertar-se por todo lado...
                   Onde a alma possa descrever
                   suas mais divinas parábolas
                   sem fugir à forma do ser,
                   por sobre o mistério das fábulas.
Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 366.
QUESTÃO 13
                                     ENEM-2004
A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso
no poema é
a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em
todos os momentos de sua existência.
a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao homem a
liberação de seu espírito.
a manifestação do ser humano, formada por uma sequência de gestos, passos e movimentos
desconcertados.
o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos
musicais, ruídos, cantos, emoções etc.
o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por consequência, ao seu
desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
QUESTÃO 13
                              solução comentada
A segunda, a terceira e a quarta estrofes, principalmente, tratam a dança como forma de
transcendência, elevação, superação do eu. Assinale-se, pois, a alternativa “b”.
QUESTÃO 14
                                 ENEM-2005
O poema “A Dança e a Alma” é construído com base em contrastes, como “movimento” e
“concentração”. Em uma das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo é:
éter.
seiva.
chão.
paixão.
ser.
QUESTÃO 14
                              solução comentada
A palavra não funciona como articulador adversativo e opõe solo a éter no quinto verso.
Marque-se, pois, a alternativa “a”.
INSTRUÇÃO
                                 ENEM-2005
Leia os dois textos a seguir.
TEXTO 01
ENEM-2005
SONHO IMPOSSÍVEL
                               Darrione e Leight
Sonhar                                                       Não me importa saber
Mais um sonho impossível                                        Se é terrível demais
Lutar                                              Quantas guerras terei que vencer
Quando é fácil ceder                                          Por um pouco de paz
Vencer o inimigo invencível                     E amanhã se esse chão que eu beijei
Negar quando a regra é vender                                For meu leito e perdão
Sofrer a tortura implacável                             Vou saber que valeu delirar
Romper a incabível prisão                                        E morrer de paixão
Voar num limite improvável                                 E assim, seja lá como for
Tocar o inacessível chão                                Vai ter fim a infinita aflição
É minha lei, é minha questão                            E o mundo vai ver uma flor
Virar esse mundo                                         Brotar do impossível chão.
Cravar esse chão
      (J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)
QUESTÃO 15
                                      ENEM-2005
A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir
que os dois textos
afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz.
concordam que o desarmamento é inatingível.
julgam que o sonho é um desafio invencível.
têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor.
transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.
QUESTÃO 15
                                 solução comentada
A visão dos locutores acerca do futuro da humanidade é divergente: no texto 1, tem-se uma
visão pessimista e, no texto 2, predomina a visão otimista. Marque-se, pois, a alternativa “d”.
INSTRUÇÃO
                      ENEM-2005
Leia estes poemas.
AUTORRETRATO
                         Manuel Bandeira
                  Provinciano que nunca soube
                  Escolher bem uma gravata;
                  Pernambucano a quem repugna
                  A faca do pernambucano;
                  Poeta ruim que na arte da prosa
                  Envelheceu na infância da arte,
                  E até mesmo escrevendo crônicas
                  Ficou cronista de província;
                  Arquiteto falhado, músico
                  Falhado (engoliu um dia
                  Um piano, mas o teclado
                  Ficou de fora); sem família,
                  Religião ou filosofia;
                  Mal tendo a inquietação de espírito
                  Que vem do sobrenatural,
                  E em matéria de profissão
                  Um tísico profissional.
Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.
POEMA DE SETE FACES
               Carlos Drummond de Andrade
                Quando eu nasci, um anjo torto
                desses que vivem na sombra
                disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
                As casas espiam os homens
                que correm atrás de mulheres.
                A tarde talvez fosse azul,
                não houvesse tantos desejos. [...]
                Meu Deus, por que me abandonaste
                se sabias que eu não era Deus
                se sabias que eu era fraco.
                Mundo mundo vasto mundo,
                se eu me chamasse Raimundo
                seria uma rima, não seria uma solução.
                Mundo mundo vasto mundo
                mais vasto é o meu coração.
Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.
QUESTÃO 16
                                       ENEM-2005
                            Esses poemas têm em comum o fato de
descreverem aspectos físicos dos próprios autores.
refletirem um sentimento pessimista.
terem a doença como tema.
narrarem a vida dos autores desde o nascimento.
defenderem crenças religiosas.
QUESTÃO 16
                                 solução comentada
No primeiro poema, o sujeito poético fala do seu fracasso generalizado vida afora – não sabe
escolher gravatas, não consegue escrever prosa, crônicas, fazer música; é um falhado, um
doente, um tísico profissional. Já no segundo poema, percebe-se que a postura esquiva,
esquisita, gauche acompanha o sujeito poético desde a infância. A alternativa que contempla tal
análise é a letra “b”.
INSTRUÇÃO
                         ENEM-2009, prova cancelada
Leia o texto a seguir.
SOM DE PRETO
        MCs Amilka e Chocolate
O nosso som não tem idade, não tem raça
E não tem cor.
Mas a sociedade pra gente não dá valor.
Só querem nos criticar, pensam que somos animais.
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais,
porque o ‘funkeiro’ de hoje em dia caiu na real.
Essa história de 'porrada', isso é coisa banal
Agora pare e pense, se liga na 'responsa':
se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança.
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado.
QUESTÃO 17
                            ENEM-2009, prova cancelada
À medida que vem ganhando espaço na mídia, o funk carioca vem abandonando seu caráter
local, associado às favelas e à criminalidade do Rio de Janeiro, tornando-se uma espécie de
símbolo da marginalização das manifestações culturais das periferias em todo o Brasil. O verso
que explicita essa marginalização é:
O nosso som não tem idade, não tem raça.
Mas a sociedade pra gente não dá valor.
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais.
Agora pare e pense, se liga na 'responsa'.
se ontem foi a tempestade, hora vira a bonança.
QUESTÃO 17
                                solução comentada
A sociedade citada na alternativa b não dá valor para os produtores do som que não tem cor [o
funk] e deprecia a sua produção, e isso tende a impedir sua maior difusão fora da sua área de
criação, ou seja, marginaliza-o. Sendo assim, marque-se a alternativa “b”.
PARA O MANO CAETANO
                  Lobão
O que fazer do ouro de tolo
Quando um doce bardo brada a toda brida,
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
Geografia de verdades, Guanabaras postiças
Saudades banguelas, tropicais preguiças?
A boca cheia de dentes
De um implacável sorriso
Morre a cada instante
Que devora a voz do morto, e com isso,
Ressuscita vampira, sem o menor aviso
[...] E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo
Tipo pra rimar com ouro de tolo?
Oh, Narciso Peixe Ornamental!
Tease me, tease me outra vez
Ou em banto baiano
Ou em português de Portugal
Se quiser, até mesmo em americano
De Natal
QUESTÃO 18
                                         ENEM-2009
Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua
portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o
extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem:
“Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2)
“Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3)
“Que devora a voz do morto” (v. 9)
“lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-12)
“Tease me, tease me outra vez” (v. 14)
QUESTÃO 18
                                  solução comentada
A paronomásia está presente nas alternativas “a” [bardo, brada e brida] e “d” [lobo, bolo e tolo].
Já o coloquialismo encontra-se apenas na alternativa “d”.
CANÇÃO DO VENTO E DA MINHA MORTE
                 Manuel Bandeira
       O vento varria as folhas,
       O vento varria os frutos,
       O vento varria as flores...
                  E a minha vida ficava
                  Cada vez mais cheia
                  De frutos, de flores, de folhas.
       O vento varria os sonhos
       E varria as amizades...
       O vento varria as mulheres...
                    E a minha vida ficava
                    Cada vez mais cheia
                    De afetos e de mulheres.
       O vento varria os meses
       E varria os teus sorrisos...
       O vento varria tudo!
                    E a minha vida ficava
                    Cada vez mais cheia
                    De tudo.
QUESTÃO 19
                                        ENEM-2009
                            Na estruturação do poema, destaca-se:
a construção de oposições semânticas.
a apresentação de ideias de forma objetiva.
o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo.
a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
a inversão da ordem sintática das palavras.
QUESTÃO 19
                                solução comentada
A repetição da consoante v denomina-se aliteração. A repetição de O vento varria e de O vento
consiste em anáfora ou paralelismo. Assinale-se, pois, a alternativa “d”.

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Terceira aplicação do ENEM-2017: Artes
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Análise da Prova de Redação da UERJ-2010
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Gênero lírico no enem

  • 1. teoria da literatura Gênero lírico no ENEM Manoel Neves
  • 2. O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS Manoel de Barros Uso a palavra para compor meus silêncios. Eu fui aparelhado Não gosto das palavras para gostar de passarinhos. fatigadas de informar. Tenho abundância de ser feliz por isso. Dou mais respeito Meu quintal é maior do que o mundo. às que vivem de barriga no chão Sou um apanhador de desperdícios: tipo água pedra sapo. Amo os restos Entendo bem o sotaque das águas como as boas moscas. Dou respeito às coisas desimportantes Queria que a minha voz tivesse um formato e aos seres desimportantes. de canto. Prezo insetos mais que aviões. Porque eu não sou da informática: Prezo a velocidade eu sou da invencionática. das tartarugas mais que a dos mísseis. Só uso a palavra para compor meus Tenho em mim um atraso de nascença. silêncios.
  • 3. QUESTÃO 01 Simulado do INEP Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o mesmo valor na sua poesia. arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria vida. a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização tecnológicos. a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da informática. as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade.
  • 4. QUESTÃO 01 solução comentada O poema opõe nitidamente a natureza à cultura, a informática à invencionática, defendendo o poder de inovação desta e criticando a modernidade [e a previsibilidade] daquela, por isso são incorretas as alternativas “a”, “c”e “e”. Defende-se a criação de uma poesia simples, extraída do cotidiano e das coisas mais comuns e triviais possíveis, como se vê na valorização de elementos como pedra, água, sapo, insetos, moscas, tradicionalmente elementos prosaicos e não comumente usados na lírica tradicional. Apesar de o sujeito poético afirmar que compõe seus silêncios, ele compõe, ou seja, constrói seu texto, que comunica o desimportante, o desperdício. Por isso, não se pode afirmar que à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade, pois, metalinguisticamente este poema nasceu do silêncio, conforme se lê no último verso. Assinale-se, pois, a alternativa “b”.
  • 5. TEXTO 01 Joaquim Manuel de Macedo Mulher, Irmã, escuta-me: não ames, Quando a teus pés um homem terno e curvo jurar amor, chorar pranto de sangue, Não creias, não, mulher: ele te engana! As lágrimas são gotas da mentira E o juramento manto da perfídia.
  • 6. TEXTO 02 Manuel Bandeira Teresa, se algum sujeito bancar o sentimental em cima de você E te jurar uma paixão do tamanho de um bonde Se ele chorar Se ele ajoelhar Se ele se rasgar todo Não acredite não Teresa É lágrima de cinema É tapeação Mentira CAI FORA
  • 7. QUESTÃO 02 ENEM-1998 Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima sugerem que: há um tratamento idealizado da relação homem/mulher. há um tratamento realista da relação homem/mulher. a relação familiar é idealizada. a mulher é superior ao homem. a mulher é igual ao homem.
  • 8. QUESTÃO 02 solução comentada A temática do amor é tratada desidealizadamente nos dois textos. Tal abordagem é feita por um locutor que descrê no amor romântico, como se vê nos conselhos que os dois locutores dão às mulheres [não ames – texto 01 – e cai fora – texto 02]. O tema da questão, entretanto, é a imagem das lágrimas nos dois poemas. Tal imagem se liga à ideia de amor romântico [no qual há uma idealização da mulher]. Apesar de haver, muito nitidamente, um desencanto dos locutores dos dois textos no que diz respeito ao amor romântico, pode-se, sim, afirmar que a imagem das lágrimas dá suporte a um comportamento idealista em relação à mulher. Assinale-se, pois, a alternativa “a”.
  • 9. SONETO Luiz Vaz de Camões Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; é solitário andar por entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?
  • 10. QUESTÃO 03 ENEM-1998 O poema pode ser considerado como um texto: argumentativo narrativo épico de propaganda teatral
  • 11. QUESTÃO 03 solução comentada No poema de Camões, o eu-lírico, através de jogos de opostos, apresenta um conceito de amor. Trata-se de um texto em que o locutor apresenta a sua visão de mundo sobre um assunto. Por isso, dentre os gêneros textuais e literários apresentados, aquele de que o texto se aproxima é do argumentativo na medida em que a definição de amor que aparece do poema é muito singular e se afasta da definição do dicionário. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
  • 12. INSTRUÇÃO ENEM-2000 Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo:
  • 14. QUESTÃO 04 ENEM-2000 O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é: Descansem o meu leito solitário/ Na floresta dos homens esquecida,/ À sombra de uma cruz, e escrevam nela/ – Foi poeta – sonhou – e amou na vida. [AZEVEDO, Álvares de. Poesias escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL, 1971.] Essa cova em que estás/ Com palmos medida,/ é a conta menor/ que tiraste em vida./ É de bom tamanho,/ Nem largo nem fundo,/ É a parte que te cabe/ deste latifúndio. [MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.] Medir é a medida/ mede/ A terra, medo do homem, a lavra;/ lavra/ duro campo, muito cerco, vária várzea. [CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978.] Vou contar para vocês/ um caso que sucedeu/ na Paraíba do Norte/ com um homem que se chamava/ Pedro João Boa-Morte,/ lavrador de Chapadinha:/ talvez tenha morte boa/ porque vida ele não tinha. [GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1983.] Trago-te flores, – restos arrancados/ Da terra que nos viu passar/ E ora mortos nos deixa e separados. [ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986.]
  • 15. QUESTÃO 04 solução comentada O tema da charge é a morte advinda pela disputa de terras. Nos versos de João Cabral de Melo Neto, extraídos de Morte e vida severina, assim como na charge publicada no Jornal do commercio, a disputa de terras acaba em morte. Marque-se, pois, a alternativa “b”.
  • 16. MOCIDADE E MORTE Castro Alves Oh! eu quero viver, beber perfumes Na flor silvestre, que embalsama os ares; Ver minh’alma adejar pelo infinito, Qual branca vela n’amplidão dos mares. No seio da mulher há tanto aroma... Nos seus beijos de fogo há tanta vida... –– Árabe errante, vou dormir à tarde À sombra fresca da palmeira erguida. Mas uma voz responde-me sombria: Terás o sono sob a lájea fria. ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.
  • 17. QUESTÃO 05 ENEM-2001 Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra embalsama. infinito. amplidão. dormir. sono.
  • 18. QUESTÃO 05 solução comentada A palavra sono, juntamente com a expressão sob a lájea fria, sugere que o sujeito poético dormirá o sono eterno, sepultado sob uma lápide. Assinale-se, pois, a alternativa “e”.
  • 19. EPÍGRAFE Eugênio de Castro Murmúrio de água na clepsidra gotejante, Lentas gotas de som no relógio da torre, Fio de areia na ampulheta vigilante, Leve sombra azulando a pedra do quadrante Assim se escoa a hora, assim se vive e morre... Homem, que fazes tu? Para que tanta lida, Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça? Procuremos somente a Beleza, que a vida É um punhado infantil de areia ressequida, Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...
  • 20. QUESTÃO 06 ENEM-2003 Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas (versos 6 e 7) é a infantilidade do ser humano. destruição da natureza. exaltação da violência. inutilidade do trabalho. brevidade da vida.
  • 21. QUESTÃO 06 solução comentada O sujeito poético problematiza as preocupações humanas ante a inexorável passagem do tempo, como se vê em Assim se ecoa a hora, assim se vive e morre e em a vida/ é um punhado infantil de areia ressequida. O assunto do discurso poético é, pois, a passagem do tempo e a brevidade da vida. Assinale-se a alternativa “e”.
  • 22. TEXTO Mário Quintana PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA: De cada lado da sala de aula, pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens desenrolam-se, lentas como quem vai inventando preguiçosamente uma história sem fim... Sem fim é a aula: e nada acontece, nada... Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um avião entrasse por uma janela e saísse pela outra! QUINTANA, Mário. Poesias. São Paulo: Globo, s.d.
  • 23. QUESTÃO 07 ENEM-2003 Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio provoca que os meninos fiquem contando histórias. leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula. acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum improviso mágico. prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do pensamento. decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das nuvens e moscas.
  • 24. QUESTÃO 07 solução comentada A fantasia da menina, de que um avião entrasse por uma janela e saísse por outra, corresponde à expectativa de algum imprevisto mágico, nos termos da alternativa “c”.
  • 25. INSTRUÇÃO ENEM-2003 O quadro e o texto a seguir referem-se à questão 08.
  • 27. TEXTO ENEM-2003 Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora. GOTLIB, Nádia Batella. Tarsila do Amaral, a modernista. São Paulo: Senac, 1998.
  • 28. QUESTÃO 08 ENEM-2003 O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em: Pensem nas meninas Somos muitos severinos Cegas inexatas iguais em tudo e na sina: Pensem nas mulheres a de abrandar estas pedras Rotas alteradas. suando-se muito em cima. (Vinícius de Moraes) (João Cabral de Melo Neto) Não sou nada. O funcionário público Nunca serei nada. não cabe no poema Não posso querer ser nada. com seu salário de fome À parte isso, tenho em mim todos sua vida fechada em arquivos. [os sonhos do mundo. (Fernando Pessoa) (Ferreira Gullar) Os inocentes do Leblon Não viram o navio entrar (...) Os inocentes, definitavamente inocentes, tudo ignoram, mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam nas costas, e aquecem. (Carlos Drummond de Andrade)
  • 29. QUESTÃO 08 solução comentada A ideia de que a concepção de que as pessoas são mera força de trabalho é desumanizadora, pois ignora características e valores individuais, encontra-se tanto no quadro de Tarsila do Amaral, segundo a critica Nádia Gotlib, quanto nos versos de João Cabral de Melo Neto, que correspondem à fala de um flagelado migrante nordestino que foge da seca e da miséria. Marque-se, pois, a alternativa “b”.
  • 30. INSTRUÇÃO ENEM-2004 O poema a seguir pertence à poesia concreta brasileira. O termo latino de seu título significa “epitalâmio”, poema ou canto em homenagem aos que se casam.
  • 32. QUESTÃO 09 ENEM-2003 Considerando que símbolos e sinais são utilizados geralmente para demonstrações objetivas, ao serem incorporados no poema “Epithalamium - II”, adquirem novo potencial de significação. eliminam a subjetividade do poema. opõem-se ao tema principal do poema. invertem seu significado original. tornam-se confusos e equivocados.
  • 33. QUESTÃO 09 solução comentada Os símbolos usados no poema de Pedro Xisto potencializam novas significações para os elementos ali representados. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
  • 34. BRASIL Oswald de Andrade O Zé Pereira chegou de caravela E perguntou pro guarani da mata virgem – Sois cristão? – Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! Lá longe a onça resmungava Uu! Ua! uu! O negro zonzo saído da fornalha Tomou a palavra e respondeu – Sim pela graça de Deus Cunhem Babá Canhém Babá Cum Cum! E fizeram o Carnaval
  • 35. QUESTÃO 10 ENEM-2004 Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem. inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira. moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos. preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas. negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.
  • 36. QUESTÃO 10 solução comentada O poema “Brasil”, de Oswald de Andrade, insere-se na vertente antropófaga da Primeira Geração do Modernismo e propõe uma leitura crítica da formação da identidade brasileira. Ao pôr os três atores do processo de formação da identidade brasileira em ato e dar-lhes fala, percebe-se uma visão democrática e inaugural. Entretanto, quando se observa que, do contato dos três elementos, surge o Carnaval, pode-se [até] afirmar que a visão do sujeito poético seja ambígua. A única opção condizente com o ponto de vista que perpassa a obra de Oswald de Andrade [da década de 1920] é a alternativa “a”. Ressalve-se, entretanto, que o escritor modernista faz uma revisão crítica da história cultural brasileira e adota uma perspectiva totalmente inovadora, se considerarmos, por exemplo, o discurso nacionalista ufanista presente nos livros de História do Brasil até a década de 1970.
  • 37. QUESTÃO 11 ENEM-2004 A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do poeta e do colonizador apenas. colonizador e do negro apenas. negro e do índio apenas. colonizador, do poeta e do negro apenas. poeta, do colonizador, do índio e do negro.
  • 38. QUESTÃO 11 solução comentada No poema “Brasil”, além da voz do sujeito poético, é possível constatar que o locutor dá voz ao português [3], ao índio [4] e ao negro [9]. Assinale-se, pois, a alternativa “e”.
  • 39. INSTRUÇÃO ENEM-2004 Leia os dois textos a seguir.
  • 41. SEM TÍTULO Alberto Caeiro Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer Porque sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura...
  • 42. QUESTÃO 12 ENEM-2004 A tira “Hagar” e o poema de Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa) expressam, com linguagens diferentes, uma mesma ideia: a de que a compreensão que temos do mundo é condicionada, essencialmente, pelo alcance de cada cultura. pela capacidade visual do observador. elo senso de humor de cada um. pela idade do observador. pela altura do ponto de observação.
  • 43. QUESTÃO 12 solução comentada É a visão de mundo – resultado da formação do indivíduo – que determina o alcance de seu ponto de vista. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
  • 44. A DANÇA E A ALMA Carlos Drummond de Andrade A dança? Não é movimento, súbito gesto musical. É concentração, num momento, da humana graça natural. No solo não, no éter pairamos, nele amaríamos ficar. A dança – não vento nos ramos: seiva, força, perene estar. Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado... Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir à forma do ser, por sobre o mistério das fábulas. Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 366.
  • 45. QUESTÃO 13 ENEM-2004 A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso no poema é a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em todos os momentos de sua existência. a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao homem a liberação de seu espírito. a manifestação do ser humano, formada por uma sequência de gestos, passos e movimentos desconcertados. o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc. o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por consequência, ao seu desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
  • 46. QUESTÃO 13 solução comentada A segunda, a terceira e a quarta estrofes, principalmente, tratam a dança como forma de transcendência, elevação, superação do eu. Assinale-se, pois, a alternativa “b”.
  • 47. QUESTÃO 14 ENEM-2005 O poema “A Dança e a Alma” é construído com base em contrastes, como “movimento” e “concentração”. Em uma das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo é: éter. seiva. chão. paixão. ser.
  • 48. QUESTÃO 14 solução comentada A palavra não funciona como articulador adversativo e opõe solo a éter no quinto verso. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
  • 49. INSTRUÇÃO ENEM-2005 Leia os dois textos a seguir.
  • 51. SONHO IMPOSSÍVEL Darrione e Leight Sonhar Não me importa saber Mais um sonho impossível Se é terrível demais Lutar Quantas guerras terei que vencer Quando é fácil ceder Por um pouco de paz Vencer o inimigo invencível E amanhã se esse chão que eu beijei Negar quando a regra é vender For meu leito e perdão Sofrer a tortura implacável Vou saber que valeu delirar Romper a incabível prisão E morrer de paixão Voar num limite improvável E assim, seja lá como for Tocar o inacessível chão Vai ter fim a infinita aflição É minha lei, é minha questão E o mundo vai ver uma flor Virar esse mundo Brotar do impossível chão. Cravar esse chão (J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)
  • 52. QUESTÃO 15 ENEM-2005 A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir que os dois textos afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz. concordam que o desarmamento é inatingível. julgam que o sonho é um desafio invencível. têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor. transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.
  • 53. QUESTÃO 15 solução comentada A visão dos locutores acerca do futuro da humanidade é divergente: no texto 1, tem-se uma visão pessimista e, no texto 2, predomina a visão otimista. Marque-se, pois, a alternativa “d”.
  • 54. INSTRUÇÃO ENEM-2005 Leia estes poemas.
  • 55. AUTORRETRATO Manuel Bandeira Provinciano que nunca soube Escolher bem uma gravata; Pernambucano a quem repugna A faca do pernambucano; Poeta ruim que na arte da prosa Envelheceu na infância da arte, E até mesmo escrevendo crônicas Ficou cronista de província; Arquiteto falhado, músico Falhado (engoliu um dia Um piano, mas o teclado Ficou de fora); sem família, Religião ou filosofia; Mal tendo a inquietação de espírito Que vem do sobrenatural, E em matéria de profissão Um tísico profissional. Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.
  • 56. POEMA DE SETE FACES Carlos Drummond de Andrade Quando eu nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. [...] Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo mais vasto é o meu coração. Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.
  • 57. QUESTÃO 16 ENEM-2005 Esses poemas têm em comum o fato de descreverem aspectos físicos dos próprios autores. refletirem um sentimento pessimista. terem a doença como tema. narrarem a vida dos autores desde o nascimento. defenderem crenças religiosas.
  • 58. QUESTÃO 16 solução comentada No primeiro poema, o sujeito poético fala do seu fracasso generalizado vida afora – não sabe escolher gravatas, não consegue escrever prosa, crônicas, fazer música; é um falhado, um doente, um tísico profissional. Já no segundo poema, percebe-se que a postura esquiva, esquisita, gauche acompanha o sujeito poético desde a infância. A alternativa que contempla tal análise é a letra “b”.
  • 59. INSTRUÇÃO ENEM-2009, prova cancelada Leia o texto a seguir.
  • 60. SOM DE PRETO MCs Amilka e Chocolate O nosso som não tem idade, não tem raça E não tem cor. Mas a sociedade pra gente não dá valor. Só querem nos criticar, pensam que somos animais. Se existia o lado ruim, hoje não existe mais, porque o ‘funkeiro’ de hoje em dia caiu na real. Essa história de 'porrada', isso é coisa banal Agora pare e pense, se liga na 'responsa': se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança. É som de preto De favelado Mas quando toca ninguém fica parado.
  • 61. QUESTÃO 17 ENEM-2009, prova cancelada À medida que vem ganhando espaço na mídia, o funk carioca vem abandonando seu caráter local, associado às favelas e à criminalidade do Rio de Janeiro, tornando-se uma espécie de símbolo da marginalização das manifestações culturais das periferias em todo o Brasil. O verso que explicita essa marginalização é: O nosso som não tem idade, não tem raça. Mas a sociedade pra gente não dá valor. Se existia o lado ruim, hoje não existe mais. Agora pare e pense, se liga na 'responsa'. se ontem foi a tempestade, hora vira a bonança.
  • 62. QUESTÃO 17 solução comentada A sociedade citada na alternativa b não dá valor para os produtores do som que não tem cor [o funk] e deprecia a sua produção, e isso tende a impedir sua maior difusão fora da sua área de criação, ou seja, marginaliza-o. Sendo assim, marque-se a alternativa “b”.
  • 63. PARA O MANO CAETANO Lobão O que fazer do ouro de tolo Quando um doce bardo brada a toda brida, Em velas pandas, suas esquisitas rimas? Geografia de verdades, Guanabaras postiças Saudades banguelas, tropicais preguiças? A boca cheia de dentes De um implacável sorriso Morre a cada instante Que devora a voz do morto, e com isso, Ressuscita vampira, sem o menor aviso [...] E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo Tipo pra rimar com ouro de tolo? Oh, Narciso Peixe Ornamental! Tease me, tease me outra vez Ou em banto baiano Ou em português de Portugal Se quiser, até mesmo em americano De Natal
  • 64. QUESTÃO 18 ENEM-2009 Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem: “Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2) “Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3) “Que devora a voz do morto” (v. 9) “lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-12) “Tease me, tease me outra vez” (v. 14)
  • 65. QUESTÃO 18 solução comentada A paronomásia está presente nas alternativas “a” [bardo, brada e brida] e “d” [lobo, bolo e tolo]. Já o coloquialismo encontra-se apenas na alternativa “d”.
  • 66. CANÇÃO DO VENTO E DA MINHA MORTE Manuel Bandeira O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. O vento varria os sonhos E varria as amizades... O vento varria as mulheres... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De afetos e de mulheres. O vento varria os meses E varria os teus sorrisos... O vento varria tudo! E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De tudo.
  • 67. QUESTÃO 19 ENEM-2009 Na estruturação do poema, destaca-se: a construção de oposições semânticas. a apresentação de ideias de forma objetiva. o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo. a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes. a inversão da ordem sintática das palavras.
  • 68. QUESTÃO 19 solução comentada A repetição da consoante v denomina-se aliteração. A repetição de O vento varria e de O vento consiste em anáfora ou paralelismo. Assinale-se, pois, a alternativa “d”.