2. O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS
Manoel de Barros
Uso a palavra para compor meus silêncios. Eu fui aparelhado
Não gosto das palavras para gostar de passarinhos.
fatigadas de informar. Tenho abundância de ser feliz por isso.
Dou mais respeito Meu quintal é maior do que o mundo.
às que vivem de barriga no chão Sou um apanhador de desperdícios:
tipo água pedra sapo. Amo os restos
Entendo bem o sotaque das águas como as boas moscas.
Dou respeito às coisas desimportantes Queria que a minha voz tivesse um formato
e aos seres desimportantes. de canto.
Prezo insetos mais que aviões. Porque eu não sou da informática:
Prezo a velocidade eu sou da invencionática.
das tartarugas mais que a dos mísseis. Só uso a palavra para compor meus
Tenho em mim um atraso de nascença. silêncios.
3. QUESTÃO 01
Simulado do INEP
Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que
informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o
mesmo valor na sua poesia.
arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para
dar sentido à própria vida.
a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização
tecnológicos.
a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da
informática.
as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não
comunicabilidade.
4. QUESTÃO 01
solução comentada
O poema opõe nitidamente a natureza à cultura, a informática à invencionática, defendendo o
poder de inovação desta e criticando a modernidade [e a previsibilidade] daquela, por isso são
incorretas as alternativas “a”, “c”e “e”.
Defende-se a criação de uma poesia simples, extraída do cotidiano e das coisas mais comuns e
triviais possíveis, como se vê na valorização de elementos como pedra, água, sapo, insetos,
moscas, tradicionalmente elementos prosaicos e não comumente usados na lírica tradicional.
Apesar de o sujeito poético afirmar que compõe seus silêncios, ele compõe, ou seja, constrói
seu texto, que comunica o desimportante, o desperdício. Por isso, não se pode afirmar que à
poesia resta o silêncio da não comunicabilidade, pois, metalinguisticamente este poema nasceu
do silêncio, conforme se lê no último verso.
Assinale-se, pois, a alternativa “b”.
5. TEXTO 01
Joaquim Manuel de Macedo
Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,
Quando a teus pés um homem terno e curvo
jurar amor, chorar pranto de sangue,
Não creias, não, mulher: ele te engana!
As lágrimas são gotas da mentira
E o juramento manto da perfídia.
6. TEXTO 02
Manuel Bandeira
Teresa, se algum sujeito bancar o
sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um
bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredite não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA
7. QUESTÃO 02
ENEM-1998
Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima sugerem que:
há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.
há um tratamento realista da relação homem/mulher.
a relação familiar é idealizada.
a mulher é superior ao homem.
a mulher é igual ao homem.
8. QUESTÃO 02
solução comentada
A temática do amor é tratada desidealizadamente nos dois textos. Tal abordagem é feita por um
locutor que descrê no amor romântico, como se vê nos conselhos que os dois locutores dão às
mulheres [não ames – texto 01 – e cai fora – texto 02].
O tema da questão, entretanto, é a imagem das lágrimas nos dois poemas. Tal imagem se liga à
ideia de amor romântico [no qual há uma idealização da mulher].
Apesar de haver, muito nitidamente, um desencanto dos locutores dos dois textos no que diz
respeito ao amor romântico, pode-se, sim, afirmar que a imagem das lágrimas dá suporte a um
comportamento idealista em relação à mulher.
Assinale-se, pois, a alternativa “a”.
9. SONETO
Luiz Vaz de Camões
Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente;
é dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
é solitário andar por entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
10. QUESTÃO 03
ENEM-1998
O poema pode ser considerado como um texto:
argumentativo
narrativo
épico
de propaganda
teatral
11. QUESTÃO 03
solução comentada
No poema de Camões, o eu-lírico, através de jogos de opostos, apresenta um conceito de amor.
Trata-se de um texto em que o locutor apresenta a sua visão de mundo sobre um assunto. Por
isso, dentre os gêneros textuais e literários apresentados, aquele de que o texto se aproxima é
do argumentativo na medida em que a definição de amor que aparece do poema é muito
singular e se afasta da definição do dicionário. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
12. INSTRUÇÃO
ENEM-2000
Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos
noticiados. Veja um exemplo:
14. QUESTÃO 04
ENEM-2000
O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é:
Descansem o meu leito solitário/ Na floresta dos homens esquecida,/ À sombra de uma cruz, e
escrevam nela/ – Foi poeta – sonhou – e amou na vida. [AZEVEDO, Álvares de. Poesias
escolhidas. Rio de Janeiro/Brasília: José Aguilar/INL, 1971.]
Essa cova em que estás/ Com palmos medida,/ é a conta menor/ que tiraste em vida./ É de bom
tamanho,/ Nem largo nem fundo,/ É a parte que te cabe/ deste latifúndio. [MELO NETO, João
Cabral de. Morte e vida severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967.]
Medir é a medida/ mede/ A terra, medo do homem, a lavra;/ lavra/ duro campo, muito cerco,
vária várzea. [CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978.]
Vou contar para vocês/ um caso que sucedeu/ na Paraíba do Norte/ com um homem que se
chamava/ Pedro João Boa-Morte,/ lavrador de Chapadinha:/ talvez tenha morte boa/ porque
vida ele não tinha. [GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1983.]
Trago-te flores, – restos arrancados/ Da terra que nos viu passar/ E ora mortos nos deixa e
separados. [ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986.]
15. QUESTÃO 04
solução comentada
O tema da charge é a morte advinda pela disputa de terras. Nos versos de João Cabral de Melo
Neto, extraídos de Morte e vida severina, assim como na charge publicada no Jornal do
commercio, a disputa de terras acaba em morte. Marque-se, pois, a alternativa “b”.
16. MOCIDADE E MORTE
Castro Alves
Oh! eu quero viver, beber perfumes
Na flor silvestre, que embalsama os ares;
Ver minh’alma adejar pelo infinito,
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma...
Nos seus beijos de fogo há tanta vida...
–– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida.
Mas uma voz responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.
ALVES, Castro. Os melhores poemas de Castro Alves. Seleção de Lêdo Ivo. São Paulo: Global, 1983.
17. QUESTÃO 05
ENEM-2001
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda o inconformismo do poeta com a antevisão
da morte prematura, ainda na juventude. A imagem da morte aparece na palavra
embalsama.
infinito.
amplidão.
dormir.
sono.
18. QUESTÃO 05
solução comentada
A palavra sono, juntamente com a expressão sob a lájea fria, sugere que o sujeito poético
dormirá o sono eterno, sepultado sob uma lápide. Assinale-se, pois, a alternativa “e”.
19. EPÍGRAFE
Eugênio de Castro
Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...
Homem, que fazes tu? Para que tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa...
20. QUESTÃO 06
ENEM-2003
Neste poema, o que leva o poeta a questionar determinadas ações humanas (versos 6 e 7) é a
infantilidade do ser humano.
destruição da natureza.
exaltação da violência.
inutilidade do trabalho.
brevidade da vida.
21. QUESTÃO 06
solução comentada
O sujeito poético problematiza as preocupações humanas ante a inexorável passagem do
tempo, como se vê em Assim se ecoa a hora, assim se vive e morre e em a vida/ é um punhado
infantil de areia ressequida. O assunto do discurso poético é, pois, a passagem do tempo e a
brevidade da vida. Assinale-se a alternativa “e”.
22. TEXTO
Mário Quintana
PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA: De cada lado da sala de aula,
pelas janelas altas, o azul convida os meninos, as nuvens
desenrolam-se, lentas como quem vai inventando preguiçosamente
uma história sem fim... Sem fim é a aula: e nada acontece, nada...
Bocejos e moscas. Se ao menos, pensa Margarida, se ao menos um
avião entrasse por uma janela e saísse pela outra!
QUINTANA, Mário. Poesias. São Paulo: Globo, s.d.
23. QUESTÃO 07
ENEM-2003
Na cena retratada no texto, o sentimento do tédio
provoca que os meninos fiquem contando histórias.
leva os alunos a simularem bocejos, em protesto contra a monotonia da aula.
acaba estimulando a fantasia, criando a expectativa de algum improviso mágico.
prevalece de modo absoluto, impedindo até mesmo a distração ou o exercício do pensamento.
decorre da morosidade da aula, em contraste com o movimento acelerado das nuvens e
moscas.
24. QUESTÃO 07
solução comentada
A fantasia da menina, de que um avião entrasse por uma janela e saísse por outra, corresponde
à expectativa de algum imprevisto mágico, nos termos da alternativa “c”.
25. INSTRUÇÃO
ENEM-2003
O quadro e o texto a seguir referem-se à questão 08.
27. TEXTO
ENEM-2003
Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que
lhes assegura identidade peculiar, são iguais
enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as
chaminés das indústrias se alçam verticalmente.
No mais, em todo o quadro, rostos colados, um
ao lado do outro, em pirâmide que tende a se
prolongar infinitamente, como mercadoria que se
acumula, pelo quadro afora.
GOTLIB, Nádia Batella. Tarsila do Amaral, a modernista. São Paulo: Senac, 1998.
28. QUESTÃO 08
ENEM-2003
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos
transcritos em:
Pensem nas meninas Somos muitos severinos
Cegas inexatas iguais em tudo e na sina:
Pensem nas mulheres a de abrandar estas pedras
Rotas alteradas. suando-se muito em cima.
(Vinícius de Moraes) (João Cabral de Melo Neto)
Não sou nada. O funcionário público
Nunca serei nada. não cabe no poema
Não posso querer ser nada. com seu salário de fome
À parte isso, tenho em mim todos sua vida fechada em arquivos.
[os sonhos do mundo. (Fernando Pessoa) (Ferreira Gullar)
Os inocentes do Leblon
Não viram o navio entrar (...)
Os inocentes, definitavamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e aquecem.
(Carlos Drummond de Andrade)
29. QUESTÃO 08
solução comentada
A ideia de que a concepção de que as pessoas são mera força de trabalho é desumanizadora,
pois ignora características e valores individuais, encontra-se tanto no quadro de Tarsila do
Amaral, segundo a critica Nádia Gotlib, quanto nos versos de João Cabral de Melo Neto, que
correspondem à fala de um flagelado migrante nordestino que foge da seca e da miséria.
Marque-se, pois, a alternativa “b”.
30. INSTRUÇÃO
ENEM-2004
O poema a seguir pertence à poesia concreta brasileira. O termo latino de seu título significa
“epitalâmio”, poema ou canto em homenagem aos que se casam.
32. QUESTÃO 09
ENEM-2003
Considerando que símbolos e sinais são utilizados geralmente para demonstrações objetivas, ao
serem incorporados no poema “Epithalamium - II”,
adquirem novo potencial de significação.
eliminam a subjetividade do poema.
opõem-se ao tema principal do poema.
invertem seu significado original.
tornam-se confusos e equivocados.
33. QUESTÃO 09
solução comentada
Os símbolos usados no poema de Pedro Xisto potencializam novas significações para os
elementos ali representados. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
34. BRASIL
Oswald de Andrade
O Zé Pereira chegou de caravela
E perguntou pro guarani da mata virgem
– Sois cristão?
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! Ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
– Sim pela graça de Deus
Cunhem Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
35. QUESTÃO 10
ENEM-2004
Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma
junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão
apresentada pelo texto é
ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece
sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.
inovadora, pois mostra que as três raças formadoras – portugueses, negros e índios – pouco
contribuíram para a formação da identidade brasileira.
moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa
da predominância de elementos primitivos e pagãos.
preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas
o elemento europeu, vindo com as caravelas.
negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em
anarquia e falta de seriedade.
36. QUESTÃO 10
solução comentada
O poema “Brasil”, de Oswald de Andrade, insere-se na vertente antropófaga da Primeira
Geração do Modernismo e propõe uma leitura crítica da formação da identidade brasileira.
Ao pôr os três atores do processo de formação da identidade brasileira em ato e dar-lhes fala,
percebe-se uma visão democrática e inaugural. Entretanto, quando se observa que, do contato
dos três elementos, surge o Carnaval, pode-se [até] afirmar que a visão do sujeito poético seja
ambígua.
A única opção condizente com o ponto de vista que perpassa a obra de Oswald de Andrade [da
década de 1920] é a alternativa “a”. Ressalve-se, entretanto, que o escritor modernista faz uma
revisão crítica da história cultural brasileira e adota uma perspectiva totalmente inovadora, se
considerarmos, por exemplo, o discurso nacionalista ufanista presente nos livros de História do
Brasil até a década de 1970.
37. QUESTÃO 11
ENEM-2004
A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do
poeta e do colonizador apenas.
colonizador e do negro apenas.
negro e do índio apenas.
colonizador, do poeta e do negro apenas.
poeta, do colonizador, do índio e do negro.
38. QUESTÃO 11
solução comentada
No poema “Brasil”, além da voz do sujeito poético, é possível constatar que o locutor dá voz ao
português [3], ao índio [4] e ao negro [9]. Assinale-se, pois, a alternativa “e”.
39. INSTRUÇÃO
ENEM-2004
Leia os dois textos a seguir.
41. SEM TÍTULO
Alberto Caeiro
Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...
42. QUESTÃO 12
ENEM-2004
A tira “Hagar” e o poema de Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa)
expressam, com linguagens diferentes, uma mesma ideia: a de que a compreensão que temos
do mundo é condicionada, essencialmente,
pelo alcance de cada cultura.
pela capacidade visual do observador.
elo senso de humor de cada um.
pela idade do observador.
pela altura do ponto de observação.
43. QUESTÃO 12
solução comentada
É a visão de mundo – resultado da formação do indivíduo – que determina o alcance de seu
ponto de vista. Marque-se, pois, a alternativa “a”.
44. A DANÇA E A ALMA
Carlos Drummond de Andrade
A dança? Não é movimento,
súbito gesto musical.
É concentração, num momento,
da humana graça natural.
No solo não, no éter pairamos,
nele amaríamos ficar.
A dança – não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.
Um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado...
Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir à forma do ser,
por sobre o mistério das fábulas.
Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 366.
45. QUESTÃO 13
ENEM-2004
A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso
no poema é
a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em
todos os momentos de sua existência.
a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites físicos, possibilitando ao homem a
liberação de seu espírito.
a manifestação do ser humano, formada por uma sequência de gestos, passos e movimentos
desconcertados.
o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos
musicais, ruídos, cantos, emoções etc.
o movimento diretamente ligado ao psiquismo do indivíduo e, por consequência, ao seu
desenvolvimento intelectual e à sua cultura.
46. QUESTÃO 13
solução comentada
A segunda, a terceira e a quarta estrofes, principalmente, tratam a dança como forma de
transcendência, elevação, superação do eu. Assinale-se, pois, a alternativa “b”.
47. QUESTÃO 14
ENEM-2005
O poema “A Dança e a Alma” é construído com base em contrastes, como “movimento” e
“concentração”. Em uma das estrofes, o termo que estabelece contraste com solo é:
éter.
seiva.
chão.
paixão.
ser.
48. QUESTÃO 14
solução comentada
A palavra não funciona como articulador adversativo e opõe solo a éter no quinto verso.
Marque-se, pois, a alternativa “a”.
49. INSTRUÇÃO
ENEM-2005
Leia os dois textos a seguir.
51. SONHO IMPOSSÍVEL
Darrione e Leight
Sonhar Não me importa saber
Mais um sonho impossível Se é terrível demais
Lutar Quantas guerras terei que vencer
Quando é fácil ceder Por um pouco de paz
Vencer o inimigo invencível E amanhã se esse chão que eu beijei
Negar quando a regra é vender For meu leito e perdão
Sofrer a tortura implacável Vou saber que valeu delirar
Romper a incabível prisão E morrer de paixão
Voar num limite improvável E assim, seja lá como for
Tocar o inacessível chão Vai ter fim a infinita aflição
É minha lei, é minha questão E o mundo vai ver uma flor
Virar esse mundo Brotar do impossível chão.
Cravar esse chão
(J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.)
52. QUESTÃO 15
ENEM-2005
A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir
que os dois textos
afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz.
concordam que o desarmamento é inatingível.
julgam que o sonho é um desafio invencível.
têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor.
transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz.
53. QUESTÃO 15
solução comentada
A visão dos locutores acerca do futuro da humanidade é divergente: no texto 1, tem-se uma
visão pessimista e, no texto 2, predomina a visão otimista. Marque-se, pois, a alternativa “d”.
55. AUTORRETRATO
Manuel Bandeira
Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.
Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.
56. POEMA DE SETE FACES
Carlos Drummond de Andrade
Quando eu nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos. [...]
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo
mais vasto é o meu coração.
Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.
57. QUESTÃO 16
ENEM-2005
Esses poemas têm em comum o fato de
descreverem aspectos físicos dos próprios autores.
refletirem um sentimento pessimista.
terem a doença como tema.
narrarem a vida dos autores desde o nascimento.
defenderem crenças religiosas.
58. QUESTÃO 16
solução comentada
No primeiro poema, o sujeito poético fala do seu fracasso generalizado vida afora – não sabe
escolher gravatas, não consegue escrever prosa, crônicas, fazer música; é um falhado, um
doente, um tísico profissional. Já no segundo poema, percebe-se que a postura esquiva,
esquisita, gauche acompanha o sujeito poético desde a infância. A alternativa que contempla tal
análise é a letra “b”.
59. INSTRUÇÃO
ENEM-2009, prova cancelada
Leia o texto a seguir.
60. SOM DE PRETO
MCs Amilka e Chocolate
O nosso som não tem idade, não tem raça
E não tem cor.
Mas a sociedade pra gente não dá valor.
Só querem nos criticar, pensam que somos animais.
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais,
porque o ‘funkeiro’ de hoje em dia caiu na real.
Essa história de 'porrada', isso é coisa banal
Agora pare e pense, se liga na 'responsa':
se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança.
É som de preto
De favelado
Mas quando toca ninguém fica parado.
61. QUESTÃO 17
ENEM-2009, prova cancelada
À medida que vem ganhando espaço na mídia, o funk carioca vem abandonando seu caráter
local, associado às favelas e à criminalidade do Rio de Janeiro, tornando-se uma espécie de
símbolo da marginalização das manifestações culturais das periferias em todo o Brasil. O verso
que explicita essa marginalização é:
O nosso som não tem idade, não tem raça.
Mas a sociedade pra gente não dá valor.
Se existia o lado ruim, hoje não existe mais.
Agora pare e pense, se liga na 'responsa'.
se ontem foi a tempestade, hora vira a bonança.
62. QUESTÃO 17
solução comentada
A sociedade citada na alternativa b não dá valor para os produtores do som que não tem cor [o
funk] e deprecia a sua produção, e isso tende a impedir sua maior difusão fora da sua área de
criação, ou seja, marginaliza-o. Sendo assim, marque-se a alternativa “b”.
63. PARA O MANO CAETANO
Lobão
O que fazer do ouro de tolo
Quando um doce bardo brada a toda brida,
Em velas pandas, suas esquisitas rimas?
Geografia de verdades, Guanabaras postiças
Saudades banguelas, tropicais preguiças?
A boca cheia de dentes
De um implacável sorriso
Morre a cada instante
Que devora a voz do morto, e com isso,
Ressuscita vampira, sem o menor aviso
[...] E eu soy lobo-bolo? lobo-bolo
Tipo pra rimar com ouro de tolo?
Oh, Narciso Peixe Ornamental!
Tease me, tease me outra vez
Ou em banto baiano
Ou em português de Portugal
Se quiser, até mesmo em americano
De Natal
64. QUESTÃO 18
ENEM-2009
Na letra da canção apresentada, o compositor Lobão explora vários recursos da língua
portuguesa, a fim de conseguir efeitos estéticos ou de sentido. Nessa letra, o autor explora o
extrato sonoro do idioma e o uso de termos coloquiais na seguinte passagem:
“Quando um doce bardo brada a toda brida” (v. 2)
“Em velas pandas, suas esquisitas rimas?” (v. 3)
“Que devora a voz do morto” (v. 9)
“lobo-bolo//Tipo pra rimar com ouro de tolo? (v. 11-12)
“Tease me, tease me outra vez” (v. 14)
65. QUESTÃO 18
solução comentada
A paronomásia está presente nas alternativas “a” [bardo, brada e brida] e “d” [lobo, bolo e tolo].
Já o coloquialismo encontra-se apenas na alternativa “d”.
66. CANÇÃO DO VENTO E DA MINHA MORTE
Manuel Bandeira
O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.
O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.
O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.
67. QUESTÃO 19
ENEM-2009
Na estruturação do poema, destaca-se:
a construção de oposições semânticas.
a apresentação de ideias de forma objetiva.
o emprego recorrente de figuras de linguagem, como o eufemismo.
a repetição de sons e de construções sintáticas semelhantes.
a inversão da ordem sintática das palavras.
68. QUESTÃO 19
solução comentada
A repetição da consoante v denomina-se aliteração. A repetição de O vento varria e de O vento
consiste em anáfora ou paralelismo. Assinale-se, pois, a alternativa “d”.